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#bala perdida
fabiocollares · 1 year
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Não Coma Cachorro Quente na Madrugada. Pode Matar!
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(Homenagem ao amigo Julio, que se foi ontem e estaria de aniversário hoje. Te amo, meu Gordinho Sexy!)
Eu recém havia saído do curso pré-vestibular e subia a rua sozinho. Já passava das 22h da véspera do feriado de 15 de novembro. Minha namorada na época, tinha viajado com o pai e eu voltava para casa sem planos. Sem dinheiro, morando com meu avô, no auge dos meus 18 anos, aquela idade em que não se sabe muito bem se ainda somos crianças, adolescentes, adultos ou de tudo um pouco.
Na escuridão estranha de uma rua chamada Floriano Peixoto, o som e a luz de um carro aproximam-se do meu lado direito. De dentro, destaca-se uma cabeça, que junto a um braço, salta pela janela e grita meu nome. Era o Julio, amigo há alguns anos, desde que eu havia chegado de volta a essa cidade, quatro anos antes. Ele desceu, despediu-se do meu professor de matemática, que dirigia a velha Ford Pampa vermelha, e me fez uma proposta:
Vamos ao apartamento da madrinha da minha irmã. Tô com a chave e lá tem uma geladeira cheia de cervejas.
Nossa adolescência não foi o que se pode chamar de responsável. Cada um com seus fantasmas, bebemos quantidades consideráveis de álcool. Pelo jeito, hoje seria mais um desses dias, só que agora de graça e com algo diferente, já que nossos bolsos nunca puderam comprar nada além de cachaça ou vinhos baratos.
Partimos para o chiquérrimo apartamento acima do Banco do Brasil e parecia mentira, mas havia mesmo uma geladeira cheia de cervejas e tão somente cervejas. Foram duas horas de deleite puro malte, acompanhado de um banquete de nada e coisa alguma. Não poderíamos ocupar o estômago com algo mais naquele momento mágico. Quando não entrava literalmente mais nada, decidimos partir para a minha casa, exatamente a 8 quadras e meia dali. Foi como fazer uma travessia de montanha. Quase chegando, paramos no trailer do Alemão para comprar uma Norteña de litro.
Quando enfim chegamos à casa, eu peguei meu aparelho de som portátil, uma fita cassete, coloquei para gravar e com um violão velho, com apenas duas cordas, começamos a compor “músicas”. Julio, que apesar de nunca ter aprendido música, tinha um bom ritmo e “noção melódica”, por assim dizer, começou a “tocar” algo parecido com uma bossa nova (que me perdoem os puristas). A poesia não tardou em sair e a letra de “Vaquinha Mimosa” se fez em minutos. Não paramos de tocá-la até o meio da madrugada, quando a fome bateu.
Eram 3:30, cidade pequena, interior do sul do mundo, ainda Brasil, quase Uruguai. Fazia calor. Saímos em busca de mais cerveja e algo para alimentar aqueles corpos cambaleantes. A primeira parada foi novamente no Alemão, que estava fechando. Devolvemos a garrafa e seguimos na direção da praça, que ocupa todo um quarteirão e é dividida em forma de cruz. Atravessamos pela parte de dentro e chegamos ao lado oeste, já na rua perpendicular.
Pedimos cachorro quente, que estaria pronto assim que se acabasse de preparar os lanches de um casal que havia chegado antes. Nós, que a essas alturas ríamos das nossas próprias caras sem parar, percebemos algo estranho. 
Olha como ela é feia! - me disse o Julio, olhando para a moça. Caímos numa cruel risada. 
Em poucos minutos, o casal subiu numa moto e seguiu pela avenida, bem devagarinho. Pegamos o nosso lanche e seguimos o caminho de volta, exatamente como foi o de vinda, pelo meio da grande praça. Poderíamos ter sentado por ali, mas decidimos comer em casa.
Eu estava de óculos, camiseta velha, bermuda de praia, apesar de estar muito longe do mar, meias até o meio da canela e chinelo tipo Rider, arrastando os pés. Estávamos comendo desesperadamente e andando. Ainda nos primeiros metros, ainda dentro da praça às escuras, o Julio mira em direção à esquina e comenta:
Vai acontecer uma corrida (um pega, um racha…) de motos lá do outro lado!!! - disse empolgado.
