Tumgik
#odeio calor
valkyrievanessa · 9 months
Text
depois de dias de um calor simplesmente horrivel (mesmo sendo inverno) finalmente esfriou um pouco, está toleravel viver novamente
0 notes
blossomgrovehqs · 6 months
Note
mod, vc vai postar as fichas?
Vou, sim, meu bem!
Tumblr media
0 notes
kawo1 · 2 years
Text
QUE CALOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOR
0 notes
xexyromero · 4 months
Text
𝚑𝚎𝚊𝚍𝚌𝚊𝚗𝚘𝚗𝚜: 𝚖𝚎𝚗𝚒𝚗𝚘𝚜 𝚍𝚘 𝚌𝚊𝚜𝚝 𝚡 noite fria
fem!reader imagines tw: uso de drogas ilícitas! +16 (?)
wn: sim está frio onde eu moro
enzo:
é muito friorento! mas é completamente defensor do “quem ama de verdade, divide cobertor”. você querer um só para você é considerado uma ofensa pessoal e um “te odeio” doeria bem menos.
a temperatura não pode descer um pouquinho que ele já vem se encostar em você com um edredom de baixo do braço, todo carente.
tem o pé muito gelado, mas nunca encosta em você de propósito.
“nena, se não fosse você, eu já teria congelado”.
na hora de dormir, vai fazer de tudo para você não se soltar dos braços dele, mesmo que esquente. 
agustin:
adooooora um friozinho! é daqueles que usa meia com sandália, casaco de manga longa y um shortinho bem curtinho. 
passa a noite tentando enfiar as mãos no seu sutiã ou na sua calcinha com a desculpa que está muito frio e ele tem que esquentar os dedos nem que seja um pouquinho.
“vou botar esse pra gente que tá frio demais!”
se estiverem dispostos, vai te chamar sim pra dar uma caminhadinha na rua.
na hora de dormir, encosta a cabeça no seu peito e se enrosca todinho em você.
fran:
dono do melhor chocolate quente já feito no mundo todo, mas só faz se você pedir muito ou oferecer algo em troca.
vai te chamar pra saírem juntos pra algum lugar, nem que seja pra bater uma perna na rua e tomar um café. 
sim, ele vai querer que vocês usem looks agasalhados combinando.
“se você me ama mesmo, vai usar o suéter da minnie que eu comprei com tanto carinho pra você”.
na hora de dormir, te traz para perto em uma conchinha bem quentinha.
matí:
só larga o chimarrão pra segurar na sua mão y encosta o pé frio de propósito em você pra te dar um susto.
no estilo nem frio nem calor, ele só não gosta dos extremos: friozinho é bom, mas frio demais ele detesta. 
tende a ficar um pouquinho mais mole e letárgico: só quer saber de ficar em casa, talvez assistir um filminho ou seriado qualquer. 
“como você diz que me ama se nem a água do meu mate você esquentou?”
na hora de dormir, prefere que cada um fique bem agasalhado - mas não larga da mão dada por entre os cobertores. 
kuku:
gosta do frio, mas é daqueles preocupados que não vai deixar você sair sem meia de casa. 
“amor, vi no jornal que hoje vai esfriar bastante - por favor não saia de casa sem um casaco quentinho. não gosto tanto assim de comer sorvete.”
propõe um jantar delicioso em casa, com vinho para harmonizar, no intuito de “esquentar o coração e a barriga”. a trilha sonora fica por sua escolha. 
vai fazer um chocolate quente delicioso (aprendeu com o fran) pós jantar e te chamar para ver o movimento da rua pela janela. 
na hora de dormir, encaixa sua cabeça entre o ombro e o queixo dele.
142 notes · View notes
markiefiles · 10 months
Text
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
Milky!
fem!reader, jaemin!softdom, reader!híbrida, squirt, creampie, apelidinhos, algumas palavras no diminutivo, fem!lactation, jaemin te ama muito e te mima demais 👈
Essa tava paradinha no meu docs, decidi mudar umas coisinhas, originalmente era um plot minchan.
Tumblr media
Jaemin iria enlouquecer, estava a um passo.
A doce híbrida estava lhe dando nos nervos e não porque era trabalhosa. Definitivamente, você era muito comportada, tinha todas as qualidades positivas possíveis.
Mas quando tinha qualquer contato sexual, não era o caso.
A noite estava sendo leitosa e molhada. Você, a adorável vaquinha, estava roubando qualquer racionalidade de Jaemin — que não lembrava-se de você sendo estritamente manhosa. Normalmente ficava em seu canto, quieta, poucas coisas eram necessárias para lhe agradar.
Mas Jaemin chegou em casa…
Uma casa na pura escuridão, sem qualquer luz ou som.
A primeira reação foi chamar por você. Visivelmente preocupado, Na nem colocou sua maleta no chão, apenas saiu em busca de ti. Você era crescida, evidentemente uma adulta, mas Jaemin odiava ficar preocupado contigo, com sua vaquinha, oras! Era responsabilidade dele qualquer modo.
Na foi para os quartos, procurou pelos banheiros e não encontrou, de jeito nenhum! Seus livros estavam jogados na cama e Jaemin pensou que talvez você estivesse no escritório da casa.
Seus passos apressaram-se e os dedos posicionaram-se na maçaneta, mas Na sentiu algo estranho. Algo muito estranho.
Ele girou a maçaneta e abriu minuciosamente a porta.
Mas o que…? Que droga!
Você estava simplesmente o testando. Jaemin tinha certeza que sim, somente por estar em seu escritório, em sua cadeira, com sua cara enfiada nas costas do assento.
Por Deus, você tinha os peitinhos inchados como Jaemin nunca jamais presenciou. Estavam levemente corados e leitando, muito, muito mesmo, Jaemin estava desconcertado.
Você tinha um tremelique constante em suas pernas e Jaemin só assistia o leite caindo sobre os joelhos e descendo sem mais nem menos pelas pernas.
— Bebê…?
— Nana, Jaeminnie, e-eu…
Na podia ser muito paciente, ouvinte, quieto e controlado. Mas aquilo era demais para si.
Poxa, sua vaquinha estava leitando e tinha as bochechas adoráveis molhadas de suor e lágrimas gordas.
— Jaeminnie por favor, me ajude, eu estou… Estou muito excitada, o seu cheiro é tão bom, não consegui me controlar.
— Amor… — ele andou até a cadeira — Sente-se no colo do Nana.
— Jaemin… E-eu… Isso é vergonhoso, e-eu…
— Venha aqui minha vaquinha…
Você simplesmente sentia qualquer resquício de sanidade indo embora. Seu Jaemin falando daquele jeitinho contigo era indiscutível. Faria qualquer coisa que ele mandasse.
Você o fez, com muito cuidado para não se desequilibrar. Na Jaemin sentou-se na cadeira giratória, sentindo o cheiro de leite e de um perfume doce. Você fedia a leite e perfume.
— Venha, sente aqui, amor.
Quieta e timidamente você fez. Jaemin sente um calor imensurável, você estava quente, sua bunda e coxas lhe amornando o colo.
Jaemin conduziu seu queixo com os dedos bonitos, sorrindo confortável, para que você não se preocupasse. Mas não precisava, confiava nele de olhinhos fechados. Era um ato de carinho e você apreciava isso demasiadamente.
Ele sempre fora muito cuidadoso com suas coisas, chegando a transparecer um certo ciúmes, mas isso não importava agora.
— Jae-min. — você fica vermelha ao pronunciar o nome errado — Seu terno de trabalho, o leite vai sujá-lo.
— Não se preocupe gracinha.
— Mesmo…? É um leite tão… Nojento eu odeio ficar excitada, sempre saí, sempre saí!
— Ah, é? Sabe princesa… — Jaemin adornou as mãos nos seus seios. Eram macios, suaves e quentes. Ele o apertou e aproximou seu rosto — Eu adoro leite fresco.
Jaemin ficava quente pra caralho falando coisas tão… ambíguas como aquelas.
Ele colocou os lábios no mamilo sensível e sugou. Sentiu o morno levemente adocicado em sua língua, gemendo minimamente ao sentir o gosto tão presente de leite.
— J-jaeminnie... — Você gemeu.
A boca de Jaemin era quentinha e tão cuidadosa, a cada leve sugada ele passava a língua, aliviando a pequena pressão e tendo mais leite, Na parecia faminto.
Você mexia a bunda de um lado pro outro. Tinha certeza que o pau de Jaemin viria bem. Era enorme, já tinha o visto pelado, inteiramente nu, lhe agradou, lhe deixou pensando muito nele. Parecia perfeito lá dentro.
Sua bucetinha estava molhada pra caralho, o lubrificante natural era tão doce quanto, sabia disso, ainda mais nesses momentos, onde precisava aliviar-se sozinha.
Pensou em Jaemin lhe chupando na parte traseira e gemeu, tão sensibilizada, movida por irracionalidade. Você nem ao menos sabia esconder o quanto lhe apetecia Jaemin cuidar de ti.
— Princesa, você é toda docinha… — Jaemin acarinhou sua cintura, queria muito beijar, fazê-la provar seu próprio gosto.
Você depositou os braços sobre os ombros largos e bonitos, colocando as mãos na nuca de Jaemin. Por Deus, ele era tão cheiroso, alto e bonito. Tinha olhos de gato e um perfume delicioso, que era impregnado em seu cérebro, em suas memórias.
Jaemin direcionou as mãos nas orelhas ao topo da cabeça, mexeu nelas num carinho e em seguida partiu para a bunda. Apertando a carne e enfiando seu rosto sobre os peitinhos, tão leitosos e doloridos. Estava à beira de um colapso.
— Eu quero te comer, meu amor, eu… Eu quero sua buceta quente. — Jaemin disse a frase, usando termos ridiculamente chulos, que em ocasiões opostas deixariam-te com vergonha.
Mas naquele momento, ter o pau grosso de Jaemin lhe partindo ao meio era tudo o que precisava, sabia que ele se surpreenderia ao ver o leite saindo também de seu canalzinho.
Você saiu do colo de Jaemin.
Desajeitada, você afastou a cadeira, apoiou seus cotovelos na mesa do escritório, de frente pra ele. Olhou para trás, meiga, com os olhos brilhantes. Levantou levemente a barra do avental azulado que lhe cobria as partes íntimas e rebolou, expondo a bucetinha brilhante contraindo-se e expelindo muito leite.
