- Sem fim -
Não cantei as felicidades no meu último aniversário, porque o tempo me doeu.
Calado, de sorrisos fingidos, ouvi palmas naquele escurinho decorado à luz de faíscas.
Maldades que a memória carrega, nos meus olhos filmes vergonhosos se apresentaram, encenando o passado. Ou, no caso, vários passados.
É meia noite e eu logo soprarei as velas. No quê pensar? O quê desejar?
O coral de palmas está sumindo e a expectativa é alta por um sopro.
Um sopro e tudo escurece. Tudo se esvai.
Mas um desejo e tudo se reinicia, com palmas e euforia.
Um ciclo sem fim.
@mineirando , o Diário de Bordo.
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Atrás da porta
"Quando olhaste bem nos olhos meus e o teu olhar era de adeus, juro que não acreditei.
Eu te estranhei, me debrucei sobre o teu corpo e duvidei, e me arrastei, e te arranhei, e me agarrei nos teus cabelos, no teu peito, teu pijama, nos teus pés, ao pé da cama.
Sem carinho, sem coberta, no tapete atrás da porta reclamei baixinho.
Dei pra maldizer o nosso lar, pra sujar teu nome, te humilhar e me vingar a qualquer preço.
Te adorando pelo avesso pra mostrar que ainda sou tua; até provar que ainda sou tua."
Música: Atrás da porta
Artista/Intérprete: Elis Regina
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda.
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- Prosopopeias poéticas -
Ombros cansados de tanto carregarem pesos que não seus, onde parou vossa dignidade?
Cheios de fardos desnecessários, impostos pelos que diziam amá-los, por que não soltam tudo ao chão?
Há de fingir que sois fortes e joviais? Mas por quê?
Seria a vaidade? Seria o orgulho? O quê?
Ombros cansados, deixem que o mundo escute a música da queda!
Deixem que saibam que até já chegado é o fim, e que agora as pernas tremem. Não de medo, mas de tanto caminhar.
Sorriam os dentes dos fingidos e que os olhos dos brutos incendeiem os temorosos.
Descansem, ombros! Descansem!
Descansem, pernas! Descansem!
Há mais uma guerra por vir, logo, logo.
@mineirando , o Diário de Bordo.
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