Tumgik
#sims 4 fanfiction
worldwidesuicide-sims · 6 months
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Capítulo 6 - Telescope Eyes
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(narrado por Ryuko)
Desde que comecei a ensaiar toda semana com o Daniel e o Paul, eu sinto que comecei a ficar menos ansiosa com a questão de entrosamento no colégio. Eu ainda não me entrosei totalmente com os colegas, mas tenho me empenhado tanto nos ensaios, e no festival da canção, que essa questão só não tem sido mais tão fundamental. Além disso, a essa altura do ano, já consigo ver o pessoal como amigos com quem posso contar para encarar a vida escolar junto. Fazemos os trabalhos sempre juntos, estudamos para as provas juntos, e também passeamos juntos toda semana. Até mesmo recentemente, que sentimos algumas tensões rolando entre o Paul e o Levy, eu ainda me sinto segura quando estou junto com todos, e não sinto nenhuma hostilidade. Acho que isso era tudo que eu precisava para conseguir encarar um novo colégio, depois de ter passado toda a vida na escola japonesa, e é isso que também me torna capaz de conseguir focar em um projeto tão engenhoso que é tocar em uma banda sem sentir tanta ansiedade e preocupação.
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O festival da canção vai acontecer essa semana, o que significa que aumentamos o número de ensaios: como a apresentação será na sexta, essa semana iremos ensaiar na terça e na quarta, e Daniel ainda queria ensaiar também na quinta. Falei que era melhor que os meninos relaxassem na quinta, porque já está super perceptível o cansaço do Paul e a ansiedade do Daniel. Argumentei que Paul precisava descansar a voz, e acho que esse foi o argumento vencedor.
A maior parte do tempo, eu só me sinto muito imersa nos nossos ensaios, especialmente porque não tenho bateria na minha casa. Ter como ensaiar apenas no colégio faz com que eu passe muito mais tempo lá do que eu passaria normalmente. Meus pais ainda não conheceram meus amigos, e acho que eles ficariam muito decepcionados de saberem que me inscrevi para tocar bateria em um festival de “música ocidental”, como eles diriam. Por conta disso, nem mencionei nada para eles. Eu também não tenho espaço na minha casa para ter uma bateria, então achei melhor realmente não esquentar a cabeça.
Naturalmente, o que eu mais estou preocupada neste momento é com a minha performance no meu instrumento. Paul também parece extremamente preocupado com sua capacidade vocal e com sua aparência, já que ele sente que será a “cara principal” da nossa apresentação (estranhamente, ele não se sente nem um pouco preocupado com a performance dele tocando baixo elétrico. E ele realmente toca muito bem sem precisar fazer nenhum esforço). Já o Daniel, bem… Quando ele explicou, eu consegui entender por que isso era uma questão para ele. Mas, analisando com calma, acho que é mais um problema de falta de comunicação. Apesar de que alguns eventos da semana passada me deixaram com um pouco de dúvida se é só isso mesmo…
Daniel contou na última sexta que é “uma questão de honra” ter uma colocação melhor no festival do que a do Clube de Música de Copperdale, o do nosso colégio. Conversamos isso enquanto estávamos dando uma pausa, na sala de música. Todos estávamos lá: eu, os meninos, Gabi e Levy. Era, inclusive, a primeira vez que estávamos vendo o Levy depois de um longo período.
- Eu não acho que a gente vai levar essa, Daniel - comentou Paul, com um misto de impaciência com preocupação.
- Mas a gente não precisa ganhar. Qual é, você realmente acha que eles vão ganhar assim? Só porque são do tal clube? Isso seria roubado demais! - Retrucou Daniel.
- Eu acho que eles vão ganhar o festival justamente por serem do Clube de Música. Eu simplesmente não acho crível que seja um festival justo. Até agora não informaram se vai ter votação popular, se vai ter um júri… Você não acha isso minimamente estranho?
- Acho eles desorganizados, lógico, mas não acho que uma coisa implique na outra não. Não tem nada ganho ainda!
- Ai, meninos, vocês acham muitas coisas pelo visto, né? Que tal tirar as dúvidas de vocês com o professor de música, já que ele é quem está organizando o festival? - disse Gabi, impaciente.
- A Gabi tem razão - respondi. - Se vocês não quiserem conversar com o professor por causa daquela briga com a Scarlet, eu posso ir lá falar com ele sem problemas.