Jaemin sentiu uma imensa falta de ar. Seu único e genuíno pensamento foi "Saí leite por aí também…?" Ele não sabia nem mesmo se aproximar sem transparecer o tesão que estava sentindo. Poxa, queria muito comê-la, com sua boca principalmente.
Jaemin colocou as palmas nas laterais da sua bunda, brincou com as bandas gordinhas e levemente coradas, sua vaquinha era linda, em todos os aspectos.
Ele aproximou a língua da entradinha úmida e deu uma pequena lambida, arrancando um remexer do seu quadril.
— Poxa amor, você solta leite por todos os lugares? A bundinha também?
— Jaemin… Eu… queria tanto que você me comesse e deixasse todo o seu esperma misturadinho com o meu leite… Quero ficar cheinha.
Na sentiu um formigamento em sua virilha, essa frase tinha lhe atiçado mais do que devia, se te comesse espalharia leite por todos os lugares daquele escritório.
— Q-quero ver o pau do Nana.
Você diz. Tão manhosa, com a voz arrastada e sua bunda empinada, sem vergonha alguma em seu rosto, pelo menos não naquele momento. Jaemin nada disse, apenas respirou, muito profundamente, afrouxando sua gravata e abaixando suas calças muito rapidamente.
Seu pau pesava, parecia que todo esperma que tinha estava prestes a explodir. Jaemin abaixou a cueca e deu oportunidade para você observar.
— M-meu… Deus. — disse a híbrida. Você virou-se e colocou a mão em sua boca, escondendo tamanha satisfação em ver um pau tão gordo e grosso.
Era grosso demais, grosso de modo exagerado e aquilo seria engolido por sua buceta leitosa.
— Princesa, vire pra mim, sim? Me deixe te comer de frente.
Jaemin despejou dois beijinhos sobre a banda esquerda da sua bunda, enquanto tocava em seu próprio pênis, muito desperto.
Você obedeceu, escondendo pelo avental sua excitação, estava toda exposta.
— Vamos lá, minha vaquinha fofa — sorriu — Sente-se na mesa.
Você abriu suas pernas. Abriu muito, porra estava todinha aberta, era delicioso ver o leite escorrendo por sua entradinha, tão espesso e brilhante.
Jaemin largou suas calças no chão, terminando de abrir sua camiseta, se enfiou por entre as pernas e pincelou a bucetinha, colocando o pau todo ali. Tinha certeza que meteria até as bolas, te deixaria arrombadinha. Você era muito apertada, muito mesmo.
— Vai melar meu pau de leite, meu amor? — perguntou provocativo.
Ele segurou em uma das pernas para pegar impulso. Jaemin tinha quadris sobrenaturais e fortes, fazia movimentos circulares à medida que enfiava-se mais dentro de ti.
— V-vou sim — Você disse. Ele tentava manter a concentração a qualquer custo, tocando em seus mamilos inchados e enormes, estava todo molhado de leite, era deplorável sua situação — Vou gozar com m-meu Nana! — respondeu determinada.
Jaemin iria enlouquecer, de fato. Você falava coisas como aquela, coisas que o deixava com formigamentos na barriga, que o fazia querer ir mais e mais fundo dentro do seu canalzinho.
Você era do Nana e de mais ninguém, só dele, dele, dele!
O pau estava sendo esmagado, imaginava como seria por dentro, não conseguia formular nada coerente, enquanto via os olhinhos marejados de tanto prazer. Jaemin precisava te beijar, beijar muito, gozar com a boca dele na sua. Ele o fez.
Apenas conseguia pensar em como você ficava linda daquele jeitinho, toda destruída.
Jaemin trocou a posição das mãos, levando-as para os seus seios, apertou com vontade, enquanto seus lábios estavam trabalhando arduamente no beijo. Era todo molhado e desajeitado. Tinha saliva por toda sua boca.
Você gemia com a língua macia de Jaemin se enrolado, se encontrando com a sua, era tão gostoso, ele lhe comia deliciosamente bem. Suas orelhas mexiam desesperadamente a cada sonzinho molhado que ousava sair do pênis dele te esticando por dentro.
Fazia muita sujeira, tinha respingos de leite por todo o carpete.
Jaemin fechou suas pernas, socando seu interior enquanto o fazia. Ele levou as mãos para a bundinha parcialmente empinada. Você gemeu, gemeu alto e chorosa, estava chorando com um pau em sua buceta.
— Vaquinha fofa, você está me dando muito leite. — Jaemin disse, mordendo uma das suas panturrilhas.
— Nana, e-eu vou gozar!
— Isso é ainda melhor, princesa.
Jaemin metia como ninguém, seu pau lhe esfolava por dentro. Você estava praticamente derretendo por todas as partes de seu corpo, estava sendo fodida, estava acabada.
Ele então ficou na ponta dos próprios pés e prendeu os seus calcanhares, levando-os até sua cabeça, você era flexível, flexível demais. O pau foi fundo, estava indo fundo em seu pequeno canalzinho, respingando ainda mais do líquido adocicado. Parecia ainda mais escorregadio, ele enfiava-se e um ruído molhado saia.
— Você é tão suculenta, meu doce. Não consigo parar de comer você, é quentinho e gostoso aqui dentro.
Você mal conseguia responder. O ar lhe faltava e Jaemin batia em sua bunda sem parar, sem pausas, ele metia e era fundo.
— Minnie, Jaemin, Jaemin! — Você gemia, gemia muito.
Os respingos de leite batiam em seu rosto destruído, lágrimas e o leite escorrendo pelo chão. Aquela posição a faria desmaiar de prazer.
Mas você esguicha no rosto de Jaemin.
E você miou quando sentiu o morno do leite, tão espesso quanto, caindo em seu nariz e bochecha.
Jaemin soltou suas pernas, trazendo seu corpo para frente, iria meter livremente olhando para o rosto gozado de sua vaquinha.
— Você está linda assim meu amor, eu poderia tirar uma foto e colocá-la de fundo de tela… — Jaemin disse impertinente — Mas eu ficaria tão enciumado ao ver outras pessoas te olhando assim. Somente eu posso.
Ele meteu, pegando o leite e chupando-o. Era doce demais, viciante demais, Jaemin era um gato faminto pelo seu leite. Você gemeu ao vê-lo tão disposto a mamar todo seu leite, seu útero contraiu e você gozou de novo. E de novo e de novo.
Você estava sujando tudo de leite, tudo, Jaemin não parava de foder, de gemer, de partir sua buceta ao meio, extremo.
— Vou ter o prazer de leitar seu buraquinho, amor. — Ele disse, redundante.
De fato o faria, mas com sua marca.
Jaemin gozou, um pau grosso e pesado despejando todo o seu esperma dentro de uma buceta leitosa e doce. Você tinha certeza que Jaemin havia gozado mais que o normal, sentia a porra enchendo sua barriga, entupidinha.
Na se retirou dali, pediu para que abrisse as pernas e levantasse o tronco.
— Abre bem.
Falou se referindo ao buraquinho brilhante. Você abriu e sentiu o leite misturado com porra, descendo, uma gota gorda de porra vazando deliciosamente de suas dobras e caindo no chão, fazendo um barulho molhado, pegajoso, mas que Jaemin se lembraria.
Você corou ao ver. De qualquer maneira, Jaemin limparia aquilo depois, limparia todo o leite da sala bem depois.
— I-isso é nosso… Oh… — disse, inocentemente, voltando a sua postura meiga e carinhosa — Por Deus, Jaemin você é tão bagunceiro.
Você pediu por colo, as pernas fraquejando. Jaemin a levaria com certeza para um banho deliciosamente quente, gostava de te ter assim, fofa, amorosa.
— Vamos ter que limpar esse avental também… Que tal o seu amarelinho, meu doce?
— Não pode ser azul de novo? — Você sorriu.
— Vamos tomar banho e resolvemos isso depois, minha vaquinha.
Até porque, a híbrida precisava de cuidado em qualquer circunstância, mesmo numa tão… leitosa quanto aquela.
163 notes · View notes
aindasaturno · 2 months
Text
“O dia hoje começou com o pé esquerdo, devido à chuva da noite passada eu acordei tarde, também estava cansado porque fui dormir tarde trabalhando, mas a chuva sempre me faz ficar preguiçoso, e recluso. Quando acordei pela manhã pude ouvir de longe o resto de chuva que caia sobre o telhado da casa. Me enrolei de volta nos lençóis, sem me preocupar com o atraso numa sexta-feira de dia nublado. Todavia eu tinha esquecido que quando chove a cidade para, de modo que é impossível chegar no horário. Sair de casa nas pressas, bebi um café rápido que tinha gosto de café velho, e sair. Tentei pensar na melhor rota para chegar no trabalho não muito atrasado, mesmo que fosse impossível. As ruas congestionadas, barulho de buzinas, pessoas nos passeios se esbarrando, um verdadeiro pandemônio. Fiquei preso no engarrafamento da via principal, ainda sonolento liguei o rádio na tentativa de não apagar sob o volante. De forma costumeira eu não ouço nada pela manhã e não é um tipo de ritual prosaico, eu só preciso de silêncio porque não funciono pela manhã. Mas era um dia incomum, eu precisava ouvir algo ou dormiria, troquei de estações várias vezes, a maioria das rádios estavam falando do engarrafamento da sexta e de como a cidade estava um caos, e eu não precisava dessa informação, estava visível, até eu deitado na cama sabia que a cidade estaria um caos. Desliguei a rádio, não tinha nada de interessante e aquele ruído constante e diálogos infinitos e a entonação entusiasmada me cansaram. O dia estava nublado, um cinza imenso cobria o céu e a estrada até onde a vista podia alcançar estava poluída de faróis e buzinas, e para piorar o sol que parecia estar escondido atrás de algum outro planeta começou a aparecer, aparecer com seu calor porque o céu continuava cinza. Comecei a suar, e sentir o mormaço tomar conta do interior do carro, sentir vontade de morrer instantaneamente, morrer de uma vez por todas e ir para a outra vida descansar de tudo isso, mas isso era apenas o calor falando por mim. Eu odeio o calor, e nasci numa das cidades mais quentes do nordeste, acho que Deus errou nos cálculos. Tirei os sapatos, inclinei o banco para trás, e tentei descansar, mas era impossível, o barulho, o mormaço, a luz que atravessava o para-brisa do carro, a inquietação, o desconforto, a vida, tudo me era penoso. Em plena uma sexta-feira de dia nublado eu desejei desesperadamente não estar vivo, mas era um desejo antigo que já andava comigo como amigo, como um sentimento afetuoso, o desejo de não ser, de não ter que existir, era antes de tudo um desejo escondido que eu alimentava no interior do meu eu, todavia hoje eu confessei isso para mim mesmo. Era cansaço, um cansaço que não tinha fim, um cansaço que cobria toda a minha carne humana, nervos, e conseguia ir mais fundo atravessando aquilo que chamamos de alma humana, sim, eu estava por completo vencido por um mal-estar e não havia o que ser feito. Assim como não se tinha o que fazer no transito sem espaço. Só aceitar, e esperar que a estrada ficasse livre e que a chuva cessasse, e o sol aparecesse, mas que não me judiasse.”
