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#críticas literárias
livrosencaracolados · 7 months
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"A Rapariga Que Bebeu a Lua"
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Sɪɴᴏᴘsᴇ Oғɪᴄɪᴀʟ: "É claro que há magia na luz das estrelas. Toda a gente o sabe. O luar, esse, bom, é outra história. O luar é mágico. Perguntem a quem quiserem." Todos os anos, o Povo do Protetorado oferece um bebé à bruxa que vive na floresta. Esperam que a oferenda a impeça de aterrorizar a aldeia. Porém, a bruxa, Xan, é um ser amável. Vive com um Monstro do Pântano muito sábio e um Dragão Perfeitamente Minúsculo. Xan salva as crianças e deixa-as no outro lado da floresta com famílias que as desejam. Pelo caminho, vai alimentando os bebés com a luz das estrelas. Certo ano, por acidente, Xan dá de beber luar a um bebé, enchendo uma criança normal de uma magia extraordinária. A bruxa decide, então, criar a menina, a quem dá o nome de Luna. Por volta dos seus 13 anos, Luna começa a sentir a magia e as suas perigosas consequências. Entretanto, um jovem do Protetorado está determinado a libertar o seu povo matando a bruxa. É então que um bando de aves mortíferas com misteriosas intenções se junta ali perto, enquanto um vulcão, adormecido há séculos, ronca debaixo da superfície e uma mulher com um coração de tigre começa a andar à caça...
Aᴜᴛᴏʀᴀ: Kelly Barnhill.
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ALERTA SPOILERS!
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O Mᴇᴜ Rᴇsᴜᴍᴏ: No Protetorado, um lugar entre um grande pântano e uma floresta tenebrosa habitado por pessoas tristes e anciões traiçoeiros, chegou o dia do Sacrifício, no qual um bebé é abandonado nos limites da cidade e entregue à sua sorte para apaziguar uma bruxa canibal. O sacrifício é uma obrigação anual e como em todas as matérias do Protetorado, corre sempre exatamente de acordo com o plano. Pelo menos corria, até um dia do Sacrífico em particular ser alvo de uma tríade de anomalias, com uma mãe a desafiar a lei, um rapaz a opor-se às práticas dos anciões e uma bebé com uma marca especial na testa a ser oferecida. Felizmente para a bebé, os esquemas dos anciões são arruinados nas suas costas por uma bruxa bem real e nada malvada, Xan, que perplexa pelo costume da população, salva os bebés e leva-os até às Cidades Livres, onde podem crescer felizes. Ora, os planos de Xan também se revelam pouco frutíferos neste dia do Sacrifício, a bebé distrai-a e acaba por beber luar em dozes imensas, o que a torna tão mágica que elimina a opção de ser criada por pessoas normais, ficando a bruxa com esse dever. Infelizmente para ela, para um Monstro do Pântano mais velho do que a magia e para um dragão com complexos de tamanho, criar Luna vem com desafios maiores do que a típica inquietude da infância, e quando a menina começa a transformar rios em bolo e a dar asas a cabras sem ter consciência disso, Xan decide que tem de a parar. Um feitiço dificílimo depois, a imensidão da magia da Luna fica fechada a sete chaves num grãozinho de areia no seu cérebro, aí escondido até ela fazer 13 anos e conseguir compreender a seriedade dos seus poderes. O feitiço acaba por ter implicações mais problemáticas do que previsto quando Xan percebe que não foi só a magia de Luna que foi bloqueada, mas também a sua habilidade de aprender sobre ela ou de sequer reconhecer o conceito. Assim, as ambições da bruxa ficam condenadas ao fracasso, sem poder preparar a rapariga para o desafio que a espera, tudo o que pode fazer é agarrar-se ao tempo que lhe resta com a neta até aos seus treze anos chegarem e o seu corpo pagar o preço do encantamento. Enquanto isso, Antain, um rapaz tão abençoado como amaldiçoado, foi liberto das suas obrigações com os anciões pelos pássaros mortíferos da louca da torre e, longe das atenções do povo, começa a aperceber-se de coisas que nunca ninguém reparou. Disposto a dar uma oportunidade à bruxa do Protetorado, tem essa hipótese arruinada por um mal-entendido, e quando o seu próprio bebé chega ao mundo, decidi colocar um fim à sua era de terror. O relógio continua a avançar e a sementinha na cabeça da Luna vai abrindo. Quando mapas, origamis e mensagens em papel começam a brotar do nada e a pairar, ruínas de castelos passam a falar, uma mulher enclausurada consegue escapar e histórias antes tão firmes como verdades ameaçam desabar, há pouco de familiar que reste a Luna, mas às vezes o que conhecemos tem de cair para algo melhor se levantar.
Cʀɪᴛᴇ́ʀɪᴏs ᴅᴇ Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ:
Qᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴀ Pʀᴏsᴀ: É puramente fantástica, uma das mais deslumbrantes que já li. Mesmo que este livro não fosse de fantasia, tenho a certeza que a escrita passaria a sensação de magia para o leitor, então o facto de ser, significa que a prosa reforça as sensações e o ambiente que a autora quer criar. A parte mais impressionante é o facto de a beleza da prosa não se alicerçar em exageros de metáforas ou em esforços de atingir profundidade, a habilidade da escritora está simplesmente presente nas suas palavras, e essa é a maior marca de talento que há.
