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#Belo terráqueo
aneumann · 1 year
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Uma Última Carta A Sua Galáxia 
 "Ainda tenho tanto ao que expressar, muitas poesias a dissertar, textos e textos que falam de um único assunto que vai de extremo a extremo;  talvez esse seja mais uma, porém a última delas"
  Tempo, muitos ao longo dos meus poucos anos nessa existência  sempre diziam que o tempo pode vir curar nosso complicado emocional e em meio a essa recuperação reflexões podem surgir, disso novos pontos e perspectivas surgem de modo a nos acalentar, assim não mais temendo ou sofrendo por determinadas coisas ao qual antes nos eram grandes tormentas sendo agora uma fraca chuva de primavera. 
  O processo ao qual estou é talvez ⅔ da recuperação total de um emocional, ao qual após ápices de lágrimas e culpas a mim, posso finalmente vir a refletir não apenas o meu exterior ou buscar respostas a coisas nao mais relevantes, agora  enxergo com mais clareza o interior sem mais lamentos, mas com carinho e pontuando as densidades que me submeti e entreguei as quais não me arrependo e não faria diferente, aceito ter sido a mais real comigo e aproveitado de modo único o que o cosmos teve a me oferecer. Por que olharmos apenas o caos se em detalhes tão nítidos houve luz?
  Acredito que o mais irônico na situação pessoal é que às vezes sem notar sou quem me nego a ser "dependente! pelo ar doce" ao qual tudo é bom, tudo tá ótimo se assim posso inebriar daquele aroma de toque de pétalas e mel; compreender esse meu declínio -ao qual tem suas raízes profundas- me faz pensar, aceitar e controlar na dosagem  certa como estou me entregando a uma situação, o deprimente é talvez e notar isso agora, mas a vida é talvez feita também de descobertas pós-vivência.
 Noto que por enquanto não haverá um momento exato ao qual falar, lembrar ou ver sua galáxia existencial não me faça rever quais erros que cometi nessa viagem; apesar dessa densidade momentânea também flutuo em ficar feliz, pois não há mais motivos para questionar meu ser, ainda há a gratidão eterna dentro de mim pelos toques leve da lua,  dos risos entre nuvens e momentos a vislumbrar as pequenas estrelas nessa seu sistema. 
  A quebra do foco sentimental a um ponto é gradativa com o modo ao qual lidamos, pensamos e tudo ao redor interage com esse meio; me vejo em ápices e decaídas a todo instante, mas incrivelmente em meio a essa volúvel sensação percebo que estou  mais próxima de quem sou com uma real ascensão nas vivências, distanciando um tanto do poço das melancolias e podendo ver o facho de luz do nascer do sol.
-Agatha Neumann 
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Por que eu vivo? Por que eu morro?
Por que eu riu? Por que eu choro?
Eis o S. O. S
De um terráqueo em desespero
Eu nunca tive os pés sob a Terra
Eu preferia ser um pássaro
Eu me sinto mal na minha pró'ria pele
Eu gostaria de ver o mundo ao inverso
Nunca seria mais belo
Mais belo do que do alto
Do alto
Todos os dias eu confundo a vida
Com as revistas em quadrinhos
É como um desejo de metamorfose
Eu sinto alguma coisa
Que me atira
Que me atira
Que me atira para o alto
Na grande loteria do universo
Eu não tirei um bom número
Eu me sinto mal na minha pró'ria pele
Por que eu vivo? Por que eu morro?
Por que eu riu? Por que eu choro?
Eu creio captar as ondas
Vindas de outro mundo
Eu nunca tive os pés sob a Terra
Eu preferia ser um pássaro
Eu me sinto mal na minha pró'ria pele
Eu gostaria de ver o mundo ao inverso
Eu preferia ser um pássaro
Durmam crianças, durmam...
Dimash S.O.S
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shaolinda · 2 years
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A vida, o amor e até mesmo a morte são belos na poesia...
A vida, o amor e até mesmo a morte são belos na poesia…
Fala terráqueos como vão vcs? Cês tão legais? Como tá a Pandemia de vcs? Tá Boa? Tá ruim? Tá coisada que nem a minha? Espero que não… Eu nem posso reclamar, na verdade, sabe… eu reclamo porque a gente sempre reclama de tudo né? Então eu vou dizer que eu tô legal… Eu peguei um dos meus livros de poesia, que tava dando sopa na minha prateleira e resolvi reler uns poemas enquanto eu descansava a…
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os4pilaresdeloki · 4 years
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Acordou com o alarme silencioso vibrando no pulso, e leu as linhas do relatório que lhe informavam do invasor.
— Guardem-no — pediu às Dora Milaje excedentes antes de fechar a porta do aposento.
Apressou o passo, os relatos indicavam que havia entrado sem maiores problemas, e que parecia ser apenas um diante da possibilidade de conflito, identificado ainda em voo e insistente em pedir que não o tentassem abater e desviando de um projétil, irritado em pedir novamente.
— O que faz aqui? — transmitiu para o aparato quando a princesa liberou o canal.
— Eu preciso da sua ajuda com uma coisa — ouviu em resposta.
Pousou um pé, antes de outro, ameaçado por lanças antes, o elmo desfazendo-se em escamas antes de ousar mais um passo no salão.
— Olá — cumprimentou Tony.
— Homem de ferro… — disse T’Challa encolerizado —, o que pensa estar fazendo?
— Olá rei… Grande rei T’Challa Filho de T’Chaka — diz ao observar ao redor, ignorando o exército —, de Wakanda — continua sem voltar-se ao anfitrião. — Onde ele está?
— Ele? — questiona.
— Você sabe. Cara alto, cabelo preto, trapaceiro e mentiroso, gosta muito de verde…
— Loki — lembrou-lhe o nome.
— Esse mesmo — declarou ainda arrogante. — Onde ele está?
— Em segurança — afirmou.
— Ah, isso é ótimo — aprovou. — E eu posso falar com ele?
— Não, não pode. Mas pode retirar-se do meu país.
— Ele não está, não é? — riu com sarcasmo. — Eu sabia. Eu avisei. Eu disse para Thor que não era uma boa ideia o ter fora das vistas… Vou dar o alerta. — Aproximou o punho da boca.
— T’Challa — ouviram do corredor —, por que saiu apress…
— Ah, aí está ele…
Lançou pequenos fogos de artifício na direção do recém chegado, que os aparou até que se apagassem rapidamente.
— Que surpresa — confessou Tony. — É mesmo ele, e ainda está aqui.
— Um telefonema seria o suficiente — repreendeu T’Challa. — Não confia na minha palavra?
— Desculpe — respondeu —, mas seu país não se relaciona no resto do mundo ou do planeta por tempo o suficiente para conhecê-lo completamente. O seu belo país é ingênuo, um bebê comparado ao restante do mundo — diminuiu-o. — Na última vez que ele andou livremente…
— Loki — corrigiu uma última vez. — E você trás mais risco para o equilíbrio dos poderes do que o meu convidado — afirmou ao estender a mão à quem referia-se. — Você, conhecido como protetor do globo, está prestes a causar um incidente internacional.
A atenção foi desviada para o outro corpo que cruzou o céu, sendo ladeado por mais de sua guarda antes mesmo que o recém chegado tocasse o chão. Quase preocupado com Loki até ver as máquinas flutuarem defensivamente acima deles e em atenção aos invasores.
— Não acredito que você veio mesmo aqui — resmungou Thor. — Vamos embora, agora. Antes que cause mais problemas.
— A segurança de Wakanda precisa ser melhorada — alertou Tony. — Se quiser algumas dicas de…
— Não tolerarei o desrespeito ao meu país e suas pessoas — censurou-o com rispidez. — Expulsem-os. E Tony, não terei clemência caso ouse pisar em Wakanda novamente — jura.
— Clemência… quem precisa de…
— Como tem estado, Loki? — Acenou Thor. Loki baixou os olhos sem querer envolver-se naquilo mais do que o obrigavam. — Rei T’Challa Filho de T’Chaka, Tony não voltará aqui novamente. Pedirei à Pepper que tire as pernas dele — ameaçou.
— Ela o mandou aqui? — questionou Tony.
— É.
— Então ela já sabe de tudo?
— É.
— Talvez eu deva me apressar…
— Engraçado. É o que eu ia dizer… — ouviu Pepper dentro do aparelho.
— Ah, querida — resmungou surpreso. — Você estava ouvindo tudo?
— Pode apostar — afirmou. — Como assim invadiu Wakanda? Você está louco?
— Como hackeou o…
— Não desvie do assunto, eu pedi a ajuda de Shuri. E ela conseguiu mais rápido do que você conseguiria — confessou.
— Ah, eu duvido muito.
— Volte para os Estados Unidos, Tony. Agora.
— Mas eu ainda tenho que…
— Você já foi expulso, Tony, por sua culpa estamos com um péssima relação com Wakanda. Então volte para cá agora, ou serei obrigada a explodir sua armadura.
— Considerem-se banidos de Wakanda, para sempre.
— Banido? — retrucou Tony. — Essa é uma palavra muito forte para…
— Tenho assuntos importantes pra tratar, e nem de longe você é um deles. Escoltem-os para fora.
Acompanhou-os com os olhos por algum tempo, da entrada do salão antes de retornar ao quarto — alguns passos à frente de Loki incerto entre ficar ou avançar. Era o único corredor que apresentado, então deixou a porta aberta em convite antes de ser fechada sem ruído algum. Havia preocupado-o de um modo como não gostaria, o visitante sabia sua posição perante todos e não gostaria de ser encarado, por ele, como alguém que o manteria sob vigia como se também experimentasse uma coleira no pescoço do jotun.
Tomou sua mão antes que se afastasse novamente para que ele também pudesse observar os invasores serem retirados, sem que a presença das naves se afastassem por um só momento, e tinha certeza de que Shuri acompanhava cuidadosamente, com as mãos a postos nos comandos bélicos.
— Tem falado com o seu irmão todos os dias? — questionou.
— Sim — afirmou Loki. — Talvez eu deva…
— Não — recusou-se antes mesmo de ouvir. — Talvez eu deva fazer algo. Como convidá-lo, esta noite, para jantar — sugeriu.
— Jantamos juntos todas as noites.
— Convidá-lo para jantar do modo como as pessoas, do mundo exterior, fazem — insistiu. — Deixar evidente a todos o meu cortejo à você, e que é importante para mim.
— Não preciso diss…
— E nem eu — garantiu. — Mas, aparentemente, os demais precisam, como o Homem de Ferro — cuspiu as palavras recusando-se a pronunciar o nome ao sentar-se na cama. — Isso deve desencorajá-los a perseguí-lo por estar ao meu lado.
— Ele realmente o irritou.
Subiu no colchão firme o bastante para pouco balançar. Com cuidado tocou-lhe os ombros, vendo na falta de reação a permissão para que segurasse ali, antes de pressionar uma massagem leve.
— As perturbações de ser responsável por um reino — tentou o tranquilizar com a grande mão sobre a de Loki.
— E o que eu posso fazer para ajudar?
— Você sabe o que pode fazer, e habilidosamente bem.
— Agora? — questionou observando na tela do celular as notícias do evento que ele precisaria estar presente em algumas horas, fora de Wakanda.
— Será apenas à noite. — Puxou-o por baixo do braço direito, surpreendendo-o por um momento. — Quero que esteja presente, e poderemos jantar depois.
Loki não respondeu, observando os olhos próximos que o encaravam. Podia se ver ali, deplorável com a cabeça nos joelhos de T’Challa.
— Vai me levar? — questionou como servo.
— Eu nunca o deixarei sozinho — garantiu. — Sou o responsável pelo seu bem estar.
— E quer me manter sob sua vigilância — suspirou.
