Tumgik
#porque se eu fingir que nada tá acontecendo eu nunca vou parar de sentir o que eu sinto
bat-the-misfit · 1 year
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eu nunca me esqueço daquela edição em que a Mônica tá pê da vida (não lembro com o que) e fica ainda mais brava ainda quando todo mundo fica falando pra ela se acalmar até o Do Contra aparecer e falar pra ela EXPRESSAR sua raiva
e aí quando ela simplesmente se deixa sentir raiva, ela se acalma e fica bem de novo
eu amo que pro DC, é importante ser quem você é, mas também é importante se permitir sentir o que você sente, sem fingir que tá tudo bem
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bts-scenarios-br · 3 years
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Reaction - Quando editam uma foto de vocês e colocam outra mulher no seu lugar.
(gên. Feminino)
SEOKJIN
Quando ele pegasse o celular dele em uma das pausas da empresa, a última coisa que ele imaginava se deparar seria a foto que tinha postado com você da viagem que fizeram juntos, mas sem você. Ele olhou para a imagem indignado, tentando entender o que levou alguém a simplesmente te cortar de lá e colocar uma atriz famosa no lugar. Ele sabe que existem pessoas que não apoiam vocês dois, e que até prefeririam que ele estivesse com outras pessoas, mas para ele, isso foi um limite ultrapassado. 
Ele iria fazer de tudo para que você não visse essa foto, garantindo que, quando estivessem juntos em casa, você não tivesse tempo de navegar muito pela Internet, por mais que tivesse que fazer as mais aleatórias coisas. Se já o magoava te ver sendo substituída, ele não conseguia imaginar como seria para você, por isso manter isso em segredo acabou sendo a melhor saída. Depois desse ocorrido, o Jin passaria umas boas semanas sem interagir muito, especialmente se a interação envolvesse você, e não demoraria muito para os fãs ligarem os pontos e perceberem a razão. Mas mesmo assim, nada disso chegou até você.
"Como assim eu tô estranho hoje?" Ele te olhou com a testa franzida, depois de te dizer para vocês jogarem um jogo juntos, de repente. "É estranho eu querer passar mais tempo com a minha namorada?" Você revirou os olhos, e ele se aproximou, deixando o rosto à centímetros do seu. "Só estou estou saudades, jagiya, só isso." Te deu um selinho, indo preparar o jogo.
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YOONGI
Quem encontrou a foto foi você, enquanto almoçava com o Yoongi em um das poucas pausas dele, se distrairam com o celular e não levou mais do que cinco minutos para você ver a imagem. Na verdade, você nem mesmo percebeu que tinha sido cortada. Mostrou a imagem para o seu namorado, dizendo que não sabia que ele era amigo daquela Idol que você tanto admira, e perguntando quando foi que se encontraram, mas se assustou ao ver a expressão confusa dele se transformar em uma extremamente magoada quase instantaneamente. 
O Yoongi estava realmente chateado com aquilo, e o pior, é que ele teria que colocar em palavras o que tinham feito para te explicar. Ele achou uma sacanagem, para dizer o mínimo, terem feito isso, e exatamente com alguém que você nunca escondeu ser fã. De todo mundo que poderiam ter colocado no seu lugar, colocaram bem alguém que admirava? Ele nem sabia ao certo com o que se sentir mais nervoso, na verdade, mas com certeza não estava feliz.
"Não sou amigo dela." Ele disse calmo, e você o olhou, confusa. "Essa foto era nossa, foi do aniversário do Hoseok… Eu acho que alguém te cortou e colocou ela no lugar." Sua expressão caiu instantaneamente, e ele sentiu o coração dele apertar. "Mas ignora isso, está bem? Nenhum de nós é responsável por isso, nem mesmo ela." Apontou para a Idol em questão, pegando na sua mão firme e te lançando um olhar carinhoso. "Fica tranquila, okay?"
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HOSEOK
Assim que o Namjoon perguntou para o Hobi quando ele tinha se encontrado com uma certa cantora, ele já soube que tinha algo de errado, mas nunca imaginou que fosse o que aconteceu. Alguém realmente cortou você de uma foto que tinha sido tirada quando estavam saindo de um restaurante, e colocou outra pessoa no lugar? Por que?? Ele realmente não conseguiu encontrar motivo algum, além de maldade pura, e isso com certeza o deixou abalado. 
Ele iria te abordar sobre o assunto quando te visse pessoalmente, mas seria com muita cautela. Por sorte (ou não), você já tinha visto a foto circulando, assim como alguns rumores aqui e ali, então o Hobi não teve que te mostrar nada. Mas de qualquer maneira, ficou claro para ele que você estava chateada com isso, e não era pouco. Você até tentou se manter neutra no começo, mas apenas pelos seus olhos o seu namorado já viu que estava chateada, e isso partiu o coração dele de um jeito inexplicável.
"Eu sinto muito que tenham feito isso, jagi." Ele diria, entrelaçando a mão na sua e te fazendo um leve carinho. "Mas sabe que foi por pura maldade, né?" Concordou de leve com a cabeça. "Tem gente que vai querer te atacar das mais variáveis formas." Te deu um beijo na cabeça, te puxando para um abraço. "Mas você é melhor que isso, vai ficar bem."
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NAMJOON
O Namjoon encontrou sozinho a imagem, enquanto passeavam pelo Twitter. No começo ele ficou um pouco confuso, tentando se lembrar de algum evento em que se sentou do lado daquela Idol, até perceber que isso nunca tinha acontecido, e que quem estava do lado dele originalmente era você. Ele iria falar com você sobre, claro, mas apenas quando estivessem sozinhos e em casa, querendo que tivessem privacidade, até porque não sabia qual a reação que você teria. 
Ele estava magoado, muito magoado. Por mais que ele não gostasse muito de te mostrar certos sentimentos ruins dele, ele não conseguiu segurar o nervosismo claro que passou. Você, por outro lado, não se abalou muito. Por mais triste que soe, já estava acostumada às pessoas tentando te tirar da vida do Nam, então não se abalava mais com esse tipo de coisa. Seu namorado não gostou muito do seu argumento, que apenas o deixou mais e mais indignado, mas ele acabou concordando em deixar isso para lá, esperando que as pessoas (e vocês) esquecessem do ocorrido em poucos dias. 
"Ainda acho que isso foi uma palhaçada." Te disse, suspirando. "Mas se você está bem, é isso que importa." Te olhou, te puxando para encostar no peito dele. "Mas sabe que se ficar incomodada ou chateada não é para esconder de mim, não é?" 
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JIMIN
No caso do Jimin quem encontrou a imagem foi você, mas isso não fez diferença alguma, pois ele estava bem do seu lado, e viu no mesmo instante. A foto em questão tinha sido tirada quando vocês chegaram de uma pequena viagem que tinham feito, quando estavam saindo do aeroporto. O detalhe é que você não estava mais na foto, mas sim uma modelo conhecida no país. 
Dizer que vocês ficaram pasmos é pegar leve. Vocês estavam indignados com aquilo, e até um pouco nervosos. O Jimin, especialmente. Ele queria saber quem tinha ousado fazer aquilo com vocês, sem razão alguma. Você iria apenas se conformar depois de alguns minutos, como sempre faz quando esse tipo de coisa acontece, o que deixaria o Jimin bem preocupado com você, se perguntando se estava mesmo bem, ou se estava apenas escondendo o que sentia. 
"Sabe que fingir que está tudo bem nunca é bom, jagiya, é você mesma que sempre me diz isso." Disse, te puxando para um abraço. "E eu sei que sempre fazem esse tipo de coisa, mas só porque é frequente não quer dizer que seja normal." Te olhou, com a preocupação estampada em seu rosto. "Eu vou dar um jeito de a empresa resolver isso, okay? Mas saiba que não vai ficar tudo bem pra pessoa, porque eu sei que não está tudo bem pra você."
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TAEHYUNG
O Tae não iria saber da existência da foto por um tempo, já que foi você quem a encontrou, mas decidiu a esconder por dias. Acontece que o seu namorado te conhece melhor do que você esperava, então não foi difícil para ele perceber que tinha algo de errado acontecendo, ele só não sabia ao certo o que era. Precisou de muita insistência da parte dele para que você o contasse, mas no final, acabou cedendo.
O Taehyung ficou muito nervoso com a notícia, pelo simples fato de ele não aguentar mais ver pessoas dizerem que ele deveria namorar essa ou aquela Idol no seu lugar. E como se os ataques verbais não tivessem sido suficientes até agora, decidem pegar uma foto de um momento importante para vocês (a foto que tiraram na festa de Natal da família dele), e te apagar dele, como se fosse apenas um enfeite ou acessório que pudesse ser trocado. É, o Tae definitivamente não iria ficar nem um pouco feliz com isso, e com certeza ficaria na defensiva com as fãs por um bom tempo, postando menos, interagindo menos, e até mesmo dando indiretas disfarçadas de piadas em Lives, mas não faria nada disso para as atacar, e sim para alertá-las de uma forma sutil que aquilo o incomodou, e muito. 
"Parar com o que?" Ele te perguntou, quando você o disse que não precisava mais fazer essas coisas. "Eu não estou fazendo nada demais, jagiya." Te puxou para um abraço. "Alguém precisa dar um alerta de que o que estão fazendo é errado, e eu acho que sou o único que vão ouvir sobre isso."
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JUNGKOOK
O Jungkook talvez fosse o membro mais afetado com isso, apesar de não demonstrar. Ele que iria encontrar a imagem, e até pensaria em esconder, mas como você estava do lado dele e percebeu a mudança de humor repentina, acabou indo ver o que era na mesma hora. Para ele já era ruim o suficiente apenas o fato de terem pego uma foto que ele mesmo postou de vocês dois (a primeira e única foto que ele postou de vocês dois, inclusive), e colocarem outra cantora no seu lugar, com comentários de que "seria melhor assim" ou "ela combina mais com o JK." Mas, com certeza, o que mais destruiu o seu namorado foi ver você ficar chateada e insegura, e esconder isso. 
O Jungkook faria de tudo nos próximos dias para que você o dissesse como realmente estava, e não apenas um "Tá tudo bem", e quando você finalmente admitisse que, na verdade, estava machucada, ele ficaria desolado. Ele te amava, e odiava saber que estava desse jeito, especialmente por conta de pessoas que dizem querer o melhor para ele. Por isso o Jungkook iria te proteger. Iria parar de postar sobre você, comentar sobre você, e até mesmo aparecer publicamente com você por meses, até que as pessoas percebessem o quão errado eram certos comportamentos, e ele sentisse que podia te trazer de volta para a mídia em segurança. 
"Não prefere comer no restaurante da empresa?" Te perguntou, quando sugeriu que saíssem para jantar. "Lá é mais calmo… e mais seguro também." 
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Oioi, como estão, está tudo bem? Espero que sim!
Bom, eu espero que tenham gostado, e me desculpe por qualquer erro! Até mais!!
