Tumgik
#pode dar gatilho em alguns
Text
Na manhã depois que eu me matei
Na manhã depois que eu matei, eu acordei, tomei café da manhã na cama e adicionei sal e pimenta aos meus ovos e usei minhas torradas para fazer um sanduiche de bacon com queijo. Eu espremi algumas frutas em uma jarra de suco, raspei as cinzas do fundo da frigideira e limpei a manteiga caída no balcão, eu lavei as louças e dobrei as toalhas.
Na manhã depois que eu me matei, eu me apaixonei. Não pelo garoto da rua de baixo ou pelo diretor da escola secundária, também não foi pelo cara que corria todos os dias ou pelo comprador que sempre deixa os abacates fora da sacola. Eu me apaixonei pela minha mãe e pela forma que ela sentou no chão do meu quarto segurando cada uma das minhas pedras da minha coleção até elas ficarem pretas com o suor, eu me apaixonei pelo meu pai no rio quando ele colocou uma carta minha numa garrafa e mandou pela correnteza, pelo meu irmão que uma vez acreditou em unicórnios mas agora estava sentado na sua mesa da escola tentando acreditar desesperadamente que eu ainda existia.
na manhã depois que eu me matei, eu passeei com a cadela, eu vi a forma que a cauda dela balançava quando um passarinho passava perto ou quando apressava o passo quando via um gato, eu vi o espaço vazio nos olhos dela quando pegava um graveto e virava para me encontrar, para que brincássemos de pegar, não via nada além do céu no meu lugar, eu parei enquanto os estranhos faziam carinho nela e ela abaixava a cabeça com o toque deles, como uma vez fez com o meu.
Na manhã depois que eu me matei, eu voltei na casa do vizinho onde deixei a marca dos meus dois pés no concreto quando tinha 2 anos de idade, vi o quanto elas estavam desaparecendo. Eu peguei algumas margaridas, tirei algumas ervas daninhas e vi uma senhora através dá janela dela quando viu a notícia da minha morte, eu vi o marido dela cuspir o tabaco na pia e trazer sua medicação diária.
Na manhã depois que eu me matei, eu voltei para aquele corpo no necrotério e tentei falar algumas verdades para ela. E contei para ela sobre as pedras marcadas, sobre o rio e sobre os seus pais. Eu contei para ela sobre os por do sol, sobre o cachorro e sobre a praia.
Na manhã depois que eu me matei, eu tentei voltar a vida, mas não consegui terminar o que comecei...
-citação-
83 notes · View notes
1dpreferencesbr · 2 months
Text
Imagine com Harry Styles
Tumblr media
sins and loves
n/a: Okay, isso aqui foi um surto que eu tive depois de ler toda a saga bridgerton de novo KKKKKKKK então é meio que um imagine de época. Eu nunca escrevi nada nesse estilo, então se tiver ficado ruim, deixa baixo KKKKKKKK
Situação: !Primeiro amor! Amor proibido! x Harry Styles x ! mocinha ! x leitora
Avisos: Romance proibido, conteúdo sexual explícito, agressão física e verbal, +18
Aviso de gatilhos: Existe uma cena nesse imagine de agressão, não é entre os personagens principais, mas, pode causar alguns gatilhos. Se esse assunto lhe causa algum desconforto, por favor, não leia. Tenho certeza de que existe algum imagine por aqui que vá lhe agradar! <3
Contagem de palavras: 3,578
Desejo. 
Foi esse o sentimento que meu corpo despertou no momento em que Harry Styles despontou na entrada da igreja. Apoiando a mãe enlutada com um braço, e a levando até seu lugar frequente. 
Faziam seis meses desde que o senhor Styles havia falecido, o que fez o filho voltar para a capital. Alguém precisava cuidar de sua mãe idosa, e gerenciar as terras do pai. Como único filho homem, este era o seu papel. 
Eu não lembrava muito de Styles antes de deixar a cidade. Ele foi estudar em uma escola para garotos muito jovem, e permaneceu lá para fazer faculdade. 
Quando seus olhos pararam sobre mim, meu coração deu um salto e a minha pele arrepiou por completo. Ele não podia ver meu rosto, coberto pelo véu, mas ainda assim me deu um sorriso. 
No final da missa, papai foi fazer seu papel de delegado, indo dar as boas vindas ao recém chegado, arrastando a mim e à mamãe. 
Os dois trocaram poucas palavras, alguns apertos de mãos e eu não conseguia parar de me sentir nervosa cada vez que ele sorria ou olhava em minha direção. 
Nossos encontros por acaso se tornaram frequentes. 
A cidade era minúscula, era impossível não conhecer a todos. Mais impossível ainda, não reconhecê-lo em seus ternos bem cortados e com a postura que exalava sensualidade e poder. 
Todas as moças solteiras faziam fila para dar-lhe pelo menos um boa tarde. E eu me sentia culpada cada vez que meu coração acelerava por ele. 
Eu era uma noiva. 
Meu casamento estava marcado desde o dia do meu nascimento. Eu não deveria ter meus pensamentos povoados por outro homem.
Mas como fazer isso? Quando ele era tão interessante, tão educado, tão estudado. Podia falar sobre qualquer assunto, dissertar sobre qualquer coisa. Matar todas as minhas curiosidades sobre tudo. 
Os homens da cidade não permitiam que as filhas estudassem mais do que o necessário. Saber escrever o próprio nome já era o suficiente. 
Mas eu queria mais. 
Queria ler cada um dos livros da biblioteca do meu pai, e todos os outros que encontrasse por aí. 
Queria viajar o mundo, aprender outras línguas. 
Mas isso nunca aconteceria. 
Precisava aceitar a vida que meu pai havia escolhido ao descobrir que não teve um filho homem para ser seu herdeiro.
Precisava casar, com o filho sem graça do banqueiro, parir um bando de crianças e me contentar com a vida de uma dona de casa. 
— Gostaria de um sorvete, senhorita Lee? — Foi a primeira frase que ele dirigiu diretamente para mim. Era sábado, verão, e estava quente demais, mesmo ao ar livre na praça. 
— Eu… — Gaguejei, sem saber direito o que dizer. 
— É apenas um sorvete. — Garantiu, com um sorriso gentil. 
O sorvete se estendeu em uma conversa de uma tarde inteira. Sentados em um banco da praça, falando sobre tudo. 
Styles sorria, contando suas histórias na capital, com uma riqueza de detalhes tão perfeita que eu quase podia me sentir lá. 
Quando a noite começou a chegar, como um bom cavalheiro, ele me acompanhou até a soleira da minha casa, deixando um beijo em minha mão, por cima da luva. Mesmo que não tivesse tocado, minha pele ficou marcada. Seu beijo ardia, causando arrepios e um calor que nunca havia sentido antes. 
De repente, minhas tardes de verão passaram a ser preenchidas pelos mais interessantes assuntos. Sorvetes, cafés, sucos, doces. Nada era o suficiente para manter o tempo que eu queria ficar ao seu lado. 
Parecíamos sempre arrumar uma desculpa para mais alguns minutos, para mais algum assunto. 
Em um dos nossos encontros, papai havia ficado a noite inteira na delegacia, e mamãe estava em uma reunião com as outras senhoras sobre a próxima procissão da igreja. 
Me deixei levar, ficando em sua companhia até depois do sol se pôr. 
Quando chegamos à soleira de casa, Styles deixou um beijo em minha mão, como sempre. Mas nossos olhos se encontraram por alguns segundos e ele não desfez nosso toque. 
Ele me puxou, fazendo com que meu corpo se chocasse contra o seu, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, nossos lábios se encontraram. 
Era como se o fogo tocasse minha pele, e ao mesmo tempo, meu estômago gelasse. Sua boca macia tinha gosto de hortelã, sua língua quente acariciava a minha com lentidão. Segurei os dois lados de seu paletó, precisando de algo que me desse estabilidade. Mas era impossível, com todas aquelas sensações. As mãos grandes que seguravam minha cintura com força, mantendo meu corpo cada vez mais colado ao seu. 
Quando partimos o beijo, ele sorria, enquanto eu sequer conseguia falar. Meu coração batia tão forte e eu estava tonta. 
Corri para dentro de casa. Me sentindo culpada. 
Culpada por estar tão eufórica, por estar sentindo tantas coisas novas. 
Foi quando começaram os beijos roubados. Como um casal de namorados, escondidos em todos os cantos, Harry tomava meus lábios aos seus, como se não pudesse mais ficar sem. 
E, por mais que eu tivesse plena consciência de que estava completamente apaixonada por aquele homem, a culpa ainda me consumia. 
Mason estava na capital, seu último ano da faculdade estava terminando e logo ele voltaria e eu passaria a ser uma mulher casada.
Com a chegada iminente do futuro, decidi que não colocaria amarrar ao meu amor de verão. Em uma noite, pedi a papai para dormir na casa de Lisa, minha prima que logo se casaria. 
— Vamos fazer uma noite de moças, papai. Com tratamentos de beleza para que ela esteja perfeita para o marido. — Pedi com o tom de voz baixo, como ele achava que as moças deveriam falar. 
— Volte antes do almoço. — Foi tudo que disse, antes de acender seu charuto. 
Lisa sabia sobre meu romance com Harry, e garantiu que confirmaria a minha história caso alguém questionasse. 
Tomei um banho longo, me perfumei como nunca antes e fiz o caminho até a casa dos Styles. 
Harry me esperava na varanda, com um sorriso lindo nos lábios. 
Ele me puxou para dentro, beijos em plena luz do dia eram arriscados demais. 
O combinado seria uma noite preenchida de beijos e conversas, assim como as nossas tardes. 
Mas eu queria mais. 
Não podia perder a oportunidade de entregar tudo que pudesse ao homem que já amava. 
— Tem certeza disso? — Perguntou quando entramos em passos cheios de tropeços em seu quarto. 
— Como nunca tive. — Confirmei, sem conseguir segurar o ar dentro de meus pulmões. 
Harry voltou a beijar meus lábios, beijos muito mais afoitos do que qualquer que já tivéssemos trocado antes. 
Suas mãos ágeis foram para o laço do meu vestido, fazendo o tecido escorregar entre por meus braços até encontrar o tapete.
A camisola de seda que usava por baixo havia sido comprada para minha noite de núpcias, para que eu me entregasse ao meu marido. 
— Você é tão linda. — Sussurrou, respirando com tanta dificuldade quanto eu. 
Styles se ajoelhou na minha frente, desafivelado meus sapatos bem lustrados e retirando-os com todo o cuidado. Erguendo os olhos em minha direção, ele levou as mãos até atrás dos meus joelhos, abaixando minhas meias. Seus dedos roçavam de leve em minha pele, espalhando calafrios por todo o lado.
Ele voltou a se erguer, me olhando com atenção. Ergui as mãos trêmulas, empurrando o paletó bege para fora de seu corpo, até que ele também encontrasse o chão. Arrastei o suspensório por cima da camisa branca, fazendo com que ficasse pendurado na calça social. 
Harry passou a língua pelos lábios, estudava cada um dos meus movimentos, e eu podia ver como seus músculos tencionavam por baixo da roupa. 
Tirei os botões das casas, com os olhos fixos aos seus. Meu corpo inteiro tremia. Nunca havia tocado em ninguém com tanta intimidade, e mesmo assim, meu corpo parecia saber o caminho exato que precisava seguir. 
A camisa foi ao chão, deixando a regata branca por baixo, revelando os braços musculosos. Toquei sua pele com a ponta dos dedos, vendo como ela se arrepiava e os músculos endureciam ainda mais sob meu toque.
Harry arfou, como se minhas mãos em si fossem brasa. Ele segurou minha cintura, me erguendo com facilidade nos braços e me colocando com cuidado sobre a cama macia. Seu corpo esguio deitou ao meu lado e logo seus lábios capturaram os meus em um beijo lento. 
Com as mãos sem luvas, pela primeira vez, toquei os cabelos bem cortados de sua nuca.
Partindo o beijo, mas sem se afastar, ele levou uma das mãos até o centro do meu corpo, ainda por cima da camisola. Arregalei os olhos, nervosa. 
— Já se tocou aqui, boneca? — O apelido que me fez rir como boba agora soava pecaminoso em seus lábios vermelhos. Neguei com a cabeça. Moças de família não deveriam tocar suas partes, era pecado. Os dedos longos fizeram pressão em um ponto que eu sequer conhecia, mas que fez meu corpo sofrer um solavanco e um gemido escapar da minha boca. 
Puxei a camiseta para fora de suas calças, precisava tocar sua pele. Harry me ajudou a se livrar de mais essa peça. O corpo parecia desenhado. O peito forte, a barriga reta com leves ondulações de seus músculos. Passei meus dedos ali, vendo-o fechar os olhos com força. 
— Posso? — Perguntou baixinho, segurando o laço da camisola. Assenti, sentindo meu coração querer explodir dentro do peito. 
A cena se passou lentamente.
Os olhos verdes encaram meu corpo como se fosse a mais rara das joias. 
Estava nua, na frente de um homem pela primeira vez. 
Estava pecando. 
Mas, Deus me perdoasse por isso, o pecado com ele era bom. 
Harry deixou beijos em meu pescoço, descendo para meu peito, sugando um dos mamilos em sua boca quente. Outra sensação desconhecida me atingiu. Precisei fechar minha boca com força, para não deixar nenhum som fugir. 
Ele foi descendo ainda mais os beijos, passando pela minha barriga, até chegar em minhas pernas. 
Com cuidado, deslizou as cintas-ligas brancas que antes prendiam minhas meias. Depositou selares em minhas coxas, se abaixando cada vez mais, até deixar um beijo em meu centro. Coloquei a mão sobre a boca, pequenos choques percorriam meu corpo. E assim como ele costumava beijar minha boca, com a língua afoita, ele me beijava lá embaixo. 
— Não se segure, boneca. — Pediu ainda contra mim quando notou que eu começava a engasgar com meus próprios gemidos. Ele me lambia como um sorvete, parecia se deliciar, revirando os olhos  e voltando a boca para minha pele. 
Eu não sabia o que fazer com todas aquelas sensações. Parecia que iria explodir em uma nuvem de fumaça a qualquer momento. 
E então, uma onda forte varreu cada pensamento. Uma corrente elétrica tão forte, que fez meu corpo inteiro sofrer espasmos. 
Eu queria chorar, queria sorrir, queria rir. Tudo ao mesmo tempo. Mas só conseguia sentir. 
Harry se ergueu, caminhando até a ponta da cama. Com os olhos cravados aos meus, abriu o botão da calça, deixando-a escorregar por suas pernas torneadas. 
Arregalei meus olhos, mais uma vez. Seu íntimo me encarava de frente.
Nunca havia visto aquela parte do homem, apenas nos livros de ciências que havia sorrateiramente roubado da biblioteca de papai. 
Me aproximei, engatinhando pela cama enquanto ele me encarava com paciência. 
— Você pode me tocar se quiser, boneca. — Falou com a voz rouca, segurando meu pulso e aproximando minha mãos de si, mas não encostando. 
Toquei a ponta dos dedos na cabeça avermelhada, vendo-o soltar um suspirar do fundo do peito. Molhei a boca com a ponta da língua. Queria fazê-lo sentir-se bem, como ele havia feito comigo. Mesmo que não soubesse o que fazer.
— Você não precisa fazer isso. — Avisou, quando viu meu rosto se aproximar. 
— Eu quero. — Confessei. 
Styles respirou fundo, e eu voltei a me aproximar. Um gemido estrangulado fugiu quando passei a língua em sua carne endurecida. O gosto era diferente de tudo que já havia provado. Salgado e adocicado ao mesmo tempo. 
Abri a boca, sugando a ponta. Harry pareceu vacilar, jogando a cabeça para trás. Os músculos de sua barriga endureceram ainda mais, uma veia saltava em sua pelve. 
Achando que estava fazendo o certo, fiz novamente, arrancando mais um gemido. Minha saliva se acumulava, molhando sua pele e transformando os movimentos mais fluídos. 
— Perfeita. — Sussurrou com a voz arrastada. Afastando meu rosto. O encarei, nervosa por talvez ter feito algo errado. — Se continuar assim, vou me derramar antes da hora, meu amor. 
Com cuidado, como se eu fosse quebrar, ele deitou meu corpo novamente na cama, colocando seu corpo sobre o meu. 
Meu corpo endureceu, e um nó se formou em minha garganta. Já havia ouvido falar sobre aquela parte. Minhas amigas que já haviam se casado falavam como era horrível, como sempre doía e tudo que elas faziam era esperar que o marido se aliviasse e terminasse logo. 
— Não, não. — Sussurrou, espalhando beijos por todo meu rosto. — Eu quero que se sinta bem, podemos parar agora se quiser. — Tentou se afastar, mas eu segurei seus ombros com as mãos e a cintura com as pernas. 
— Me beija. — Pedi.
Harry baixou o rosto, tocando meus lábios com ternura em um primeiro momento, e então abrindo a boca para que sua língua levasse todas as minhas inseguranças. 
Meu corpo relaxou entre seus braços. As mãos grandes seguravam minha cintura, deixando carinhos em minha pele arrepiada. 
— Você tem certeza? — Sussurrou, a testa colada à minha e os olhos fechados. 
— Absoluta, meu amor. — Ele sorriu, deixando mais um beijo lânguido em meus lábios. 
Olhando fixamente um nos olhos do outro, era como se o mundo tivesse parado de girar, o tempo congelado para nós dois. Minha boca se abriu quando o senti me preencher. Harry estudava cada uma das minhas expressões com preocupação. 
Mas não doía como haviam me contado. Ou talvez, para elas, faltasse algo. Algo que preenchia todo aquele quarto.
Amor.
Nossos sorrisos se encontravam, misturados a beijos desajeitados, suspiros e lamúrias. 
Nossos movimentos eram lentos e ritmados, encaixados perfeitamente. Sussurros de amor e promessas preenchiam os meus ouvidos. 
Mais uma vez, senti uma pontada abaixo do umbigo. Um aviso silencioso de que aquela onda chegava, ainda mais forte, pronta para arrancar a minha sanidade e entregar a minha alma nas mãos daquele homem. 
Harry escondeu o rosto em meu pescoço, gemendo e beijando minha pele suada. Apertei a pele de suas costas, sentindo meu interior aquecer ainda mais quando ele começou a ter espasmos dentro de mim. Nossos corpos confessaram que a boca não tinha coragem até aquele momento.
Styles ergueu o rosto, a respiração irregular, o cabelo grudado no suor da testa. Ele tocou meu nariz com o seu e deixou um selar demorado em meus lábios.
— Eu te amo. — Dissemos juntos, em sussurros quase sem som. E sorrimos. Meu coração batia feliz como nunca antes. 
Dormi em seu abraço, sentindo seu cheiro. Segura no calor de seu corpo.  
Amada. 
Mas toda a nuvem de felicidade se desfez quando cheguei em casa, e dei de cara com Mason, sentado no sofá da sala com meu pai, desfrutando de um cálice de vinho.
Quase não consegui comer no almoço. Meu estômago se revirava e meus olhos ardiam com a vontade de chorar.
Eu não podia casar. Não agora que conhecia o amor. 
— Papai? — Chamei, entrando no escritório, após o jantar. O homem grisalho ergueu os olhos e fez um movimento com os dedos, permitindo a minha entrada. — Eu queria conversar com o senhor. 
— Sobre? 
— O casamento. — Papai me encarou, tragando o charuto longamente. — Não posso fazer iso, papai. 
— Não diga, bobagens, S\N. — Esbravejou. — O casamento está marcado para o final do verão. 
— Papai, eu não o amo! — Implorei, as lágrimas já molhando meu rosto. 
— Ah, por favor! — Se ergueu de sua cadeira, caminhando em passos lentos. — Amor, S\N? — Debochou. — Vai me dizer que ama o filho dos Styles, não é? — Arregalei meus olhos, apavorada. E meu pai soltou uma risada cheia de desdém. — Aquele homem não pode te dar um futuro, S\N. Você vai se casar com Mason, e assunto encerrado. 
— Papai, por favor. — Pedi mais uma vez, rezando que seu coração amolecesse. 
— Chega! — Gritou. — Você é uma ingrata! Eu te dei uma vida de rainha, e você vai me obedecer, entendeu? 
— Não! — Falei alto, assustando a mim mesma. Nunca havia respondido a papai. 
Minha bochecha queimou quando um tapa estalado foi desferido. Meu coração afundou dentro do peito. Caí no chão, sem conseguir me equilibrar. Ergui os olhos lotados de lágrimas, vendo papai desafivelar o cinto e puxar para fora da calça. 
Ele juntou as duas pontas em uma mão, e eu implorei em vão. 
O impacto do couro contra a minha pele era alto, assim como os meus gritos. Ele não se importava de onde batia. O meu choro estrangulado não o comovia. 
O escritório foi invadido por mamãe e Moira, a senhora que por toda a minha vida trabalhou em nossa casa. Elas choravam e gritavam, mas não interviam. 
Sentia o sangue escorrer pelos meus lábios, onde o cinto também havia batido. Depois de cansar, sabe-se lá depois de quantas vezes me bateu, papai segurou meu braço, me arrastando pela casa e me trancando em meu quarto. 
— Você é minha filha e vai me obedecer, S\N! — Berrou. — Vou adiantar o casamento.
— Não! — Implorei, encostada na porta. — Papai, por favor. — Solucei. Mas ele não estava mais do outro lado. 
O espelho em meu banheiro mostrava uma imagem minha destruída. O sangue escorrido pelo queixo, a marca roxa ao lado da boca, os dedos marcados de meu pai na minha bochecha, as marcas do cinto por meus braços. 
Na noite anterior, meu corpo havia sido marcado pelo amor e hoje era marcado pela dor. 
Esperei até não ouvir nenhum barulho pela casa, pela janela vi quando papai saiu para o plantão e coloquei algumas roupas em uma mala pequena. 
Era um ato de coragem, o segundo que fazia por mim mesma. 
Pulei a janela no meio da madrugada e corri. 
Bati na porta de mogno de forma incessante. Harry a abriu com a roupa amarrotada e coçando os olhos, ele estava dormindo antes. Mas assim que seus olhos pousaram sobre mim, o horror tomou sua face. 
— O que aconteceu? — Perguntou me deixando entrar. Suas mãos tomaram meu rosto com cuidado, os olhos enchendo de água ao passarem pelos meus ferimentos. — Quem fez isso com você, meu amor? 
— Meu pai. — Sussurrei. — Ele sabe sobre nós. 
— Oh, meu Deus. — Murmurou. 
— Eu não posso me casar, Harry. Não vou casar com Mason.
— Você disse isso ao delegado? Por isso ele fez essa barbárie com você? — Assenti. Ele passou os dedos pelo cabelo bagunçado, respirando pesadamente. — S\N… — Meu coração afundou no peito. Aquele tom de voz, era como se meu nome soasse como uma desculpa. 
— Você não me quer. — Sussurrei. Minha boca tremia, a mágoa começando a me comer viva. 
— Eu não disse isso. — Me encarou. — Eu amo você. 
— Então por que parece que vai tentar me convencer a casar com outro homem?
— Que vida eu posso dar á você? — Sussurrou, os ombros caídos. O homem à minha frente parecia derrotado, nada comparado àquele que chegou na cidade, esbanjando autoconfiança. — Eu não sou ninguém! Tenho apenas algumas posses e… ele é filho do banqueiro, S\N! Poderia te dar uma vida de rainha. — Falava baixo, as lágrimas começando a banhar seu rosto lindo, tomado pela mágoa. 
— Eu não quero uma vida de rainha, quero você! — Falei segura. 
— Seu pai não vai aceitar nunca, amor. 
— Então vamos embora. — Ele me encarou surpreso, as sobrancelhas se erguendo. — Vamos fugir, ir para bem longe, só nós dois. 
— Você tem certeza? 
— Toda do mundo. — Garanti. 
Os olhos de Harry estudaram meu rosto, e então, seus lábios tocaram os meus com cuidado. Um beijo dolorido. Salgado pelas lágrimas. 
Eu não sabia se era um beijo de promessa ou de despedida, e meu coração implorava por uma resposta. 
— Eu tenho alguns conhecidos na capital, podem me conseguir um emprego. — Murmurou. 
Lágrimas de alívio e felicidade escorrem pelo meu rosto. 
Beijei sua boca, todo o seu rosto. Ignorando a dor que meu corpo sentia, me joguei em seus braços, apertando o meu amor contra mim.
— Eu tenho algum dinheiro guardado, não é muito. — Começou. — Partimos no primeiro trem. 
Não dormimos a noite toda. Arrumamos as malas com seus ternos e outros pertences. Trocando beijos e juras de amor sempre que podíamos. 
Harry acordou a mãe antes do amanhecer, explicando a situação e prometendo mandar buscá-la assim que conseguisse um emprego. 
A idosa abraçou a nós dois, com lágrimas nos olhos, desejando que chegássemos seguros ao nosso destino.
