Tumgik
inutilidadeaflorada · 14 hours
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Possessão
O processo agridoce é um animal que agita o tango Dispersam as faces mescladas, filhos? Amantes? Eu já não sei, toda a imagem parece uma coroa de espinhos Diluído ao cruzar ígneo que o silêncio se ressalva
Cerro os olhos e mais uma vez, anéis Eu cerco os olhos por três vez, um pássaro Eu tramo e teimo, mas quando dou por mim Meus pés afundam na terra molhada
Como um cervo assustado Eu corro pela noite sem fantasia Desviando de faróis e possessividades Enquanto me enquadram entre os dentes
Este coração, pertence a multidões Esse coração ama o sonho e o dilúvio É exibido ao amor número um Quem será que o alcançará no exílio?
Faz deste pavor, uma rosa branca Descobrindo geografias com o tato Salivas à mercê de lamentações no gesso Somente eu sou capaz de mofá-las a cada grito
O abandono é cômodo a mim também Por isso o celebro, por isso valso em seu nome As flechas exalam todas as minhas vontades Mas ninguém foi capaz de decifrar sua direção
Enfeitiça esses mortos tal qual abóboras Carruagens, sóis, vigor e violência Explodindo pelos meus olhos desgovernados Em presumir imagens que não estão lá
Descarnado a beira dos Campos Elísios A beira da sua própria loucura É só a liberdade confinada há décadas Encontrando escape em cada toque mesquinho
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Quaresma, Parte II
Eu deixei minha vontade tão oscilante A sorte da publicidade da cidade Me colorindo entre datas precisas Me escondendo em suas luzes de euforia
Adorei os fragmentos de seus perfumes Diluídos entre água, limão e crença Debutados sob a minha carcaça Salivando um movimento semiárido
Diabólica química se come de serpentinas Grudadas em minha pele, adoecendo paladares Não são minhas essas lembranças musculares A culpa corrói todo o resto das máscaras que cultivei
Teus pertences asfixiam meus lençóis Minha pele é uma lua de papel incendiada O desejo é rendição que entranha corpo adentro Enquanto rosas murcham com a radiação do mal me quer
Em meu corpo abrigam-se mágoas que magoam filhos Em meu corpo se velam catedrais à ameaça Em meu corpo quente decepciona Como deus nunca perdoará os homens
Moinho amado, acredite nessas juras Estou girando tuas hélices com a língua Pervertendo teu hiatos entre enganos e encantos Abandonando você como a esperança fizera comigo
Um toque laminado, vinga buracos Invejando lamentos, arranhando a boca Adormecendo uma quarta de cinzas Para quem sabe, reinventar o carnaval
Essa ânsia por rezar hóspedes Prescritos em um céu de carne Revirando lebres, desnudando rosários O amor é esse teatro irredimível?
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As Encruzilhadas: Nada Está a Salvo da Ignorância
Há algo mais arrastado pela atmosfera Aqui feridas não se privam de corpos A prosperidade se intitula monoteísta Aqui máquinas são bandeiras de codependência
Alcança-nos, mas não nos salva Precipícios e esquinas nos olhos Insetos escassos amam vagar pro frestas da pele Entranhados em lisergia ascendem lamparinas
Corporação santa e fé, abrigadas no Éden Efeitos tardios de bulas burras devoram Qualquer fanatismo que se prostre Ao mastiga-los, diluem ao público
O bem-estar macabro, uma tumba resistente Nele abrigam restos mortais de deuses, Punhais, um blefe, lençóis sujos, copos de vidro, Literais línguas de sogras, álibis hábeis e promessas obvias
Ambiguidade embaixo da cicatriz A espreita, evitando beijos a roda Seus nomes habitam em ancas de ciganas Prazeres são lenços contra a garganta
Desmoronam bandeiras sob quimeras A bílis anticarnal dança por adúlteros Você ajoelhou-se, você enjoou-se E a espera depurou uma mágoa sem solução
Anjos saltam de paredes silenciosas Girando um ritmo que não os pertence Gestando um carisma carnívoro Gerando ampulhetas com materiais orgânicos
Composto acompanhado por rosas centrifugadas Vigília sob teu assombro, nem mesmo Gabo resiste Banal essência, anfíbia presença, acontecerá daqui três dias Nem mesmo teu evangelho será capaz de me invadir
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Anacronismos/Vitrines
Cruzando as frestas da idade Os pavões circuncisados Um transe que se encarrega de mictórios Tributando cartas onde deuses infortunam diabos
Você vê cada cultivo através do meu estômago Esta geografia cospe uma ambiguidade torpe Para desviar a curiosidade, para esconder o cotidiano A partir da sobreposição que tais narrativas tecem
Tudo é ansiado, como corridas de cavalos Tudo que fora cobiçado pelo tato, pareceu efêmero Essas camadas de tão mescladas não se compreende São memórias? São confissões. São ensaios? Serão efemérides
Os olhos salgados desta era Um fio que explícita seu flerte Oriundo a ação, evoca sutileza Para discorrer encontros íntimos
Flui em nossa cidade uma Roma de pecados Tão despercebidos e pouco atraentes Mas julgar esse sim é um esporte Praticado em toda a hierarquia da catedral
O pior território é aquele que apresenta anacronismo O tempo se torna solidão a duas quadras daqui Confunde-se rebelião com cigarras sem êxito O carnaval é como uma missa de sétimo dia
No entanto, celebra-se o desencanto Cada vez que um afeto se ergue É expulso, tal um exorcismo Condenando a prática para recria-la
Supor um repertório infindável de álibis e fugas Me ame como um favor, me espere entre as sobras da crença Me perverta enquanto há tempo, me exile em tua vertigem Dançaremos na chuva enquanto o cheiro de terra se desprende de ti...
