Possessão
O processo agridoce é um animal que agita o tango
Dispersam as faces mescladas, filhos? Amantes?
Eu já não sei, toda a imagem parece uma coroa de espinhos
Diluído ao cruzar ígneo que o silêncio se ressalva
Cerro os olhos e mais uma vez, anéis
Eu cerco os olhos por três vez, um pássaro
Eu tramo e teimo, mas quando dou por mim
Meus pés afundam na terra molhada
Como um cervo assustado
Eu corro pela noite sem fantasia
Desviando de faróis e possessividades
Enquanto me enquadram entre os dentes
Este coração, pertence a multidões
Esse coração ama o sonho e o dilúvio
É exibido ao amor número um
Quem será que o alcançará no exílio?
Faz deste pavor, uma rosa branca
Descobrindo geografias com o tato
Salivas à mercê de lamentações no gesso
Somente eu sou capaz de mofá-las a cada grito
O abandono é cômodo a mim também
Por isso o celebro, por isso valso em seu nome
As flechas exalam todas as minhas vontades
Mas ninguém foi capaz de decifrar sua direção
Enfeitiça esses mortos tal qual abóboras
Carruagens, sóis, vigor e violência
Explodindo pelos meus olhos desgovernados
Em presumir imagens que não estão lá
Descarnado a beira dos Campos Elísios
A beira da sua própria loucura
É só a liberdade confinada há décadas
Encontrando escape em cada toque mesquinho
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Quaresma, Parte II
Eu deixei minha vontade tão oscilante
A sorte da publicidade da cidade
Me colorindo entre datas precisas
Me escondendo em suas luzes de euforia
Adorei os fragmentos de seus perfumes
Diluídos entre água, limão e crença
Debutados sob a minha carcaça
Salivando um movimento semiárido
Diabólica química se come de serpentinas
Grudadas em minha pele, adoecendo paladares
Não são minhas essas lembranças musculares
A culpa corrói todo o resto das máscaras que cultivei
Teus pertences asfixiam meus lençóis
Minha pele é uma lua de papel incendiada
O desejo é rendição que entranha corpo adentro
Enquanto rosas murcham com a radiação do mal me quer
Em meu corpo abrigam-se mágoas que magoam filhos
Em meu corpo se velam catedrais à ameaça
Em meu corpo quente decepciona
Como deus nunca perdoará os homens
Moinho amado, acredite nessas juras
Estou girando tuas hélices com a língua
Pervertendo teu hiatos entre enganos e encantos
Abandonando você como a esperança fizera comigo
Um toque laminado, vinga buracos
Invejando lamentos, arranhando a boca
Adormecendo uma quarta de cinzas
Para quem sabe, reinventar o carnaval
Essa ânsia por rezar hóspedes
Prescritos em um céu de carne
Revirando lebres, desnudando rosários
O amor é esse teatro irredimível?