Saímos pelas ruas desertas junto dos primeiros raios de sol. 
Meu coração batia forte e as minhas mãos suavam por baixo das luvas enquanto as pessoas começavam a embarcar no trem barulhento. Harry passou um braço em minha cintura, selando meus lábios em uma promessa silenciosa de felicidade. 
Sentamos em nossos lugares e eu não conseguia segurar o sorriso enorme em meus lábios. Quando a locomotiva começou a se mover,  ouvi meu nome ser chamado da estação. 
Coloquei a cabeça para fora. 
Papai corria atrás do trem, furioso, segurando o chapéu em suas mãos e acompanhado por Mason, tão esbaforido quanto ele pela corrida. 
Sorri, e acenei para o meu passado. Me despedindo uma última vez antes de me aconchegar ao meu amor. 
Nosso futuro seria lindo, recheado de amor. 
Eu sabia disso. 
Tinha plena certeza, cada vez que seus lábios doces tocavam os meus e ele confessava seu amor em meu ouvido. 
56 notes · View notes
be-phoenix · 2 months
Text
As vezes me perguntam o porque de estar sozinho e não ter interesse em ninguém e não tenho medo nenhum em compartilhar que é uma escolha pessoal é sobre estar cansado de relacionamentos atribulados ou baseados em superficialidades que não se pode mergulhar, é sobre querer calmaria, tranquilidade de poder ter alguém em quem confiar e partilhar a vida cegamente até o fim, e sobre viver e ter alguém que te olhe como ninguém mais olha pq um dia já fui essa pessoa e sei o quanto isso faz a diferença, não é sobre uma história bonita é sobre a real felicidade é sobre dias bons e ruins mas além de tudo sobre evolução, sobre alguém que vai segurar minha mão e vou poder segurar de volta sem que o lugar em que estivermos, as pessoas com quem estivermos ou o que tivermos que fazer pra seguir em frente importe, o que vai realmente importar são os sonhos, o carinho, a preocupação, esse tipo de cumplicidade que consegue me tirar do eixo e deixar de lado qualquer gatilho do passado, não é algo que dê pra achar na esquina e muito menos que dê para simular, se um dia alguém conseguir preencher essa lacuna da vida ou ocupar esse vazio quase todos no mundo de hoje cultivam como algo bom... Não vou pensar duas vezes e não preciso de mais pessoas para me provar ou me fazer viver o que já sei como funciona, ia ser só um desperdício do meu tempo mesmo... Por isso optei por seguir solitário com apenas alguns amigos ao lado, e apesar de solitário o coração ainda bate e acredita em quem ele acha que é digno de viver esse desafio... em algum momento parafraseando caetano, a esperança é um dom que eu tenho em mim, quando o meu mundo era mais mundo, e todo mundo admitia, uma mudança muito estranha mais pureza, mais carinho, mais calma, mais alegria, no meu jeito de me dar, eu só quero que você se encontre, ter saudade até que é bom é, melhor que caminhar vazio, tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo, me absorvendo, de repente eu me vi assim completamente seu... Vi a minha força amarrada no seu passo vi que sem você não há caminho, eu não me acho... vi um grande amor gritar dentro de mim como eu sonhei um dia... E tudo isso pode até não ser uma brincadeira de criança... Mas ahh como é bom... Como é bom...
58 notes · View notes
versoefrente · 18 days
Text
Passagem só de ida
Não havia muito para oferecer. Tinha apenas um coração quebrado e uma cabeça fodida, mas ele não identificou isso de primeira, camuflei bem as minhas dores, mas dei tudo de mim, até o que não tinha. Aquele ditado "fui do céu ao inferno" ele realmente existe, porque fiz tantas viagens por ele que perdi até às contas, ele não foi nem até esquina por mim, porém deveria ter feito uma viagem só de ida, porque ter voltado não deu muito certo. Me machuquei atoa, não resolveu de nada e não evitou a despedida. Em meio ao caos consegui dar o meu melhor por nós mesmo sendo uma pessoa quebrada, mas me refiz por ele, por nós. Ele era a prioridade, primeira escolha, primeira pessoa a dar "bom dia" e responder as mensagens, não gosto de receber ligações, mas por ele atendia todas e não recusava nenhuma, ele? nunca atendia minhas ligações. Sabe aquela frase de que ‘’se sente medo vai com medo mesmo assim?’’ Deveria ter desconfiado do medo, não deveria ter arriscado a ir porque não voltei mais, não era a mesma pessoa, fiquei para atrás e sem ninguém. Quando descobriu o que carregava dentro de mim houve o abandono, acho que se assuntou e resolveu fugir. Mania boba que temos de colocar as pessoas como prioridade antes de nós, isso é tolice. Damos uma arma para a pessoa nos destruir quando mostramos nossas vulnerabilidades e podem usar a qualquer momento, cometi essa loucura e dei uma para ele sem perceber e na primeira oportunidade mirou na minha cabeça com apenas uma bala, adivinhem só? No primeiro gatilho que apertou morri, morri por dentro, essa é a primeira sensação que sentir antes, mas claro depois disso é uma queda tão feia que não tem ninguém para nos segurar, ficamos deitados no chão, sangrando e sem ajuda e sabe o pior? A pessoa quem atirou vira simplesmente as costas e deixa você morrer lentamente. A cicatriz de um amor louco como esse o processo é tão lento, dolorido que nos sentimos tão pequenos, frágeis que sentimos medo de amar e ser amado, desconfiamos até da nossa própria sombra. Ficar sempre disponível para alguém você acaba se tornando invisível, deixar de fazer o que te fazem feliz para dar o seu tempo para aquela pessoa é uma perda de tempo, porque ela não faria isso por você, ele não fez por mim. Quando enviamos mensagens geralmente esperamos alguns minutos ou horas para receber a resposta dependo da situação, ele só me respondia dois dias depois. Esperar, deduzir, pensar, imaginar, planejar e ter esperanças com alguém que vem o primeiro ‘’não ‘’ e depois o ‘’sim’’ pegue suas coisas e se retire, mas é claque não exatamente assim, fiquei e aguardei porque pensei que valeria a pena, mas sabe o que ganhei em troca? Ele mesmo se retirou, mas antes me deu as minhas bagagens para ir embora literalmente ‘’a porta da rua é serventia da casa’’, esse é o tipo resposta que temos que ter antes de mergulhar em pessoas rasas que não tem nada para nos oferecer. Fique na sua própria piscina, observe de longe e aproveite a sensação da água, mergulhe, fique boiando, mas só saía dela para outra quando você perceber que é a mesma profundidade em que você se encontra, reciprocidade sabe? Pegue suas malas e se retire da vida de pessoas que não tem nada para te oferecer, lute por você e não por elas. Sabe as bagagens que te entregaram? Aproveite e faça uma viagem só de ida, não olhe para trás, nada te espera lá. Sabe para onde pode ir? Para um lugar onde tenha amor-próprio, algo recíproco e que te valorize. Façam uma boa viagem, aproveite e aprenda, tome sua bebida preferida e admire a paisagem a sua volta. Ei! corra, não perca tempo, o voou te espera.
Elle Alber
16 notes · View notes
emmieedwards · 3 months
Text
Resenha: Tarde Demais, de Colleen Hoover
Tumblr media
Livro: Tarde Demais Volume Único Autora: Colleen Hoover Gênero: Dark Romance, Drama Ano da Primeira Publicação: 2016 Editora: Galera Record Páginas: 370 Classificação: +18
Tarde Demais: Um bom exemplo do dark romance atual e seus problemas de descrição gratuita
*essa resenha tem alguns spoilers sobre o livro e fala sobre assuntos sensíveis de abuso e outros gatilhos*
Ando percebendo que comigo não há meio termo quando se trata dos livros da Colleen Hoover: ou acho eles impressionantes ou acabo com um gosto amargo na boca.
"Too Late", apesar de ser me enganado por pelo menos 50% de leitura, me deixou enojada, para dizer o mínimo, no final. E garanto que não foi porque Hoover gosta de dar nomes péssimos aos bebês que têm nos seus livros.
Mas vamos focar primeiro no dark romance. Um gênero que está aí "oficialmente" (ou pelo menos teve sua ascensão) nessa última década. Particularmente, sempre achei um estilo de história fascinante.
A proposta inicial do dark romance era para aqueles que apesar de não dispensar um romance também têm uma quedinha pelos aspectos sombrios e problemáticos da humanidade. Situações controversas, tabus, tóxicas e até mesmo criminosas. Sem romantização.
Acho que esse último detalhe acabou se perdendo com os anos. O "romance" que o gênero se utiliza acabou abraçando a romantização. (Embora não aconteça em "Too Late", ele tem uma "romantização de cenas problemáticas explicítas" ao ponto de parecerem que só estavam lá para chocar)
Dark Romance costumava ser um tipo de livro bastante realista para mim que sou apaixonada por anti-heróis, personagens que comem o pão que o diabo amassou e ainda assim dão a volta por cima. Tá bem, às vezes não dão a volta por cima, mas conseguem um pouquinho de paz, justiça...porque a vida é assim, imperfeita e muitas vezes cruel.
No entanto, veja bem, já é chocante e doloroso você ouvir a história de uma vítima de abuso físico e psicológico porque eu consigo acessar essa dor, consigo simpatizar com o sofrimento, consigo ter sede de justiça.
Definitivamente eu não preciso de um capítulo inteiro narrando com detalhes excruciantes o tal do abuso físico.
Definitivamente não preciso de um capítulo inteiro narrando com detalhes o que o abusador sente ao violentar sua vítima.
Mas Colleen Hoover traz isso e muito mais em "Too Late".
O livro conta a história de Sloan, uma universitária sem recursos que está presa ao namorado traficante e tóxico porque não tem para onde ir e além disso precisa que os cuidados médicos do seu irmão continuem sendo financiados. Então, ela permite todo o tipo de abuso que Asa a submete.
Então aparece Carter, um novo colega de classe, que tem sua atenção capturada por Sloan de cara. Contudo, por mais que ele pareça diferente de Asa, Sloan descobre que ele vai começar a trabalhar para o seu namorado, ou seja, Carter não pode ser muito melhor que ele.
Sloan, num primeiro instante, não sabe que Carter é na verdade um policial disfarçado querendo construir um caso para prender Asa, e mesmo com todos os alertas na sua mente, ela e Carter acabam se apaixonando.
A questão principal é como Carter vai libertá-la desse inferno antes que seja tarde demais (trocadilho intencional).
Até aqui temos um dark romance interessante: drogas, tráfico, uma vítima de abuso doméstico, policial com identidade falsa e um amor proibido.
Com POVs que alternam entre Sloan, Asa e Carter, Hoover consegue construir uma narrativa eletrizante e que te prende por bastante tempo. Até as coisas ficarem estranhas de uma maneira bizarra.
Segundo as organizações dos capítulos, o arco principal do livro termina bem rápido (tem até um "THE END" lá pelos 54%) e, apesar de abrupto, é um final aceitável. Hoover avisa no início do livro que a organização é meio bagunçada depois disso já que ela sempre acabava voltando para esses personagens e adicionando um prólogo, um epílogo e até um epílogo do epílogo.
Como ela também explica, a autora nunca planejou publicar esse livro, era apenas algo sombrio que ela andou escrevendo numa época de bloqueio criativo que até ela mesmo se chocou com o que estava saindo. (Ok, quem nunca escreveu umas atrocidades num meio de um bloqueio?). Mas muita gente pediu, e ela cedeu... O livro foi publicado de graça, da mesma forma que foi escrito e postado online para quem quisesse ler.
Quando o arco principal acaba, a gente começa a acompanhar o desenrolar burocrático e judicial do que aconteceu com os personagens e é aí que o trem sai realmente dos trilhos.
----- INÍCIO DE SPOILERS ------
Entre os "extras":
Temos a protagonista dizendo que só se sentiria vingada se fizesse sexo com o seu amado na frente do Asa para "quebrar o coração dele".
Temos Luke/Carter concordando com essa atrocidade e realizando o ato enquanto o ex-namorado assiste agonizante no chão.
Temos (depois de sabermos todas as coisas nojentas que Asa fez) um prólogo desnecessário que serviu apenas para descrever a Sloan se apaixonando, indo num encontro com ele e depois sendo estu**** enquanto dormia (e que também era a primeira vez dela num ato sexual). Esse primeiro encontro já teve uma cena no arco principal onde o Asa descreve o que fez com ela para o Luke/Carter.
Temos páginas e mais páginas descrevendo como o Asa se sentia abusando dela e como ele deturpava na mente dele que não era abuso.
No meio disso tudo tem uns comentários e parágrafos sobre como ele nunca foi amado pela família e etc, como foi uma criança negligenciada, como a primeira pessoa que amou ele foi a Sloan e como ele queria manter ela para sempre com ele... (Depois de tudo que o livro já tinha trazido, parecia que a autora queria dar um motivo para ele fazer o que fez e ainda queria que alguém simpatizasse com esse demônio).
Temos também a protagonista descobrindo que está grávida e que possivelmente é o filho do abusador já que ele sabotou seus anticoncepcionais. (E quando dada a opção de abortar se o filho fosse mesmo dele ela simplesmente diz: "É apenas um bebê inocente." Uma fala que eu achei um desserviço total considerando todo o contexto do livro e tudo que vítimas da vida real passam diariamente).
E temos a cereja do bolo: o Asa consegue escapar da prisão domiciliar depois que descobre que ela está grávida, invade a casa dela, estu*** a Sloan 3 vezes (a Colleen faz questão de descrever cada vez que ele chega ao climax e AINDA TEMOS O PONTO DE VISTA DELE SOBRE ESSA CENA). Eu já li muita coisa absurda, mas acho que foi a primeira vez que me senti realmente desgostosa e enojada com um livro.
Todos esses conteúdos adicionais, apesar de dar um fechamento para o arco Sloan-Luke-Asa, serviu quase que somente para chocar ainda mais uma situação que já era chocante por si só.
----- FIM DE SPOILERS ------
Toda a história é pesada e autora avisa isso logo no começo, mas tem um leve ar cômico que ela dá ao abusador que não combina com a vibe do livro, assim como ficar remoendo tudo o que ele passou na infância, sem contar todas as longas descrições dos abusos.
Depois desse texto enorme, minhas considerações finais são: não posso ser hipócrita e dizer que não fiquei investida no livro porque seria mentira. Até a metade a história caminhava muito bem. Quando o arco principal do livro "acaba", pareceu uma tentativa de "o que eu posso colocar aqui para ficar mais chocante?", o que parando para analisar é o sentimento que a maioria dos dark romances atuais passam já com os quotes usados para divulgar no TikTok e Instagram.
É uma pena. Continuarei procurando outros dark romance que se apeguem ao antigo significado do gênero, já que é meu gosto pessoal. Violência gratuita e descrição dela nunca chamaram minha atenção.
"Too Late" definitivamente não é um livro que eu recomendaria para qualquer um (acho que não recomendaria para ninguém kkkk), mas se você quer ver com seus próprios olhos, atente-se para a lista de gatilhos porque são muitos e são bem detalhados no texto.
Para quem tiver interesse, a Galera Record vai publicar uma nova versão, revisada pela autora, em 2024. (Não estou muito confiante de que vai melhorar rs)
NOTA: 🌟🌟 - 2/5
Tumblr media
7 notes · View notes
christiebae · 5 months
Text
Tumblr media
nome completo. christopher bae • parente olimpiano. afrodite • idade. vinte e quatro anos • chalé. 10 • nível. II • tempo de estadia no acampamento. 14 anos • esporte. equipe vermelha de esgrima • altura. 187cm • cor dos olhos. castanho-escuro • cor do cabelo. preto • porte físico. atlético • aparência. como fiho de afrodite, a beleza acontece de maneira natural, o porte físico foi facilmente conquistado e com pouco (ainda que se cuide muito e seja muito vaidoso), os cabelos estão sempre bem cortados, rosto sempre corado, pele sempre bem cuidada, sempre muito cheiroso e muito bem vestido, apesar de não ter nenhuma roupa sofisticada, é o tipo de pessoa que não precisa de dinheiro para ser estiloso.
traços de personalidade: 𝐈𝐍𝐅𝐉 + determinado, corajoso. - desajeitado, distraído.
(mais informações abaixo)
FASCÍNIO ENCANTADO - É a capacidade de dobrar a vontade de alguém através de uma atração encantadora que lhe concede poderes de persuasão estimulado pelo prazer e a sedução, dependendo do usuário, pode ter um “gatilho” que faz com que as pessoas ao seu redor obedeçam aos seus comandos, uma vez sob os poderes dele, seus alvos ficam sob o seu comando e disposto a fazer o que Christopher quiser. Seu poder lhe concede a beleza e o carisma absoluto, além do magnetismo sedutor e a atração social que é uma parte do seu poder que é permanente e Christopher não tem controle algum sobre isso, no momento ele só domina os pontos do: contentamento viciante, beijo da escravidão, sexualidade indomável, presença hipnótica, indução ao orgasmo, a submissão e a persuasão, ainda que não tenha controle absoluto sobre os seus poderes e utiliza bloqueadores para que não acabe causando algum acidente grave, ou seja, ele ainda não usa o seu poder enquanto não tiver controle sobre ele.
HABILIDADES - sentidos aguçados e reflexos sobre-humanos.
ARMA - Não é uma arma específica, mas Christopher utiliza braceletes dourados cravejados de pedras em seus dois braços, eles lhe servem como bloqueadores de seus poderes, então se retira-los, Christopher não tem garantia se vai conseguir ou não manter o controle de seus poderes e pode acabar atingindo todas as pessoas ao seu redor, isso inclui os seus aliados.
BIOGRAFIA.
Sydney, 1999. Céu claro e plenamente ensolarado, o clima é ameno, menos chuva e a cidade fica mais bonita, foi nesse período ameno e prazeroso que Christopher nasceu, ao menos foi a história contada por sua mãe, que dizia que ele era o presente dos deuses, nunca entendia o porquê da fala no plural, mas gostava de ouvir assim. Olivia é casada com Rachel, e conseguiram realizar o sonho de ser mãe, Christopher sabia que era adotado, mas imaginava que as mães tinham assistido o seu parto e conhecido a sua mãe biológico, por isso que sabiam a sua história, porém, nunca houve um momento que ouviria toda a história e sem filtros, por muitos anos, vivia apenas daquela ilusão criada por elas.
As coisas mudaram quando, repentinamente, as pessoas começaram a despertar um enorme interesse no rapaz, ao ponto de uma criança de dez anos ter que se mudar diversas vezes para que isso não acontecesse novamente. A grande sorte de Christopher vinha do fato de que suas mães eram membros de um circo muito famoso, faziam parte de uma equipe permanente em Sydney, mas logo estava com a equipe que viajava sempre, podendo dar ao rapaz, a calmaria de alguns dias de paz em cidades diferentes.
A infância de Christopher como nômade não durou muito, pois aos dez anos de idade, durante a apresentação mágica do circo, um ataque de monstro aconteceu na frente de todos os expectadores que não perceberam nada, acreditando eles que estavam vendo um show e ficando completamente encantados com o quão realista estava sendo. Naquele momento, a verdade lhe foi mostrada, uma verdade conhecida por todos naquele circo e fazendo com que o garoto entendesse muita coisa, desde o interesse repentino que as pessoas estavam tendo por ele, até mesmo os apelidos relacionados a ele, o mais famoso era Christie, quase parecido com Christ.
A ida até o acampamento partiu de um dos diretores do circo, sendo ele também quem contou toda a história do rapaz, como a sua mãe apareceu naquele lugar com histórias mirabolantes que foram facilmente aceitas, como ela tinha se dado bem com todas as pessoas e também que tinha se apaixonado por muitos, Rachel foi uma das mulheres que amou a deusa e foi a quem a mulher deixou Christopher quando deu a luz e também, pra quem contou toda a história do menino e pediu que só dividissem isso com ele, quando a idade certa chegasse, o pai havia saído da equipe e ninguém sabia o paradeiro, sequer tinham contato com ele, assim como a mãe, que simplesmente desapareceu no mundo. E a idade certa vinha com a manifestação de seus poderes, Rachel havia conseguido entender isso e a aparição do monstro só fortaleceu ainda mais aquela certeza, por isso que houve a decisão de levá-lo para o acampamento.
Christopher ainda mantém contato com a família circense, quando estão no país, ele consegue ir visitá-los, também consegue dar um jeito de se comunicar com eles. Foi em um desses encontros com a família que recebeu a mensagem de Dionísio, não estava no acampamento e precisou se despedir mais uma vez de suas mães e toda a família do circo para retornar ao acampamento por tempo indeterminado, completamente perdido sobre o porquê de ter que ficar preso ali. Com medo do que poderia acontecer às pessoas que amava, acabou cedendo mesmo a contragosto em simplesmente ficar ali, não só para sobreviver, mas também para pertencer a algo maior, sentia que precisava ajudar e que não poderia mais agir como se a sua vida fora do acampamento fosse mais importante, ainda que fosse muito para a sua história individual. Christopher não aceita que a sua mãe seja uma deusa, sequer a chama assim, apenas Rachel e Olivia eram as pessoas que ganhavam esse título, e apenas por elas, que Christopher decidiu se dedicar um pouco mais e se tornar um semideus digno de todo o cuidado e de todo o amor que ela foram capazes de lhe proporcionar.
13 notes · View notes
Text
Yes, Sir! — Capítulo 11
Tumblr media
Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 23 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo só tem o ponto de visto de Aurora | pode conter algum gatilho.
NotaAutora: Perdão a demora.
Tumblr media
Aurora
Só de ouvir aquela voz fez meu estômago embrulhar...
"Sim, ela está, só um minuto ela foi ao banheiro."
"Aurora." A voz trêmula de Harry pelo nervosismo era visível.
Eu rapidamente me olhei no espelho e tentei parecer o mais apresentável possível. Eu não queria parecer que acabei de foder com meu professor, se meu pai descobrisse às consequências disto seriam catástrofecas.
"Oi pai." Timidamente apareci na porta.
"Aurora." Ele falou com desgosto. "Por que não estava na aula?" Ele sempre tinha aquele tom de voz de reprovação. "Eu não pago a sua faculdade tão cara para você ser uma inútil."
Meus olhos se fecharam por alguns segundos, eu já não ligava como eu era tratada pelo meu pai, mas na frente de Harry me fez sentir ainda pior, tentei acalmar minha respiração, forçando-me a não desmostrar nada.
Eu não tive coragem de olhar para o Senhor Styles.
"Ela só veio receber uma orientação, de um trabalho que acabou perdendo." Harry respondeu tentando amenizar a situação. "Aurora é uma ótima aluna."
Eu sei que o professor só quis me ajudar, mas para meu pai isso não bastava.
"Está mal em mais uma matéria, Aurora?"
"Pelo contraio, ela é uma das minhas melhores alunas, se me lembro acho que você perdeu por conta de um resfriado, não é Aurora?"
Harry olhou para mim fixamente com os olhos para entrar na mentira dele.
"Sim, mas isso não vai acontecer de novo, eu prometo."
"Ótimo! Eu não estou desperdiçando o meu dinheiro nessa faculdade para você não ser a melhor."
"Não começa pai." Suspirei fundo. "Por favor, não aqui."
"Vamos."
Eu pude ver o desgosto nos olhos do meu pai assim que sai daquela sala com minha maldita saia curta. Que belo dia pra estar assim!
"Que roupa é essa? Agora anda que nem uma prostituta?"
Eu olhei para ele e para Harry sentindo meu rosto ficar vermelho pela humilhação.
"Me responda Aurora?" Ele disse ríspido, erguendo meu queixo. "Meu Deus, olha essa maquiagem, você parecendo uma puta barata! É assim que pretende ser juíza um dia? Quando você vai me dar orgulho, Aurora?"
"Me desculpe." Era tudo o que conseguia sair da minha boca assim que abaixei a cabeça.
Eu não tinha coragem para enfrentá-lo, eu também sabia muito bem o que ele era capaz de fazer.
"Veste isso." Ele me deu seu paletó assim que saímos. "Sua mãe não tem que ver essa vulgaridade."
"Mamãe?"
"Sim."
"Por que vocês vieram?"
"Viemos até aqui para te ver, o mínimo que você tem que fazer é ser agradecida por isso e não fazer perguntas."
"Eu só queria saber da sua viagem repentina."
"Eu tinha negócios a tratar aqui e trouxe sua mãe porque ela estava com saudades de você, mas já não sei se foi uma boa ideia."
"Desculpe." Me odiava tanto por não conseguir dizer nada além disso.
"Eu vou te levar até seu dormitório e você troca isso, depois vamos passar um tempo juntos."
"Eu não posso tenho muita tarefa." Menti. "Podemos fazer isso mais tarde?"
"Tudo bem, eu venho te buscar às 7:00 em ponto."
"Ok."