Cotidiano.
33 notes · View notes
idollete · 1 month
Note
Tumblr media
Juju, olhando pra essa foto só me vem duas coisas na cabeça ☝🏻
Primeiramente a cara do pipe de inocente comedor de novinhas (olha essas bochechas rosas😫🤧)
Segundo, o senhor Enzo em um evento chiquerrimo e importante de xuxinha no braço como se fosse um adorno, amado? Kkkkkkkk (falo mas acho mo fofo, e ele disse na entrevista que é pro cabelo dele mesmo mas se tivesse uma loba certeza que ela ia usar mais dq ele ✊🏻)
OS PEITÕES DO PIPE VAZANDO E QUASE BATENDO AQUI EM CASA DESUMANO GABYS!!!!!!! e essa carinha de bebê ainda eu vou me matar na frente dele, não dá mais não dá mais felipe otaño 😵‍💫😩
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK AMG EU AMO QUE O ENZO É JUST A BABYGIRL SOMETIMES e é gente como a gente sempre com uma xuxinha no pulso, acho uma graça. no off é só mais uma estratégia desse puto pra comer buceta eu APOSTO. ele flertando tipo "tá com calor? quer prender o cabelo? tenho uma xuxinha aqui! e também odeio cólica e amo lana del rey 🤓"
43 notes · View notes
louie9i1 · 9 months
Text
eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor eu odeio o calor
60 notes · View notes
perfectnina · 1 month
Text
"odeio ser magra/ter metabolismo acelerado 😭"
é? você nunca na sua vida vai saber como são os olhares de julgamento quando faz qualquer coisa, nunca vai chorar de um jeito inconsolável quando se olhar no espelho, nunca vai precisar passar dias sem comer enquanto faz exercício, muito menos se exercitar até desmaiar simplesmente pra ser tratada como um ser humano normal. nunca vai deixar de fazer coisas básicas como usar roupas leves no calor ou até mesmo tomar banho por não aguentar ver seu corpo, seu corpo nunca vai ser um argumento em discussões, você nunca vai sofrer bullying por ter ele. por mais que você mesma tente acreditar que não gostam de "esqueleto", você sabe que não é verdade. agências de modelo gostam das magras, homens gostam das magras, as apresentadoras de televisão SEMPRE são magerrimas, sabe pq? pq magreza sempre foi e sempre vai ser o padrão. as gordas são sempre as mentirosas, as sujas, as folgadas. e você nunca na sua vida vai saber o que é literalmente perder dente, desmaiar, congelar até no calor simplesmente pra poder conversar com alguém sem se sentir um incômodo por ocupar muito espaço, por ter um corpo. nunca vai saber o que é ter sido uma criança obesa e ver que enquanto as outras subiam no colo ou nas costas do pai, o seu pai não te aguentava, pq você pesava mais que ele. nunca vai sentir a humilhação que é o seu tamanho de uniforme ser o maior da sala, ser a mais gorda do espaço. nunca vai escutar um "tá gordinha, né?" alto e claro pelos seus familiares, ninguém nunca vai ter vergonha de te assumir ou estar perto de você.
19 notes · View notes
clarinhadeodato · 4 months
Text
FINAL
Sentimento de paz, renovação, A chuva cai lá fora, a turbulência cessou, Já é possível escutar o canto dos pássaros, Não faz frio nem calor, só existe a sensação do alívio, O peso da culpa não pertence mais a essa alma glorificada pela presença da serenidade, Olhos completamente imensos, sem nenhum cansaço, A chuva vai cessando, o sol surge, a gratidão por passar por toda essa bagunça é notável, Ciclos novos, sem apego para não sentir, mas com a liberdade para entrar e sair, quando necessário. Não queria que você fosse embora, embora fosse necessária a sua ida, mas que bom que você se foi, Que bom que me sinto eu mesma novamente, A sua importância foi desigual de muitos, era imensa, não te odeio, mas também não me faz diferença, A chuva cessou, me sinto renovada, feliz, Feliz por não te ter aqui, outrora eu quisesse me sentir assim, Seus olhos já não fazem efeito, não me causam êxtase, adrenalina, Silêncio, é só o que consigo sentir, tela branca. E o amor? Mais uma vez a prova de que ele é a dor, a dor que me ensinou, Sinto meu corpo arrepiar, 12:51 de uma quinta-feira, tenho a certeza que a ausência não me assusta mais, Você só foi mais um, talvez essa fosse a sua intensão, mas não era a minha. A chuva volta a cair, mas não me incomoda, O dia está tão claro, não há tantas nuvens nesse céu, Não preciso dessa vida rasa, consigo lidar com a solidão, aprendi, Não sinto a sua falta, sinto pena, Você teve tudo, apesar de nem sempre querermos tudo, e tudo bem, não me importo, Não sinto nem o prazer de te mandar embora, você foi sem eu nem perceber, Na verdade acho que nem te amei, era só o ego gritando por não ser aceito como queria, ele tem dessas, A chuva passou novamente, final dessa velha versão, vida nova, mais uma.
Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media
12 notes · View notes
mysteriouslybitch · 5 months
Text
nossa odeio usar absorvente no calor a xota fica parecendo um bacalhau guardado
19 notes · View notes
leclerqueensainz · 1 year
Text
Uma Família de Três (C.L 16)
Parte. V- A culpa, a esperança e o medo.
Tumblr media
⚠️Avisos: Smut (+18), sexo oral (mulher recebendo), angústia, raiva, menção a embriaguez, Charles muito bravo quebrando as coisas. Esse cap pode conter gatilhos!
*lembrando novamente que nesta história, Jules Bianchi morreu em 2019, o que pode alterar a data de alguns acontecimentos*
Aproveitem a leitura!
Quantidade de palavras: 7.907
🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨
18 de setembro de 2018 — Monte Carlo, Mônaco
Calor, é tudo o que eu consigo sentir. Muito calor.
Monte Carlo amanheceu no que eu posso chamar de Chamas do Inferno. Eu estou praticamente derretendo no apartamento de Charles, mesmo que o ar condicionado esteja ligado em 16 °C.
Jogada na cama, enquanto tenho a sensação que cada célula do meu corpo virou lava, que me queima de dentro para fora, escuto a voz suave e desafinada de Charles cantando ’Kids’do Current Joys, no chuveiro. Essa manhã em particular, ele acordou um pouco estranho, não sei dizer se posso considerar bom-humor matinal de fato como algo estranho, ou se estou apenas sendo uma pessoa amarga, mas pelo amor de deus! Quem acorda em um dia que está sendo uma verdadeira amostra grátis do inferno, tão animado?
— Ai que Inferno! — Tento me arrumar na cama, jogando os lençóis e cobertas para o lado vazio de Charles.
Eu odeio o calor, e mesmo que as pessoas na Europa chorem de felicidade quando acordam com raios de sol e passarinhos cantando na janela, eu acordo como se isso fosse presságio de um dia terrível que se seguirá. A chateação toma conta de cada parte do meu corpo e eu me sinto frustrada e menos produtiva durante todo dia.
Cansada de tentar achar uma posição em que eu me sinta mais fresca, eu decido tirar as poucas roupas que visto, sendo elas uma camiseta de Charles e shorts do meu pijama — que já está só pela misericórdia de tão velho-, ficando apenas de calcinha.
Escuto o barulho do chuveiro sendo desligado e em minutos um Charles, com uma toalha envolta na cintura e cabelo molhado, sai pela porta do banheiro. Ele fica parado e me encara com uma sobrancelha arqueada e um sorriso de canto adorna seus lábios. Se fosse qualquer outro dia eu estaria babando pela visão dele desse jeito.
— Pelo visto o dia vai ser melhor ainda do que eu imaginava.
— Só se for para você, Leclerc, porque para mim já começou péssimo. — Digo azeda.
Charles ri baixo e anda lentamente até a beirada da cama.
— Vamos querida, não seja assim. — Ele diz se curvando um pouco para pegar meu tornozelo direito.
— Não sei como você consegue acordar tão feliz com esse clima parecendo que jogaram nossa cama num vulcão.
Solto um suspiro baixo quando suas mãos começam a fazer uma leve pressão até meu pé.
— O dia está lindo, tomei um banho bem agradável para acordar e ao chegar aqui, dou de cara com a minha belíssima namorada jogada em cima da minha cama, fazendo um ‘topless’. — Ele beija o meu calcanhar e eu aperto os olhos aproveitando a sensação. — Tem como ser triste?
— Tem, quando você acorda com a sensação de estar sendo abraçada pelo capeta — Respondo e sinto as vibrações de sua risada silenciosa o meu pé.
Charles coloca minha perna em seu ombro e vai engatinhando na cama, arrastando beijos suaves pela minha pele, me dando arrepios.
— Precisamos melhorar esse seu humor, não é? — Ele diz baixinho, sua voz engrossando alguns tons.
Eu prendo meu lábio inferior entre meus dentes e agarro o lençol abaixo de mim. Sua voz e seu toque me causando diversas sensações diferentes em simultâneo. Seguro um gemido quando sinto os leves arranhões que sua barba rala vai deixando em minha pele macia.
— Não acredito que isso vai ser possível… Charles! — Uma mistura de grito e gemido deixa meus lábios, quando sinto seus dentes cravarem minha carne da coxa, o suficiente para deixar uma marca.
Para aliviar um pouco a dor, Charles põe a língua para fora e a passa lentamente pela pele sensível que ele mordeu.
— Porra… — Eu solto um gemido e jogo a cabeça para trás, totalmente perdida na sensação.
— O que você estava dizendo, meu amor? — Ele pergunta ficando totalmente entre minhas pernas, seu rosto a centímetros do lugar onde queimava por seu toque.
