Tumgik
poem4 · 2 days
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Tão fácil quanto confundir o pensamento com as associações habituais da língua é confundir o pensamento com o pensar por palavras. Já ouvi dizer até que pensamento é discurso interior, embora me escape como se pudesse aplicar essa definição ao que fazia Beethoven ao compor a Nona sinfonia. Mas o estudo de outras artes como a pintura e a música tem muitos valores para o aprendizado literário, sem contar o valor delas em si mesmas. Tudo quanto o homem faz que valha a pena ser feito é aIgum tipo de construção, e a imaginação é o poder construtivo da mente liberada para se dedicar pura construção, à construção por si.
— A Imaginação Educada, Northrop Frye (1963)
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poem4 · 10 days
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A arte, por sua vez, parte do mundo que construímos, e não do mundo que observamos. Ela começa na imaginação e, então dirige-se para a experiência comum — isto é, procura fazer-se tão convincente e reconhecível quanto possível.
— A Imaginação Educada, Northrop Frye (1963)
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poem4 · 1 month
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Emma, sobressaltada levantou a cabeça para adivinhar o que ele estava querendo dizer, e olharam-se silenciosamente, quase estupefatos de verem-se, de tão afastados que estavam por suas consciências.
— Madame Bovary, Gustave Flaubert (1856)
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poem4 · 1 month
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Ela se desligou, para ele, das qualidades carnais que ele não poderia obter; e ela foi, em seu coração, subindo sem parar e desprendendo-se dele, à maneira magnífica de uma apoteose que levanta voo. Era um daquele sentimentos puros que não atrapalham o exercício da vida, que são cultivados porque raros, cuja perda afligiria mais do que a posse alegraria.
— Madame Bovary, Gustave Flaubert (1856)
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poem4 · 2 months
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Quanto a Emma, ela não se interrogava para saber se o amava. O amor, conforme acreditava, devia chegar de repente, com grandes tumultos e fulgurações - furacão dos céus que desaba sobre a vida, transtorna-a, arranca as vontades como folhas e arrasta o coração inteiro para o abismo.
— Madame Bovary, Gustave Flaubert (1856)
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poem4 · 2 months
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Acostumada à calma, atraía-se, inversamente, pelos aspectos acidentados. Gostava do mar apenas pelas tempestades e da vegetação apenas quando esta se encontrava dispersa em ruínas. Precisava extrair das coisas uma espécie de lucro pessoal e rejeitava, considerando inútil, seu coração — por ser de temperamento mais sentimental do que artístico, buscava emoções e não paisagens.
— Madame Bovary, Gustave Flaubert (1856)
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poem4 · 2 months
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Antes de se casar, ela pensara ter amor, mas como a alegria que deveria ter resultado daquele amor não apareceu, só podia ter se enganado, pensava. E Emma buscava saber o que significavam exatamente, na vida, as palavras felicidade, paixão e embriaguez, que tão belas lhe pareceram nos livros.
— Madame Bovary, Gustave Flaubert (1856)
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poem4 · 3 months
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Achei que poderia descrever um estado, fazer um mapa da tristeza. A tristeza, entretanto, não é um estado, mas um processo.
— A anatomia de um luto, C. S. Lewis (1898-1963)
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poem4 · 3 months
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[...] então, para ambos os que se amam, e para todos os pares dos que se amam, sem exceção, a perda é uma parte universal e integral de nossa experiência de amor. Isso se segue ao casamento tão normalmente quanto o casamento se segue ao namoro ou como o outono se segue ao verão. Não é uma mutilação do processo, mas uma de suas fases; não a interrupção da dança, mas o próximo passo. A pessoa amada nos faz "sair de nós mesmos" enquanto ela está aqui. Em seguida, vem o trágico passo da dança em que devemos aprender a também sair de nós mesmos, mesmo com a remoção dessa presença corporal, amando-a em sua inteireza, e não voltando a amar nosso passado, ou nossa memória, ou nossa tristeza, ou nosso alívio da tristeza, ou nosso próprio amor.
— A anatomia de um luto, C. S. Lewis (1898-1963)
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poem4 · 3 months
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"A quem tem será dado". Afinal, deve-se ter capacidade para receber, ou nem mesmo a onipotência poderá dar. Talvez sua própria paixão destrua temporariamente essa capacidade.
— A anatomia de um luto, C. S. Lewis (1898-1963)
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poem4 · 3 months
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Você não consegue ver nada direito enquanto seus olhos estiverem turvos de lágrimas. Você não pode, com relação à maioria das coisas, conseguir o que quer se quiser desesperadamente: de qualquer maneira, você não tirará o melhor proveito disso. "Agora! Vamos ter uma conversa de verdade" reduz todos ao silêncio. "Eu preciso dormir bem esta noite" conduz a horas de vigília. Bebidas deliciosas são desperdiçadas em uma sede muitíssimo ávida.
— A anatomia de um luto, C. S. Lewis (1898-1963)
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poem4 · 3 months
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Espero que, se o sentimento se disfarçar de pensamento, eu o sinta menos? Não são todas essas notas as contorções mentais sem sentido de um homem que não aceita o fato de que não há nada que possamos fazer com o sofrimento, exceto sofrê-lo?
— A anatomia de um luto, C. S. Lewis (1898-1963)
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poem4 · 3 months
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Mas por que se tem tanta certeza de que toda angústia termina com a morte?
— A anatomia de um luto, C. S. Lewis (1898-1963)
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poem4 · 3 months
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Se os mortos não estão no tempo, ou não estão no nosso tipo de tempo, há alguma diferença clara, quando falamos deles, entre era, é e será?
— A anatomia de um luto, C. S. Lewis (1898-1963)
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poem4 · 3 months
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Há uma espécie de manto invisível entre o mundo e eu. Acho difícil entender o que alguém diz. Ou talvez, é difícil querer entender. É tão desinteressante. No entanto, quero que os outros estejam perto de mim. Eu receio os momentos em que a casa está vazia. Se ao menos falassem uns com os outros, e não comigo.
— A anatomia de um luto, C. S. Lewis (1898-1963)
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poem4 · 3 months
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Parece quase cruel que a morte dela tenha sido protelada o bastante para que ele passasse a amá-la tão completamente a ponto de encher seu mundo como o maior presente que Deus já lhe havia dado, e então ela morreu e o deixou sozinho nesse lugar que sua presença na vida dele criou.
— A anatomia de um luto, C. S. Lewis (1898-1963)
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poem4 · 3 months
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Mas também não é liberdade nada sentir, enganamo-nos: liberdade é situar o ânimo acima das injúrias e constituir-se como um ser cuja felicidade lhe venha unicamente de si; é separar de si os eventos exteriores para não ter de levar uma vida atormentada, a temer o riso de todos, a língua de todos. De fato, quem é que não nos poderia fazer um insulto se qualquer um o pode? Porém, o sábio e aquele que aspira à sabedoria usarão de um remédio diverso. Os imperfeitos, que se pautam ainda pela opinião comum, devem imaginar o seguinte: que eles terão de viver em meio a injúrias e contumélias; tudo lhes chegará mais leve se já estiverem esperando.
— Sobre a Brevidade da Vida, Sêneca (49 d.C)
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