Eu corri para o meu dormitório, no instante em que meu pai foi embora, fui para o chuveiro lavar toda coisa que me fazia sentir suja e a dor que ver o meu pai trazia, após longos minutos debaixo daquela água quente enquanto estragava meu corpo até arder eu sai me jogando na cama, manchando no travesseiro com mais lágrimas.
Como meu dia pode ter ser tornado isso?
"O que aconteceu?" Uma voz feminina soou atrás de mim.
Por que não tranquei a maldita porta?
"Lily." Me sentei, limpando meus olhos manchados de lágrimas." A culpa toda sua! Por que você fez isto?"
"O quê?"
"Não se faça de desentendida quando me dedurou para pai." A acusei.
"Eu não dedurei você, foi apenas um palpite de mal gosto que eu queria muito estar errada, mas pelo visto você ainda continua transando com ele." Disse rispidamente. "O que é realmente preciso para você só parar com isso."
"Sabe, eu não consigo entender você, antes você parecia me apoiar e gostava do Harry, mas agora, eu não sei o que aconteceu." Suspirei fundo. "Eu não sei qual o seu problema com ele, eu não sei o que realmente aconteceu com vocês, mas pare, eu estou cansada de você se metendo na minha vida."
"Você sabe o que aconteceu."
"Eu não sei." Disse esgotada. "Eu já não aguento mais esses joguinhos, Lily."
"Você não perguntou a ele não é?" Ela me olhava intrigada. " Sabe sobre a manhã daquele sumiço?"
"Não! Mas se você beijou ou transou com ele só me diga para acabar logo com essa merda."
"Aí ele deve ter fodido até a porra dos seus miolos para você ter ficado tão burra e não perceber o que está bem sua frente."
"Fala logo!" Gritei.
"Ele é casado." Ela gritou de volta.
"O quê?" Meu coração errou a batida por um segundo.
"Ele é casado."
"Ele não é." Afirmei convicta.
"Ah! Ele é!" Ela riu ironicamente que me deixou ainda mais irada.
"E por que que eu deveria acreditar em você?"
"Porque sou sua amiga."
"Acha que é minha amiga depois de hoje? Eu já não sei mais quem você é, esperava esse tipo traição de qualquer um menos de você, amigas fazem o que você fez hoje! Eu te contei tudo sobre minha vida, como meu pai é um controlador fodido e é capaz de muitas coisas terríveis e mesmo assim não se importou nenhum pouco antes ir lá e dizer para ele onde eu estava, quando ele literalmente poderia fazer um estrago se me visse com Harry, tudo para o quê? Só para provar o quê?" Eu estava tão furiosa com ela que não parei de gritar. "E agora vem me dizer isso e espere que eu acredite em você?"
"Foi errado o que fiz, eu sei, mas isso não muda a verdade."
"Isso muda tudo, eu não confio mais em você Lily." Gritei a todos os pulmões. "Acho que talvez não devêssemos mais ser amigas."
"Você vai realmente fazer isso por ele?" Ela tinha os olhos marejados.
"Eu estou fazendo isso por mim! Porque eu não posso mais ser amiga de alguém como você."
"Tudo bem, mas depois não venha até mim quando ele partir seu coração."
"Eu não vou."
Tumblr media
Eu realmente não estava bem para suportar um jantar com meus pais, mas se eu não fosse seria pior. Depois da a briga com a Lily, eu a expulsei do meu quarto e me tranquei até o horário do estúpido jantar e fiquei feliz que quando sai ela não estava lá.
"Então o que vão pedir hoje?" Perguntou gentilmente o atendente assim que sentamos juntos.
"Para mim e minha esposa pode trazer a recomendação do chef, para minha filha uma salada e água com gás por favor."
"Pai." Protestei. "Eu posso pelo menos pedir algo que gosto?"
"Não!" Ele nem olhou pra mim. "É só isso muito obrigada."
"Pai."
"Não acha que está muito gorda?" Ele me repreendeu.
"Mãe, você não vai dizer nada?"
"Você está um pouco gordinha mesmo."
"Eu odeio vocês." Eu quis levantar, mas meu pai segurou minha mão com uma força que me machucava.
"Não vá fazer uma cena aqui." A sua voz fez todo meu corpo tremer de medo. "Não ouse levantar."
Eu nunca me sinto segura perto dele.
Eu sei o que vai acontecer se não obedecer.
Eu não quero viver isso de novo.
Então me sentei e fingi meu melhor sorriso.
"Então, como está a faculdade Aurora? "Minha mãe tentou mudar de assunto.
"Muito bem mãe, conheci pessoas incríveis esse ano."
"Se notas ‘B’ em seu boletim são o suficiente para você." O homem que se diz meu pai riu irônico.
"Um ‘B’, filha o que tá acontecendo? Você nunca tirou um ‘B’ "
"Não está acontecendo nada! Eu só estou vivendo minha vida mãe."
"Bem, tente viver um pouco mais como sua irma Georgia, nunca tirou um ‘B’ em sua vida."
"Eu não sou minha irmã, pai." Alterei minha voz.
Eu odiava ser comparada a minha irmã "perfeita".
"Infelizmente eu sei." Meu pai revirou os solhos novamente. "Suas férias estão chegando e você irá trabalhar comigo e com Geórgia também indo para casa nas férias, talvez você possa se espelhar um pouco nela."
Ótimo! As férias de verão dos meus pesadelos.
"Eu não sei se quero ir esse ano." Retruquei.
"Por quê?"
"Boston é linda no verão mãe, eu quero passar esse último ano com os meus amigos."
"Você vai e não tem discussão! Esse estágio vai conta muito para sua faculdade e você não vai perder só porque quer se divertir." Meu pai disse batendo a mão na mesa.
Eu precisava sair de dali, esse jantar em família estava se tornando um pesadelo.
"Me deem licença."
As lágrimas caian em meu rosto no caminho ate o banheiro, onde parei na frente ao enorme espelho onde me vi, meu rímel borrado, meus olhos vermelhos. Eu não podia voltar assim, então respirei fundo reprimindo todo e qualquer sentimento, logo que já não parecia tão patética eu sai do banheiro contra minha vontade, odiando-me por ter que voltar lá.
"Ei." Resmunguei assim que um homem sem querer esbarrou em mim.
"Desculpe."
O homem alto disse, aquela voz, aquele cheiro, eu poderia reconhecer em qualquer lugar.
"Harry? O que faz aqui?."
"Eu... É!" Ele pareceu realmente surpreso em me ver. " Vim pegar comida para viagem."
"No banheiro?" Olhei intrigada.
Instantaneamente ele olhou para trás, uma mesa próxima de onde estávamos havia uma mulher muito bonita e duas lindas garotinhas sentadas ao seu lado, ela nos encarava confusa.
"Harry?" Segurei em seu braço.
"É...Então..." Ele tentou desfarçar soltando minha mão.
"Oh! Meu Deus!" Coloquei as mãos em minha boca.
Não, não, não,não
Meus olhos se fecharam por alguns segundos, tentando assimilar às coisas.
Lily estava certa, afinal?!
"Aurora! O que foi?" Ele pareceu assustado.
"Quem é aquela mulher sentada nos encarando?" Questionei determinada a ter uma resposta.
"Ninguém!" Estava explícito que era mentira.
"Você é um idiota." Diz incrédula.
"Aurora! Espere!" Ele a puxou pelo braço. "Ela não é quem você está pensando."
"Então me diga, Harry! Quem é ela?"
Tumblr media
Curioso para o próximo capítulo??
Muito obrigada por ler até aqui! Considere deixar uma ask se gostou, elas são sempre muito importantes para um escritor 🥰
29 notes · View notes
strawmariee · 1 year
Text
Rawr
Diego Brando x Leitora
Hello guys! Happy Valentine's Day! Bom, esse aqui é o especial para este dia e o personagem da vez foi nosso querido dinossauro Diego Brando. Espero que gostem! Obs: Aviso de gatilho em uma parte da história.
Tumblr media
Assim que senti o calor do sol tocar minha pele, abri os meus olhos e me sentei na beira da cama. Olhei para o relógio e vi que ainda eram 7 horas, então fui até o meu banheiro e tomei um banho gelado, já que tenho que estar totalmente acordado para o trabalho.
– Que diabos…- Fiz uma careta quando vi um bizarro dinossauro inflável dançando oque parecia Sexual Healing. Fechei os olhos enquanto suspirava.- S/n, eu não tenho tempo para as suas brincadeiras.
– Mas Diego, hoje é Dia dos Namorados!- Ela apontou para o meu calendário em minha mesa de trabalho e vi circulado em vermelho vivo o dia 14 de Fevereiro.- Como sua querida e amável namorada eu exijo um tempinho com você! :(
– Eu tenho trabalho hoje.- Caminhei até meu armário e peguei algumas roupas.
– Huum, você pode pelo menos tomar café comigo?- Ela perguntou enquanto tirava a fantasia e me olhava com a mesma cara que o Gato de Botas.
– Tudo bem, você me obrigaria a fazer isso de qualquer jeito, né?
– Com certeza! Eu te espero lá embaixo.
Ela saiu correndo do meu quarto e eu dei um sorriso mínimo, ainda me pergunto como eu me envolvi com ela. Coloquei as minhas roupas e peguei a minha mochila antes de descer até a cozinha e encontrar ela me esperando animada.
Soltei uma pequena risada quando vi alguns biscoitos em forma de dinossauro, acompanhado de algumas panquecas e um café que estava cheirando muito bem e impregnando o lugar.
– S/n, agora que você descobriu de algo que eu gosto você vai realmente fazer qualquer coisa sobre isso?- Perguntei enquanto me sentava ao seu lado.
– Mas é claro! Lide com isso.- Ela sorriu enquanto pegava um biscoito e colocava sua cabeça em meu ombro.- Você realmente tem que ir fazer o trabalho hoje?
– Você sabe a resposta.
– Mas a Hot Pants me disse que o trabalho é só para a outra semana…
– Tempo é dinheiro, quanto mais rápido eu fizer esse trabalho, mais tempo eu vou ter para fazer outras coisas. E não é um Dia dos Namorados que vai mudar isso.
– Certo, um bom trabalho pra vocês então.
Ela retirou a cabeça do meu ombro e pegou mais alguns biscoitos antes de caminhar até a porta e sair rapidamente. Suspirei enquanto continuava a tomar o meu café, ignorando totalmente o peso que de repente surgiu em meu peito.
⸺☆⸺
– Ei, Diego.- Senti Hot Pants me cutucar e apenas resmunguei para mostrar que eu estava ouvindo.- Oque você tem? Você está mais chato do que o normal.
– Não é nada, apenas continue a fazer o trabalho.- Respondi enquanto voltava a escrever qualquer coisa no notebook.
– Você brigou com a S/n, né?
– …
– É, realmente eu acertei.
– Eu não tenho tempo pra pensar nisso.
– Sinceramente, eu não sei como ela te aguenta. Mesmo depois de vocês namorarem você continua sendo uma casca grossa! Que tipo de namorado é você?
– Vai me dar sermão agora?
– Sim, eu vou! Porque afinal, estamos falando da minha melhor amiga.- Ela se ajeitou na cadeira.- Vai na casa dela e peça desculpas por ser um completo babaca e dê todo o amor que você não deu em todo esse tempo de namoro!
– Eu já disse que-
– “Tempo é dinheiro”, eu já sei disso!- Ela tomou o notebook das minhas mãos.- Eu vou terminar pra você se isso te deixa feliz. Agora, pelo amor de Deus, vai fazer algo em relação a sua namorada antes que eu faça uma simpatia pra ela arranjar alguém melhor que você.
– Ninguém é melhor que eu, Poodle tingido.
– Vai nessa, Piolho de anão.
Revirei os olhos e corri até a minha moto, dando partida. No caminho aceitei que havia sido um idiota com ela então parei em uma loja e comprei um buquê e uma caixa de chocolates antes de ir para sua casa que não estava tão longe.
⸺☆⸺
Assim que cheguei, peguei tudo que tinha comprado e fui até o portão da casa, sentindo meu coração quase explodir. Tsk, que merda, por que diabos eu estou tão nervoso?!
Toquei a campainha e estranhei que depois de alguns minutos ela não tinha aberto a porta. Normalmente ela me receberia bem rápido, mas dessa vez foi o contrário.
Continuei apertando a campainha e minha preocupação aumentava conforme ela demorava mais.
– Desculpe querido, mas a S/n não está em casa.- Me virei e vi uma senhora que parecia ser a vizinha.
– Sabe me dizer para onde ela foi?
– Sinto muito, ela saiu sem dizer nada! Só sei que ela parecia bem agitada.
Larguei as coisas no chão e corri para a minha moto, saindo depressa dali. Senti uma falta de ar ao pensar em um único lugar que, mesmo contra a minha vontade, fui até ele.
Em alguns minutos eu cheguei na floresta próxima da cidade e comecei a procurar qualquer resquício dela ali, mas não encontrei absolutamente nada. Suspirei de alívio e arrumei os meus cabelos que provavelmente estavam bagunçados.
– D…Diego…
Gelei ao ouvir aquela voz familiar, senti meu corpo paralisar e me virei para trás: Nada. Eu estava alucinando?
Arregalei os meus olhos quando olhei para um dos galhos e vi uma corda ali, aquela corda… Foi ali que minha mãe…
Balancei a cabeça e saí correndo, oque eu tinha na cabeça ao vir pra cá?! S/n sequer conhecia esse lugar!
Voltei para a casa dela e vi as coisas que eu tinha jogado no mesmo lugar, sinal de que ela não havia voltado. Saí da minha moto, sentindo meu peito arder e caminhei devagar até a pequena escada em frente a casa e me sentei ali.
– Onde diabos ela está?! Será que ela… Não, não acredito nisso…- Comecei a sentir novamente a falta de ar e coloquei a mão no meu peito, sentindo meu coração rápido.- Eu não posso perder ela também…
– Diego?
Arregalei os olhos e levantei a cabeça rapidamente. Ela estava ali, na minha frente com uma cara confusa segurando uma sacola em cada braço.
– Você já terminou o trabalho?- Ela perguntou enquanto se aproximava de mim. Eu me levantei imediatamente.
– Onde você estava..?
– Ora, eu fui no supermercado! Estava tendo promoção e não tinha como eu dispensar.
Senti todo o meu corpo ficar leve, então uma risada escapou de minha boca e vi que ela franziu as sobrancelhas enquanto me via. Entre risadas eu senti lágrimas de alívio escorrer de meus olhos.
– E eu pensando que você… Tivesse me deixado…
– Diego, mas que-
Corri até ela e agarrei o seu corpo com todas as minhas forças. Meu corpo todo tremia, flashes daquela floresta voltaram e eu a abracei mais apertado.
Ouvi as sacolas caírem e senti um calafrio quando as mãos dela entraram em contato com minhas costas.
– Oque aconteceu Diego?!
– Nada…
– “Nada”?! Você está se tremendo todo!- Eu a soltei e ela me segurou pelos ombros.- Vamos entrar.
Concordei com a cabeça e peguei as duas sacolas, a seguindo para dentro de sua casa.
⸺☆⸺
Oque diabos tinha acontecido com esse menino?! Quando estava prestes a destrancar a porta, vi um buquê e uma caixa de chocolates no chão. Peguei ambos do chão e abri a porta, esperando Diego antes fechá-la.
Coloquei os dois na mesa de centro e esperei meu namorado se sentar ao meu lado.
– Dio, converse comigo.
Ele só ficou me olhando antes de colocar o seu rosto no meu pescoço. Ele continuou em silêncio então comecei a fazer um cafuné em seus cabelos, e vi que isso o ajudou a relaxar.
– Me desculpe por hoje.
– Uau, um pedido de desculpas vindo do grande Diego Brando?- Ele se ajeitou novamente, agora me encarando seriamente.
– Você merece muito mais do que isso.- Vi que ele hesitou por um momento, mas sua mão foi de encontro a minha bochecha e seu polegar a acariciou.- Hoje é nosso dia, vamos aproveitá-lo.
Arregalei os olhos e senti minhas bochechas esquentarem quando um sorriso apareceu em seu rosto. Um sorriso verdadeiro.
⸺☆⸺
– Dio.
– Hum?
– Esse filme está muito chato. Será que podemos ir para o parque de diversões? Soube que hoje o ingresso estará mais barato.
– Por que não?
Dei um gritinho animada e dei um beijo em sua bochecha antes de correr para o meu quarto e me arrumar. Como hoje o dia está mais frio, coloquei um moletom na cor vinho, calça jeans preta e as minhas botas.
Desci vendo meu namorado ainda vendo o filme e vi que seus olhos ganharam um brilho assim que eu apareci em sua frente.
– Então? Como estou?- Dei uma voltinha e vi mais uma vez o seu curto sorriso.
– Você está…
– Linda? Elegante? Maravilhosa?
– Aceitável.
– Ah…
Ouvi uma risada sua e ele beijou mais uma vez a minha testa. Confesso que isso estava me surpreendendo, era isso que o espírito do Valentine’s Day fazia com as pessoas?
– Você está deslumbrante.
– Agora melhorou!
Eu segurei o seu braço e saímos de casa. Ele me entregou um capacete e subimos na moto (E é claro, aproveitei a oportunidade de abraçá-lo pela cintura bem forte). Eu sorri animada enquanto Diego aumentava a velocidade da sua moto, me fazendo sentir borboletas no estômago.
Notei que em todos os semáforos que pegávamos ele colocava a sua mão por cima da minha rapidamente, e isso me fazia questionar porque ele estava assim (Não que eu estivesse reclamando, lógico).
Chegamos ao parque de diversões e realmente os ingressos estavam bem baratos, arrancando um sorriso meu e de Diego. Fomos em vários brinquedos: Montanha-russa, barca, kamikaze e todos os outros.
– S/n, acho que já nos divertimos bastante.- Diego disse enquanto comia um pouco do meu algodão-doce.
– Nem pensar, ainda falta um.- Eu apontei para a roda gigante.- Prometo que depois desse nós podemos ir embora.
– Está bem.
Sorri enquanto o segurava pela mão e o arrastava até a fila que não estava tão grande, para nossa sorte. Dei pulinhos animada enquanto apertava a mão de Diego, e quando chegou a nossa vez, nos sentamos em um dos bancos.
– Obrigada por hoje, Dio! Eu realmente me diverti muito.- Ele apenas fez concordar com a cabeça enquanto olhava o pôr do sol.- Lindo, não é?
– Minha mãe adorava.- Fiquei surpresa pois ele nunca havia tocado sobre seus pais e não sabia oque dizer. Senti sua mão apertar a minha.- Vocês se dariam bem…
– Tenho certeza que sim! Ela com certeza deveria ser uma pessoa maravilhosa.
Diego ainda parecia hipnotizado com a vista, e vi que seus olhos estavam ficando marejados. O puxei para um abraço e vi que ele ficou tenso com o meu toque.
– S/n…
– Não sei oque houve, mas… Eu nunca vou te deixar Diego.- Acariciei os cabelos dele.
– Eu… Te amo.
– O-Oi? Desculpa, o vento não deixou eu ouvir direito…- Ele segurou o meu rosto e eu comecei a sentir minhas bochechas esquentarem enquanto ele me olhava com aqueles olhos que eu sempre acabava admirando.
– Eu te amo S/n.
Seu rosto se aproximou lentamente do meu e senti seus lábios contra os meus. Sorri enquanto fechava os meus olhos e me entregava totalmente.
Aquele havia sido o melhor dia que eu poderia pedir, e nada mudaria isso.
Cena Bônus:
Assim que saímos da roda gigante, combinaríamos que ficaríamos em minha casa para uma festa do pijama entre nós dois. Chegamos em minha casa e Diego foi até o telefone para pedir uma pizza e eu corri até o meu quarto, pegando uma caixa debaixo da minha cama e voltando para a sala onde meu amado estava.
– O que é isso S/n?
– Ora, é o seu presente! Espero que goste.- Ele abriu a caixa e suspirou enquanto ria mais uma vez.
– Ora, que surpresa hein.- Ele tirou o pijama em formato de dinossauro e oque o surpreendeu foi ver dois dele.- Dois pijamas?
– Claro! Um meu e um seu!- Peguei o pijama rosa e o vesti. Comemorei internamente quando vi suas bochechas levemente vermelhas.- Sua vez.
– Não acredito que estou fazendo isso...
Notei que ele estava com uma cara de emburrado, mas ainda notei um brilho em seus olhos. É, ele tinha gostado do presente mas era orgulhoso demais para admitir.
– Lindo!- Eu pulei nele e o abracei.- Rawr.
– …Que?
Apontei para o cartão grudado na parte interior da caixa e ele pegou o mesmo, abrindo-o e lendo: “Rawr significa eu te amo na língua dos dinossauros”.
Ele olhou para mim e revirou os olhos antes de bagunçar os meus cabelos.
– Rawr…
É, aquele dia tinha sido perfeito.
THE END.
21 notes · View notes
cclawthorne369 · 2 months
Text
Eai! Vamos falar sobre MK1? Mais especificamente sobre Sindel e Mileena! (Como não amar elas😭). Aqui vou tbm adicionar alguns Headcanons.
Hoje eu quero abordar aqui sobre a relação de mãe e filha que elas têm. Bom, Sindel é a imperatriz da Exoterra, consequentemente teve muita pressão em cima dela para ter herdeiros de Jerrod. Afinal, quantos inimigos a Exoterra não tem, né? Então, a qualquer momento ela ou o Jerrod poderiam ir de xereca.
Creio que Sindel não se arrepende de ter tido as gêmeas, mas não gostou nada da ideia de ter sua vida íntima sob pressão da corte imperial.
Bom, voltando a pauta. Mileena muitas vezes é repreendida por Sindel, por cada mínimo erro. Eu acho, que Sindel gostaria que Mileena fosse mais madura e tivesse uma cabeça mais firme para a coisas, já que muitas vezes ela é imprudente. Ao meu ponto de vista, Sindel não quer que ela sofra com a opressão da corte com uma cabeça tão fraca. Talvez Sindel se veja em Mileena como alguém que ela foi antes de se tornar uma imperatriz e uma mãe, apesar de favorecer Kitana e desejar que ela fosse a primogênita (talvez por Kitana ser mais madura e ter uma mente mais forte).
Mas antes de imperatriz e governante, Sindel a cima de tudo é uma mãe e uma esposa. A morte de Jerrod a abalou de tal maneira, que ela se viu forçada a completar todos os papéis em que tinha a ajuda de Jerrod, mas agora, sem ele ao seu lado para ajudá-la e amá-la. Ela teve que ser uma mãe; um pai, uma imperatriz, uma pacificadora, burocrata e muito mais...
Apesar de repreender Mileena por sair sozinha do palácio e por ter ido à lugares perigosos, possivelmente sido atacada (levando em conta sua cicatriz na sobrancelha) e ainda por cima ter contraído uma doença que é fatal e que deixa as pessoas muito debilitadas. Imagine o desespero de sua filha (E herdeira) ter contraído uma doença que pode ter três resultados: matá-la, fazer ela atacar e matar alguém e/ou deixá-la completamente fraca até que ela morra.
Sindel no ato desesperado de salvar sua filha, abriu brechas emocionais para Shang Tsung se aproveitar de sua fraqueza e desespero para conseguir ingredientes e recursos poderosos para experimentos nojentos.
Shang Tsung deu a Sindel esperança para salvar sua filha. Podemos ver no rosto de Sindel que ela sente culpa por não ter notado sua filha saindo escondida e por ser impotente quanto a doença da filha. Ela queria ter impedido Mileena de ficar doente, e por isso, Sindel restringiu ao máximo as atividades que seriam perigosas para esgotar Mileena e dar gatilho a transformação tarkatânea assassina.
Eu acho que Sindel, Kitana, Tanya, Rain e Shao estavam presentes quando Mileena se transformou pela primeira vez, e que juntos conseguiram imobilizar ela sem machucá-la.
Outra prova da preocupação de Sindel com Mileena, é no banquete dos competidores, onde ela fixa sua atenção em Mileena e como seu corpo estava se comportando ao receber comida normal (Acho que tarkatâneos só comem carne crua, e por isso faria sentido que a comida feita faria mal a eles ou sla). Ela foi rápida em solicitar a presença das filhas para questionar Mileena antes que algo acontecesse.
Também podemos ver outra prova de seu amor e cuidado quando Li mei e Liu kang vão até a sala do trono com Tanya e as Umgadi. Onde Sindel não se importa de Kitana ir lutar, já que ela era perfeitamente saudável e resistente. Mas tenta ao máximo impedir Mileena de lutar.
Quando Mileena é derrubada por Li mei, podemos ver Sindel nitidamente preparada para correr em auxílio da filha. E mesmo sendo atacada e quase mordida no rosto e sufocada por Mileena, quando ela se acalmou e começou a sofrer sentada no chão, Sindel foi a primeira a se aproximar e oferecer mãos amigas a filha, não demonstrando nenhum medo por sua forma tarkatânea, apenas preocupação.
