Tumgik
#desonestidade
Tumblr media
8 notes · View notes
lidia-vasconcelos · 19 days
Text
Tumblr media
HERÓIS E BANDIDOS
NÃO SE FAZEM DE REPENTE...
Aquela poderia ser uma manhã comum: trabalho, estudo, cumprimento de horários, amenidades. Mas, infelizmente, não foi.
Havia angústia e comoção no olhar de alguns professores. O diretor, estarrecido e pesaroso, ainda segurava nas mãos trêmulas o jornal do dia. Foi então que alguém teve coragem de quebrar o burburinho e fazer em alto e bom som a pergunta que não queria calar:
- Como isso foi acontecer, meu Deus? Parecia um menino tão bom...
A notícia estampada na primeira página do jornal mais popular da cidade era uma terrível surpresa para todos. Menos para mim.
Um ex-aluno nosso havia sido preso por estar envolvido num dantesco esquema de corrupção e criminalidade. Pior: ele era o mentor e o líder do esquema!
Enquanto as pessoas ao meu redor conjecturavam, aterrorizadas, os detalhes sórdidos da história, as minhas lembranças começaram a vir à tona e eu comecei a reviver, nitidamente, as imagens, os sons, as nuances... Tudo mesmo!
Lembrava-me muito bem do aluno. Não era tão popular, mas não era invisível socialmente. Sempre gentil, era bem relacionado com os colegas da turma e também com os professores.
No mesmo instante, uma nuvem negra pairou sobre meu semblante e eu senti novamente o amargo sabor da decepção.
Sim, eu me lembro de como João Lucas (nome fictício) empalideceu, quando eu lhe disse que sabia de sua entrada no sistema da escola para sabotar a sua nota e a nota de alguns dos seus colegas, na minha matéria.
Ele engasgou um pouco e quis tentar virar o jogo, pondo em dúvida minhas palavras, exigindo provas. Diante dos documentos que lhe mostrei, porém, ele se calou.
Após uma pausa, cabisbaixo, ele finalmente perguntou:
- O que a senhora vai fazer?
E eu respondi com outra pergunta:
- O que você quer que eu faça?
Não sei se a maneira como eu agi foi a mais acertada. João Lucas não fazia ideia de como eu estava sofrendo. O meu senso de justiça me impelia a denunciá-lo à direção, mas a minha crença de que todo mundo merece uma segunda chance praticamente gritava em meu coração.
Ele chorou, eu chorei. Ele disse que acataria qual fosse a minha decisão, prometendo mudar e agir diferente, a partir daquele momento.
Ele era apenas um garoto, um estudante do Ensino Médio, deslumbrado com o poder de ganhar muito com pouco ou nenhum esforço. Fazia bem para o seu ego ser considerado o “cara” pelos seus amigos. Sua turma, inclusive, sabia de tudo e o encobria com uma devoção quase religiosa. Pobres coitados com valores invertidos!
Formou-se. Fez faculdade. Nunca mais tinha sabido dele até aquela fatídica manhã.
Que pena que ele não aproveitou aquela chance, para fazer melhores escolhas.
Lídia Vasconcelos
3 notes · View notes
brasil-e-com-s · 1 year
Video
youtube
youtube
youtube
youtube
youtube
As fraudulixos do mundo...incluindo a história do carregador da Apple. Enquanto vocês forem enganados, esses caras ficarão cada vez mais milionários.
1 note · View note
promovevendas · 2 years
Video
A baixaria e capciosidade da esquerda contra o Bolsonaro.
É como eu sempre digo. O povo enxerga o cinismo e a desonestidade destes que estão mais interessados em sabotar e azarar o tão odiado Bolsonaro da esquerda (capciosidade). E o pior! Ainda são os mesmos que estão ofertando (oferecendo) o Lula como alguém capacitado para competir por; benignidade, samaritanismo, honestidade e licitude. E ainda colocam ele como vitorioso destes qualitativos, antes mesmo de começarem as disputas. É insultar e testar demais a inteligência de todos!!!