- Se eu já não quero ficar trombando com os mauricinhos do clube, imagine você se eu quero topar por aí com a Scarlet. Fica à vontade então - respondeu Daniel, se afundando na cadeira com sua guitarra.
Eu também não me sinto confortável tendo que lidar com a Scarlet. Durante todos esses meses desde que viemos estudar aqui, é ela a pessoa que torna a minha estadia sempre um pouco mais difícil do que poderia estar sendo. Eu sabia que, se eu fosse conversar com o professor de música, por causa do jeito legalista dele, ele entraria no assunto sobre a briga e me faria ir lá com o Daniel e o Paul pedir desculpas a ela na frente dele. E, mesmo que eu não goste de me meter em conflitos, eu acharia isso tudo muito ridículo. Já não somos mais crianças, não precisamos mais passar por esse tipo de coisa, certo?
Bem, acabou que o destino me agraciou com essa tomada de decisão um pouco mais cedo do que eu gostaria. Quando eu cheguei na sala dos professores depois do nosso ensaio, lá estava ela, conversando qualquer coisa que fosse com o professor de música. E o pior de tudo é que parecia ser uma conversa séria - alguma coisa havia sumido da sala de música, ou havia sido modificada. Não consegui entender 100%. Até porque, a conversa foi interrompida assim que eu apareci:
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- Ah, é você, Ryuko! - Disse o professor, sorridente - Precisa resolver algum último agendamento antes do festival?
Scarlet me olhava de cima a baixo, me fitando com uma certa raiva, que eu até então não sabia de onde vinha.
- Não, não, eu só queria tirar algumas dúvidas mesmo, os agendamentos da sala de música estão ok…
Conversei com o professor com a presença incômoda de Scarlet ao nosso lado o tempo todo, o que acabou me deixando sem jeito para falar direito com o professor, e me distraindo muitas vezes enquanto pedia as informações sobre a premiação. Consegui captar que seria feita uma média entre a votação de um júri de professores do colégio e a votação popular dos alunos e funcionários. Mas as demais informaç��es ficaram bagunçadas na minha cabeça, já que eu não conseguia me concentrar tendo o olhar constante da Scarlet sobre mim.
Me despedi do professor, mandei SMS para o pessoal falando sobre a premiação e, de repente, fui interpelada por Scarlet no ponto do ônibus que levava até a estação de trem.
- Você mora em Komorebi mesmo, japinha? - Ela perguntou, sorrindo pra mim de forma debochada.
- Não gosto que me chamem assim. - Tentei ser o mais objetiva e seca que eu poderia, especialmente depois do episódio no meu armário.
- É que eu não costumo guardar nome de gente que não é importante, hahahaha, sabe como é…
- Não, não sei.
- Não te perguntei. - Scarlet me empurrou na parede de vidro do ponto - Você tem respostinha demais pro meu gosto.
Senti pânico, e já não conseguia mais dizer nada. Apenas tive a sensação latente de que já tinha vivido algo quase igual antes.
- Olha só - ela continuou - Não tô gostando disso de você estar tão próxima do Paul Hent. Você acabou de sair do seu mundinho nipônico pra cá, e tem que se colocar no seu lugar. Quem você acha que é? Com essas roupas horrendas, esse cabelinho ridículo tentando se fazer de menina inocente, se aproximando de quem EU tenho interesse?
- M-mas eu nunca nem t-te vi c-conversando com ele…
- NÃO IMPORTA. Fica difícil conversar com ele quando tem gente no meu caminho. E a gentinha da vez é você. Não se coloque no meu caminho.
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Scarlet me empurrou para dentro do ônibus, que havia acabado de chegar, e me olhou de um jeito que nunca vi ela olhar para ninguém antes.
Mandei um SMS para a Gabi pedindo ajuda, que prontamente me ligou e me fez companhia pelo celular até que eu chegasse em casa. Contei por alto o que aconteceu, mas preferi conversar sobre outras coisas para me acalmar. Não consegui processar o que aconteceu.
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Só cheguei em casa e fui direto dormir. Nem no computador conseguia mexer.