E o que dizer sobre a cena que todos nós estávamos esperando? Exato! A cena do abraço em família. É possível ver Sindel correndo primeiro na direção de Mileena para abraçá-la (mas estendendo os braços para as duas filhas), talvez ela estivesse preocupada com os efeitos que o amuleto desconhecido poderia ter causado na filha. Ela também inclinando a cabeça para o lado de Mileena indica nitidamente um alívio da parte dela.
E a cena final delas, gente?😭 Sindel lutando para viver enquanto Mileena lutava com a Dark Sindel. Ela querendo viver para dizer suas últimas palavras para sua filha que seria a nova imperatriz de seu reino. E o rosto de Mileena quando percebeu que sua mãe havia morrido antes que ela terminasse de responder ao último desejo dela😭💔.
Mileena tentou seu melhor para orgulhar a mãe e provar que seria uma boa imperatriz, talvez pelo medo da rejeição ou de ser substituída pela irmã. Quando imperatriz, tentou seguir os passos da mãe e melhorar aquilo que as crenças e preconceitos de Sindel não a deixavam melhorar.
Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media
As músicas que me lembram elas:
6 notes · View notes
lvcdrms · 9 months
Text
heyo tag! rain. is. back. rainy aqui de novo. to em busca de jogar com mais personagens femininas, então vim pedir alguns plots pra isso! abaixo do read more vou deixar alguns plots que gosto bastante + algumas ocs que tenho em aberto, e o esquema é o de sempre: se interessou por algo ou gostaria de jogar alguma coisa comigo? pode sentar o like ou me chamar no privado mesmo! só peço que leia minhas regras antes e é sucesso.
Tumblr media
wanted plots
um f/f em que muse a é abandonada (grávida/com um bebê/uma criança pequena) pelo pai da criança, então muse b, sua melhor amiga, se voluntaria pra ajudar muse a criar su filhe. praticamente como uma segunda mãe. e, bem... sentimentos surgem daí.
qualquer plot dessa lista.
não é bem um plot nem inclui mocinhas, mas um plot com um ship jeff satur/apo nattawin por favor!
+ minha tag de wanted plots você encontra aqui.
Tumblr media
ocs disponíveis
kat katleeya. idade: ~20 anos. sexualidade: bissexual. ocupação: estudante. setting: em aberto. faceclaim: milli (solista/rapper). status: aberta para qualquer gênero.
pequena e bravinha igual um pinscher, e cheia de bravado também. adora uma festa e quase se meter em confusão, admitidamente. se importa mais do que gosta de demonstrar. inclusive adora vender a imagem de pegadora por aí, mas ainda é virgem.
triggers: nenhum identificado ainda. personagem ainda em construção.
plot
(ns//fw) em que um casal de amigues virgens escolhem não esperar... e decidem perder a virgindade ume com ê outre para ganhar experiência e praticar. alternativamente, um plot com a virgem (kat) x a pessoa mais experiente que se voluntaria pra ajudá-la a ganhar experiência.
Tumblr media
oh hyejin. idade: ~27 anos. sexualidade: bissexual. ocupação: dançarina e coreógrafa. setting: em aberto. faceclaim: jeon somin (kard). status: aberta para qualquer gênero.
a verdadeira gostosa tatuada performando. por trás das cenas, é toda soft, de fala mansa, e pode até ser um pouco tímida. quando dá aula, é muito exigente e detalhista, mas do jeito mais gentil possível. já se machucou muito no amor, mas segue sendo uma hopeless romantic mesmo quando não quer ser. (não que isso a impeça de passar o rodo na ocasião de alguém jogar água).
triggers: a história completa dela contém gatilhos para ansiedade social, bullying, traição e relacionamentos abusivos, além de relações familiares disfuncionais e trabalho sexual (no passado/cam modeling).
plot sugerido
um plot idol/coreógrafa ou idol/dançarina no geral! hyejin e muse podem trabalhar juntes com frequência, ela coreografar e/ou dar aula pra elu sempre (por ex. a bada lee e o taeyong), ou podem estar fazendo sua primeira colaboração em uma coreografia para um comeback ou uma performance/um stage em específico. alternativamente, qualquer plot (friends to lovers, fwb to lovers, exes, ex-quase) com ume muse da cena do hip hop, porque hyejin admite que tem um tipo
Tumblr media Tumblr media
love maythanee. idade: ~29 anos. sexualidade: bissexual. ocupação: gerente de sex shop, dominatrix e sex educator. setting: em aberto. faceclaim: mild lapassalan (sujeito a mudanças). status: aberta para qualquer gênero.
cheia de sorrisos fáceis, é a vizinha que sempre te oferece um pão ou pizza que ela fez. tenta ser uma gerente tranquila de lidar, que faz o ambiente de trabalho ser tão leve quanto possível. não é o tipo de pessoa que a maioria associaria a uma dominatrix, mas ela é ótima no que faz, obrigada. no fundo é bem insegura, e tem seus traumas.
triggers: a história completa dela contém gatilhos para morte parental, negligência e abuso emocional, e trabalho sexual.
(ns//fw) um plot pro domme/cliente. nada a acrescentar fora love e ume cliente regular dela acabando por se apaixonar em meio às sessões e as interações fora delas. ê cliente não precisa ser necessariamente muito entendide de bdsm, pode estar com ela justamente por querer experimentar e descobrir algumas coisas. e as sessões não precisam necessariamente ser sexuais, nem incluir nada pesado!
3 notes · View notes
lcrosabooks · 9 months
Text
Tumblr media
AVISO DE GATILHO: Gordofobia, transtornos alimentares, dismorfia corporal e todos os assuntos relacionados a esse tópico.
Olá a todes! Eu gostaria de introduzir esse texto falando que houve demanda para que eu o escrevesse, mas infelizmente o que eu tenho a dizer é que eu simplesmente estava pensando sobre esse tópico e achei que seria interessante dar os meus dois centavos sobre isso
Considerações iniciais:
"Ah, mas obesidade é doença!" Sabemos, Jorginho. Não é meu intuito aqui negar as consequências seríssimas da obesidade para seres humanos, tendo influência no desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, entre outros. Qualquer pessoa tem essas informações em mãos, e o único contexto razoável para palpitar sobre a saúde de uma pessoa que não seja você mesmo é caso a outra pessoa seja uma criança/adolescente e você seja o responsável por essa criança/adolescente.
Nisso, é importante salientar que livros de ficção não são cartilhas do ministério da saúde e pessoas gordas fazem parte de um grupo cada vez mais numeroso, crescente, e negligenciado por todas as esferas sociais. Além disso, pessoas gordas estão extremamente suscetíveis a desenvolver doenças como depressão e ansiedade em virtude da maneira como são tratadas socialmente, e, devo salientar, saúde mental também diz respeito a saúde, e é tão importante quanto a saúde física.
Se, ainda assim, você não estiver convencido de que sua opinião sobre o quanto a obesidade não deve ser "romantizada" na ficção não é interessante, gostaria de saber se você implica com personagens fumantes, ou com cenas de sexo sem camisinha, ou com personagens usuários de drogas... Suponho que não. Nesse caso, guarde sua insignificância para si mesmo, e nos poupe de ouvir seus comentários que, mascarados de uma falsa preocupação com a saúde de pessoas gordas, são apenas preconceituosos.
Ademais, devo aqui também fornecer algum contexto: No atual período da minha vida, estou com 24 anos, e passei a maior parte da minha existência sendo gorda. Já fui todos os tipos de gorda, desde a gorda que se odeia, a gorda que tenta desesperadamente emagrecer e não consegue, a gorda que tem maus hábitos alimentares e é sedentária e hoje sou a gorda que não se importa com a maneira como meu peso muda minha aparência, mas tenta emagrecer por motivos de saúde. Certamente não sou a representante eleita para falar por esse grupo tão heterogêneo e numeroso, mas posso falar um pouco sobre as minhas experiências pessoais enquanto pessoa gorda e que tipo de representação eu gostaria de ver mais frequentemente em livros de ficção.
Estamos acostumados a ver pessoas gordas em posições de chacota e alívio cômico (como, por exemplo, o Duda Dursley, de Harry Potter), onde o tempo todo é reiterado o quanto essa pessoa come, o quanto ela ocupa espaço, o quanto ela é desajeitada. Em alguns casos, vemos também pessoas gordas em posições de vilania, no intuito de torná-las "monstruosas" (como, por exemplo, Úrsula, de "A Pequena Sereia"... Ou o Duda Dursley de Harry Potter). Estas posições são desumanizantes, porque servem para estigmatizar a pessoa gorda e demonizar o seu corpo.
Mas... É errado ter um gordo vilão ou alívio cômico?
Não. É claro que não. Sou partidária da ideia de que estereótipos não são sumariamente proibidos, porque existem pessoas que se encaixam neles. Existem pessoas gordas engraçadas ou pessoas gordas que são simplesmente ruins, assim como qualquer outra pessoa pode ser ruim também.
No entanto, caso você queira retratar esse tipo de personagem gordo, eu recomendo que você tome alguns cuidados.
O Gordo Vilão:
Tumblr media
Esse daí acima é Francisco Ferreira, um dos personagens do meu livro em andamento "No Seu Ritmo 1", e provavelmente a pessoa mais desprezível de toda a história. Ele é uma pessoa ruim: Maltrata a enteada, bate no filho, humilhava a esposa que já está morta, tem relações sexuais com menores de idade sendo um cinquentão...
E ele é gordo.
Eu não sei exatamente quais foram os motivos que me fizeram enxergá-lo como um homem gordo na criação de seu personagem, mas isso não é importante, realmente, porque a sua personalidade cruel não orbita o fato dele ser gordo. No entanto, são frequentes as menções à sua falta de higiene e o quanto ele se alimenta mal, que são características do personagem, e isso poderia ser uma caricatura gordofóbica. É claro que poderia ser.
Tumblr media
Esse daí é João Lucas Ferreira, um dos personagens de "No Seu Ritmo 1", que se torna mais importante em "No Seu Ritmo 2". No segundo livro, ele também é um homem gordo.
Ele é amoroso, tímido, tem problemas de autoconfiança, estuda engenharia mecânica, gosta de cães, assiste animes, se dá bem com família e amigos...
Ele é uma pessoa completamente diferente do Francisco, que é alguém horrível.
É importante que exista esse contraste entre João e Francisco porque a crueldade de Francisco não está atrelada ao seu peso. Meu objetivo com um personagem com Francisco Ferreira não é demonizar o corpo gordo para fazê-lo monstruoso; meu objetivo é apenas inserir características ruins em pessoas que são humanas.
Quando o único personagem gordo do seu livro é um vilão, isso pode ser um problema. No entanto, não há problema em fazer um gordo ser vilão, já que existem pessoas ruins com todos os tipos de corpos.
O que você quer dizer quando faz do seu personagem uma pessoa gorda? É importante se perguntar sobre isso também. Às vezes você tem interesse em criar um vilão gordo apenas para criar a pessoa mais "feia" e consequentemente menos gostável possível, e aí é um problema.
Ou você pode simplesmente criar vilões gordos porque... Pessoas são diferentes, oras bolas!
(João não é o único personagem gordo "legal" da duologia No Seu Ritmo, mas ele provavelmente é o mais importante)
Dito isso, vamos ao segundo tópico.
2. O Gordo "alívio cômico"
Confesso que esse estereótipo me incomoda bem mais que o acima, porque eu o considero bem mais desumanizante. Basicamente você usa o corpo do personagem como forma de aliviar a tensão da narrativa, gerando algumas cenas cômicas aqui e ali, como, por exemplo, quando um bruxo coloca um RABO DE PORCO no seu personagem gordo. Bom dia, J. K. Rowling!
Eu também não considero esse estereótipo algo proibido, mas precisa haver algum cuidado quando estiver escrevendo um personagem assim. É verdade que existem pessoas gordas que são palhacinhas (assim como pessoas de todos os corpos), mas caso os corpos delas sejam utilizados como forma de descontração... Não. Só não.
Um bom exemplo também é o personagem Leitão, do livro Jantar Secreto, escrito por Raphael Montes. Esse personagem é uma caricatura muito gordofóbica (a começar pelo nome, né? Com certeza o autor deve ter achado o trocadilho hilário) e frequentemente o narrador tenta extrair uma descontração na tensão da narrativa, que trata de um assunto bem denso, falando sobre o quanto ele come, sobre o quanto a barriga dele é protuberante ou sobre o quanto as roupas dele são grandes.
(Eu gosto desse livro, a propósito. Dá pra gostar das coisas de forma crítica)
Mas e se meu personagem gordo for do tipo que faz piada com o próprio peso? Bom... Essas pessoas existem. Eu nunca fui esse tipo de pessoa, mas eu conheci algumas na minha vida.
Todas essas pessoas, sem exceção, eram assim para escapar do bullying, piadas e zoação. Explico: Antes mesmo que alguém fale o quanto sua bunda não cabe na cadeira, ou o quanto você está parecendo um balão com essa roupa, ou te compare com um elefante... Você mesmo faz.
Isso é muito violento, mas é uma forma de ser aceito. É uma forma de usar de algo que você sabe que será usado contra você como forma de gerar descontração, conquistar as pessoas pelo humor. Não é menos desumanizante porque é você quem faz, mas quando vem de você, você tem o controle da narrativa.
Eu gostaria muito de ver esse tipo de situação sendo trabalhada na psique de uma pessoa gorda, porque não é algo tão simples. Não é simplesmente "hahaha, ele é piadista!". Não. É uma forma de desrespeito, a gente sabe disso.
Por que o seu personagem gordo é tão cruel consigo mesmo? Por que ele naturaliza microagressões a ponto de praticá-las e naturalizá-las? Você está pronto para explorar esse lado do psicológico do seu personagem?
É óbvio que você pode simplesmente criar um personagem que faz piada do quanto ele parece uma baleia e do quanto ele ocupa espaço porque ele é engraçadão, divertido, daora. Um cara que não liga se você fala que ele come demais, que as roupas dele são do tamanho de uma lona de circo, que quando ele pula, gera um terremoto. Não sou eu quem vai te proibir. Mas essa, na minha opinião, não é uma boa representação, e não é algo que eu gostaria de ler.
Além desses dois tipos de personagem gordo, podemos falar de um terceiro, que pode ou não vir em conjunto com os outros dois acima
3. O personagem gordo que come muito/come mal
Novamente repetindo: Não sou contra você criar personagens que representam pessoas que existem.
Existem MUITAS pessoas que são gordas porque comem muito e comem mal (presente!). Existem pessoas que são gordas porque almoçam cup noodles, jantam x-frango e são sedentárias (bom dia, essa era eu em 2022). Mas existe uma nuance nesse ponto que eu vejo poucas pessoas explorando:
Pouquíssimas pessoas se alimentam mal e são sedentárias porque escolheram isso.
Normalmente, a alimentação da pessoa gorda entra na história somente como alívio cômico (voltamos ao ponto do gordo engraçadão) e pra fazer uma caricatura dele. Ele não se importa com o que come, é bonachão, espalhafatoso, manda pra dentro um monte de fritura, sorvete e refrigerante...
Na vida real, as pessoas não estão felizes em jantar McDonald's todo dia, não só porque isso te torna, bem... Gordo, mas também porque as implicações desse tipo de alimentação para a sua saúde não são boas.
E aí você pode argumentar que é uma questão de motivação, de perseverança e disciplina (assim como aqueles coaches de academia falam, mas enfim)
E, claro, algumas pessoas estão mais determinadas a se alimentar corretamente e praticar exercícios do que outras. No entanto, alguns pontos seríssimos estão sendo desconsiderados quando as pessoas afirmam que é questão de "querer": Dinheiro, tempo e, sobretudo, saúde mental.
Sim, eu cheguei aos 110kg comendo cup noodles porque minha saúde mental estava uma merda. Eu tinha crises de ansiedade, minha depressão não me permitia me dedicar a um esporte...
Muitas vezes, a má alimentação é causada por transtornos alimentares relacionados a transtornos que envolvem dismorfia corporal.
E aí, você está disposto a trabalhar com isso? A desenvolver o gordo que se alimenta mal, que é sedentário, e trabalhar com as implicações psicológicas que levam ele a ser assim?
Mas e se eu quiser fazer um gordo que se alimenta mal porque gosta, que não está nem aí para a própria saúde física, que não tem problemas de saúde mental, dinheiro e tempo que o levam a se alimentar mal e ser sedentário? Você pode fazer absolutamente tudo, eu não sou seu pai e nem presidente da Associação dos Leitores Gordos Brasileiros (ALGB), não tenho poder nenhum pra te impedir de fazer algo. Mas, se quer a minha opinião (e se você ainda está lendo esse texto, é porque você quer), essa é uma representação rasa de pessoa com maus hábitos de saúde. Ninguém adquire maus hábitos de saúde porque quer, porque é "preguiçoso". As coisas são mais complexas do que isso.
A decisão, no entanto, é e sempre será sua.
4. O gordo que possui ótimos hábitos de saúde
Essa é uma opinião extremamente pessoal minha e eu não sei se outras pessoas gordas vão concordar comigo, porque eu nunca conversei sobre. No entanto, algo que acontece com relativa frequência quando uma pessoa magra decide escrever sobre pessoas gorda é subverter o estereótipo do gordo preguiçoso totalmente, fazendo assim um gordo que se alimenta extremamente bem, se exercita com regularidade e ainda assim é gordo.
Isso é, sem dúvidas, uma opção melhor do que criar um Duda Dursley da vida, mas eu ainda acho um pouco... Desumanizante.
Vamos para a questão prática do negócio: É possível que uma pessoa com excelentes hábitos de saúde seja gorda? Sim (Lembrete que uma pessoa gorda é diferente de uma pessoa que não é magra, uma pessoa que não é sarada, uma pessoa que não possui um corpo de modelo. Muitas pessoas se consideram gordas simplesmente porque não cabem num jeans 38, mas a realidade tá longe de ser essa). No entanto, sejamos francos: É um pouco improvável. É claro que seu metabolismo tem um papel importante no emagrecer/engordar, mas a menos que você possua uma síndrome metabólica séria, é um pouco difícil uma pessoa que só come alface, frango grelhado, vai à academia 6x por semana e faz isso com certa regularidade ser efetivamente gorda.
Mas não é verossimilhança o que me incomoda aqui, de fato. Esses dias eu li um livro em que um cara montava num dragão. Dragões existem? Bom, naquele livro existe. Por que não pode existir, num livro de ficção, uma pessoa gorda com hábitos de saúde impecáveis?
O que incomoda a MINHA pessoa, EU, Lírio, nesse tipo de representação, é que parece que você está querendo fazer a pessoa compensar por ser gorda.
Ela é gorda, tadinha... Mas não é por culpa dela, porque olha só, ela se alimenta sempre certinho e faz exercício! Ela é gorda porque o corpo dela a castigou. Olha só, gente, ela tem o direito de ser gorda, porque está se esforçando para não ser!
É complicado. Por mais que pessoas como Alexandrismos digam o contrário, a maioria de nós não tem hábitos de saúde impecáveis. Isso não é nossa culpa, porque, como eu comentei, existem outras questões envolvidas, mas é fato que hábitos alimentares e sedentarismo estão envolvidos no emagrecer/engordar.
Aliás, sejamos francos: A grande maioria das pessoas (gorda ou magra) não é 100% responsável com sua dieta e condicionamento físico.
Nós somos humanos. Às vezes comemos alface com frango, às vezes comemos uma coxinha. Tem dias que a gente vai pra academia, dias que a gente não tá afim. Tomar refrigerante é muito bom, sim, mas pode ser que hoje eu queira uma água gelada. Existe um enorme espaço entre os extremos.
Mas, então, o que eu devo fazer?
Olha, o que eu acredito que seja a melhor opção (e essa é somente a minha opinião, você não é obrigade a concordar e tudo mais, muito menos a seguir o que eu estou falando) é... Não comentar sobre hábitos alimentares de personagens gordos.
Você faz isso com os seus personagens magros? Por que caralhos está preocupado em deixar explícito no seu livro se o seu personagem gordo se alimenta bem ou mal, se ele faz exercícios ou não? Isso é relevante para o plot dele?
Dá pra desenvolver outras coisas que não envolvam responder se o seu personagem é gordo por má alimentação e sedentarismo ou simplesmente genética. Quem se importa pelo motivo pelo qual ele é gordo, afinal?
5. O fato do meu personagem ser gordo deve afetar o seu plot?
Eu tenho sempre essa dúvida quando eu vou escrever personagens de minorias as quais eu não pertenço. Escrever um personagem negro que não sofre racismo na trama é apagamento ou é evitar o que a gente chama de "pornô de sofrimento"? De que forma o personagem ser de minoria impacta o seu desenvolvimento na trama (ou não impacta)?
A resposta, como sempre, é depende.
Tumblr media
Esta é Aya. Ela é uma das protagonistas de Caos e Sangue, e faz uma aparição importante em Inflamável. Ela é enfermeira, gosta de plantas, é carinhosa, vaidosa, vive com seu pai... E é gorda.
Na verdade, o fato dela ser gorda afeta pouquíssimo o plot dela. Isso porque Caos e Sangue se passa no ano de 1884, em um país chamado Carmerrum, que não existe. Há pressão para que as mulheres de determinados grupos sociais se encaixem em padrões de beleza, mas não é o caso de Aya, uma enfermeira que vive com o suficiente necessário para manter um ser humano, longe de ser parte das elites ou de uma das famílias tradicionais do país.
Ela possui problemas maiores (e aqui não estou falando que autoestima não é um problema grande, estou falando que dentro do contexto da história, Aya se preocupa com outras coisas). O fato da sua mãe ter sido morta pelos poderosos, por exemplo, ou simplesmente não ter certeza se terá o suficiente para viver com dignidade no mês seguinte. É muito bem resolvida com o próprio corpo e gosta de si mesma, fato que é reforçado pelas pessoas com quem ela se relaciona.
É correto dizer que o fato de Aya ser gorda não é relevante do seu plot, sendo apenas uma característica que o leitor sabe porque é mencionada a fins descritivos.
Tumblr media
Essa, por outro lado, é Isabella. Ela é uma das protagonistas de Borboletas & Furacões. É formada em medicina pela UNESP de Botucatu, especializada em psiquiatria, gosta de comédias românticas, livros melosos e cores pastéis. Ela também é gorda.
Ela e Aya se dariam muito bem, eu penso. Infelizmente isso não é possível, porque Aya vive em Carmerrum no ano de 1884 e Isabella vive em São Paulo, no ano de 2017.
Há uma diferença gritante entre Aya e Isabella, porque Isabella é extremamente afetada com o próprio peso e imagem, algo que não afeta Aya.
Mas por que isso acontece?
Claro que o fato de serem duas personagens diferentes implica duas personalidades diferentes, e as pessoas reagem às adversidades da vida de forma diferente das outras. Mas acredito que a maneira que determina a diferença entre autopercepção de ambas essas mulheres está em: Contexto social/histórico e backstory.
(Perdão, eu sou paulista, não consegui não enfiar uma palavra em inglês no meio do texto)
Bom, em primeiro lugar, não preciso dizer que os conceitos sociais de beleza em uma sociedade que não existe (Carmerrum) serão diferentes daqueles em uma sociedade que existe (São Paulo), uma vez que, ao ambientar meu livro em Carmerrum, eu faço as regras. Ao ambientar em São Paulo, não faço tanto as regras assim. Mas o período temporal é importante também, sobretudo se estamos falando das regras de uma sociedade ocidental (e, sim, alguém aqui vai me falar que o Brasil não faz tecnicamente parte do ocidente, e sim do sul global. Quando eu quero dizer "sociedade ocidental" eu quero dizer que nosso conceito de beleza é diferente do conceito dos indianos, por exemplo, ou do conceito dos povos da Mauritânia. Querendo ou não, o Brasil segue mais ou menos o mesmo padrão de beleza que os estadunidenses e europeus). A imposição de um corpo magro ocorreu à partir do século XX, com a indústria do consumo, em que os alimentos de alto valor calórico se tornaram mais acessíveis e a propaganda midiática se tornou mais difundida também. Dessa forma, o corpo gordo parou de ser sinônimo de beleza e começou a ser reprovado, sendo assim perseguido cada vez mais um ideal de magreza extrema.
Ao entrarmos no século XXI, isso se intensificou ainda mais (e eu posso dizer isso com propriedade, porque eu estava viva no início do século XXI e fui afetada pelos ideais de magreza inalcançável que eram bombardeados para nós através das supermodelos que figuravam as telas da TV), e ainda hoje o nosso padrão de beleza é predominantemente magro.
Estou dizendo isso tudo para explicar que, em qualquer sociedade do mundo, o padrão de beleza em 1884 e em 2017 será diferente, e consequentemente afetará pessoas que viveram nesses respectivos anos de formas distintas.
Além desse ponto, também é importante salientar que a nossa autopercepção é moldada de acordo com as experiências individuais de cada um.