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idontfeelanythingxd · 3 years
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mais um texto idiota sobre sofrer por amor
hoje vai ser o ultimo dia que eu tomo tres ansioliticos. eu nao posso deixar que isso saia do controle. eu vou contar pra minha psicologa. eu vou ser melhor amanha. eu vou conseguir. porque apenas o simples fato de sentir alguma coisa me deixa a beira da morte ou da depressao profunda? porque eu preciso ser sem sentimentos sempre? amor é uma droga, um vicio, uma dor gigante (que nem beber mercúrio). é como tomar um doce, é bom, mas nao é saudavel. eu não devo, mas eu quero (amar, e não tomar um doce. escrevendo isso apenas se eu for idiota o bastante pra te mostrar essa merda) porque preciso passar por isso sozinho? porque nao posso desabafar contigo hoje? será que consigo viver assim? será que toda essa dor vale a pena por migalhas de afeto? eu queria deixar essa pergunta em aberto, mas em qualquer momento da nossa relaçao diria que sim. é dificil dormir sozinho, principalmente depois de dormir no teu lado. lembrei do dia em que a gente acordou ansioso, em crise. puxei teu braço e ficamos abraçados. é engraçado, eu achei que ia odiar ser a conchinha menor. eu nao quero escrever um texto de amor, por mais que qualquer texto que escreva sobre você transpasse todos meus sentimentos idiotas. eu queria nao ser um grande emocionado, queria não pensar tanto sobre isso, tá me acabando, sugando, queimando por dentro. EU NAO SEI SE CONSIGO. eu nao sei o que você quer. eu odeio o seu silencio. eu nao sei o que voce quer. eu nao sei o que voce quer. talvez tenha uma ideia depois de tudo que andei pensando, tudo que você falou. EU NÃO QUERO PENSAR. eu quero viver. eu quero viver. eu não aguento mais pensar sobre nós, eu quero viver isso. eu quero te beijar até enjoar, eu não aguento mais falar que te amo com tanta culpa. eu quero te ver, mesmo que você me olhe com aquela cara de arrependimento que eu odeio tanto. eu odeio esse texto, essa musica que me lembra você, o fato de eu checar se você mandou alguma mensagem. torço sempre que essa seja alguma sem ter pensado semanas sobre o que mandar. um pensamento quente que só recebo estando contigo. o que tá acontecendo comigo? eu nao aguento mais nao estar no controle e sinto que voce sente a mesma coisa. eu quero viver agora como se eu morresse amanhã, mas infelizmente ou felizmente isso nao vai acontecer. eu odeio muito mais esse bloco de notas e acima de tudo me odeio. eu queria nao ser tao vuneravel sempre, nao ter ciumes, nao sentir SEMPRE TANTO. nao me apegar. isso é tao patético, eu olho pra tudo isso que escrevi e só consigo perceber o quanto eu sou patético por ter esperanças, sentimentos, por te fazer mal, por passar tanto tempo aqui escrevendo essa merda, por nao conseguir dormir, por ter uma crise diária sobre um relacionamento que tinha tudo pra ser saudavel. eu so quero nao pensar isso amanha ou sei lá abstrair o fato do peso que essa situaçao ocupa na minha vida mas estatisticamente isso é impossivel. eu só nao queria sofrer por antecedencia, não pensar. eu definitivamente já escrevi isso... eu só quero morrer sozinho, para que eu nunca faça mais mal a ninguém e a mim. EU NÃO FUI FEITO PARA AMAR. EU ODEIO ESSA MÚSICA. odeio a verdade crua como odeio a mentira torta. EU ODEIO FINGIR. EU TE AMO. eu nao sei se aguento te amar. eu odeio mentir, omitir isso, mas a ultima vez que te disse essa merda olhando no seu rosto consegui estragar tudo, da mesma forma quando disse por mensagem você apenas ignorou. esses detalhes me matam. tipo quando você comemorou a sua vacina no seu celular com seu ex-namorado quando eu só queria te dar um abraço. até dei, mas você tava muito ocupada pra sequer olhar nos meus olhos ou me abraçar de volta. eu nunca vou te contar isso, mas isso me matou por dentro naquele dia. da mesma forma quando disse que quando você tem algum problema podia contar com vários nomes que você citou. o meu não estava incluso, mesmo que morreria fácil por você sem ao menos pensar duas vezes. esse é um texto cruel, mas é assim que eu amo. não de uma maneira cruel, mas de uma maneira que te assusta. me assusta também, principalmente o fato de te assustar.23:31não estamos na mesma pagina e eu não sei se é porque você está fechada e eu estou aberto. creio que seja pelo simples fato de eu te amar demais, não é uma competiçao. é um fato. hoje você me perguntou se eu tava paquerando gabu. eu acho que você nao entendeu o quanto eu sou um imbecil e talvez tenha que te explicar de novo o quanto eu penso em você de forma exagerada, de uma forma que eu nao consigo nem elaborar com palavras. é o bastante pra me matar por dentro. TODO DIA EU ESPERO VOCÊ ACABAR COMIGO, não pelo fato de eu não querer mais ficar contigo (caso não tenha percebido em 50 paginas como eu sou idiota) e sim pelo simples fato de ao escrever esse texto percebo que nada disso é saudável, é como uma obsessao descontrolada. como você fosse uma pedra de crack e eu simplesmente nao conseguisse parar de fumar (desculpa a analogia). em minha defesa, eu gosto de escrever textos que tirem sentimentos ruins de mim de uma forma extremamente dramática e cruel, sugando de uma forma que acabe até o ultimo pingo de sentimento ruim que eu tenho dentro de mim. eu nao sei se esse sentimento ruim é culpa, amor ou ansiedade ou os três numa linda sopinha amarga. por mais que amenize esse fato, nao consigo fingir que pelo menos parte de mim pensa nisso em minhas crises, as quais prometi a mim mesmo não compartilhar contigo por hora, por mais que na hora você iria amar saber o que eu sinto e depois passar dias estranha comigo, fugindo de qualquer tipo de carinho e afeto, mesmo que online. sinto que estamos na estaca zero, quando eu estava louco pra te beijar e você estava louca pra não surtar. as vezes penso que é uma boa dinamica beijar depois surtar, que nem comer fruta e usar droga. hoje vou acabar por aqui, ansioso pelo dia de te beijar e olhar no teu olho por segundos, se tiver alguma sorte será sem culpa e você vai fazer aquela cara de besta pra mim que tanto odeia. se eu tiver sorte conseguimos sobreviver até que isso aconteça (no caso, voce nao acabar comigo até lá). fico mal por ter que voltar a cama hoje, sozinho e pensativo e não ficar escrevendo merda que eu queria te dizer mas não posso. isso é estranhamente reconfortante.
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goodbadmanners · 4 years
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Astrologia e coração
Alguns dias são mais fáceis que outros. Quem me conhece sabe, eu tenho necessidade de me expressar. Não consigo fingir, guardar pra mim, ficar calada. Ou até consigo, mas nas poucas vezes que aconteceu eu e outros vimos que o resultado não é bom. Aqui é um dos maiores canais de expressão pra mim. Descobri essa rede social aos 13 anos e desde então, nunca a deixei. Diferente de todas as outras, é uma rede social sincera, transparente, que não visa comparar ou ser melhor que ninguém em nada. Aqui somos todos humanos, nos identificamos, não queremos mostrar grandeza ou força e nos permitimos até mostrar fraquezas, é por isso que é a minha preferida. 
Nos dias fáceis alguns reblogs são suficientes pro meu desabafo. Nos mais difíceis, nem sempre. Aí a gente recorre a um filme pra chorar e botar pra fora, um amigo pra conversar pela milésima vez sobre um assunto que para todos aparentemente já está resolvido (mas pra mim nunca esteve nem perto disso), a uma cerveja ou festa pra se distrair, enfim.. Os métodos são vários. Mas as vezes nenhum sacia. O filme te faz pensar ainda mais na sua situação, a festa e a cerveja não preenchem o vazio que fica, os amigos não entendem exatamente o que você tá passando porque nunca passaram por isso e você já não quer incomodar com o mesmo assunto de sempre. 
Essa semana não tem sido uma das fáceis. Na verdade, já fazia tempo que eu não ficava tão emotiva assim. As vezes consigo ver alguma explicação para dias mais tristes e sensíveis, outras nem sempre. Dessa vez descobri que mercúrio ficou retrógrado domingo, o dia em que tudo começou. É daí que unimos a astrologia e o meu coração. 
Pra quem não sabe, Mercúrio é um planeta que envolve a comunicação, percepção, tecnologias e como reagimos as coisas. Influencia diretamente em como pensamos e nos comunicamos. Ele está retrógrado e em no signo de peixes. Dizem que mercúrio retrógrado é sempre uma chance de repensar e reavaliar questões na vida, momento de introspecção, de olhar pra dentro e tentar se entender. Dizem também que a comunicação fica mais difícil e que as tecnologias podem falhar. Por ele estar em peixes, signo místico, sensitivo e muito ligado as emoções, é um momento que nos leva a repensar o rumo das nossas vidas, nos fazendo relembrar que pra estarmos bem por fora, precisamos estar bem por dentro, nos obrigando a parar a correria e só observar. 
Desde que soube, tudo fez sentido. Quem me conhece sabe, sou naturalmente muito reflexiva, penso muito, questiono e gosto de tentar entender. Isso vem da minha personalidade, do meu signo, do meu interesse por espiritualidade e agora, com esse bônus astrológico acontecendo no céu tudo está ainda mais intenso. Nunca é confortável ter que lidar e refletir sobre nossas atitudes e escolhas, mas no fim sempre é válido, e agora não está sendo diferente. Eu já havia refletido sobre algumas coisas ao longo desse processo de autoconhecimento, terapia, fossa e tudo mais que contribui pros meus devaneios, mas hoje resolvi falar. Li um texto que falava da importância de dizer pros outros o que a gente sente por não saber o dia de amanhã e uma das conclusões que já havia chegado há um tempo é que eu me arrependi de não dizer mais tudo que eu amava e admirava em você. A gente se acostuma e para de ressaltar no outro o que amamos e o que ele tem de incrível. Então é, isso, aqui vão algumas conclusões que cheguei sobre o nosso fim, sobre nós, sobre você, sobre eu também, sobre tudo. 
Sobre mim: eu sempre reclamei de zona de conforto, te cobrei, mas hoje vejo, eu entrei nessa zona também. Passamos por muitas coisas que eu não superei de fato, aceitei coisas que não sabia lidar e nunca soube e isso nunca foi “resolvido e enterrado”, mexendo diretamente com minha auto estima, auto confiança e auto percepção. Então esse misto + a zona de conforto que somos empurrados pelo tempo me fez me olhar com outros olhos, não me desejar, não me sentir bem comigo mesma, não só fisicamente, mas como pessoa. Eu já não me arrumava, já não tinha empolgação, já não fazia questão de estar bonita. Sei lá, você me amava do jeito que eu era, e isso era lindo. Mas é importante se sentir linda pra si também, me validar e eu me deixei de lado. Agora vejo isso. Talvez você tivesse razão quando dizia que eu não te olhava mais com os mesmos olhos. Mas só queria que você tivesse certeza que nunca foi falta de amor ou interesse. Eu só entrei numa bolha, no automático e não soube sair. Infelizmente nós, humanos, temos a tendência a passar a não valorizar o que temos na mão, a achar a grama do vizinho sempre mais verde, e temos que estar de fora ou distante pra ver as coisas com outra ótima e dar o devido valor. Nem sempre eu me sentia valorizada também, mas isso não vem ao caso hoje, até porque minhas queixas você já sabe. Hoje eu tô falando de mim em relação a você. 