Hɪsᴛᴏ́ʀɪᴀ: Este livro GRITA futuro clássico. A escritora não só criou um mundo detalhadamente articulado, mas uma história que tem coisas a dizer por todos os cantos. A grande maioria do livro é passado a construir em frente dos olhos do leitor esse mundo, a dar a conhecer cada vez mais as dinâmicas do funcionamento das populações que vivem de formas completamente opostas e o porquê do desfasamento entre elas. Foi tudo pensado, desde o porquê do Protetorado viver em pobreza, à forma como sobrevivem, a como caíram na nuvem de melancolia e cegueira que os impede de perceber que há um mundo lá fora... Há tanto de magia e maravilha como de praticidade e escuridão, o equilíbrio é um feito notável que acaba por permitir que o texto seja acessível e apelativo a várias idades, sem excluir ninguém. A nível da explicação de como a magia existe e se manifesta, também não há nenhum defeito a apontar, a escritora expressa-o perfeitamente e parece tão claro como uma ciência, é quase como se sempre soubéssemos os efeitos que cada quantidade de magia tem, de tão óbvio. A melhor parte deste livro é, sem dúvida nenhuma, a forma como todos os aspetos que foram introduzidos lentamente e sem aparente conexão, se acabam por interligar e encaixar tão perfeitamente como peças de puzzle, nas últimas 100 páginas são feitos cliques contínuos no nosso cérebro que são tão satisfatórios que nos empurram a ler mais e mais porque, afinal, nada é por acaso. A nível da progressão da história, é que posso colocar um senão, foi sendo criado um clímax ao longo das páginas e para o fim, apesar de todas as pontas soltas serem abordadas e resolvidas, parece que todo o perigo que era esperado se evapora, que a batalha final não se alinha com o que estava a ser aludido apesar de o grande vilão por trás de tudo ter a capacidade para isso. Foi uma pena.
Pᴇʀsᴏɴᴀɢᴇɴs: Todos os personagens BRILHAM. A Luna é a estrela, claro (ou a lua devo dizer), mas o seu percurso está interligado com o dos outros de forma genial. Ela começa o livro como alguém inconsciente que radia tanta magia como uma fonte jorra água, e faz sentido, é uma criança criada num ambiente cheio de amor que lhe permite ser ela própria sem reservas, mas quando lhe retiram a magia, sem ela se aperceber sequer, é obrigada a começar do zero e a adquirir todo o outro conhecimento que existe para equilibrar a balança. É com tudo isso que, quando a magia volta a aparecer, ela tem os recursos para se tornar em quem estava destinada a ser. Mais interessante ainda é o facto dela funcionar como um paralelo de Xan. A magia apareceu na vida de Xan como na de Luna, a bruxa foi criada por espécies de "Fadas Madrinhas" que a guiaram como ela e os companheiros guiaram a Luna e, foi destinada a ver o seu guardião, a pessoa que mais amava no mundo, definhar e desaparecer por ter tentado proteger os seus rios de poder dos interesseiros, como a Luna foi. As duas passam por jornadas impossivelmente parecidas e só quando largam a teimosia e se juntam é que percebem o quanto podem criar. Antes da Luna, Xan viveu uma vida infinitamente mais longa do que esperava, com muito propósito e pouca felicidade, mas é através das lições que a rapariga lhe ensina que ganha a força para confrontar os demónios que há tanto a atormentavam, alcançando a realização que finalmente lhe permite partir em paz. Já a louca da torre, a mãe da Luna, é uma personagem poderosíssima que eu não só vejo como uma desafiadora do conceito de loucura, mas como alguém que o humaniza. É mais do que mostrado que no início ela era alguém tão "normal" como os outros, e que foi por consequência de ter desafiado as normais impostas que foi severamente castigada e encurralada num sítio de tanta dor que era inevitável que perdesse a sanidade. A sua loucura beneficia as pessoas no poder e alimenta um sistema que só as favorece a elas, daí não haver qualquer tipo de ajuda ou sequer compaixão presente, foi criada uma imagem à volta do seu estado mental que a isola. Na verdade, ela é uma vítima e tudo o que fez para se encontrar na sua posição miserável foi deixar que o amor pela filha vencesse o medo dos líderes. Acho que esta ideia diz o suficiente para eu não ter que explicar as suas ramificações para o mundo real. Podia também falar de Antain e Ethyne, mas vou rematar este tópico com uma consideração sobre os vilões. Os antagonistas costumam cair em dois clichés: ou são completamente horríveis e irredimíveis e não há um pingo de humanidade neles, ou então começam com uma imagem má que vai sendo minada ao longo da história porque se vê que o escritor claramente quer desculpar todos os feitos do seu vilão para lhe dar um parceiro romântico (isto não no sentido bem feito do trabalho para a redenção, mas no de alguém que continuamente faz coisas imagináveis ser perdoado só por ser bonito e ter tido um passado traumático). Aqui, isso não acontece. Neste livro, os maus da fita vão mostrando fraquezas e acabam por revelar humanidade e como o sofrimento os moldou, e isso permite-lhes alguma compaixão, mas nunca lhes garante um perdão imediato, isso fica sempre como uma porta aberta que lhes cabe a eles atravessar. Mais importante ainda, o facto de eles terem sentimentos por baixo da malvadez não lhes ativa instantaneamente os instintos bons, eles acabam por escolher não mudar a forma como são e, de uma forma bastante kármica, o seu castigo é uma solidão melancólica e impotente que lhes vai durar até ao fim dos seus dias, condenando-os a serem esquecidos em prol de toda a felicidade que agora inunda o Protetorado. Estes vilões dão-nos uma lição muito importante, ter empatia e compaixão pelo sofrimento de alguém não tem de significar subjugarmo-nos à sua presença, as pessoas são quem escolhem ser e a bondade também se aplica a perceber que ambientes são benéficos para nós próprios.
Rᴏᴍᴀɴᴄᴇ: Só existe o de Ethyne e Aintain e embora não se passe muito tempo a falar disso ou de como ficaram juntos, o efeito que têm um sobre o outro está explícito, e é lindo.
Iᴍᴇʀsᴀ̃ᴏ: O início e o fim são absolutamente cativantes, é um livro tão rico! Exatamente por ter tanto material incrível é que dá a sensação que devia estar dividido em dois, para certas partes se alongarem e se poder "espremer" toda a riqueza sem apressar outras. Desta forma, perdi alguma concentração no meio da história, o que é realmente triste.