Aya não foi afetada por ideais de beleza inatingíveis. Ela tinha um sonho simples: Ser bem sucedida como enfermeira (a profissão de sua mãe) e fazer com que aqueles que a mataram pagassem por isso. Só. As motivações dela são outras, e nada em seu passado indica problemas de autoimagem a respeito do próprio peso.
Isabella, por outro lado, possui uma motivação completamente diferente na narrativa.
A história já começa nos transportando para 2007, o último ano do ensino médio de Isabella, onde nos é revelado que ela sofre bullying por causa de seu corpo. Isso foi algo que Aya não teve que passar. Isso é algo que deixa marcas permanentes no nosso psicológico.
Além disso, devo dizer que o bullying não foi o único (embora seja o mais relevante) dos problemas que Isabella viveu devido ao seu peso.
Tumblr media
(E, sim, ela também é lésbica, o que gera OUTRO problema de autoaceitação. Mas vamos focar no tópico aqui).
Isso é importante porque nossa imagem sobre nós mesmas é criada a partir de nossas experiências passadas. É bem provável que alguém cuja existência enquanto pessoa gorda foi moldada por bullying na adolescência tenha uma visão sobre o próprio corpo diferente de alguém que não tem essa violência como marcador.
E aí, caímos, como sempre, na famosa construção de personagem. Cada personagem é único. Quais os fatores que você quer que se sobressaiam em sua existência?
(Acho que cabe aqui um parêntesis: Pouquíssimas pessoas gordas que vivem no século XXI seriam 0% afetadas psicologicamente pela gordofobia. É importante explorar como ser gordo afeta a vivência do seu personagem, mesmo que não seja algo muito importante em sua personalidade. Vivemos em uma sociedade gordofóbica, afinal.)
6. Autoestima x Pessoas gordas
Falei um pouco sobre isso no tópico anterior, mas acho importante separar um pedaço do texto pra falar especificamente sobre isso.
Eu não vou aqui explorar as infinitas possibilidades de construção de um personagem gordo, como a possibilidade de você estar escrevendo ele numa história ambientada no período renascentista, onde ser gordo era incontestavelmente o padrão de beleza, ou a possibilidade de você estar construindo o seu personagem numa sociedade que não existe, ou numa sociedade cujos padrões de beleza são muito diferentes daqueles que a gente reproduz na sociedade atual.
Vou aqui falar de histórias que se passam em sociedades parecidas com a nossa, num período histórico recente.
É possível que o seu personagem não se afete com imposições midiáticas de beleza? É possível. É provável? Bom...
Não estou aqui te impedindo de escrever um personagem gordo que nunca teve problemas de autoestima, eu não estou aqui para te impedir de escrever nada. Algumas pessoas talvez prefiram essa representação. Eu, pessoalmente, acho bem pouco crível, e se você conversar com as pessoas gordas ao seu redor (mesmo aquelas que não tem grandes conflitos com seus corpos, como eu), verá que essa está longe de ser a realidade.
Meu personagem gordo precisa se odiar, então?
Não. Na verdade, eu não recomendo que você crie um personagem gordo que sente um ódio feroz e paralisante de si mesmo a menos que estude bastante sobre isso (nem mesmo se você tiver passado por essa fase), porque é algo muito complexo e delicado, além de poder reforçar umas ideias não tão legais se não for feito com responsabilidade. Nem mesmo a minha personagem citada anteriormente, a Isabella, sente esse tipo de ódio intenso e cruel de si mesma: Ela tem uma vida para além disso.
O que eu estou dizendo é que faz parte da construção do personagem trabalhar o quanto a gordofobia o afeta. Porque a gordofobia existe, certo? E como o seu personagem reage a isso?
Tumblr media
Eu gosto muito desse trecho, porque ele mostra como dois personagens diferentes reagem ao fato de ser gordo. João e Helena são irmãos de mãe, ambos aparecem em No Seu Ritmo 1 (sendo Helena uma das protagonistas, e João um coadjuvante), mas em No Seu Ritmo 2 ambos os personagens tem papéis importantes e ambos são descritos como pessoas gordas.
Perceba que nenhuma das duas existências é proibida: Nem a de João, que sente vergonha do próprio corpo, nem a de Helena, que se sente bem consigo mesma. Só que isso implica alguns questionamentos: O que faz João se odiar? O que faz Helena gostar de si mesma? Qual será o tratamento dado a João para si mesmo ao longo da narrativa? Ele pretende mudar essa visão sobre si? É interessante que ele mude, mas não obrigatório. Livros não precisam ter lição de moral, mas eu ficaria mais satisfeita em ler uma história onde uma pessoa gorda que não gosta de si mesma aprende a se sentir bem no próprio corpo ao longo dos acontecimentos.
Também há um ponto que deve ser levado em consideração aqui: Ainda que Helena seja bem resolvida consigo mesma, ela não está imune dos julgamentos de uma sociedade gordofóbica. Ao longo da história ela fala mais de uma vez como ela dribla esse tipo de problema e como ele o afetou logo que ela começou a ganhar peso, e vemos que não foi algo instantâneo. Não existe pessoa separada de sua sociedade.
(Existem também alguns pontos que normalmente afetam mais o seu personagem do que outros, como esse personagem ser uma mulher ou um homem GBT. No caso, Helena é mulher, e João é um homem gay. Para um homem cis hétero, essa percepção acerca do próprio corpo seria diferente. Mas aí são outros 500)
Eu pessoalmente acho um pouco... Artificial o personagem gordo que se ama o tempo todo. Ninguém é assim, nem pessoas magras são assim. Eu aposto que até a Virgínia (que eu não acho bonita sob nenhum ângulo, a propósito) tem seus problemas de autoestima. Ajudaria o seu personagem a ser mais real caso você inserisse esses pequenos momentos de autoestima flutuante ao longo de sua vida.
(E a Thais Carla? Bom, a Thais Carla é, assim como TODOS os influencers, um personagem. Ela mostra para seu público o que ela quer. Eu duvido que não haja um mísero dia em que ela acorde se sentindo mal)
Por outro lado, a pessoa que se odeia o tempo todo também não é um tipo de personagem que eu goste. Sei lá, me faz ter a impressão de não há nada de bom em ser gordo, que tudo na sua vida gira em torno do seu corpo. Existem pessoas que pensam assim, e isso é uma distorção cognitiva (você pode abordar isso caso queira pesquisar bastante), mas eu não acho que a maioria das pessoas saiba trabalhar com essa situação.
Busque sempre um ponto de equilíbrio entre extremos, para não pender nem para a pessoa que se odeia imensamente e nem a pessoa que nunca se sente mal.
7. A pessoa gorda que emagrece ao longo da trama
Como eu falei, isso aqui não é um index librorum prohibitorum da representatividade gorda. Você pode escrever o que quiser, sem sombra de dúvidas, e eu não estou aqui para te cancelar ou te proibir de fazer algo.
Mas eu, pessoalmente, ODEIO esse tipo de plot. Não entendo muito qual o sentido de escrever um personagem gordo se ele está lá pra emagrecer e passar a mensagem de que tem algo de errado com o corpo inicial dele.
Existem exceções? Claro que existem. Você pode escrever esse plot como uma crítica. Você pode explicar o quanto os padrões de beleza afetam a saúde mental da pessoa gorda. Você pode também inserir isso como condicional a outra situação que não seja "Emagreceu porque quis perseguir um corpo melhor e isso é bom". Por exemplo, em Inflamável (Spoiler!), continuação de Caos e Sangue, a personagem Aya passa meses em um calabouço, se alimentando mal e tendo pouco acesso a questões básicas de sobrevivência para um ser humano. Isso faz parte do plot dela, é necessário para o desenvolvimento da história, e eu achei que seria simplesmente incongruente colocar uma personagem para lidar com essas questões desumanas e manter ela gorda.
Por isso, e somente por isso, ao final de Inflamável, Aya está magra. Mas isso não busca trazer lição de moral sobre o corpo de pessoas gordas, é simplesmente ser fiel à realidade de que ser exposta a uma privação extrema de nutrientes vai te emagrecer (de forma não saudável, aliás).
No geral eu diria pra você evitar esse tipo de desfecho. Não é algo que pessoas gordas curtem ler, e definitivamente não é algo que eu gostaria de ler (A menos que esteja num dos dois casos anteriores citados). Se for pra colocar um personagem cujo objetivo dele é ficar magro ao longo da narrativa, simplesmente insira um personagem magro de uma vez.
8. Personagens gordos x parceiros afetivos
É, bem, eu provavelmente sou a pior pessoa pra falar desse tópico, porque apesar de ser possivelmente arromântica, eu gosto de dar parceiros afetivos para os meus personagens. Romance é mais divertido quando é entre pessoas que não existem, e eu tenho o controle de todas as variáveis.
Mas eu não acho que exista algum problema no seu personagem gordo terminar a narrativa sem uma pessoa amada, desde que a motivação para esse fato não seja ele ser gordo.
É claro que a gente sabe que há um preterimento afetivo muito grande de pessoas gordas na nossa sociedade, e que uma pessoa gorda possivelmente terá mais dificuldades para encontrar parceiros do que uma pessoa padrão. Mas é um pouco... Cruel você condenar alguém gordo à solidão afetiva pelo fato da pessoa ser gorda, e também não é verdade que é impossível ou altamente improvável que pessoas gordas encontrem parceires que as amem e as respeitem.
No entanto, o seu personagem gordo pode ficar sozinho por outros motivos. Ele pode ser aroace, como o Isaac de heartstopper (eu odeio essa obra, a propósito, mas eu não acho que essa crítica ao personagem gordo não ter par afetivo seja coerente). Ele pode ser uma pessoa ruim. Ou ele pode simplesmente não querer relacionamentos no momento.
Inclusive, você pode explorar como a nossa sociedade sempre espera que todo mundo tenha interesse em relacionamentos afetivos, mas isso não corresponde à totalidade das pessoas. Seria interessante.
Eu penso que seria, assim, de bom tom, se o seu personagem gordo solteirão não fosse o único personagem gordo ou o único personagem solteirão da obra. Seria interessante também inserir um personagem gordo que se relaciona afetivamente com alguém ou um personagem magro que acaba sem relacionamentos ao final da trama. Mas isso é apenas algo que eu penso que seria de bom tom, não é uma regra, e nem faz da sua obra automaticamente desrespeitosa.
Meu personagem gordo pode/deve ficar necessariamente com outra pessoa gorda?
Esse questionamento me veio à mente enquanto eu estava digitando esse texto, e eu acabei percebendo que nenhum dos meus personagens gordos se envolve afetivamente com outra pessoa gorda.
Mas, olha... Seria interessante. Muito se reclama que há muitas obras (entenda "muitas" como algo nichado, porque a gente sabe que a maioria esmagadora das obras trata apenas de personagens padrão) com mulheres gordas que se relacionam com homens sarados, o que por um lado é uma boa representatividade para as mulheres gordas, mas os homens gordos continuam sendo jogados para escanteio. Eu mesma tenho um único personagem homem gordo "bacana", digamos assim, que é o João Lucas (e ele é gay). Nunca vi um casal gordocentrado e, para ser sincera, eu gostaria de ver.
Mas, claro, não é obrigação. Como eu falei, nem eu mesma faço isso. Não é errado unir uma pessoa gorda com uma pessoa magra em um casal, de forma alguma.
(Cabe aqui a ressalva: Esses parágrafos foram redigidos sob uma lógica monogâmica de relacionamentos. Em uma lógica não monogâmica, as regras são outras, e aí depende do que você quer para o seu personagem. Mas eu acho um pouco difícil alguém que se relaciona não monogamicamente ter apenas afetos gordos, justamente pela não delimitação que esse tipo de relacionamento traz. No entanto, é possível, claro)
9. Pornô de sofrimento
Eu achei importante colocar um tópico sobre isso aqui. A gente chama de pornô de sofrimento qualquer história que dramatize excessivamente as mazelas que acometeram determinados grupos sociais, no intuito de gerar comoção às pessoas que não fazem parte desses grupos, mas acaba sendo algo extremamente desconfortável para as pessoas que fazem.
Esse termo é geralmente utilizado para grupos que sofreram genocídio, como pessoas pretas ou judeus. Não sei se é o mais adequado usar ele para pessoas gordas, uma vez que nunca existiu um "genocídio gordo", então, em todo caso, eu peço perdão caso uma pessoa preta ou um judeu se ofenda pelo emprego do termo. Basta um pedido em qualquer uma das minhas redes sociais que eu irei retirá-lo e trocar por outra coisa.
No entanto, acho pertinente falar de uma situação parecida que acontece com demais grupos sociais marginalizados, e penso que esse termo ilustra bem o que quero dizer. É quando em, algum produto de mídia, uma pessoa insere uma pessoa de uma minoria social apenas para fazê-la sofrer, no intuito de gerar comoção.
Mas você acabou de dizer que não podemos ignorar as marcas da gordofobia na sociedade, Lírio! É, eu disse. No entanto, há um salto gigantesco entre isso e expor excessivamente uma pessoa que não existe a uma violência que acomete pessoas reais e causa mal estar nessas pessoas.
Você não precisa colocar um personagem sofrendo um bullying pesado para mostrar que a gordofobia existe. Você não precisa colocar um personagem sofrendo sucessivas rejeições das pessoas por quem ele é apaixonado, com mensagens cruéis e humilhantes, para mostrar que gordofobia existe. Você também não precisa colocar cenas e mais cenas da pessoa não cabendo nas roupas e quebrando as cadeiras quando senta.
Nós temos uma vida para além de sermos gordos. Nos podemos viver outras coisas. Eu sou farmacêutica, escritora, gosto de ler e amo gatos. Eu tenho amigos, saio com eles às vezes (introvertida sofre) e gosto de conversar sobre assuntos diversos. Eu não sou apenas a gordofobia que eu sofro.
Seu personagem pode sofrer gordofobia, mas evite transformar isso no ponto central do plot dele.
Mas é proibido? Mais uma vez, você não está proibido de fazer nada. Eu não sou sua mãe, não sou o presidente da ABL, não fui eleita pelos gordos falantes de português™️ para representá-los. Apenas seria algo que não me faria confortável de ler e também não faria a maioria das pessoas gordas que eu conheço confortável.
Você quer representar um grupo que não vai se sentir confortável ao ler sua história?
10. Como descrever um personagem gordo?
Ah, sim, eu sei que você estava esperando por esse tópico. Eu deixei ele por último, porque normalmente as pessoas só se importam com ele, como se todo o resto fosse desimportante. Eu na verdade acho ele o menos importante possível, porque a resposta é um grande depende
Vale aqui lembrar que o narrador não é o autor. O seu narrador (principalmente se for em primeira pessoa) pode ser gordofóbico. O personagem Dante, narrador de Jantar Secreto, frequentemente descreve o personagem Leitão de maneira gordofóbica, porque ele é gordofóbico. Não é obrigatório, nada é obrigatório, mas seria interessante se você, autor, desse ao longo da narrativa sinais de que a forma como esse narrador está se comportando não é legal (Infelizmente o Raphael Montes falha bastante nesse aspecto, e eu não encontrei esses sinais ao longo do romance. Mas enfim).
Mas caso você não queira criar um narrador intencionamente gordofóbico, aqui estão algumas dicas que eu pessoalmente acho que você poderia fazer.
Não há nada de ofensivo em usar a palavra gordo. Ela é descritiva, não ofensiva. Fulano de tal era gordo, ponto. Eu evitaria eufemismos como "cheinha, fofinha, acima do peso" porque parece que você está tentando amenizar o fato da pessoa ser gorda. Existem exceções: Leonardo, de No Seu Ritmo 2, frequentemente descreve a Helena como "cheinha" ou "gordinha", porque ele é marido dela. É uma forma carinhosa de se referir à mulher que ele ama, algo que não faria sentido algum se o narrador (terceira pessoa onisciente) ou uma pessoa completamente estranha chamasse a personagem dessa forma.
Agora, descrevendo com mais precisão: Existem inúmeras formas de corpos gordos, principalmente em corpos predominantemente estrogenados (pessoas AFAB que não tomam testosterona ou pessoas AMAB em TH). Existem pessoas com barrigas maiores, seios maiores, braços maiores, glúteos maiores... É um pouco complicado descrever sem cair na caricaturização ou na hipersexualização, então eu costumo não gastar muitas linhas falando dos corpos de pessoas gordas numa apresentação inicial e trago essa informação em outros momentos mais oportunos. Helena, de No Seu Ritmo 2, é uma gorda com o formato de corpo mais "violão". João, por outro lado, possui uma barriga proeminente. Quando o momento pede, tais descrições são fornecidas. Num momento inicial, eu digo que a pessoa é gorda, e só isso basta. Por vezes, pode ser necessário dizer que um pessoa é gorda maior ou gorda menor, principalmente em caso comparativo; João, por exemplo, é maior que Helena. Mas quem deve determinar isso é você.
Tumblr media
Esse é um trecho onde João fala com Benjamin, seu par afetivo, sobre as suas inseguranças, e nele podemos enxergar qual o formato de seu corpo.
Caso não exista oportunidade para descrever se o seu personagem tem mais peito, bunda, barriga ou braço, provavelmente é porque não é relevante para a narrativa. Se for, em algum momento essa oportunidade irá surgir, e será feita de forma natural.
O que eu recomendo que você evite: Comparar pessoas gordas com animais, como baleias e elefantes (eu sei que isso é óbvio, mas às vezes o óbvio precisa ser dito) e ficar reforçando o tempo todo o quanto ela é grande, e as roupas dela são grandes, e o quanto ela ocupa espaço. Não é o tipo de descrição que eu curtiria. (E, mais uma vez, você não está proibido de fazer NADA, estou apenas dizendo que eu não iria achar legal).
11. Gatilhos
Eu achei que tinha acabado, mas achei importante inserir esse parêntesis aqui.
Frequentemente tramas que tratam de minorias sociais trazem algum gatilho. Com pessoas gordas, é bem possível que a sua trama engatilhe alguém, principalmente devido à forma como você irá abordar o tema.
É um pouco difícil dizer o que irá engatilhar alguém ou não, e eu também não penso que seja proibido ou desaconselhável fazer uma obra que desperte gatilhos em alguém (desde que você avise antes). Minhas obras provavelmente despertariam gatilhos em alguém. Borboletas & Furacões já começa com uma pessoa gorda sofrendo bullying!
Mas, se for do seu interesse criar uma obra mais leve, eu recomendo que você não faça seu personagem passar por situações estressantes, não crie um personagem que se odeia e aborde a gordofobia de forma leve e sutil (talvez até ambientando essa história numa sociedade que não existe, por exemplo, e onde a gordofobia não é tão forte). Isso irá minimizar ao máximo o fator estressante contido no seu livro.
12. Peso e altura
Voltei aqui rapidinho pra fazer um adendo rápido.
Muita gente acha que falar peso e altura de personagem gordo é uma forma respeitosa de mostrar que ele é gordo mesmo, canonizar esse fato. Mas se eu pudesse dar meus dois centavos sobre isso, eu diria para você não fazer isso, primeiro porque não quer dizer muita coisa efetivamente (já que IMC desconsidera vários fatores, como a quantidade de massa magra) e segundo porque isso atrai T.A como açúcar atrai formiga. A menos que seja extremamente necessário e faça um sentido absurdo, evite citar peso e altura de personagem. (Na minha humilde opinião etc você pode fazer o que quiser, só não é algo que eu aconselharia você a fazer)
Abraços, espero que esse texto tenha ajudado e qualquer discordância/dúvida/sugestão/adendo, sintam-se livres para me procurar em qualquer rede social!
3 notes · View notes
1dpreferencesbr · 11 months
Text
Imagine com Zayn Malik
Tumblr media
A chance to Change.
n/a: Eu amei fazer esse pedido, ele demorou alguns dias para ficar pronto e eu espero de todo coração que vocês gostem!
AVISO: Esse imagine contém menção á uso do drogas ilícitas e pode causar gatilhos em algumas pessoas. Se esse é um assunto sensível para você, por favor, não leia. Tenho certeza de que tem muitos outros imagines por aqui que irão lhe agradar!
Masterlist
Contagem de palavras: 3,096
Fechei os olhos com força, sentindo as lágrimas grossas escorrerem quentes pelas minha bochechas, seguindo o mesmo caminho marcado por aquelas que eu já havia derramado ao longo dos dias. O som ritmado tocava alto, retumbando pelo ambiente, preenchendo toda a sala muito clara do consultório. 
— O bebê está perfeitamente saudável, S/N. — A médica disse me dando um sorriso confortador, enquanto me estendia algumas toalhas de papel para limpar o gel em minha barriga ainda não crescida. — Você está entrando na oitava semana. Vou lhe dar um encaminhamento para um obstetra, ele vai avaliar mais minuciosamente e passar os cuidados necessários nesse início de gestação. 
Apertei a alça da bolsa entre os dedos, tentando ainda digerir a notícia de que seria mãe. Me dirigi para a recepção do hospital com a receita de algumas vitaminas, torcendo para sair daquele lugar o mais rápido possível. A enfermeira que me atendeu avisou que voltaria em um minuto. Peguei meu celular, cogitando ligar para o meu ex. Zayn precisava saber que teria um filho, ele tinha esse direito. 
Mas antes que eu tomasse qualquer decisão, um corpo se chocou de leve contra o meu. A voz feminina com o sotaque carregado falava em desespero com a recepcionista. 
— Trisha. — Chamei baixinho. Minha ex sogra se virou, o rosto coberto por lágrimas, sem me dar chance para dizer qualquer coisa, ela me apertou em seus braços. — Está tudo bem, o que aconteceu? — Falei apertando de volta. 
— S/N/C? — Ainda abraçando a mulher, estendi um braço para pegar o pacote de papel da mão da enfermeira, agradecendo em seguida. 
— Você está doente, querida? — Perguntou observando o pacote.
— Não, são apenas algumas vitaminas. — A tranquilizei. Durante os anos de relacionamento com seu filho, Trisha me tratava da mesma forma que as filhas, sempre disposta a me dar conselhos e carinho quando precisava. — Mas e você, o que está fazendo aqui? 
— Estávamos preocupados, Zayn não entrava em contato fazia alguns dias. Safaa e o marido foram até o apartamento e o encontraram desacordado. — Ela disse em um lamento, fazendo meu coração doer dentro do peito. 
Depois de conseguir a informação de qual o quarto do filho, Trisha me arrastou pela mão até lá. Eu não queria entrar, a lembrança do término recente ainda estava muito nítida, dolorida demais. 
Entrei no apartamento sentindo um cheiro forte de maconha e cigarro. Estava tudo silencioso, e eu imaginei que Zayn havia aproveitado minha viagem de trabalho para fumar até não aguentar mais. Tirei meus tênis e coloquei no pequeno armário no Hall de entrada, e me dirigi para a sala de estar. Zayn estava jogado no sofá, sem camisa e com os olhos fechados, ressoando de leve. O cômodo estava uma zona. Haviam embalagens de comida para todo o canto, bitucas de cigarro, o tapete claro tinha uma mancha amarelada bem no meio. Meu coração vacilou quando vi as diversas carreiras de pó branco na mesinha de centro, formadas ao lado de um cartão de crédito.
— Zayn! — Gritei, fazendo com que ele acordasse em um salto. 
— Não precisa gritar, porra. — Resmungou. 
— Que merda é essa? — O moreno ignorou a minha pergunta, voltando a se recostar no sofá de couro preto. — Eu estou falando com você! 
— Não fode, S/N. — Retrucou sem paciência. Era sempre assim quando ele usava aquilo. Zayn deixava de ser o cara carinhoso por quem eu me apaixonara cinco anos atrás. Se tornava um homem rude, que era cruel com as palavras e as ações. Olhei para os lados, encontrando uma garrafa de vodca pela metade, sem pestanejar, despejei o líquido na mesa, destruindo a droga. — Você tá louca, caralho? — Ele gritou, levantando rápido e segurando o meu braço. 
— Você disse que tinha parado! — Acusei. 
— Eu parei! Foi coisa de festa, S/N. — Bufou, olhando para o lugar onde antes estava aquilo que destruía o homem que eu amava. 
— Mentiroso. — Zayn abriu um sorriso irônico, aquela era a sua arma sempre que estava drogado. — Você é um idiota. 
— Então vai embora, caralho! — Gritou soltando o meu braço. — Pega toda a sua merda e some! — Se jogou no sofá. 
— É o que você quer? Não vai ter volta, Zayn. É a última vez. — Falei tentando manter minha voz firme, mesmo com as lágrimas teimando em se formarem nos meus olhos. 
— O que você está fazendo aqui ainda? Some! — Ele gritou. 
E eu fui. Levando apenas algumas mudas de roupa em uma mochila velha, sentindo o coração despedaçado dentro do peito. Por muitas vezes tentei ajudar Zayn com o vício, nos últimos meses ele parecia progredir e eu fui para a primeira viagem de trabalho sem ele. Um erro. Um erro que Zayn pagaria sozinho, porque eu cansei.