— Você é um desgraçado. — Digo e uma de minhas mãos vão até os seus fios molhados, minhas unhas se arrastam levemente pelo seu couro cabeludo o fazendo soltar suspiros baixos.
— Não seja uma megera, não quando eu estou tão disposto a te fazer gozar na minha boca. — E ele enfia a cara na minha intimidade vestida.
Mesmo com o tecido fino do algodão da calcinha, posso sentir o calor da sua língua molhada se arrastando lentamente por todo o caminho do meu clitóris até a minha abertura. Não conseguindo mais controlar deixo que um gemido alto e vulgar ecoe pelo quarto.
— Charles… — Chamo por ele, implorando para que acabe com a minha tortura.
Meus dedos se emaranham em seu cabelo e puxam os fios lisos, fazendo-o gemer e afundar ainda mais o rosto em mim.
— Eu vou acabar com a sua agonia, ma belle. — Ele diz e suga meu clitóris em sua boca.
— Foda-se! — Eu exclamo e sem controle do meu corpo, que parece estar pegando fogo por razões diferentes, meus quadris saem da cama e vão ao encontro do seu rosto.
— Ah! eu vou, mas antes quero sentir o seu gosto. — Charles aproveita meus quadris erguidos e engancha as mãos uma de cada lado da minha calcinha e a puxa para baixo. Suas unhas curtas arranhando levemente a minha pele por onde passa.
Quando ele finalmente se livra da peça intima a jogando no chão, seus lábios macios vão direto para o meu clitóris agora nu.
— Porra, Charles! — Minha voz soa alta e quebrada.
Eu afundo minha cabeça nos travesseiros macios, sentindo sua língua cobrir cada parte de mim. Charles começa um ritmo implacável com a boca na minha parte mais íntima. Ele alterna entre lambidas, chupões e as vezes posso sentir até mesmo os seus dentes roçarem levemente pelo meu botão sensível, me levando à loucura.
— Seu gosto é tão bom, Mon amour. Tão doce. — Ele geme e sinto as vibrações passarem pela minha intimidade, me causando ainda mais prazer e arrepios.
— Charles, e-eu vou… — Não consigo terminar a minha frase, pois sua língua ágil me invade e começa a fazer movimentos de vai e vem.
As mãos de Charles apertam meu quadril no colchão de uma forma bruta, me fazendo sentir seus dedos afundarem na minha pele e sei que ao decorrer do dia, sentirei suas digitais em mim.
— Vamos, querida. Se solta, vem para mim. Vem na minha boca, me deixe beber cada gota do seu prazer. — Ele exige e é tudo de mais.
Minha cabeça e meu corpo estão cheios de Charles. Sua boca, suas mãos fortes, seu cheiro, seu calor, é tudo demais. Tudo demais para ser suportado, tudo tão bom. E eu explodo.
Minha mente fica em branco enquanto gozo em sua boca. A sensação do orgasmo é tão devastadora e intensa que sinto meu corpo entrar em colapso, tremendo e se contraindo, enquanto minha boca solta os mais eróticos sons.
Quando finalmente desço da minha euforia, ainda com os ouvidos zumbindo pela força do orgasmo, sinto o corpo de Charles agora totalmente em cima de mim. Sua corrente batendo no meu queixo. Abro os meus olhos e o encaro preguiçosamente. Os olhos escuros de desejo e ele tem um sorriso convencido e sujo estampado nos lábios e com os cabelos selvagens pós-foda. Sua boca e queixo brilhando com o líquido do meu prazer e como se não bastasse eu quase gozar novamente só com a visão dele assim, sua língua sai de sua boca e passa pelos lábios, coletando o meu gozo. Porra…
— Seu humor está melhor, querida?
🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨🇲🇨
29 de janeiro de 2023 — Monte Carlo, Mônaco.
Tudo cheira a Charles. Cada pequena molécula presente nesse quarto carrega o cheiro do meu ex, o banheiro, as cortinas, o closet — que mal consegui terminar de ajeitar minhas coisas, pelo cheiro dele estar me intoxicando — mas o pior era a cama. Aquela maldita cama, naquele maldito quarto, com aquele maldito cheiro. Eu estou enlouquecendo.
Há muitas memórias que foram geradas nesse quarto e nessa cama. Aqui foram nutridas esperanças de uma vida inteira ao lado do homem que eu amei, mas que agora por ironia do destino, a única razão pelo qual eu estou pisando novamente nesse cômodo, é devido as escolhas do acaso.
Eu balanço a minha cabeça e rio irônica. Vá se foder universo e suas escolhas filhas da puta! Vá se foder por me fazer acreditar precisar supera-lo e agora me fazer viver sob o mesmo teto que ele novamente! Se há um Deus, eu realmente espero que você esteja rindo muito agora! Divirta-se! Faça com que minha agonia e futura insanidade valha a pena!
Antes que eu possa perder totalmente as estribeiras, ouço o barulho de leves batidas na porta. Me ajeito na cama colando o lençol até a cintura, para cobrir a pele exposta que a camisola de seda deixa.
— Pode entrar, está aberta! — eu exclamo e logo a porta se abre apenas um pouco e a cabeça de Charles aparece.
— Mm… e-eu só queria saber se você conseguiu se instalar e se está confortável. — Ele pergunta desconcertado e se eu não estive a um passo de dar uma de coringa apenas a algum segundos atrás, eu riria do seu constrangimento.
— Eu estou bem, Charles. — Eu respondo tentando soar o mais doce possível. — Obrigado novamente pelo quarto. Você está confortável na sala de jogos? Nós podemos mudar se…
— Não! — Ele grita me assustando. — Desculpa. Eu só queria dizer que não há problema nenhum, você já fez muito se mudando para cá. — Ele entra um pouco mais para dentro do quarto, metade de seu corpo para ser mais exata.
— Nós precisamos soar convincentes para a assistente social, certo? — pergunto meio incerta. — Além disse, Vincenzo não pode ganhar uma família nova dividida. Ele precisa de estabilidade mais do que tudo, nesse momento.
— Sim, sim! Você tem razão, mas mesmo assim, sei que você deixou de muita coisa, então o mínimo que posso fazer é deixar você com o quarto principal. Essa é sua nova casa e quero que você se sinta o mais confortável possível. — Ele sorri e abaixa a cabeça por uns segundos.
Essa é sua nova casa. Por que caralhos isso soa tão bem saindo da boca dele?
— Nós dois renunciámos a algo, essa é a consequência de decidir criar uma criança com seu ou sua Ex. — Eu digo em uma tentativa falha de fazer uma piada, mas o sorriso no lábio de Charles vacila por um momento.
— Certo… — Ele sussurra com um olhar perdido em seus olhos antes de voltar a ficar totalmente em mim deitada em sua cama, que agora pertence me pertence — Sei que minhas roupas ainda estão no closet, mas é que ainda não instalei um armário novo no quarto, então tudo bem se eu tiver que vir pegar algumas coisas aqui durante o dia? Prometo que não vou ser um esquisito e vou sempre bater antes de entrar. — Ele diz rápido demais o que me faz rir.
— Está tudo bem. Você pode vir quando quiser, desde que bata antes, vai que eu estou pelada. — Eu tento, tranquiliza-lo com graça, mas novamente suponho que falhei. Porém, os olhos de Charles mudam para algo intenso e seu olhar viaja para minha parte superior.
A camisola que uso é de seda e um tanto quanto fina, não o suficiente para ser transparente, mas fina ao ponto de marcar meus seios sem a proteção de um sutiã. E é justo meus peitos que tomam a atenção de Charles. Eu me sinto quente sob seu olhar, quase derretendo. E quando ele passa a língua pelos lábios, sinto certas partes minhas apertarem.
Okay, chega!
— Vincenzo conseguiu dormir? — Pergunto tentando tirar a atenção dele dos meus seios.
Com a menção ao nome de Vincenzo, seu olhar se suaviza e volta para o meu rosto. As bochechas de Charles ficam vermelhas por um momento e ele pigarreia antes de dizer:
— Sim, ele pegou no sono rapidamente. Mal comecei a ler a história da ‘raposa morta’, e ele dormiu. Acredito que gastou toda a energia dele brincando no quarto novo, mais cedo. — Charles da de ombros e eu sinto minha sobrancelha franzir.
Ele disse raposa morta?
— Raposa morta? — pergunto confusa e ele sorri e da de ombros.
— Eu sei, é esquisito, mas é o livro favorito dele. Ele disse que a ‘Poposa’ é como Jules. — Meu coração esquenta e dói ao mesmo tempo, com a declaração de Charles.
—Oh! — É o único som que consigo fazer.
— Sim, Oh! — Ele me imita e caímos em um silêncio. Ambos pensando o quanto aquela situação era tragicamente adorável. — Enfim, só queria saber se estava bem e como já vi que está, vou dormir agora. Boa noite, Marie. — Ele se despede.
— Boa noite, Shal. — Eu o chamo do mesmo jeito que Vincenzo o chama, com um sorriso travesso no rosto.
Charles me encara com as covinhas aparecendo e um olhar divertido.
— Até amanhã, princesa. — Ele diz com um tom baixo e rouco e mais uma vez aquele olhar volta para seu rosto. Ele definitivamente não utilizou aquele apelido com a inocência de Vincenzo.
Charles sai e fecha a porta atrás de si rapidamente e eu quase caio de joelhos, agradecendo por ser antes de eu deixar um gemido totalmente constrangedor escapar da minha garganta.
Destino, você é um filho da puta!
30 de janeiro de 2023 — Monte Carlo, Mônaco.
— Então é só eu fazer assim e… Pronto! — Charles exclama feliz quando finalmente termina de arrumar o cabelo de Vincenzo.
— Fiquei bonito, Shal? — Vincenzo pergunta com olhos grandes.
— Você está lindo, campeão! Não é, Marie? — Eles se viram para mim que estou sentada na poltrona em frente aos dois, com charles em pé e Vincenzo sentado em uma das banquetas altas.
— Você está um charme, meu amor! Muito bonito! — Respondo para Vincenzo e suas covinhas surgem em seu rosto, que também cora um pouco.
— Obigado, Princesa! — Ele diz baixinho e puxa a camiseta de Charles para que fique na frente dele.
— Pelo visto alguém ficou envergonhado com o elogio, não é? — Charles cutuca a barriga dele com as pontas dos dedos o fazendo rir alto e eu solto uma risada baixa também.
