Tumgik
#crônica
beautiful-and-strange · 4 months
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This one is probably not gonna be so sucessful cause the text is in Portuguese. However I wanted to maintain its heart.
***
Era uma noite de brisa fresca. Aquele tipo de noite que permite que a janela fique aberta, sem entrar bicho, e bata aquele ventinho gostoso que refresca até a mente. Aquela noite que é agradável pra dar uma volta na rua a noite, mas também possibilita que ficar em casa seja interessante, assistindo um filme, por exemplo.
Agora nesse último cenário, você imagina o que? Que tipo de filme, que tipo de companhia, com pipoca e guaraná (há) ou coca-cola e pizza? E quem está com você? Pode ser que esteja sozinho, ou acompanhado dos seus pets... Ou até mesmo acompanhado. Com amigos? Família? Alguém especial?
Estou começando a ver um filme. Me veio essa vontade de comer uma coisinha. Pausei. Isso por si só já me incomoda, porque eu sinto que to traindo a experiência genuína de ver um filme. Mas a vontade fala mais alto e eu escolho ser leve comigo mesma. Talvez eu mereça, sei lá.
Hoje no almoço eu pedi uma comidinha especial. No estilo sextou, eu mereço, ou, ai mais eu nunca peço! Enfim, pedi. Não comi tudo. Talvez tenha sido porque eu pedi mais com olho do que com a boca, ou talvez eu esteja me esforçando pra não comer tanto. Um paradoxo. Mas que causou com que agora a noite eu tivesse algo pra fazer uma boquinha, o que me fez pausar o filme, o que me fez pensar na vida, e o que me fez chegar aqui. Viu? Tudo conectado.
To lá pensando como eu vou requentar aquilo? Felizmente era uma comidinha que ficava triplamente gostosa requentada no dia seguinte ou algumas horas depois. Comecei a tirar da embalagem de papel que servia pra ajudar a comer com a mão também, e notei que ficou um pouco na embalagem. Nem pensei em jogar fora. Sozinha, na minha casa, de blusinha de ficar em casa, shorts curto preto e leve, levei os dedos à embalagem e tentei pegar o que dava. Suspirei e soltei até um gemido. Que delícia. Próximo passo foi levar a embalagem até meus lábios e eliminar o mensageiro, sentir diretamente o gosto daquilo, e bônus, sem sujar meus dedos.
Comecei a pensar sobre aquilo, como parecia natural e espontâneo, se é o tipo de coisa que um ator ou atriz daqueles bem métodos faria e depois todo mundo aplaudiria e falaria "nossa, atuação do fulano é daquelas que ele vira o personagem", ou sei lá, pode ser que falariam outra coisa. Mas era o tipo de cena que seria legal de assistir, com aquela fotografia característica do seu diretor favorito, bem editado, com música de fundo ou somente os barulhos da cena, bem ASMR.
Por que que eu não consigo ser atriz na minha vida? Personagem em uma trama de drama em que uma mulher de 29 anos, levemente nerd, sarcástica, bonita e fora do padrão (ah, e que usa óculos, vai dizer que isso não é lindo?), que tenta navegar as águas incertas de sua própria vida, que tem filosofias, opiniões, que são legais de ouvir serem elaboradas?
Eu sinto que se eu fosse personagem de um filme, de uma novela, de uma série, eu ia ser uma personagem que eu gostaria de ver. (será? Ai, peraí, minha autoconfiança deu uma fraquejada aqui); Uma personagem interessante de acompanhar, que você torce pra vida dela dar certo e ela ter um final feliz. Que de vez em quando fala umas frases legais de filme e nesse caso elas se tornam citações memoráveis, porque de fato estão num filme. É sério. Tenho por aí uns 85% de certeza. Eles pegariam alguma atriz sub alternativa com uma pinta de nerd que saber ser sexy, como a Barbie Ferreira. E talvez ela fosse coadjuvante ou principal (dificilmente), mas a caracterização bem estruturada da personagem (que pra mim é uma aliança entre ator, diretor e roteirista), faria com que ela se tornasse memorável. Quem sabe até tivesse um fã clube? (Aliás, preciso ter mais energia de Barbie Ferreira.)
G.R.