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Sob o Mesmo Céu Manso de Desdém
Tomado pelo êxtase de intervir o ambiente Mesclar-se a textura de mobílias Rezando as luzes rangendo seu nome Um ódio palatável girando a garganta
Bagos que parem o monumento ao enxofre Reprimir o futuro com o aço de colheres Enfeitar a deformidade do olhar Intuir com as mãos o trato de lanças
Ao falar meu nome, tua Hollywood dispara: Esses sorrisos furtivos barganham rosas e viúvas Com infelicidade, datamos a ocasião Este desejo rema um desespero
Assim, prestes a imitar o dilema A escassez por si só é cinema Uma lábia de noite americana Para prever o ritmo das vaias
Furtivo, todo aquele romance Voltará despretensiosamente Pulando do palco, declamando bruxismo Envenenando a torrente da rubrica patológica
Suceder um frenesi, que arrasta pactos infringidos Culminaremos na loucura que uma economia preza Mistério, inclusive na coragem que se retalha Um hotel picotado de frases embaralhadas
Abertamente intrusivo, abertamente mentira Delirando alguns céus esculpidos com a boca Amalgamando maldições para caberem em um coração desdentado Capaz de tão somente vislumbrar e envolver suculentas com os dedos
Que toda essa notoriedade vira acesso a Pandora Que toda essa argumentação devore Medusas Que cada satélite imprudente de vaidade Aborreça as pedras de açúcar que tramam o azedo
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Plenitude ou a Língua de Cálcio
Uma chance por vez antes do carnaval Antes de queimarem pela última vez o último dia A constituição não aceitava flechas As pernas convencidas em testemunhar tornados
Nos tornamos louvores ferindo cravos Goles prensados por cassacos Boca, lã, pelos, unhas, sonhos, ordens Desembrulhando por mãos de ocasião
Rimam concreto e conversão Calcanhares são trópicos Que dividem a civilização e o inferno A primeira oportunidade de contra-ataque
Impérios triunfantes tremulam O horizonte testemunhando bandeiras Sem mãos, sem cores, sem serem hasteadas Imateriais? Sim. Aceitas como crença? Também
Aos poucos feridas ferviam garrafas de vidro De joelhos, os olhos saudaram unhas girando Pele desnivelada, outro experimento Universalmente longe das alquimias
Naturalmente inesperado, o teu regresso Atravessando o tempo, preenchendo o eco Cultivo as expectativas até colher histórias Quem sabe a partilha superficial seja acolhida agora
Impetuoso conflito, têm meus anseios Desejei definhar até a beleza acima dos trópicos Um anjo surreal, um anjo empalhado Por folhas das revistas de infância
O caminho infunda deformidades Imagem tão arrebatadora A expectativa de contrariar barganhas Ao negociar com deuses-proles de varejeiras
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A Tal Sugestão Sui Generis
Tais detalhes que habitam a dança Lâminas de gesso, contração de mistérios Como se escrevesse com os dentes Em recipientes oriundos de um barro deteriorado
O que transforma a observação em gran angular? A maneira com que o voyeurismo vira cinismo? A vontade com que o voyeurismo vira cinema? A intensificação voyeurista à novas vigílias?