Sobre você: vou acabar falando um pouco de mim aqui também. Como já disse antes, a gente se acostuma e deixa de falar com a frequência que deve tudo que gosta e admira no outro. Na rotina tem momentos que a gente acaba mais por criticar que elogiar, e eu as vezes era dura com você. Na verdade, sou um pouco dura com quem amo. Não é com má intenção, desculpe. Devia ter dito mais tudo que gosto em você. Também tiveram coisas que só descobri depois que já não eramos mais um, e só a partir desse momento pude dar valor. Quando o fim aconteceu, comentei com alguns amigos que sendo nova como eu sou e depois de tanto tempo com alguém, só existem duas opções ao sair da nossa bolha e voltar a lidar com as pessoas: ou eu vou perceber que perdi tempo, que podia estar vivendo coisas melhores que eu não conhecia; ou eu vou me dar conta da sorte que eu tive e de como eu era feliz em ter um relacionamento com alguém tão legal. Por sorte (ou não, afinal seria mais fácil se eu achasse você um merda e que me livrei), posso dizer que fiquei com a segunda opção. Nosso fim e as experiências, as pessoas, a vida enfim me mostrou que eu dei sorte, que você era e é um cara legal, um amigo verdadeiro, sempre teve um companheirismo de dar inveja, sempre se preocupou em me satisfazer, enfim.. Antes de namorados, sempre fomos parceiros. Isso era e é o que eu mais amo na gente. Hoje sei que fui privilegiada por conviver tantos anos e crescer, formar minha personalidade e a pessoa que eu sou dividindo isso tudo com você. Você tem seus defeitos, eu tenho os meus. Mas eu sei quem você é mais do que ninguém, eu conheci o “você” que quase ninguém conhece, eu conheço seu coração e esse menino que mora aí, que no fundo é mole e adora um dengo. E eu sei que você sempre quer melhorar, isso já é muito. Sempre soube que a nossa sintonia não era algo comum e o que a gente tinha não se encontra em qualquer mesa de bar, mas agora posso falar com propriedade, com a visão que só quem está de fora vê. 
Sobre nós, eu não sei muito o que dizer até hoje. “Nós” é uma palavra que me trás muita felicidade e muita angústia ao mesmo tempo. Nós é algo que eu sempre quis, mas que aconteceu cedo demais. É algo que em outro tempo seria certeza. Queria que o nosso nós estivesse começando hoje, mas também não seríamos quem somos, e eu amo exatamente quem a gente é, individualmente e juntos. Hoje, posso dizer que estou bem falando de mim comigo mesma. Eu me deixei tão de lado, por tanto tempo, que me perdi de mim, da minha essência, da minha personalidade, da mulher que eu sou. Hoje, eu sigo em busca de me descobrir cada dia mais, mas estou conectada comigo. Já sei mais sobre o que quero, o que gosto, o que não gosto.. E o que não sei estou descobrindo. Fisicamente, me sinto melhor comigo mesma. Voltei a ver beleza onde não via, a admirar coisas que não admirava, a ver charme onde não existia mais pra mim. Sigo me sentindo uma menina que nunca vai se tornar uma mulherzona fatal adulta e séria mas que as vezes tem uma alma que parece ter uma vivência idosa. E tudo bem, vai ver eu sou isso mesmo. Minhas amizades, que eu sentia tão frágeis e me deixavam tão inseguras e faziam sentir sozinha eu consegui restabelecer e fico tão feliz com isso. Também continuo errando. Continuo com as grosserias muitas vezes “atoa”, continuo preguiçosa e acordando tarde e perdendo algumas manhãs de sol, continuo sem ter a autoconfiança na minha competência que você me convencia que eu tinha, continuo não sabendo a hora de parar com a bebida, mas tô trabalhando tudo isso. Continuo adorando comer, adorando praia e tomar sol, adorando petit gateau, adorando massa com queijo e filé e sushi e galinha. Continuo pensando em como a vida pode ser injusta e qual o sentido de tudo isso. Mas também continuo confiando que as coisas são como tem que ser (mentira, as vezes esqueço disso e me questiono e me desespero e acho que tudo tá perdido - essa semana tem acontecido muito). Mas depois paro, tento me lembrar que eu não tenho controle de nada e que tenho que confiar e acreditar que aconteceu o que foi melhor pra nós (e que eu tenho que voltar pra terapia). Me pergunto se você continua as mesmas coisas também. Se mudou muito também. O que tá fazendo agora. Se você tá sentindo minha falta ou aprendendo a me esquecer. Não consigo ouvir Jorja Smith e não lembrar de você. Amo e odeio isso. 
Coisas que eu precisava dizer e nunca disse. 
Com carinho, o amor de sempre e o peito aberto pra o que tiver de ser melhor pra nós dois, sempre. 
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Eu não sei se você sabe como é se sentir assim, eu não sei se você sente o mesmo que eu. Nos últimos meses eu acordei com uma tremenda angustia, na verdade tem meses que eu tenho me sentido assim… Vazia. E quando eu falo meses, eu conto desde março do ano passado. Como se faltasse uma parte muito grande de mim. Eu não sei se você se sente assim as vezes. Você foi o homem que eu considerei o amor da minha vida, foi pra você que eu corri nos meus momentos mais sombrios, foi pra você que eu corri quando eu não sabia lidar com alguma coisa, e durante muito tempo só você sabia lidar com os meus estresses, minhas tristezas. Você sabia lidar comigo de uma forma que nenhuma outra pessoa sabia. Eu cheguei a achar que eu sabia lidar com você, da mesma forma que você sempre lidou comigo. Você sempre esteve ali, sabe? E a principio eu também sempre estava ali, era como se fossemos unha e carne, sempre juntos, mesmo que distantes, qualquer coisa que nós fazíamos envolvia nós juntos, e quando não estávamos juntos pessoalmente, nós estávamos conectados de outras formas. Nós sempre completamos nossas frases, sempre pensamos muito igual. É difícil sabe? Tentar levar a vida sem você, é difícil ver você com outra pessoa e ter que te tratar como um desconhecido, fingir que você não existe, por ser dessa forma que você me trata. Você diz por ai que eu manipulei, que eu abusei. E eu sei o quão dificil deve ser pra você, assumir que quem fez essas coisas foi você, e não eu. Quem carregou mentiras, inventou que eu não existia mais, criou intrigas, não respeitou quando eu dizia não estar confortável com algo, era você. Não eu. E isso me dói. Dói demais você querer jogar essa culpa em cima de mim, e ainda falar que quer me evitar. Sendo que eu permaneço aqui, onde eu sempre estive, e da mesma forma que eu sempre estive. Eu odeio a forma como você me pinta mostruosamente pros outros, sendo que eu nada fiz. E eu realmente não fiz nada. Se fiz alguma coisa, foi por inseguranças e medo de perder você, por coisas que você gerou. E isso me deixa ainda mais destruída. Colocar pra fora... Também não é fácil; Eu sei, eu errei muito com você também. Eu não isento a minha culpa, eu também tive culpa na destruição de um amor tão bonito e puro quanto o nosso, ou pelo menos o meu por você. Mesmo que eu diga que não, e bata o pé pra isso, todas as provas e evidências estão contra nós, as minhas contra você, e as suas contra mim. Eu não tenho como provar o contrário, eu não tenho como dizer o contrário, sem poder provar isso. A última coisa que eu queria fazer na minha vida era de te magoar de tamanha grandeza, a ponto de você não querer nem ouvir meu nome. A última coisa que eu queria fazer na minha vida, era trair a sua confiança, que você tivesse de mim uma imagem monstruosa. De verdade, eu não sei lidar com isso, eu não sei lidar nenhum pouco com isso. Você tem noção de quantas vezes eu abri sua conversa o whats, ou quantas vezes eu digitei seu número pra te ligar nesse período? Foram inúmeras vezes, não caberia nos meus dedos quantas vezes foram. Eu tive que pedir pra apagarem qualquer resquício teu do meu telefone, porque eu provavelmente iria acabar te ligando, ou mandando mensagem numa das minhas madrugadas bebada. Porque é assim que eu tenho tentado lidar com tudo, descontando na bebida, e beijando inúmeras pessoas diferentes, transando com pessoas esquisitas, pra ver se eu consigo suprir a falta que você tem me feito. Você era meu refúgio, a única pessoa que eu confiei e me entreguei por completo, de verdade, a única pessoa que eu contei todos os meus segredos, a única pessoa que eu deixei entrar de verdade na minha vida. A gente sempre fez de tudo um pelo outro, é dificil de verdade aceitar que acabou, que nunca vai voltar. Sabe, minha vida tá de ponta cabeça, e as vezes tudo o que eu queria era um abraço teu, ouvindo você falar que tudo vai ficar bem, mesmo que não vá, mas mesmo assim eu iria saber que pelo menos você tava ali. Eu me sinto a pior namorada, a pior namorada que eu poderia ser pra qualquer pessoa. Eu acabei sendo sua inimiga, quando eu sempre quis ser só sua melhor amiga e seu amor. Sempre a melhor amiga e amor. Eu não sei se você vai chegar a ler esse texto inteiro, ou se você vai só olhar e não falar nada, mas esse silencio dói. Eu queria poder conversar com você sobre o que aconteceu. Eu tentei. Era muito dificil manter uma conversa com você, sabendo que você tá com a Angela. Entenda, eu sou apaixonada por você, não tem como manter uma amizade sem sofrer, assim como ficar longe também é extremamente sofrível. Eu não sei realmente como tudo chegou a esse ponto. Eu não sei como eu consegui chegar a esse ponto, como essas coisas se desenrolaram dessa forma. Se eu pudesse voltar no inicio do ano passado, eu mudaria tudo. De verdade. E quando eu digo tudo, é literalmente tudo. Desde janeiro, quando nós começamos a entrar em crise. Eu mudaria tudo se seu pudesse. Eu não sei se você tem acompanhado a minha vida, confesso que eu parei de acompanhar a sua, porque me feria. Ainda me fere absurdamente, ver que talvez você não precise de mim da mesma forma que eu preciso de você, ver que você consegue seguir tua vida tranquilamente com outra pessoa, e que você tá bem sem eu na tua vida. Mas eu queria compartilhar com você algumas coisas que aconteceram comigo. Bom, eu to semi internada num hospital psiquiatrico, eu vou alguns dias da semana e fico lá durante o dia. Tenho acesso a internet, computador e whatever. Minhas dosagens de medicamentos aumentaram de novo. O Ryan adoeceu, e a gente tá sem dinheiro pra pagar veterinário, pq o dinheiro que a gente tem a gente ta gastando com o meu pai. Que também adoeceu, e o plano não tá cobrindo a maioria dos exames. Ele vai fazer uma cirurgia semana que vem, cateterismo e angioplastia, chances de AVC 90%, a carótida dele está cheia de placas. Ele tá bem fraquinho. Ele tá com tanto medo a ponto de ter bebido uma garrafa de vodka hoje, fora as cervejas. Isso é bizarro. Eu tenho fumado narguile pra aliviar minha ansiedade, e pra controlar a minha vontade de