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As Encruzilhadas: Nada Está a Salvo da Ignorância
Há algo mais arrastado pela atmosfera
Aqui feridas não se privam de corpos
A prosperidade se intitula monoteísta
Aqui máquinas são bandeiras de codependência
Alcança-nos, mas não nos salva
Precipícios e esquinas nos olhos
Insetos escassos amam vagar pro frestas da pele
Entranhados em lisergia ascendem lamparinas
Corporação santa e fé, abrigadas no Éden
Efeitos tardios de bulas burras devoram
Qualquer fanatismo que se prostre
Ao mastiga-los, diluem ao público
O bem-estar macabro, uma tumba resistente
Nele abrigam restos mortais de deuses,
Punhais, um blefe, lençóis sujos, copos de vidro,
Literais línguas de sogras, álibis hábeis e promessas obvias
Ambiguidade embaixo da cicatriz
A espreita, evitando beijos a roda
Seus nomes habitam em ancas de ciganas
Prazeres são lenços contra a garganta
Desmoronam bandeiras sob quimeras
A bílis anticarnal dança por adúlteros
Você ajoelhou-se, você enjoou-se
E a espera depurou uma mágoa sem solução
Anjos saltam de paredes silenciosas
Girando um ritmo que não os pertence
Gestando um carisma carnívoro
Gerando ampulhetas com materiais orgânicos
Composto acompanhado por rosas centrifugadas
Vigília sob teu assombro, nem mesmo Gabo resiste
Banal essência, anfíbia presença, acontecerá daqui três dias
Nem mesmo teu evangelho será capaz de me invadir
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Anacronismos/Vitrines
Cruzando as frestas da idade
Os pavões circuncisados
Um transe que se encarrega de mictórios
Tributando cartas onde deuses infortunam diabos
Você vê cada cultivo através do meu estômago
Esta geografia cospe uma ambiguidade torpe
Para desviar a curiosidade, para esconder o cotidiano
A partir da sobreposição que tais narrativas tecem
Tudo é ansiado, como corridas de cavalos
Tudo que fora cobiçado pelo tato, pareceu efêmero
Essas camadas de tão mescladas não se compreende
São memórias? São confissões. São ensaios? Serão efemérides
Os olhos salgados desta era
Um fio que explícita seu flerte
Oriundo a ação, evoca sutileza
Para discorrer encontros íntimos
Flui em nossa cidade uma Roma de pecados
Tão despercebidos e pouco atraentes
Mas julgar esse sim é um esporte
Praticado em toda a hierarquia da catedral
O pior território é aquele que apresenta anacronismo
O tempo se torna solidão a duas quadras daqui
Confunde-se rebelião com cigarras sem êxito
O carnaval é como uma missa de sétimo dia
No entanto, celebra-se o desencanto
Cada vez que um afeto se ergue
É expulso, tal um exorcismo
Condenando a prática para recria-la
Supor um repertório infindável de álibis e fugas
Me ame como um favor, me espere entre as sobras da crença
Me perverta enquanto há tempo, me exile em tua vertigem
Dançaremos na chuva enquanto o cheiro de terra se desprende de ti...
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Sob o Mesmo Céu Manso de Desdém
Tomado pelo êxtase de intervir o ambiente
Mesclar-se a textura de mobílias
Rezando as luzes rangendo seu nome
Um ódio palatável girando a garganta
Bagos que parem o monumento ao enxofre
Reprimir o futuro com o aço de colheres
Enfeitar a deformidade do olhar
Intuir com as mãos o trato de lanças
Ao falar meu nome, tua Hollywood dispara:
Esses sorrisos furtivos barganham rosas e viúvas
Com infelicidade, datamos a ocasião
Este desejo rema um desespero
Assim, prestes a imitar o dilema
A escassez por si só é cinema
Uma lábia de noite americana
Para prever o ritmo das vaias
Furtivo, todo aquele romance
Voltará despretensiosamente
Pulando do palco, declamando bruxismo
Envenenando a torrente da rubrica patológica
Suceder um frenesi, que arrasta pactos infringidos
Culminaremos na loucura que uma economia preza
Mistério, inclusive na coragem que se retalha
Um hotel picotado de frases embaralhadas
Abertamente intrusivo, abertamente mentira