— Você é um alívio... — Beijou-lhe. — ...para mim... — Beijou-o. — ...diante de tantos compromissos — afirmou lhe segurando o lado do rosto para beijar uma última vez.
Alisou novamente e sorriu sem entusiasmo, conformado com o que sentia por Loki, e moveu a mão na direção dos pés, desvencilhando-se da fivela sem protesto algum do outro, que apenas respirou fundo — ansioso.
A festa que T’Challa havia decidido abordá-lo não foi a primeira vez que havia cogitado estarem juntos. Odiou-o no início, como todo o mundo e possivelmente toda Asgard. Após o primeiro impacto manteve-se atento às notícias por meses e anos depois dos efeitos da batalha em Nova Iorque se acalmarem.
Loki era focado, com a capacidade de ditar ordens em um lugar onde era recém chegado, com nenhum ou quase nenhum conhecimento prévio além no nome de Midgard onde havia sido criado.
Julgou corajoso. Ousado e corajoso. Ainda que perigoso. Colocara seu planeta natal em risco, ao invadi-lo, foi contra a própria família — a própria segunda família — e o irmão, apresentando aos terráqueos uma gama de novas possibilidades tecnológicas e existenciais daquela galáxia e no universo.
Toda a engenhosidade de Loki usada para a perversidade. No passado.
Finalmente ouviu o som escapar por entre os lábios, um suspiro breve, e sorriu. Loki cobriu os olhos com o antebraço, escondendo-se antes de fechar os olhos — mais tímido do que alguém conseguiria obrigá-lo a ser. Tirou o braço, para o beijar com a desculpa de o ver mais. Mudou a massagem.
— Olha pra mim — pediu. — Deixe-me ver — insistiu — como consigo o satisfazer.
— Um juiz… analista… — zombou.
— Quero testemunhar o que consigo fazer com você — confessou.
As pupilas noturnas encontraram as suas, sem imaginar o quão dilatadas estavam antes de fechar seus olhos novamente, para concentrar-se em si mesmo. Sentiu os lábios nas pálpebras, e não pode evitar a contorção dos próprios lábios quando T’Challa pressionou-o mais entre as pernas, antes de invocar seu nome de rei.
Foi beijado novamente ao se aliviar, com o tremor que se estendeu até a língua que o outro tocava. Sentiu o largo sorriso de T’Challa abrir-se antes de se recompor ao menos para abrir os olhos novamente.
— Fique no quarto — pediu. — Tenho muitas coisas para fazer hoje, e terá funcionários à sua disposição, caso queira conhecer os outros cômodos e salas — sugeriu lhe beijando os dedos antes de levantar. — Virei buscá-lo no início da noite, para que possamos ir juntos à reunião.
Resmungou que sim, repentinamente cansado ao abraçar-se ao travesseiro antes que T’Challa saísse e fechasse a porta com um vitorioso sorriso.
Estava com sono, no entanto não o suficiente para realmente dormir. Tampouco estava desperto para enviar a Thor uma mensagem sobre o acontecido mais cedo. Apenas deixou-se ficar na cama, entre as lembranças dos toques desde a festa em que fora abordado e a realidade de que o anfitrião estava distante.
O salão estava cheio quando entraram, sei deixarem de perceber o visitante não anunciado. Seis Dora Milaje os separavam, e outras seis delas seguiram atrás do segundo, sem que ninguém pudesse se aproximar ou este tivesse liberdade para qualquer movimento suspeito. Rei T’Challa as deixava menos receosas quanto à presença de Loki, todavia ainda assim deveriam mostrar o poderio de Wakanda para lidar com o estrangeiro.
Loki manteve-se ao fundo com as suas sentinelas, por horas tediosas enquanto tratavam de questões importantes do continente e das quais sua presença era irrelevante. Eram problemas que existiam desde antes de saberem sua existência e assim permaneceriam — eram questões daquele mundo.
Por isso era quase meia noite quando saíram do prédio, após T’Challa cortesmente cumprimentar cada líder de sua região, e seguirem para o restaurante no outro lado da cidade. Um carro à frente e outro atrás do largo em que estavam, nas ruas vazias que antecediam a madrugada.
As Dora Milaje dividiram-se na porta dos fundos e na entrada principal do restaurante, assim como nas laterais da porta da cozinha. Ninguém se aproximaria sem que notassem.
A mesa, um pouco maior que a dos demais, ainda que com apenas dois usuários, estava na primeira metade do salão, com os primeiros pratos saboreados junto com taças de um bom cachipembe.
— Como está a refeição? — questionou T’Challa.
— Agradável — confessou, provocando um sorriso de aprovação. — Uma surpresa essa bebida. Parece infantil, ao olfato, no entanto um engodo decifrado no paladar.
— Sim — concordou. — Então não empolgue-se.
— Não seja ridículo. Deuses não se embriagam.
T’challa deixou escapar uma risada mais baixa, e divertida. Loki tinha seu próprio modo de ser sincero, ainda que muitos pudessem encarar como ofensa. No entanto, ao fazê-lo, apenas deixava o outro disposta a ser sincero ao seu modo, sem máscaras.
— Há um deus, na cultura desse mundo, conhecido por sua entrega a bebidas, vícios, e depravações — falou.
— E onde ele está agora? — questionou.
— Mitologia, apenas.
— Entendo, histórias infantis…
— Ninguém sabe ao certo, na verdade — admitiu. — Também temos deuses da caça, dos mares… do amor. Quais os seus planos para o futuro?
— Não ser confinado — ponderou com uma breve inclinação da cabeça. — Não matar ninguém na tentativa de me defender, ou que parem e tentar me matar… — continuou.
— Ei, esqueça o que aconteceu essa manhã — pediu antes de lhe pegar a mão por cima da mesa. — As pessoas vão te aceitar, como eu aceitei. Bem, não exatamente do mesmo modo. Não quero ter de disputá-lo…
— Que planeta arcaico… como se o infeliz cobiçado não tivesse escolha.
— Tem, tem sim — afirmou. — Afortunadamente cobiçado e desejado, apenas sua palavra contará…
Escutaram a freada na rua seguida da explosão, e T’Challa estava suspenso no ar, em queda, dentro de uma bolha, e uma parede entre as primeiras mesas e a vidraça quebrada protegeu todo o salão dos estilhaços. Apenas Loki estava de pé defensivamente, sem esconder-se e atento a quem poderia ter estragado sua noite. Logo o carro partia, e escutou as batidas de T’Challa no escudo que o havia envolvido, então o libertou, ainda mantendo a invisível parede isolando enquanto todos acalmavam-se.
Manteve-se com os olhos no lado de fora ainda ouvindo explosões, ignorando os burburinhos de sua culpa pelo atentado. Viu Falcão seguir à frente, seguido pela Viúva Negra e pelo Capitão América em seguida, e estremeceu quando a mão pousou em seu ombro.
— Acho que está tudo sob controle — escutou T’Challa. — Lamento pelo jantar.
— Não é sua culpa — respondeu desvencilhando-se da mão após lançar outro olhar aos que o encaravam, e desfazer o escudo.
— Não considere o que eles dizem ou pensam. Você impediu que se machucassem, e deveriam ser agradecidos por isso. Porém, nós, humanos ridículos, somos uma população que tende à ingratidão — consolou-o antes de Okoye aproximar-se. — Todas estão bem?
— Há duas a menos, devem estar lá fora — respondeu Okoye, com um aceno às companheiras.
Loki repentinamente olhou para fora, sem tempo para as proteger tão repentinamente, como havia feito com todos, menos com elas, que querendo ou não tentariam o proteger segundo as ordens do seu rei. T’Challa seguiu em seguida, deixando-o entregue aos comentários mais à vontade com a ausência do herói. Sorriu do copo arremessado, poderia ter desviado ou criado um escudo, mas quem o havia jogado não tinha mira alguma.
As exigências de que voltasse para casa ou apenas morresse silenciaram quando T’Challa retornou para o buscar de onde o havia deixado: — Vamos. — Estendeu a mão sem que fosse pega quando Loki se encaminhou à nave que planava.
Dora Milaje guardavam três lados do veículo após colocarem as feridas no interior e uma as acompanhar, e não demorou-se a embarcar e afivelar o cinto, observando pela janela a agilidade na formação delas antes de também estarem no interior. Os três carros usados, para uso e em escolta, seriam buscados em outro momento, durante o dia. Até lá estariam trancados em modo defensivo não apenas para evitar o roubo, mas sim impedir o acesso à tecnologia de Wakanda.
— Elas estão bem? — questionou receoso.
— Uma concussão leve — esclareceu. — Ficarão bem. As Dora Milaje lidam com mais do que isso mesmo nos treinos.
— Não foi um treino — contestou.
— De fato, mas…
— É minha culpa, por estar lá — suspirou. — Por estar perto de você em público.
— Ainda não sabemos o que aconteceu. Ainda assim não há modo de você ter alguma culpa à respeito do que aconteceu.
— Não pode saber se não tenho envolvimento se não sabe o que acon…
— Eu sei — garantiu lhe tomando o rosto entre as mãos. — E tudo será esclarecido em alguns minutos, você vai ver.
Não notou a mesma resistência comum ao ser levado ao laboratório, distante da ala hospitalar para onde usou das habilidades para levar as duas guardas feridas.
— Vocês estão bem, não estão? — perguntou Shuri. — Além das duas Dora Milaje… Alguém mais se feriu? Algum civil?
— Não, mais ninguém — relatou o irmão. — Graças ao Loki.
— Obrigada — agradeceu. — Aqui, o Capitão quer falar com você.
— Rogers?
— Ele mesmo. Rogers — anunciou no transmissor —, está no viva-voz.
— Capitão — anunciou-se T’Challa —, a questão foi resolvida?
— Sim, sim. Está resolvida — afirmou. — Parcialmente. Podemos conversar em particular?
— Não há o que… esconder. Todas as ligações são monitoradas, de qualquer modo. E aqui estão a princesa e meu pretendente, apenas.
— Eu preciso insistir que...
— É seguro — afirmou. — Quem eram eles?
— Traficantes de armas — esclareceu. — Praticamente civis. Eles são contra união entre vilões e heróis e, em benefício próprio, estão a favor dos heróis.
— Estão equivocados — declarou de imediato.
— Eu… eu sei, mas… — ouviram-no suspirar com pesar. — Sejam cautelosos — pediu. — Você principalmente, podem querer usá-lo de exemplo por ser mais vulnerável em batalha, caso estejam distantes.
— Nunca estaremos — afirmou.
— Estes estão detidos, o que não impedirá que mais surjam com o tempo.
— Obrigado pelas informações, Rogers — agradeceu com a seriedade que a situação exigia. — Ficaremos bem e seguros. Cuidarei da nossa segurança imediatamente.
Quando desligou Shuri sinalizou para quem terminava de sair a passos vagarosos. Apressou-se para o alcançar, mesmo que Loki não levantasse a vista para ver os cumprimentos respeitosos das Dora Milaje — em agradecimento pelo zelo de suas das suas.
Viu-o sentar-se no lado da cama que havia cedido há menos de uma semana, e percebeu de imediato quando não foi ouvido. Aproximou-se mais e abraçou sua cabeça com cuidado, sentindo no antebraço a cócega dos cílios quando os olhos se fecharam. Repetiu: — Não foi sua culpa.
— Foi. Minha mera presença — suspirou. — Preciso me afastar de você, e retornar para entre todos aqueles que me mantém sob vigilância.
— Embora eu não aprove a vigilância permanece, focada em Wakanda. Rogers e todos os outros sabem que não é culpado de coisa alguma.