falar com você, porque eu fico lesada quando eu fumo essa merda. Eu voltei a sair com frequencia, fiz novos amigos, mas meu nível alcoolico voltou a ser Opala/Maveco, e com isso voltaram as merdas. E quando eu falo merda, eu não to falando de qualquer merda, pra tentar te esquecer eu acabei parando na casa do Barney, mas não com ele, com um amigo dele. E foi o rolê mais aleatório e bizarro com torta de climão que eu já passei na vida. No fim o Barney percebeu que eu tava num nível de bad absurdo e comprou burguer king, e me entupiu de chocolate enquanto a gente jogava um jogo de luta. Foi BIZARRO ouvir do meu ex que tudo ia ficar bem sobre você, enquanto eu tava com o amigo dele. Sério, foi bizarro. Outra coisa que aconteceu comigo, foi beber absurdos, e eu parar num rolê com 2 caras e 1 guria, todos amigos novos, e eles queriam um bacanal, e ia rolar, eu liguei a minha playlist, tava tudo indo ok, até que começou a tocar Arctic Monkeys, e eu comecei a chorar descontroladamente, eu broxei todo mundo, e no fim a galera só tomou banho de hidromassagem e ficaram me ouvindo lamentar sobre você (de novo), eu liguei pro poli nesse dia, e ele conseguiu me fazer rir, mas se um dia tiver oportunidade, pergunte pra ele como tava meu estado, eu aposto que tava digno de uma pessoa muito destruída. Eu tô muito chateada que as minhas músicas favoritas de fuder eu vou ter que tirar da minha playlist por causa de você. E é bizarro, eu não senti conexão com ninguém, eu não senti aquela atração por ninguém, foram só coisas "ok" e isso realmente me faz pensar em como você consegue, e o quão vazio era o que você sentia por mim pra você ter seguido tão rápido, ter se apegado tão rápido. Isso machuca, machuca muito. Eu sinto sua falta, sabe? Tipo absurdamente. Eu já pensei em milhões de maneiras de te abordar, em milhões de maneiras de falar com você. Mas a última vez que tentei contato você foi tão frio, tão grosseiro, eu simplesmente não consigo mais me humilhar e ir de atrás de você. Tantas foram as formas que tentei te enviar mensagens, que eu cheguei a um popularismo ABSURDO no twitter por conta de tweets que eram pra você, ou sobre você, ou sobre o que eu sinto sobre você, e eu não sei se eu vou enviar esse texto pra você ou não. Eu não sei se eu vou continuar escrevendo coisas aqui ou não. Mas eu precisava falar que sinto sua falta de um tamanho absurdo, e acho que essa falta vai ficar pra sempre no meu peito. Eu não tenho nem coragem de te pedir desculpas, na verdade eu nem sei como fazer isso, porque eu não fiz nada de errado, Vinícius. E é isso que você não entende, os seus fatos são distorcidos. A única coisa que eu não queria era ser uma segunda opção, eu não queria ficar de escanteio, e eu não te manipulei nem abusei de você pra isso. Eu fui direta e pedi pra que você escolhesse ou eu ou ela, e você fez a tua escolha. Eu sei que você não quer papo comigo, eu sei, eu sei disso, e eu repito isso na minha cabeça toda vez que eu penso em falar com você. Eu te magoei, sei lá como. Infelizmente isso aconteceu. E infelizmente, por uma falta de diálogo, uma falta de entendimento de palavras, eu também acabo me sentindo traída, magoada. Da mesma forma que você. Todas as vezes que tem fofocas envolvendo a gente, você prefere acreditar nos outros do que acreditar em mim. E isso dói. E de novo isso tá acontecendo, e isso me machuca absurdamente. Fora todas essas coisas, todos os pedidos desajeitados de perdão, todas as atualizações de coisas que aconteceram na minha vida, mesmo com informações demais, eu só queria te falar de novo que eu sinto sua falta. E que eu acho realmente que esse é um buraco que eu não vou mais conseguir tampar no meu coração. Mas vale ressaltar que, de todos os homens que eu já tive na minha vida, você foi o melhor (esse é o momento onde o teu ego vai lá pra cima *boom*). Você sempre foi, e sempre vai ser o meu primeiro amor, o meu primeiro namorado. E sempre que você precisar eu vou estar aqui. Sempre. Isso é uma promessa que eu não vou quebrar jamais. Eu amo MUITO você, e provavelmente é um amor que eu vou sentir pra sempre, é um amor puro. Eu posso ser substituivel pra você, mas você é insubstituível pra mim. São 06:20 da manhã uma sexta feira, essas horas eu poderia estar na sua casa, ou você na minha, e provavelmente nós estaríamos acordando no meio da madrugada pra se provocar e se atacar, com a falta que eu to sentindo, talvez a gente nem tivesse dormido, talvez nem se atacado, só boas horas abraçados, trocando carinhos e conversando. Só pra ter a sua companhia. Poder falar merda, ouvir merda, rir, dançar uma música lenta no meio do quarto, chorar por um passado traumático, trocar confidências, ouvir uma música, comer uma gordice, jogar o jogo de perguntas, junto com você. Eu ando tão deprimida e sem vontade de fazer nada, queria ficar em casa, vendo filme da disney e comendo mc donalds e sorvete. Tem como voltar nos tempos que a gente fazia isso? Tem como voltar nos tempos que a gente ficava no hotel, pelados, largados, conversando coisas 100% aleatórias pra se conhecer, com aquele olhar apaixonado, e aquele sorriso idiota na cara? Naquela época era tudo tão fácil, a gente não brigava. Nada influenciava a gente a brigar, sempre unidos, sempre juntos. Sabe, eu me lembro de tantas coisas que a gente passou, que eu fico rindo sozinha, são tantas lembranças, e momentos que vão ficar guardados pra sempre na minha caixinha de memórias. Não sei se você lembra a primeira vez que eu fui na sua casa, você tava todo empolgado, e eu tava tremendo mais que hiena rindo de tão nervosa. Você realizando meu sonho de tomar starbucks, de conhecer a paulista, me levando no big kahuna, me fazendo conhecer minha melhor amiga depois de 13 anos de amizade virtual. Lembra aquela vez que você passou a madrugada conversando empolgado com meu pai e o Rodney? Aquela noite foi épica! Foi tão bom ver você entrosado na minha família. Quando a gente fazia contagem de quantos dias faltavam pra gente se ver, aquela ansiedade, o coração batendo mais forte. Quando eu insistia pra gente ficar dormindo juntinho e cancelar todo e qualquer rolê marcado. Quando esqueci minha bolsa na pizzaria com teus pais, QUE MICO, eu morri de vergonha. Quando nós fomos pra praia a primeira vez juntos. Aaah, foi tudo tão bom. É pedir de mais pra esses tempos voltarem? Quando não tinha ninguém que pudesse influenciar no nosso amor, quando era eu e você, você e eu. Quando não existia ninguém pra inventar coisas, falar coisas e criar picuinhas. Quando não tinha outro alguém entre a gente. Era tão bom. Eu não sei se eu cheguei a te contar o quão feliz eu fiquei quando você continuou me procurando depois da primeira vez que você veio pra curitiba. Eu já tava sentindo tanto a sua falta, não sei se você tem ideia do quanto. Eu ficava me perguntando se aquele contato iria se manter realmente, se aquilo tudo ia ser real... Eu só queria entender quando as pessoas começaram a interferir no que era só nosso? Quando a gente deixou se permitir isso? Quando a gente perdeu a confiança um pelo outro? Quando um quebrou a confiança um do outro? Quando isso aconteceu afinal de contas? Como a gente pode se deixar permitir que isso acontecesse? Eu jamais vou entender. Eu jamais vou entender como a gente pode deixar que o nosso amor acabasse desse jeito. Não sei se algum dia vamos voltar a ser alguma coisa, não sei se algum dia vai tudo voltar a ser como era antes, mas meu Deus, como eu queria que voltasse. Como eu queria que tudo fosse como antes. Como eu queria que nenhuma dessas confusões tivesse acontecido. Como eu queria estar com você indo pra qualquer lugar. Como eu queria ficar irritada por você estar estupidamente bonito e com meninas olhando pra você, ou você putissimo pq eu já tava de cara fechada e com dor no pé por usar salto. Quem sabe ir numa balada, dançar, virar um jager, quem sabe dois. Se esbarrar num canto escuro e fazer tudo aquilo que a gente já fez um dia. Tá tudo muito complicado. E pra melhorar tudo, eu achei uma foto hoje, sem querer, uma foto minha com você, nem lembrava de ter tirado aquela foto… Doeu tanto, eu chorei tanto. Eu parecia tão feliz na foto. Eu nunca imaginei que pudesse doer tanto sabe? Perder tantas pessoas que eu amo de uma única vez. Em um ano só. Eu tenho até medo de falar que 2019 não pode ser pior que 2018, pq ainda tem muita água pra rolar. Já foi tanta desgraça. Eu nunca imaginei que eu pudesse fazer tanta merda, e que tanta merda pudesse acontecer junto, eu to inteira rasgada por dentro, e tá realmente dificil de costurar tudo pra seguir em frente. Eu já pensei em desistir várias e inúmeras vezes. Eu tenho medo de quando eu não só pensar, e realmente fazer isso. A vontade de sumir só aumenta, é como se fosse desfazer um fardo pro mundo. Sumir, desaparecer, da vida de todos. Parece tão fácil, tão simples, mas ao mesmo tempo que eu penso isso, eu penso que deve ser muito dificil, muito complexo largar tudo. Eu realmente devo ser muito louca. Desculpe o desabafo, agora você deve tar pensando "lá vem a louca querer me manipular de novo", mas não é, é só realmente um vazio imenso que eu sinto dentro de mim. Minha vida do ano passado pra esse desmoronou de uma forma que eu não imaginei que fosse acontecer. Eu queria que fossem anos épicos e no fim eu só senti que me afundei cada vez mais. Eu não tô tendo forças pra tudo isso, eu acho. Constantemente tem vindo pensamentos suicidas na minha cabeça, acho que de tanto ter medo de morrer eu acho mais fácil acelerar o processo. Ai eu penso nas pessoas que eu amo, o que será que eles iriam sentir com tudo isso? É pesado pensar nisso, mas as vezes dá uma vontade forte de largar tudo e desistir. Parece mais fácil do que ter forças pra passar todas essas barreiras da vida. Eu queria mais é que acabasse logo. Eu realmente não tô sabendo lidar com tudo isso. Eu to assustada, eu to com medo. E eu não tenho com quem conversar sobre tudo isso. Ninguém que eu converse sobre isso chega aos pés do que era conversar com você. Deus… Como eu queria arranjar motivos pra rir, felicidade. Eu perdi a vontade de tudo sabe? Tento aparentar estar bem, mas a realidade é que eu não to nada bem. E que todos os meus erros esse ano só cagaram mais com a minha cabeça. Eu odeio essa sensação. Você sempre foi uma das poucas que entendiam minhas crises, mesmo que você não falasse nada, revirasse os olhos, ou fizesse uma piada. Isso realmente faz falta. E no meio dessas lembranças, e corre pra lá e corre pra cá, abri uma caixa que tava no fundo do meu guarda roupa, uma caixa que eu disse que te enviaria, que eu deveria ter enviado. E nela eu achei várias