Delirando alguns céus esculpidos com a boca
Amalgamando maldições para caberem em um coração desdentado
Capaz de tão somente vislumbrar e envolver suculentas com os dedos
Que toda essa notoriedade vira acesso a Pandora
Que toda essa argumentação devore Medusas
Que cada satélite imprudente de vaidade
Aborreça as pedras de açúcar que tramam o azedo
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Plenitude ou a Língua de Cálcio
Uma chance por vez antes do carnaval
Antes de queimarem pela última vez o último dia
A constituição não aceitava flechas
As pernas convencidas em testemunhar tornados
Nos tornamos louvores ferindo cravos
Goles prensados por cassacos
Boca, lã, pelos, unhas, sonhos, ordens
Desembrulhando por mãos de ocasião
Rimam concreto e conversão
Calcanhares são trópicos
Que dividem a civilização e o inferno
A primeira oportunidade de contra-ataque
Impérios triunfantes tremulam
O horizonte testemunhando bandeiras
Sem mãos, sem cores, sem serem hasteadas
Imateriais? Sim. Aceitas como crença? Também
Aos poucos feridas ferviam garrafas de vidro
De joelhos, os olhos saudaram unhas girando
Pele desnivelada, outro experimento
Universalmente longe das alquimias
Naturalmente inesperado, o teu regresso
Atravessando o tempo, preenchendo o eco
Cultivo as expectativas até colher histórias
Quem sabe a partilha superficial seja acolhida agora
Impetuoso conflito, têm meus anseios
Desejei definhar até a beleza acima dos trópicos
Um anjo surreal, um anjo empalhado
Por folhas das revistas de infância
O caminho infunda deformidades
Imagem tão arrebatadora
A expectativa de contrariar barganhas
Ao negociar com deuses-proles de varejeiras
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A Tal Sugestão Sui Generis
Tais detalhes que habitam a dança
Lâminas de gesso, contração de mistérios
Como se escrevesse com os dentes
Em recipientes oriundos de um barro deteriorado
O que transforma a observação em gran angular?
A maneira com que o voyeurismo vira cinismo?
A vontade com que o voyeurismo vira cinema?
A intensificação voyeurista à novas vigílias?
Todo cotidiano é domesticado
Alcançando sonhos, alcançando o impacto
Desvirtua-se a prepotência inconstante
Quebrando rosas ainda no caule
Rosários são milênios materializados
O pensamento é simultaneamente andrógeno
E impulsiona um Tânatos por segundo
Todas as coisas fúteis estão sob suas permutas
Quartos vazios reivindicados por moscas
E quem mais quiser invadir-me o corpo
Casa que Borges nenhum enfrenta
Há um surrealismo em toda essa provação
Outra vez, um vaso quebrado rouba minha atenção
Ao ver a terra, os olhos iluminam-se e a narina a encontra
Como se fosse preciso reconhecer seu perfume decrépito
Para ter a certeza que ainda há vida nesse aquário sintético
Desfeitas são métodos às saídas
E tudo que gira é uma boca circuncisada
Capaz apenas de comover-se em receitas
Temendo a própria voz, um réquiem minguado
Recaídas cenográficas saltadas da garganta
Um termo nostálgico carrega a calma ao ambiente
Fluí um velório de memórias enclausuradas
A cada gesto com pompa orientado ao interlocutor...
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Selene VIII ou o Momento Oportuno
Habitamos as quedas de impérios
Habitamos os clarões de trovões
Dançam ponteiros como lanças
Contra as veias da garganta
O coração materno sintetizado quase imediatamente
Alucina um ensaio, forja uma literatura, teimam-se aspas
Fragmenta-se os infinitos êxtases em toda a tua vinda
Batendo asas de cera como se fossem carpetes empoeirados
Eis um exercício exclusivo da tua memória muscular
A pretensão a queda livre, exaltando a nudez
Casa de absurdos, necrotério e museu
Convergindo ao mesmo instante pretérito
Construir amarras que vão submeter
Ao espaço exilado dessa narrativa
Diamantes são vislumbres da fome
Minérios que invalidam a lógica esperada
Cada grito nu, doado a afronta
Tinge as cores dessa cidade