Todo cotidiano é domesticado Alcançando sonhos, alcançando o impacto Desvirtua-se a prepotência inconstante Quebrando rosas ainda no caule
Rosários são milênios materializados O pensamento é simultaneamente andrógeno E impulsiona um Tânatos por segundo Todas as coisas fúteis estão sob suas permutas
Quartos vazios reivindicados por moscas E quem mais quiser invadir-me o corpo Casa que Borges nenhum enfrenta Há um surrealismo em toda essa provação
Outra vez, um vaso quebrado rouba minha atenção Ao ver a terra, os olhos iluminam-se e a narina a encontra Como se fosse preciso reconhecer seu perfume decrépito Para ter a certeza que ainda há vida nesse aquário sintético
Desfeitas são métodos às saídas E tudo que gira é uma boca circuncisada Capaz apenas de comover-se em receitas Temendo a própria voz, um réquiem minguado
Recaídas cenográficas saltadas da garganta Um termo nostálgico carrega a calma ao ambiente Fluí um velório de memórias enclausuradas A cada gesto com pompa orientado ao interlocutor...
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Selene VIII ou o Momento Oportuno
Habitamos as quedas de impérios Habitamos os clarões de trovões Dançam ponteiros como lanças Contra as veias da garganta
O coração materno sintetizado quase imediatamente Alucina um ensaio, forja uma literatura, teimam-se aspas Fragmenta-se os infinitos êxtases em toda a tua vinda Batendo asas de cera como se fossem carpetes empoeirados
Eis um exercício exclusivo da tua memória muscular A pretensão a queda livre, exaltando a nudez Casa de absurdos, necrotério e museu Convergindo ao mesmo instante pretérito
Construir amarras que vão submeter Ao espaço exilado dessa narrativa Diamantes são vislumbres da fome Minérios que invalidam a lógica esperada
Cada grito nu, doado a afronta Tinge as cores dessa cidade Evaporando o limo para fora de espelhos Contendo uma mentira hesitante em se anunciar
Evidente queima de tangos Atravessando fissuras nos dedos A boca febril que lança sua tração Para cima de soldados desgovernados
A lua dos exércitos correndo entre mesas Não há mais um satélite oscilante para clamar amor Seus olhos são as vogais que serão comidas pela pressa Seu corpo é a prevenção que uma reza à inseticidas ocupa
Gerúndio maculado, meandros bordados Devolver limites e ocupar uma massa corpolenta Para desvirtuar o curso deste rio Tão afeiçoado a moldar paraísos
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Kabuki
As minhas varizes precisam aprender a serem bocas E naufragarem voyeuristas antes do simpósio É uma maldição que percebe todo o pudor Situando uma máquina que capta rotinas
Um céu submerso e ambíguo Lanças formadas por cálcio e fósforo Este nome é um sacrifício útil Aglomerado pela coragem
O futuro teria indecisão ao te encontrar e ir Reis involuntariamente se curvariam ao seu toque Muito além de qualquer atrofiar fisiológico Ressoa um altar de dedos engordurados
Não temos mais traições para equilibrar Nem mesmo uma ceia para perssuadir Eu vi todos os seus dias recém liquidados Sendo comemorados no jardim da tradição
Desdobra o âmbito do seu personagem, um troféu Teu corpo resistindo sabe-se lá como O folclore opera uma tristeza permanente Para soterrar ainda mais o símbolo deste totem
As pernas cruzadas, manipulam esperas As mãos trêmulas, expulsam demônios Os cílios investem uma guerra santa O corpo transmite um inconsciente coletivo
Como um todo, o ambiente avança Domestica teus afetos Até você mesmo tornar-se mobília Convidado a participar da esfera dos adereços
Todo pesadelo é compreendido pelo mistério Que deforma a ordem dos acontecimentos Incendiando eternamente cada uma das vitórias Para que com sorte, possamos resgatá-las em algum momento...