Alguns dias depois Zayn tentou me ligar, eu o ignorei. Ele enviava centenas de mensagens por dia, que me dilaceravam, pedindo desculpas, dizendo que me amava. 
Mas eu precisava seguir em frente, precisava viver também. A vida que Zayn escolheu não afetava apenas a ele. Eu me sentia exausta em precisar cuidá-lo, estava sempre apreensiva quando precisava sair mesmo que por alguns minutos. Isso não é vida. 
— Trisha, acho melhor eu ir embora. — Falei quando chegamos na frente da porta branca.
— Querida, ele vai gostar de vê-la. — Disse dando um sorriso mais calmo. 
Tentei argumentar, mas a porta foi aberta por dentro. O pai e as irmãs de Zayn estavam presentes, e ele estava ao fundo, deitado na cama hospitalar. 
Nas poucas semanas que passaram desde o nosso fim, era possível perceber que Zayn havia perdido uma quantidade considerável de peso. Sua pele estava pálida, as olheiras fundas abaixo dos olhos e haviam alguns ferimentos em seus braços. Senti meu coração apertar com aquela cena, não parecia nem a sombra do homem devastador que conheci anos atrás. Ao ver a movimentação, Zayn ergueu os olhos castanhos, fixando-os em mim. Um sorriso fraco se formou nos lábios ressecados. 
Me aproximei um pouco, parando ao lado da cama, sentindo um nó enorme se formar em minha garganta e uma vontade de chorar incontrolável. 
— Oi. — A voz de geralmente era melodiosa machucou os meus ouvidos e o meu coração. Ele estava rouco, e pela careta que fez imaginei que sua garganta estivesse seca. Peguei a garrafa de água no móvel atrás de mim, enfiei um canudo e estendi em sua direção. Zayn tomou longos goles, fazendo uma cara de satisfação logo em seguida. — Obrigado. — Sua voz soou um pouquinho melhor. 
— O que aconteceu com você? — Perguntei com sincera preocupação. Mesmo muito decepcionada com as escolhas dele, o amor que sentia por aquele homem era forte demais. Zayn deu um longo suspiro. 
— Vocês podem nos deixar a sós? — Perguntou à família. Enquanto eles saíam, puxei uma cadeira para sentar ao lado da cama, ainda sentindo meu coração apertado dentro do peito. — Foi a minha mãe que te chamou? 
— Não, a encontrei na recepção. Estava tendo uma consulta. — O olhar cansado passou de receoso para preocupado em uma fração de segundo. Zayn tomou uma das minhas mãos entre as suas, deixando a que estava com o acesso do soro por cima.
— Você está doente? 
—  Não. O que aconteceu, Zayn? 
— Eu fiz merda de novo, foi isso que aconteceu. — Apertou minha mão entre seus dedos, a culpa escancarada nos olhos enormes. — Eu vou sumir por um tempo…
— O quê? E a sua família? — Perguntei desesperada. 
— Eles vão ficar melhor sem mim. — Desviou os olhos dos meus. — Todo mundo vai. Não tem mais sentido ficar aqui, eu só vou machucar aqueles que eu amo.
— Zayn, olha pra mim. — Pedi, mas ele não o fez. Me levantei, sentando ao seu lado na cama, soltei a mão das suas e segurei seu rosto, obrigando-o a me olhar. — Eu preciso de você aqui. Não vou conseguir sem você.
— Você vai ficar melhor sem mim, S/N. 
— Nós precisamos de você, Zayn.
— Nós quem? — Ele estava irredutível. Não era daquele jeito que eu queria contar, em um quarto de hospital com ele naquele estado. Mas se Zayn queria sumir no mundo, deveria fazer isso ciente de que uma semente nossa brotou. Segurei a mão que estava com o acesso, encostando-a em minha barriga. As sobrancelhas desenhadas se ergueram, Zayn abriu a boca sugando o ar com força, e o rosto que já estava pálido ficou ainda mais branco. — Desde quando? 
— Oito semanas. Descobri hoje. Por isso estava no hospital. — Admiti. 
Zayn me encarou por alguns segundos, sem dizer nada. A máquina ligada ao seu corpo apitava alto, demonstrando que sua pulsação estava alta. Tentei me levantar, achando que tinha sido uma péssima ideia contar naquele momento, mas ele me puxou de volta, me abraçando com força. O moreno escondeu o rosto entre meu ombro e o pescoço, soltando alguns soluços em seguida.
— Me desculpa, amor. — Sussurrou. — Eu sou um idiota. 
— Você pode melhorar, Zayn. Você precisa melhorar, se não por você, por esse bebê. — Me afastei um pouquinho, secando seu rosto com os dedos. — Você precisa lutar contra isso, não pode desistir. 
— Eu vou tentar. — Ergueu a mão, tocando minha bochecha tão molhada quanto a dele.
— Você tem que conseguir. Quero que você seja o pai que esse bebê merece, mas você precisa estar saudável, Zayn. Eu sei que você pode fazer isso. 
— Sempre quis ser pai. — Ele confessou, abrindo um sorriso sincero. 
— E vai ser o melhor, tenho certeza. — Ele se aproximou um pouquinho, aproximando o rosto do meu, quando seus lábios estavam a ponto de tocar os meus, com dor desviei, fazendo com que se chocassem com a minha bochecha. — A nossa situação não mudou. Pelo menos não enquanto não houver mudança. — O sorriso se desfez, e a tristeza se fez presente. — Eu te amo, isso não muda tão fácil. Mas não posso pensar só em mim. — Pousei a mão sobre a de Zayn, que ainda estava em minha barriga. — Precisamos de certezas agora, Zayn. Não quero magoar você, mas preciso pensar no bem do nosso filho.
— O que seria melhor pra ele que os pais juntos? 
— Os dois pais saudáveis. — Falei com firmeza. — Tudo que eu quero é criar essa criança com você, mas só quando eu ver que realmente mudou.
— Vai me afastar? 
— Não. Mas por enquanto estamos separados. — Zayn soltou um suspiro sofrido, um soluço. Era uma situação horrível, mas a realidade de não sermos só nós dois mais era avassaladora. Peguei meu celular na bolsa, colocando para tocar o áudio do coraçãozinho que eu havia gravado durante a consulta. — Foque nisso aqui para melhorar, Zayn. É o coração do seu filho batendo. Melhore por ele, lute por ele e seja o pai que ele merece. — Implorei. 
💕
Os meses que corriam pareciam não terminar. No dia da alta do hospital Zayn decidiu se internar em uma clínica de reabilitação, e até então as visitas estavam sendo negadas pelos médicos.
Arrumei o vestido na barriga já crescida, seria o primeiro encontro com Zayn depois de quase quatro meses. Nos falávamos por chamadas telefônicas quando permitido e ele recebia notícias sobre a gestação. 
Estava nervosa, sentia a pulsação muito acelerada e transpirava demais. O jardim da clínica era florido e eu já estava há uns bons minutos esperando por ele. 
Não consegui conter o sorriso quando vi Zayn vindo em minha direção pelo gramado. Ele parecia melhor, o cabelo raspado, vestindo um jeans solto e uma camiseta de banda. Assim que me enxergou, correu em minha direção, me tomando em um abraço.
— Meu deus… — Sussurrou. — Você está… — Me afastou um pouco, ainda em seus braços, olhando para a barriga pontuda.
— Enorme. — Finalizei.
— Eu ia deixar linda. — Revirou os olhos.
Zayn me ajudou a sentar no banco novamente, e por alguns minutos ficamos em silêncio enquanto ele acariciava a minha barriga e nós observamos a paisagem calma da clínica. 
— Eu tenho uma surpresa pra você. — Me lembrei. O moreno me olhava com curiosidade enquanto eu pegava o envelope da bolsa, retirando as pequenas fotos que havia revelado do ultrassom para que ele guardasse. Zayn sorriu para a imagem borrada, como se fosse algo precioso, enchendo meu coração de um calor gostoso.
— E esse aí? — Perguntou apontando para o envelope lacrado em minha mão.
— É o resultado do exame de sexagem fetal. 
— E o que é? 
— Eu não sei. Esperei para abrir com você. — Lágrimas se formaram no canto dos olhos castanhos, molhando os cílios compridos. Estendi o papel para Zayn, que abriu com animação, encarando o resultado por algum tempo. — E então? — Perguntei nervosa, com medo de o exame ter dado errado.
— É um menino. Vamos ter um garotinho. — Zayn sussurrou, me puxando para um abraço apertado. 
Por alguns segundos, ficamos nos braços um do outro, nos olhando com os olhos marejados e uma alegria que não cabia no peito. Senti o par de lábios quentes tocar nos meus, por apenas alguns segundos antes de receber um sorriso deslumbrante. 
— Zayn. — Falei baixo, tentando me afastar, mas ele me prendeu ainda mais, mas sem apertar minha barriga.
— Eu sei, não está na hora. É apenas uma forma de comemorar, é assim que eu quero me lembrar desse momento um dia. Você nos meus braços, nosso garoto chutando forte e um beijo na sua boca como comemoração. Não estou pedindo mais do que isso. — Eu sabia muito bem que Zayn estava sendo sincero, e talvez fossem os hormônios da gravidez, que já estavam me dominando. Mas ergui meu rosto, deixando um beijo casto em sua boca desenhada. Eu também queria que aquela fosse a forma de recordar desse momento. 
Após aquele dia, Zayn passou a ter direito de uma visita a cada quinze dias, que eu ia religiosamente, ansiosa para vê-lo, para abraçá-lo, sentir seu cheiro e ter a certeza de que estava cada vez melhor. 
Era um processo complicado, os médicos informaram que as crises de abstinência diminuíram drasticamente, e que ele sabia se controlar quando aconteciam. Na semana em que entrei oficialmente no terceiro trimestre de gestação, Zayn ganhou alta. 
— Vai voltar para o apartamento? — Perguntei sentada ao seu lado, enquanto o moreno sorria radiante para a festa de boas vindas que os pais faziam para comemorar. 
— Não. Acho que não quero ficar sozinho ainda, talvez fique aqui. Mamãe falou que meu quarto está disponível. — Sorriu. 
— Sabe… Eu estava pensando em pedir para uma das minhas amigas ficar comigo. Está um pouco difícil fazer algumas coisas com essa barriga e… 
— Está me convidando para morar com você? — Perguntou com uma expressão surpresa.
— Só se você quiser. — Sorri sentindo meu rosto aquecer. Zayn abriu um sorriso tão grande que era possível ver cada um dos dentes branquinhos, me puxando para um abraço apertado. 
— É tudo que eu quero, ficar perto até nosso garoto chegar.
🤰
Eu estava prestes a surtar. Zayn não me deixava sequer pegar em um garfo para comer. O bebê chegaria a qualquer momento, o que o fazia ficar cada vez mais nervoso, me deixando apreensiva de como ele lidaria com aquilo. 
Estava deitava quando senti a cama se molhar, joguei a coberta para o lado, observando o líquido que escapava de mim. Gritei o nome de Zayn algumas vezes, entrando em total desespero quando não fui respondida. 
NÃO. NÃO. NÃO. NÃO!
Desci da cama com dificuldade, indo atrás do meu celular na sala. A sensação de alívio me preencheu quando o vi ali, sentado no tapete, com as pernas cruzadas e de fones. Estava meditando. Segurei seu ombro, fazendo que despertasse um susto. Quando viu minha situação, o pavor o dominou. Zayn corria pela casa, dizendo coisas sem nenhum sentido, porém seguindo o plano de parto. Pegou as malas de maternidade, ligou para a família e finalmente as chaves do carro. 
Anthony chegou às duas e meia da manhã, um bebê gordinho e forte. Com uma cabeleira morena e olhos adornados por cílios muito compridos. A cara do pai. Zayn só faltava dançar de felicidade, depois de me agradecer mais vezes do que eu poderia contar. A felicidade me inundava, mas o orgulho que eu sentia do pai do meu filho era latente. Em situações de estresse o antigo Zayn recorria á qualquer coisa que pudesse inalar o fumar, o novo Zayn sentava com seus fones e meditava. 
— Zayn. — Chamei baixinho enquanto ele ninava o bebê enrolado em seu colo. Em passos cautelosos para não acordá-lo, Zayn sentou ao meu lado na cama. 
— Ele é tão lindo. — Disse pela milésima vez. 
— É sim. — Suspirei. — Preciso dizer uma coisa. — Sua atenção se focou em mim. — Eu estou muito orgulhosa. Você lidou com tudo muito bem. — O moreno fechou um pouco o sorriso, um tom de vermelho atingindo suas bochechas. — Então, se você ainda quiser…
— Eu quero! — Me interrompeu, falando um pouquinho mais alto, o que fez Anthony reclamar. — Eu quero. — Repetiu baixinho. — Obrigado por me dar uma chance. 
— Você mereceu. — Me curvei, ainda sentindo um pouquinho de dor, para selar os lábios do meu amor. 
💖
— Anthony S/ Malik! Você vai derrubar a sua irmã! — Gritei para o garoto de quase oito anos que corria no jardim, carregando em seus braços a irmãzinha de dois. Os dois fugiam do Golden que latia feliz e eu os observava pela janela da cozinha. 
— Deixe eles queimarem energia. — Senti um beijinho na parte de trás do meu ombro, antes de um par de braços muito tatuados me apertarem. — Assim a gente faz mais um hoje. 
— Não vamos fazer mais nenhum! — Decretei, sentindo seu peito tremer contra minhas costas quando ele começou a rir. Me virei, para abraçar meu marido pelo pescoço. — Mas podemos praticar. — Provoquei, recebendo um beijo longo como resposta. Zayn me apertou ainda mais em seus braços. 
— Eu te amo. 
— Também amo você, Z. — Rocei meu nariz no seu, em um carinho. 
— Não vou cansar nunca de agradecer a chance que você me deu. 
— Você não precisa fazer isso, fez por merecer, babe.
— Eu sei. Mas você poderia ter desistido. — Acariciou minhas costas com os polegares.
— Eu nunca desistiria de você, sabe disso. 
Zayn abriu a boca, talvez para dizer mais alguma coisa, porém nosso clima foi quebrado pelos dois pestinhas que nos gritavam, chamando para participar da brincadeira. Com um sorriso sapeca, igual ao que os filhos herdaram, Zayn saiu correndo em direção a eles, causando gritarias e gargalhadas gostosas de ouvir. Era uma família barulhenta, às vezes me davam vontade de ter surtos de gritos, mas eram perfeitos. 
Zayn seguiu os tratamentos pelos anos que se seguiram, sempre meditando e fazendo acompanhamento psicológico com frequência. Não fraquejou uma vez sequer, me dando uma sensação de orgulho impossível de descrever. Era um homem exemplar, o melhor pai que poderia ter escolhido para os meus filhos. O amor da minha vida, e para a minha vida.
Gostou do imagine e gostaria de dar um feedback? Ou então quer fazer um pedido? Me envie uma ask! Comentários são muito importantes e me fariam eternamente grata!
54 notes · View notes
luhroth · 1 year
Note
Oii,tudo bem?? Poderia me dizer como fazer capa de fanfic com gif's,eu não consigo de jeito nenhum fazer Agradecida desde já, adoro suas capas
oii, tudo sim e com você? perdão a demora, fui ver só esses dias e acabei me enrolando pra vir responder por causa da volta às aulas (voltaram no finalzinho de fevereiro), talvez vc já tenha até descoberto como faz, mas a resposta pode acabar tirando algumas dúvidas suas ou de outras pessoas hehe
vou usar o photoshop no tutorial, já que é onde eu sei mexer com gifs
o básico.
primeiramente, devemos entender que gifs são, basicamente, um conjunto de imagens em um mesmo arquivo. Essas imagens, ao entrarem em movimento, forma uma animação. Não tem um tanto específico de imagens que um gif precisa ter, alguns têm menos -- como gifs de pixelart que ficam "pulando", ou se mexendo para os lados --, outros têm mais -- como o gif de uma cena de um mv de kpop.
para usar em capas, recomendo não usar gifs muitos grandes, com muitos quadros (imagens), para não ficar pesado na hora de editar nem na hora de rodar no site. meu máximo foi um de 31 quadros e mesmo não tendo chegado a postar, foi tranquilo de editar na época e capa não excedeu o tamanho recomendado no final.
acho que essa é toda a introdução que precisamos agora no começo, então vamos continuar.
gifs e photoshop
ao abrir um gif no photoshop, ele vem com várias camadas de imagens, e a única visível é sempre a primeira:
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
é de suma importância não mexer nelas, deixá-las intocáveis, caso contrário o gif vai ficar totalmente diferente da versão original, que é a que a gente quer usar.
para passar o gif para a capa, é necessário habilitar a linha do tempo. na versão CC 2019, que é a que eu uso, a gente vai em janela > linha do tempo (a maioria deve ser por aqui também)
Tumblr media
no arquivo da capa vamos ter essa visão:
Tumblr media
apertando o botão para criar uma nova linha do tempo, vai aparecer uma bem semelhantes as de programas de edição de vídeo. não vamos trabalhar nele, então é só apertar nos 3 quadradinho lá embaixo, do lado da flecha:
Tumblr media
agora sim
Tumblr media
antes de trazer um gif pra cá, vou dar uma leve explicada dos comandos mais interessantes para o nosso uso.
essa folha do lado da lixeira vai criar um quadro à mais:
Tumblr media
esse quadro vai pegar a pré-config do anterior, repare que os dois tem a velocidade de 5 segundos:
Tumblr media
por isso é importante definir a velocidade no primeiro, antes de começar a copiar, para depois não precisar redefinir isso em todos -- mesmo usando a tática de selecionar todos com o ctrl + clique ou shift + clique, algum pode acabar ficando para trás --, é mais rápido desse jeito.
aproveitando o gatilho, é bem nesses segundinhos que a gente controla a velocidade de cada quadro:
Tumblr media
ao criar um gif próprio não precisamos deixar todos os quadros com a mesma velocidade, variar pode ser bem legal e dar um toque a mais na edição, mas usando gifs prontos é bom sermos fiéis a velocidade deles. a menos que seja da sua vontade mudar a velocidade apenas do final, por exemplo, ou deixar ele todo mais rápido, mas isso são casos a parte e você pode escolher querer mudar ou não, vai do que você quer com ele. fiz poucas capas em gif até hoje e não senti necessidade de alterar nenhum.
e por último temos o "sempre", o loop. você pode deixar em loop infinito ou escolher uma quantidade de vezes que o gif vai se repetir. gosto de deixar infinito, mas isso é bem livre também, só recomendo que deixe no mínimo umas 3 vezes para fazer o uso do gif valer a pena kkkkk
Tumblr media
sempre = loop infinito
assim como a velocidade, o valor é editável, você pode colocar o número de vezes que quiser
Tumblr media
terminado os principais para edição, vamos colocar a mão na massa!
começando pelo gif do fantasma, repare que só temos 2 quadros, de 0,3 segundos de velocidade:
Tumblr media
para passar para o arquivo da nossa capa precisamos preparar o terreno por lá, então como já criamos 2 quadros, precisamos agora mudar a velocidade deles para 0,3 segundos (sim, do jeito que é mais demorado, mas como já tava feito vamos aproveitar kk)
clica no primeiro e então ctrl + clique no segundo para selecionar os dois:
Tumblr media
em qualquer um dos dois vai para mudar a velocidade e escolhe "outro":
Tumblr media
0,3 e "ok":
Tumblr media Tumblr media
terreno arrumado, vamos trazer o gif.
aperte no primeiro, aí você seleciona tanto os quadros quanto as camadas, todos que tiverem:
Tumblr media
aperta comando de 3 linhas marcado e copie os quadros:
Tumblr media
agora volta no arquivo da sua capa, seleciona todos os quadros, mas na parte das camadas basta selecionar apenas a camada anterior àquela que seja a última antes das camadas do gif começarem. pode ter ficado meio confuso, mas por agora vamos apenas selecionar a única camada que temos, a vazia, mais para frente voltamos nessa parte.
Tumblr media
importante, sempre cole SOBRE a seleção, a seleção dos quadros, o gif vai pra cima do terreno que a gente criou:
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
ele por cima da camada vazia e dentro dos quadros criados, como a gente queria.
dando play ele roda normal e é assim que trabalhamos com gif no photoshop.
Tumblr media
agora a brincadeira começa, vou dar exemplo de como podemos usar em capas hehe
método um
vamos deixar para uma parte 2 pq tô com mt sono e já tá tarde kkkkk amanhã eu reblogo com a continuação do tutorial aproveito e corrijo algum errinho que tiver tbmaaaa beijinhos**
10 notes · View notes
leclerqueensainz · 1 year
Text
Uma Família de Três (C.L 16) - Parte.I Descobertas, reencontros e surpresas
Tumblr media
Paring: Charles Leclerc X Marie Anderson (personagem original)
⚠️ Avisos: Menção a morte e assassinato, palavrões, Charles sendo um pouco agressivo na forma de reagir, menção a sexo e uso de drogas. (Este capítulo pode conter gatilhos!) (+16)
15 de Janeiro de 2023- Milão, Itália
-Buongiorno , Marcella!- Cumprimento a minha secretária a adentrar o escritório. - Alguma novidade para mim? - Pergunto à garota loira, que está sentada com os olhos enfiados no computador a sua frente.
-Buongiorno, Marie! E… HÁ! CONSEGUI! - Marcella pula de repente, me assustando. - Desculpe! É que eu consegui agendar a reunião com Fred Lacroix para a próxima semana. - Ela diz tentando se recompor e eu sorrio.
-Que ótimo! Você é dez. - Digo encostando ao lado dela na mesa e dando uma bisbilhotada em seu computador. - Você acha que ele estará em um bom humor? Ele não é a pessoa mais conhecida por ser agradável quando o assunto é venda e compra de suas artes. - Digo e Marcella apenas da de ombro.
-Não sei e sinceramente eu não me preocupo com isso. - Ela diz e posso ver um sorriso presunçoso estampar ‘em seu rosto. - Seja como for, nós somos fodas! A gente sempre consegue o que quer. - Ela termina e eu dou risada pelo seu entusiasmo.
Eu concordo com Marcella. Nós somos fodas e sempre conseguimos o que queremos quando o assunto é trabalho.
Após a morte de Jules, me mudei de Mônaco para a Itália. Eu sentia que precisava deixar aquilo tudo para trás, mesmo que para isso fosse necessário eu enterrar parte de quem eu era com o meu passado. Eu precisava recomeçar e fechei os olhos para a minha antiga vida. Eu não tinha mais nada em Mônaco. Nada que me segurasse, ou que ao menos valesse a pena ficar.
Eu precisava de tempo e de uma nova vida, e foi exatamente o que eu encontrei quando vim para a Itália, onde eu consegui me matricular em artes a tempo de continuar o ano letivo. E um ano e meio depois, estava formada e estagiando em uma das melhores galerias que existe em Milão. Pouco tempo depois disso, acabei percebendo que eu tinha muito potencial para a curadoria e acabei me dedicando a área, cuja qual hoje eu ainda faço parte, com a maior taxa de sucesso em recrutamento e vendas para novos artistas.
Hoje posso dizer que a minha vida está mais do que confortável e eu passo tanto tempo do meu dia ocupada com o trabalho, que mal tenho tempo de pensar em tudo que eu deixei para trás há alguns anos.
-AH! - Marcella grita e me pega de surpresa, me fazendo dar alguns passos para trás.
-Meu deus, Marcella! Você ainda vai me matar, garota! - Digo e coloco a mão no peito, sentindo o meu coração pular feito louco.
-Desculpa! É que eu acabo de me lembrar que você recebeu uma carta hoje pela manhã. - Ela diz e eu posso jurar que a minha confusão estampou meu resto. - Quer dizer, você não recebeu, recebeu, tá mais para “passaram o envelope por baixo da porta, enquanto estávamos fechados e eu pisei em cima quando eu cheguei”.- Ela diz e tira um envelope branco, amassado e com marca de uma meia pegada nele. - Eu tentei dar uma limpadinha, mas como você pode ver, não deu muito certo. Sério, alguém deveria limpar mais as ruas de Milão. - Ela diz e me entrega o envelope.
Dou uma analisada pelo envelope afim de achar o remetente, mas encontro apenas “Marie Anderson” escrito em uma caligrafia delicada.
-Não tem remetente. Que estranho. - Digo e Marcella assente.
-Também achei meio sinistro. Quer dizer, quem ainda manda cartas? Em pleno 2023, não era mais fácil mandar mensagem pelo insta? Ou sei lá, um email? - Eu concordo com a cabeça e dou de ombros.
-Bom, que assim seja. - Digo e vou andando em direção a minha sala. - Por favor, hoje pretendo tirar alguns dos atrasos que o fim do ano nos deixou. Caso alguém queira falar comigo, avise para deixar recado. E isso incluí minha mãe, okay? - Digo e Marcella assente.- Ótimo, obrigada. - Digo entrando na minha sala e fechando a porta logo em seguida.
Jogo minha bolsa em cima da mesa e me sento na cadeira. Analiso mais uma vez o envelope na minha mão e por um momento sinto uma sensação estranha enquanto o encaro.