— Para, Shal! Eu sinto cosguinhas! — Vincenzo diz as palavras erradas com aquela voz de criança e em meio a risos e eu quase explodo de tanta fofura.
— Certo, certo. Vou deixar as cócegas para depois, precisamos ir até o restaurante. Tudo bem? — Charles pergunta para Vincenzo e ele assente.
— Vamos conhecer a vovó e o vovô hoje, né Shal?
— Sim! Hoje é dia de conhecer os pais do seu papai Jules. Você está ansioso? — Charles pergunta e Vincenzo assente animado.
— Então vamos lá! Você está pronta, querida? — Charles se volta para mim e eu aceno me levantando da poltrona e pegando minha bolsa e a mochila do McQueen de Vincenzo que estavam em cima da mesa de centro.
— Ótimo! Então vamos, marquei às 12h com Christine e não quero atrasar. — Charles diz pegando Vincenzo no colo e pegando carteira e a chave do carro.
Andamos para a porta de entrada do apartamento e antes que charles abra a porta eu toco em seu ombro chamando sua atenção. Ele se vira para me encarar e Vincenzo também me olha curioso.
— Você acredita que eles vão reagir bem? — Pergunto me sentindo nervosa.
— Vai ser uma baita surpresa, assim como foi para nós, se não ainda mais intenso para eles. Não é fácil descobrir que tem um neto depois de quase quatro anos da morte do seu filho. — Charles responde e eu sinto meu estômago afundar em ansiedade.
— Vai dar tudo certo, Marie. Fique tranquila. — ele tenta me acalmar segurando firme, mas gentilmente a minha mão, e a ansiedade da lugar a pequenas borboletas em meu estômago.
Eu aceno novamente com a cabeça, me forçando a não parecer que seu toque de conforto me abalou.
— Eu vou proteger você, Princesa! — Diz Vincenzo sem ter muita noção do que realmente está acontecendo.
— Eu sei que você vai, meu amor! — Digo sorrindo com carinho.
[…]
Como se conta a alguém que de repente eles são avós de um filho do seu filho morto? É exatamente essa pergunta que venho me fazendo desde o momento em que entramos no carro de Charles e fomos para o restaurante nos encontrar com Christine e Philippe.
Pensei em diversas formas diferentes de lhes contar toda a história maluca a qual Charles e eu fomos submetidos nas últimas semanas, porém nenhuma parece ser razoável o suficiente para que não faça os pais de Jules sofrer um ataque cardíaco no meio da mesa.
Pensei em ser direta e simplesmente soltar tudo de uma vez, mas a possível imagem deles se engasgando com a comida, me fez desconsiderar isso rapidamente.
Esse assunto não é algo suave para ser dito tão diretamente. É necessário ter cautela e um bom preparo. Mas ai que está: há como estar preparado para uma notícia dessas? Não. Não há. Nenhuma preparação no mundo é o suficiente para evitar o choque de um assunto desses.
Charles se levantou e foi com Vincenzo ao banheiro, pois pelo visto tomar três caixinhas de suco é demais para a bexiga de um garotinho de 3 anos e alguns meses. Eu permaneço sentada à mesa que está em um canto mais afastado do restaurante.
— Com licença, senhorita. — A voz do garçom se faz presente e eu o encaro. — O Sr. e a Sra. Bianchi. — Ele anuncia e eu vejo que Christine e Philippe estão parados um pouco mais atrás dele. — Com licença. — Ele se retira.
Me levanto rapidamente e logo Christine vem em minha direção me dando um abraço apartado.
— Marie, minha querida! Como é bom ver você! — Ela diz esfregando minhas costas e eu retribuo o abraço apertado.
Fazia tanto tempo que eu não havia, e posso jurar que ela não mudou quase nada. Christine permanecia a mesma mulher elegante e adorável a qual eu cresci admirando. Nós nos soltamos, mas suas mãos permanecem nos meus ombros, ela me analisava de cima a baixo com um sorriso amável no rosto e olhos cheios de lágrimas. Não pude deixar de notar a diferença desse abraço com o da última vez, que havia sido no funeral de Jules.
— Christine, é muito bom rever você também. — Eu sorrio para ela o mais honestamente que consigo.
— Philippe, venha aqui! Olhe só para ela! Virou uma mulher muito linda. — Ela diz e se afasta para que seu esposo possa me ver.
Phillippe se aproxima e estende a mão para me cumprimentar, ele sempre foi mais formal e fechado do que a mãe de Jules, entretanto é um homem muito gentil e amoroso.
— Olá, menina! — Ele pega minha mão nas duas dele e aperta forte em um gesto carinhoso. Em seu rosto há um sorriso cansado, mas gentil.
— Também é um prazer revê-lo, Sr. Bianchi. — Digo e ele acena com a cabeça antes de soltar minha mão. — Por favor, sentem-se. Charles foi até o banheiro, mas logo estará de volta. — eu aponto para às duas cadeiras disponíveis que estão ao lado direito da mesa. Charles e eu ficamos acomodados ao lado esquerdo e o garçom nos trouxe uma cadeira para alimentação de crianças que está ao lado da de Charles.
— Como você vai, querida? Já faz muito tempo que não nos vimos, desde… — Christine para por um momento e percebo que seu sorriso cai por um momento.
Phillippe aperta levemente os ombros de Christine, tentando, reconforta-la, o que parece dar certo, pois ela sorri triste e sussurra um “tudo bem” para ele.
— Eu me mudei para a Itália, após sabe… tudo o que aconteceu. — Digo e volto meus olhos para a taça de vinho a minha frente. — Pensei que seria bom recomeçar do zero em outro lugar.
— Claro! E você estava totalmente certa. É sempre bom recomeçar a vida quando se tem a oportunidade. — Phillippe diz e vejo um pequeno lampejo de tristeza passar por seus olhos.
Eu tento imaginar o quão é difícil para ele poder falar de recomeço quando a pessoa quem ele mais amou na vida está morta.
— Você terminou a faculdade, sim? — Christine me pergunta e eu assinto.
— Sim, terminei na Universidade de Milão e hoje trabalho como curadora de artes. — Respondo dando um gole no meu vinho.
— Isso é ótimo! Mas pensei que você quisesse pintar. Lembro dos seus quadros, suas obras sempre foram maravilhosas. — Christine elogia.
— Eu pintava, mas não tive mais vocação depois que Jules… — Eu me interrompo quando percebo o significado das palavras que iriam sair da minha boca.
Olho rapidamente de Christine para Phillipe com meus olhos arregalados, ambos me encaram com um olhar triste, mas um sorriso gentil e reconfortante nos lábios.
— Me desculpem. — Eu me ajeito na cadeira, me sentindo desconfortável.
— Está tudo bem, menina. — Phillippe diz com um tom baixo. — A morte dele mudou algo em todos nós. É difícil aceitar que ele partiu, mas isso é o que é. — Ele e Christine se olham e depois voltam a me encarar.
Os meus olhos ardem com suas palavras. Realmente a morte de Jules mudou algo para cada um de nós, e talvez para pessoas ao redor do mundo inteiro. É difícil para todos os fãs de Fórmula 1 saber que não terão mais o ídolo competindo todo fim de semana de corrida. E para nós, seus amigos e família, é difícil ter que se acostumar com o vazio que ele deixou em nossos corações. É duro acreditar que ele não estará mais fazendo parte de nossas vidas.
— Mas sei que aonde quer que ele esteja, ele sempre estará olhando e torcendo por nós. Um dia de cada vez. — Christine diz e uma lágrima desce pelo seu rosto, que ela logo enxuga com o guardanapo de pano.
— Tenho certeza que sim. — é o que consigo responder para ela.
Ficamos em um silêncio por um momento, talvez apenas refletindo sobre o significado da imporá de Jules em nossas vidas.
— Princesa! Você não sabe o que nós descobrimos… hmm, olá? — A voz de Vincenzo se faz presente chamando a atenção de todos.
Christine e Phillippe encaram Vincenzo com olhos curiosos, o que o deixa tímido e o faz correr em minha direção. Eu afasto a cadeira e o pego colocando-o sentado em meu colo. Vincenzo esconde o rosto em meu pescoço e aperta minha camisa com a mãozinha.
— Vincenzo! Pelo amor de Deus, não me assusta mais desse jeito, eu quase tive um infarto com você correndo e… Oh! Oi! — Charles aparece na frente da mesa com os cabelos despenteados e o rosto preocupado. — Sr. e Sra. Bianchi, peço desculpas, me assustei com esse pequeno diabinho correndo. — Ele diz e cumprimenta Christine com um beijo no rosto e aperta a mão de Phillipe.
— Está tudo bem, querido. — Christine responde e seus olhos saem de Charles de volta para a criança em meu colo.
Charles se senta ao meu lado e sua mão vai protetoralmente até as costas de Vincenzo, fazendo um leve carinho ali.
— Quem é esse menino lindo? — Ela pergunta olhando para Vincenzo.
— Este é Vincenzo. Querido diga olá ao Sr. E Sra. Bianchi. — Sussurro para Vincenzo que enfia o rosto ainda mais no meu pescoço. — Vamos meu amor, é só um olá. — faço carinho em seu cabelo.
Vincenzo reluta por uns segundos, mas logo seu corpinho relaxa em meus braços e devagarinho ele tira o rosto de mim e se vira para seus avós com olhos curiosos, mas relutante.
— Oi. — Ele diz simples e os dois olham para ele o analisando firmemente.
—Oi, querido. Como você está? — Christine pergunta com um sorriso doce em seus lábios.
— Bem e você? — Ele pergunta educado.
— Estou bem, querido. — Ela responde.
Vincenzo olha para Phillippe que permanece calado apenas o observando cautelosamente.
— Não sabia que você tivera um menino. — Ele fala para mim, mas os olhos ainda estão cravados no garotinho no meu colo.
— Eu não tive. — Eu respondo e minhas mãos apertam um pouco mais Vincenzo.
— Então de quem ele é? — Phillippe me pergunta sério.
— Sr. Bianchi… — Charles o chama, mas antes que possa prosseguir o garçom se aproxima da mesa e nos pergunta se já queremos pedir.
Minha garganta parece apertada demais para querer comer qualquer coisa. Mas não tenho tempo de responder, pois Charles pede apenas mais um momento para que os nossos convidados possam verificar o cardápio e o garçom apenas acena com a cabeça e se retira.