Evaporando o limo para fora de espelhos
Contendo uma mentira hesitante em se anunciar
Evidente queima de tangos
Atravessando fissuras nos dedos
A boca febril que lança sua tração
Para cima de soldados desgovernados
A lua dos exércitos correndo entre mesas
Não há mais um satélite oscilante para clamar amor
Seus olhos são as vogais que serão comidas pela pressa
Seu corpo é a prevenção que uma reza à inseticidas ocupa
Gerúndio maculado, meandros bordados
Devolver limites e ocupar uma massa corpolenta
Para desvirtuar o curso deste rio
Tão afeiçoado a moldar paraísos
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Kabuki
As minhas varizes precisam aprender a serem bocas
E naufragarem voyeuristas antes do simpósio
É uma maldição que percebe todo o pudor
Situando uma máquina que capta rotinas
Um céu submerso e ambíguo
Lanças formadas por cálcio e fósforo
Este nome é um sacrifício útil
Aglomerado pela coragem
O futuro teria indecisão ao te encontrar e ir
Reis involuntariamente se curvariam ao seu toque
Muito além de qualquer atrofiar fisiológico
Ressoa um altar de dedos engordurados
Não temos mais traições para equilibrar
Nem mesmo uma ceia para perssuadir
Eu vi todos os seus dias recém liquidados
Sendo comemorados no jardim da tradição
Desdobra o âmbito do seu personagem, um troféu
Teu corpo resistindo sabe-se lá como
O folclore opera uma tristeza permanente
Para soterrar ainda mais o símbolo deste totem
As pernas cruzadas, manipulam esperas
As mãos trêmulas, expulsam demônios
Os cílios investem uma guerra santa
O corpo transmite um inconsciente coletivo
Como um todo, o ambiente avança
Domestica teus afetos
Até você mesmo tornar-se mobília
Convidado a participar da esfera dos adereços
Todo pesadelo é compreendido pelo mistério
Que deforma a ordem dos acontecimentos
Incendiando eternamente cada uma das vitórias
Para que com sorte, possamos resgatá-las em algum momento...
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Retrospecção
Eu posso ser noivo dos teus segredos
Eu posso ser o olho que você busca no horizonte
Ou eu posso figurar a destruição que cada prática tua
Atenua na observação implícita da sua linhagem
Submergia-se em tatos rurais com o corpo
Mistério em autos cruzando imagens e cruzes
Um dragão que gira em sentido anti-horário
Deformando a ansiedade das horas
Toda manhã hábitos exibem a vida
Deformando a dúbia presença:
Deus-e-morte em uma espiral
Mesclando a extinção ao tédio
Comer das flores de seu comício
Enterrar os vislumbres de seu corpo
Como uma cinderela moderna
Cegar os lábios que lhe insinuam
Descobre o estranhamento
Pelo cálcio prometido e cintilado
O gosto por calcanhares na ponta da língua
Como se fôssemos íntimos nesse idioma
Cada uma dessas linhas espessas
Não servem mais para separar pátrias
Não sustentam mais poesias
Não maculam a idade de ninguém
Ingerido da substância água e sal
Para deter olhares vampíricos
Posto a mesa, com função dupla:
Enfeite e entretenimento
A ceia é um experimento público
Cada um inventa o alívio que propõe
A cada toque, a tintura avulsa
Atesta contra a vontade, afastando curiosos
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Resina e Porcelana
A cada toque do garfo rende-se uma obrigação:
Uma vingança para quando a língua
Figura-se entre os punhais da traição
As aves mortas respiram pela gengiva
Intervindo por conflitos
Todo racor tem seus mortos
Que pedem por sangue
E domesticá-los é infundável
Não se respira dentro da pele
Cada ida se recusa um labirinto
Convencer coagulações
Em troca de amido
A espera é uma divisória
Entre memória e presente
Preservar os golpes inocentes
Que também serão varridos para o vácuo
Todo ato de cautela é inútil
Toda a distração encenada com zelo
Emulando um balé afrodisíaco
Também será engolindo pelo dilúvio
A tradição é uma dramaturgia
Tratando de polir vasos
Que abrigam bens orgânicos