Eu olhei por cima do óculos e minha miopia gigante impediu de ver mais além do que 30cm à minha frente. Concordei e segui minha refeição. Escuto motores de motocicleta soarem alto e um estampido, um som como se fosse de um caça da força aérea atravessando a praça. Repentinamente, silêncio. Continuo caminhando, olho para o lado e o Julio não estava mais. Segui caminhando, segui comendo. Estava morto de fome. Dobrei logo depois da quadra de basquete, ainda sem ver ninguém ao meu lado e escuto:
Fábio, eu acho que tomei um tiro!
Com minha delicadeza característica, eu gritei:
Cala a boca, Julio, e anda! Tô com fome e vamos d’uma vez pra casa!
A resposta não tardou um segundo sequer:
Fábio, é sério, eu tomei um tiro!
Irritado, eu olhei para trás e lá estava ele, parado, com as duas mãos no rosto, ainda com o cachorro quente em uma delas, lavado de sangue.
Coooooooorre! - gritei e saí correndo. Nos meus primeiros passos, eu vi o cachorro quente dele passar por mim e eu tive o pensamento mais gordo da minha vida, lamentando a cena da perda de uma comida. Dali até a minha casa eram 4 quadras e meia. Eu juro que fiz estes 450 metros entre o índice olímpico e o recorde mundial. Quando eu pus a chave na porta, ouvi um grito ecoar pela madrugada silenciosa de Bagé, a 150 metros de distância:
Caaaaaaaalma, eu nãããão vooooou morreeeeeeeer! - e eu esperei o gordinho chegar esbaforido.
Nessas horas eu não sabia se ele ia morrer do tiro, que eu nem sabia onde havia sido, ou do coração, pelo susto e pela corrida. Foi aí que vi que a sangueira vinha do rosto, para ser mais exato, da bochecha direita. Fomos limpar o local e não parecia haver qualquer orifício. Apesar do meu amigo ter dito repetidas vezes que ouviu aquele som e, quase que instantaneamente, sentiu um tirão, que fez sua cabeça girar de maneira brusca, só o que víamos naquele momento era um pedaço de pele descolando na covinha do lado direito. Parecia uma queimadura de cigarro.
Não é nada!
É, não é nada!!! - comemoramos feito bestas, aliviados. É claro que a adrenalina “dissolveu” todo o álcool dos nossos corpos e nem pensávamos direito a essas horas, com toda aquela carga de loucuras. Resolvemos dormir, aturdidos.
No outro dia, acordamos, começamos a relembrar os fatos e fomos direto ao banheiro, descolar o papel higiênico que havíamos colocado anteriormente. Parecia tudo bem e que não era algo sério. “Foi de raspão!” - decretamos, sem titubear. Como Julio tinha que ver a irmã, se mandou rapidinho, com a promessa de voltar mais tarde. Um pouco antes do meio-dia, o telefone toca e eu atendo. Era do hospital. Pelo menos, quem falava era o próprio paciente, meu amigo Inho (apelido de família: Julinho).
Fábio, tu nem sabe. Eu estou chupando bala...ops...digo, sim, eu levei o tiro e a bala está alojada na minha bochecha! A radiografia provou! Te prepara, porque de tarde teremos que ir à delegacia!
Assim que chegou à casa da irmã mais velha, o Julio contou toda a história e ela resolveu levá-lo à Santa Casa para fazer uma limpeza. O médico nem havia percebido nada de estranho até que ao passar uma gaze com soro no local, viu que havia “algo mais” por ali. Foram direto para o Raio-X, onde tudo se confirmou.
Horas depois, estávamos nós dois na delegacia. Entre uma declaração e outra, começamos a achar aquilo tudo muito engraçado. Nós dois sempre fazíamos piada de tudo e fomos a atração do local, que tinha um preso por roubo, um jornalista e vários policiais. A descontração foi tão grande, que demorou para o escrivão entender que eu não era nem o acusado do disparo, nem um suspeito. Eu era testemunha. Para completar, no periódico do outro dia, saiu que o filho - se referindo a mim - do “Antonino Collares” - que eu nem sei quem é - e um amigo, haviam se metido numa briga e que um deles foi ferido com gravidade. A meu ver, grave está o cérebro e o ouvido do nosso amigo repórter. Mas isso é outra história...