Reviver a situação de ser apontada como algo que não sou, ser apontada por alguém que eu não entendo totalmente o modus operandi - eu lembro de sentir isso de forma muito avassaladora até o 9º ano, mas não consigo lembrar o por quê. Só consigo lembrar de como era horrível ser chamada de nomes que eu não reconhecia, acusada de coisas que eu não sabia quais eram. Uma sensação de estar perdida no meio do oceano com diferentes cardumes muito agressivos ao meu redor, disputando por mim.
Eu sequer sei ainda o que pensar sobre o Paul. Como o percebo. É como se eu estivesse sendo coibida de sequer desenvolver qualquer coisa que eu nem sei qual seria. Isso machuca muito.
Na quinta-feira, depois das aulas, que acabaram um pouco mais cedo por conta de uma prova aplicada em todo o colégio, Gabi foi com o pessoal me visitar na minha casa. Aqui é muito pequeno, então achei melhor irmos para a pracinha mais próxima para conversar.
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Todo mundo parecia muito preocupado comigo, de uma forma que não costumo experienciar. Acho que nunca na vida ouvi tantos “como você está?”, “como se sente?”, “quer alguma coisa?”. Foi tudo tão intenso que acabei sentando no chão para chorar - mas fui rapidamente acolhida por Paul, que em seguida foi conversar comigo mais em particular.
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- O que a Scarlet falou com você? Por enquanto, eu só sei pela Gabi. Quero ouvir de você - disse ele, fixando o olhar em mim.
- Não é que eu não queira dizer… Só me sinto realmente muito confusa. Ela me pediu para que eu não me aproximasse de você. Mas é muito estranho, porque eu nem nunca vejo vocês se falarem. Eu não entendi se tem alguma coisa rolando que eu não sabia entre vocês.
Paul suspirou, preocupado.
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- Não, não tem nada “romântico” entre eu e ela. Já estudo na mesma sala da Scarlet desde o 6º ano, e às vezes eu sentia ela tentando se aproximar de mim. Mas isso me deixava desconfortável, então eu só não correspondia e continuava com meus outros colegas. Não sei se isso deixa ela meio mordida de certa forma.
Olhei para Paul, que ainda parecia carregar uma preocupação que afetava até a sua postura. Ele me olhava como quem me pedia desculpas.
- Isso é só algo dela, então, né? Não tem nada a ver com você. Não precisa se sentir mal.
- Não me sinto mal dessa forma, só não quero que ninguém que seja meu amigo seja afetado por essa maluca. Me sinto desconfortável só de pensar na possibilidade.
Ficamos um tempo em silêncio, que foi interrompido por um abraço repentino de Paul.
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- Olha. Tem o festival amanhã, e eu tenho certeza que vai ser incrível e a gente vai arrasar. Mesmo se a gente não ganhar o prêmio, já me sinto muito feliz. Especialmente porque a gente se conheceu, Ryuko.
Lacrimejei um pouco nos ombros dele, sem saber como responder.
- Você é uma amiga muito preciosa pra todo mundo do grupo e a gente quer te proteger, ok? Pode sempre contar comigo e com o pessoal. Sempre.Senti nos ombros dele, no lugar dos pesos que estavam há pouco, um afeto que crescia. E senti que esse afeto contagiou todos nós, no abraço mais acolhedor que já recebi de amigos até então.
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alan-p-49 · 8 months
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i've done it. i've posted the first chapter on ao3
I think for now I will post a chapter every week just to see if I can pull off posting a chapter a week out of my ass. The five chapters should be enough of a buffer for me to continue working on the second half of the story
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fiendishartist2 · 8 months
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shout out to elias bouchard for fucking up a perfectly good mildly toxic workplace. you literally couldn't have done worse
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stinkrascal · 4 months
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the proud members of the vampire's embassy
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luizd3ad · 5 days
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Game Time | Poly!Bartylus x GN!Reader One shot
ᶻ 𝗓 𐰁 ࣪˖⤷ .𖥔 ݁ ˖ ࣪ ᶻ 𝗓 𐰁 ˖ ⤷
Pairing: Barty Crouch Jr x GN Reader x Regulus Black
WC: 700
TW: polyamorous relationship, Modern AU, light talks about killing Sims, no use of Y/N, this is just fluff
Author's Note: Honestly I just got this idea bc my sims hyper fixation is coming back. The little bit of French that’s in here I got from google please tell me if it’s wrong.
Summary: Regulus comes home to you and Barty playing the sims.
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Someone tell me to stop making theses for ever fic please. I won't listen but someone should still tel me.