— Eu sou! — afirmou empurrando-o, para levantar-se e sentar em outro local da cama, em seguida. — Sou culpado e nada confiável! Alguém que já ameaçou Midgard, Asgard e meu planeta natal apenas por nascer...
Afastou as laterais da túnica escura e sem dificuldade sentou-se sobre os magros — e fortes — joelhos, novamente na tarefa de o convencer dos pensamentos ilusórios que tinha. Teve-lhe o rosto novamente entre as palmas quentes das mãos para que olhasse em seus olhos.
— Você não tinha a bomba, você não atacou ninguém, e sequer é o culpado por ter nascido — afirmou.
— Apenas em permanecer vivo — respondeu sarcástico.
T’Challa quase achou-o engraçado. O deus da trapaça mentir para si mesmo daquele modo insistente. Juntou os lábios rapidamente e com suavidade, sem demorar a ser correspondido, ainda que se mantivesse apenas receptivo a ser adorado — como um deus deveria ser.
Os braços envolveram seus ombros e sua nuca, e o peso do rei sobre suas pernas era nada, e experimentou as coxas humanas fazendo-o pousar uma das mãos em sua cintura. Apertou-as novamente. Outros mil anos existiria sem a adoração que Midgard prestava com sua sociedade subdesenvolvida, caso aquele rei não existisse.
Viveria outros mil sem ele. Deveria ter ao menos aquela lembrança.
Deslizou, apenas o suficiente para que sentasse vagarosamente no chão, com o rosto ainda tomado por beijos apaixonados de quem ainda testava seu estado de humor, aproveitando-se. Não foi censurado quando mordeu-lhe os lábios, não dessa vez, e gostaria que T’Challa permitisse afundar os dentes na carne tão quente e macia.
Sentia-se um predador, como um tritão em caça. E não conteve a voz quando finalmente o teve dentro de si. T’Challa ainda tinha interesse em apreciá-lo do que aproveitar à devassidão a qual entregavam-se, até afastar uma das mãos dos seus lábios — depois de colocar uma mecha de seu cabelo atrás da orelha — para segurar o conjunto de vasos, pressionando-o como se pudesse interromper o fluxo.
— Devagar — pediu com suavidade, refreando-o novamente quando Loki tentou mover-se novamente. — Devagar — repetiu —, meu amor. Acalme-se, sim? — insistiu.
Loki desceu a testa ao seu pescoço, com a respiração ali quando o que podia era mover-se o mínimo na menor velocidade possível, momento ou outro com um lamento quando a régia mão estava ali para detê-lo. Recusava-se a implorar, e sabia que não era o que T’Challa gostaria, também — um deus nunca imploraria.
Sugou a pele negra como se pudesse marcá-la de imediato e ignorou os lamentos como os seus eram ignorados, até o rei mover-se, estranhamente incômodo. Encarou-o surpreso, vendo-o apreensivo, e desviou os olhos para para o que havia em seu ombro em seguida.
O anfitrião testou um movimento, tranquilizando-o que não passava de um arranhão. Ainda assim lambeu aquela gota de sangue em um pedido mudo de desculpas, então tornou a subir e descer conforme T’Challa regia.
Experimentou os dentes novamente, dessa vez para realmente desfrutar quando a pele se rompesse entre seus lábios. Tentativa até que o rei desse um basta naquilo ao dizer: — Coloque os ombros na cama — pediu —, de costas para mim.
Loki não demorou-se, exposto sem dobrar os joelhos e de ombros baixos, suspirou quando os dedos tatearam, e cada uma das suas reações foram devidamente registradas pelo seu parceiro antes de T’Challa recomeça — lento demais.
— Parece ter sido uma reunião proveitosa — elogiou. — Todas aquelas decisões tediosas.
— Decisões que garantem o bem estar de todos de um modo sustentável — resumiu T’Challa em defesa do reino.
Se o irritasse talvez conseguisse o que queria, e continuou: — Os negócios com o exterior… — falou antes de ser interrompido por um tapa nas nádegas.
— Exportação e importação são insignificantes para Wakanda. Todavia mantém as aparências. — Deslizou as mãos pelas costelas, alcançando os cobiçados mamilos.
— Realmente importa-se com todo o continente — apreciou. — Com todas as crianças daqui, e não apenas as do seu país. Em combate e resgate das crianças soldado na África.
T’Challa acertou uma e outra vez do mesmo modo que antes, avermelhando e aquecendo rapidamente sua pele, e Loki retraiu-se sobressaltado, para um ganido seu em reação ao protesto de quem era atingido.
— E os avanços da medicina, em expedições para atender ao máximo de necessitados é...
— Pare de falar — pediu interrompendo-o com um beliscar no mamilo.
Mesmo dali não pode ver o sorriso indecente de quem estava por baixo, satisfeito em finalmente o frustrar após ser frustrado pelo anfitrião. O que não significava que se daria por vencido: — É um belo reino — elogiou.
Foi puxado para colar as costas ao peito que estava distante um momento antes, abraçado pelos braços antes da língua úmida ser tateada quase agressivamente, e o canto da boca puxado até que seu rosto se virasse para ter um beijo plantado antes que guiasse aqueles dedos, encharcados, para o seu músculo entre as pernas.
— São… S-são medicamentos valiosos — insistiu uma última vez.
A mão escalou para o pescoço, disposto a encerrar por vez aquelas distrações inconvenientes, reduzindo apenas um pouco a passagem de ar. Não demorou para que o ambiente fosse preenchido apenas pelo som de seus corpos.
A voz contida não era o único modo de o provocar, queria mais que aquilo, queria mobilidade. Poderia a exigir, ou apenas o surpreender — e esperava que não assustasse a sua alteza…
— Loki, seu…
— Sim? — perguntou em um suspiro do mesmo tom de voz que jamais o denunciaria.
— ...o seu… — Tateou-o mais até encontrar seu clitóris. — Eu não acredito que… Ele… desapareceu…
— Desapareceu? — Moveu se aproveitando das falanges.
Puxou o pescoço para depositar um beijo ali. Nunca esteve tão excitado e não conseguiria se conter por mais tempo. Abafou a voz rouca e grave com a própria, usando das artes sexuais mais conhecidas para que seus dedos fossem involuntariamente pressionados, antes do ânus manifestar-se com os espasmos refletidos.
Paralisaram-se aquele instante, com o cabelo de Loki em desalinho ao segurar-se em T’Challa, permitindo que preservativo vazasse quando afastaram os quadris apenas alguns centímetros, escorregando para deitarem no chão fresco, e o rei buscando os batimentos de Loki ao deitar-se em seu peito.
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jameleca · 6 years
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Tardei
Demorei pra aprender que nessa vida não ajudam quem erra
Demorei pra saber que batata cresce de baixo da terra
Demorei pra entender que terráqueos não se respeitam e causam guerra
Demorei a saber que seu sorriso tímido és tão belo quanto o instante que os raios solares tocam a Terra
Demorei...
Sem saber que na vida não se tem prazo para saber nada
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charsdaoz · 7 years
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⟨ ❝ C A L I D O R A T A U R U S ❞
As estrelas estão felizes em presenciar Calidora Taurus durante a seleção. Ela tem 15 anos, e será uma espectadora sob nossa proteção. Pertence à constelação de Lynx Touro, muitos a chamam de La Petite Diable. Os astros concordam que ela é divertida e furtiva, porém nos seus piores dias pode ser um tanto impaciente e insolente. Há rumores de que se parece bastante com Mackenzie Foy. Infelizmente encontra-se indisponível.
Biografia (min 10-15 linhas):
Do que são feitas as estrelas? Afora calor e materiais que mais tarde formariam planetas dos mais diversos, enviando vida a um em especial, poucos são os estudiosos que um dia já se debruçaram sobre questão tão existencial. Bastava para a maior parte delas o fato de serem adorados como deuses, de serem guardiões do que o Cosmos via como criaturas puras e que não deveriam, portanto, sofrer com as revelias interpostas por Caos. Não precisavam responder questões de teor filosófico, haja vista que já possuíam todas as respostas, e tampouco desejavam desafiar verdades tão dogmáticas quanto as que Cosmos punha à frente de seus olhos cansados de tanto brilhar em um Universo gélido e pretensioso. Como formigas, as estrelas trabalham incansavelmente em prol de um objetivo muito maior que elas, destinadas a serem sofregamente chacinadas tão logo não sejam mais capazes de expor o brilho pelo imenso vazio onde habitam, constelações à parte. Polaris sempre pareceu verdadeiramente inclinada a estudar as questões, debruçando boa parte de sua vida em perguntas que não seriam respondidas tão cedo, e que tampouco eram práticas. Era uma diplomata, ou ao menos deveria sê-lo, se fosse seguir as tradições familiares impostas por conta de sua constelação de origem —— áureos estavam destinados a trabalhar para as maiores, como belos animais de estimação que, tão logo não fossem mais úteis aos propósitos destas. Após cair à Terra, pouco antes da Idade Média ser proclamada, a enfatuação pelo planeta permitiu que permanecesse ali por algum tempo, brindando com homens das mais diversas culturas e aprendendo os costumes terrestres.
Apaixonou-se, obviamente, e ter de voltar lhe partiu o coração —— lembrava-se de como ela própria tivera que partir na calada da noite para não o acordar, homem brusco que era ——, de forma que nunca mais foi a mesma desde então. Algo na Terra sempre a fascinara, e provar o que perdiam parecia injusto aos seus olhos. Destroçada mentalmente, a estrela não poderia se esquecer dos momentos na atmosfera, tampouco de como cavalgara em animais que só faltavam brandir asas de tão rápidos. Foram momentos inesquecíveis, era verdade, mas os pais demandavam outros pensamentos por parte da estrela mais nova. Estava na hora de reproduzir a espécie, e seus sentimentos não poderiam ter sido mais desconsiderados quando deu de frente com o noivo com quem esperavam que se casasse. Uma piada. Não poderiam deixar que se casasse com um corpo celeste tão mal-apessoado quanto Orion, mas eram irredutíveis em suas ânsias. Polaris deveria desposá-lo, e então, o céu era menos do que o limite para o que planejavam. Acaso as constelações se unissem, áurea e médica em uma única, quais não seriam os benefícios para ambas? Médicos diplomados, de grande porte financeiro e necessários a todas as doze principais. Seria difícil não imaginar que desejavam galgar um espaço maior em um Universo tão pequeno e sufocante. Tal como Serpentário, o afã de ambas as constelações estava fadado ao fracasso, mas não parecia ser previsível, tampouco provável que fossem apostar todas as suas chances em algo que daria errado.
Orion e Polaris se casaram com toda a pompa que duas famílias reais poderiam ter provido aos novos futuros governantes de Lynx. O médico não podia ter ficado mais feliz ao vê-la ultrapassar o altar, ainda que estivesse de expressão fechada. Estava disposto a vencê-la pelo cansaço, era mais do que claro, contudo, eventualmente, suas esperanças se esvaíam enquanto a estrela mantinha-se irrequieta, de um lado para o outro, e, em outros períodos, mal conseguia olhar para o seu rosto, preferindo observar a Terra em sua posição preferida, sentada na janela da suíte principal. Se Orion não a conhecesse —— e ele realmente não a conhecia, era verdade ——, imaginaria os piores cenários possíveis, vez que a Minoris não parecia minimamente interessada em manter uma conversa civilizada consigo. A medida em que Polaris mantinha-se trancada em seu escritório, Orion parecia cada vez mais inclinado a arrombar a porta do recinto, incapaz de esperar mais um segundo sequer até que a mulher o aceitasse como seu marido, que se esquecesse de sandices passadas. Ele era carne e osso, uma vez confidenciara à esposa, não uma memória que estava fadada a desvanecer com o tempo. Ao mesmo tempo, os pais cresciam impacientes para com a demora de um herdeiro real, forte o suficiente para controlar ambas as constelações em uma guinada ao sucesso. A medida em que as décadas passavam, o pequeno palacete para onde se mudaram parecia um verdadeiro inferno, aquela que deveria cuidar da casa arrastava-se sobre seus pés, e Orion ignorava qualquer tentativa de racionalizar algo com a estrela.