Iᴍᴘᴀᴄᴛᴏ: É uma história belíssima sobre o poder do conhecimento, do amor, da dor e, principalmente, das próprias histórias. A quantidade de comentários sociais que eu fui encontrando é incrível, é como entrar numa mina de diamantes.
Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ:⭐⭐⭐⭐+ ½
Iᴅᴀᴅᴇ Aᴄᴏɴsᴇʟʜᴀᴅᴀ: Acho que a partir dos 13, 14 este livro já começa a ser lido com alguma clareza. Tal como os clássicos do Peter Pan e afins, é o tipo de história mágica que com tanto que tem a dizer, esconde muitas camadas por trás da fantasia e pode ser sempre redescoberto quando se tem mais idade e consciência.
Cᴏɴᴄʟᴜsᴀ̃ᴏ/Oᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: Se há uma certeza que eu tenho, é que vou ler mais obras da Kelly Barnhil. Para fãs de dragões grandes e pequenos, monstros poéticos, ambientes sombrios, objetos que concedem poderes para lá do imaginável, sociedades secretas que escondem bibliotecas cheias de conhecimento e o conceito da família ser o que escolhemos que seja...é isto aqui. RECOMENDO.
Pᴀʀᴀ ᴏʙᴛᴇʀ: A Rapariga que Bebeu a Lua, Kelly Barnhill - Livro - Bertrand
Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
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primeirapagina · 1 year
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fui dormir muda, acordei calada
Tenho o desprazer de confirmar que minha primeira leitura, de livro, do ano foi uma merda. Eu não sei porque eu continuo dando murro em ponta de faca e lendo dark romance, não sei o que eu acho que vai acontecer, se eu vou ter uma revelação, ou se eu espero algo totalmente diferente de dark romance. Eu devo gostar dessa tortura de ler esse gênero.
Silent Vows é sobre uma querida não tão querida que resolve ficar muda, Naomi, porque o pai dela matou a mãe dela. Quando eu descrevo assim, parece um motivo idiota, mas fica ainda mais idiota, quando coloca a merda da máfia no meio, porque, além disso tudo, ela ficou prometida para um sarado rude, machista encubado, e da máfia, porque ela também é da máfia.
Prometida é um eufemismo. Ela foi escolhida por Conner, um mafioso da família irlandesa, porque ela era muda. Mas convenientemente, ao decorrer do livro, vamos esquecer essa parte. Ele a escolheu por causa dos olhos. Sim, foi exatamente por isso.
Então temos a muda de Taubaté Noemi, que tem que casar com o Conner por convivência, mas também quer usar essa casamento como uma forma de salvar seu irmão estúpido, que venera o pai deles, dessa família tóxica.
Esse livro não faz sentido nenhum, sabe.
O motivo do assassinato da mãe da Noemi (sem nome) é um grande mistério, mas no fnal é o motivo mais tosco que não precisa de tanta carga emocional. Todo o livro é uma carga emocional totalmente desnecessária.
A Noemi fica batendo nessa tecla que o pai dela é isso, que o pai dela é aquilo, que ele matou a mãe dela. Mas Noemi, perguntaram para ela, sua mãe sofria abuso do seu pai? E ela respondia não sei, mas ele segurou meu pulso a ponto de ficar roxo, e fica me ameaçando psicologicamente para não abrir a boca, por isso eu sou muda.
Nossa, então é esse o motivo dela ser muda? Sim.
Noemi sabe porque a mãe dela foi morta por seu pai, e o pai dela a força ficar caladinha, porque senão o irmão dela sofrerá as consequências.
O livro todo é sem sentido, nada se vinga e é uma baboseira sem fim. O Conner é um idiota, que só sabe jogar masculinidade para cima dos outros, a Noemi é só mais uma porta que os protagonistas masculinos chamam de “baixinha invocada”. Essa é a pior parte, sabe. O Conner falou que a Noemi era sarcástica só lendo um papelzinho que ela escreveu, porque até ela começar a falar de novo, ela falava por papelzinho.
Outra coisa, até que para alguém que não queria falar, spoiler, ela volta a falar até que bem rápido. E olha só quem foi que a obrigou a falar, foi contra o desejo dela de ficar muda, o noivinho dela.
Nem vou entrar no mérito de como achei esse livro um propaganda religiosa. Não estou a fim de falar dessa merda mais.
Odiei minha leitura, não recomendo, tem dark romance melhor do que essa bomba atômica.
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tionitro · 2 years
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VAPORPUNK - Relatos Steampunk Publicados sob as Ordens de Suas Majestades (2010) - Org. Gerson Lodi-Ribeiro e Luís Filipe Silva (Vaporpunk #1) | A primeira e famosa coletânea de Contos Steampunk Brasileiros e Portugueses da Editora Draco | NITROLEITURAS
VAPORPUNK – Relatos Steampunk Publicados sob as Ordens de Suas Majestades (2010) – Org. Gerson Lodi-Ribeiro e Luís Filipe Silva (Vaporpunk #1) | A primeira e famosa coletânea de Contos Steampunk Brasileiros e Portugueses da Editora Draco | NITROLEITURAS
A coletânea de contos vaporpunk que foi um marco importante no Steampunk Brasileiro e Português contemporâneo. VAPORPUNK – Relatos Steampunk Publicados sob as Ordens de Suas Majestades (2010) – Org. Gerson Lodi-Ribeiro e Luís Filipe Silva (Vaporpunk #1) | 312 pgs, Editora Draco, 2010 | Lido de 15/05/22 a 19/07/22 | NITROLEITURAS SINOPSE Com força mundial, a estética steampunk vem angariando cada…
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poem4 · 15 days
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A arte, por sua vez, parte do mundo que construímos, e não do mundo que observamos. Ela começa na imaginação e, então dirige-se para a experiência comum — isto é, procura fazer-se tão convincente e reconhecível quanto possível.