【☆】★【☆】★【☆】★【☆】★【☆】
Regulus had spent the day with Sirius, just catching up. 
They've been finding it harder to do so since leaving Hogwarts so they try to make it a priority to see each other as often as possible. 
He did enjoy spending time with his brother but right now all he wanted to do was go home to his partners. 
You and Barty were like a breath of fresh air to him after his social battery was drained. Just being in the presence of both of you was enough to make him feel better. 
Regulus finally crossed the threshold to his shared flat. He took his shoes and jacket off at the entrance and put them in their designated places.
But then he noticed the flat was quiet which was rare considering Barty lived there.
“Mon amours? I’m home?”
Regulus called out looking around the flat curiously. 
No one was in the living room. He didn't hear anyone in the kitchen. 
He started walking down the hall that held their shared bedroom and the guest room/ office when he heard them.
“Angel, I love you but you're wrong!”
“Watch it Crouch! Or you'll end up in the basement next..”
Regulus was only slightly taken back when he heard his partner say that to their boyfriend. 
Honestly it wouldn't be the first time he heard them say something like that.
Barty then gasped and started shirking something about ‘Never feeling so betrayed’ which was something Barty would say often. 
Regulus took a deep breath mentally preparing himself and then opened the door to the office, he couldn't help but let out a soft chuckle at the sight in front of him.
There they were, the loves of his life hunched over the computer playing the muggle game that Remus had shown them.
‘The Sims’ he thinks it was called, but he couldn't quite remember. 
“Barty.. Did you take the ladder out of the pool again?”
Barty then gasped as if the thought was inconceivable. 
“What would make you think such a thing, angel?”
“I mean other than the fact that you've done it before? The sim’s name is Bartemius Crouch and he looks exactly like your father.”
Barty then giggles looking proud of himself. 
“Leave him there he deserves it.”
Barty says with a wide smile.
Regulus chuckles a little louder this time and shakes his head finally catching the attention of his partners.
You and Barty both turn your heads to look at Regulus. 
You send him a big smile and say.
“Hi my love, how's Sirius?”
“Sirius is fine. Now what are you two doing?”
Regulus say still standing in the doorway of the room.
“I'm trying to show our darling boyfriend that there's more to The Sims than killing the people that you wish you could kill in real life.”
“And I'm trying to show our angel that killing people in the game is the most fun you can have.”
“Wait, so you make the characters people you actually know?”
You and Barty look at each other and then look at Regulus with raised eyebrows.
“Obviously.”
Barty says looking at Regulus like it should be common sense.
“Wait so you have a character of me?”
“Of course we do.”
You say then turning back to the computer clicking on the mouse a few times and then waving Regulus over to show him a big house with sims of the three of you.
“Is this supposed to be our house?”
“Yes. Unfortunately we’re not all technically dating on here, since that's not an option.”
You explain while Barty crosses his arms while pouting and saying.
“Which is stupid.” 
Regulus just smiles at Barty and kisses his head. 
“It’s okay ​mon beau because we’re dating in real life.”
Regulus says while running his hand through his boyfriend's hair.
You and Barty spent the rest of the night showing Regulus your favorite parts of the game. 
Regulus found himself having a good time whether it was just because he got to spend time with the two of you or because he actually found the game entertaining he didn't know nor did he care.
He was just content and happy to be there.
【☆】★【☆】★【☆】★【☆】★【☆】
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tricoufamily · 1 year
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he's too hot to be called greg. you gotta call him gregory
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pixelsinmyveins · 3 days
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Mr. Fox had a bit of a ✨Glow up✨
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a-m-pyra · 19 days
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Council of VVhispers
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I'M TRYING. Prologue will release before the end of the week.
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quill-pen · 7 months
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Just throwing it out there:
In the modern!Scroogeverse (and of course, Sims!verses, @rom-e-o) Oliver and Abigail? Oh, yeah, they definitely stalk Bess' social media. Especially after Eb comes into the picture. Yes, Bess blocked their actual accounts, of course, but Abigail goes out of her way to make fake accounts to get around the blocks.
It's pathetically sad actually.