Preocupado com seu trabalho —— era um príncipe, o futuro rei, mas ainda assim jamais se considerara um inútil, operações de extrema delicadeza se tornando cada vez mais a sua especialidade depois que se tornara uma estrela adulta e forte ——, deixou que a mulher lidasse com seus próprios demônios, mal sabendo que acabaria jogando-a no próprio precipício, anos depois. Intimamente, o príncipe só desejava um pouco de paz e compreensão, mas cada dia em que deveria voltar para casa após o trabalho exaustivo, encontrava-se verdadeiramente impaciente para fazê-lo, a vontade diminuindo a cada vez em que a encontrava aos prantos. Desocupada, a outrora ativa filósofa não conseguia deixar de olhar para as pinturas que encomendara das constelações líricas, um ínfimo lembrete do que vivera. Não desejava se esquecer, e tampouco iria, certa de que o labor como princesa não passava de um baluarte para algo com o qual não concordava. Se precisasse ser infeliz, e, por associação, tornar Orion infeliz para frustrar os planos dos pais, faria de bom grado. Os muitos rascunhos, repletos de teorias da conspiração e previsões imprecisas adornavam todo o seu escritório, um claro sinal do que estava por vir. Após olhar para o trabalho, Polaris chorou pela última vez, certa de que não havia verdadeiro escape do que o destino reservava a não só ela, não só a Orion, mas a todas as estrelas e mesmo terráqueos. O fim estava próximo, e dessa vez a Guerra dos Astros seria considerada uma briga entre crianças. Evidente que percebeu enquanto o marido mudava de adolescente em período de puberdade para um homem, mas se forçou a manter os olhos longe dele, talvez em respeito de seu há muito falecido amante terrestre, talvez por atitude puramente mimada.
Coletando os papeis com o máximo de rapidez possível, a intenção verdadeira era ir ao palácio onde os pais moravam, mostrar-lhes as implicações do que desejavam, mas encontra-lo prestes a bater em sua porta enevoou todos os seus pensamentos, ao menos momentaneamente. Ela nunca, em toda a sua vida, vira o príncipe tão cansado, e as mãos percorreram a extensão de suas bochechas até que parassem nos lábios finos, quase desenhados. Beijá-lo foi o primeiro de seus erros naquela noite, mas não seria o último. As bolsas repletas de papeis foram ao chão no mesmo momento em que o homem avançou pelo escritório, batendo a porta atrás de si em um rompante. Uma única noite foi suficiente para que o erro fosse tomado, e ela não queria acordar no dia seguinte, certa de que se arrependeria amargamente pelo resto de sua vida do que criaria com aquele simples ato.
Demorou pouco tempo para que Calidora nascesse —— o nome dado em homenagem à mãe de Orion, que deixara de brilhar alguns séculos atrás ——, e ao menos a estrela não teve de gestá-la, tal como mamíferos terrestres, ainda que talvez tivesse preferido a situação. Se acabasse com a própria vida, impediria que Dora sofresse com as consequências dos atos impensados de sua geração. Exultante, Orion recebeu a notícia com mais alegria do que parecia conter em seu peito, incapaz de formar palavras minimamente coerentes ante a ideia de ser pai, depois de tanto tempo. Permaneceriam os três, vivendo em relativa harmonia pelo bem da mais nova, mas fato era que Polaris a cada ano distanciava-se mais do convívio social. Mesmo seus rascunhos abandonara —— o problema não era mais o passado, mas sim o futuro ——, incapaz de olhar para eles agora em que pusera uma pobre alma no Cosmos. Ignorante às mudanças de humor da esposa, Orion se ocupava na maior parte do tempo com os afazeres da filha, preocupado ao máximo em mantê-la segura de qualquer trauma. Calidora não chegou a ousar manter-se por muito tempo perto de sua mãe, mesmo quando era uma estrela insignificante, mas o pai a mimava das formas mais imprevisíveis possíveis, de forma que pouco reparou quando a fatalidade se assomou sobre a família.
Deveria ter sido apenas mais um ano normal, não fariam nada até que Calidora fosse jovem o suficiente para conclamar o reinado de ambas as constelações, quando Caos invadiu o coração de Polaris. Os sinais estavam claros, mesmo antes do fato, mas foi só quando a mais velha tomou a própria filha e quase a matou que Orion percebeu que a esposa que tanto admirara por anos —— aquela em quem depositara toda a esperança e confiança que tinha dentre todos os corpos estelares —— estava perdida. Não, ela não poderia estar perdida. Incrédulo, o príncipe tomou a criança dos braços da mulher, a esse ponto histérica. Os olhos sempre gentis e vazios não passavam de globos negros no momento, como se estivesse com alguma doença. Por pouco, ele mesmo não foi sugado pelo início de buraco negro que fora produzido com o episódio, e então, no segundo seguinte, Polaris já não estava mais lá. A Estrela do Sul, aquela que guiava a todos os terrenos deixara de existir, sendo afastada de todas as constelações por razões de seguridade. Tornara-se uma vergonha para os pais, e um perigo ao marido, mas Orion não parecia inclinado a desistir da esposa. O vislumbre de uma relação minimamente saudável o mantinha coeso com o sonho impossível de que um dia ela voltaria a ser o que era quando a viu pela primeira vez.
Deixaram que Orion mantivesse a guarda de Calidora, mas não sabia por quanto tempo o fariam. O médico cresceu cada vez mais obcecado pela cultura à Caos, buscando respostas que pretendia encontrar. Lynx deixou de ser a constelação a qual chamava de lar poucos meses depois do episódio com a mulher, e ele fez questão de levar a filha consigo —— ninguém seria capaz de protegê-la da forma que ele o fazia, tampouco desejava que a pequena Lynx vivesse sob o estigma de uma mãe que se voltou ao lado negro tão logo a própria filha nasceu. Protetor por natureza, estava claro que sua vida agora se resumia aos rascunhos empoeirados da falecida esposa, bem como à criança que o acompanhava em escavações com o passar do tempo. Indeferiu o pedido à regência de Lynx assim que o pai morreu, incapaz de se ocupar de assuntos estatais, haja vista que ele próprio parecia uma ruína emocional, Orion fugiu como o covarde do qual Polaris sempre o acusara. Uma piada.
Cada descoberta, cada escavação e intermédio de colegas da ex-mlher se tornaram valiosos, e Dora sempre pareceu solícita em ajudá-lo. Para ela, era como se Polaris nunca tivesse existido, e aquilo açoitava qualquer um dos sentimentos do então pesquisador. Ensinou-a sobre história, matemática, algoritmos e línguas no geral, e Dora poderia ser capaz de ler os hieroglifos encravados em pedras anciãs com mais propriedade que alguns historiadores estelares. A pena sempre pareceu mais forte do que a espada, e ele tentou passar os ensinamentos que aprendera com tanto custo quando menor para a filha, o único legado que deixaria se não conseguisse trazer Polaris de volta. Incansável, viajou por todas as constelações, e continuaria o fazendo, não fosse o incidente perto da constelação de Touro, quando Calidora não passava de meros cento e cinquenta anos estelares.
Estava perto, e sabia do feito —— mesmo a pequena alertava para novos horizontes, entretida pela ação que esperava ver ante as descobertas do pai. Os cálculos pareciam complementar os rascunhos de Polaris, mas não poderia levar Calidora consigo. Ao que tudo indicava, a tumba continha perigos que mesmo ele não estava pronto para enfrentar, que dirá uma criança como a mais nova. Dora, entretanto, tinha outras ideias do que fazer. Após a entrada do pai, ela poderia ter ficado quieta na entrada do túmulo, mas o moreno nunca a ensinara a ser paciente com coisas que estavam além de seu poder, portanto, acreditando ser capaz de enfrentar quaisquer diabretes que existissem ali dentro, a pequena prosseguiu em sua viagem. Enquanto Orion não encontrou nada em sua incursão, contudo, a mais nova achou a resposta para todas as perguntas que faziam há tanto tempo. Excitada pela descoberta, foi impulsiva, se pondo em posição de risco a ponto de quase chegar a óbito. As palavras que escutara em sua mente no mesmo momento em que Orion gritou, pedindo para que se afastasse, contudo, eram irreconhecíveis, mesmo para a jovem que poderia recitar poemas nos mais distintos dialetos.
E então a escuridão consumiu sua mente, caindo em um abismo que ela própria tinha criado. Quando acordou, estava próxima a um vilarejo miserável na constelação de Touro, mas pouco se lembrava do motivo de ter parado ali. Sozinha, com frio e faminta, lembrava apenas do seu primeiro nome, e aquilo não parecia suficiente para a estrela. Dentre as ruas abarrotadas de comerciantes imundos e ignorantes, não tinha muito o que fazer senão mendigar por algum pedaço de pão dormido. Foram meses extensos, duros e que trouxeram a outrora bem alinhada Calidora uma expressão selvagem nos olhos. Capaz de furtar para manter-se viva, a estrela poderia muito bem ser confundida com mais uma das crianças de rua criadas à própria sorte do destino. Devia mais dinheiro do que poderia pagar às crianças mais velhas, e estava à beira da inanição, o corpo dolorido pelas pancadas seguidas de seus algozes, quando ela apareceu.
Ela a acolheu como nenhuma outra pessoa parecia inclinada a fazê-lo, dando comida e roupas limpas a uma criança que mais parecia desconfiada do que grata. Aquilo deveria ter algum motivo e, pessimista que era à hora, Dora não pensou que estivesse ali por livre e espontânea vontade. Sumia de repente, mas tão logo Calidora sentia a falta da mais velha, ela voltava, sempre com refeições fartas e cobertores quentinhos. Ela poderia se acostumar àquilo —— não se lembrava de alguém um dia ter sido tão bom consigo, ainda que a calidez que Asterope emanava fosse parecida em parte com a de seu falecido pai. Passou anos naquela rotina, era claro, e a cada dia ela só queria se enroscar mais e mais nos cobertores trazidos, escutando histórias de ninar da loira enquanto buscava dormir, mas estava claro que o ordinário não parecia se adequar a nenhuma das duas. Em um ano não muito especial, Maia trouxe uma outra pessoa para cuidar dela, e, de início, Calidora o rejeitou veemente, contudo, a convivência com Caspian a trouxe memórias boas do passado. Enquanto a loira não a deixava sofrer nenhum tipo de revelia, era ele quem a desafiava, ensinava-a os malandros das ruas, e foi com ele, também, com quem Dora descobriu certo apreço —— não mais necessidade —— pelos furtos ocasionais.
Death Star foi apenas o próximo passo, e ela percebeu que talvez não fosse feita para estar dentro de uma cabana no meio do nada o tempo todo. Equilibrando-se em cordas, aprendendo a dar os nós necessários e gritando ordens aos marujos —— que veemente ignoravam qualquer das ordenações que não viessem de Marfik em pessoa ——, a criança parecia estar aonde pertencia. Não nos desertos de Aries, ou nas tumbas que seu pai visitava em busca da verdade, tampouco em uma cabana qualquer. Ansiava por desordem e excitação, e era tudo o que tinha quando a bordo do Death Star. Aprendia rápido os manejos dos piratas, e cresceu verdadeiramente fiel às duas estrelas que a tomaram como protetoras, mas não podia dizer que realmente se encaixava no padrão revolucionário aonde ambos se encontravam. Enquanto Caspian e Maia saíam em incursões contra a tirania do governo, Calidora fazia o seu trabalho bem até demais, navegando pelas estrelas em aglomeração a medida em que surrupiava alguns xelins de seus bolsos. Furtiva e de pavio um tanto quanto curto, era mimada o suficiente para saber que não estava fazendo algo certo, ainda que concordasse em parte com as causas defendidas pelos Taurus. Meramente não entendia o motivo de todo aquele disparate.