coisas, como ingressos de cinema, os presentes que você trouxe dos EUA, o perfume, bilhetinhos que eu escrevi pra você mas nunca entreguei, fotos nossas que foram reveladas. O presente que eu tava fazendo pra te dar de natal ano passado... Enfim, eu fiquei bem triste vendo essas coisas, mas ao mesmo tempo eu fiquei feliz. Sabe, eu comecei a pensar que se a gente não voltar a se falar, não voltarmos a ser amigos, ou qualquer coisa do tipo, não reatarmos pelo menos eu vou ter todas essas recordações, fotos, videos, marcações no facebook, pra me lembrarem o quanto eu tinha alguém incrível na minha vida, e o quanto eu fui estúpida o bastante pra perder essa pessoa, que é você. Mas também, vou sempre lembrar do quanto tudo isso foi importante pra mim, o quanto tudo isso me fez crescer, amadurecer, e melhorar. Com erros que a gente melhora né? Eu acredito que sim. Numa dessas lembranças eu achei uma carta que eu escrevi pra Carolline, minha ex melhor amiga que você nunca chegou a conhecer, foi uma das cartas que eu escrevi pedindo perdão. Ela foi escrita dia 25/12/2016 e nela tem o seguinte trecho "Eu te contei que conheci um cara super legal? Ele não é daqui, é de são paulo, mas a gente ta sabendo conviver com isso por enquanto, ele tem carro e vai começar a vir pra cá direto por causa de mim. Acho que você ia gostar dele, ele é bem nerdão, moreno, barbudinho, piloto." E eu realmente acho que ela iria gostar de você. Enfim. Vinícius, eu quero te desejar um feliz aniversário, eu quero que você seja estupidamente feliz na sua vida, e nos caminhos que você escolheu seguir, que todos os seus sonhos se realizem, que você continue sendo sempre essa pessoa maravilhosa que você sempre foi! Humilde, engraçado, amigo. Meio babaca e cuzão. Você merece tudo de bom e do melhor, pra vida toda. E todas as pessoas que tem você na vida, tem uma sorte incrivelmente enorme! Eu quero te desejar sempre um coração grande, um coração puro, que nenhuma idiota quebre ele, que nem eu fiz. Que nenhuma idiota te magoe, você não merece isso. Você merece alguém a tua altura, se não for pra te fazer feliz, te fazer sentir seguro, não te merece!! (E não a Angela não te merece, essa guria não é um palmo do que você merece, e acredite eu não sou a única pessoa que acha isso, e inclusive fiquei sabendo de coisas sobre como você tá se afastando de todo mundo, e se fechando pro mundo, e o quanto você não tá feliz. Cai fora dessa, Vinícius. Você merece gente melhor na tua vida.) . E fora todas essas coisas, sempre tudo de bom, saúde 100%, amor 100%, felicidade 100%, tudo tudo tudo tudo tudo tudo que essa vida possa proporcionar. Você merece isso e muito mais, você merece o mundo todo! Eu te desejo todas as coisas boas da vida. Até mesmo aquelas que eu não concorde, ou aquelas que eu não concordo mas faço a mesma coisa, até aquelas que você não concorda e faz mesmo assim. Você merece isso e muito mais. Curta muito seus 26 aninhos, pq vou te dizer, você tá chegando nos trintão, logo menos você tá velho e careca. Pelo menos foi assim com meu pai, espero que não seja com você. Muito box 54, muito big kahuna, muito pacaembu, shopping eldorado, Wendy's, Interlakes, e qualquer outro lugar que você goste de frequentar. Que seus rolês sejam cheios de sorrisos, risadas, alegrias, e recordações. Sem tristezas, fraquezas, choros. Eu te amo muito! E acho que vou te amar pra sempre (meu deus que coisa estupidamente gay, mas não é mentira), acho que você sempre vai ser o tipo de pessoa que eu vou gostar, e que eu vou querer ter por perto, mesmo que eu não tenha. A conexão que eu tenho com você, eu não tenho com ninguém, e você sabe disso. É como se nós realmente fossemos feitos um pro outro. É um amor que não cabe em mim. Enfim, acho que é isso. Espero que você não tenha preguiça de ler tudo isso, se acaso eu envie, ou que você não fique com vontade de jogar o pc na parede, ou o celular. Aliás, assistiu Ultimato? CARALHO EU CHOREI MUITO MULEQUE. Lançou Aladdin no cinema essa semana, e eu só consigo lembrar de quando lançou a bela e a fera, e de você. E eu espero de coração conseguir assistir o filme sem chorar por causa de você. Mas eu também espero que você não consiga ver nenhum filme da disney sem lembrar de mim, porque a disney é a coisa mais pura que existe na minha vida. (BTW eu ganhei um Pegasus LINDO da Luiza, ele tem um rabão enorme, chorei horrores) Feliz aniversário. Seja feliz, Eu amo você, sempre vou amar. - Luana
(obs: abra https://open.spotify.com/user/22frybmw3bg4brahqh2vyi4kq/playlist/2XpPI0AolPAXGD7OeJWU7l?si=8pSDpAtLR6OPE-iJ0Bi3tw )
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des-memoriar · 5 years
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Jogos, cansaço e fingimentos Ainda estava deitada na cama quando ele abriu a janela e tirou aquele cigarro que deixava um cheiro misto de ervas com tabaco na minha casa. Eu odiava o cheiro do cigarro, mas ao mesmo tempo, ele deixava um quê de familiaridade e aconchego que eu não saberia explicar... acho que era a sua presença que se mantinha, mesmo que eu sempre terminasse sozinha porque ele tinha que fazer não sei o que. Peguei-me observando o sol do fim de tarde refletindo na sua pele e pensando no quanto eu gostava de ver aquela cena. Com certeza estava fodida e não era da forma que mais me dava prazer. Me dar conta de que havia algo que estava mexendo comigo me dava um medo danado. - Eduardo, fuma pra fora da janela - ralhei como se fosse um dia normal, mas eu sabia que nada voltaria ser normal. Não quando eu me dava conta do quanto eu estava cansada. Cansada de jogar. Cansada de fingir desinteresse. Cansada de ficar esperando ele vir me procurar. Até quando eu aguentaria não sentir? Ele riu da minha irritação. Ele sabia o quanto eu odiava cigarro, mas ainda sim deixava ele fumar dentro de casa. - Tô soprando a fumaça para fora, chatinha. - terminou aquele cigarro e veio pra cama me abraçar, como se isso fosse resolver alguma coisa. - O que você tem hoje, Luísa? - ele me perguntou com aquele jeito de olhar que me desarmava. Eu não tinha certeza de que ele sabia o efeito que ele tinha sobre mim, mas sabendo ou não, ele me desarmava totalmente. - Nada, Du, tô de boa - respondi manhosa como só eu sabia ser. Eu só podia estar de TPM, não é possível. Por algum motivo desconhecido formou um bolo no meu peito e ele doía. Eu precisava parar com isso, imediatamente,  se não eu enlouqueceria, isso se eu já não estivesse louca. - Você não está de boa, Lu. Não adianta esconder, me fala o que tá acontecendo. - Você é um serzinho irritante, sabia? Eu tô exausta, só isso. A faculdade acabou comigo essa semana. Só quero que acabe - e ele me envolveu mais dentro do seu abraço e depositou um beijo nos meus cabelos, daquele jeito pseudorromântico dele. - Você pensa que me engana - respondeu rindo, mas me envolvendo dentro daquela conchinha que me faria dormir, com certeza - mas vou deixar você acreditar nessa farsa. Puxei o cobertor pra cima, porque não dá pra dormir descoberta e eu já estava sonolenta o suficiente para querer que o Eduardo só ficasse daquele jeito comigo porque seria um sono tranquilo. Já tinha um tempo que eu só dormia bem quando não dormia sozinha e eu não sabia explicar porque. Ele estava com o celular na mão e sorria ao ler alguma coisa. Aproveitou meu estado de torpor pra ir ao banheiro e voltou vestindo a sua camiseta. Veio depositar um beijo em minha testa. - Lu, preciso ir, ok? - Pode ir, vou dormir - respondi rabugenta - fecha a janela antes de ir, por favor - me encolhi mais no cobertor e virei as costas pra ele. - Vai me deixar ir assim, sem mais nem menos? - sussurrou em meu ouvido e veio beijar meu rosto e pescoço. A verdade é que eu nunca o deixaria ir sem fazer drama ou tentar prender ele comigo, mas na atual situação, era melhor deixá-lo ir e pensar com clareza. - Vou, Eduardo, quero dormir. - Você nunca quer dormir. Sempre tem uma desculpa e nunca me deixa ir sem aproveitar totalmente minha presença - ele continuou naquele tom de quem tem segunda intenções, mas eu realmente não estava pra brincadeiras. - Hoje eu quero. Às vezes isso acontece, sabia? - respondi ríspida, já estava de mau humor. Queria que ele fosse pra eu pensar em paz, mas se ele fosse, eu sabia que ia querer que ele voltasse, mas não daria o braço a torcer. Ele sentou na cama e me puxou pelo braço me colocando sentada de frente pra ele - Olha pra mim, Lu - levantou meu rosto suavemente me obrigando a olhar nos olhos dele - para de fingir que você não tá chateada com alguma coisa e de fingir que essa coisa não sou eu - ele sorriu. Por que diabos ele estava sorrindo quando claramente ele estava provocando uma tempestade? - Seus olhos nunca mentem, coração. Respirei fundo, porque acabaria soltando tudo de uma vez em cima dele. Por que eu já sou uma avalanche de emoções - eu não sei o que tá acontecendo - e era a mais pura verdade - só quero dormir pra ver se tudo entra nos eixos, Du. - Você tava bem quando eu cheguei aqui, o que mudou? - Eu não saberia dizer o que mudou, não sem quebrar aquele joguinho imbecil que a gente construiu desde o início. Ele podia vir atrás, ele podia querer as coisas e eu, como a alma generosa que sou, realizava seus desejos, mas a iniciativa não deveria ser minha. E porquê isso? Nem eu sei. - Eu tô cansada disso tudo - não adiantava tentar fugir, ele procuraria me encurralar de todas as formas possíveis. O bicho era insistente e eu sabia muito bem disso. - Tudo o que? - Ele estava realmente preocupado com o que eu tinha pra dizer, tinha até um vinco formado em sua testa. - Nós, Eduardo. Não aguento mais estarmos do jeito que estamos - confessei e foi como se eu tirasse um peso absurdo das minhas costas, mas sua feição mudou de perplexo para algo que eu não conseguia decifrar e eu conhecia todas as suas expressões. Quando me dei conta de como ele poderia ter entendido o que eu tava dizendo e era totalmente o contrário - Tô cansada de ficar de joguinhos com você, Du, cansada de bancar a difícil quando você é meu melhor amigo e me conhece com a palma da sua mão. Tô cansada de fazer esse "joguinho da conquista" no qual ganha quem tiver menos interesse. Eu não gosto disso, me sinto desonesta, sabe? E eu não aguento mais mentir pra mim mesma e dizer que isso não passa de um passatempo, porque pra mim, nós deixou de ser um passatempo e acho que faz tempo já, eu só não tinha me dado conta ainda. E seus olhos se iluminaram com o sorriso que surgiu em seu rosto. - Nós deixou de ser um passatempo pra mim, faz tempo, Lu. Só tava esperando que deixasse  de ser pra você também - e ele me beijou como havia beijado no início daquela tarde.