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ilustre-miuca · 2 months
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As ideias que nunca escrevi
Pegou na mão aquele frasco pequeno de ideia. Parecia tão banal, fresco e incolor, mas era pesado e espesso. Seu dono o segurava e ao segurar, sentia um alívio no coração, uma paz nas mãos.
É difícil descrever a sensação de apanhar uma ideia, uma daquelas que preenche todo o seu corpo e espanta qualquer vazio. Estranho é pensar que a ideia surgiu enquanto o proprietário olhava para uma pintura mal feita do homem aranha na traseira de um caminhão.
O destino da viagem, já tinha se perdido na memória, mas o dono tinha certeza que a ideia, continuaria firme e forte na sua cabeça. No momento até quis anotar, mas não era preciso, pois sabia que uma ideia como aquela não se perderia.
No dia seguinte, acordou no destino da viagem, não lembrava da ideia, porém recordava da imagem do homem aranha na traseira do caminhão...
Culpou-se por não ter anotado a sua imaginação, mas logo deixou o sentimento de lado e se sentiu aliviado por pelo menos ter imaginado.
Milca Batista
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poesia · 5 months
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ALMAS PERFUMADAS, um texto de Ana Jácomo
Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão-doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Ana Cláudia Saldanha Jácomo
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amor-barato · 8 months
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Francesca e Paolo passeiam noite e dia pelos trilhos pedregosos do Inferno. Por ser isso mesmo, o Inferno, não sabem quando é hora de acordar ou quando é hora de dormir. A luz é sempre a mesma: nenhuma. Já os sons são vários. Há gritos eternos, vômitos concordantes, permanentes ruídos de estilhaço e explosão. Ainda assim, para Paolo e Francesca o mais terrível de todos é o bater da cauda de Minos sobre aquele solo infértil. Temem tudo, aqueles dois. Mas a verdade é que fariam tudo outra vez. Sabe-se isto por naquele lugar de luz emudecida dar sempre para ver ao longe o brilho dos seus quatro olhos. Sempre que a noite cai (e a noite cai no Inferno a toda a hora) Francesca e Paolo repetem a leitura partilhada do livro de Lancelot sobre a cama. Estão sozinhos, longe dos seus esposos, e por causa de uma gargalhada literária eles distraem-se. Paolo beija então Francesca: este é um gesto que se repete para sempre, sobre qualquer solo, sob qualquer tempo, dentro de qualquer círculo. Paolo e Francesca são a imprevista luz eterna no Inferno.
Matilde Campilho
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conatus · 7 months
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O grande circo das ideologias
No vasto circo das ideologias, encontramos uma variedade de personagens, todos ávidos por defender suas crenças com um fervor quase religioso. É como se estivessem em uma competição para ver quem pode ser o mais controverso em nome de suas ideologias, seja à esquerda, à direita ou no centro do palco. Imagine-se observando uma cena em um café lotado, onde os ativistas de esquerda discutem…
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lidia-vasconcelos · 8 days
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SOBRE ALMAS GÊMEAS
E AMORES DE VERDADE...
Durante a reflexãozinha da 1ª aula, falando sobre o AMOR de Deus e do AMOR de forma geral, uma aluna do 8º ano certa vez me perguntou:
- Professora, você acredita que existe “alma gêmea”?
Com muito cuidado, para não macular seus horizontes juvenis, contei-lhe sobre o mito do “ser andrógino” esboçado na Mitologia Grega, que deu origem a essa história de alma gêmea, depois concluí:
- Seria muito injusto, no meio de tanta gente, existir apenas uma que fosse capaz de nos fazer felizes, não é? Acredito que Deus, em Sua infinita sabedoria e bondade, amplia essas possibilidades a cada dia, a gente só precisa aguçar os sentidos e o coração para enxergá-las.
Só que a aluna insistiu:
- E como é que a gente sabe se é amor de verdade, professora?
Pronto. Agora deu. Eu levaria a aula inteira explicando e ainda assim não conseguiria responder tal pergunta, mas a garota e todos os outros alunos pareciam ávidos pelo argumento e me olhavam atentos, esperando a resposta.
Fiz mentalmente uma prece, respirei fundo e falei:
- São muitos os fatores que nos levam a perceber se é amor de verdade. Um deles é quando a simples presença da pessoa amada, independentemente de podermos tocá-la ou não, já nos deixa felizes. Querer que essa pessoa seja feliz, mesmo que não seja com a gente, também é sinal de amor verdadeiro.