0 notes
ngtskynebula · 15 days
Text
Ler alguns jornais de direita pra não perder de vista o que aqueles doidos andam falando me deixa numa situ bem complexa, como por exemplo o algoritmo do Google achando que eu me interesso pelo agronegócio 🤡
0 notes
substanciado · 3 months
Text
pode ficar bem longe de mim com essas suas honestas desonestidades.
— substanciado
224 notes · View notes
sejoganofervo · 3 months
Text
Neste mundo de traições, mentiras, desonestidade e falsidade, eu me sinto tão livre e vou te dizer por quê. Agradeço ao meu eu do passado por, em algum ponto da vida, ter decidido ser transparente, claro e objetivo. Doa a quem doer. Bateu, levou! Já falou? Agora vai escutar! Quer ouvir umas verdades? Então pega uma cadeira e se senta, porque vai doer em você, mas não diga que ninguém lhe avisou. E não me pergunte, se não quiser ouvir uma resposta sincera.
G.S
31 notes · View notes
refeita · 2 years
Text
por que você não cuidou de mim?
moro nas linhas complexas da sua silhueta projetada na parede do quarto. afagou-me os sonhos e os planos, completou minhas frases e temperou as sensações. é tão difícil esquecer da gente junto entre quatro paredes estranhas, de frente para o mar jurando ser infinito como a imensidão azul-esverdeada. não merecíamos ter fim, mas para me ter tive que te dizer adeus. você bem que tentou manter esse semblante de quem não se abala, quem não sentia falta das minhas confusões doces entre seus braços quentes. sei bem qual espaço deixei vazio quando pulei fora do teu emaranhado de afetos. nenhuma pergunta sua pode me tirar de dentro do seu sistema. como se meu sangue fosse capaz de te queimar, quando me feriu saímos ambos marcados. minhas digitais brilham sob sua pele em todo lugar que toquei, meus caminhos criaram tatuagens astrais que não te abandonaram. você bem sabe. foi tua desonestidade que nos separou, ainda que durante tanto tempo pensasse que a culpa era minha. ainda que tudo que quis fosse continuar dividindo o por do sol de outono contigo.
pula de porta em porta, beijo em beijo, pele em pele.
penso em você olhando nossa foto, a única que guardei, torcendo que pense em mim onde estiver. torcendo que te doa tanto quanto dói em mim.
298 notes · View notes
poesiamaira · 3 months
Text
Mário Faustino: o crítico
O fenômeno mais interessante da "jovem poesia brasileira" é que a qualquer momento podemos deparar com um rapaz de seus vinte anos, que nunca publicou um livro, apresentando-nos um poema bem melhor, como poesia, que uma alta porcentagem do que tem publicado muita gente grande das gerações anteriores. É verdade, por outro lado, que há em minha geração muitos falsos talentos, muitas máscaras, muita mistificação, muita desonestidade: mas a mesma coisa, e de modo talvez mais disfarçado e antipático, sucedeu com todas as outras gerações. (...) Quanto aos problemas, devem ser os mesmos das outras gerações: dificuldades econômicas (ter de trabalhar, fora da literatura bem mais do que dentro, para ganhar o panem nostrum); falta de uma vida genuinamente artística, falta de emulação, falta de debates (no Brasil quase todos os escritores, quando reunidos, ou não tocam em problemas literários ou então, se falam de literatura, é da maneira mais vaga e leviana: discussão de personalidades, troca de elogios, gratuitas afirmações de valor ou de intenção, frases feitas, detestáveis mots d'esprit...); falta de verdadeiras bibliotecas, universidades, museus, falta de revistas de cultura, falta de tradição filosófica, poética e crítica na língua, falta de um público inteligente, concorrência desleal (talvez não haja país no mundo com tanta gente errada em lugares errados) etc. Um jovem poeta brasileiro, como eu, queixa-se, entre outras coisas, do nível infraginasiano, para não dizer primário, da maioria do que é publicado aqui em livros, jornais e revistas; das tolices que é forçado a ler e a ouvir a respeito de sua poesia (elogios ou não), a respeito da arte e dos poetas que admira; da falta de amor à poesia, do egoísmo e da vaidade que registra em muitos de seus colegas mais velhos, entre os quais raríssimo é aquele que forma escola, que realmente se interessa pelo progresso da língua e da arte: vivem a pensar em self-promotion...; da falta de profissionalismo econômico e ético; da péssima qualidade de quase toda a nossa crítica literária (sobretudo quando se metem a falar de poesia) de todos os tempos; queixa-se, para resumir, de muita coisa.