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inutilidadeaflorada · 10 days
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Retrospecção
Eu posso ser noivo dos teus segredos Eu posso ser o olho que você busca no horizonte Ou eu posso figurar a destruição que cada prática tua Atenua na observação implícita da sua linhagem
Submergia-se em tatos rurais com o corpo Mistério em autos cruzando imagens e cruzes Um dragão que gira em sentido anti-horário Deformando a ansiedade das horas
Toda manhã hábitos exibem a vida Deformando a dúbia presença: Deus-e-morte em uma espiral Mesclando a extinção ao tédio
Comer das flores de seu comício Enterrar os vislumbres de seu corpo Como uma cinderela moderna Cegar os lábios que lhe insinuam
Descobre o estranhamento Pelo cálcio prometido e cintilado O gosto por calcanhares na ponta da língua Como se fôssemos íntimos nesse idioma
Cada uma dessas linhas espessas Não servem mais para separar pátrias Não sustentam mais poesias Não maculam a idade de ninguém
Ingerido da substância água e sal Para deter olhares vampíricos Posto a mesa, com função dupla: Enfeite e entretenimento
A ceia é um experimento público Cada um inventa o alívio que propõe A cada toque, a tintura avulsa Atesta contra a vontade, afastando curiosos
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inutilidadeaflorada · 11 days
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Resina e Porcelana
A cada toque do garfo rende-se uma obrigação: Uma vingança para quando a língua Figura-se entre os punhais da traição As aves mortas respiram pela gengiva
Intervindo por conflitos Todo racor tem seus mortos Que pedem por sangue E domesticá-los é infundável
Não se respira dentro da pele Cada ida se recusa um labirinto Convencer coagulações Em troca de amido
A espera é uma divisória Entre memória e presente Preservar os golpes inocentes Que também serão varridos para o vácuo
Todo ato de cautela é inútil Toda a distração encenada com zelo Emulando um balé afrodisíaco Também será engolindo pelo dilúvio
A tradição é uma dramaturgia Tratando de polir vasos Que abrigam bens orgânicos E belezas sutis do cotidiano
A mesa de jantar é um tribunal Onde se traçam as bordas de guerras frias Espectros são moldados para a decadência E tratados são aceitos com indiferença
Derrete-se os absurdos dos dentes Cada nome que parece uma reza Calcificam-se vitórias petulantes Em detrimento de cerâmicas caras
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inutilidadeaflorada · 13 days
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A Casa que Dante Contribuiu
Transita entre cômodos a esperança Havia um nível de imersão na mitologia Variando entre seringas e costelas Um oásis a memória de elefantes é fundado
Foste visto ente Medusas e intérpretes Confabulando deuses instáveis como animais A mística efêmera custa a crer em austeridade Cada aparição é o desgosto do ethos local
Esta paisagem antisséptica Carregava ossos e cinzas A ancestralidade não proposital Toma para si, feitos inócuos do paladar
Esta pulsão indesejada esteve coexistindo aqui Interpolando visitas e figuras de linguagem Presentes em cada uma das gargantas Que se tingem de encanto
Este país é um hotel bradando virilidade A todo instante em todos os seus personagens atordoados Coexistem eficientemente dentro de um teatro babilônico Onde cada um fragmenta para si seu próprio olimpo-passivo
Imagine você, cirandando bocas Engolindo um mantra constante Proclamado por eletrodomésticos Ressoando os pensamentos da máquina
Cada altar beira precipícios Tais indicativos são: Vampiros desdentados Deixados para agradar hóspedes
É preciso acalma-los ou enfrentá-los Os Cervos que se sucedem ao sacrifício Não tem o mesmo apelo para essa época É preciso encontrar novos deslumbramentos...
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inutilidadeaflorada · 14 days
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El Rojo and Blue
Cada vez que te sonho, um riso novo floresce Uma nova cor é desovada de minhas lágrimas Desolado, vago por fissuras entreabertas Pregando o antagonismo que louvamos à Tânatos
Azul marítimo, azul concreto, azul marinha, Azul cristal, azul anoitecido, azul acontecido, Azul fabricado, azul faca, azul castigo, azul fátuo, Azul sociável, azul perecível, azul premeditado, azul inocente
Um riso ofuscado Ainda amante do óbvio Desabando joias de zinco Do teu céu da boca contrabandeado
O futuro é vermelho, mas minha gestação Fora toda gris, por toda a minha primeira infância São ampulhetas e cristais de flúor dissolvidos em meu mergulho A cada corpo sufocado em meus braços, os venenei com Mercúrio
A pólvora neon escarlate Escala meu corpo e colide Contra meus lábios, explodindo ressentimentos Derretidos pelos olhos uma última vez
A corredeira continua Me tira uma valsa e um verso Derrama vestidos, aguça a açucena da saliva Tais momentos atracam ao peito
Na frente daqueles trovões Ordens são premeditações Que a tração não encontra Para domar cavalos selvagens
Tudo que me desperta para longe dessa noite Era o fascínio que o horizonte prometera O peso nos pés de mil anos desfazendo cores Refazendo misturas para um céu púrpura