- Ah, professora! Como assim: quem eu amo ser feliz com outra pessoa? Assim não compensa...
- Eu sei, é o que parece mesmo. Mas o AMOR genuíno é assim: não vive mensurando o que compensa e o que não compensa, o que pode ganhar ou o que pode perder. Quando a gente ama, quer ver o BEM do outro, ainda que esse BEM não parta da gente.
Todos ficaram calados, pensando.
E eu tratei logo de concluir o assunto de PRÓCLISE, ÊNCLISE e MESÓCLISE cujos conceitos são bem mais fáceis de explicar do que essas paradinhas de amor!
Lídia Vasconcelos
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death-can-take-us · 7 months
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Melancólica angústia.
Me sinto em total desespero.
Afogada em tristeza e mágoa.
Eu simplesmente não consigo entender como tens tanta facilidade em me magoar..
Tuas atitudes refletem na minha auto-depreciação.
Você sabe como isso é doloroso?
Por algum momento pensa em mim e nos pensamentos que teus atos me causam?
Eu gostaria de poder te esquecer.
De poder apagar todo mal que me faz e fizeste.
Claro, temos nossos bons momentos dos quais me fizeste tão feliz.
Mas não são os dias atuais.
Agora mais me afogo em tristeza do que em felicidade.
Oh meu deus, que saudade de sorrir contigo.
De te abraçar e conseguir te olhar nos olhos sem enxergar as tuas atitudes dos últimos anos que só me martirizam e me despedaçam.
O mundo já havia sido ruim comigo. Até que te conheci.
Achei que poderia enfim...
Esquecer a maldade pela qual fui tocada.
No início, realmente acreditei ser possível.
Mas hoje...
Vejo.
Tu veio pra terminar de me despedaçar.
-Enquanto era madrugada
Autora: Alessandra Ruchel
Via (death-can-take-us)
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linyarguilera · 1 year
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Hostilidade: uma reflexão
Hoje me deparei com um tema de redação que me pareceu extremamente complexo, sobre a arquitetura hostil, eu jamais havia ouvido falar, estudei um pouco do tema, e tantas reflexões malucas surgiram em meu cérebro.
A arquitetura hostil protege com
metais, pontas, grades e muito concreto, mas também busca separar as pessoas mais vuneráveis como moradores de rua dos centros urbanos comerciais, e as mesmas construções retiram a moradia de muitos outros animais além da própria espécie humana.
Os bancos da praça que foram feitos para sentar-se e com apoio para os braços, não são de fato feitos para outros objetivos se não estar com o corpo ereto e inclinado, o mesmo não pode ser a "cama" de um sem teto, e as grades tomam os lugares das árvores que antes eram mansões para diversas espécies de aves, artrópodes e fungos.
Pareceu-me que a hostilidade da engenharia civil e da arte de mobiliar (arquitetura) não está apenas na rua, está na nossa casa, nas escolas e muitos outros lugares.
De fato nunca fui aquela criança que adorava ficar em cima de alguém por muito tempo assim, mas ao longo da vida notei que na escola estávamos ficando cada vez mais separados, no primeiro ano do ensino fundamental já éramos enfileirados, e já não mais haviam grupos e rodinhas, éramos unidos em bloquinhos separados. No intervalo não era mais tão diferente, aos poucos os banquinhos longos de madeira passaram a ser pequenos bancos para apenas uma pessoa utilizar, lanchar rapidinho e ceder a outro bem aventurado com seu pratinho.
Em nossas casas somos separados por quartos, portas, e odiamos ser interrompidos, aos poucos fomos ensinados a não interromper e a igualmente só querer o nosso cantinho, a solidão faz bem ao ser humano, mas é interessante pensar o quanto estamos cada vez mais distantes um dos outros, somos unidos por algoritmos, mas separados no banquinho da praça, um morador de rua não pode mais usar o viaduto como um abrigo para não se molhar na chuva, muito se fala em exercícios físicos, mas não se pode andar de skate na calçada, cada bloco, grade e placa serve para poucas finalidades temporárias.