— A Imaginação Educada, Northrop Frye (1963)
[via poem4]
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projetosnopapel · 3 months
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Rival de Sí Mesmo
O livro Divinos Rivais da autora americana Rebecca Ross, conta em 464 páginas a história de Iris Winnow, uma jovem que aguarda notícias de seu irmão mais velho Forrest, que se alistou ao lado de Enva, a deusa Skyward, e partiu para lutar pela deusa na guerra contra Darce. Apesar de sua promessa de responder às cartas dela ao sair, ele não tem feito isso. A história se passa na época de máquinas…
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gabinete63 · 4 months
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willisleite · 5 months
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S.O.S.
- Willis Leite -
Se eu te pedisse socorro
em forma de um poema,
você poderia me ler?
Deixaria esse poema guardado
na última gaveta da memória?
Ou usaria em forma de uma crítica construtiva,
para me fazer flutuar em minha queda
mais profunda?
Te pergunto julgando,
nadando e me esbaldando
em minha própria hipocrisia,
você me daria sua mão
se eu te pedisse socorro?
Me sento no trono da histeria coletiva,
me farto e enfarto no banquete dos porcos,
mastigo as pérolas que eu mesmo conservo,
em minha concha de pesares e preconceito.
enquanto agonizo em minha própria prisão
de ética e moral que finjo
e deveria mesmo ter.
Se eu te pedisse socorro
em forma de canção,
numa melodia envolvente,
você dançaria comigo?
Prometo não pisar em seus pés
com minhas inseguranças gritantes
que poetizo em melancolia derradeira.
Não prometo ser a dança perfeita.
A perfeição me escorre entre dedos
afirmando que não me pertence.
Permaneço imperfeito
em minha consciência predatória
de falsa virtude que demonstro,
ou que ao menos tento
ironicamente ofertar.
Enquanto te peço socorro,
sem verdadeira necessidade,
sem real interesse.
Não espero nada além do que ter
o que nem eu mesmo arrisco oferecer.
pode ser que seja um trote.
Sinal de fumaça ou em código morse,
Confia mesmo sem ter quem te socorre?
Socorra-me.
Só corra, de mim...
S.O.S
Fim.
...---...---...---...---...
Willis Leite
Poesia escrita por: Willis Leite
Vídeo produzido por: @catrevelho (Instagram)
_Esse é um poema autocrítico, sobre a minha hipocrisia e de todos aqueles, que quando pede socorro em momentos que é preciso, mas não se dispõe em ajudar o próximo, seja negligenciando, negando, fugindo ou diminuindo a necessidade e a precisão de ajuda.
(e não, não sou "eu" o poeta pedindo socorro, é apenas uma licença poética, tão sentimental, que faz Fernando Pessoa ter razão no poema Autopsicografia:)
"o poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deverás sente"
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antonioarchangelo · 7 months
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"República Maquetrefe" de Antonio Archangelo - Uma Crítica Poética à História Brasileira
Ourinhos/SP, 26 de setembro – Um poema provocativo e cheio de significado está conquistando a atenção dos amantes da poesia e da crítica social. “República Maquetrefe,” uma obra do renomado autor Antonio Archangelo, mergulha nas profundezas da história política do Brasil, desafiando convenções e estimulando reflexões sobre nossa nação. A Crítica Sutil da República Brasileira”República…
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A DIVINA PARÓDIA DE DOM QUIXOTE
É O DESTINO PECULIAR que cabe às coisas com centenas de anos de idade que nós tenhamos de tratá-las com a mais prodigiosa austeridade mesmo quando são, em si mesmas, perfeitamente hilárias e simples. Veneráveis doutores da Igreja passam as vidas a estudar antigos potes e panelas romanos, cujas réplicas lhes vão penduradas nas próprias cozinhas, e a editar e anotar antigas pantomimas gregas que…
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olhosparados · 1 year
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roteiro para um enredo sem protagonista
1 – passar a vida toda na fila esperando para fazer a pergunta errada enquanto lemos O guia do mochileiro das galáxias quem somos? pensamos, sonhamos, passamos toda a vida fazendo planos, imaginando utopias para no final tudo se acabar por um capricho, um desvio na rodovia interplanetária, idas e vindas de naves turísticas, o consumo de nós mesmos para saciarmos o gosto das carnes mais…
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livrosencaracolados · 6 months
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"Serafina e o Manto Negro" (Serafina #1)
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Sɪɴᴏᴘsᴇ Oғɪᴄɪᴀʟ: Serafina nunca teve motivos para desobedecer e aventurar-se além da propriedade de Biltmore, onde vive em segredo, ninguém desconfiando da sua existência. Mas quando as crianças da herdade começam a desaparecer, apenas Serafina sabe quem é o seu raptor: um homem assustador com um manto negro, que percorre os corredores de Biltmore durante a noite. Conseguindo escapar a este vilão, arrisca o seu segredo, juntando forças com Braeden Vanderbilt, o sobrinho mais novo dos donos da herdade. Antes que seja tarde demais, lutam por revelar a verdadeira identidade do Homem do Manto Negro. Esta demanda levará Serafina até à floresta que aprendeu a temer, onde descobre uma magia há muito esquecida, ligada à sua identidade. Para salvar as crianças e desvendar o mistério, terá de procurar as respostas para completar o puzzle do seu passado.
Aᴜᴛᴏʀ: Robert Beatty.
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ALERTA SPOILERS!