Com mais exames em mãos, os médicos preferiam esperar para retirar o projétil, o que ocorreu uns 7 anos depois, arrancando uma das mais loucas lembranças das nossas adolescências embriagadas. Era uma bala de revólver 32, parada por uma comemorada bochecha gordinha. O que poderia ser fatal, virou uma história para toda a vida!
P.S.: O que eu acho que aconteceu:
Quando o casal saiu de moto de onde estávamos e rumou pela Av. Sete de Setembro na direção norte, foram parados por três homens de moto na esquina em frente ao Nacional, antigo Bar Bianchetti. O que parece haver passado foi que um dos motoqueiros falou algo para o casal (não se sabe se foi tentativa de assalto ou ofensas verbais etc), e que o homem reagiu sacando uma arma. Quando os três perceberam, deram uma volta rápida e tomaram rumo leste, pela Av. Presidente Vargas, o que os colocou entre o atirador e nós, Julio e eu. Ao disparar - e errar - na direção dos alvos, a bala atravessou a praça e chegou até onde estávamos, a uns 120 metros de distância.
Por mais engraçado que tenha sido o fato, terminou por nos traumatizar por alguns anos. Eu, pelo menos, não conseguia andar pela rua tranquilo. Sempre que cruzava uma moto, eu me encolhia automaticamente. Anos depois, eu voltei ao local e tentei ver o caminho que a bala fez. Primeiro, de dia, eu olhei a partir do nosso ponto de vista na direção da esquina. Pouco se vê, devido a quantidade de árvores, postes, telas de arame etc. Depois, fui até o local do disparo. Foi aí que levei um susto. Como essa bala chegou até nós?
Minha hipótese é que ela veio raspando em tantos obstáculos, que diminuiu a velocidade, a ponto de não atravessar o rosto do meu amigo. Porém, por este mesmo motivo, tenha adquirido uma temperatura muito mais alta do que normalmente teria, apenas pelo atrito do ar. Isso foi o suficiente para cauterizar o buraco que fez. 
Mas...são só opiniões, deduções e que no final, nem importam muito. O que há de pensar, é que não se deve comer cachorro quente de madrugada, pode matar!
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twosighted · 2 years
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JezuDePaz! Artist from Santa Fe, NM!
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anagramismo · 3 months
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valterbjunior57 · 9 months
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O Mês de Julho Registra 178 Casos de Tiroteios e 151 Pessoas Mortas Por Bala Perdida - A Bahia Sangra
O Mês de Julho Registra 178 Casos de Tiroteios e 151 Pessoas Mortas Por Bala Perdida - A Bahia Sangra
Como não ficar assustado com tanta violência que vem assolando a Bahia? Fico perplexo com a grande quantidade de morte que ocorreu no mês de julho, 151 pessoas mortas por bala perdida. 178 casos de tiroteios e 151 pessoas mortas, somente no mês de julho. Foi o mês que mais houve mortes por bala perdida. É necessário novas medidas de segurança pública na Bahia, que venha amenizar ou por fim…
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Arrestarán a todo aquel que dispare para “celebrar” la navidad
Arrestarán a todo aquel que dispare para “celebrar” la navidad
Tijuana, 22 de diciembre de 2022.- La Secretaría de Seguridad y Protección Ciudadana Municipal de Tijuana (SSPCM) prepara un operativo especial por tierra y aire para prevenir accidentes con consecuencias fatales durante Noche buena y Navidad. A fin de evitar casos en que personas resulten heridas por hace disparos al aire, se detendrá a todo aquel que sea detectado haciéndolo. La condena será de…
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enlacedelacosta · 2 years
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Asesinan a pareja al interior de su vehículo por disparos de arma de fuego en Juchitán
>>El ataque se suscitó entre la calle Independencia y Avenida Juárez >>Tras el ataque armado, fue rescatada una menor de 1 año de edad, quién era hija de la pareja
>>El ataque se suscitó entre la calle Independencia y Avenida Juárez >>Tras el ataque armado, fue rescatada una menor de 1 año de edad, quién era hija de la pareja (more…)
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Quédate otra vez que mi corazón no olvida.