Não se pode culpar o sistema econômico por tudo, é viável notar que a minha espécie tem um potencial biótico para a o egoísmo, afinal de contas também é essencial para a sobrevivência e competitividade natural, mas o diferencial do ser humano é ter uma maior compaixão, cultura, racionalidade além do real, indo para o mundo virtual da criatividade, e plenamente capaz de ser hospitaleiro com aqueles que precisam de um abraço e um bom abrigo.
28/02/2023
By: Celiny Arguilera
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15h00 · 1 year
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Pequenas coisas
Eu estou cansada. Cansada de apenas eu me importar, cansada de ver tudo se passando diante de mim sem poder fazer nada, de ter a mesma rotina desenfreada e cansativa, de ouvir tantas brigas, cansada de estar cansada. Mas, ainda sim, não consigo estar cansada de mim.
Não consigo estar cansada de mim, sei que sou uma caixinha de surpresas repleta de confusão, sou uma bagunça difícil demais de se entender, e, por mais que não pareça, eu gosto do que eu sou. Gosto do meu tempo fazendo besteira, das minhas risadas para uma situação criada pela minha cabeça, lágrimas por um acontecimento inexistente que criei em 5 minutos, gosto das sensações que sinto cada vez que escuto aquela música que eu tanto amo.
Bem, eu gosto de tudo mas acho que faltam mudanças na minha vida. Partes eu quero sim mudar, mas a pequenas coisas que eu não trocaria por nada. Eu não trocaria minhas tardes sozinhas, não trocaria minhas conversas profundas comigo mesma, não trocaria o carinho que sinto pelo meu gato, não trocaria meus poemas, não trocaria minhas palavras tão amarguradas pelo tempo em minha boca, não trocaria minha caneta velha que estou escrevendo isso, não trocaria as horas perdidas por estar estudando, não trocaria, de nenhuma maneira, as pequenas coisas que eu mais amo por nada.
Quem sabe isso faz parte do momento, da adolescência confusa que tem ficado cada dia mais difícil de se entender e compreender? Quem sabe, que, na verdade, eu irei levar isso todos os dias da minha vida? E, quem sabe, que, se um dia eu vou me lembrar, fielmente, de todos meus sentimentos tão vívidos?
Tudo é confuso hoje, ontem faz horas que aconteceu e, de repente, por causa do tempo, já se faz anos. 
-Lyra
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entre-coracoes · 4 months
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Entre sobrecarga e pressões, por onde anda o tempo para viver?
A notificação aparece na tela anunciando o recebimento de mais uma newsletter. Abro o aplicativo no celular e desço rapidamente para conferir a caixa de entrada: são mais de 60 e-mails não lidos. Uma leve ansiedade percorre as minhas veias no mesmo instante em que diversos pensamentos me dominam: quando foi que me inscrevi em tanta coisa assim? Quando é que terei tempo para ler tudo isso? “Talvez a melhor solução seja apagar tudo e aceitar que nunca conseguirei consumir todas essas informações”, penso, enquanto alimento a culpa.
Tento otimizar a situação e ganhar algum tempo no percurso para casa. Passar duas horas diárias no transporte público, sem nenhum conforto, precisa ter alguma vantagem. Escolho algumas de conteúdo mais leve para ler, no mesmo instante que penso que talvez deveria ouvir um episódio do podcast de notícias que gosto.
Os sentimentos são de culpa e comparação: nunca serei tão inteligente quanto as pessoas que conheço que exercem a mesma profissão. Penso na minha lista de tarefas, pessoais e de trabalho, nas mensagens corporativas que ainda não respondi, nos amigos que aguardam uma resposta há dias, nos intermináveis cursos que me inscrevi e não concluí (que sigo fazendo para alimentar o meu vício), nas 30 guias que estão sempre abertas no meu navegador, nos livros que comprei e estão sendo feitos de enfeites na minha prateleira, e vou perdendo a cor.
A frustração, em meio ao cansaço típico de fim de ano, tem me aniquilado aos poucos: sinto que a minha energia anda em falta e estou sendo consumida por coisas que já não fazem mais sentido para mim. Pensei em culpar a TPM ou até o mesmo inferno astral, se acreditasse em signo e astrologia, mas a verdade é que o grande vilão de tudo isso é o capitalismo: é uma droga viver num mundo que está sempre te empurrado em direção a produzir mais e mais, sem tempo para viver despretensiosamente. Sem tempo para simplesmente viver.