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O Mᴇᴜ Rᴇsᴜᴍᴏ: Na Carolina do Norte, a quilómetros e quilómetros do centro de Asheville, ergue-se no meio da natureza intocada a maior e mais esplendorosa propriedade da América, a mansão Biltmore. Com as suas dezenas de quartos, salões, estribarias e biblioteca monumental, a mansão domina tudo à sua volta, fazendo por merecer o título de "Senhora da Colina", da mesma forma que os seus donos, os Vanderbilt, dominam a alta sociedade, usando a propriedade para criar uma cúpula resplandecente onde a elite dos poderosos e dotados pode prosperar. Mas não deixem que os talheres de prata e a belíssima vista das montanhas Blue Ridge vos distraia, nem tudo é luminoso. A floresta que rodeia a mansão, e de onde é impossível sair sem a atravessar, é sombria, lar de plantas tortas e sufocantes e de histórias aterrorizantes sobre aldeias que desaparecem de repente, cemitérios de onde os cadáveres se arrastam e criaturas malignas que esperam nas sombras pelos viajantes. E não é só a floresta que esconde segredos e seres fora do normal, no interior da mansão, uns bons pisos para baixo, encontra-se a cave, que além de acomodar as máquinas, serve de casa para Serafina, uma rapariga singular de quem ninguém suspeita a existência. Filha do faz-tudo dos Vanderbilt, Serafina não é nada para ninguém, não apenas porque se se mostrar à luz do dia arrisca revelar a transgressão do pai e fazê-lo perder o emprego, mas também devido à estranheza da sua aparência, que adicionada aos seus instintos animais, mais a faz parecer o resultado de um bruxedo obscuro do que uma miúda de 12 anos. Não obstante a sua situação, francamente ilegal, de alojamento, Serafina faz por merecer o seu lugar na divina propriedade tal como todos os outros, tratando da tarefa que é, ao mesmo tempo, a mais nojenta e a mais importante de todas: livrar-se das ratazanas, o que ela faz com gosto (e com as próprias mãos). Certa noite, a caça às ratazanas da Serafina é interrompida por gritos, e quando vai investigar o que se passa, depara-se com a cena mais horripilante da sua vida: as pregas negras de um manto flutuante a retorcerem e a cerrarem-se sobre o corpo de uma menina indefesa até o esmagarem, fazendo-o desaparecer sem deixar para trás nada mais do que um cheiro putrefacto a morte e a entranhas. Paralisada com a imagem, Serafina repara, quase tarde de mais, que o manto tem um dono, uma figura macabra e coberta em sangue que, ao detetar a sua presença, decide fazer dela a sua nova vítima. O homem persegue-a incansavelmente pelos corredores e pelo terreno da propriedade e ela quase não sobrevive para contar a história, mas quando o faz, desesperada por ajuda, a única pessoa em quem confia acha que ela inventou tudo. Entretanto, o dínamo é sabotado, mergulhando a mansão numa escuridão perturbadora, e torna-se evidente que o demónio da noite não foi um fragmento da imaginação da Serafina, mas que, muito pelo contrário, ele é bem real, e faz parte da elite que frequenta o palacete. Quando se apercebe que a menina da cave foi apenas uma das muitas vítimas do Homem do Manto Negro e que este já escolheu o próximo alvo, Serafina é atingida com a dura perceção de que não o consegue derrotar sozinha, e é obrigada a fazer sacrifícios em troca da aliança de alguém mais poderoso. Para vencer, a Serafina vai ter de quebrar todas as promessas que alguma vez fez ao pai, usar-se a si própria como isco e aventurar-se nas profundezas da floresta amaldiçoada, onde as respostas sobre o mistério da sua identidade estão sepultadas. Se vai conseguir ou não é incerto, mas se há uma coisa que é inquestionável é que a Serafina nunca deixa uma ratazana escapar impune...e o Homem do Manto Negro é a maior ratazana que há.
Cʀɪᴛᴇ́ʀɪᴏs ᴅᴇ Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ:
Qᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴀ Pʀᴏsᴀ: É puramente incrível, são quase 300 páginas de texto, mas a história acontece em menos de uma semana, praticamente sem pausas, então não é um feito pequeno o facto de o autor ter conseguido manter o interesse, a fluidez e a beleza das palavras o livro inteiro. Também há que elogiar a habilidade incrível que Robert Beatty tem para construir, rápida e efetivamente, cenários vivos na cabeça do leitor, e a magia sombriamente encantadora das suas descrições.
Hɪsᴛᴏ́ʀɪᴀ: É uma história veloz, cheia de adrenalina e risco que não dá tempo para relaxar, porque nunca nos são dadas certezas de segurança, mas que, ao mesmo tempo, passa uma sensação de conforto e calor que permite que haja um equilíbrio entre as partes sombrias e as adoráveis. Este livro tem tudo: a magia de um mundo prestes a fazer a viragem para o século XX, um ambiente fielmente histórico, fantasia eletrizante que compensa a sua falta de doçura com o tipo de originalidade que não abdica da nostalgia dos velhos contos, alianças improváveis, suspense, mistério e o género de horror que arrepia qualquer um sem lhe mexer com a cabeça. A razão para este livro ser tão bom é o facto de funcionar para uma vasta faixa etária, e para mim, essa é uma das maiores marcas de uma obra de qualidade: ter a capacidade de criar uma história que não se alicerça em sensacionalismos ou momentos despropositadamente chocantes para fixar o leitor, que não aliena a audiência mais nova no esforço de ser levada a sério. A "Serafina e o Manto Negro" é incrivelmente bem sucedida nesse aspeto, conseguindo transportar o leitor por momentos com diferentes níveis de gravidade sem o perder: tão rápido estamos com a protagonista a observar os membros da alta sociedade a rodopiar num grande salão, como a ler lápides e a lutar contra um puma, e até a ter uma crise filosófica onde questionamos se a maldade é uma característica intrinsecamente humana. É a experiência completa!