O olhar que Phillippe lança sobre mim, é desconfortável, como se ele quisesse ler todos os meus pecados. O que eu nunca havia sentido antes. Ele está desconfiado.
— Nós precisamos falar algo para vocês e não é nada fácil de se compreender. — Charles começa atraindo a atenção dos dois. — Estamos adotando Vincenzo.
Eu engulo em seco e olho para Charles que me lança um rápido olhar antes de voltar para os pais de Jules.
— Isso é ótimo querido! Parabéns para vocês! Não sabia que voltaram! — Christine diz com um sorriso grande estampado em seu rosto.
— Nós não voltamos. — Eu digo insegura. — Na verdade, voltei para Mônaco apenas por Vincenzo, pois ele precisará de nós dois.
Os pais de Jules se entreolham confusos.
— Eu não entendendo, se vocês não estão juntos, por que estão construindo uma família? — ela pergunta confusa.
— Fomos meio que obrigados a isso. — Charles responde. — Não tivemos escolha, a mãe de Vincenzo apenas apareceu e nos reuniu em Nice, nos apresentou a ele e disse que não poderia mais cuidar dele, pois é uma dependente química.
— Meu Deus! Que horror, pobre menininho! — Christine olha para Vincenzo com olhos cheios de compaixão.
— Vocês a conhecem? — Dessa vez Phillippe quem pergunta, me encarando e eu nego com a cabeça.
— Não, nunca a tínhamos visto antes. — Charles responde.
— Então por que ela escolheu vocês para cuidar do menino? Pelo dinheiro? Ou fama de Charles? — Phillippe pergunta encarando Charles.
— Sim e não. — Charles responde. — Há um motivo maior que o dinheiro, pelo menos nós acreditamos que sim, não é? — ele me encara e eu aceno.
Minha garganta está tão seca que eu não consigo falar.
— E qual é o motivo? Se é que me permitem perguntar — Christine pergunta.
Eu e Charles apenas nos encaramos por um instante, nossos olhos conversando sobre como contar a eles toda aquela loucura. Eu respiro fundo e aperto um pouco mais Vincenzo.
— A mãe de Vincenzo queria que cuidássemos dele porque ela confiou em nós.
— Mas você disse que nunca a viram. — Christine interrompe Charles, ainda confusa.
— E nós nunca havíamos visto, mas ela meio que já nos conhecia. — Charles responde rápido.
A conversa está me deixando agoniada, como se algo muito pesado estivesse em cima do meu peito. Eu queria que aquilo acabasse logo de uma vez, como arrancar o band-aid de uma ferida. Charles deve ter percebido que eu estou a beira de um ataque de pânico, pois ele aperta a minha coxa levemente, tentando me reconfortar.
— Shal, você vai contar agora que eles são meus avós? — Vincenzo diz ingenuamente e minha respiração trava.
Há um choque estampado na expressão de todos na mesa. Meu coração parecendo ir explodir dentro do meu peito a qualquer minuto.
Eu não sabia o que dizer, estou totalmente travada sentada naquela cadeira, sem palavras.
— Meu Deus! — Christine põe às duas mãos sobre a boca, com olhos arregalados.
— O que você disse, garoto? — Phillippe pergunta para Vincenzo que olha para ele com um olhar incerto.
— Vocês são papais do meu papai Jules, não são? — Ele pergunta inocente e volta o olhar para mim como se estivesse com medo de ter dito algo errado.
— Do que é que ele está falando?! — Christine pergunta olhando entre mim e Charles.
— Tudo bem, aqui vai… — Charles começa a explicar tudo para os dois, desde as cartas até ao encontro com Cecília. Falou sobre a real causa da morte de Jules e sobre o processo de adoção estar em andamento e Vincenzo estar conosco.
A todo momento Christine chora e Phillippe apenas nos encara desacreditado, totalmente em choque. Mas para ser honesta, eu não os culpo. Se foi horrível para Charles e eu descobrimos tudo aquilo, imagina como não deve estar sendo reviver um inferno para eles. Entretanto, por mais que tenha sido como abrir feridas redescobrir coisas sobre a morte de Jules, também e esperançoso saber que ele havia deixado um pedaço dele para nós.
Quando Charles finalizou a história contando que Vincenzo está sobre nossa tutela provisória, Christine e Phillippe apenas ficaram lá por um tempo. Sentados, estáticos, processando tudo aquilo.
Ha tantas perguntas que rondam suas cabeças que somos capazes de lê-las em seus olhos.
— Sei que não é fácil para nenhum de vocês ouvirem isso, mas é toda a verdade. — Charles diz.
— E-eu não sei… não sei o que dizer. — Phillippe diz e seus olhos estão brilhando com lágrimas que ele se esforça para não deixar escorrer.
Eu apenas fico lá sentada, com minhas próprias lágrimas e garganta dolorida.
[…]
Voltamos para o apartamento cerca de duas horas depois. Depois de muito choro e palavras incompreensíveis, Phillippe se levantou e puxou sua esposa junto a ele para fora do restaurante. Charles tentou ir atrás deles, mas eu o puxei e disse para lhes dar tempo. Aquilo tudo parecia loucura e não me surpreendeu o fato deles terem saído daquele jeito, talvez se eu estivesse no lugar deles teria feito o mesmo.
Acalmar Vincenzo depois de seus avós terem saído, foi um processo mais difícil. O garotinho acreditou que eles não haviam gostado de si e que não o queriam por perto, o que fez meu coração apertar em um nível inimaginável, e eu e Charles o abraçamos fortemente o confortando e dizendo que eles apenas ficaram surpresos, mas que logo iriam nos visitar para conhecê-lo. Tentar explicar toda essa situação e sentimentos tão profundos de adultos para uma criança que nem havia completado 4 anos, era um processo muito mais complexo e intenso do que imaginávamos, então explicamos de uma maneira bem resumida e em palavras que ele fosse capaz de compreender.
Quando chegamos no apartamento, fui à cozinha preparar algo para comermos, pois, nem ao menos conseguimos almoçar depois de todo aquele alvoroço no restaurante.
Charles colocou o filme dos Carros em algum ‘streaming’, na tentativa de acalmar Vincenzo e se sentou ao lado dele que logo agarrou a camiseta dele o mais forte possível com suas mãozinhas, com medo que de que Charles fugisse também. Eu dei tudo de mim para não chorar ali na frente deles e corri para a cozinha.
Depois de algum tempo, enquanto corto os legumes, percebo a presença de Charles no cômodo.
— Ele dormiu. Tentei mantê-lo acordado, mas percebi que ele só se acalmaria se dormisse um pouco, então deixei que ele se entregasse ao sono. — Ele diz suspirando e se sentando na cadeira da mesa de jantar.
— Ele é muito pequeno para entender todos esses problemas de pessoas grandes. Tenho medo dele estar sofrendo e pensando que as pessoas não o querem. — Eu digo aflita
— Ei! Ele vai ficar bem e logo vera que os avós o amam muito. Que tudo isso foi apenas pelo choque. — Eu aceno com a cabeça e internamente rezo para que ele tenha razão.
— Julgo que seria bom se procurássemos um psicólogo para ele. — digo me virando para o fogão e mexendo o molho.
— Pensei nisso também. Não queria fazer isso logo de cara para não assusta-lo, mas pelo jeito que ele estava agarrando minha camiseta, com medo de que eu fugisse, acredito que não teremos outra escolha. — ele esfrega o rosto com a mão e suspira alto.
— É muita coisa para ele lidar, ainda mais sendo tão novo. Primeiro foi ser deixado pela mãe, depois ter que se mudar para um país novo com dois estranhos, e agora a reação negativa dos avós quando o conheceu. — Pego os pratos nos armários.
— Eu mal posso imaginar o que se passa na cabeça dele. Isso não é justo para nenhuma criança. — Charles de levanta e começa a me ajudar a colocar a pôr a mesa.
— Obrigado. — O agradeço quando ele pega os pratos da minha mão para colocá-los na mesa. — E você? Como está se sentindo?
— Impotente. — Charles responde. — Parece que nas últimas semanas, perdi totalmente o controle sobre minha vida. — Eu assinto em concordância.
— Para ser justa, realmente perdemos o controle de nossas vidas nas últimas semanas. — Eu dou risada e ele me acompanha.
— Sei que isso vai soar meio egoísta, mas fico feliz que eu não esteja passando por isso sozinho. Pelo menos tenho você ao meu lado dessa vez. — Ele diz pegando os talheres que eu havia estendido para ele.
Um sentimento amargo sobe pela minha garganta.
— Dessa vez? — Eu pergunto incerta.
— Desculpa, não deveria ter falado nada. Já tivemos emoções demais por hoje, vamos apenas comer em paz. — Ele diz colocando os talheres na mesa sem me encarar.
— Charles… — Eu o chamo. — Sei que eu não estive presente durante o seu processo de luto, mas eu estava passando por isso também. As vezes ainda sinto que estou presa naqueles dias. — Eu me aproximo dele. — Mas depois de tudo que aconteceu entre nós, eu não poderia simplesmente ficar perto de você e saber que… — Eu me interrompo.
— Saber que o quê? — Ele me encara. — Olha, eu não estou cobrando nada de você, Marie. E quando digo que você não esteve comigo após o que aconteceu com Jules, não é para você se sentir mal e nem culpada. É apenas porque foi tudo tão assustador e você é a única pessoa que poderia realmente entender o que eu estive passando. Só penso que talvez teria sido mais fácil se você estivesse aqui. — Ele diz e seus olhos voltam a encarar a mesa.
— E o quê você pensa que mudaria? — Pergunto mais ríspida do que gostaria. — Você terminou comigo meses antes, nós não nos falávamos, nem suportávamos estar no mesmo ambiente. Não acredito que a morte de Jules mudaria a forma como a qual nos sentíamos em relação ao outro.
— Mas isso não é sobre nós! Isso não é sobre o nosso relacionamento amoroso e sim sobre o companheirismo que construímos desde que nos conhecemos. — Ele soa com raiva e isso me deixa nervosa.
— Você tem razão. Isso não era sobre nós! Era sobre você! Sempre foi sobre você! — Eu explodo e ele arregala os olhos surpreso.
— Marie… — Ele tenta dizer, mas eu o interrompo.