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moonbiscuitsims · 22 days
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apparently (i've just discovered) sims written fanfic as a format is a whole thing but then again probably everything is in fanfic form
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911onabc · 1 year
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can't help but feel like these are connected
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Capítulo 5 - Kicked It in the Sun
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(narrado por Paul)
Quando eu me mudei para Evergreen Harbour, eu só sabia falar inglês. Eu e meu irmão. Meu pai já tinha aprendido a se comunicar bem no idioma daqui, e recebeu bastante ajuda para começar a se virar, comprar móveis e eletrodomésticos, saber onde comprar comida por um preço camarada. Essa ajuda veio toda dos pais do Levy, Arthur e Alessandra. Eles sempre foram muito atenciosos com a nossa família, e costumávamos fazer muita coisa juntos, já que éramos vizinhos de porta, e eu e Levy íamos para a mesma escola.
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Um dos passeios que mais fazíamos todos juntos era até o parque de Copperdale. Naquela época o parque já era bem voltado para casais, mas tinha bastante coisa para crianças também, então eu, Carl e Levy sempre íamos na roda gigante e na casa mal-assombrada. No final, tomávamos milkshake da barraquinha e víamos o pôr do sol no píer do parque. Meu pai, Arthur e Alessandra aproveitavam para passar o tempo pondo a conversa em dia, e tirando fotos nossas com a máquina do meu pai.
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No dia-a-dia, eu lembro que era a Alessandra que buscava eu e Levy na escola. Ela e meu pai revezavam. Quando Arthur nos buscava, era sempre de carro, ele dirigia bastante na época. Voltando com a Alessandra, ela sempre parecia animada, mesmo que com um pouco de melancolia no olhar. Levy sempre foi muito falante, e contava pra ela cada uma das atividades que a gente tinha feito no dia. Em dias temáticos, parecia que ele se empolgava mais ainda, já que a gente sempre voltava para casa com algum objeto que tínhamos feito à mão ou ganhado da professora. Alessandra guardava todos em uma pasta, que ficava no armário do quarto dos pais do Levy.
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Até que, um dia, Alessandra simplesmente foi embora.
Eu não sei se é porque eu ainda era muito novo para compreender o que tinha acontecido, mas na época eu tinha achado que ela também tinha morrido, como a minha mãe. Essa foi uma das poucas e últimas vezes que meu pai conversou comigo com calma e gentileza. Ele abaixou até a minha altura e explicou que Arthur e Alessandra haviam se divorciado. Me explicou também o que era um divórcio. Que era muito diferente do que havia acontecido com a minha mãe. Minha mãe não morreu para escapar do casamento com meu pai, pelo contrário - eles eram muito apaixonados um pelo outro e não queriam de forma alguma se separar. Foi só um “acidente”. Não era para a minha mãe ter ido embora da forma que ela foi.
Já Alessandra, como explicou meu pai, optou por ir embora. Ela e Arthur já não se gostavam mais, e então ela decidiu se separar e ir embora. Porém, ela continuaria viva, e provavelmente iríamos continuar a vê-la de vez em quando. Lembro de ele ter me contado isso enquanto Levy estava lá em casa. Acredito que ele tenha ouvido toda a conversa, pois lembro de logo depois ele ter chegado até nós e chorado dizendo que queria ver a mãe dele de novo logo.
Não foi o que aconteceu. Realmente, nunca mais vimos a Alessandra. Isso me faz pensar se, de certa forma, ela não morreu também depois que foi embora. Simbólica ou literalmente. Deve ter sido de forma mais simbólica, pois, muitas vezes, Levy recebe cartões postais sem remetente no correio. Ele acredita serem dela. Há uma pilha de cartões postais na gaveta da mesa de cabeceira do quarto dele, sem nada escrito além de “fique bem”.
Esse não é um assunto que o Levy gosta de falar sobre, logicamente. Todos lá em casa sabem que isso nunca deve ser trazido à tona senão pelo próprio Levy. Já faz tanto tempo que não falamos sobre a mãe dele, que sinto que se ele conversar sobre isso comigo agora, eu não vou saber muito bem o que dizer, pois já não lembro de muitos dos detalhes do que aconteceu naquela época. Tínhamos só 6 anos.