Pᴇʀsᴏɴᴀɢᴇɴs: A Serafina é uma das minhas protagonistas preferidas, o autor conseguiu dar-lhe a voz perfeita para o tipo de história em que ela está, e não só, também lhe deu a voz perfeita para a forma como a personagem dela foi construída, É claríssima a maturidade que ela tem no que importa, a responsabilidade que está habituada a carregar e a coragem e o sangue frio que adquiriu dos seus hábitos de caça. O seu lado humano alia-se ao seu lado selvagem, não há o cliché de ela só ser uma pessoa normal (e todos sabemos que em livros com menos qualidade, "normal" quer realmente dizer uma pessoa sem um único defeito que arranja forma de ser insegura) quando interessa e, nas piores alturas possíveis, se lembrar que tem um lado paranormal que a faz agir de uma forma estranha. O que se destaca sobre a Serafina é que, não obstante a sua imensa garra (no sentido literal e figurativo), incorrigível desobediência, e foco inabalável (ela entra na curta lista dos protagonistas que decidem o que querem nas primeiras 30 páginas e tratam logo do que precisam de fazer para o obter, em vez de se estarem sempre a queixar) ela é só uma miúda que quer poder experienciar as bênçãos de uma vida calma, fazer amigos, ter a confiança do pai e saber o que aconteceu à mãe. Tudo o que ela alcança vem das suas próprias habilidades e trabalho e a recompensa que obtém no fim do livro está em perfeito acordo com quem ela é. Para além da protagonista, a caracterização que merece mais mérito é a do Homem do Manto Negro. O Robert Beatty PERCEBE o que faz um vilão, sabe que criar um que seja autêntico é algo mais complexo do que um riso assustador ou uma história triste, e isso é visível. Todos os maneirismos do Homem do Manto Negro estão no ponto: o modo como ele anda, os sapatos que usa (que são uma parte vital da história e mostram a sua natureza), a forma como fala, o timbre da sua voz e como isso afeta o ouvinte, a presença da sua pessoa (que é tão impactante que altera o tom da cena, tem um som associado e causa medo na própria natureza) e, principalmente, o seu modo de perseguir as vítimas. Tudo isso é um indicador da sua altivez, do seu poder e da sua falta de hesitação, mas aqui está a parte interessante: mesmo quando ele não usa o manto, todas estas características se mantêm, o autor não as elimina para tentar manter a sua identidade um enigma. Quando está entre a elite, o vilão comporta-se exatamente da mesma forma, mas como não tem na mão um objeto possuído que anuncia as suas intenções, o seu domínio da sala, a sua intensidade e compostura permanentes, e até a proximidade constante a crianças, são interpretadas como sinais de um senhor de alto requinte, talento e carisma, e inspiram confiança e admiração nos que o rodeiam. Para mim isto é fascinante, talvez sem se aperceber, o escritor acabou por fazer do seu vilão o caso de estudo perfeito para analisar o quão ténue é a linha entre o bem e o mal, entre o desejável e o desprezível, e entre o amor e o ódio. A conclusão a que se chega é que não há uma única delimitação palpável entre os dois lados, e que os humanos têm a tendência de se perder nos extremos, julgando de forma absoluta moralidades que só existem num plano subjetivo. Fabuloso!
Rᴏᴍᴀɴᴄᴇ: Não há neste primeiro volume, o que eu compreendo, sendo que a se história passa em poucos dias e que a Serafina e o Braeden têm 12 anos... MAS, eles têm uma química natural e inegável (e adorável) e o meu maior desejo é que, ao longo das sequelas, eles fiquem mais velhos para que alguma coisa aconteça entre eles.
Iᴍᴇʀsᴀ̃ᴏ: Li o livro incrivelmente rápido e como já mencionei, um dos grandes trunfos do escritor é a sua habilidade de nos fazer sentir que estamos mesmo dentro da história (e quem não quer estar num mundo de animais metamórficos, objetos encantados e grandes bailes em mansões históricas?) então só o posso elogiar nesse aspeto.
Iᴍᴘᴀᴄᴛᴏ: Outro livro que já li várias vezes, e por ótimas razões. A verdade é que as peripécias da Serafina nunca abandonaram o meu coração, e ter lido este livro outra vez só me fez perceber que não o tinha valorizado tanto quanto devia antes, é muito mais assustador e magnífico do que me lembrava.
Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: ⭐⭐⭐⭐+ ½
Iᴅᴀᴅᴇ Aᴄᴏɴsᴇʟʜᴀᴅᴀ: Como já disse, este livro tem algum horror, sangue e violência, não no sentido demasiado gráfico e exagerado mas mesmo assim incomoda (é esse o objetivo). Eu diria que a partir dos 14 anos é uma leitura fantástica, apesar de poder parecer "infantil" se for lido por um miúdo demasiado habituado aos excessos que andam por aí.
Cᴏɴᴄʟᴜsᴀ̃ᴏ/Oᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: Nem sequer me tinha apercebido disto antes, mas este livro é perfeito para o outono e para o inverno, ESPECIALMENTE para o Halloween. É assustador e arrepiante da maneira que pede um cobertor e umas velas. Se estão à procura de um livro que não vos dê pesadelos mas que tenha a ver com esta altura do ano, não precisam de ir mais longe, está aqui, RECOMENDO.
Pᴀʀᴀ ᴏʙᴛᴇʀ: Serafina e o Manto Negro, Robert Beatty - Livro - Bertrand
Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
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antimidia · 1 year
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Um pequeno ensaio sobre críticos - Por S. Margaret Fuller (1846) [tradução livre]
Tradução Livre | Eder Capobianco Publicado originalmente como o primeiro capítulo da obra Papers on Literature and Art  (1846). Um ensaio sobre Crítica seria um assunto sério; pois, embora esta época seja enfaticamente crítica, o escritor ainda acharia necessário investigar as leis da crítica como uma ciência, para estabelecer suas condições como uma arte. Os ensaios, intitulados críticos, são…
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tionitro · 2 years
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ESCRITACAST 17 - Coleção DRAGÃO MECÂNICO e a NOVA FICÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA c/ Gerson Lodi-Ribeiro! | Podcast de Dicas de Escrita - Carlos Rocha e Newton Nitro
ESCRITACAST 17 – Coleção DRAGÃO MECÂNICO e a NOVA FICÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA c/ Gerson Lodi-Ribeiro! | Podcast de Dicas de Escrita – Carlos Rocha e Newton Nitro
Nesse Escritacast, o nosso podcast de Dicas para Escritores, eu, Newton Nitro e o escritor Carlos Rocha vamos conversar com o premiado escritor Gerson Lodi-Ribeiro sobre a DRAGÃO MECÂNICO, coleção em capa dura da Editora Draco que reúne seis noveletas de ficção científica e que está em Financiamento Coletivo no Catarse : https://www.catarse.me/dragaomecanico Os dois primeiros livros serão:…
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primeirapagina · 2 years
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fatos e desprezo
Fato: eu só iria escrever isso depois que terminasse a série de livros Corte de Espinhos e Rosas, mas aí, eu vi a quantidade de páginas do quinto livro e pensei “se for escrever depois que terminar, só em 2025”. Mas, confesso, o fato de demorar mais de três anos para terminar de ler um livro da Sarah J. Maas, não é somente pelo número de páginas, que vai aumentando de acordo com o número de livros. Os livros são maçantes. 