Fragmento de uma entrevista concedida em 1956 pelo poeta, crítico e tradutor, publicada no excelente livro Mário Faustino, de Anchieta aos Concretos, org. por Maria Eugenia Boaventura, ed. Companhia das Letras, 2003. Quase 7 décadas depois, parece que nada mudou.
4 notes · View notes
surrealsubversivo · 1 year
Audio
Ouça com fones de ouvidos 
Nova York, 10 de junho de 1946
Clarice,
Esta é a quarta carta que inicio para responder a sua. A primei­ra eu deixei no Brasil, só trouxe a primeira página, que vai junto. Pode ter certeza de que não te esqueci. Ainda ontem me lembrei muito de você, porque um america­no me perguntou se o meu relógio era suíço. A Suíça existe mesmo? Serão daí mesmo os queijos suíços? Me escreva, Clarice, sou tão cínico que te peço para me escrever, me res­ponder com a pontualidade e a presteza que não tenho, con­tando tudo, suas aventuras e desventuras nessa poética terra que agora vive.
Daqui de Nova York não posso te contar nada além do que você calcula.  Tenho sentido muita fal­ta de seu livro que deixei no Brasil, para plagiar uns pedaços quando vou escrever o meu.
Tenho tido muitas dores de cabeça, tenho ouvido histórias de espantar. Tenho dado muitas gafes aqui com o meu pobre inglês. Tenho tido muitos pesadelos. Tenho feito des­cobertas importantes. Tenho tido muitas oportunidades de ficar calado. Tenho tido muita decepção com os Correios. Tenho tido can­saço, saudade e calma. Tenho bebido muito, muito, muito. Tenho lido os suplementos dominicais. Tenho tido vontade de voltar. Tenho escrito muitas cartas para você. Tenho dor­mido muito pouco. Tenho xingado muito o Getúlio. Tenho tido muito medo de morrer. Tenho faltado muita missa aos domingos. Tenho contado muito nos dedos. Tenho falado muito com os meus botões. Tenho tido muita vontade de brincar. Tenho tido muita pena da Helena ter se casado comigo.  
Clarice, estou perdido no meio de tantos particípios passados. Estou com vontade de fumar e o meu cigarro acabou, estou com muitas saudades de mamãe, estou com vonta­de de namorar de tarde numa pracinha cheia de árvores.
Só de pensar que você estará lendo esta carta muitos dias depois de ter sido escrita me dá vontade de não mandar. Mas mando, isso é uma desonestidade. Você nos escreveu há um mês. Juro que não faço mais isso, foi só da primeira vez, ago­ra não faço mais.
Me escreva, que responderei imediatamente. Como vai indo o seu livro? O que é que você faz às três horas da tarde? Quero saber tudo, tudo. Você tem recebido notícias do Brasil? Alguém mais escreveu sobre o seu livro? É verda­de que a Suíça é muito branca? Você mora numa casa de dois andares ou de um só? Tem cortina na janela? Ou ainda está num hotel? Qual é o cigarro que você está fumando agora?
Me escreva uma carta de sete páginas, Clarice.
-Fernando
Ps: Dedico essa recitação para os melhores amigos que o tumblr poderia ter me dado: @in-curavel e @nocturne-98 Acho que assim como a amizade de Fernando e Clarice... as palavras são, também, as responsáveis por matar as nossas saudades. <3 
32 notes · View notes
cirlenesposts · 28 days
Text
Suave é ao homem o pão ganho por fraude, mas, depois, a sua boca se encherá de pedrinhas de areia." Provérbios 20:17
Pensamento: Quando o homem se corrompe a conseqüência é a ruína !!! As riquezas que são adquiridas pela fraude, pela desonestidade e pela corrupção certamente transformam-se em maldição na vida das pessoas. O pecado tem um sabor amargo, ele deixa a boca cheia de pedrinhas de areia, repleta de feridas, e impede o homem de comer e até de falar !! O homem que tem a boca cheia de pedrinhas de areia também pode estar literalmente na sepultura, morto e enterrado.