Eduardo e Luísa, a saga sem fim. Via des-memoriar (Michele Chung)
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atorredasgargulas · 7 years
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N/a: Só pra vocês ficarem mais tranquilas(os) e saberem que eu to escrevendo, vou compartilhar um pedacinho... "Olhos verdes intensos, cor de folha com brilho de água de sal. Mas não eram claros, eram de um tom quase escuro, forte e reluzente, lembravam até a maldição da morte ou a marca negra vista de tão perto. Lembravam a Sonserina, orvalho e absinto, ingenuidade e desafio, tudo que eu mais gostava e conhecia, aquele tom de verde esmeralda e audácia, sempre fora minha cor favorita. E seu cabelo era cobre na sombra, mas no sol brilhava de um vermelho vivo, a combinação de queimar os olhos como se fossem raios do sol, dançando como labaredas de fogo, intimidador, prepotentes, lembrando sangue, alertando e provocando nosso inconsciente e como a exuberante juba do leão da Grifinória, impossível de ignorar. Apesar de já estarmos treinando há algum tempo, eu não conseguia me acostumar com sua companhia. Sua presença todos os dias me perturbava de uma maneira que eu não entendia. Tantos anos estudando na mesma escola mesmo assim eu não previra o quanto era problemático a aproximação com ela. James não me preparara para aquilo. Eu sabia que ela podia ser irritante, mas ele não me alertara para o terrível efeito que tinha seu sorriso gentil. Agora ela estava ali, com suas encantadoras feições, tentadoramente vulnerável, sua pele, tensa e cansada, mais vermelha que o normal, seus fios ruivos pingando suor pela testa por cima de um destemido olhar esmeralda, perdendo o equilíbrio sobre meus braços quando eu lhe dera uma rasteira logo depois de me defender de seu ataque. Quase caíra de costas, mas eu a segurara pelo colarinho da camiseta e pelo braço que eu mantinha imobilizado. Ela estava ficando forte, quem diria... a tão delicada Lily Evans, que sempre parecia prestes a partir em dois com o vento, estava levando mesmo a sério aquela loucura, aquele destino injusto que Dumblodore jogara em suas mãos. Em nossas mãos. Pois eu também, por algum motivo, estava preso aquilo, primeiro a uma tarefa que eu mal entendia, ao favor de um amigo, agora preso aos meus próprios sentimentos, malditos sentimentos que eu jurara a mim mesmo que não deixaria crescer, agora me prendiam a ela como uma obrigação de protegê-la. Como se toda minha vida com uma família das Trevas me preparassem apenas para aquela missão. Ou talvez uma das charadas sem sentido do diretor da escola, confiando logo a mim aquela responsabilidade, sabendo que eu fora treinado pelos mesmos bruxos que costumavam caçar pessoas como ela. Era ironia ou castigo? Seus lábios pequenos e vermelho como os cabelos abriram um largo sorriso, confiante e confidente como seus dentes tão perfeitos, confortável demais para quem estava tão rendida, como se ela nem ao menos fosse capaz de imaginar o quanto eu podia ser perigoso, se ao menos estivesse ali numa missão para o Lord das Trevas. Aquele pensamento me torturava, saber o quanto ele iria querê-la. Ela era o alvo perfeito para a sede doentia de qualquer comensal, bela e vulnerável, tudo nela era tentador como um convite, sua inocência, sua bondade, sua personalidade teimosa... contemplar cada detalhe mentalmente era sempre um desconforto, pois eu tentava a todo custo manter minha indiferença, mostrar o quanto eu não me importava com ela apesar dos meus esforços e comprometimento. Mas mais eu tentava mais ficava evidente, pelo menos pra mim, o que já era insuportável, o quanto eu estava dependente dela, da segurança dela. A mera idéia dela estar em perigo me deixava louco, acordando meu instinto de comensal. Eu nunca sentira essa ânsia por justiça antes, nunca houvera nada de tanta importância pra mim antes.... Agora eu estava totalmente enfeitiçado, vulnerável pelo medo de perdê-la, mesmo sabendo que ela nunca seria minha. - Tá distraído, Malfoy? – ela debochara, tentando reverter sua vulnerabilidade com uma provocação sem sentido. Só então eu me tocará que realmente estava distraído, novamente confuso e perturbado com o poder de suas feições, que eu parecia notar pela primeira vez depois de cinco anos, tão perfeitamente delineadas. Era uma ruiva de tirar todo o fôlego só ao passar, tudo nela puxava com um magnetismo quase irresistível, mas fingia modéstia sempre mantendo os cabelos presos, como se soltos pudessem causar um incêndio, mas ela sabia, não tinha como fingir para mim que notava a menor linha de expressão do seu rosto. Eu podia ver com nervosismo contido, seus olhos brilhando de excitação, mas tentando esconder–se com outra intenção. Eu engolira em seco, tentando me controlar, pois até a forma que mentia me provocava. Eu podia sentir sua respiração tensa e sua pele ficar mais quente com meu toque, podia sentir sua palpitação e como ela queria fugir e querer mais daquilo ao mesmo tempo. Sabia que ela nunca tivera qualquer tipo de treinamento de luta, mas não era só isso... Algo estava acontecendo entre a gente, algo que não fazia parte dos planos. Uma conexão silenciosa, onde eu percebia seu corpo chamar e não conseguia me afastar... alegando que isso tudo era por ela...Para não admitir que eu também precisava daquela sensação, daquela aproximação, da energia que exalava em nossos corpos, arrepiava nossos poros sempre que estávamos juntos. Mas nunca poderia explorar aquilo, aquela sensação, o que é que fosse, não importa o quanto eu quisesse....Eu constatava novamente ao solta-la e dando as costas para apanhar a toalha e secar o rosto, enxugar minha cabeça do assédio mental, criando espaço seguro novamente entre a gente, pois mais percebia a integridade de sua natureza perfeita,frágil e inocente como de um cervo,mais era evidente que eu nunca a mereceria. Eu era um Malfoy. Meu nome carregava Trevas, o melhor que eu podia fazer por ela era ensinar o que eu sabia e sumir de sua vida. Sumir de sua vida.... Me afastar dela já era difícil, minha preocupação era constante e cada vez que eu deixava minha guarda baixa, era preciso restaura-la de forma fria, pois eu sabia que ela teria muito menos resistência que eu, talvez nenhuma, ela não fora treinada como eu, era ingênua, pura.... Ela cairia muito fácil de cabeça naquilo... O que é que fosse... Não porque ela fosse fácil, porque não era, eu sabia que ela era muito difícil, vira James e outros correrem atrás dela por anos. Mas porque aquela conexão era intensa demais... Sempre sentira Uma energia diferente vindo dela, algo na aura dela que não sentia nos outros, agora aquela aura era cada vez mais irresistível, me fazia sentir fisgada de algo que eu nunca sentira realmente, um medo covarde, de me aprofundar em que é que aquilo fosse, por mais tentador que fosse.... Medo pois aquilo seria o fim dela, e o fim dela seria o meu fim. - uuu tão sério hoje. O que foi? - Nada Evans. Apenas que você já devia ter progredido mais. – eu tentara parecer casual ainda de costas, sabendo que uma mera crítica já seria suficiente para distraí-la. Sua defesa começara imediatamente e eufórica, como de costume, irritantemente orgulhosa e Grifinória. - o que? Você está brincando! Eu progredi muito, ontem eu te derrubei três vezes! Hoje você só venceu por sorte, mas se você duvida vem cá ! - E sua magia elemental? Você não conseguiu dominar o fogo ainda. – eu a lembrara simplesmente acabando com seu entusiasmo infantil, ela finalmente abaixara a guarda parecendo pela primeira vez afetada. – Eu me pergunto como uma Grifinória cheia de fogo que nem você poder ter tanto problema assim para manuseá-lo. - O que quer dizer com isso? Cheia de fogo?- ela questionara como sempre levando pro lado pessoal. - fogo. Entusiasmo. Determinação. Coragem, impulsividade, talento, inspiração... fogo – eu respondia fazendo o cálculo na minha cabeça enquanto analisava a ruiva. - quer parar de me analisar? Talvez eu seja uma pessoa sem fogo... Dumblodore disse que eu posso ter desequilíbrio em alguns elementos. - é, claramente... – então uma outra idéia surgira, meio arriscada mas provavelmente teria efeito. - por que esta sorrindo macabro? - tem outras formas de provocar o fogo... Pela raiva ou... desejo. - que? Me deixe com raiva então, isso deve ser fácil para você. – ela dissera nervosamente com a cara mais vermelha que os cabelos e eu prendi o riso, obviamente a outra alternativa era muito mais fácil. - olha sua cara, parece que já está pegando fogo. O que foi, te deixei constrangida? - constrangida por que?! – ela gaguejava ficando cada vez mais vermelha o que quase me fizera rir. - parece ate que nunca... James nunca foi muito longe com você, não é? Eu achei... - quer parar ? Não vamos envolver minha...privacidade ou James.... OK? - Agora eu entendi seu problema, sua falta de fogo. Você é inibida, cheia de pudor, coitada... - o que?! Não é nada disso tá bom? – ela protestava alterando–se cada vez mais ao ver que eu tirara a camisa soada de forma ágil jogando no chão. – o que é agora ? Vai me seduzir com seu tanque soado? – eu rira. Realmente era muito fácil deixá-la nervosa, mas não o suficiente para pegar fogo já que ela ria com vergonha ao mesmo tempo conforme eu me aproximava com a agilidade ate prende-la contra árvore. – ahh... Acho que você está se aproveitando da situação. Ephram? - esta sentindo não está? O fogo... A energia entre a gente... É quase densa. – podia parecer uma cantada barata mas era apenas a realidade da forma mais simples de ser apresentada. – eu só acho que será uma perda.de tempo te irritar quando já existe essa energia, você só precisa perder o medo do seu próprio fogo, e aprender a canalizá-lo da forma que precisar. - e como eu faço isso mestre Yoda?- foi quando a resposta me parecera descarada demais para ser dita em voz alta e eu acabei rindo de lado. - Agora como posso responder sem parecer um aproveitador? - Apenas diga. - Cedendo? Ao seu próprio desejo? - Que desejo?! Tá louco!? - Shiu calma – eu rira tentando contela prendendo a ainda mais ao meu corpo. – é sério. Olha tudo bem. Não precisa se sentir Constrangida é normal se sentir atraída por mim... - Você é extremamente convencido! - E você extremamente orgulhosa. Orgulho é um bloqueio, não é disso que você precisa Evans. Considere como um... experimento. – eu podia ver que ela estava surpresa, não esperava por aquilo e eu também não achei que cederia a tentação mesmo que a desculpa fosse verdadeiramente genuína. Então eu beijara seu rosto com delicadeza e ela tremera com o toque ou temor, não sei dizer quanto ela estava confiando em mim, eu mesmo temia por ir muito longe. Enquanto enumerava os riscos novamente eu beijara-lhe o outro lado da face, num ritual quase fraterno totalmente inconsciente do qual eu nunca repetira antes, beijara-lhe a testa com cautela, sentia sua energia esquentar-se a cada gesto e eu me esforçava o máximo para manter a o foco. - eu sei que você consegue sentir, porque eu também sinto. – eu acariciara sua mão direita com um toque leve e percebia que estava certo sobre tudo, o problema eram as consequências possíveis. Então sem pensar novamente eu beijara sua boca, o toque com seus lábios me fizeram esquecer toda complexidade que nos envolvia, a guerra para qual nos preparávamos, todos os valores e regras que dominavam minha vida. Tudo que era tão importante evaporava ao beija la, como consumidos pelo fogo tanto tempo contido. Quando finalmente eu conseguiria reunir consciência para interromper sutilmente aquela dose de perigo, ainda relutante ao notar seu desequilíbrio. - olha. – eu dissera baixo mostrando Sua mão agora segurando acima de sua palma com energia, uma mini bola de fogo deformada, porem algumas folhas da árvore atrás dela estavam pegando fogo. Seu olhar agora brilhava entre o constrangimento e a realização. – viu? Estou sempre certo. Seu belo sorriso e olhos esmeraldas, fora a ultima imagem antes de Ephram Malfoy acordar sobressaltado e soando frio no maior quarto da Mansão de Alexandre Braxas Malfoy. Sentira seu peito doer com as palpitações fortes. Fazia muito tempo que não sonhava com ela, e aquilo era mais que um sonho, era uma lembrança real e bem dolorosa. Ephram encarava a escuridão com raiva como se o passado voltasse para assombra – lo. “Não poderia ser ela... Não poderia” Apaixonada Pela Serpente 4 – Diário de Sangue Capítulo 5 – O Baile dos Trouxas " O capítulo estará no ar logo logo
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biasmut · 7 years
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Park Jimin Sinopse: Quando você descobre que seu colega de apartamento leva uma vida dupla, as coisas fogem completamente do seu controle. Gênero: Romance/Smut. [Parte: 1 l 2 l 3 l 4 l 5 l 6 ] Contagem de palavras: 2,561. Avisos: +16.
Só percebo que estou encarando Jimin a mais tempo do que poderia ser considerado normal quando ele limpa a garganta e o som arranhado me faz voltar para realidade. Engulo a seco e tento manter meus olhos na altura de seu rosto, mas falho miseravelmente. Meu olhar percorre todo seu corpo, se demorando em sua calça de moletom cinza, velha e desbotada, que deixa todo o restante de seu corpo exposto. O elástico desgastado faz com que o moletom repouse abaixo dos ossos de seu quadril, e me obrigo a erguer o olhar antes que meu coração se perca ainda mais em seu próprio ritmo. A toalha branca que ele antes segurava na altura de sua cabeça, para secar os fios molhados de seu cabelo, agora está jogada sobre um de seus ombros. Algumas gotas de água ainda escorrem por sua pele, deslizando por seu abdômen definido e desaparecendo no cós de sua calça, e minha vontade é de secar elas usando minha língua, e isso é tão, tão errado.