E belezas sutis do cotidiano
A mesa de jantar é um tribunal
Onde se traçam as bordas de guerras frias
Espectros são moldados para a decadência
E tratados são aceitos com indiferença
Derrete-se os absurdos dos dentes
Cada nome que parece uma reza
Calcificam-se vitórias petulantes
Em detrimento de cerâmicas caras
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A Casa que Dante Contribuiu
Transita entre cômodos a esperança
Havia um nível de imersão na mitologia
Variando entre seringas e costelas
Um oásis a memória de elefantes é fundado
Foste visto ente Medusas e intérpretes
Confabulando deuses instáveis como animais
A mística efêmera custa a crer em austeridade
Cada aparição é o desgosto do ethos local
Esta paisagem antisséptica
Carregava ossos e cinzas
A ancestralidade não proposital
Toma para si, feitos inócuos do paladar
Esta pulsão indesejada esteve coexistindo aqui
Interpolando visitas e figuras de linguagem
Presentes em cada uma das gargantas
Que se tingem de encanto
Este país é um hotel bradando virilidade
A todo instante em todos os seus personagens atordoados
Coexistem eficientemente dentro de um teatro babilônico
Onde cada um fragmenta para si seu próprio olimpo-passivo
Imagine você, cirandando bocas
Engolindo um mantra constante
Proclamado por eletrodomésticos
Ressoando os pensamentos da máquina
Cada altar beira precipícios
Tais indicativos são:
Vampiros desdentados
Deixados para agradar hóspedes
É preciso acalma-los ou enfrentá-los
Os Cervos que se sucedem ao sacrifício
Não tem o mesmo apelo para essa época
É preciso encontrar novos deslumbramentos...
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El Rojo and Blue
Cada vez que te sonho, um riso novo floresce
Uma nova cor é desovada de minhas lágrimas
Desolado, vago por fissuras entreabertas
Pregando o antagonismo que louvamos à Tânatos
Azul marítimo, azul concreto, azul marinha,
Azul cristal, azul anoitecido, azul acontecido,
Azul fabricado, azul faca, azul castigo, azul fátuo,
Azul sociável, azul perecível, azul premeditado, azul inocente
Um riso ofuscado
Ainda amante do óbvio
Desabando joias de zinco
Do teu céu da boca contrabandeado
O futuro é vermelho, mas minha gestação
Fora toda gris, por toda a minha primeira infância
São ampulhetas e cristais de flúor dissolvidos em meu mergulho
A cada corpo sufocado em meus braços, os venenei com Mercúrio
A pólvora neon escarlate
Escala meu corpo e colide
Contra meus lábios, explodindo ressentimentos
Derretidos pelos olhos uma última vez
A corredeira continua
Me tira uma valsa e um verso
Derrama vestidos, aguça a açucena da saliva
Tais momentos atracam ao peito
Na frente daqueles trovões
Ordens são premeditações
Que a tração não encontra
Para domar cavalos selvagens
Tudo que me desperta para longe dessa noite
Era o fascínio que o horizonte prometera
O peso nos pés de mil anos desfazendo cores
Refazendo misturas para um céu púrpura
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Aquarelas
As aquarelas hostis desidratam meu paladar
Ao tecer a textura de cruzes embaixo da língua
Um mistério que clama e empurra nomes
Para um hábito artesanal de reza
Para fora dos pomares, um dia de vida
Roubando discursos, adoçando goles ácidos
Vestido a teia frágil de personagens sutis
Para a afronta de heróis tragicômicos
O laço entre pernas é uma Babel por si
Uma cidade erguida à Afrodite
Um mar agitado e em sintoma
Que faz de farmácias uma pátria
Uma tragédia submersa, pronta para acontecer
Mastigando feridas, tingindo camisas
E as nomeando como Cronos
Colecionando o posto de amante e algoz
A cada generosa queda,
Juntando os pedaços de Ícaro
Abandonando beleza e solidão
Num impasse passivo-agressivo
Dançar vigílias autobiográficas
Desintoxicando o veneno do corpo
Desencravando cada apunhalada
E sempre duvidando da letalidade dos golpes
Qualquer prazer diminuto fluí um réquiem
Todas mortes correm um rio de cores
