Tumgik
#poesiabrasielira
inutilidadeaflorada · 6 months
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Árida
Já não me interessa a divina engenharia Já não me admira a auto obsessão Já não me convence essa exposição Já não me comove cada uma das virilhas
Meu coração é um ímã e uma ilha Cada carícia, uma batida disforme Cada ferida só pôde ser salva graças A química que vertem línguas
Querer a provocação, esquecer imagens A traça sábia antevê o ciclo O engano do teu céu centrífugo Dependurando anjos cheirando a formigas
Uma comoção para uma camisa branca Saltando intestinos, mascando países Questionar cada arcada dentária de leões? As presas verteram-se em dedos segurando canetas
Me pesam ossos e páginas Que desesperadamente arranco Como se fossem pétalas Para diminuir o peso da memória
A margem do segredo Uma verdade de cactos: O abandono é uma divindade Colhida no auge do temor
Em fissuras nos céus de cemitério Prendo o feitiço dos ossos Cravo teu nome na saliva que me derrete E tão pouco, me embebedo na chuva...
Desabroche âncoras do peito Não importa qualquer escolha A vaidade é um único amor que me prostro Seja para cessar os enigmas da esfinge ou não...
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Cartografias
O encanto se desenha na sonoridade Me inventa nomes e significados e ditados Tão vingativo e doce, como seu céu de vinagre Misturando chacinas que não coagulam Abruptamente, o homem me interrompe Há a espera para anjos significativos Solvidos há luz da neblina de algodão Meu púbis reluzindo dentro do teu mistério Temente a construção-esôfago Importunando a hipótese ao escombro As glórias folhadas em um ouro cego Ou seria um sangue advertido do processo de clarividência? Canto somente ao meu estômago Que sutura você nas sombras que me rodeiam Nos amores que diluo teu nome com a força De quem reza para enfim ser esquecido Moinhos me atentam ao caminho de tijolos Inventando dúzias de baratas tontas As convencendo que meu corpo é karma E involuntariamente eu mereceria seu conforto Derreti em teu cinema junkie Feito silicone na língua Inventei você e nosso paraíso industrial Arrotando carne de fino corte com estômagos vazios Me assusta tua vinda, mesmo que eu a tenha desejado Não esperaria que você se desposasse de teu amores Tão furtivos. Já eu eu tão afoito, não lhe conheço E pulso amor, rancor e outros mil desejos homogêneos Outra vez, estive nas intranquilas águas Afundava e gritava teu nome para que ele me escapasse Para que águas o afogassem, mas tal regalia não fora comprida Tu, mostrara-se mais resistente do que a minha vã imaginação
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inutilidadeaflorada · 7 months
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Verbos/Detritos
Lágrimas de azeite Sob a ferida-reza A espressura de alívio Todo o odor de êxtase
Vista-se enquanto Eu hei de varrer teu nome Para a catedral da memória Onde todo o tato é réu inconfesso
Eu ouço as entidades do futuro Dançando a sina onde um país apodrece Seu corpo não será mais adubo Mas a pólvora e a graxa de novas máquinas
Há uma tensão valsando no silêncio Atiçando diabos adormecidos Intersecções e brasas da vontade Equilibram o Saturno de todo homem
Em tua sala há toda a fauna empalhada Entre teus dentes uma réplica de florestas Pulsando o álibi de eucalipto É preciso ceder, antes que se desagradem
Com urgência traçar novos trópicos Com rigor de garfo e faca A etiqueta acima da verdade As aparências como um quinto poder
Tudo que disse entre a decomposição do sal E o desenlace de todas as fragilidades São fagulhas que voltarão para mim no final Como palavras-esponjas absorvendo todo o alarde
Contrariar as pressões nos pulsos Tais eventos expandem as trações Onde tudo é sulco posto a acusação Gozos e pedras, abandonos e geografias...
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inutilidadeaflorada · 2 years
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Antes que se Somem Duas Décadas
Teima em me tingir nos teus bosques Tão madeira fria, que torna-se consultório médico Tão pálidas, vide salas de espera minúsculas Aceite-me com todo o pesar Transcende o teu rosto Eu não o lembro, para depois Ser atingido violentamente Por tua presença inócua A meia noite eu me arrasto em rezas vulgares Cantando teu nome entre pernas e algozes Ferindo o tato que me manobra imprudente Mastigando nomes de bordeis e amantes O arrependimento artístico É um performance por si só A embriaguez de nudez Se constrói fugas unânimes Ao expelir lágrimas furtivas Acalma-se, preciso cuspir versos Adoto ouvidos que ainda me queiram Lhe escrevo versos com a língua Em buracos que nunca ousará ir Para assim não descobrir O rumor que meu amor por você É a força sob a química Eu cultuei a tua imagem nublada Em corpos que repuxavam Aceitavam teu nome nelas Desde que fosse imperdoável Eu sigo com uma certeza, em vão: És tu a minha faca de dois gumes Ao lembrar-me de ti, esqueço mais de mim Ao esperar-me, reafirmo-me em óbitos
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Outra Vez Uma Carta Aberta às Reticências
Derreta o êxito nos excessos O infortúnio das mãos moles Te puxa e te perde de cinco em cinco minutos E repete o exercício como um moderno Sísifo É vertigem, meu bem Todo este marasmo Já converte-se em tango A máquina do desespero autoafirma-se As asas de cristal, o pouso na ponta da luz A promessa feliz declarada em queda livre Eu preciso, eu desejo, eu lhe aceito Mas não esta pobre e atrevida encarnação Há covos a começar por mim Sustentando cinquenta cavalos Em cada uma das penumbras Julgando desinteresse, teorizando noites Desenho o abismo de fragilidades Performo distração, atribuo deselegância Os olhos que fitam delírios ousam querer para si A permanente vitória nos campos da atribulação A única nota era a de absolvição Prevista para o dia que espirais O sugassem para o mar de águas castanhas Úmidas com a invenção do outono Vil, é a separação estendida Pensei em cantar à lua Por maré alta e outras carcaças Em meu mesquinho ato de ciúme Acredito piamente no intervalo Acredito em todas as provisões Costuro o lugar que não exista tempo Nas vertentes silenciosas das tuas reticências...
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