Oração: Pai querido, quero entregar meus caminhos ao Senhor, meu trabalho, minha profissão, minhas finanças, para que o Senhor me ajude a administrar honestamente tudo o que o Senhor tem me dado. Quero dar um bom testemunho, consultando ao Senhor antes de negociar, comprar e vender para que eu não cause prejuízos a ninguém, para que eu seja um exemplo, e as pessoas possam ver Cristo em minha vida. Eu oro em nome de Jesus. Amém.
2 notes · View notes
Tumblr media
0 notes
euamooblog · 1 year
Text
Tumblr media
CHAPEUZINHO VERMELHO
não contente, o lobo voltou.
sem feiúra que o distinguisse dos outros lobos que fora,
sem clara violência que o condenasse em definitivo às amarras do meu asco.
carrasco, como sempre. mas pungente como toda a gente
que vive ardendo e rezando, escravizada em meus espaços subterrâneos
(pois há nas frias cavernas do meu corpo morno
vinte e duas operárias mal pagas, trabalhando duramente
para comover de incertezas este mundo de crenças ensimesmadas).
sim: não satisfeito, o lobo voltou.
usando óculos escuros, muito branco e fatigado, mas
exalando ainda o que lhe sobrara do cheiro da maldade,
disposto ainda a proferir um último golpe de língua.
contra mim, contra mim, deus meu - logo eu, logo eu
que me pusera a estudar em segredo
a ciência das sendas de sua dialética maliciosa.
ele falava de Chet Baker enquanto eu o ia compreendendo.
sob a farsa daquela úmida floresta de pelos havia um único e sincero apelo:
que eu guardasse no meu coração a sua sequidão,
a sua solidão etílica, a sua doença fálica,
a festa falaciosa de um menininho desamparado.
o lobo deve ter sorrido, insistindo na mentira da matéria.
e, despedindo-se ligeiro, disse-me, com sua imensa boca de lobo cerrada
(mas deixando escapar pelas brechas da dentição
uma baba que falava, articulada): estamos sempre fadados ao fim.
talvez, ele quisesse ser revelado. talvez, quisesse ser parido por mim.
e foi por isso que me privei de lhe mostrar a força do meu ventre:
porque estaria, estupidamente, entregando-lhe nas mãos a minha glória,
quando ali eu queria lhe dar, sabiamente, a minha burrice,
a minha preguiça, a minha desonestidade.
não cuspi o menino nas fuças do lobo - meu jeito de devorá-lo.
deixei-o afogar-se em sua própria seiva lamacenta de dúvidas,
fazendo, assim, com que ele pendurasse em minha parede uterina mais uma dívida.
pois que agora quero falar com você, lobinho
(lobo mau, tão mau, tão bonzinho): sim, eu o sei.
apesar do meu modo de vida vermelho, e da cesta cheia de frutas podres,
eu também sou lobo. e, em um dia de escandalosa fome, engoli a minha avó.
hoje, com a perícia ancestral de quem carrega uma velha na barriga,
posso farejar a sua presença dentro de qualquer silêncio.
-
(texto e ilustração de amanda moraes)
23 notes · View notes
Text
O Original
Em uma resposta decente: eu não tenho medo de me aproximar, tenho medo de ficar, de ser querido pelo outro. Isso me assusta. Lido bem com rejeições, a parte difícil é quando sou correspondido. Eu levando a bandeira branca sempre antes dos bombardeios. Me coloco em um alvo fácil. Sofro quando erram ? Com toda a certeza, mas sofro o triplo quando acertam. Depois de colocar várias estátuas na minha frente, eu sem abro o peito e mostro as minhas entranhas. Quem seria o louco de me deixar ir ?Quem seria o corajoso em ficar ? Eu juro que eu quero fazer diferente, só ir me abrindo sem medo
De primeira ou quase
Da primeira vez que você me leu, como "um livro de história infantil", eu assumi os meus erros. Faço isso com frequência, pois sou sempre o primeiro a me criticar, não te maneira construtiva, longe disso inclusive.