É impossível para qualquer barqueiro
Atravessa-lo sem afogar seus passageiros
A constante que muni imagens
Com carne, pólvora, unha e cálcio
Oferta também uma torrente se torcendo
A cada par de rancores superados
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Irreconhecível Submergir
A vaidade esteve afogada
Nos rios cínicos da civilidade
Agora, convicções são passageiras
E corpos são somente covis a ovas de moscas
Estar alheio, padecer racional
Subverte a idade, transcorrerá odes
Então, teu nome será uma história
Que ninguém tem coragem de contar
Cada ato mecânico
Pesa sob o vexame
Que máquinas autoritárias
Insistem em pavimentar
Devaneios foram mercantilizados
Cavalos automatizados pensam por um fim
Lagartas aromatizadas derretem flores por mim
Fala intermitente, até transfigurar-se em um ruído
As raízes de tuas torres são ratos
Presos a quina do teu aquário
Empilhando ritmos de uma América
Disruptiva, enfileira desamores como se fosse um cemitério
Me erra a tal vinda, me acerta a correção
Como um feitiço que ara a terra
Come se Hélio defumasse a pele do mundo
Como se traças bebessem de suas bílis
Cada mácula é o caminho da vontade
Onde se encontram deuses
Onde se encontra alívio
Onde se cansa o músculo
Estes métodos o canonizaram
És, toda uma relíquia
Com requintes de crueldade
Pois odeia a crua devoção
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Tua Habitual Função: Decrescente Alívio
Deslumbra o sublime sob os olhos postos diesel
Outra vez o homem impõe suas criações
Despistando o encontro com atos passionais
Sufoca Gaia com tuas odes ao cimento e o asfalto
Cicatrizes atraem oceanos inaudíveis
Submeta batalhas que acalmem abutres
Um mantra indivisível, desconhecemos seu fim
Ou a pele de seu abnegados
Volume resgatado pelo avesso
Regenera linhas, palavras e frases
Até que um evangelho, enfim se erga
E comunique a todos sua lei
O entendo cada vez que o testemunho
Sua textura queima e envelhece o tato
Tal experiência me joga de volta
Aos primórdios de minhas ternas decisões
Ao fogo, morro abaixo
Ao esquecimento, lágrimas
Acima do estômago, o coração
Abaixo dele, somente a virilha
As rochas florescem metais
Assim lanças conspiram
A vida de seus conflitos
Afiando-se entre ossos
Finda a linha que nos ligou um dia
Carnal? Não, ao menos a este calendário
Despossuir corpos em tenro repouso
Após valsarem aos pés descalços de suas presas
Tudo que tocas emergem
Ou serpentes ou buracos
Todo segredo escapa
Quando dedos o alcançam
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Eis Pilares Dissolvidos em um Muro de Lamentações
E cada uma das coisas que anseio
São como se cavalos dançassem em meu peito
Mescla a dádiva com enfermidades
Cada tentativa de falar é uma argila coberta de gestos
Cravos remoem prazeres desmanchados
Todo sinônimo era fantasia, todo futuro era de algodão
A todo custo eu tento evitar o fundo dos seus olhos
Cada vez que me olha de volta é como se eu perdesse a cor
Marcha um medo irascível
A beirada da crosta de minha feição
Eu deveria admiti-lo, mas não posso
Aflito, me calo frente ao livramento
Tal descrença desvairada
Entre as muitas propostas
Escoado um titã desesperado
Relinchando a pele, teimando vasão
Devasta as flechas e o vigor
Corroendo tudo em um sulco de rejeição
Embriagar-se dessa substância assombrosa
E assumir a personalidade auto piedosa
É um país nefasto formado de repulsas
Todas as lacunas são preenchidas com frustações
Infunda diabos erguidos desse flagelo invisível
Eu lhe trago tinta, pele, agulhas e ressentimentos
A dúvida eclodindo em magma, purifica
Ao tardar de alguns dias, todo o mal
Será uma amalgama petrificada
Ao submerso do próprio corpo
Como um rio correndo de trás para frente
O dilúvio será adiado com toda a força
Reza ao avesso, pula pelas beiradas
Impulsiona seu próprio esquecimento
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