Sinto que a cada dia que passa não vivo, sobrevivo: ao trabalho que já não me traz felicidade, às situações que não me sinto confortável, aos medos que não tenho enfrentado. Sou tão jovem, parafraseando o Renato Russo, mas tenho gozado da minha juventude com uma grande dose de pessimismo, num dilema entre o coração e a razão; sonhos e a realidade; me arriscar ou só seguir aquilo que esperam de mim.
Termino de escrever este texto em 31 de dezembro, depois de mais de um mês que iniciei. Checo a minha caixa de entrada, na esperança que algo tenha mudado de forma significativa. Me deparo com 50 e-mails não lidos, no mesmo instante que uma notificação de falta de armazenamento chega no meu celular. É o acúmulo de 365 dias intensos, de altos e baixos, cobrando as contas no último dia do ano. A memória do meu aparelho celular, o meu e-mail e eu pedem socorro neste fim de ano.
A meia-noite de hoje um novo ciclo se inicia e com ele as infinitas promessas de mudanças. Apegados às superstições, creem piamente que o modo como irá aguardar o relógio virar de 23h59 para 0h00 refletirá como será o novo ano que inicia. Mas não acredito mais nisso: as mudanças só viram se eu fizer algo a respeito. Por isso, apago os meus e-mails não lidos. Quero começar o próximo ano mais leve — nem que seja, o primeiro passo, esvaziar a minha caixa de entrada.
Thalia Gonçalves
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prosaversoearte · 7 months
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ilustre-miuca · 2 months
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🍋 Limão 🍋
Gosto de ditados com frutas. Hoje ganhei uma sacola com limão, justo hoje, o dia em que eu descobri que precisava fazer uma limonada.
Eu precisava fazer uma limonada por dois motivos.
O primeiro é porquê a vida quis porquê quis me dar limões. Ela sempre falava:
— Leva esses limões, eu peguei lá no pé.
Eu sempre esquecia e uns dias depois ela dizia:
— Tem tanto limão lá no pé, eu colhi alguns pra você levar.
E dessa vez, antes de ir embora, eu até lembrei da sacola com limão em cima da mesa, mas pensei comigo mesma.
"eu estou atrasada demais para isso agora."
Quando voltei a conversar com a vida ela falou:
— Leva esses limões! - dessa vez ela até parecia irritada- se você não levar, eles vão amarelar, apodrecer e aí não vai ter mais. Leva os limões!
Respondi que dessa vez eu ia levar. Quando deu umas duas da tarde eu estava pronta para ir embora da casa da vida. Arrumei minhas coisas, me despedi de todos e ao ver a vida lembrei dos limões. Fingi que esqueci, mas ela falou:
— Milca você pegou os limões?
Sorri.
— Eu esqueci.
Voltei correndo para pegar a sacola com limão em cima da mesa, separei alguns dos vários que tinham dentro da sacola, como era o combinado, e sai correndo com minha sacola cheia de limão. Quem viu a cena riu.
Eu ia em direção ao carro tão feliz, correndo e mandando beijos, agradecendo por todos aqueles limões.
O segundo motivo é que ao chegar em casa eu coloquei a fruta em cima da pia e fui tomar banho, quando terminei minha irmã me gritou:
— A vida te deu limões?
Fui rindo e indo em direção a sua voz:
— Sim, eu vou fazer uma limonada, li no Google que limão faz bem para a digestão e eu tô passando mal faz uns três dias.
Minha irmã riu:
— Faz tempo mesmo que a vida quer te dar esses limões. Ainda bem que você trouxe, os de casa acabaram e eu esqueci de comprar no mercado.
Enquanto eu cortava os limões para a minha limonada pensei.
"Colhi o que plantei, mas pelo menos colhi. Aos 22 anos eu aprendi a fazer uma limonada!"