"Se eu assumo quando erro, porque eu não assumiria os meus medos" -Refleti enquanto escrevia o que seria apenas uma resposta e virou "texto".
Vou tentar reescrever ele com você aqui: espero que aprecie a minha bagunça interna, senta, fica à vontade, mas lembra que essa ainda não é a sua morada, muito menos o seu palácio gigante príncipe.
Começo dizendo: não tenho medo de me aproximar das pessoas, tenho medo de que elas fiquem. Aqui temos uma meia verdade: eu realmente não tenho medo de me aproximar, sei fazer isso com facilidade. A desonestidade aparece aqui: eu adoraria que as pessoas ficassem na minha vida.
Se anteriormente eu falei uma meia verdade, agora eu digo uma mentira: eu lido bem com rejeições e é difícil ser correspondido. Venho, por meio desse, dizer: não lido bem com rejeição e amo ser correspondido. Você acertou a respeito do medo do abandono. A solidão me assusta: morrer sozinho, viver sozinho. Não deveria ser trágico, mas para mim é um pesadelo.
Depois de uma dose de verdade, duas de mentira: eu sofro quando eles erram e sofro muito quando eles acertam. MEN-TI-RA: eu sofro quando eles erram ? SIM, sempre, mas eu AMO quando eles acertam. Me sentir visto e desejado são emoções humanas que muito me agradam.
Eu, definitivamente, "mostro as minhas entranhas", mas sem estátuas. Só eu e você meu pequeno gigante príncipe, olha isso aqui, é um texto a respeito dos demônios, todos sendo revelados para você.
Aqui vem verdade: quem seria corajoso o suficiente pra ficar? Eu apostaria em um certo alguém, mas vou ficar miudinho a respeito disso ainda.
E mais verdade: eu juro que quero fazer diferente, sem medo. E aqui estou eu, fazendo isso.
Meu texto é confuso, cheio de metáforas e referências. Eles são os meus sentimentos vomitados. Não lineares e não polidos, como o você sugeriu.
Para finalizar queria te contar da escolha do título: "De primeira ou quase" refere-se diz que essa é a primeira vez que vou tentar me libertar dos meus medos. Você foi meu primeiro encontro no Tinder. Você vai se assustar com o meu "texto", de primeira? Vamos "dar certo" de primeira? Primeira vez que escrevo um texto sabendo que alguém vai ler. Serei a sua primeira pessoa?
Obrigado por esse experiência primeira literária e quase física se ainda quiser me ver depois desse texto na segunda.
Eu juro que era pra esse texto ter sido mais rápido, mas o Tumblr inventou uma opção muito rápida de apagar parágrafos completos, sem devolutiva, então eu tive que reescrever algumas vezes, mas tá aí a intenção completa ou quase.