Eu digo isso depois de demorar dois anos para terminar o terceiro livro, e quando achei que tinha terminado a série, que até o meu conhecimento, era um trilogia, me deparei com algo curioso. E esse algo é a existência de mais dois livros… Até agora. Pois eu não faço ideia se vai ter um sexto, porque ainda não li o quinto.
Para os leigos, que vivem em uma caverna, Corte de espinhos e rosas é uma releitura do conto “A bela e a fera”, assim como todos os livros da Sarah J. Mass que são uma releitura. Temos a pobre e magrela, mas ainda padrão, Feyre, que vive com suas duas irmãs e um pai com depressão. E tal qual Katniss Everdeen, ela sai para caçar e prover uma refeição para sua família. Enfim, durante uma de suas caçadas ela mata um lobo, que descobre ser um feérico, um ser lindo e padrão também, que se disfarça de lobo, aí chega o senhor desse feérico, que é um Grão-feérico, e leva a menina como forma de pagamento por ter matado o “macho”.
Personagens padrões, histórias genéricas.
A Feyre fica lá no castelo do macho, e começa a rolar uma “química” entre os dois, e enquanto vai passando a história, alguns segredos são revelados, carapuças são servidas e máscaras caem ao chão (literalmente).
A lista de problemáticas para essa série de livros é intensa, mas também, se você pegar qualquer livro érotico escrito por esses últimos anos, terá as mesmas problemáticas. Homens arrogantes, mulheres burras, violência disfarçada de amor, abuso, etc. Minha ressalva para com esse tipos de livros é apenas que estamos em um país livre, graças a deus, mas isso deixa espaço para uma pessoa ler qualquer coisa, e se uma criança pegar um livro desses, aí é hora de chamar o conselho tutelar.
Agora já tirando o grande elefante do cômodo, vamos passar para esse enredo. Como mencionado, a personagem principal é levada como forma de pagamento por ter matado o lobo que na verdade era um servo desse homem, lindo (discutível), cheiroso (ou nem tanto) e padrão, Tamlim.
Juntando os fatos, de que é uma releitura de “A bela e a fera”, mais que a Feyre é levada como forma de pagamento, somos levados a pensar que é a história fica por aí mesmo, mas não. Nesse meio tempo, aparecem outros personagens, como Amarantha e Rhysand, personagens que têm mais peso na história conforme vai passando. E se está reconhecendo o nome Rhysand, saiba que isso, então, virou um spoiler, porque é exatamente o que você está pensando.
Agora que temos a base, mas somente do primeiro livro, quero começar minhas considerações.
Como declarado anteriormente, esse livro tem alguns temas mais adultos, que são abordados de forma meio complicada e leve. Por isso eu chamo o conselho tutelar quando vejo uma criança lendo. Não que não seja a favor da leitura, ainda mais ditar sobre o que uma pessoa deve ler, minha argumentação é no sentido de maturidade para ler, ter um conhecimento de como ler o livro. Quer ler Corte de espinhos e rosas? Por favor, leia, mas tenha a mente aberta para entender que um relacionamento não é assim. Não se deve basear um relacionamento assim.
Que deixei claro que sou a favor da leitura com consciência já está claro. Agora devo dizer porque você não deve ler o livro.
Minha história com essa série começa a uns quatro anos atrás quando eu comprei a até então, trilogia. Fui totalmente cega, mas reconhecia a autora, já que tinha lido o primeiro livro de “Trono de Vidro”. Meu erro. 
O primeiro livro é vagaroso, maçante e não vai para a frente até o finalzinho. O segundo é uma enrolação de linguiça sem fim. O terceiro? Uma junção do primeiro, com esse ritmo fraco, e do segundo, muitas palavras para um significado mixuruca. Em algum momento tem uma guerra acontecendo, mas é tanta “a guerra está vindo”, “a guerra irá dizimar a gente”, “a guerra”, que a guerra de fato só acontece nas últimas 100 páginas do livro. Agora como uma guerra será bem abordada em cem páginas? Bom, nesse caso não foi.
E então, eu comecei a ler o quarto livro que é como se fosse um prólogo, um tempo já tinha passado desde a guerra, mas ainda nos deparamos com os mesmos personagens sem carisma, e sem aprofundamento nenhum.
Nestha, estou falando de você.
E aqui, deixo meu mais profundo toma no cu para essa personagem em específico, porque ela é chata para o caralho, não tem desenvolvimento, é burra, e descartável. Assim como a outra irmã da Feyre, uma pamonha com nome de Elain. As duas não merecem os finais que receberam, aliás ela nem deveriam estar ai. Quero nem entrar no mérito do pai delas. Para mim, só há um que presta nessa história toda, e ele não teve um final bom.
Sobre o quarto livro da série, após eu ler, percebi que a SJM só é boa escrevendo coisas cotidianas. O conhecimento e a escrita dela para com assuntos mais profundos é zero. Não que esse quarto livro seja uma obra prima, afinal uma maçã não cai muito longe da árvore; filho de peixe, peixinho é.