— Você não se importou sobre como eu me sentiria se ficasse perto de você, ainda mais depois da morte de Jules! Você apenas se preocupou em não ter ninguém que te confortasse! — lágrimas de raiva começam a descer sobre meu rosto. — Isso nunca foi sobre ser mais fácil para nós, Charles, mas sim sobre ser mais fácil para você. — Eu rio irônica.
— Ei, ei, está tudo bem. Por favor, se acalma! — Ele tenta chegar mais perto de mim e eu me afasto com alguns passos para trás.
— Não me pede para me acalmar, porra! Eu tô cansada dessa merda! Tô cansada de me sentir culpada o tempo todo como se eu fosse a única quem errou, quando, na verdade eu só fui embora para me proteger! — Charles engole em seco e permanece parado.
— Eu não quis…
— Você terminou comigo, Jules morreu e eu fiquei sozinha! Não tinha ninguém, Charles. — Eu aperto minhas mãos em punhos. — Foi difícil para você? Foi e eu sinto muito mesmo, mas você ainda tinha sua família e seus amigos para te ajudarem a se reerguer, porém, o que eu tinha? Nada. Não tinha nada, porque até a porra dos amigos que fiz desde que vim para Mônaco, eram seus amigos primeiro! E eu sei que é foda querer alguém que você supõe que te entende para passar a mão na sua cabeça e dizer que tudo ficará bem, mas eu não podia ser essa pessoa. Não quando eu havia perdido você também!
Os meus soluços ficam altos e eu tento os controlar ao máximo com medo de acordar Vincenzo. Eu não queria que ele presenciasse toda essa cena, pelo menos não depois de tudo o que ele já havia passado hoje mais cedo.
— Eu sinto muito, Marie. — Charles diz com a voz baixa e mais uma vez seus olhos não conseguem me encarar.
Culpa? Vergonha? Eu não sabia, mas pela primeira vez não quero saber também. É a primeira vez que estou colocando meus sentimentos para fora, depois de todos esses anos. Estou me colocando acima de Charles e isso é assustador, mas também é bom para caralho!
Foi anos de toda angústia reprimida, de toda mágoa e dor de abandono, não que eu pense que Charles tivesse a obrigação de permanecer comigo, claro que não. Mas era sobre tudo ao meu redor ter sido sempre sobre ele ou sobre outras pessoas, sobre sempre ter que viver através de sombras de pessoas e ter esquecido de me colocar em primeiro lugar, sobre realmente ter deixado passar muito tempo da minha vida sem me encontrar.
Passei tanto tempo com medo de perder Charles e Jules, por os ter considerado a melhor coisa que já me aconteceu, que quando eu perdi os dois, percebi que nunca havia procurado nada para mim mesma. Não havia amigos, não havia família, não havia desejos e nem sonhos. Absolutamente nada que não os envolvesse.
Eu havia caído tão fundo na ilusão que sempre os teria, que esqueci de amarrar uma corda na superfície para que eu pudesse sair desse buraco caso as coisas dessem errado.
— Eu não queria que você se sentisse dessa forma. Não queria que se sentisse culpada, essa nunca foi minha intenção. — Ele brinca com os anéis em sua mão esquerda e eu solto outra risada irônica.
— Eu acreditaria muito nisso se essa fosse a primeira vez em que você me fez se sentir assim. — Eu digo seca e ele me encara confuso com as sobrancelhas arqueadas.
— O quê? Do que você está falando? — Ele para de brincar com os anéis e vejo que suas mãos se fecham em punhos.
Eu nego com a cabeça e tento desviar o olhar, me sentindo estupida por deixar aquelas palavras saírem da minha boca.
— Do que você está falando, Marie? — Ele pergunta agora incisivo.
Eu respiro fundo e cruzo os braços a frente do corpo.
— Sobre sua vitória em Monza, em 2019. — Respondo sentindo minha garganta arranhar mais fundo. Pelo menos sinto um pouco de alívio pelos soluços terem parado.
— O que isso tem a ver? — Sua voz está baixa e confusa.
— Você me ligou na madrugada, Charles. Você estava bêbado e nós tivemos uma discussão. — Digo o encarando séria. — Você estava bravo e quebrou coisas enquanto dizia não entender o porquê de eu ter te deixado.
Os olhos de Charles se arregalam em confusão e choque. Se eu ainda o conheço bem, ele deve estar dando tudo de si para puxar essa lembrança da memória.
— E-eu eu não lembro de nada disso. — Ele diz e eu aceno.
— Eu imaginei que não se lembraria. Afinal, você estava bêbado e depois esqueceria de tudo. Acontece que eu não estava e que infelizmente não pude esquecer. Suas palavras continuaram me assombrando durante todo esse tempo.
Charles me encara sem expressão.
— O que foi que eu te disse? — Ele pergunta e mesmo com seu rosto em branco, posso sentir o tom de preocupação e medo em sua voz.
— Você apenas confirmou o que eu imaginava. De uma forma diferente, mas mesmo assim confirmou.
🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹
9 de setembro de 2019 — Milão, Itália
2h45 da manhã. Olho novamente para o horário marcado no visor do celular em letras minúsculas, logo abaixo vejo a tela continuar informando que estou recebendo uma ligação de Charles.
Meu coração acelera e eu não tenho certeza se é pelo susto de ter sido acordada de repente ou se é por ele estar me ligando, ainda mais nesse horário. Minha cabeça começa a funcionar a mil milhas por hora com diversos pensamentos dos motivos por trás daquela ligação. O meu estômago afunda com a sensação de medo e isso leva um arrepio por toda a minha espinha. Ele está bem? Aconteceu algo? Alguém mais morreu?
Após a morte de Jules, o pânico foi tão grande que passei a não aceitar mais ligações durante a madrugada, não importa quem fosse, depois das 00h eu não atenderia uma ligação se quer. Mas, é Charles quem está ligando.
O toque do telefone continua ecoando pela escuridão e vazio do quarto, assombrando minha mente e fazendo com que eu sinta meus ossos doerem.
Atenda, Marie! Se aconteceu algo você nunca vai se perdoar. Minha mente grita.
Com os dedos trêmulos deslizo o ícone de telefone na tela para atender.
Há um silêncio. Um silêncio pesado demais do outro lado da linha, o que não ajuda a aquietar meu coração e os pensamentos amargos que sobem através do meu estômago. Engulo a bile e suspiro, rezando a qualquer divindade, que não fosse nada do que eu estou pensando.
— A-alô? — Minha voz soa trêmula.
Ouço uma respiração descompensada através do aparelho pressionado no meu ouvido.
— Oi.— A voz de Charles se faz presente. Fraca e baixa.
Meu coração pula mais forte dentro do meu peito. Puxo todo o ar que consigo para dentro dos meus pulmões.
— Charles? Está tudo b-bem? — Aperto com força o lençol com a mão disponível. Por favor, diga que está tudo bem.
— Eu venci hoje, na verdade, ontem. Em Monza. — Ele responde com as palavras um pouco emboladas. Ele está bêbado?
Meu corpo relaxa, porém, meu peito se aperta ainda mais com o seu tom. A voz de Charles está embargada e melancólica.
— Eu sei, parabéns. — Engulo em seco para controlar a vontade imensurável de chorar que me invade.
— Eu venci em Monza, Marie. Venci em Monza pela Ferrari. E vocês não estavam lá. — A voz dele quebra e ele funga.
Não, não, não.
— Charles, eu-
— Venci sem acreditar que seria possível. Venci por Jules, pelo meu pai e por você. — Meu corpo gela. — E nenhum de vocês estavam lá. — Sua voz soa tão ferida que não posso mais segurar as lágrimas. — Jules e papai eu entendo, mas você? Por que você não estava lá?
A culpa é um sentimento obscuro que vai te consumindo até dilacerar. Ela dói, machuca, destrói, te envergonha e faz com que você queira conseguir voltar no tempo. A culpa te assombra, te faz sentir miserável, apenas pele e ossos ardendo. A angústia que ela causa vai dominando cada célula que compõe o corpo, invadindo o sono e te fazendo ter pesadelos, mas você não consegue acordar, não consegue escapar. Você procura todos os dias por um remédio que cure o remorso que sente, uns vão para álcool e drogas, outros recorrem ao sexo, ou qualquer outra coisa que possa preencher e substituir aquele buraco escuro que os domina. Entretanto, não há nada supérfluo que possa ocupar o lugar daquela ruína interminável de remorso. A verdade é que a única coisa capaz de curar uma pessoa que sofre com a doença da culpa, é o perdão. O perdão divino, ou perdão daqueles que se sentiram feridos, mas principalmente o de si mesmo. Não há autopiedade o suficiente que possa cicatrizar essas feridas, somente o perdão.
E no momento eu me sinto afogada naquele sentimento umbrífero. A culpa de ter fugido consumindo cegamente qualquer raciocínio lógico que meu cérebro tenta me entregar. É como se estivesse sendo engolida pelas águas salgadas em alto mar, a única civilização que eu possa correr para me salvar sendo um perdão que eu nem mesma sabia pelo quê ou de quem.
É algo irracional, pois sei que, querendo ou não, eu não devo nada a Charles. Ele quem terminou comigo meses antes da morte de Jules e no fim, eu fui a única quem ficou sozinha, pelo menos foi o que eu achei há algumas semanas enquanto fazia minha mala.
— Por que você está me ligando, Charles? — consigo dizer em meio a respiração descompensada — Você sabe que eu não poderia estar lá para você, eu não pertenço mais ao seu lado.
— Mas eu queria você lá! Era para você estar lá, Marie! Você não morreu, não é? Então por que eu tenho que te perder também? — ele explode em raiva.
Eu afasto o telefone do ouvido quando escuto seus gritos e barulho de coisas quebrando no fundo. Aperto meus olhos com força e torço para que tudo isso seja apenas mais um dos pesadelos que ando tendo.
— Eu não aguento mais perder todo mundo! Isso é tao injusto, porra! — Ele grita em meio a soluços e aperto fortemente o aparelho em minhas mãos.
— E-eu sinto muito, Charles. — sussurro mais para mim do que para ele.
A linha fica em silêncio por alguns segundos, sem gritos apenas o barulho da respiração pesada dele.
— Onde você está? Eu preciso te ver… por favor.
Não faça isso, ele está bêbado e confuso.
Eu coloco novamente o celular no ouvido e respiro o mais fundo que consigo, tomando o resto de coragem que me sobra.