Por séculos, permaneceram naquela rotina, e ela adoraria continuar com aquilo —— adorava aventuras, não saber se voltaria para casa viva ou morta parecia algum tipo de combustível para a pequena ——, mas em uma batida da guarda real, não só Maia, como também Caspian foram capturados. Por pouco Dora escapou. Talvez devesse agradecer ao Cosmos por concedê-la corpo diminuto o suficiente para que nenhum dos guardas notasse a Taurus armando uma emboscada, que evidentemente falhou. Os dias seguintes foram excessivamente preocupantes, vez que a estrela parecia absorta em pensamentos destrutivos enquanto encarava o palácio da constelação de Touro. Como ousavam destruir a sua família daquela forma? Recusava-se a ficar sozinha novamente e, ainda que os componentes de Death Star se assemelhassem àquilo, ela crescera verdadeiramente afeta aos dois que agora estavam presos no palácio. Julgando ser necessária a sua intervenção, haja vista que a relação entre a Asterope e o Marfik crescia verdadeiramente tóxica aos seus olhos, Caleano procurou pela pequena.
Esperava que ela pudesse reaver uma relação minimamente pacífica entre os dois, ao que tudo indicava, e Dora não poderia estar mais confusa no momento. Ela deveria ir para a Terra? Não acreditava que aquilo fosse possível, mas tampouco desejava ficar só na constelação, vez que não poderia dizer que angariara aliados dos mais potentes enquanto ajudando Caspian e Maia. Trataram de vesti-la como uma emissária, uma diplomata —— parecia uma Barbie, de tão entojada que aos seus olhos se encontrava  ——, a serviço de Aldebaran para que mediasse o campo entre os dois competidores da constelação. Mal sabia Caleano, tampouco Aldebaran, que Dora se divertia com as brigas dos dois —— nunca duravam muito, afinal.
Headcannons (min 3-5 linhas):
Quando era uma pequena estrela, durante o episódio em que sua mãe se tornou um buraco negro, Polaris fez questão de marcar a filha —— àquela altura, parecia incapacitada de pensar racionalmente ——, arrancando um pedaço generoso de sua orelha esquerda. Não que Dora se lembre do fato, mas tenta esconder a memória de toda forma, utilizando-se de brincos grandes que possam ocultar a falta de carne na região em específico. Agraciada pelas sombras daquela que deveria amá-la incondicionalmente, vê os brincos como totens, protetores de uma vida que já não existia mais, desde que perdeu a memória.
Antes mesmo de conhecer Caspian, a princesa de Touro trouxe outro homem à cabana, e Dora se afeiçoou à estrela quase imediatamente. Caleano poderia ser cego, contudo, demonstrava leveza na fala, a calidez a trazendo sensações boas, que só sentira quando perto do pai. De certa forma, a pequena Taurus se afeiçoou tanto ao príncipe que passava alguns minutos do dia pensando nele —— talvez tivesse sido o seu primeiro amor, de fato, mas não pensava muito na questão. Hoje, a morena se lembra de seus anseios infantis com algum tipo de vergonha, enrubescendo sempre que tocam no tópico “Caleano”, mas não é como se tivesse se esquecido da estrela.
Quando ainda sob a guarda de Orion, Dora poderia ser considerada um tipo de gênio da matemática e história, sendo ela própria a ajudante principal do príncipe em sua busca por respostas. Capaz de nível de abstração tão grande, pouco perdido com o apagar de suas memórias, ela poderia equiparar seus próprios pensamentos aos de Polaris, e o abraço mortal que Caos deu em si não a ajudou realmente, só a deixou cada vez mais exposta a um futuro que o deus primordial pretendia para ela.
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Não existe amor em São Paulo.
Depois de algumas idas e vindas à cidade cinza pude comprovar uma expressão bastante conhecida pelos paulistas e demais terráqueos que tem o prazer de conhecer bela metrópole. Passar uns dias em São Paulo me alegra bastante apesar de nutrir um sentimento muito grande pela minha Belo Horizonte e ter um imenso orgulho de ser mineirinha dos ‘uai’.
Um café na Starbucks, umas compras na Forever 21, um passeio na Paulista com Haddock Lobo. Programas talvez bem capitalistas para uma pisciana remanescente a anarquista contudo interessantes. Uma foto em frente ao MASP, uma ida ao Theatro Municipal. Praça da Sé, Vila Madalena, Oscar Freire.
Todos os carros, bikes, barulhos, engarrafamentos, chuvas, frio, correria, multidões e belezas paulistas tem um lugarzinho em meu nobre coração mineiro atleticano. Sem dúvidas a melhor noite do mundo, para todos os gostos, não tem desculpa. E sem essa de que paulista é mau educado. ‘Pô meu, tá tirando? Paulista é tudo parça, aqui nós somos trutas, tá ligado?’
Mas realmente, não se vê amor, não existe. Existe coisa maior. Existe uma vontade danada de estar em terras paulistas e aproveitar tudo de melhor que São Paulo tem à oferecer. Existe uma esperança de dias melhores, existe um sentimento de que tudo vai dar certo e de que os planos começaram a tomar forma concreta. Existe uma esperança de estar com quem gostamos, sem preocupações e uma vontade de que o ‘para sempre’ comece hoje. Existe uma tristeza de se ir embora. Anseio pela próxima volta.  
Pois bem, não existe amor na selva de pedra, pois o amor que sentimos se torna um sentimento mais intenso, ainda mais inexplicável. Existe todos os nossos únicos sonhos em São Paulo.
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a-sededopeixe · 4 years
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(re)tomada
Por enquanto estamos há quanto tempo de quarentena? Um mês? Eu realmente já não sei.  Minha cidade – um município de Minas Gerais, onde um grupo ínfimo de pessoas, entre bilhões de terráqueos vive e mantém alguma relação afetiva, seja pela memória dos familiares ainda residentes na cidadezinha, ou, claro, por habitá-la – fechou as fronteiras com as cidades vizinhas. As saídas estão bloqueadas, igrejas, lojas e bares também estão fechados.
Aliás, não, a Universal está aberta. Inclusive, amanhã é dia de culto.
A ponte, que conecta parte da região central da cidade, para alívio de alguns poucos membros da hierarquia política e econômica, se mantém fechada também e sem previsão de reparo ou abertura – há risco de que ela caia. Existe agora, para os moradores, a Rio Piracicaba Ocidental e a Rio Piracicaba Oriental. Que irônia.
Há um limite de clientes que se organizam para fazer compras no mercado, que durante o tempo de espera na fila, compartilham suas impressões sobre a atual pandemia, expressando os incômodos com a mudança na dinâmica da vida que há uma semana tem mudado completamente. São, em sua maioria, comerciantes, empregados do comércio local, aposentados e o proletariado das firmas e da Vale do Rio Doce. Alguns sem máscaras de proteção, outros, os que fazem uso dela, vez e outra, se atrapalham com o incômodo artefato de proteção contra o virus. Até aí nenhuma novidade. Dado o contexto, uma vez que os hábitos das ciências sociais não me deixariam iniciar qualquer escrita sem ao menos citá-lo brevemente, pretendo tomar nota do meu entorno e da experiência subjetiva do isolamento social - é, pelo menos, o que pensei hoje. Devo me lembrar que não se trata de um artigo, então, em negociação com racionalidade: meu momento.
Eu não faço parte dos grupos que citei como maioria dos clientes na fila do supermercado. Estive lá, eu, uma iniciante na vida acadêmica, com meu corpo, de quase-mulher, que também é de cientista social. Estou na casa dos meus pais, onde não pretendia estacionar meu caminhão por muito tempo. Antes da pandemia, o movimento pendular entre Belo Horizonte e Rio Piracicaba limitavam a convivência e a rotina com meus pais. Ao mesmo tempo, tem sido etapa do processo de liminaridade onde me encontro, aliás, onde me coloquei, por livre e espontâneo mergulho há alguns meses atrás. 
Justo.
Há quase duas semanas convivo com meus pais, são 12h por dia, contando que nas outras 12h eu talvez esteja no meu quarto dormindo ou fazendo qualquer outra coisa. Qualquer outra coisa fumando um baseado. Qualquer outra coisa ligada à atividade intelectual - fumando um baseado. Curioso é que alguns fumam um baseado para relaxar. Eu tenho fumado para produzir durante a quarentena. A cada cigarro de palha aceso durante o dia, um gesto de reprovação do meu pai. Ele franze suas sobrancelhas grossas. Me olha por baixo das sobrancelhas franzidas, balbuciando, na maioria das vezes, palavras que expressam sua contrariedade. Eu contei uma vez:
5, 4, 3, 2, 1.
“Já vai acender um cigarro, né minha filha?”. Com a voz grossa, assim como suas sobrancelhas pretas. Às vezes sorrio e lhe respondo com humor, em outras, finjo ignorar. Não sei até que ponto o pai tem conseguido lidar com esse tipo de enfrentamento. Independente de um relato casual de um detalhe da rotina, acredito que o pai seria uma pessoa mais feliz se não fosse o patriarcado. Nós também.
Minha mãe é sorridente. Damos gargalhadas durante o dia. Muitas dessas gargalhadas mexem com o pai. Seu bigode cinza cobre parte dos seus lábios. Esse bigode sempre foi marca do meu pai: nunca o vi sem ele, apenas acompanhei sua mudança de cor ao longo do tempo. Mesmo mudando de cor, esse bigode sempre expressou sua seriedade voluntária. O bigode cobre o lábio superior do meu pai, que já é fino. De qualquer forma, embora ele raramente sorria, também já o vi sorrindo. Faz tempo. Com as sobrancelhas grossas franzidas, o olhar de reprovação por baixo delas e o bigode cinza, o pai reprova quando eu e minha mãe damos gargalhadas altas. Reprova nosso mal jeito na cozinha. Na verdade, eu sei que ele torce e espera ansiosamente que algo caia da nossa mão, ou que a gente se atrapalhe em algum movimento. O pai precisa disso pra se sentir bem.
Desde criança ouvia minha mãe falar do quando meu pai a “podava”. Eu me afastei de alguns de seus danos emocionais. Interditei a ponte, como a que liga as duas partes do centro de Rio Piracicaba. Vejo que criei defesas que me poupam do susto com seus rompantes e possíveis ameaças de abandono. Eu temi muito esses rompantes. Temi e não consigo acrescentar muita coisa a essa descrição - a linguagem ainda não da conta. Por hora: senti medo a vida toda. Por esse medo eu me escondi de tanta coisa.
É curioso, mas talvez eu, aos pouquinhos, em meio ao confinamento, eu esteja saindo da gaiola.
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aneumann · 1 year
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Podemos Deixar De Sentir? 
"Algo difícil de lidar para alguns é entender que sim, podemos deixar de querer aquilo que tanto almejamos um dia..."
  Há uma certa densidade quando notamos modificações na interação pessoal de indivíduos para conosco, assim acarretando ao tempo ou a um acordo inconsciente e por certa opção alguns deixarem de se falar, outros se afastam gradativamente e alguns mesmo sem mais seus propósitos a alcançar tentam permanecer em contato; porém, vejamos que nada será tão igual, mas não significa que é o fim do seu mundo. 