-Tá, vamos acabar com o suspense, Marie.- Digo e pego um extrator de grampos no porta lápis, passando pela parte colada do envelope.
Abrindo o envelope eu tiro uma folha gravada com a mesma caligrafia que estava no envelope e duas fotos de um garotinho com cabelos e olhos escuros, que eu posso jurar que nunca vi na vida, mas que de certa forma me parece muito familiar . Viro a foto afim de ver se há algo escrito atrás.
“Vincenzo. 24/12/2021”
Era o que dizia em uma das fotos. Nela o garotinho estava sentado próximo ao que parecia ser uma árvore de Natal.
Dou uma olhada atrás da outra fotografia, onde o mesmo menino, aparentemente um pouco mais velho, estava sentado em um tapete cercado de brinquedos.
“Vincenzo. 19/12/2022.”
Me sentindo ainda mais confusa e com a sensação estranha se alastrando pelo peito, pego a carta que eu tinha deixado de lado em cima da mesa e começo a lê-la.
França, 02 de Janeiro de 2023.
Marie,
Eu nem sei dizer quantas vezes eu pensei em como escreveria para você. Você obviamente não me conhece, para ser sincera acho que ninguém do círculo de amigos e familiares dele, sequer ouviram falar sobre mim.
Eu sou Cecilia e é o que você precisa saber sobre mim agora, além é claro, do que estou prestes a escrever para você a seguir: Eu era noiva de Jules Bianchi.
Sei que isso é estranho e talvez até mesmo inacreditável, mas é verdade. Eu e Jules tivemos uma curta, mas apaixonante história de amor. Eu amei Jules e posso afirmar que ele me amou também.
Dois dias antes da morte dele, eu descobri que estava grávida. Dei a luz a Vincenzo no dia 24 de Dezembro de 2019. Um garotinho saudável e forte, muito parecido com Jules.
Eu o amei desde o momento em que soube que ele crescia dentro de mim. Fruto de algo tão puro e lindo, do meu relacionamento com Jules.
Sei que é muito para você raciocinar agora, mas para que você possa saber que estou te falando a verdade, há duas fotos de Vincenzo. Quero que olhe para elas e veja Jules, assim como eu vejo toda vez que olho para o meu filho.
Passei muito tempo querendo escrever para você. Jules à tinha como uma irmã. Lamento ter escondido isso de você e da família dele também, mas eu tive tanto medo. Medo da rejeição, de ser vista como uma mentirosa. Eu não poderia passar por nada disso. Eu só tinha Jules e depois que ele me deixou, não havia mais em quem eu pudesse confiar, então criei Vincenzo sozinha até agora, mas não acho mais que eu posso fazer isso. Vincenzo tem uma família além de mim. E eu preciso que ele cresça sabendo que é amado.
Prometo que irei lhe explicar tudo o que você precisa saber. Por favor, me encontre na cafeteria onde vocês costumavam se encontrar sempre que vinham juntos para Nice. Dia 18 de Janeiro às 16h.
Cecilia.
Minhas mãos tremem quando eu jogo a carta de volta em cima da mesa.
Mas que porra é essa? Isso é algum tipo de brincadeira doentia?
Pego as duas fotos nas mãos novamente e as encaro, percebendo agora o porquê de eu achar aquele menino tão familiar. Era Jules. Aquele garoto é a cópia de Jules.
Mas como isso é possível? Por que Jules nunca nos contou que tinha alguém? Isso não era do feitio dele. Jules sempre foi um livro aberto para nós. Sempre nos contou sobre tudo, assim como nós à ele. Ele não esconderia isso da gente….certo?
Com a cabeça cheia de dúvidas e o coração ainda mais pesado do que nunca, me vi gritando o nome de Marcella e em menos de um minuto, suas madeixas curtas apareceram pelo vão da porta.
-Sim?- Ela pergunta antes de me encarar por um momento e entrar totalmente na minha sala com uma expressão preocupada. - Você está bem, Marie? - Ela diz se ajoelhando ao meu lado.
-Reserve um voo para amanhã de manhã. Preciso ir para França.
🇫🇷
18 de Janeiro de 2023. - Nice, França.
Encaro novamente o relógio pendurado na parede, acima do balcão da pequena cafeteria. 15h45.
15 minutos. Apenas 15 minutos para que eu pudesse descobrir quem era a Cecilia e o porquê dela resolver entrar em contato comigo agora, depois de tanto tempo. E por que comigo? Sim eu, Jules e Charles sempre fomos muito próximos, apesar da diferença de idade. Mas por que entrar em contato justo comigo? Se o intuito dela era apresentar o garoto a família de Jules, por que ela não entrou em contato com Christine ou Phillipe?
Eu não via a família de Jules há muito tempo, nem ao menos trocávamos mensagens. Eu os deixei para trás quando decidi seguir em frente na Itália. Eles foram enterrados junto com meu passado em Mônaco.
O sino em cima da porta de entrada toca, indicando que alguém entrou no recinto. Minha cabeça dispara rapidamente em direção ao som.
E é como se em um minuto, tudo que eu lutei tanto para esquecer e deixar para trás, voltasse com força e sem controle como ondas de um tsunami.
Em pé, a poucos metros de onde estou sentada, meu olhar se cruza com Charles.
Charles. Meu ex namorado que não vejo há quase quatro anos. A parte que mais dói do meu passado, além da morte de Jules.
Ele está diferente. Tão diferente desde a última vez que eu o vi no funeral de Jules. Desta vez ele não está trajando o preto do luto, não. Ele está com roupas casuais, jeans escuro e um moletom verde musgo, com a palavra “FERRARI” estampada em preto. Em seu rosto há uma barba por fazer e seus olhos… porra. Os olhos que da última vez refletiam tanta desesperança, agora estavam mais vividos, porém com certos traços de preocupação.
Charles caminha até onde estou sentada, seus passos rápidos e largos como se quisesse me encurralar antes que eu fugisse novamente. Ele para a meio metro de distância, e seu olhar caminha por mim curiosamente. A sua feição é dura mas também coberta de duvidas. Aposto que assim como eu, ele quer entender o porquê de eu estar aqui.
-Charles…- Sou a primeira a dizer. A voz baixa e incerta. Ele assente devagar. Seu olhar ainda me encarando como se quisesse descobrir todos os segredos que eu obtive durante esses anos em que estivemos longe um do outro.
-O que você está fazendo aqui, Marie? - Ele pergunta. Direto, sem rodeios e com determinação. Um tom em que eu jamais esperaria ouvir do Charles que deixei há quatro anos. É, ele realmente mudou.
Eu queria poder responder a ele com a mesma intensidade, mas sinceramente, não acho que eu poderia. Há muita coisa acontecendo aqui e minha cabeça gira com tantas perguntas e emoções. Por que Charles está aqui? Que porra é essa? Foi ele quem armou tudo isso?
-Isso é algum tipo de brincadeira? Porque se for, eu juro por Deus que não tem graça nenhuma.- Ele diz, seu tom agora áspero.
Eu fico sentada olhando para ele. Totalmente confusa.
Charles passa a mão pelo cabelo, bagunçando ainda mais suas madeixas castanhas. Ele suspira fortemente e fecha os olhos, sua língua passa por seu lábio inferior rapidamente. Ele costumava fazer isso sempre quando sentia raiva ou frustração. Pelo menos isso não mudou.
-O que você está fazendo aqui, Charles?- Pergunto e ele abre os olhos, voltando a me encarar.
A mão de Charles vai até o bolso traseiro e volta com um envelope idêntico ao que foi deixado para mim no escritório na Itália. A diferença é que eu podia ver que esse foi endereçado a Charles, apenas o nome dele, também sem remetente.
-Me diz por favor, que não foi você, Marie. - Meus olhos passam do envelope para o rosto de Charles. Meu olhar demonstrando toda a sinceridade que eu podia quando o respondi:
-Não, não fui eu. - Ele assente com a cabeça, sua expressão se suavizando um pouco. Ele se move e se senta na cadeira vaga a minha frente. Suas mãos vão até o rosto e esfregam.
-Jules tem um filho. - Ele diz.
-Eu sei.- Respondo.
Charles abaixa as mãos e me encara novamente. Dessa vez a expressão de confusão. Antes que ele abra a boca para dizer qualquer outra coisa, eu pego minha bolsa em cima da mesa, abro e retiro o envelope branco de dentro dela. Charles encara a minha mão por um tempo, antes de estender o braço por cima da mesa e pegar o envelope da minha mão.
-Você também recebeu. - Ele diz e mesmo não sendo uma pergunta e ele não olhando para mim, eu faço que sim com a cabeça.
-Parece que ela marcou com nós dois. Creio que seja mais fácil contar a história ao mesmo tempo. Assim não há riscos de errar a versão. - Digo e o olhar dele passa dos envelopes em cima da mesa para mim.
-Você acha que é mentira? Que o garoto não é filho de Jules?- Ele pergunta sério e eu apenas dou de ombros.
-Eu acredito que possa ser de Jules. Só não sei o motivo pelo qual ela demorou todo esse tempo e porque escolheu a gente. Obviamente não somos as pessoas mais indicadas para mostrar a Vincenzo que ele tem uma família por parte de pai. - Digo e vejo o maxilar de Charles tencionar.
-Nós éramos amigos de Jules. Ele confiava em nós. - Ele diz, mais uma vez sua voz soando áspera.
-Pelo visto não confiava o bastante para nos dizer que se apaixonou. - Digo e imediatamente me arrependo.
Olho para Charles e se fizéssemos parte de um desenho animado, ele teria chamas no olhar.
-Você não sabe o que aconteceu. Você não sabe os motivos dele, assim como eu.- Ele diz entre dentes. - Não duvide das razões dele. Não quando ele não está aqui para se defender.
Durante todos os anos em que eu passei ao lado de Charles, eu nunca o vi com tanta raiva. E se eu não o conhecesse ficaria com medo.
Mas você ainda o conhece? Pergunto para mim mesma internamente.
-Não é o que eu quis dizer.- respondo na defensiva.- Sinto muito, não era para soar dessa forma. Óbvio que Jules tinha motivos e iremos descobrir quando Cecília chegar. - Charles relaxa o maxilar e se ajeita na cadeira.
Olho novamente para o relógio pendurado na parede. 16h10. Ela está atrasada. Olho para Charles, um pouco aflita.
-Você acha que ela vem? - Ele da de ombros, mas sua mão vai até o bolso do moletom e tira um celular.
-Ela está atrasada.- Ele diz o que eu já sei. - Mas acho que sim, ela vem.- Charles joga o celular em cima da mesa sem nenhum cuidado. Seus dedos ansiosos brincando com seus anéis.
-Parabéns pelo vice-campeonato, a propósito. - Digo para tentar amenizar um pouco da ansiedade de ambos e ele volta o olhar para mim.
-Você acompanhou as corridas ? - Ele perguntou um pouco surpreso.
-Sim.- admito um tanto envergonhada. - Minha secretária é uma grande fã de Fórmula 1. - Completo, o que não é mentira.
Assim como toda italiana, Marcella é uma tifosi assídua. E mesmo eu querendo deixar tudo que eu conhecia para trás, eu não poderia me esconder de um dos esportes mais amado pelos europeus, ainda mais na Itália, a casa da Ferrari.
Charles solta um riso baixo, seu olhar adotando a expressão de menino travesso. Ah não.
-Sua secretária, hein? - Ele diz com tom zombeteiro e cheio de insinuações.
-Ah, cale a boca, Leclerc! - Digo tentando soar seria mas falhando quando deixo uma risada escapar.- Eu estou falando sério! Minha secretária é uma tifosi roxa. Ela não pode calar a boca um minuto sobre a Ferrari e me faz assistir todas as corridas. - Digo e dou de ombros.
-Sim, sim… E eu aposto que sou o motorista favorito da sua “secretaria”, certo? - Ele diz fazendo aspas com os dedos e com um sorriso presunçoso no rosto.
-Na verdade, ela prefere o Sainz. - Digo e na mesma hora o sorriso dele se transforma em uma careta séria, o que me faz rir.
Logo as covinhas aparecem na bochecha de Charles e meu coração da um pequeno salto ao som da sua risada tipicamente meio falhada e exagerada. Ah como eu gostei de ouvir novamente aquela risada horrível, mas ao mesmo tempo muito fofa.
Naquele momento, mesmo eu odiando admitir, eu percebi o quanto senti falta daquilo. Era um sentimento tão bom do conhecido e de leveza. E mesmo que há apenas uns minutos atrás eu estivesse duvidando sobre ainda conhecer a pessoa que Charles havia se tornado, eu pude ver que independentemente dos anos e das tragédias que a vida o submeteu desde novo, aquele menino gentil e brincalhão pelo qual eu havia me apaixonado um dia, ainda estava lá. E talvez nunca fosse embora. E eu gostei disso.
Encarando Charles sorrindo, ali sentado na minha frente, me pergunto, por apenas um segundo, se teria sido diferente caso eu não tivesse ido embora. Mas assim como o pensamento veio, eu o afasto. Porque, por mais que eu fique feliz em saber que Charles ainda tinha algo que pra mim era familiar, dentro de si, nós não demos certos antes mesmo da morte de Jules. E duvido que conseguiríamos manter uma boa relação com toda dor e luto que nos cercava. Eu fiz uma boa escolha. Sim, eu fiz o certo.
Deixar Mônaco foi uma das coisas mais difíceis que eu tive que encarar. Mas isso me fez crescer e me tornou uma mulher forte. Aprendi a lidar com a perda, mesmo que talvez não seja da forma mais saudável, ainda funcionou para mim. Consegui terminar a faculdade, arrumei o emprego que eu queria e conheci gente nova. Me apaixonei, mesmo que não tenha amado como amei Charles, ainda me permiti sentir e tentar a felicidade. Claramente não deu certo, mas mesmo assim valeu a experiência.
E também posso dizer que Charles conseguiu conquistar o que queria, ou quase tudo. Ele é um dos melhores pilotos de fórmula 1, dirige para a Ferrari, que é o sonho de quase todo esportista do automobilismo. Tem uma carreira de sucesso e é mundialmente conhecido por isso. E mesmo não tendo conseguido o título que tanto anseia, no ano passado, talvez consiga esse ano. Ele é focado, é grato e gentil. O menino de ouro. O predestinado.
Mesmo Charles sendo tão jovem, conseguiu dar à família e amigos tudo o que sonharam. O orgulho de Pascale e se Harvé estivesse vivo, tenho certeza que também estaria orgulhoso do filho que criou. assim como Jules também estaria em ver o progresso de Charles.
E então o vazio apareceu de novo. Jules. Eu tento ao máximo não pensar nele. As memórias ainda são dolorosas mesmo depois desses anos.
Acho que deixei meus pensamentos refletirem demais, pois Charles que antes ria, agora me encara com um olhar de compaixão. Ele provavelmente pensou em Jules também.
-Eu também sinto falta dele. - ele diz e eu faço um gesto com a cabeça. - E senti sua falta também. - Sua mão se encontra com a minha em cima da mesa.
Não havia segundas intenções. Apenas um gesto. Um gesto para afirmar o que saía de sua boca. E doeu. Aquilo doeu no meu coração e na minha alma.
Afasto a mão rapidamente da dele e encaro a mesa. Charles recolheu as mãos e manteve perto do próprio corpo.
-Eu sei que você não me devia nada, Marie. Nem explicações, nem lealdade. - ele começa, a voz um pouco quebrada fazendo o meu coração apertar. - Mas Jules morreu e você foi embora. Por que você partiu? - Ele pergunta e eu posso ouvir a mágoa.
Eu queria ter forças para erguer o olhar e dizer à ele enquanto o encarava nos olhos, que tudo que eu fiz foi por medo e por achar que não havia mais nada para mim em Mônaco. Que eu ainda o amava mesmo depois dele terminar comigo e que perder Jules para a morte me destruiu, mas saber que perder Charles enquanto estava vivo, só iria me arruinar ainda mais. Eu não podia vê-lo todos os dias e saber que ele não pertencia mais a mim. E que cada minuto que eu passasse com o luto e com o coração partido e sem ele, me fazia lembrar que o amor era algo impossível para mim. Que eu não merecia ser amada. Que nunca haveria ninguém para me amar.
-Eu precisei ir.- Digo ainda encarando minhas mãos. - Não espero que você me entenda, nem que me perdoe. Até porque, não estou te pedindo nada disso, Charles. - Minha voz soou firme mas meus olhos ardem.
Respiro fundo e prendo o ar por alguns segundos antes de soltar. Subo meu olhar para encara-lo quando tenho certeza que as lágrimas não descerão.
-Eu tive que fazer uma escolha e eu a fiz. Eu me escolhi. - falo simplesmente, talvez tentando convencer a mim mesma.
Charles assente com a cabeça e volta a brincar com os anéis em seus dedos. Dessa vez era difícil para ele me encarar.
-Fico feliz em ver quem você se tornou, Marie. E espero que tenha alcançado o que queria quando…- ele para por um segundo, incerto do que dizer- Quando deixou Mônaco. - uma risada gasta deixou seus lábios. - Não vou te julgar, até porque, quando você se foi, já não éramos um casal. Mas eu fui um idiota em achar que éramos amigos.- Ele volta a me encarar. - Fui idiota até perceber que não haveria essa possibilidade entre nós dois sem Jules estar aqui.
Eu queria gritar. Queria levantar e jogar tudo o que havia na minha frente em cima dele. Queria xinga- lo e dizer que ele não tinha aquele direito. Mas para ser justa, eu não poderia nunca fazer isso. Não quando eu fui embora, quando fui eu quem deixei o que sobrou de nós três. Jules tinha morrido e eu fugido. Quando saí não pensei em Charles e nem em seus sentimentos. Apenas pensei em mim e como eu nunca conseguiria conviver com aquilo.
Eu não me arrependo. Fiz o que achei necessário e faria novamente. Charles poderia ter precisado de mim, mas eu precisava mais. Precisava sair e me curar. E foi o que eu fiz. Charles ainda tinha amigos e família com quem contar e eu não tinha ninguém. Sem família presente, sem amigo e sem namorado. Charles e eu sentimos o luto é claro, mas nós o sentimos de formas diferentes. Ele havia perdido um amigo e eu havia perdido tudo.
Não havia para quem eu voltar e abraçar ao chegar em casa. Não havia ninguém lá para me dizer que sentia muito pela minha perda e que tudo iria ficar bem. Então eu fui atrás do que eu achei que precisava e consegui. Fui em busca de mim mesma, de uma nova vida, de novas escolhas e oportunidades e eu as encontrei. Eu me encontrei. Claro que abri mão de muito e que o vazio que Jules e Charles haviam deixado, nunca foram preenchidos, mas eu aprendi a lidar e a utilizá-lo a favor de outras coisas e isso bastou, pelo menos por enquanto.
Antes que eu pudesse respondê-lo, sou interrompida mais uma vez pelo barulho do bendito sino da porta de entrada.
Charles e eu viramos nossa atenção para a porta ao mesmo tempo. Os dois encarando uma mulher loira e magra, que vestia um casaco verde e calça legging. Mas o que mais nos chamou atenção foi o garotinho em seus braços. Ele tinha cerca de 3 ou 4 anos, cabelos escuros, estava deitado com o rosto escondido no pescoço da mulher e sua mãozinha agarrava a gola do casaco dela como se estivesse com medo de que ela fosse embora se ele a soltasse.
Eu e Charles nos levantamos em gestos ensaiados, tudo ao mesmo tempo. Ele parou ao meu lado, sua mão pousando no meu ombro coberto pelo meu próprio casaco desta vez.
A mulher nos encarou e veio em passos lentos em nossa direção. Quando ela chegou mais perto e parou a cerca de um metro de distância de nós eu pude analisá-la.
Seu rosto era fino e perfeitamente simétrico, e mesmo parecendo que não dormia a dias, seus olhos cansados são um tom de castanho esverdeado, muito bonitos. Ela é muito bonita. Seus lábios se abrem em um pequeno sorriso e ali eu pude ver que ela facilmente fazia o tipo de Jules.
-Imagino que vocês são Charles e Marie, certo ? - Ela diz, sua voz era doce e cansada.
Meu olhar passa dela para o garotinho em seus braços e logo depois eles se cruzam com o de Charles. Ele me dizendo através dos olhos , as mesmas coisas que eu estou pensando. Nós voltamos a atenção para a loira à nossa frente e assentimos.
- Ótimo!- Ela pigarreia antes de continuar - Eu sou Cecília e este rapazinho aqui é Vincenzo. - ela da uma leve balançada no pequeno que aperta ainda mais forte o colarinho do casaco dela. - Filho de Jules.
O aperto de Charles sobre meu ombro fica mais forte e eu engulo em seco. Eu não consigo desviar meus olhos do garotinho e agora mais de perto, eu podia ver seu perfil. Sua bochecha gordinha de criança e seus cílios longos assim como o de Jules.
Cecília se mexe desconfortável, seus pés passando o peso de um para o outro e ela ajusta um pouco a posição de Vincenzo em seu colo.
-Sei que vocês devem ter milhares de perguntas e eu prometo que irei responder a todas elas. Mas antes, vocês se importam se eu me sentar? Vincenzo é um pouco pesado e vim caminhando com ele nos braços. - Ela diz com um semblante envergonhado.
-Claro que não. Por favor. - Charles se aproxima dela e puxa a cadeira em que estava sentado alguns minutos atrás. Cecília se senta tomando cuidado para não fazer movimentos bruscos e acordar Vincenzo.
Charles aponta para a outra cadeira vaga e eu me sento. Ele da alguns passos até a mesa ao lado e pega uma cadeira desocupada para que possa se sentar. Assim que os três estão sentados ao redor da mesa, Charles chama a garçonete, que só agora percebo que está todo esse tempo nos encarando. A garota ruiva e sorridente, que provavelmente não tinha mais de 19 anos, se aproxima com o olhar vidrado em Charles. Provavelmente ela deve ter o reconhecido.
É Charles quem faz os pedidos. Um cappuccino para mim- o que me causa uma sensação no estômago por ele ainda se lembrar-um chá gelado para si e pergunta a Cecília o que ela gostaria de beber e ela responde que um café seria o suficiente. A ruiva anota os pedidos e pede licença antes de se retirar. Seus olhos ainda grudados em Charles.
Reviro os olhos internamente, mas sei que não posso culpa-lá, afinal não deve ser sempre que ela atende alguma figura pública. Quando costumávamos vir aqui com Jules, os funcionários eram outros e a pequena cafeteria fica em uma rua meio que isolada em Nice, então é provável que não venha muitas pessoas famosas por aqui.
Tiro meu olhar da garçonete e volto para Cecília que já me encarava atentamente com um pequeno sorriso nos lábios.
-Bem… - Charles começa. - Por que estamos aqui, Cecília? Por que somente agora você entrou em contato conosco ? - Ele pergunta se inclinando um pouco mais para frente, seus braços descansando em cima da mesa de madeira.
Cecília se ajeita na cadeira cuidadosamente e seus olhos se desviam para Vincenzo por apenas um segundo antes de se voltar para nós.
-Eu queria que vocês conhecessem Vincenzo. Enquanto estava vivo, Jules sempre mencionou vocês como parte da família dele. Ele amava muito vocês dois. - Ela diz e eu sinto meu peito apertar.
-Mas por que só agora ? - Eu me pronuncio pela primeira vez. - Sei que você escreveu na carta que estava com medo, mas ainda assim soa estranho você resolver vir nos procurar agora, sem nenhum motivo. - digo tentando manter a minha voz firme.
Cecilia fica em silêncio por alguns segundos como se quisesse formular as próximas palavras com cuidado.
-Há um motivo. - Ela afirma. - Olha, eu sei que é estranho e garanto a vocês que não estou querendo dinheiro nem nada do tipo. - Seu olhar passa de mim para Charles como se quisesse confirmar a última parte especificamente para ele. - Eu e Jules nos conhecemos cerca de seis meses antes dele morrer e foi como amor a primeira vista.
-Ele nunca nos contou sobre você. - Charles responde a cortando e ela assente.
-Eu sei que não. Eu pedi para que ele não o fizesse. - Ela diz e eu e Charles nos encaramos confusos antes de voltar nossa atenção para ela.
-Como assim? Por que você pediria isso a ele? - Pergunto achando aquilo estranho.
-Quando conheci Jules, eu estava em um momento complicado da minha vida. - Ela responde e vejo seu semblante se tornar sombrio. - Eu tinha apenas 19 anos e tinha fugido da Itália. - A voz dela estremece como se fosse difícil para ela voltar a mencionar aqueles tempos .
Eu queria poder lhe dizer que não era necessário que ela nos contasse se não estivesse se sentindo confortável, mas na verdade era realmente necessário que ela o fizesse. Afinal, era para isso que eu e Charles estamos aqui.
Charles assentiu para que ela continue e eu podia sentir a tensão dele.