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thartofracing · 1 year
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si ayer fuera hoy, habría más bandas 🎸
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lonely-sure · 1 year
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7balasperdidas · 1 year
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portada larga
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a--z--u--l · 6 months
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Ojalá me caiga alguna transferencia perdida o en su defecto una bala.
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caostalgia · 9 months
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Las flechas de cupido fueron como balas perdidas que nos tocaron.
Versame_
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maguihzinhaam · 3 months
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Me afundo em pensamentos picantes, morro em apenas uma noite, me perco em labirintos perigosos. Seu beijo pode ser uma cura para o veneno de uma alma perdida. É torturante como uma bala prestes a acertar minha cabeça. Seria muito pedir uma noite? Ou uma vida? Ou pelo menos a eternidade? Como se o destino brincasse e fizesse a cada vida te encontrar
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homocrafting · 1 year
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hi :) lil thing I wrote abt richarlyson set in a scenario in which the islanders disappear :))
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Richarlyson's dads taught him a lot of things, when he was younger, however questionable.
He loved them, and they loved him. He knows this; it's stayed true through all his life. It was the only real, graspable truth, when he laid in bed in what they swore to him wasn't a captivity, despite the lack of windows or the low ceilling and the locked door he didn't know the password of.
It was what stayed true, when he had a nightmare and none of them were there to help, either busy having disappeared (as all dads do, naturally) or doing something far from his room.
It still stays true, to this day. He knows that. It has to.
Papai Felps told him to believe everything his dad Cellbit said, and he had said they love him, so it must be true.
He shifts in bed, rolling to the side. His tail occupies the rest of his bed, that way, and he can see the lights of the nearest neighbor's house through the window.
He pretends he can see one of his dads howling to the moon, beastly form taking over as he looks, mesmerized and scared. When his other dads get him home, where it's safe (but never safe enough, all his dads had said, at different times, in their own ways. He never stopped sleeping with the gun next to his pillow and a sword under his bed.), Richarlyson had asked if he'd be able to do that too someday. Papai Felps said he hoped not, with an anxious chuckle- daddy Pac said he probably could, if he tried enough, and if not they'd find a way. Richarlyson hugged him, then, and the memory of that warm, loving embrace almost lulls him to sleep.
Tallulah's flute cuts through the night, a sad melody he knows too well by now, nothing like papi Forever's howling. He turns in his bed again, trying to find a comfortable position to sleep in. The closest hand wraps around the hilt of his gun (Bobby gave it to him, the second time they met, when Richarlyson knew himself better and so did his dads. He doesn't plan on letting go of it) instinctively, its presence soothing.
He remembers when he first successfully killed a monster with it, and his dad cheered and hugged him like it was the greatest thing he'd ever witnessed- and to him, at that moment, that was all that mattered.
Pai Mike taught him how to shoot upward- bala perdida, aimed at nothing in particular. He began shooting at the sky when he was happy, and sometimes it'd startle one of his dads, but he never hit anyone besides the Christ. He never meant to hit anyone, except for monsters and the vast sky.
At some point he began pretending he did want to hurt people with it, because papai Cellbit told him he had to keep up appearances, pretend he's mean and superior so no one would pick on him. Make them scared. But also that it was ok to be soft and find things cute too, in private, or with his dads. Never hide anything from his dads, because they love him, and they'd never judge him.
There's no one here to tell him that now.
Tallulah's tune comes to a stop, as all things do. He finds he doesn't like the silence, as he finds many other nights.
He misses his fathers' snores and his papi's howls and his dad's mutterings of murder in the night.
Richas gets up with a yawn, grabs his gun, drags himself to the window and shoots upwards through it, twice. He half expects to get a message from Bobby, something like a singular middle finger emoji.
No sounds come from the phone.
He plops back on the double bed where once many of his fathers (and sometimes him, when he was too scared to sleep alone in his too dark not-captivity and didn't think papi's decorations would be enough to keep the creeping feeling of something watching him away) slept, not bothering to tuck himself in, this time. The egg- not egg, a dragon, who's hatched and who's a teen and who doesn't need his dads anymore- simply lays there, arms spread over the empty bed, staring once more at the ceiling.