Milca Batista
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valeriadelcueto · 5 months
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O cativeiro social e o direito autoral
O cativeiro social e o direito autoral Texto e foto de Valéria del Cueto Desenho florezinhas infantis na página que antecede esse texto no caderninho enquanto penso em por onde começar. Onde vou terminar, só o limite imposto pelo espaço do jornal de (mais ou menos, sempre pra mais) duas laudas, dirá. Não, não sou eu quem me navego. Aprendi a lição com Paulinho da Viola que aprendeu com seu…
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amor-barato · 5 months
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Vez por outra, indo devolver um filme na locadora ou almoçar no árabe da rua de baixo, dobro uma esquina e tomo um susto. Ué, cadê o quarteirão que estava aqui?! Onde na véspera havia casinhas germinadas, roseiras cuidadas por velhotas e janelas de adolescentes, cheias de adesivos, há apenas uma imensa cratera, cercada por tapumes.
Fecho os olhos, abro de novo, penso se não seria o flashback de um ácido tomado nos anos 60. Lembro-me que então eu não existia nos anos 60 e, portanto, aquilo é exatamente o que parece: uma imensa cratera, cercada por tapumes. As janelas, as roseiras, as casinhas, tudo foi levado em caçambas de entulho — as velhotas e os adolescentes, espero, conseguiram escapar.
Em breve, do buraco brotará um prédio, com grandes garagens e minúsculas varandas, e será batizado de Arizona Hills, ou Maison Lacroix, ou Plaza de Marbella, e isso me entristece. Não só porque ficará mais feio no meu caminho até a locadora, ou até o árabe na rua de baixo, mas porque é meu bairro que morre, devagarzinho.
Os bairros, como os homens, também têm um espírito. Uma espécie de chorume transcendental que escorre pelo meio-fio, soma de suas construções e seus personagens, sua história e sua paisagem. Perdizes é o bairro da PUC e de palmeirenses que gritam pela janela a cada gol, ensandecidos, de poetas concretos e de deliverys que vendem pizza de muzzarela mais barata a cada ano que passa, é o bairro do TUCA e do Tom Zé — que, dizem, é o jardineiro do prédio onde mora.
Da mesa do árabe em que almoço, vejo estudantes de moda da Santa Marcelina, de cabelo azul, esperando para atravessar a rua, ao lado de freirinhas que cursam pós em teologia na PUC; vejo meninos e meninas de uniforme escolar mascando chicletes, ouvindo iPod e provocando uns aos outros, daquele jeito que meninos e meninas se provocam, um segundo antes de nascerem peitos e barba; vejo um cara que vende cocada, vindo diretamente do século XIX, batendo a sua matraca. No ponto da Cardoso tem o Adão, taxista que conhece não só todas as árvores frutíferas da cidade como ainda sabe em que época cada uma delas dá seus frutos.
Às vezes, no fim da tarde, quando ouço o sino da igreja da Caiubi badalar seis vezes, quase acredito que estou numa cidade do interior. Aí saio para devolver os vídeos, olho para o lado, percebo que o quarteirão desapareceu e me dou conta de que estou em São Paulo, e que eu mesmo tenho minha cota de responsabilidade: moro no segundo andar de um prédio. É um prédio velho, tem o simpático nome de Maria Alice, mas e daí? Ali embaixo, onde agora fica a garagem, já houve uma cratera, e antes dela o jardim de uma velhota e a janela de um adolescente, cheia de adesivos.
Antonio Prata – Meio Intelectual, Meio de Esquerda in “Perdizes”
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conatus · 6 months
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Botafogo e o intrigante pacto com o fracasso
O Botafogo, como todo mundo sabe, parece ter um caso sério com o fracasso. Não, eu não estou exagerando, é sério. E olha que eu sou torcedor do Atlético Mineiro, um time que também já teve seus momentos de drama, mas o Botafogo consegue ser especial nisso. É como se tivesse nascido para protagonizar uma tragédia cômica, digna de um roteiro hollywoodiano – aqueles filmes onde tudo dá errado, mas…
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cobaltria · 1 year
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ode àquele a quem você costumava namorar
estou escrevendo isso numa madrugada de 29 de julho, um dia após o seu aniversário e um dia após o que seriam nossos 11 meses de namoro.