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inutilidadeaflorada · 15 days
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Aquarelas
As aquarelas hostis desidratam meu paladar Ao tecer a textura de cruzes embaixo da língua Um mistério que clama e empurra nomes Para um hábito artesanal de reza
Para fora dos pomares, um dia de vida Roubando discursos, adoçando goles ácidos Vestido a teia frágil de personagens sutis Para a afronta de heróis tragicômicos
O laço entre pernas é uma Babel por si Uma cidade erguida à Afrodite Um mar agitado e em sintoma Que faz de farmácias uma pátria
Uma tragédia submersa, pronta para acontecer Mastigando feridas, tingindo camisas E as nomeando como Cronos Colecionando o posto de amante e algoz
A cada generosa queda, Juntando os pedaços de Ícaro Abandonando beleza e solidão Num impasse passivo-agressivo
Dançar vigílias autobiográficas Desintoxicando o veneno do corpo Desencravando cada apunhalada E sempre duvidando da letalidade dos golpes
Qualquer prazer diminuto fluí um réquiem Todas mortes correm um rio de cores É impossível para qualquer barqueiro Atravessa-lo sem afogar seus passageiros
A constante que muni imagens Com carne, pólvora, unha e cálcio Oferta também uma torrente se torcendo A cada par de rancores superados
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inutilidadeaflorada · 16 days
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Irreconhecível Submergir
A vaidade esteve afogada Nos rios cínicos da civilidade Agora, convicções são passageiras E corpos são somente covis a ovas de moscas
Estar alheio, padecer racional Subverte a idade, transcorrerá odes Então, teu nome será uma história Que ninguém tem coragem de contar
Cada ato mecânico Pesa sob o vexame Que máquinas autoritárias Insistem em pavimentar
Devaneios foram mercantilizados Cavalos automatizados pensam por um fim Lagartas aromatizadas derretem flores por mim Fala intermitente, até transfigurar-se em um ruído
As raízes de tuas torres são ratos Presos a quina do teu aquário Empilhando ritmos de uma América Disruptiva, enfileira desamores como se fosse um cemitério
Me erra a tal vinda, me acerta a correção Como um feitiço que ara a terra Come se Hélio defumasse a pele do mundo Como se traças bebessem de suas bílis
Cada mácula é o caminho da vontade Onde se encontram deuses Onde se encontra alívio Onde se cansa o músculo
Estes métodos o canonizaram És, toda uma relíquia Com requintes de crueldade Pois odeia a crua devoção
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inutilidadeaflorada · 17 days
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Tua Habitual Função: Decrescente Alívio
Deslumbra o sublime sob os olhos postos diesel Outra vez o homem impõe suas criações Despistando o encontro com atos passionais Sufoca Gaia com tuas odes ao cimento e o asfalto
Cicatrizes atraem oceanos inaudíveis Submeta batalhas que acalmem abutres Um mantra indivisível, desconhecemos seu fim Ou a pele de seu abnegados
Volume resgatado pelo avesso Regenera linhas, palavras e frases Até que um evangelho, enfim se erga E comunique a todos sua lei
O entendo cada vez que o testemunho Sua textura queima e envelhece o tato Tal experiência me joga de volta Aos primórdios de minhas ternas decisões
Ao fogo, morro abaixo Ao esquecimento, lágrimas Acima do estômago, o coração Abaixo dele, somente a virilha
As rochas florescem metais Assim lanças conspiram A vida de seus conflitos Afiando-se entre ossos
Finda a linha que nos ligou um dia Carnal? Não, ao menos a este calendário Despossuir corpos em tenro repouso Após valsarem aos pés descalços de suas presas
Tudo que tocas emergem Ou serpentes ou buracos Todo segredo escapa Quando dedos o alcançam
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inutilidadeaflorada · 18 days
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Eis Pilares Dissolvidos em um Muro de Lamentações
E cada uma das coisas que anseio São como se cavalos dançassem em meu peito Mescla a dádiva com enfermidades Cada tentativa de falar é uma argila coberta de gestos
Cravos remoem prazeres desmanchados Todo sinônimo era fantasia, todo futuro era de algodão A todo custo eu tento evitar o fundo dos seus olhos Cada vez que me olha de volta é como se eu perdesse a cor
Marcha um medo irascível A beirada da crosta de minha feição Eu deveria admiti-lo, mas não posso Aflito, me calo frente ao livramento
Tal descrença desvairada Entre as muitas propostas Escoado um titã desesperado Relinchando a pele, teimando vasão
Devasta as flechas e o vigor Corroendo tudo em um sulco de rejeição Embriagar-se dessa substância assombrosa E assumir a personalidade auto piedosa
É um país nefasto formado de repulsas Todas as lacunas são preenchidas com frustações Infunda diabos erguidos desse flagelo invisível Eu lhe trago tinta, pele, agulhas e ressentimentos
A dúvida eclodindo em magma, purifica Ao tardar de alguns dias, todo o mal Será uma amalgama petrificada Ao submerso do próprio corpo
Como um rio correndo de trás para frente O dilúvio será adiado com toda a força Reza ao avesso, pula pelas beiradas Impulsiona seu próprio esquecimento
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