Não, eu não recomendo o livro. Creio que tenha fanfic com mais substância. 
Mas se quiser ler, leia. Isso aqui é palavras de uma desconhecida. 
Quando eu crítico um livro, isso não quer dizer que eu possa escrever melhor (mas talvez eu possa, não sei), só quer dizer que eu gosto de criticar. E como eu disse, se quiser ler, apenas leia. Mas a série de Corte de Espinhos e Rosas não é lá tudo isso que falam.
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letrasinversoreverso · 5 months
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Escrito quando Clarice Lispector tinha vinte anos, “Perto do coração selvagem”, publicado em dezembro de 1943 pela editora carioca A noite (imagem 1), foi o primeiro livro da escritora. Logo associado, pelo estilo introspectivo, a Virginia Woolf e a James Joyce, o romance foi lido com entusiasmo por boa parte da crítica literária do seu tempo.
Antonio Candido, por exemplo, então autor de rodapés no jornal “Folha da Manhã”, escreveu a 16 de julho de 1944 que, “se deixarmos de lado as possíveis fontes estrangeiras de inspiração, permanece o fato de que, dentro de nossa literatura, é uma performance da melhor qualidade.” Também Lêdo Ivo, Sérgio Milliet e Adonias Filho são outros autores que se referiram positivamente sobre a estreia de Clarice.
O romance premiado pela Fundação Graça Aranha como Melhor Livro de Estreia e nomeado por sugestão de Lúcio Cardoso, amigo de Clarice, tem como narrativa em dois planos — entre um fragmentado passado e um presente repleto de interesse pelo trivial — a história da protagonista Joana; sob um perspectiva da interioridade e do olhar excepcional, entramos em contato com uma travessia entre as fronteiras do eu e sua relação enquanto consciência de si e do mundo.
“Perto do coração selvagem” alcança 80 anos neste dezembro de 2023 como um marco da literatura brasileira — “um romance que faltava”, repetindo os termos de Candido — dentro e fora do seu tempo.
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contosmnemonicos · 4 months
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Por que você deveria (ou não) ler HOMESTUCK?
Esse post fiz para você que quer muito convencer alguém a ler a famosa webcomic dos aliens cinza de sangue colorido, mas não consegue coonvencer ele ou ela por nada. Aqui, vou citar sobre o que se trata HOMESTUCK e porque você definitivamente não deveria perder seu tempo nessa porcaria literária (ou sim, deveria. Já adianto que isso depende exclusivamente de você, leitor).
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Todo mundo que já passou tempo o suficiente na internet já ouviu falar sobre HOMESTUCK, seja lendo a própria webcomic ou vendo alguma referência sobre ela em alguma outra mídia. Mas não é lá todo mundo que consegue se engajar numa leitura de mais de 8.000 páginas de uma obra que tem a contagem de palavras maior que a da bíblia sobre um garoto nerdola preso em seu quarto conversando com seus amigos virtuais, embora nós todos podemos nos relacionar com o protagonista, John Egbert, mesmo que minimamente, nesse caso.
Quem aí nunca reclamou dos pais quando eles simplesmente estavam tentando fazer algo que, para eles, era bom para você? Que os xingou mentalmente por se preocuparem demais? Sinceramente, para mim, isso aconteceu. E muito. Afinal, John Egbert é a essência e representação perfeita do que ele foi construído para ser: um garoto de treze anos, no início da adolescència, descobrindo os segredos do universo (pois, afinal, nosso microcosmo é mesmo lotado de segredos).
A verdade é que a maioria das pessoas passa por HOMESTUCK sem sequer saber sobre o que se trata: o enredo, a moral, os personagens. E resumindo: HOMESTUCK é uma história sobre envelhecer.
Desde representações mais diretas, como as relações dos primeiros personagens com seus guardiões (John reclamando do seu pai, Rose e sua relação de antagonismo com a mãe, Dave e seu irmão abusivo e Jade e seu falecido avô com uma vida que parece muito mais incrível que a dela), até metáforas mais bem elaboradas, como o próprio jogo do "fim do mundo", SBurb, e toda sua mecânica de ascensão.
A obra pode até parecer um tanto sombria quando se tem a síntese em uma pergunta: como seria largar tudo o que você conhece para trás para se tornar um deus?
Pode não parecer, mas tornar-se um deus é uma bela de uma metáfora para tornar-se um adulto. Afinal, para nosso eu infantil, nossos pais são sim como deuses: impassíveis de erros, sempre certos, os que nos guiam, etc. E não só isso, pois crescer também significa deixar tudo o que conhecemos para trás, inclusive nossos ideais e as pessoas que nós amamamos.
o SBurb é uma realidade cruel, isso foi sempre algo que eu disse, e sinto que isso não é lá muito explorado na obra em si. Um dos maiores erros de HOMESTUCK é esse: o autor, Andrew Hussie, desenvolve diversas nuances na obra que não são muito bem trabalhadas. Hussie é e sempre foi um escritor preguiçoso, e num geral, esse é o pecado original dele. E essa é a minhha principal crítica.
Eu diria que HOMESTUCK é uma obra para todo tipo de público: temos poderes e lutas, romances, metáforas envolvendo diversos tópicos, inimizade e competição, etc. Mas digo isso justamente porque essa tal porcaria literária envolve uma experiência universal a todos nós: crescer e se tornar um membro útil (ou nem tanto) da sociedade.
Se quer uma opinião pessoal: sim, perca seu tempo na webcomic do garoto nerdola preso em casa. Você provavelmente não tem nada melhor para fazer, e na pior das hipóteses vai ter mais algo para seu coração cheio de ira e revolta descontar todo o seu ódio. A webcomic é uma experiência singular.
Cheque o link da tradução em português (https://mspfa.com/?s=3563&p=1) e se divirta.
Depois não diga que não avisei que era apenas lixo literário.
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