Sometimes, Richarlyson feels he's being watched. Tonight is one of those times.
He can't tell if it's a result of his own dads' paranoia or his own, or if something really is watching him. They did warn him about Them.
He thinks of how easy it would be to shoot Them, how easily papi Forever would tear Them apart, how his dad Cellbit would maim Them, if They touched him, despite all his fear of Them.
They're not here (they haven't been for a while), but Richas has the gun Bobby gave him and a sword one of his fathers gave him, which must be enough to kill whatever crosses his path.
They'd be proud of him, if they were here to see him.
He curls his tail around his body, pulling his legs up until his knees reach his chest. He can almost imagine it's not his tail, but daddy Pac, hugging him after that scary dream where he got trampled over by bulls and pai Mike died with him. Papi Forever called them all the way from the other side of the server, and their fighting was comforting.
He may never hear them fight over silly things again.
He decides he needs a pillow, so he untucks himself from his own wrap and painstakingly extends his arm to grab one. It's softer with that under him.
Pai Mike taught him how to steal things unnoticed. Sneak in and out, deny any knowledge of what was happening if you get caught. They stole from 1% dad Quackity, since his house was closest. It wasn't much, and pai Mike didn't say it out loud, but he knows he was proud of him.
Papai Felps later helped him steal from Foolish, or so he remembers. That's around when he met Leonarda.
Richas wonders how she's doing.
Richarlyson had been the late bloomer among the eggs- according to tio Phil, and his siblings themselves, the day his dads arrived (and he appeared from seemingly nowhere, knowing only who his dads were, and the vague shape of a mother), everyone thought their eggs would die. Instead, they showed up with cracks on their shells, meaning they'd either die or hatch soon- Richarlyson didn't have those cracks at that point. Dapper had been almost completely out of his shell by the time his own began to crack.
Daddy Pac said it was okay, though. That it would just mean he's stronger- after all, the younger you are, the more naturally healthy you are. His siblings wouldn't even be able to hold a gun anymore, but he'd still be strong and he'd be able to do and get anything he wanted.
He laughed and pecked his dad- memory says his face turned into a perfect :o when he did. Richas chuckled; his dad picked him up and spinned him around.
Maybe things began getting weird when the first of his siblings began to hatch, but... he had his fathers, then, and what were Leo's distressed messages regarding her dads when his own were waiting inside to teach him more about tax evasion?
Dad Cellbit and Papai Felps were there when he hatched- they were so, so proud of him, hugging him and showering him in compliments, telling him he'd be as big as Foolish's statue one day. Then it gets hazy- papi, barging in, some emotion clear in his face, although he cannot remember which. It turns into happiness, when he sees Richarlyson, bits of egg shell still on him, but it doesn't last nearly long enough. He says... something, calls his other two dads and puts them on speaker.
They're out the door in a flash, telling Richarlyson to wait for them to come back.
He thinks someone screamed something, outside. "FEL- FOREVER!", or along those lines.
He's been waiting ever since.
His dads taught him how to play football, how to evade taxes, how to sleep with an eye open because you never know who's after you. They taught him how to kill those devilish bulls, how to make tapioca, how to tend to the farms. They taught him each other came above all else- that the world was unkind, but they weren't, not to him. His dad told him he used to be a criminal, kill hundreds of people. His dad never hurt him.
They loved him, and he loved them- still does.
They'd be proud of him, now, for laying on bed with a gun in hand and an easy to get sword. For shooting at the sky with no regard for what happens after. For not trusting people because they're not his dads.
He shoots himself upwards, shooting at the window with precision he's been practicing since he was a baby. Cucurucho does not move, barely noticing the shot. It simply stands there, watching, for a few minutes, until it gets tired of his unrelentless stare back and runs away as always.
He doesn't sleep that night, again.
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verso-abstracto · 3 months
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Tantas batallas perdidas,
tantas balas que han atravesado a mi corazón
tantas lágrimas derramadas
tanto dolor hasta los huesos
que ya no sé cómo es que sigo de pie
caminando por los senderos de la vida
Stelle
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vodkasucio · 1 year
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seré yo la bala perdida
que va a detonar en tu pecho
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