De maneira muito fortuita e apropriada para esse contexto todo, rolou lá no colégio um evento temático do Dia da Família essa semana. Lógico, já não é mais como quando éramos crianças, que era um mega evento, em que dançávamos e cantávamos músicas. Como já estamos no Ensino Médio, o máximo que aconteceu foi só que ganhamos uma lembrancinha da diretora. E ela caiu na besteira de dizer que era “uma lembrancinha para os pais e mães de cada um daqui”. Ela entregou para cada aluno um porta-retrato, com alguns dizeres referentes à família, e disse que era “ideal” para uma foto nossa com nossos pais.
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Eu sinto que, hoje, eu já não me afeto mais com essas coisas da mesma forma que quando eu era criança. Ou, pelo menos, eu me forço a não me afetar. Eu sei que a intenção da diretora não foi ser alguém ruim. Sinto também que, a principal diferença entre eu e Levy, é que minha mãe morreu. A dele está viva em algum lugar, e ele nunca vai saber qual. Ela simplesmente nunca mais veio ao encontro dele. Acho que eu também não saberia o que sentir numa situação dessas.
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Quando saímos da aula, notei o pessoal meio desanimado, mas vendo o Levy se sentir mal, achei que ajudaria se saíssemos juntos um pouco. Convidei todo mundo para ir na lanchonete e, surpreendentemente, todos aceitaram na mesma hora. Realmente parecia que todo mundo queria espairecer, mas não sabia dizer como. Levy ficou meio receoso de ir, mas insisti um pouco. Falei que, se ele fosse hoje, além de pagar o lanche dele, eu dividiria a janta lá de casa com ele. Não sei se realmente foi isso que convenceu, mas ele acabou indo. Pensando nisso agora, eu não deveria ter insistido.
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A caminhada até a lanchonete foi bastante silenciosa, até o momento em que o boca aberta do Daniel decidiu “quebrar o gelo”, de um jeito que só o Daniel sabe: deixando todo mundo meio constrangido.
- Levy, cê tá com mó cara de triste, o que tá pegando? - Quando Daniel disse isso, eu parei pra pensar e percebi que, provavelmente, o Levy só nunca contou pra ninguém além de mim sobre a família dele.
- Outra hora, Daniel - ele respondeu.
- Não, pô, que é isso, você sabe que pode se abrir com a gente!
- Amigo, mas se a pessoa também não quer falar nada, você precisa respeitar, né? - Gabi disse isso pegando ele pelo braço.
- Deixa quieto, Gabi. Depois eu falo - Levy acendeu um cigarro, aproveitando que ainda estávamos na metade do caminho até a lanchonete, onde é proibido fumar.
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Quando chegamos lá, o clima estava meio morno. Não estávamos com muito assunto além do festival que ia acontecer dentro de uma semana, já que isso deixava o Daniel super ansioso. Isso também não parecia ser um assunto que agradava o Levy. Em dado ponto, ele só levantou falando que ia lá fora fumar outro cigarro. Estava nevando já naquela hora do fim da tarde.
- Pô, galera, aproveitando que o Levy saiu. Quê que tá pegando aí? Por que que ele tá tão pra baixo? - perguntou, de novo, o Daniel.
- Meu Deus, Daniel, você é sempre insensível! - disse Gabi, bem irritada.
Eu sabia que em algum momento eles precisavam saber sobre o Levy. Todos os anos, acabávamos topando com esses eventos, e a reação do Levy era sempre melancólica e silenciosa. Todos ali, com exceção da Ryuko, já se conheciam há anos. Eu, erroneamente, achei que isso seria suficiente para me dar passe livre para contar, finalmente, sobre a mãe do Levy.
- Não, Gabi, tá tudo bem. Acho que ele nunca contou pra vocês mesmo - respondi.
- Na verdade, eu também me sinto um pouco preocupada, Paul. Ele é mais próximo de você do que de todos nós. Você deve saber do que se trata - disse a Ryuko.
- Bem… Então. É que, assim como eu, o Levy também não tem mãe.
Senti minha garganta queimar enquanto dizia isso para todos.
- A mãe dele morreu?! - perguntaram Daniel e Gabi ao mesmo tempo, assustadíssimos.
- Gente, pelo amor de Deus, fala baixo… Ele foi fumar um cigarro ali do lado, não em Nova York, né. Ele não gosta de falar isso pra ninguém. Mas, não, a mãe dele não morreu. Os pais dele são divorciados, e a mãe dele saiu de casa há muito tempo, quando a gente ainda tinha seis anos.
- Mas isso não é normal? Meu pai também já não mora mais comigo há anos, ele foi morar em outra cidade - ponderou Gabi.