 Admito, deixei eu de sentir muitas coisas por aquelas pessoas que realmente naquele momento me fizeram bem, assim me afastando para um "sempre" após certos desequilíbrios na interação; apesar desse fato há aqueles seres que realmente valem a pena continuar a sentir algo ou manter um contato mesmo que não mais naquela mesma energia, percebo que a mim o ponto principalmente é quando através de determinadas pessoas pude eu sentir, expressar, existir e aprender de maneira genuína coisas únicas como amar ou ter uma empatia, não havendo medo, manipulação, insegurança ou ansiedade. 
  Acredito que o mais difícil seja quando em um lado a pessoa simplesmente deixa de sentir e você não compreende o que aconteceu de errado ou que foi deixado de acontecer, mas mesmo que pareça um grande caos precisamos ver que somos seres complexos e nem sempre sabemos como agir, muitos entram em um limbo na relação -seja amorosa ou amizade- que ao alcançar uma expectativa ou ver que não poderá te-la pode de modo muito interno causar certa confusão, assim querendo espaços que podem ou não voltar a serem duais e tá tudo bem nisso. Reflitamos que passaremos ainda por tantas coisas em nossa vida e muitos humanos a conhecer, muitos amigos e amores a sentir. O melhor a se fazer em casos de questionamentos do que deu errado é deixar que o tempo (o seu tempo) flua aos poucos e assim sem pressão notar que não há culpas, ambos são pessoas conhecendo e aprendendo nos encontros e desencontros da vida os sentimentos e emoções interpessoais.
  Espero que o que expresso aqui também consiga eu agir como tal, ter questionamentos internos sobre um assunto e principalmente estagnar em momentos comuns é degradante. Independente do grau da intensidade de cada um a outro, em determinado modo do envolvimento, refletir a si o valor que doamos e recebemos também é essencial antes, durante e em meio ao contato com os indivíduos à nossa volta. 
-Agatha Neumann 
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oodall · 4 years
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Em sua órbita;
Por que você era o céu mais belo de se observar. Por que você era o maior conjunto de constelações familiares que eu poderia ver. Por que você era de características esplêndidas como os eclipses totais, como expansão das estrelas, seus olhos eram galáxias espirais com uma imensidão desconhecida, sua pele era luz de cometa que se achegava em lugares distantes, seus lábios eram estrelas cadentes em que eu depositava beijos de desejo e afeto, sua fala era lunaticamente ingênua e calma, você tinha o jeito lunar que assim como ela possuía um lado oculto pouco explorado, até hoje, além de uma alma feita de chuvas de diamantes vindas de Saturno, você tinha pequenos fragmentos de Marte em sua mente, um terráqueo com ideias mirabolantes. Você era universo, você era infinito, e hoje lembrei de todas as vezes que tentei decifrar o imprevisível campo de imensidão espacial que eram seus sentimentos. Obrigada pela experiência extraordinária.
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tesaonews · 5 years
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Os 10 melhores apps iOS da semana (01/05/19)
Que tal curtir o feriado testando novos aplicativos no seu iPhone ou iPad? Nesta semana, separamos os joguinhos Pancake – The Game, Twisty Board 2 e Banana Bunch para você baixar.
Selecionamos também o app Ahazou Pro para ajudar nas postagens da sua marca nas redes sociais, o Little Nugget para tirar belos registros da infância do seu filho, entre vários outros.
Prepare a memória do seu aparelho e confira as dicas desta semana!
– CT no Flipboard: você já pode assinar gratuitamente as revistas Canaltech no Flipboard do iOS e Android e acompanhar todas as notícias em seu agregador de notícias favorito. –
1- Ahazou Pro
Com o app Ahazou Pro, você economiza tempo na hora de descobrir o que postar nas redes sociais da sua marca. Segundo o aplicativo, você pode triplicar o alcance dos seus posts e assim economizar 10 horas por semana, sendo 10 vezes mais barato que contratar um freelancer ou agências de marketing.
São mais de sete mil imagens prontas para profissionais e pequenos negócios do mercado da beleza, bem-estar, restaurantes e pet shop.
Classificado com cinco estrelas na App Store, o app Ahazou Pro é gratuito para download.
2- Little Nugget
O aplicativo Little Nugget te ajuda a tirar, compartilhar e guardar fotos do seu bebê. Com ele, os melhores momentos do seu filho serão guardados com muita imaginação e capricho. São mais de 1.600 adesivos feitos à mão com temáticas de gravidez, nascimento, marcos, primeiras vezes, férias e muito mais.
Little Nugget está classificado com quase cinco estrelas na App Store e custa R$ 10,90.
3- Enlight Pixaloop
Com o aplicativo Enlight Pixaloop, você consegue animar as suas fotos de forma rápida, fazendo com que elas ganhem vida magicamente. Você pode animar um ou vários elementos, deixando em destaque apenas os componentes que você deseja destacar.
O app conta com cinco estrelas na App Store e é gratuito para download.
4- Meetup
Precisando conhecer gente nova? Com o aplicativo Meetup, você conhece pessoas da sua cidade que gostam das mesmas coisas que você. Segundo os criadores do app, o objetivo é juntar pessoas para que elas aprendam, concretizem e explorem seus sonhos e metas.
O aplicativo Meetup possui cinco estrelas de classificação na App Store e pode ser baixado gratuitamente no seu iPhone ou iPad.
5- Pancake – The Game
O jogo Pancake – The Game é simples: basta fazer movimentos com a frigideira para que a panqueca vire e volte perfeitamente.
O jogo é gratuito para download e está classificado com cinco estrelas na App Store.
6- Twisty Board 2
No game Twisty Board 2, os senhores da guerra alienígenas, conhecidos como Q’Tah, acabaram com as defesas da Terra. Agora, além de os suprimentos da população estarem se esgotando, todos os terráqueos estão sendo aprisionados em uma tacada só.
Com quatro estrelas de classificação na App Store, Twisty Board 2 é gratuito para download.
7- New Pixels
Quem ama Pixel Art precisa conhecer o app New Pixels. Com ele, você usa formas e cores básicas, além de uma pitada de imaginação, para construir um mundo no seu iPhone ou iPad. As suas artes podem ser compartilhadas com seus amigos nas suas redes sociais, ficando ainda na nuvem do próprio aplicativo.
Com cinco estrelas na App Store, New Pixels custa R$ 10,90.
8- Banana Bunch
No game Banana Bunch, você precisa ajudar o macaco Eugene a subir e apanhar o máximo de bananas possível. Mas cuidado para não cair e nem tocar nos pássaros!
Os macaquinhos de Banana Bunch estão classificados com quatro estrelas na App Store e o game é gratuito para download.
9- GoRead – Revistas Digitais
No aplicativo GoRead – Revistas Digitais, você tem acesso a mais de 200 revistas digitais sobre os mais variados assuntos, como moda, economia, atualidades, esportes, saúde, fitness, games, cultura, fotografia e muito mais. O conteúdo está disponível também em forma de vídeos, galerias de fotos, áudios e outros recursos.
GoRead – Revistas Digitais conta quase cinco estrelas na App Store e é gratuito para download.
10- CHEERZ – Photo Printing
Já imaginou ter as suas fotos do Instagram e Facebook impressas? Com o aplicativo CHEERZ – Photo Printing, você cria álbums de memórias personalizadas em forma física, que são entregues no mundo todo.
O app conta com quatro estrelas de classificação na App Store e é gratuito para download.
Leia a matéria no Canaltech.
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barbudaonerd · 4 years
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estadoonline-blog · 6 years
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Na próxima sexta-feira (27), o planeta Terra vai passar pelo mais longo eclipse lunar do século. Será 1h42 de fase total – quando o satélite ficará inteiro “escurinho” – acompanhado de um fenômeno chamado “Lua de sangue”. Esse fenômeno, que dá à Lua um tom avermelhado, é provocado pelos mesmos fatores que fazem o céu ser azul.
No eclipse, Sol, Terra e Lua ficarão alinhados, e nosso planeta bloqueará a passagem dos raios solares até o satélite. A forma como as cores são “desviadas” ao passar pela atmosfera e a posição dos astros criarão o tom vermelho. Como é um eclipse lunar total.
Para entender a “Lua de sangue” é importante saber como os raios solares se comportam na atmosfera. A luz solar é a soma de todas as cores. Quando essa luz chega na camada de ar da Terra, cada cor se espalha de uma forma. Vale lembrar da sequência de cores do arco-íris:
violeta
anil
azul
verde
amarelo
laranja
vermelho
Nessa escala, quanto mais perto do violeta, mais se espalha na atmosfera. Quanto mais perto do vermelho, menos se espalha. “As cores da luz do Sol são afetadas de maneira diferente. A luz mais azul é muito mais afetada, mais espalhada à medida que vai passando”, explica Thiago Signorini Gonçalves, da Sociedade Astronômica Brasileira. Por isso, quando estamos na Terra e olhamos para cima o céu é azul. A cor azul se “espalhou” por toda a atmosfera. A percepção dos nossos olhos também influencia. Temos mais facilidade para perceber o azul e o verde. Por isso, o céu é azul para nós. Nesse caso, tem a ver com a nossa fisiologia também.
Nesta sexta-feira, durante o eclipse, a lua de sangue acontecerá assim:
A Terra vai bloquear os raios do Sol
Alguns deles passarão pela atmosfera
A cor azul se espalhará na camada de ar da Terra
E os raios vermelhos, que se espalham menos, passarão
A Lua refletirá então esses raios e ficará “de sangue”
Outro ponto de vista
E como seria para um astronauta ver a Terra na superfície Lua em dia de eclipse? Como seria um eclipse “terráqueo” total?
  A agência espacial americana (Nasa) já pensou nisso e divulgou uma ilustração. Ver a Terra da perspectiva da Lua em dia de eclipse é ver um grande anel vermelho onde tem a atmosfera:  Ilustração mostra como seria observar o eclipse da perspectiva da Lua.
O eclipse no Brasil
Na última sexta-feira (20), o G1 explicou que o eclipse lunar total vai ser o mais longo do século. O eclipse começa às 16h30, mas a Lua não terá nascido no Brasil ainda. A partir das 17h15 ela aparece no Recife, a capital brasileira com mais tempo para admirar a fase total, que termina às 18h13 minutos. A parcial, quando a Lua está só um pedaço coberta pela sombra, ocorre até 19h19 e poderá ser vista em todo o país.
Para observar, a melhor saída é ir para um lugar aberto e o mais perto da costa do Brasil possível. Vale checar o horário que nasce a Lua em cada região e ver qual será a janela de tempo para apreciar. Consigo ver na avenida Paulista? Difícil. O horizonte é tomado por prédios, muitas luzes. O ideal é ir para um campo aberto, onde geralmente é bom para observar as estrelas, segundo o Thiago Signorini Gonçalves, da Sociedade Astronômica Brasileira.
Horário do nascer da Lua no dia 27 de julho
CIDADE                HORÁRIO
JOÃO PESSOA   17H16
BELO HORIZONTE            17h34
BRASÍLIA             17h57
CURITIBA            17h47
FLORIANÓPOLIS              17h40
FORTALEZA        17h36
NATAL  17h19
PORTO ALEGRE                17h46
RECIFE  17h15
RIO DE JANEIRO               17h26
SALVADOR         17h22
SÃO PAULO       17h39
VITÓRIA              17h18
Um ponto positivo do eclipse da Lua é que, ao contrário da versão solar, não é necessário um óculos especial para admirar. Vale conseguir um binóculo ou uma luneta. O melhor é ir logo na hora que a Lua nascer na cidade, assim dá para aproveitar a versão de sangue.