Cogito a ideia e voltar para dentro do quarto e continuar trancada ali pelo resto do mês, porque esse é o único jeito de ficar segura. Tudo que envolve Jimin indica perigo, e qualquer chance de contato com ele parece impossível de ser feita sem que todo meu corpo resolva trabalhar por conta própria, contra mim, e me deixando inquieta. Mas é evidente que perdi todo o controle sobre minhas pernas, e não consigo me mover, e a atmosfera que se forma em torno de nós parece me engolir por inteira, tomando conta de mim. Sua presença me sufoca e deixa minha boca seca, e cada vez mais a ideia de que Jimin é o único capaz de matar minha sede se parece verdadeira.
Sem dizer nada, o vejo soltar um suspiro longo e arrastado antes de se virar em direção a seu quarto e começar a caminhar devagar pelo corredor, e sinto uma onda de desespero percorrer meu corpo. Não quero que ele se afaste. Não quero passar nem mesmo mais um segundo com toda essa situação estranha atrapalhando minhas noites de sono e minha sanidade. Quero gritar e implorar para que voltemos ao normal, mas também quero cair de joelhos aos seus pés e pedir, por favor, pra que ele me foda de uma vez e acabe com o meu tormento. 
Precisamos colocar um ponto final nisso, e precisamos fazer isso hoje.
Chamo por seu nome e não consigo nem mesmo me importar com o tanto de desespero que deixo transparecer em meu timbre trêmulo. Jimin hesita, mas finalmente assisto em silêncio enquanto ele para e olhar para trás, com o maxilar pressionado e tenso. Sua expressão vazia me faz cravar as unhas nas palmas de minhas mãos suadas. 
— Você precisa de algo? — Ele pergunta, e por um segundo tenho certeza de que a única resposta que posso dar é me jogar em seus braços e deixar claro que preciso dele. Mas minha covardia parece centenas de vezes maior que minha coragem, e continuo em meu lugar.
— A gente precisa conversar — Digo depois de algum tempo, e o vejo assentir… É agora. Tenho certeza de que é agora que vamos finalmente conversar sobre tudo que aconteceu, e vou conseguir me livrar de tudo que mantive engasgado durante semanas. Quero agradecer por isso estar acontecendo, mas a voz de Jimin interrompe meu fluxo de pensamento, e suas palavras me atingem em cheio, provocando uma dor excruciante em meu peito. 
— Eu vou me mudar.
Eu vou me mudar.
Eu vou me mudar.
Eu vou me mudar.
As palavras continuam ecoando dentro de minha cabeça e não fazem sentido algum. O som é apenas uma misturas de notas sem começo, meio e fim. Como assim ele vai se mudar? Não, ele não pode se mudar. Nós vivemos juntos já fazem quatro meses, e nunca nada deu errado. Ok, talvez algo tenha dado errado durante aquela maldita noite, mas isso não quer dizer que ele tenha que se mudar… Que droga, como ele pode pensar em fazer isso?! Isso não faz parte do plano! 
Por algum motivo, a ideia do apartamento vazio faz com que um aperto intenso e doloroso se espalhe por meu peito e preciso me apoiar contra o batente da porta para tentar me manter estável. Quero me enganar e fingir que está tudo bem, mas a verdade é que tudo parece estar desmoronando sobre mim. É culpa minha ter descoberto algo que não era para eu saber, então sou eu quem deveria procurar um lugar novo pra morar, não é? Fui eu quem estraguei tudo deixando meu desejo ridículo por Jimin tornar as coisas entre nós estranhas e desconfortáveis. Eu deveria ter ido embora no segundo em que o reconheci em cima daquele palco. 
Eu deveria ter feito tantas coisas. 
Ainda estou imersa em meus próprios pensamentos quando vejo Jimin baixar o olhar, parecendo derrotado, e voltar a caminhar pelo corredor. Me deixando para trás. Não demora para que ele desapareça para dentro de seu quarto, fechando a porta atrás de si e me deixando sozinha. O universo parece estar rindo de minha cara, me fazendo perceber que demorei demais para fazer algo, e que agora talvez seja tarde demais. 
O caminho mais fácil seria voltar para dentro do meu quarto e me esconder embaixo das cobertas de novo, até que a situação se resolva sozinha. Porque é nisso que sou boa, e é com isso que estou acostumada… Fugir de tudo se tornou a resposta para todos os problemas em minha vida, e por um segundo tenho certeza de que essa é a única saída possível. Mas a ideia de ver Jimin ir embora, sem tentar impedi-lo, parece esmagar todos meus medos e, sem perceber, estou avançando em direção a seu quarto e abrindo a porta sem bater.
Não temos toda essa intimidade.
Eu nunca entrei no quarto dele.
Não assim.
E, mesmo com isso em mente, não consigo me importar. Meus pés me guiam para dentro e bato a porta atrás de mim, me encostando contra a madeira escura e vendo o olhar surpreso de Jimin pairar sobre o meu. Não demora para que eu perceba a mala aberta ao lado da cama, com algumas roupas jogadas dentro dela. Sem saber o que estou fazendo, caminho até a mala e começo a pegar suas camisas, caminhando até seu armário aberto e jogando-as lá dentro. 
A verdade é que me sinto ridícula, mas a ideia de continuar parada e em silêncio parece assustadora demais. Volto para perto da mala e tento pegar o restante de suas roupas, mas os braços de Jimin se fecham em torno de minha cintura e e ele me puxa para longe da mala, de maneira brusca, fazendo com que eu perca meu equilíbrio e seja obrigada a me segurar em seus braços.
O contato entre nossos corpos, depois de semanas, é o suficiente para que eu sinta o ar sendo roubado de meus pulmões, e o desejo que sinto por ele começa a borbulhar em minhas veias, contaminando minha corrente sanguínea e meus pensamentos.
— O que você tá fazendo? — Ele pergunta sério, suas palavras escapando por seus dentes cerrados. Sua boca parece tão próxima da minha, e a imagem é tão dolorosa que preciso manter meus olhos na altura de seu pescoço. Seus dedos apertam minha cintura com força, e tenho certeza de que ele vai acabar deixando marcas em minha pele.
— Você não precisa se mudar, Jimin… — Limpo a garganta, me obrigando a pronunciar as palavras seguintes com clareza — A culpa não é sua, é toda minha… — Digo depressa, incapaz de erguer o olhar para fitar seus olhos — Fui eu quem estraguei tudo! Eu disse que a gente devia voltar ao normal e continuei te ignorando e deixando as coisas ficarem estranhas entre nós…
Quero falar muito mais, mas a sensação de que vou acabar estragando ainda mais as coisas me invade e resolvo me calar. Tenho certeza de que ouço um riso baixo e triste escapar pelos lábios de Jimin e ergo o olhar para fitar seu rosto, mas ele continua sério. A expressão que encontro é indecifrável, mas tenho certeza de que nunca o vi tão abatido antes. Uma de suas mãos se afasta de minha cintura e vai parar em meu braço, e posso sentir seu polegar acariciar minha pele, me provocando um arrepio.
— Você acha mesmo que a culpa é sua? — Sua voz é baixa e calma, mas o olhar em seu rosto é completamente diferente. Nada em seu corpo exala calma ou tranquilidade. A verdade é que parecemos duas bombas relógio, tentando descobrir quem aguentará mais tempo antes de explodir e estragar tudo que está ao redor. Volto a me concentrar em suas palavras e afirmo que sim, balançando a cabeça, e ele finalmente afasta suas mãos de mim, dando alguns passos em cego para trás e se sentando na beirada de sua cama de solteiro, coberta por uma dezena de roupas. A falta de contato me machuca e preciso controlar a vontade de caminhar até ele. Antes de voltar a falar, ele desliza os dedos pelos fios molhados de cabelo e suspira novamente — A culpa não é sua… Eu não devia ter escondido nada de você, e não devia ter feito você passar por aquilo… Você tem todos os motivos do mundo pra não querer olhar mais na minha cara, e eu entendo isso.
Se ele soubesse que minha vontade é de poder olhar em sua cara vinte e quatro horas por dias…
Suas palavras firmes e seguras parecem ter sido ensaiadas, e apesar de toda certeza por trás delas, a expressão em seu rosto parece dizer outra coisa. A intensidade de seu olhar sobre o meu me faz duvidar de que ele realmente entende algo, porque eu mesma me sinto sinto incapaz de entender tudo o que aquele encontro provocou. Por mais que eu procure, não consigo encontrar as palavras que possam explicar como a sensação de tê-lo tão perto, de modo tão íntimo, fez com que todo meu mundo virasse de cabeça para baixo. Mas ele parece tão arrasado, e tento pensar em alguma forma de tornar as coisas mais leves.
— Você só fez o seu trabalho… — Falo novamente, porque, na verdade, não tenho ideia do que dizer para tornar as coisas mais fáceis. Jimin me encara seriamente e inclina o pescoço levemente para o lado, parecendo me analisar mais profundamente.
— Você acredita mesmo nisso? — Sinto um rastro de fogo se alastrar por meu corpo novamente, e tenho certeza de que esse não é o rumo que nossa conversa deveria tomar — Você acha mesmo que ficar duro daquele jeito, e gozar gemendo seu nome, faz parte do meu trabalho?
Suas palavras me pegam de surpresa, me atingindo em cheio, e sinto todo meu sangue ir parar minhas bochechas, me fazendo corar. Minhas pernas parecem se transformar em geleia e dou um passo curto para trás, agradecendo por logo encontrar a porta e poder me apoiar contra algo. Ele inclina o tronco para frente e apoia os antebraços nas coxas, ainda me fitando, como se eu fosse alguma espécie de ímã o atraindo.  O brilho feroz por trás de suas íris me faz prender a respiração de modo involuntário.
— Você sabe como eu me senti sujo quando você foi embora? Como eu precisei foder a primeira garota que encontrei pra tentar me livrar da vontade doentia de voltar pra casa e fazer isso com você? — As palavras continuam a escapar por sua boca e, pela primeira vez, ele parece ter deixado parte de seu controle de lado — Você acha mesmo que faz parte do meu trabalho ter que me tocar toda noite, desejando que fosse a sua boca no lugar da minha mão? — Um grunhido abafado escapa de sua garganta ao final da frase, e o som envia um rastro de calor diretamente para o meio de minhas pernas, me fazendo reprimir um choramingo.
O pensamento de Jimin se masturbando, a menos de dez passos de meu quarto, enquanto pensa em mim, me enfraquece por completo. A recordação do som de gemidos no meio da noite surge em minha mente e a certeza de que eu não estava enlouquecendo faz meu estômago se agitar. Tenho certeza de que a única coisa que me impede de avançar em sua direção e cair de joelhos em sua frente, para transformar seu desejo em realidade, é o choque que sinto e que me mantém paralisada. 
Porra…
Quero implorar para que ele não fale mais nada, mas a minha racionalidade, já não tão racional assim, se parece com uma brisa leve de fim de tarde se comparada ao meu desejo, que me atinge com a fúria de uma tempestade.
— Se você soubesse como eu precisava… Como eu preciso — Ele se corrige, baixando o olhar para as próprias mãos por um momento — Me trancar toda noite pra não acabar fazendo uma loucura — Ele acrescenta, em tom de confissão. Sua voz parece conter um misto de vergonha e desespero, mas o desejo é tão, tão evidente.
Meus pensamentos são uma desordem total, e não consigo focar em nada que não sejam as confissões que Jimin deixa escapar em um tom de voz rouco e arrastado. Fico indecisa entre acabar com a distância que separa nossos corpos ou dizer que entendo tudo que ele está dizendo, porque me sinto da mesma forma. Mas a surpresa que sinto ao ouvir cada palavra sua me mantém imóvel, e meu silêncio parece um incentivo para que Jimin continue falando.
— Meu trabalho era te levar até aquela sala e te dar uma dança privada… Você sabe que não foi isso que eu fiz… — Ele parece frustrado consigo mesmo, e o vejo esconder o rosto atrás das mãos. Não preciso prestar muita atenção para perceber que sua calça de moletom parece ter se tornado mais apertada.