Não posso dizer a Charles onde estou. Não posso dizer a ele que estamos no mesmo país, a poucos quilômetros de distância. Isso o quebraria ainda mais e faria com que todo o inferno que eu passei — e ainda passo — fosse em vão.
Acabou, Marie. Não há mais nada para vocês.
— Eu estou no Brasil, Charles. — A mentira sai lisa pelos meus lábios.
— O quê? No Brasil? Por que tão longe? — Sua voz falha e eu volto a apertar novamente o lençol.
— Porque eu não podia ficar perto… não depois de tudo. — Respondo.
Uma risada seca e vazia ressoa do outro lado da linha, um som de descrença e de mágoa, que faz com que outro choque passe pela minha espinha.
— Então você fugiu? É isso? — Ele pergunta seco.
— Sim. — respondo baixo. — É melhor assim, Charles. Não havia mais nada para mim em Mônaco.
— Você tinha a mim. — Ele responde rápido.
— Não, eu não tinha. Você terminou comigo, lembra? Você disse ser melhor se fôssemos apenas amigos.
— Porque eu não queria atrapalhar a sua vida! Você estava infeliz com toda a atenção, com todas as mensagens e perseguições! Você me disse que não queria viver na minha sombra!
— Nós dois sabemos que não foi apenas por isso, Charles! — Respondo ríspida. — Passei a minha vida toda na sombra de vocês. Claro que isso me incomodava, mas não foi esse o motivo pelo qual terminamos!
— Então qual foi?! — Ele pergunta com raiva.
— Você se apaixonou por ela!
E o silêncio se fez presente novamente. Meu coração quebrando quando eu finalmente soltei o que segurava a meses.
— V-você se apaixonou por ela, mas não teve coragem para me dizer. — Meus olhos ardem com as lágrimas e minha garganta queima com o gosto amargo das palavras.
— E-eu não… — Ele tenta dizer, mas eu sou rápida em interrompê-lo.
— Acabou, Charles. Não há mais nada de mim para você e vice-versa. A morte de Jules não muda o que já estava feito. — Eu soo firme. — Não há mais nós.
— Marie… — sua voz soa como se ele implorasse. — Por favor, me deixa explicar. Eu e ela nunca — Eu o interrompo novamente.
— Boa noite, Charles. Por favor, não me ligue novamente.
— Marie, espera…
Então eu desligo. Era isso, acabou. Respiro fundo e faço uma nota mental para trocar o meu número de telefone amanhã.
Talvez agora com esse ponto final, eu finalmente possa me libertar e seguir. Essa é uma promessa que faço para mim.
Acabou. Não há mais nós.
🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆🔆
Nota: OLHA EU AQUI DE NOVO! Peço desculpas pela demora e sei que prometi atualizar na semana passada, mas infelizmente não consegui. 😥 Mas o importante é que o cap novo chegou e com ele grandes emoções. Nesse capítulo eu resolvi desenvolver um pouco mais sobre o relacionamento e o passado de Charles e Marie, ainda há muitas coisas que precisarão ser mais desenvolvidas, como os sentimentos dos avós de Vincenzo em relação a essa grande descoberta e é exatamente o que eu pretendo explorar nos próximos capítulos, além de claro, mais do passado dos personagens principais com Jules e a adaptação de Vincenzo a sua nova vida.
Enfimmm, espero que tenham gostado! Me deixem saber! Até e próxima!
41 notes · View notes
saturdayst · 3 months
Text
Que calor dos infernos vsf
Nunca suei tanto na minha vida e eu odeio suar
7 notes · View notes
anastcie · 6 months
Note
Mimi eu n aguento mais minha escola veyr
Motivos:
1- a minha sala é a mais quente da escola toda, e nesse calor do inferno eu tenho q ir p lá... (Quase passo mal um dia desses😍)
2- Eu sou MUITO excluída, n tem uma, UMA PESSOA q n me exclui, minhas "amigas" ficam no grupinho delas e n me chamam p absolutamente nada, elas vão p casa uma da outra, se presenteiam, fazem festa e NÃO ME CHAMAM NUNCA, e a desculpinha delas é: é q vc mora longe da gnt e os nossos pais n se conhecem
mas tipo mn, tem uma menina q vai p elas nesses lugares e mora mt mais longe q eu, e outra, se elas realmente quisessem q eu fosse, elas procurariam falar c meus pais(elas fizeram isso umas com as outras) então não a desculpa, elas n gostam de mim, e mano, uma coisa q aconteceu foi q uma "amg" minha fez uma "festinha de aniversário" dela, ta td bem, ela convidou quase TODO MUNDO da sala, foi gnt q ela nem conversa, e eu q sou "amg" dela ela n me chamou, e a mãe dela levou td mundo, mano juro....
3- aquele lugar é mto tóxico, pessoas falsas, infiéis, insuportáveis pick me(s) e por aí vai...
4- PENSA NUM LUGAR Q FALTA PROFESSOR mano, sempre falta
5- a gnt n aprende absolutamente nada
Enfim, eu odeio essa minha nova escola, e desculpa por ta falando de uma coisa q vc n tem nd a ver, é isso, beijoos! 🌷💗
vc surtando com sua escola toda caótica KKKKKKK parece eu. minha escola tem os mesmos problemas, menos calor pq graças a deus agora a gente fica no ar condicionado 🙌
eu tenho p mim q toda escola do mundo são tóxicaskkkkkk
sobre essa questão d amizade aí, amg a gente sempre sabe, né . . . nada a ver isso d "pq vc mora longe e os pais não se conhecem" se fosse mesmo suas amigas d verdade jamais falariam isso. amigos d verdade da gente sempre querem nos ter por perto, para a gente aproveitar a companhia um dos outros, independente disso. se mora longe, daria um jeitinho d vcs se encontrarem. mas dariam um jeito.
eu tbm já fui mto excluída d certos planejamentos em "grupinhos" q a gente sabe q dps q a escola acaba boa parte daquele poço d falsidades nem vão se falar mais. mas é aquela coisa, antes só do q mal acompanhada. vc ainda vai encontrar pessoas legais e verdadeiras pra tu fazer uma amizade. não esquenta com isso.
8 notes · View notes
seratoninlackingangel · 5 months
Text
Olá meu caro amigo,
Olhe, sei bem que o que lhe escrevo não faz sentido algum vindo de mim, afinal ate pouco tempo em seus ombros chorava minhas dores de cotovelo, mas, meu querido amigo, não posso negar a vontade assoladora que tenho de amar novamente.
Sim eu sei que é idiota, ilogico, e tudo mais que voce esta a pensar. Mas o que posso fazer se meu coração é assim? Louco, tolo, suicida, masoquista e simplesmente viciado em se apaixonar... e me foder?
Você sabe que odeio as noites de domingo, sempre as odiei.Odeio perceber que quando a vida passa, quando todos vão dormir, quando até os bebuns vão embora do botequim eu permaneço sozinho.
Odeio deitar-me na cama que outrora foi tão apertada e sentir ela vazia. Rolar entre os cobertores sem que o sono chegue e sem o calor de outro alguém para me aquecer.
Odeio ter de levar o copo de bebida à boca toda vez que desejo outros lábios nos meus. Odeio quando a vida boêmia se acaba e eu me pego feito cachorro faminto a observar os casais pela janela e a alegria que só a eles pertence.
Eu odeio domingos, e odeio meu coração.
Reze por mim meu amigo.
5 notes · View notes
tenshiiyy · 20 days
Text
Tumblr media
໒꒰ྀིっ˕ -。꒱ྀི১
₊˚✩⊹ Oii! É meu primeiro post aqui e eu não sei mexer direito! Então se tudo estiver muito ruim me avisem kkskskk
Eu gostaria de falar um pouco sobre a escola, sabe? Me mudei para um colégio cívico militar este ano, eu estudei lá por dois anos pela manhã, depois troquei de escola e infelizmente voltei para lá, só que no período da tarde, e ta sendo um inferno!
Sou um garoto trans e isso já me trás MUITOS problemas, mas quando eu estudava lá de manhã eu tinha amigos que me apoiavam e me respeitavam, na minha antiga escola também, agora ali as pessoas são tão desprovidas de respeito, tanto que eu já desisti de tentar. Eu também não tenho amigos lá e fico sozinho o tempo todo, o que para mim é muito frustante porque eu odeio isso, mas todos da minha sala já tem sua própria panelinha e eu admito que sou meio "estranho" para os olhos deles, tenho medo de me enturmar e acabar sofrendo bullying, mas deste jeito eu só estou sendo excluído.
O bom é que eu não venho me distraindo durante as aulas e minhas notas estão boas, me dou bem com os professores e minhas habilidades no desenho estão melhorando, mesmo assim é tenso ficar sozinho por tanto tempo, não falar, tem vezes que eu até esqueço como se comunicar, e se já não bastasse, a diretora me odeia e a pedagoga pega no meu pé por eu ser trans e por ter "brigado" com a prima dela quando eu estava no sexto ano, e isso torna tudo muito pior, sem contar que é a porra de um colégio cívico militar! É simplesmente horrível!
Estou torcendo e implorando para minha mãe me trocar de escola, qualquer outra seria boa, inclusive a escola que eu quero que ela me coloque é integral, pois mesmo sendo uma carga horária maior, eu conheço pessoas de lá e a chance dela me colocar lá é muito maior do que em um colégio normal.
Só sei que eu não aguento mais! Todo dia é um inferno e eu só quero sumir de lá, não aguento mais todo dia ficar 6 aulas sentado em uma cadeira me segurando para não chorar quando os professores dizem: "trabalho em dupla/equipe", ou quando o diretor que só grita chega dizendo que estudar lá é uma escolha e fica criando rivalidade entre os alunos/escolas com o discurso: "vocês são diferentes, vocês são os melhores, vocês tem que ser os melhores em tudo! Tudo que for diferente não está correto aqui dentro", eu só quero sair correndo, eu só quero poder me expressar do meu jeito, usar meus acessórios, pintar meu cabelo, usar delineador, poder usar blusa no calor! Pq até isso eles proíbem.
Ah, eu só não aguento mais, me sinto muito solitário e triste lá, muito pior do que eu já estava, minhas crises só aumentam, minhas olheiras estão cada vez mais visíveis e eu sinto que só estou afundando mais na merda!
₊˚✩⊹ Enfim, acho que é isso kskskk, só um mini desabafo sobre o inferno diário que é minha escola, mas sei que vai passar (ou eu espero)
Tumblr media
2 notes · View notes