Fonte: Globo.com
Lua de sangue é vermelha pela mesma razão que faz o céu ser azul; entenda Na próxima sexta-feira (27), o planeta Terra vai passar pelo mais longo eclipse lunar do século. Será 1h42 de fase total – quando o satélite ficará inteiro "escurinho" – acompanhado de um fenômeno chamado "Lua de sangue".
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skadynha · 7 years
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✦OOC:
Nome e Pronome de tratamento: Cora, ela/dela
Idade: 18+
Atividade: Costumo entrar mais à noite, mas, como todos sabem, final de ano é uma little bitch.
Contato: por esse tumblr aqui mesmo.
✦IC:
As estrelas estão felizes em presenciar Calidora Taurus durante a seleção. Ela tem 15 anos, e será uma espectadora sob nossa proteção. Pertence à constelação de Lynx Touro, muitos a chamam de La Petite Diable. Os astros concordam que ela é divertida e furtiva, porém nos seus piores dias pode ser um tanto impaciente e insolente. Há rumores de que se parece bastante com Mackenzie Foy. Infelizmente encontra-se indisponível.
Biografia (min 10-15 linhas): 
Do que são feitas as estrelas? Afora calor e materiais que mais tarde formariam planetas dos mais diversos, enviando vida a um em especial, poucos são os estudiosos que um dia já se debruçaram sobre questão tão existencial. Bastava para a maior parte delas o fato de serem adorados como deuses, de serem guardiões do que o Cosmos via como criaturas puras e que não deveriam, portanto, sofrer com as revelias interpostas por Caos. Não precisavam responder questões de teor filosófico, haja vista que já possuíam todas as respostas, e tampouco desejavam desafiar verdades tão dogmáticas quanto as que Cosmos punha à frente de seus olhos cansados de tanto brilhar em um Universo gélido e pretensioso. Como formigas, as estrelas trabalham incansavelmente em prol de um objetivo muito maior que elas, destinadas a serem sofregamente chacinadas tão logo não sejam mais capazes de expor o brilho pelo imenso vazio onde habitam, constelações à parte. Polaris sempre pareceu verdadeiramente inclinada a estudar as questões, debruçando boa parte de sua vida em perguntas que não seriam respondidas tão cedo, e que tampouco eram práticas. Era uma diplomata, ou ao menos deveria sê-lo, se fosse seguir as tradições familiares impostas por conta de sua constelação de origem —— áureos estavam destinados a trabalhar para as maiores, como belos animais de estimação que, tão logo não fossem mais úteis aos propósitos destas. Após cair à Terra, pouco antes da Idade Média ser proclamada, a enfatuação pelo planeta permitiu que permanecesse ali por algum tempo, brindando com homens das mais diversas culturas e aprendendo os costumes terrestres.
Apaixonou-se, obviamente, e ter de voltar lhe partiu o coração —— lembrava-se de como ela própria tivera que partir na calada da noite para não o acordar, homem brusco que era ——, de forma que nunca mais foi a mesma desde então. Algo na Terra sempre a fascinara, e provar o que perdiam parecia injusto aos seus olhos. Destroçada mentalmente, a estrela não poderia se esquecer dos momentos na atmosfera, tampouco de como cavalgara em animais que só faltavam brandir asas de tão rápidos. Foram momentos inesquecíveis, era verdade, mas os pais demandavam outros pensamentos por parte da estrela mais nova. Estava na hora de reproduzir a espécie, e seus sentimentos não poderiam ter sido mais desconsiderados quando deu de frente com o noivo com quem esperavam que se casasse. Uma piada. Não poderiam deixar que se casasse com um corpo celeste tão mal-apessoado quanto Orion, mas eram irredutíveis em suas ânsias. Polaris deveria desposá-lo, e então, o céu era menos do que o limite para o que planejavam. Acaso as constelações se unissem, áurea e médica em uma única, quais não seriam os benefícios para ambas? Médicos diplomados, de grande porte financeiro e necessários a todas as doze principais. Seria difícil não imaginar que desejavam galgar um espaço maior em um Universo tão pequeno e sufocante. Tal como Serpentário, o afã de ambas as constelações estava fadado ao fracasso, mas não parecia ser previsível, tampouco provável que fossem apostar todas as suas chances em algo que daria errado.
Orion e Polaris se casaram com toda a pompa que duas famílias reais poderiam ter provido aos novos futuros governantes de Lynx. O médico não podia ter ficado mais feliz ao vê-la ultrapassar o altar, ainda que estivesse de expressão fechada. Estava disposto a vencê-la pelo cansaço, era mais do que claro, contudo, eventualmente, suas esperanças se esvaíam enquanto a estrela mantinha-se irrequieta, de um lado para o outro, e, em outros períodos, mal conseguia olhar para o seu rosto, preferindo observar a Terra em sua posição preferida, sentada na janela da suíte principal. Se Orion não a conhecesse —— e ele realmente não a conhecia, era verdade ——, imaginaria os piores cenários possíveis, vez que a Minoris não parecia minimamente interessada em manter uma conversa civilizada consigo. A medida em que Polaris mantinha-se trancada em seu escritório, Orion parecia cada vez mais inclinado a arrombar a porta do recinto, incapaz de esperar mais um segundo sequer até que a mulher o aceitasse como seu marido, que se esquecesse de sandices passadas. Ele era carne e osso, uma vez confidenciara à esposa, não uma memória que estava fadada a desvanecer com o tempo. Ao mesmo tempo, os pais cresciam impacientes para com a demora de um herdeiro real, forte o suficiente para controlar ambas as constelações em uma guinada ao sucesso. A medida em que as décadas passavam, o pequeno palacete para onde se mudaram parecia um verdadeiro inferno, aquela que deveria cuidar da casa arrastava-se sobre seus pés, e Orion ignorava qualquer tentativa de racionalizar algo com a estrela.
Preocupado com seu trabalho —— era um príncipe, o futuro rei, mas ainda assim jamais se considerara um inútil, operações de extrema delicadeza se tornando cada vez mais a sua especialidade depois que se tornara uma estrela adulta e forte ——, deixou que a mulher lidasse com seus próprios demônios, mal sabendo que acabaria jogando-a no próprio precipício, anos depois. Intimamente, o príncipe só desejava um pouco de paz e compreensão, mas cada dia em que deveria voltar para casa após o trabalho exaustivo, encontrava-se verdadeiramente impaciente para fazê-lo, a vontade diminuindo a cada vez em que a encontrava aos prantos. Desocupada, a outrora ativa filósofa não conseguia deixar de olhar para as pinturas que encomendara das constelações líricas, um ínfimo lembrete do que vivera. Não desejava se esquecer, e tampouco iria, certa de que o labor como princesa não passava de um baluarte para algo com o qual não concordava. Se precisasse ser infeliz, e, por associação, tornar Orion infeliz para frustrar os planos dos pais, faria de bom grado. Os muitos rascunhos, repletos de teorias da conspiração e previsões imprecisas adornavam todo o seu escritório, um claro sinal do que estava por vir. Após olhar para o trabalho, Polaris chorou pela última vez, certa de que não havia verdadeiro escape do que o destino reservava a não só ela, não só a Orion, mas a todas as estrelas e mesmo terráqueos. O fim estava próximo, e dessa vez a Guerra dos Astros seria considerada uma briga entre crianças. Evidente que percebeu enquanto o marido mudava de adolescente em período de puberdade para um homem, mas se forçou a manter os olhos longe dele, talvez em respeito de seu há muito falecido amante terrestre, talvez por atitude puramente mimada.
Coletando os papeis com o máximo de rapidez possível, a intenção verdadeira era ir ao palácio onde os pais moravam, mostrar-lhes as implicações do que desejavam, mas encontra-lo prestes a bater em sua porta enevoou todos os seus pensamentos, ao menos momentaneamente. Ela nunca, em toda a sua vida, vira o príncipe tão cansado, e as mãos percorreram a extensão de suas bochechas até que parassem nos lábios finos, quase desenhados. Beijá-lo foi o primeiro de seus erros naquela noite, mas não seria o último. As bolsas repletas de papeis foram ao chão no mesmo momento em que o homem avançou pelo escritório, batendo a porta atrás de si em um rompante. Uma única noite foi suficiente para que o erro fosse tomado, e ela não queria acordar no dia seguinte, certa de que se arrependeria amargamente pelo resto de sua vida do que criaria com aquele simples ato.
Demorou pouco tempo para que Calidora nascesse —— o nome dado em homenagem à mãe de Orion, que deixara de brilhar alguns séculos atrás ——, e ao menos a estrela não teve de gestá-la, tal como mamíferos terrestres, ainda que talvez tivesse preferido a situação. Se acabasse com a própria vida, impediria que Dora sofresse com as consequências dos atos impensados de sua geração. Exultante, Orion recebeu a notícia com mais alegria do que parecia conter em seu peito, incapaz de formar palavras minimamente coerentes ante a ideia de ser pai, depois de tanto tempo. Permaneceriam os três, vivendo em relativa harmonia pelo bem da mais nova, mas fato era que Polaris a cada ano distanciava-se mais do convívio social. Mesmo seus rascunhos abandonara —— o problema não era mais o passado, mas sim o futuro ——, incapaz de olhar para eles agora em que pusera uma pobre alma no Cosmos. Ignorante às mudanças de humor da esposa, Orion se ocupava na maior parte do tempo com os afazeres da filha, preocupado ao máximo em mantê-la segura de qualquer trauma. Calidora não chegou a ousar manter-se por muito tempo perto de sua mãe, mesmo quando era uma estrela insignificante, mas o pai a mimava das formas mais imprevisíveis possíveis, de forma que pouco reparou quando a fatalidade se assomou sobre a família.
Deveria ter sido apenas mais um ano normal, não fariam nada até que Calidora fosse jovem o suficiente para conclamar o reinado de ambas as constelações, quando Caos invadiu o coração de Polaris. Os sinais estavam claros, mesmo antes do fato, mas foi só quando a mais velha tomou a própria filha e quase a matou que Orion percebeu que a esposa que tanto admirara por anos —— aquela em quem depositara toda a esperança e confiança que tinha dentre todos os corpos estelares —— estava perdida. Não, ela não poderia estar perdida. Incrédulo, o príncipe tomou a criança dos braços da mulher, a esse ponto histérica. Os olhos sempre gentis e vazios não passavam de globos negros no momento, como se estivesse com alguma doença. Por pouco, ele mesmo não foi sugado pelo início de buraco negro que fora produzido com o episódio, e então, no segundo seguinte, Polaris já não estava mais lá. A Estrela do Sul, aquela que guiava a todos os terrenos deixara de existir, sendo afastada de todas as constelações por razões de seguridade. Tornara-se uma vergonha para os pais, e um perigo ao marido, mas Orion não parecia inclinado a desistir da esposa. O vislumbre de uma relação minimamente saudável o mantinha coeso com o sonho impossível de que um dia ela voltaria a ser o que era quando a viu pela primeira vez.
Deixaram que Orion mantivesse a guarda de Calidora, mas não sabia por quanto tempo o fariam. O médico cresceu cada vez mais obcecado pela cultura à Caos, buscando respostas que pretendia encontrar. Lynx deixou de ser a constelação a qual chamava de lar poucos meses depois do episódio com a mulher, e ele fez questão de levar a filha consigo —— ninguém seria capaz de protegê-la da forma que ele o fazia, tampouco desejava que a pequena Lynx vivesse sob o estigma de uma mãe que se voltou ao lado negro tão logo a própria filha nasceu. Protetor por natureza, estava claro que sua vida agora se resumia aos rascunhos empoeirados da falecida esposa, bem como à criança que o acompanhava em escavações com o passar do tempo. Indeferiu o pedido à regência de Lynx assim que o pai morreu, incapaz de se ocupar de assuntos estatais, haja vista que ele próprio parecia uma ruína emocional, Orion fugiu como o covarde do qual Polaris sempre o acusara. Uma piada. 