a gente não deu certo, mesmo. por mais que tentássemos. eu aceito isso com sensação de alívio! você decidiu uma direção e eu decidi uma outra. durante quase 3 meses eu encarei o término de diversas maneiras. todas elas estágios da perda. falei merda, praguejei aos ventos, te magoei, me magoei. me afastava e me aproximava de você na tentativa de me ver melhorar. mas eu nunca consegui expressar suficientemente o quanto sou grato por você. e o que me leva a escrever esse texto no meio da madrugada iluminada pela luz incandescente do meu quarto é justamente a minha incapacidade de demonstrar o quanto sou grato.
grato por ter me feito melhor e mais forte, por mostrar a mim o melhor de mim. por me fazer entender quem eu sou. por acreditar em mim. por me fazer sair de dentro da minha ostra com a pérola nas minhas mãos. pelo financeiro, pelo emocional, pelo carnal. pelas noites que passamos em claro. pelos momentos bons que passamos juntos e pelos ruins, talvez até muito mais. ranzinza, cabeça dura, intransigente, vaidoso, pouco sentimental. você é um ser humano lindo não só por fora, mas por dentro também. um ser humano de carne e osso; agora, longe da minha visão apaixonada de namorado e da mágoa de alguém que teve o coração machucado.
eu nunca consegui te odiar, por mais que tentasse. não cabe mágoa em mim quando penso em você. vou confessar uma coisa: quando nos conhecemos, eu não tinha atração nenhuma por você. acreditava que você não me atraía fisicamente, não me interessava com suas conversas e tampouco com o seu jeito. eu achava seu ego grande demais pra chegar até você. isso era incômodo pra mim. era incômodo não conseguir ler a sua linguagem corporal. sua cara fechada, seu humor sombrio. seu jeito leonino. mas com o tempo foi mudando e você me deu uma gama de oportunidades.
eu conheci o victor que talvez nenhuma outra pessoa tenha conhecido ou há de conhecer. aliás: um não, vários. o victor filho, o victor amigo, o victor namorado, o victor colega de trabalho. falastrão, apaixonado, atrevido, contido, sério, sensível, medroso. eu conheci sua essência, seus medos, sua vulnerabilidade, o que te fazia bem e o que não. meu amor por você foi crescendo desde o primeiro dia em que você abaixou sua guarda pra mim me convidando pra tomar uma cerveja na reitoria com o pouco dinheiro da bolsa da monitoria que acabara de receber. eu comecei a te enxergar com outros olhos. você vestiu aquela camisa xadrez azul marinho e foi todo arrumado me ver. você estava lindo e sorridente e pela primeira vez eu tinha te visto envergonhado ou sem jeito. não sei se já apaixonado, mas me derreti feito manteiga. no final do dia, fomos pro bosque da faculdade e sentamos sobre a mesa de concreto. em dado momento, a gente não dizia absolutamente nada. um silêncio natural pairava no ar enquanto o céu se apagava aos poucos. silêncio incômodo para você, que falava bastante, mas que pra mim era zona de conforto. você me abraçava e me acariciava. eu sentia tanta verdade no seu jeito tonto-apaixonado, tão frágil e vulnerável, que nem minha insegurança conseguia me convencer do contrário.
você não sabe quantas lágrimas eu derramei por você. de dor, de tristeza, de alegria. sou grato por todas elas. eu entendi que minha sensibilidade e intensidade nunca foram um defeito e eu me abraço e me orgulho disso. semana passada te dei o cd do artista que você mais gosta como presente de aniversário adiantado. mesmo separados e nos trocando duas, três palavras por dia no trabalho, eu tinha todo um discurso preparado pra recitar pra você a minha sensação de gratidão. mas estraguei tudo tentando interpretar sua linguagem corporal rejeitando minhas explicações e satisfações. me desculpe. eu pretendia esclarecer todos os mal entendidos, mas me desequilibrei e acabei estragando ainda mais a situação. minhas emoções são volúveis, mas minhas intenções são sempre leais.
feliz aniversário. te envio muitas energias positivas e muita luz. você merece tudo de melhor que o universo tem a te oferecer. digo isso da forma mais sincera do mundo. estando distante ou próximo, aceitando ou não minha presença na sua vida, são meus desejos genuínos para a eternidade. como você mesmo me dizia: estarei te aplaudindo de pé, seja na primeira ou na última fileira.
com amor,
léo,
seu ex namorado.
ou ainda,
àquele a quem você costumava namorar.
Postado originalmente em: jul 29, 2018
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