2 notes · View notes
Text
Feridas da Ausência Postas Sob Lírios
Os lamentos se desenham Em meus olhos pesadelos Choro licores de água suja Tingindo minha pele com cascos e gafanhotos Eu subo na mesa sob copos quebrados Danço com a alegoria de bandeiras enterradas E de minha deformidade, criaram a tal pátria vil Contra todo e qualquer resistência a beleza A carne de Sísifo em frestas de dentes Velando escombros, aceitando culpas Amanhece a tal desonestidade nos olhos Há pânico, há destreza, há iconografia Cobrira as feridas com tapa sexos Para fomentar o burburinho de sexos ambíguos Empilha-se corpos para alcançar a acunha de Saturno E esconder a intimidade sob o sol de limão Tingindo o rosto com morte de anjos O deserto pesa contra a garganta Debaixo de uma tempestade de vozes Transfigurando o tato para o olfato Fiz frases ineficientes, a correnteza de certezas Queres ser força ou Narciso, me testemunharam Não há saída além da própria memória A fuga torna-se satélite e tão já lhe desampara Os cílios corrompem o corpo frio Sem autenticidade, performando dúvidas e vitórias Deixaste-o eufórico, transmutara-o infame Comendo os horizontes da despedida das coroas da noite Blasfema meu nome em outros corpos Desmancha a fome que levaste contigo Castiga no silêncio do desastre de corpos Todo o intervalo resguardado de uma década
17 notes · View notes
lune-sz · 1 year
Text
De Fernando Sabino para Clarice lispector
Nova York, 10 de junho de 1946
Clarice,
Esta é a quarta carta que inicio para responder a sua. A primei­ra eu deixei no Brasil, só trouxe a primeira página, que vai junto. A segunda eu rasguei. A terceira eu não acabei, vai jun­to também. Hoje recebi uma carta do Paulo [Mendes Campos], dizendo que não tinha mandado até agora a resposta dele. Positivamente somos uns cachorros irremediáveis. Você por favor não ligue para isso não. Pode ter certeza de que não te esquecemos. Ainda ontem me lembrei muito de você, porque um america­no me perguntou se o meu relógio era suíço. A Suíça existe mesmo? Serão daí mesmo os queijos suíços? Me escreva, Clarice, sou tão cínico que te peço para me escrever, me res­ponder com a pontualidade e a presteza que não tenho, con­tando tudo, suas aventuras e desventuras nessa poética Seminarstrasse.¹ Do Brasil não posso te contar nada, senão o que o Paulo me contou hoje na carta dele: que o Pajé² tem tomado aos domingos porres gigantescos, colossais. Que a sensação de um libertino ao acordar na segunda-feira é a pior coisa do mundo. Que houve um comício no largo da Carioca onde choveu bala sobre os comunistas, mataram um estudante.³ Que o Rubem Braga vai indo bem. Que num chá que os aca­dêmicos ofereceram a outros acadêmicos ninguém pergun­tou por você.
Daqui de Nova York não posso te contar nada além do que você calcula. Outro dia abri um livro do Erico Verissimo sobre literatura brasileira escrito aqui,⁴ mesmo na página em que ele fazia uma referência a você. Tenho sentido muita fal­ta de seu livro que deixei no Brasil,⁵ para plagiar uns pedaços quando vou escrever o meu. Tenho tido muitas dores de cabeça, tenho ouvido histórias de espantar. Uma: o homem mais gordo do mundo fez um regime para emagrecer, ema­greceu cinquenta quilos e morreu. Tenho dado muitas gafes aqui com o meu pobre inglês. Uma: entrei num drugstore para comprar remédio para dor de cabeça e acabei levando uma loção para cabelos. Tenho tido muitos pesadelos. Um: ontem sonhei com um rato encravado na parede, guinchando de dor. Tenho reformado muitos conceitos, por exemplo: o Jayme Ovalle não é tão chato como eu imaginava. Tenho imitado Otávio de Faria em tudo o que ele não faz. Tenho feito des­cobertas importantes, por exemplo: o pecado é simplesmente tudo o que Cristo não fez. Tenho conhecido sujeitos famosos, por exemplo: Duke Ellington. Tenho tido muito pouco dinheiro. Tenho tido muitas oportunidades de ficar calado. Tenho tido muita decepção com os Correios. Tenho tido can­saço, saudade e calma. Tenho bebido muito, muito, muito. Tenho lido os suplementos dominicais. Tenho tido vontade de voltar. Tenho escrito muitas cartas para você. Tenho dor­mido muito pouco. Tenho xingado muito o Getúlio. Tenho tido muito medo de morrer. Tenho faltado muita missa aos domingos. Tenho tido muita pena de Helena ter se casado comigo. Tenho tido dor de dente. Tenho certeza que não vol­to mais. Tenho contado muito nos dedos. Tenho franzido muito o sobrolho. Tenho falado muito com os meus botões. Tenho tido muita vontade de brincar. Tenho feito muitas manifestações de apreço ao senhor diretor.⁶ Clarice, estou perdido no meio de tantos particípios passados. Estou com vontade de fumar e o meu cigarro acabou, estou com vonta­de de namorar de tarde numa pracinha cheia de árvores, estou com muitas saudades de mamãe. Aqui na minha frente, na minha mesa do escritório, tem uma pilha de 1834 fichas me esperando para serem conferidas. São tão simpáticas, as fichinhas. Me esperam e sorriem burocraticamente: conhecem o meu triste fim. Sorrio também para elas, digo que esperem: agora estou indo para Seminarstrasse.