Cada descoberta, cada escavação e intermédio de colegas da ex-mlher se tornaram valiosos, e Dora sempre pareceu solícita em ajudá-lo. Para ela, era como se Polaris nunca tivesse existido, e aquilo açoitava qualquer um dos sentimentos do então pesquisador. Ensinou-a sobre história, matemática, algoritmos e línguas no geral, e Dora poderia ser capaz de ler os hieroglifos encravados em pedras anciãs com mais propriedade que alguns historiadores estelares. A pena sempre pareceu mais forte do que a espada, e ele tentou passar os ensinamentos que aprendera com tanto custo quando menor para a filha, o único legado que deixaria se não conseguisse trazer Polaris de volta. Incansável, viajou por todas as constelações, e continuaria o fazendo, não fosse o incidente perto da constelação de Touro, quando Calidora não passava de meros cento e cinquenta anos estelares.
Estava perto, e sabia do feito —— mesmo a pequena alertava para novos horizontes, entretida pela ação que esperava ver ante as descobertas do pai. Os cálculos pareciam complementar os rascunhos de Polaris, mas não poderia levar Calidora consigo. Ao que tudo indicava, a tumba continha perigos que mesmo ele não estava pronto para enfrentar, que dirá uma criança como a mais nova. Dora, entretanto, tinha outras ideias do que fazer. Após a entrada do pai, ela poderia ter ficado quieta na entrada do túmulo, mas o moreno nunca a ensinara a ser paciente com coisas que estavam além de seu poder, portanto, acreditando ser capaz de enfrentar quaisquer diabretes que existissem ali dentro, a pequena prosseguiu em sua viagem. Enquanto Orion não encontrou nada em sua incursão, contudo, a mais nova achou a resposta para todas as perguntas que faziam há tanto tempo. Excitada pela descoberta, foi impulsiva, se pondo em posição de risco a ponto de quase chegar a óbito. As palavras que escutara em sua mente no mesmo momento em que Orion gritou, pedindo para que se afastasse, contudo, eram irreconhecíveis, mesmo para a jovem que poderia recitar poemas nos mais distintos dialetos. 
E então a escuridão consumiu sua mente, caindo em um abismo que ela própria tinha criado. Quando acordou, estava próxima a um vilarejo miserável na constelação de Touro, mas pouco se lembrava do motivo de ter parado ali. Sozinha, com frio e faminta, lembrava apenas do seu primeiro nome, e aquilo não parecia suficiente para a estrela. Dentre as ruas abarrotadas de comerciantes imundos e ignorantes, não tinha muito o que fazer senão mendigar por algum pedaço de pão dormido. Foram meses extensos, duros e que trouxeram a outrora bem alinhada Calidora uma expressão selvagem nos olhos. Capaz de furtar para manter-se viva, a estrela poderia muito bem ser confundida com mais uma das crianças de rua criadas à própria sorte do destino. Devia mais dinheiro do que poderia pagar às crianças mais velhas, e estava à beira da inanição, o corpo dolorido pelas pancadas seguidas de seus algozes, quando ela apareceu.
Ela a acolheu como nenhuma outra pessoa parecia inclinada a fazê-lo, dando comida e roupas limpas a uma criança que mais parecia desconfiada do que grata. Aquilo deveria ter algum motivo e, pessimista que era à hora, Dora não pensou que estivesse ali por livre e espontânea vontade. Sumia de repente, mas tão logo Calidora sentia a falta da mais velha, ela voltava, sempre com refeições fartas e cobertores quentinhos. Ela poderia se acostumar àquilo —— não se lembrava de alguém um dia ter sido tão bom consigo, ainda que a calidez que Asterope emanava fosse parecida em parte com a de seu falecido pai. Passou anos naquela rotina, era claro, e a cada dia ela só queria se enroscar mais e mais nos cobertores trazidos, escutando histórias de ninar da loira enquanto buscava dormir, mas estava claro que o ordinário não parecia se adequar a nenhuma das duas. Em um ano não muito especial, Maia trouxe uma outra pessoa para cuidar dela, e, de início, Calidora o rejeitou veemente, contudo, a convivência com Caspian a trouxe memórias boas do passado. Enquanto a loira não a deixava sofrer nenhum tipo de revelia, era ele quem a desafiava, ensinava-a os malandros das ruas, e foi com ele, também, com quem Dora descobriu certo apreço —— não mais necessidade —— pelos furtos ocasionais.
Death Star foi apenas o próximo passo, e ela percebeu que talvez não fosse feita para estar dentro de uma cabana no meio do nada o tempo todo. Equilibrando-se em cordas, aprendendo a dar os nós necessários e gritando ordens aos marujos —— que veemente ignoravam qualquer das ordenações que não viessem de Marfik em pessoa ——, a criança parecia estar aonde pertencia. Não nos desertos de Aries, ou nas tumbas que seu pai visitava em busca da verdade, tampouco em uma cabana qualquer. Ansiava por desordem e excitação, e era tudo o que tinha quando a bordo do Death Star. Aprendia rápido os manejos dos piratas, e cresceu verdadeiramente fiel às duas estrelas que a tomaram como protetoras, mas não podia dizer que realmente se encaixava no padrão revolucionário aonde ambos se encontravam. Enquanto Caspian e Maia saíam em incursões contra a tirania do governo, Calidora fazia o seu trabalho bem até demais, navegando pelas estrelas em aglomeração a medida em que surrupiava alguns xelins de seus bolsos. Furtiva e de pavio um tanto quanto curto, era mimada o suficiente para saber que não estava fazendo algo certo, ainda que concordasse em parte com as causas defendidas pelos Taurus. Meramente não entendia o motivo de todo aquele disparate.
Por séculos, permaneceram naquela rotina, e ela adoraria continuar com aquilo —— adorava aventuras, não saber se voltaria para casa viva ou morta parecia algum tipo de combustível para a pequena ——, mas em uma batida da guarda real, não só Maia, como também Caspian foram capturados. Por pouco Dora escapou. Talvez devesse agradecer ao Cosmos por concedê-la corpo diminuto o suficiente para que nenhum dos guardas notasse a Taurus armando uma emboscada, que evidentemente falhou. Os dias seguintes foram excessivamente preocupantes, vez que a estrela parecia absorta em pensamentos destrutivos enquanto encarava o palácio da constelação de Touro. Como ousavam destruir a sua família daquela forma? Recusava-se a ficar sozinha novamente e, ainda que os componentes de Death Star se assemelhassem àquilo, ela crescera verdadeiramente afeta aos dois que agora estavam presos no palácio. Julgando ser necessária a sua intervenção, haja vista que a relação entre a Asterope e o Marfik crescia verdadeiramente tóxica aos seus olhos, Caleano procurou pela pequena.
Esperava que ela pudesse reaver uma relação minimamente pacífica entre os dois, ao que tudo indicava, e Dora não poderia estar mais confusa no momento. Ela deveria ir para a Terra? Não acreditava que aquilo fosse possível, mas tampouco desejava ficar só na constelação, vez que não poderia dizer que angariara aliados dos mais potentes enquanto ajudando Caspian e Maia. Trataram de vesti-la como uma emissária, uma diplomata —— parecia uma Barbie, de tão entojada que aos seus olhos se encontrava  ——, a serviço de Aldebaran para que mediasse o campo entre os dois competidores da constelação. Mal sabia Caleano, tampouco Aldebaran, que Dora se divertia com as brigas dos dois —— nunca duravam muito, afinal.
Headcannons (min 3-5 linhas): 
Quando era uma pequena estrela, durante o episódio em que sua mãe se tornou um buraco negro, Polaris fez questão de marcar a filha —— àquela altura, parecia incapacitada de pensar racionalmente ——, arrancando um pedaço generoso de sua orelha esquerda. Não que Dora se lembre do fato, mas tenta esconder a memória de toda forma, utilizando-se de brincos grandes que possam ocultar a falta de carne na região em específico. Agraciada pelas sombras daquela que deveria amá-la incondicionalmente, vê os brincos como totens, protetores de uma vida que já não existia mais, desde que perdeu a memória. 
Antes mesmo de conhecer Caspian, a princesa de Touro trouxe outro homem à cabana, e Dora se afeiçoou à estrela quase imediatamente. Caleano poderia ser cego, contudo, demonstrava leveza na fala, a calidez a trazendo sensações boas, que só sentira quando perto do pai. De certa forma, a pequena Taurus se afeiçoou tanto ao príncipe que passava alguns minutos do dia pensando nele —— talvez tivesse sido o seu primeiro amor, de fato, mas não pensava muito na questão. Hoje, a morena se lembra de seus anseios infantis com algum tipo de vergonha, enrubescendo sempre que tocam no tópico “Caleano”, mas não é como se tivesse se esquecido da estrela.
Quando ainda sob a guarda de Orion, Dora poderia ser considerada um tipo de gênio da matemática e história, sendo ela própria a ajudante principal do príncipe em sua busca por respostas. Capaz de nível de abstração tão grande, pouco perdido com o apagar de suas memórias, ela poderia equiparar seus próprios pensamentos aos de Polaris, e o abraço mortal que Caos deu em si não a ajudou realmente, só a deixou cada vez mais exposta a um futuro que o deus primordial pretendia para ela. 
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mateusmoraissp-blog · 7 years
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olá terráqueos 💙 (em Belo Jardim, Pernambuco, Brazil)
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desdobrodobrado · 7 years
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um século XXI
“Atenção meus caros! Hoje é o dia do Juízo Final!” Instaura-se o terror sobrevalorizado nos seres humanos e animais; Muitos, em vão, escondem-se em caves, Outros, aproveitam o êxtase para matar, violar ou roubar. Entretanto, o Papa Xico come um belo porco enquanto responde à televisão: “Deus o fez por uma razão. Não se aflijam meus caros, a paz chegará.” Após tal afirmação, muitos se aliviam ao pensar em paz. Os descrentes, esses aceitam calmamente a notícia.
O dia torna-se escuro; Surge do Inferno Satanás e diz: “Terráqueos, quero ajudar-vos, eu consigo terminar esta fantochada.” Ora, tal como se esperava, os crentes assustados e repulsivos apedrejaram Satanás… até à morte. Apedrejaram-no os Ocidentais, que em muito condenavam tal ação. Aqui não existia tempo. Os mais sábios nada faziam, apreciavam a paisagem e, secretamente, repreendiam aqueles mais ingénuos. Como “oferta” do Inferno pela morte demente do seu rei, incêndios abalaram cidades.
Surge do Céu Deus e diz: “Terráqueos, vocês teem somente aquilo que merecem. Irei aniquilar de uma vez esta raça imunda.” Ora, tal como se esperava, os crentes suplicaram, rezaram e desculparam-se pela sua existência inútil… glorificaram-no. Os outros do Oriente que em muito ansiavam pelas virgens logo começaram a suicidar-se. Felizes… Aqui existia um tempo. Daí a sete horas, da mesma forma que Deus criou o Universo também o irá destruir; até lá, a população sofrerá. Como “oferta” dos crentes a Deus (pelo serviço prestado), ofereceram-lhe todos os carneiros do mundo.
Deus, na sua bola de cristal Ordenou o extermínio de todos os humanos existentes sem quaisquer exceções. Jesus encontrava-se preso, desde que morreu, nas celas do Céu… se ele soubesse o infortúnio do seu querido Planeta teria um ataque cardíaco. E assim se deu o fim. Sem surpresas, sem mais sofrimento, aquilo que foi a Terra simplesmente deixou de ser. Como se nunca tivesse existido. E Deus ria-se, E as virgens choravam E os anjos ecoavam.
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(uma cela no Céu) 
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