- Não é a mesma coisa. É que, desde essa época, a gente não tem mais notícia da mãe dele.
Todo mundo fez um silêncio sepulcral por longos segundos. Ryuko estava tomando um milkshake e até isso ela parou de tomar, para não fazer nenhum barulho. Parecia um pacto secreto entre todos.
Eu sentia que, a qualquer momento, eu iria começar a chorar de tanto nervoso por ter contado para todos sobre a Alessandra. Mesmo tentando me convencer que eu precisava ter feito isso. Que já não dava mais pra adiar esse momento.
- Eu nem sabia que existiam mães assim - disse Ryuko, rompendo o silêncio.
- Ah, menina… A gente ainda vai ver de tudo nessa vida - comentou Gabi.
Enquanto Gabi dizia isso, Daniel foi se levantando da cadeira e andou em direção à porta da lanchonete. “Não, Daniel, fica quieto!”, ela pediu, sem sucesso. Ele saiu pela porta da lanchonete e foi andando em direção ao Levy. Ficou por um tempo apenas observando ele na neve.
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- Quê que foi, Daniel. Eu já vou voltar, nem tá tão frio assim. Não preciso do cachecol - disse Levy, compenetrado no cigarro.
- Não é nada disso - cortou Daniel. Mais um pouco de silêncio se passou.
- Então o que você quer? Quer cigarro também? Vai começar a fumar agora só pra me acompanhar aqui fora? Hehe - perguntou Levy, rindo.
- Cara, eu sinto muito pela sua mãe. Muito mesmo - respondeu Daniel. Levy ficou o olhando, abismado, já sem sorrir. Em seguida, ele virou as costas para Daniel.
- Eu não quero falar sobre isso. Já faz muito tempo, eu sei. Mas eu não quero falar - Levy terminou o cigarro e jogou na neve.
- Eu entendo. Desculpa não ter percebido isso todos esses anos. A gente também nunca foi na sua casa, eu não sei se ia perceber. Sou meio desligado mesmo.
- Você não é desligado, Daniel.
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Os dois ficaram mais um tempo em silêncio, olhando para o céu, até voltarem para dentro da lanchonete. Retornando à mesa, Levy rapidamente iniciou outro assunto entre a galera, sorrindo, como se nada tivesse realmente acontecido. Percebi que ele só devia estar querendo se livrar logo de qualquer mínima menção à sua mãe.
Daniel nos deixou na estação, e pegamos todos juntos o trem para casa. Já eram 7 horas da noite. Eu e Levy descemos só na estação final, então boa parte da viagem seria ainda com as meninas. Continuamos conversando, até que animados, com Gabi e Ryuko, até cada uma chegar na própria estação. Gabi desceu primeiro, na estação do mercado municipal de San Myshuno, Ryuko desceu em Wakaba. Levy fez absoluto silêncio até finalmente descermos em Conifer.
Quando descemos na estação, foi que ele finalmente desembestou a falar. Ele chutou uma latinha que estava no chão, e se colocou na minha frente, partindo pra cima de mim e me derrubando no chão.
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- Eu tenho que dizer quantas vezes que eu não quero falar sobre a minha mãe?! Por quê que toda vez você me humilha assim na frente de todo mundo?!
- Levy…
- Sabia que às vezes é insuportável perceber o quanto você conhece sobre mim?! Eu preferia que você não conhecesse NADA. Essas pessoas podiam ser minhas amigas de forma genuína, mas agora elas vão ficar com pena de mim. Pena! Você entende isso?! Você já parou pra tentar entender isso algum dia da sua vida?!
- Me desculpa, Levy…
- NÃO! Eu não vou desculpar nada! Não é possível que era tão difícil assim você só dizer que não sabia porque eu estava triste! Não ia doer! Eu não vou acreditar nisso! - Levy batia os pés no chão dizendo isso.
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- Ninguém ficou com pena de você. É justamente por serem seus amigos que eles se importam e querem poder te conhecer melhor, pra te entenderem melhor… - Tentei me justificar.
- E aí agora eles vão saber justamente daquilo que me deixa mais vulnerável! Sinceramente, eu não sei porque eu preciso passar por isso! Você deve sentir prazer em me ver assim!
Levy se abaixou no chão e começou a chorar.