Só de pensar que você estará lendo esta carta muitos dias depois de ter sido escrita me dá vontade de não mandar. Mas mando, isso é uma desonestidade. Você nos escreveu há um mês. Juro que não faço mais isso, foi só da primeira vez, ago­ra não faço mais. Me escreva, que responderei imediatamente. Como vai indo o seu livro? O que é que você faz às três horas da tarde? Quero saber tudo, tudo. Você tem recebido notícias do Brasil? Alguém mais escreveu sobre o seu livro? É verda­de que a Suíça é muito branca? Você mora numa casa de dois andares ou de um só? Tem cortina na janela? Ou ainda está num hotel? Oh, meu Deus, Seminarstrasse será simplesmen­te um hotel? Qual é o cigarro que você está fumando agora? Pipocas, Fernando!⁷
Clarice, em Belém eu procurei no hotel uma carta do Mário [de Andrade] para você, não encontrei. Eu delirava se pudesse te dar essa alegria. Tinha certeza de encontrar e não encontrei.
Manuel Bandeira é um sujeito muito triste, Clarice. Também não me despedi de muita gente. Também me esque­ci de muitas coisas no Brasil. Quando eu era menino, chupei uma vez tanta manga verde que fiquei doente de cama por três dias, faltei ao grupo, só vendo. Eu tinha um coelhinho chamado Pastoff. Um dia meu pai pegou o coelho e deu para um amigo, fiquei triste mesmo, chorei muito, papai foi mui­to mau. A coisa que mais gostava era no tempo de frio sair fumacinha da minha boca. Pipocas, Fernando! Clarice Lispector é uma coisa riscadinha sozinha num canto, esperando, esperando. Clarice Lispector só toma café com leite. Clarice Lispector saiu correndo no vento na chuva, molhou o vestido, perdeu o chapéu. Clarice Lispector sabe rir e chorar ao mesmo tempo, vocês já viram? Clarice Lispector é engraçada! Ela parece uma árvore. Todas as vezes que ela atravessa a rua bate uma ventania, um automóvel vem, passa por cima dela, e ela morre. Me escreva uma carta de sete páginas, Clarice.
Fernando
***
Clarice Lispector. Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, pp. 82-85.
[1] N.S.: Seminarstrasse, número 30, sede da Legação Brasileira em Berna, Suíça, onde trabalhava o marido de Clarice.
[2] N.S.: Pajé era como Otto Lara Resende era chamado no grupo dos quatro mineiros, composto por ele, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino.
[3] N.S.: No dia 26 de maio de 1946, a polícia reprimiu um comício de Imprensa Popular do Partido Comunista Brasileiro, no largo da Carioca. A violência resultou na morte da estudante Zélia Magalhães, de 22 anos, militante do Partido.
[4] N.S.: Brazilian Literature: An Outline. Nova York: MacMillan, 1945. Reúne as conferências de Erico Verissimo do período em que lecionou na Universidade da Califórnia. Publicado no Brasil com o título Breve história da literatura brasileira pela Editora Globo em 1995.
[5] N.S.: Trata-se possivelmente de Perto do coração selvagem (1943).
[6] N.S.: Alusão à primeira estrofe de “Poética”, de Manuel Bandeira, que se encontra no livro Libertinagem (1930): “Estou farto do lirismo comedido/ Do lirismo bem comportado/ Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. Diretor.”
[7] N.A.: Referência à sua predileção por pipocas, que a levou um dia a me assustar com esta incontida exclamação de alegria infantil ao passarmos no meu carro em Copacabana diante de um pipoqueiro.
Fonte: https://correio.ims.com.br/carta/clarice-lispector-parece-uma-arvore/
10 notes · View notes