-Eu me meti com pessoas erradas na Itália.- Ela continua. - Havia um garoto pelo qual eu passei a adolescência apaixonada, Paolo era o nome dele. Nós éramos muito jovens e idiotas, sabe ? - Cecília ri e seus olhos enchem de lágrimas. - Como todo adolescente, nós nos achávamos invencíveis, mas não éramos. Quando eu tinha 17 anos, passava a maior parte do tempo em festas e clubes com ele. Nós bebíamos e usávamos drogas, era tudo curtição e felicidade, até que não era mais. Com o tempo a bebida e as drogas deixaram de ser apenas para as festas e começaram a se tornar necessárias para qualquer coisa. Desde conseguir se concentrar nos estudos, até para poder levantar da cama. Meus pais, assumiram que Paolo era o culpado pela minha dependência e me proibiu de voltar a vê-lo. Eu obviamente fui contra e eles me fizeram escolher entre uma vida com eles ou a minha ruína ao lado de Paolo. Eu jovem e burra escolhi o amor e abandonei meus pais sem olhar para trás. Deixei a vida que tinha para correr atrás de aventuras com Paolo e ele fez o mesmo, fugindo de casa. Mas acontece que éramos dois viciados sem casa e sem dinheiro. Não havia mais a grana que nossos pais nos davam, então começamos a nos virar como podíamos. Pequenos roubos e furtos e até mesmo… - ela para por um momento. Lágrimas grossas descendo pelo seu rosto.
- Aqui.- Charles estende um guardanapo e ela o pega e limpando o rosto logo em seguida.
-Obrigada. - ela agradece e ele a oferece um meio sorriso.- Até mesmo prostituição. -ela continua e eu sinto meu estômago embrulhar. Não era nojo, mas sim pena por imaginar alguém naquela situação. Ao meu lado pude ver que Charles se sentiu tão incomodado quanto eu. Era difícil para ele conseguir se colocar no lugar dela.
Charles cresceu com ótimos pais que faziam de tudo pelos filhos, e por mais que não fossem milionários na época, ainda conseguiam ter e oferecer uma vida confortável a eles. E aposto que se qualquer um dos três, Charles, Lorenzo ou Arthur, tivessem seguido o caminho errado, Pascale jamais os teria abandonado.
E eu, bem, eu tive sorte. Passei a adolescência com Jules e Charles que possuíam uma família estruturada o suficiente para compartilhar comigo, pois meus pais eram ausentes.
Obviamente que eu e Charles tivemos nossa fase rebelde com porres e maconha de vez em quando. Mas Jules, por ser quase dez anos mais velho do que nós, sempre nos manteve na linha como um bom irmão mais velho. E se ele soubesse que passamos dos limites em festas ou em qualquer outro lugar, oh Deus! Ele pirava.
-Cecilia, sei que é difícil para você dizer isso, mas acho que é importante para que eu e Charles possamos compreender. - Digo e ela assente.
Cecília respira fundo duas vezes antes de continuar e é ali que tenho certeza de que a história só pioraria. Tento me preparar para ouvir o que ela tinha a dizer.
-Eu me prostitui algumas vezes, sem que Paolo soubesse. Havia alguns traficantes que me davam drogas em troca de sexo e como muitas das vezes eu não tinha outra opção, eu aceitava. Mas um dia ele descobriu e aquilo acabou com ele. Com a gente. - As lágrimas voltaram a escorrer pelo seu rosto. - Paolo enlouqueceu quando descobriu e foi atrás do traficante que eu havia dormido. Ele arrumou uma arma e matou o cara. Ficamos fugindo durante algumas semanas, mas era difícil demais para dois sem teto viciados, conseguir se esconder na Itália. Logo nos acharam e…- ela aperta os olhos e soluça forte.
Eu estico a minha mão em cima da mesa e pego a mão de Cecília. Ali havia muita dor e parte de mim queria se encolher e parar de ouvir, mas eu não podia. Passo meus olhos para Charles e ele me encara de volta, seus olhos refletindo uma angústia em estar ouvindo tudo que saia da boca dela. Era surreal demais para ele ouvir tudo aquilo.
-Eles mataram Paolo e acreditaram ter me matado também. Mas por algum milagre eu consegui sobreviver e pedir ajuda em uma igreja. O padre de lá era amigo dos meus pais e conseguiu uma família em Nice, que estaria disposta a me ajudar. Então eu vim para França, passei pela reabilitação e comecei a frequentar as reuniões para dependentes químicos. - seus olhos voltam a ficar distantes e eu continuo a segurar sua mão. - Foi na volta de uma dessas reuniões que eu conheci Jules e foi ali que eu entendi o motivo de eu ter sobrevivido. Nós nos apaixonamos, mas ele tinha uma vida pública e eu não podia me expor pois tinha muito medo que viessem atrás de mim. Eu contei a Jules o que tinha acontecido e diferente do que eu achei que ele faria, ele me acolheu. Me prometeu que não contaria a ninguém, nem mesmo a vocês dois, até que eu estivesse pronta e segura. E ele fez isso. Nos manteve em segredo durante meses. Nos víamos sempre que ele voltava para Nice, após as corridas. -Ela termina.
Eu e Charles observamos enquanto Cecília tenta tranquilizar a respiração, seu aperto sobre o corpo adormecido de Vincenzo aumenta como se tivesse medo de que ele sumisse de seus braços a qualquer momento.
Me parte o coração ver toda a sua dor e me faz ter uma perspectiva totalmente diferente de quando eu entrei aqui hoje. Ela amava Vincenzo e isso era nítido, assim como amou Jules. E essa é a parte que mais me dói.
Saber que o motivo pelo qual Jules nunca a citou para nós, seus amigos e família, foi somente para protege-la, fez meu coração pesar e se aquecer ao mesmo tempo. Isso era tão Jules.
Consigo me lembrar que meses antes de morrer, ele realmente passou a frequentar mais sua cidade natal e sempre que o questionávamos, ele dizia que queria passar um pouco mais de tempo com sua família. Nós até estranhávamos um pouco, mas Jules sempre teve uma ótima relação com os pais e parentes mais íntimos, o que nos fazia simplesmente deixar para lá e somente aproveitar o tempo que passávamos juntos antes dele e Charles ter que voltar para as corridas.
-Sinto muito por tudo isso, de verdade, Cecilia.- Charles é o primeiro a dizer após ela parecer mais calma. - Mas ainda precisamos saber o porquê de só agora você nos procurar. - Ele diz e eu concordo.
Cecilia assentiu com a cabeça e olhou para Vincenzo em seus braços. A tensão que emanava em si, me fez estremecer, Charles provavelmente percebeu e sua mão se encontra com a minha coxa por baixo da mesa.
-Cerca de dois dias antes da morte de Jules, descobri que estava grávida de Vincenzo. - Ela diz e eu faço um gesto de compreensão com a cabeça. - Jules estava correndo em Shangai e eu estava apavorada e sozinha aqui.- As lágrimas que haviam cessado voltaram a descer em ondas mais intensas.
Minha mente se teletransporta para 2019, para a última corrida de Jules. Ele estava tão contente que conseguiu terminar em sétimo lugar naquele dia. Mas, de uma hora para outra ele só queria voltar para casa e descansar, nem chegando a comemorar com os meninos do grid.
-Eu mandei uma mensagem para ele após a corrida. Disse que precisava que ele viesse o mais rápido possível para Nice, pois algo havia acontecido. - Cecília olha para Charles enquanto dizia.- Então ele me mandou mensagem dizendo que iria pegar o primeiro avião disponível de volta para França.
Conforme Cecília fala, o aperto de Charles em minha coxa aumenta. Eu olho para ele pelo canto dos olhos e consigo enxergar o momento em que seu pomo de Adão sobe e desce.
-Então foi por isso que ele saiu tão depressa naquele dia. - A voz de Charles soa baixa. - Ele saiu antes que eu pudesse falar com ele…- Seus olhos enchem de água e sua respiração se torna um pouco instável. Cecília apenas assente e fecha os olhos com força antes de continuar.
-Quando Jules chegou em Nice já era de madrugada e estava chovendo muito. Ele tentou pegar um táxi ou Uber, mas não estava conseguindo nenhum dos dois. - Dessa vez sinto minha respiração falhar um pouco enquanto ela continua. - Ele conseguiu alugar um carro em uma agência 24 horas que ficava próxima ao aeroporto e me mandou uma mensagem dizendo que chegaria em breve e que eu não precisava me preocupar, pois não importava o que estivesse acontecendo tudo iria ficar bem e que ele me amava.
Charles levantou abruptamente. Seu rosto adotando um olhar de descrença.
-Foi você…- A voz dele era fraca e acusatória. - Foi por sua causa que ele… Meu Deus!- Ele se agita e suas mãos passam pelo rosto e por seu cabelo.
-Charles…- Eu tento acalma-lo, mesmo eu também estando ansiosa. - Charles, por favor, senta e tenta se acalmar. - Eu tento pegar em sua mão mas ele recua em um movimento brusco.
-Me acalmar? - Ele se volta para mim. - Foi ela, Marie! - ele diz apontando para Cecília que apenas se encolhe na cadeira e aperta ainda mais Vincenzo que se mexe desconfortável em seu colo. - Ela matou ele! É POR CULPA DELA QUE JULES MORREU! - Ele grita.
Minha respiração se torna difícil e meu coração vai a mil por hora. Na minha frente Cecília soluçava e apertava Vincenzo ainda mais contra seu corpo.
Toda aquela comoção fez com que alguns funcionários começassem a aparecer e se aproximar a uma distância segura da mesa.
-Eu sinto muito, sinto muito- Cecília implora. - Eu juro que nunca quis que isso acontecesse, eu estava com tanto medo e…- Ela para quando escuta o choro baixo de Vincenzo.
A atenção de Charles vai para o garotinho quando percebe que agora ele está acordado. Ele faz um movimento negativo com a cabeça e sai do café as pressas, batendo a porta com muita força atrás de si. Nós nos assustamos com o barulho e o garotinho chora ainda mais alto. Eu me levanto apressada para ir atrás de Charles mas antes paro e me viro para Cecília.
-Por favor, espere aqui, sim? Vou tentar acalma-lo. Não vá embora. - Digo e ela assente, seu rosto manchado de lágrimas que ainda continuavam caindo e sua respiração acelerada enquanto balançava Vincenzo tentando acalma-lo.
Uma garçonete morena se aproxima com um copo de água nas mãos e coloca na frente de Cecília. Eu a agradeço com um gesto e saiu pela porta rapidamente afim de encontrar Charles.
Não demoro muito para encontrá-lo, ele estava em frente a um carro preto. O corpo apoiado ao lado do motorista. Mesmo de longe eu posso ver seu corpo tremendo e ouvir o som de sua respiração desregulada. Vou me aproximando devagar dele, para não assusta-lo.
Quando chego perto o suficiente penso em toca-lo, mas logo o pensamento deixa a minha mente quando percebo que não era uma boa ideia.
-Charles…- o chamo baixinho para chamar sua atenção. - Eu sinto muito, mas nós precisamos voltar para lá. Ela-
-Não!- ele exclama.- Por favor, Marie! Não me peça para voltar lá. Ela matou ele! Foi culpa dela! - Ele me encara com os olhos vermelhos e inchados.
Meu coração se aperta mais com a imagem dele assim. Me vejo novamente sendo mandada para o ano da morte de Jules, mais especificamente para o dia de seu funeral.
Eu queria abraçar Charles e dizer que tudo ficaria bem, mas na verdade eu não sabia se ficaria. Jules havia morrido à quase quatro anos e mesmo assim ainda doía toda vez que seu nome era citado. E ouvir hoje de uma estranha, as razões pelas quais resultaram em sua morte, não era algo fácil. Mas havia um motivo pelo qual Cecília quis nos contatar depois de todo esse tempo e nós precisamos saber.
Respiro fundo e resolvo me aproximar mais de Charles. Um de nós tinha que tentar ser racional nesse momento e se tivesse que ser eu, tudo bem. Eu não iria voltar para a Itália sem uma resposta.
-Charles, eu entendo que é difícil ouvir tudo isso assim, de repente.- minhas mãos vão para o seu rosto. - Eu sei que dói, Charles. Eu também estou sentindo. - Ele fecha os olhos e eu sinto lágrimas rolarem pelo meu rosto. - Mas nós não podemos culpá-la totalmente, Charles. Ela estava com medo e só queria conversar com ele.
-E isso resultou na morte dele. - Ele diz, seus olhos se abrindo e se encontrando com os meus. - Marie, se ela não tivesse feito o que fez, ele estaria aqui agora. Ele estaria vivo e teria conhecido…- A voz dele falha. - Ele teria conhecido o próprio filho. - Ele chora e eu o puxo para um abraço.
Jules morreu sem conhecer o filho. Jules morreu sem saber que teria um filho. Jules morreu no escuro sem saber o que é que estava acontecendo com Cecília. Jules morreu sozinho e preocupado e nada que possamos fazer irá trazê-lo de volta. Ele morreu. Acabou. Mas eu e Charles ainda estamos aqui.
-Jules morreu sem conhecer o filho, mas nós ainda estamos aqui e podemos fazer isso por ele. - eu digo e ele me aperta mais. - Nós ainda estamos aqui, Charles. E podemos fazer isso. - Ele quebra o abraço e me encara com o rosto cheio de mágoas. Eu afirmo com a cabeça. - Nós precisamos entrar lá. Juntos. - ele olha para os pés. - Charles, eu preciso que você entre lá comigo, pois eu não posso fazer isso sozinha. - Seus olhos voltam para mim e ele entende que eu utilizei as mesmas palavras que ele há alguns anos.- Por favor, Charles. Eu não quero fazer isso sozinha. Não posso. - Ele assente e eu pego sua mão e o arrasto lentamente de volta até a cafeteria.
Quando entramos pela porta meus olhos se encontram com os de Cecília. Afirmo com a cabeça para lhe dizer que está tudo bem e ela assente em compreensão. Olho para Charles que a encara sem expressão. Seu olhar está gélido, totalmente diferente do que um dia eu cheguei a conhecer.
Ainda segurando a mão de Charles, caminho em direção a mesa onde ela nos espera desconfortável. Percebo que Vincenzo não estava mais em seu colo e sinto uma preocupação momentânea que logo passa quando o vejo brincando de costas em uma outra mesa com a mesma garçonete ruiva que havia nos atendido.
Nos sentamos em nossas cadeiras e vejo que os nossos pedidos estão postos em cima da mesa. Sinto meu estômago embrulhar só de olhar para o Cappuccino na minha frente. Dou uma ligeira olhada ao redor e percebo os funcionários tentando desviar o olhar de onde estamos. Faço uma anotação mental em “resolver” esse problema para que não saia daqui quando formos embora.
-Apenas diga logo o que você quer. - Charles quebra o silêncio, seus olhos ainda encarando Cecília que assente e engole em seco.
-Eu entendo a raiva de vocês e sei que não tenho o direito de pedir o que irei pedir. - Ela diz e minha audição aguça. - Eu convivo com a culpa a anos. Seja por Paolo ou por Jules, a culpa e o remorso me acompanham por onde quer que eu vá. Não importa o que eu tente fazer, sempre estão lá. - Ela olha para as mãos. - Ano passado eu tive uma recaída. - Ela diz. - Usei heroína, foi uma vez, mas usei. Depois de anos resistindo e nem chegando perto de drogas, eu deixei a minha mente de merda cair no buraco e me piquei. - Ela solta um riso desesperado e seus olhos enchem de água.
Meu corpo gela e Charles solta um barulho de escárnio ao meu lado. Quando ele abre a boca para falar algo Cecília o corta.
-Sim, eu sei que sou uma puta e que mereço a pior merda que a vida reservar para mim. Mas é essa a questão. Eu mereço as coisas ruins, mas meu filho não. - Ela diz firme nos encarando séria. - Eu preciso que Vincenzo tenha uma vida boa e decente. Preciso ter certeza que ele crescerá sendo amado e que nunca irá faltar nada a ele. - Ela desvia o olhar por um momento até a mesa onde Vincenzo brincava animado com a garçonete e logo depois volta a atenção para nós.
Cecília respira fundo e se inclina mais para frente. Eu podia jurar que ela seria capaz de pedir qualquer coisa naquele momento. Dinheiro, uma casa em um lugar distante da cidade, um período na reabilitação, qualquer coisa.
-Eu não posso mais cuidar de Vincenzo.- Ela afirma, seu tom exalando amargura.- Eu prometi a Jules que faria de tudo para que ele fosse diferente de mim. E é por isso que procurei vocês depois de todos esses anos.
Minha cabeça gira. Ela está pedindo para …? Não, não é possível.
-O que você quer dizer com isso ? - Charles pergunta aflito.
Cecília limpa as lágrimas do rosto com a mão, pisca algumas vez e adota um olhar decidido, um olhar que eu conhecia bem. O mesmo olhar que deu a mim mesma no espelho quando decidi deixar Mônaco. De repente eu me sinto apavorada, pois minhas suspeitas são confirmadas.
-Ela quer que nós cuidemos de Vincenzo. - Eu digo.
17 notes · View notes
odasakumylove · 10 months
Text
minhas interpretações e teorias sobre o fyodor no capítulo 108 de bsd
Tumblr media Tumblr media
tivemos um comportamento totalmente inusitado vindo do fyodor nesse capítulo, o que trouxe diferentes interpretações acerca do personagem.
existem muito pontos a serem analisar nesse novo capítulo sobre o fyodor, e principalmente, teorias sobre suas ações
existem três teorias que comentarei e uma que irei dar complemento com meus próprios pensamentos
Fyodor poder viajar no tempo
1. uma das teorias que criaram foi de fyodor ter viajado no tempo.
ela se embasa no princípio de fyodor perguntar em um momento de seu colapso "em que ano estamos?"
o bilhete que sigma encontra alguns capítulos atrás pode ter sido muito bem colocado pelo fyodor do futuro, como alguma forma de manipulação.
e seu eu do presente pode ter tudo um colapso mental pela interferência temporal.
entretanto, não a motivos para ele viajar no tempo e nem como ele pode ter feito isso.
claramente sua habilidade não está direcionada com uma cronologia do tempo, então não sabemos como ele pode ter feito isso.
mas vindo de um personagem tão misterioso quanto o fyodor, toda teoria é valida
Fyodor ter dupla personalidade
2. a segunda teoria seria que fyodor tem dupla personalidade, uma teoria que gostei bastante de dar embasamento.
o personagem entre em completa crise e fala coisas desconexas com tudo que já vimos dele até o momento.
ele age como uma pessoa completamente oposta, se referindo a si (ou no caso, seu outro eu) e sua habilidade como o "diabo", surgido de sua fraqueza.
Tumblr media Tumblr media
isso me fez questionar os acontecimentos de dead apple.
no filme, a habilidade de fyodor, diferentemente de todas as outras habilidades, não o ataca, e sim fica ao seu lado.
eles se intitulam "crime e castigo", como se fossem duas mentes que pensam em conjuntas, uma não pode agir sem a outra
Tumblr media
até porque, para todo crime, deveria ter um castigo, não é?
e aí veio um questionamento meu que provavelmente foi muito além da realidade, mas sempre é bom se perguntar:
existe como uma habilidade controlar seu portador?
pensem comigo usando dois exemplos: mori e atsushi
a elise é a habilidade de mori, ela atualmente tem muitas ações e falas independentes, apenas quando mori a controla para batalha elise age como uma habilidade irracional seguindo as ordens do usuário
a habilidade do atsushi também acontecia isso, não é? o tigre tomava controle de seu corpo sem ele saber.
então, novamente, é possível uma habilidade agir por conta própria, até mesmo controlando o usuário?
como será que as habilidades surgiram? não a uma explicação para isso, apenas que existem pessoas que nascem com ou adquiram ao longo da vida.
nunca foi nos falado o por que das habilidades se manifestarem em apenas alguns usuários
então, voltando para fyodor, se ele realmente estiver sendo controlado por sua habilidade e esta seria a causa de suas ações até agora, este fyodor que surgiu nesse colapso seria uma parte sua não afetada pela habilidade? esse bilhete poderia ter sido escrito por sua parte boa?
mudanças de personalidade normalmente ocorrem por causa de um gatilho, no caso do fyodor (se for realmente isto que está acontecendo) o bilhete.
sei que posso estar pensando muito longe, mas sempre dou uma enlouquecida em cada cap então....
Fyodor apenas estava manipulando Sigma
3. essa é a mais provável de acontecer... a que fyodor fez todo um teatro e manipulou o sigma
essa é a mais consistente de todas, principalmente depois que fyodor consegue fazer sigma abaixar a guarda, o atacar
novamente precisamos lembrar que o fyodor é EXTREMAMENTE manipulador, ele faria de tudo para enganar alguém, até mesmo fazendo uma atuação impecável como aquela
ele sabia muito bem que sigma está interessado em sua habilidade, usar isso como manipulação principal era claramente uma boa ideia
além de que fingir ter um surto o faria se sentir confuso, baixando a guarda de Sigma e o atacando
não é a primeira vez que fyodor usa de mentiras sobre sua habilidade para manipular alguém, foi o que aconteceu com ace no arco do canibalismo
conclusões:
deixei as principais teorias que falam do fyodor, e eu claramente gostei mais sobre ele ter uma segunda personalidade, mesmo sendo improvável de acontecer 💔
vocês podem deixar qualquer comentário sobre as teorias ou falar uma nova. vamos enlouquecer todos juntos
5 notes · View notes
emmieedwards · 9 months
Text
Resenha: Easy, de Tammara Webber
Tumblr media
Livro: Easy Série: #1 - Contornos do Coração Autora: Tammara Webber Gênero: Romance Contemporâneo, Drama Ano de Publicação: 2013 Editora: Verus Páginas: 305 Classificação: +16
Há livros e »livros«. Com certeza, Easy, não é um »livro« no quesito enredo, em 2012 as coisas eram muito mais…básicas, vamos dizer assim, mas isso não tira o mérito de Tammara Webber de ter um estilo de escrita completamente viciante.
Em "Easy" conhecemos Jacqueline, uma garota que foi para uma faculdade específica para ficar perto do seu namorado de ensino médio e que se vê perdida quando o relacionamento acaba.
E as coisas não poderiam ficar piores: em uma das primeiras festas depois do término, Jacqueline é atacada por uma pessoa próxima que tenta abusá-la sex ualmente.
Desesperada, ela é salva por um misterioso rapaz que estava no lugar certo na hora certa e que parece saber muito mais sobre ela do que o contrário.
Enquanto tenta não dar enfoque no seu trauma recente, Jaqueline começa a perceber que toda a sua vida e carreira foram moldadas em torno de seu ex: a faculdade, seus planos, sua inscrição na matéria de economia, e até mesmo a maioria dos seus amigos eram os amigos de seu ex que depois da separação quase nem olham na cara dela.
De brinde, enquanto se recuperava do pé na bunda, ela se viu incapaz de comparecer na prova do meio do semestre e está prestes a tomar bomba em Economia.
Se esforçando para reparar os estragos, Jacqueline começa a ser mais perceptiva à presença de Lucas, seu salvador misterioso, ao seu redor e começa a contemplar a ideia de colocar a história com seu ex finalmente no passado. O problema é que a conquista com Lucas pode ser um pouco difícil e talvez ela esteja gostando muito mais de trocar alguns e-mails com seu monitor de economia.
"Easy" é um combo de coisas que aparentemente envelheceram mal, mas que surpreendentemente tem um conteúdo cativante. A capa não ajuda nem um pouco, a sinopse é um tanto suspeita e o blurb comparando-o com "Belo Desastre" também não é um bom indicativo.
Mas, contra todas as probabilidades, eu me diverti muito lendo e praticamente não consegui largar a leitura até terminar. O tema sobre o abuso, apesar de não ser extremamente aprofundado foi tratado de uma forma bastante "ok" e lúcida, sem ter aquele tom machista que coloca a culpa nas mulheres. O nosso mocinho emo aparentemente bad boy não é um rebelde sem causa que está pouco se importando para o mundo e ousaria dizer que ele é um dos personagens mais sensatos de todo o livro. A mocinha também não é insuportável e o desenvolvimento de personagem dela não gira apenas em torno do relacionamento.
Além disso, o casal é bem interessante juntos, dialogam bem e tem uma química muito bacana.
Claro, "Easy" não é um livro que vai mudar vidas, nem vai te fazer "cult", mas passa mensagens importantes e, o melhor, vai ser aquele entretenimento que muitos leitores estão procurando.
Recomendo a leitura para aqueles que vão de coração aberto.
Alguém por aí já leu? O que acharam?
NOTA: ���🌟🌟🌟 - 4/5
Tumblr media
*Apesar de fazer parte de uma série, a maior parte dos livros são de leituras independentes"
Alerta de gatilhos: tentativa e menção de abuso se xu al (não tem descrição explícita), descredibilização da vítima, as sé dio, agressão física, assas si na to, menção de sui cí dio.
13 notes · View notes