- Toda vez você faz isso - disse à ele, olhando no horizonte.
- O quê?!
- Toda vez que alguém mostra um sinal mínimo de que se importa com você e quer te conhecer melhor, você surta. E agora, vai ficar falando que é culpa minha. Você realmente prefere que ninguém te conheça nunca? Você quer viver assim?
Levy se encolheu no chão mais ainda.
- Insuportável é eu ter que viver do lado de alguém assim. Se você vai ficar aí, problema seu. Eu vou pra casa - Peguei a mochila do Levy do chão, que estava alguns metros a frente, e fui levando em direção ao nosso prédio. Levy continuou chorando no chão.
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Chegando em casa, Carl já estava fazendo barulho com a televisão. Ele sempre parece fazer mais barulho ainda quando eu não me sinto bem. Consegui diminuir um pouco o volume da televisão porque pedi a ele para ir entregar a mochila do Levy. Enquanto ele se vestia para ir até a casa deles, aproveitei para abaixar o volume.
Depois de tomar banho, sentei com meu pai para jantar. De novo, um silêncio ensurdecedor que só foi quebrado quando ouvimos a porta da casa do Levy batendo forte.
- Você discutiu com ele? - meu pai perguntou. Eu apenas continuei focado na minha comida.
- Vocês dois parecem ter um longo passado pela frente pra resolver às vezes - ele disse, depois novamente voltando a fazer silêncio.
Enquanto lavava a louça, lembrei que havia prometido fazer marmita para o Levy levar pro almoço do colégio. Preparei a marmita, e quando fui deixar na casa dele, foi o pai dele que pegou. Estava visivelmente alterado depois de tanto beber.
No dia seguinte, o Levy não foi para o colégio.
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alan-p-49 · 7 months
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i'm uploaded chapter 5. from here on out the gay will be of the highest priority. no one gives a shit about the mystery anymore except for eliza pancakes
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simmysunset · 6 months
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Whoever Loves Her Next - 01
There is a part of me that can’t believe what I’m seeing. This test isn’t like the others. There wasn’t a solid, bold line followed by the faint outline of another. This one only showed one word. A confirmation of what my fear had been for the last three weeks.
I’m pregnant.
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The tears came faster than I thought they would. I disregard the test onto the edge of the sink and begin to pace. This was really happening, and there was no going back now. What we had done that morning was now permanently engraved into me, not just in my mind, but in my body. Something is growing within me. A child.
I didn’t realize how loud I had been crying until I heard a knock on the door, followed by my name.
“Bri?”
Another person is the last thing I want to see right now, but I know Mason would never stand for letting me cry in the bathroom alone. So, I weakly open the door to let him inside.
His eyes almost immediately find the pregnancy test on the sink, which then quickly dart to me, wide with shock. I hang my head in what feels like shame, my whole body seeming to cave in on itself. I can barely even breathe.
I know Mason is talking to me as he rests his hands on my arms, but I can’t hear a word he is saying. He moves me backwards until I sit on the edge of the bathtub, where he then crouches down to try and look at me. I can’t bear to look back at him.
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He is trying to be comforting by talking to me slowly, but that only reminds me more of my predicament and the person who had helped put me in this position. He is basically known for being a slow talker. I’m one of the few who knows it’s because he always wanted to make sure he was saying the right thing at the right time. I don’t know how I’ll ever tell him when I know the right time will never come.
I stay in the bathroom with Mason for a little while longer, but eventually tell him that my ass hurts from the hard porcelain of the bath, so we decide to move out to the couch in the living room. My crying has calmed slightly from what it had been, but my tears have yet to subside. It feels like my body is on fire. I can hardly stand to be touched, so I pull away when Mason rests a hand on my shoulder.
Shortly after this, he says, “You have to tell him. You have to go see him. You know that, right?”
My hands cover my face, the tears leaking out faster at the thought. The idea of seeing him again makes me sick, but I don’t have another choice, so I settle for an “I know.”
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stinkrascal · 4 months
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standstill ; a story by stinkrascal
after stumbling upon the world of supernaturals and befriending a powerful and enigmatic vampire, she realizes the choice is simple. she could abandon her humanity, or she could go back home. and breanna realizes, more than anything, that she can never go back home.
31/01/2024
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hrhmimieucliffe · 6 months
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Summ about making your Spidersona in the sims in casual wear to help visualise their style
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