— Isso não significa que você precisa se mudar — Finalmente consigo dizer e Jimin volta a me encarar, com o rosto tão tenso quanto antes. Suas mãos se fecham em torno do tecido de sua calça cinzenta e ele endireita sua postura na cama, e por um segundo penso que ele vai se levantar e avançar em minha direção, mas ele permanece sentado.
— Você não consegue entender? Eu não posso ficar perto de você, noona… — De novo, uma corrente de lembranças invade minha mente sem permissão e tenho certeza de que o mesmo acontece com Jimin, a julgar pelo modo como ele prende o lábio inferior entre os dentes, mordiscando-o com força. Quando volta a falar, suas palavras saem atropeladas — Se eu continuar aqui mais um dia, sem poder te tocar, eu acho que vou enlouquecer…
A frustração em sua voz é evidente e chega a ser doentio o quanto suas palavras conseguem expressar tudo que sinto. Já fazem semanas desde que estivemos tão perto, e não faço ideia de que como aguentei me manter longe dele por tanto tempo. Cada pedaço de meu corpo parece gritar implorando pelo toque quente de Jimin e estou cansada demais para pensar em tudo que pode dar errado se eu deixar o pouco que me resta de sanidade de lado, e dar ouvidos ao que sinto. Engulo a seco pelo que parece ser a centésima vez desde que entrei em seu quarto, e finalmente consigo reencontrar minha voz.
— E quem disse que você não pode?
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angelswayoflife · 4 years
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por favor, pare de dizer que sou corajosa
Eu te entendo, juro. Tu me fala da minha coragem e da minha força de pegar um avião. Eu sei, não é pra todo mundo, tu diz. Talvez não seja mesmo, eu não sei. Mas para de me dizer, por favor. Parem.
Eu não quero ter coragem. Eu não seria assim, se pudesse. Eu fico olhando essas pessoas que são completamente felizes juntas, acomodadas nas suas bolhas (de sabão), vivendo essas vidas de trabalho, casa, casamento, filhos, às vezes eu invejo essa coragem. Eu queria saber ser assim, eu juro.
Eu queria saber como é morar em um lugar e nunca mais querer sair. Estar em uma relação sem nunca pensar no “e se?”. Como é a vida sem o “e se?”, alguém sabe? Pode me explicar? Como é a vida satisfeit@ com todos os dias ir pro mesmo emprego, viver na mesma cidade, ter a mesma pessoa do lado, criar uma criança sem pensar em fazer as malas? Eu não sei como é essa vida. Eu não sei ser assim. A vida de vocês que é corajosa, fazendo acontecer com amor a cada dia, sem jamais querer pegar um avião.
Avião. Acho que se tem um amor que sempre me dá vontade de encontrar, que jamais me faz pensar duas vezes antes de dizer sim é um avião. Avião é a minha droga, é a minha cocaína, fico ligada cada vez que compro uma passagem, eu preciso disso pra viver. E a cada dose, parece que a coisa toda meio que piora, porque a cada viagem, meu coração se quebra por dentro e deixa uma parte de si onde quer que eu vá. Eu prometo que volto sempre, mas eu sei que a gente acaba nunca voltando mesmo, mesmo que volte. Porque os lugares nunca são iguais, as circunstâncias mudam, as pessoas também. Lugares são pessoas pra mim? Eu não sei.
Eu tenho um sonho lindo, nesse meu coração de menina que nunca cresce, mesmo que a vida dê um milhão de voltas, de casar com alguém que também seja viciado em avião. A pessoa do vamo? Sim. Mil vezes a pessoa do sim.
A pessoa que vai se jogar comigo e com quem talvez eu tenha um filho num avião.
Alguém que tenha uma bússola no lugar de um coração.
Eu falo tudo isso, porque hoje, aleatoriamente, eu despertei de um sono tranquilo e me vi acordando toda machucada. A sensação de acordar um dia num cárcere privado e descobrir que vem apanhando há uma caralhada de tempo sem nem perceber (quanto tempo faz que eu me debato nessas grades? - nem eu sei). Eu sabia que tava doendo, mas não sabia o quanto. Desconhecia completamente a profundidade dos meus hematomas, a minha dificuldade de reconhecer que síndrome de Estocolmo nunca foi amor. É difícil se olhar e ficar se achando vítima. Se alguém ficou, fui eu. E esse papo de procurar culpados e de dizer que não é amor ou que é amor doente ou que é o que for, aah, sabe? Cansa.
E aí eu olhei meus machucados todos e pensei comigo: tá doendo muito. E, pela primeira vez, a vontade de fazer parar de doer foi mais forte que a vontade de ficar. A vontade essa de não se mexer, porque se mexer significa parar de fingir que sou normal, como as pessoas que lêem jornal e levam os filhos na escolha e vivem casamentos falidos, mas que são funcionais. Deosdocéu, que preço que eu paguei pra ser “funcional”. Eu só queria funcionar na vida. Três anos e meio ouvindo um monte de desfuncionalidades e tentando me encaixar. Faz quase quatro anos que eu desconheço aquele riso solto. Na verdade, ainda hoje é difícil me olhar no espelho.
Vocês ficam me chamando de corajosa, mas eu sei que sou só uma boa farsante. Corajosa é quem segue o coração, quem vai atrás do que quer. Eu sou uma dessas mulheres que vocês escutam falar e que dizem não conseguir entender como aguentam e como se submetem. Dessas mulheres que ouvem que estão gordas, que sabem que estão sendo traídas e que se encolhem e aceitam migalhas de amor.
Corajosa? Não, mentirosa.
Dessas mulheres que abortam porque o namorado não quer o filho. E que repetem o erro. Que aceitam tanta coisa, tanta violência, que são violentas também, que ficam em ciclos tóxicos, em relacionamentos tóxicos, que submetem a serem menos do que são, que querem brilhar menos pro parceiro ficar sozinho no holofote e pedem desculpa por serem como são.
E que, mesmo depois de tanta humilhação, sempre pensam na possibilidade de voltar. Porque precisam agradar alguém que nem sabem que é, que diz que eles precisam dessa vida de playmobil. Essa vida doente, que adoece.
Então parem de me chamar de corajosa.
Quem tem coragem, age com coração e sai fora.
Até agora eu só fui covarde e tive medo do meu coração.
E fui responsável por tudo isso que deixei acontecer. Que ninguém faça ninguém de demônios ou vítimas nessa equação. Só estou falando de tudo porque meu coração já tá tão lotado dessas obscenidades que eu só quero limpeza, espaço, vazio.
E foi o que eu falei hoje de tarde. I want out. Algo como eu quero estar fora. Quero uma saída.
E eu não quero só saída da relação não. Eu quero saída de toda essa vida. De tudo o que isso significa. Eu quero ir embora. E, pela primeira vez, ir embora é diferente de querer voltar pra casa (morrer). É querer ir pra vida.
Em três meses, parece que passei por um resgate da Swat. Três meses que parecem três anos. Na verdade, esses três meses começaram em dezembro de 2019. As pessoas reclamam sem cessar do covid, de 2020, mas vocês não sabem o quanto eu precisava parar. Eu ia me matar.
Eu
Ia
Me
Matar.
Corona foi a minha coroa. A minha chance de voltar a ser rainha. Corona me trouxe de volta pra casa, pra vida, pro mundo. Eu não sei como é a vida de vocês. Eu não sei como está a vida de vocês.
A quarentena me trouxe de volta pra uma vida em que eu sou um ser humano. Eu tenho valor. Eu até consigo me olhar no espelho de novo.
Não sei qual o nome que tem quando você volta a respirar depois de quase morrer. Ironicamente, no meio da “pandemia” em que as pessoas param de respirar, eu reaprendi a viver. A respirar. A vida tem dessas coisas, né? Nunca vou entender direito como isso funciona.
E agora a vida me pede pra ser corajosa, pra confiar - e eu sei que posso confiar e eu sei que confio - e nada disso parece mudar o que já temos por aqui. Mas hoje eu acordei de um sono muito profundo. Como disse antes, finalmente todos os machucados puderam ser vistos e sentidos. De repente, parece que começo a respirar.
Talvez todos esses problemas sejam bobagem - e são mesmo, quando colocamos em perspectiva. Eu só posso falar da experiência que eu tenho, que eu vivo, que habita em mim. Às vezes, o fato de existirem problemas maiores no mundo faz a gente se sentir com uma mordaça, impedido de desabafar o que sente onde quer que seja.
Eu não sei qual o nome que tem quando a gente se esvazia tanto, emocionalmente falando. Parece que hoje, simplesmente desaguei como um grande rio, sem começo ou fim. Parece que tudo de dentro de mim foi fluindo pelo olhos e desafogando meu peito de tudo que eu estava guardando durante tanto tempo - e eu nem sei precisar quando foi que comecei a guardar. Eu nem sem o porquê eu guardei - por que a gente guarda as coisas que não usa mais no peito ao invés de colocar a energia para circular? Eu também não sei.
Não sei também o porquê de tudo isso desaguar hoje e não ontem ou anteontem ou mês passado. Parece que tem ciclos e ondas que fogem completamente da nossa capacidade de prever o futuro.
Particularmente, me encontrei entendendo meus movimentos que começaram em fevereiro e só agora se completaram. E de repente começo a acordar, como um elefante que descobre que está amarrado só por uma cordinha a uma cadeira de plástico. Ninguém mais está te segurando, querida, o que você vai fazer com essa informação? E, de repente, todos os futuros possíveis parecem se misturar e se colorir e parece que nada mais faz sentido mesmo.
Eu não sei qual o nome que tem quando tu tens tanto e nada ao mesmo tempo.
De repente, parece que está se construindo alguma coisa muito maior do que eu, que nem tenho consciência mais do que está acontecendo - e eu nem quero controlar mais nada, nem ninguém, nem ser controlada.
E, ao mesmo tempo, bate um medinho de ser enganada de novo por mim mesma, de de novo colocar todas as energias e forças em entrar em movimento e ser novamente decepcionada. Por outro lado, sabe o que parece? Que nem é mais escolha com esforço, sabe? Da mesma forma que, quando vi, estava dizendo as palavras guardadas de “I want out” sem nem refletir, sem nem pensar, sem nem duvidar. Os dedos escreveram, enquanto minha mente assistia a tudo, apatetada. Como se de repente minha alma tomasse controle. Como se uma parte muito maior em mim passasse a dirigir o volante.
A minha mente não deu um pio, exceto para dar uns poucos suspiros de medo.
E, de repente, ficou tudo tão misturado no meu peito, tão cheio de coisas distintas e juntas, misturadas, incomodando, que pareceu que é impossível voltar para a vida antiga. Ou melhor, até se pode, mas não tem nem mais como pagar o preço.
De repente, não tem mais nada acontecendo, nem mesmo a vida antiga.
De repente, o precipício se torna a única escolha. De repente, eu sei que vou voar. A única espera agora é o quando, mas a certeza é do voo, seja ele como for. Quando for. Da maneira como for. Porque os machucados saram. Do chão ninguém passa - e a vida é queda livre mesmo.
Nada como a importância de não fugir dos processos.
Admito, tem um pouco de coragem nesse movimento. Tem um pouco do coração, da alma, da vida, da inquietude guidando meus passos.
Tem dias em que estar vivo já não é mais nem uma escolha. E acho que é esse movimento que tem guiado meus passos, minha vida, meus dias. O movimento de não-ação. Como se pudesse ficar sempre esperando o momento em que a vida vem e me empurra três passos pra frente sem que eu tenha nem mesmo tempo de tropeçar. A vida é louca. E maravilhosa.
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lsdi4monds · 4 years
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Esse não vai ter a ver com você, vou contar sobre mim, o que eu aprendi pra viver.
Era uma criança que sempre foi disputada, a primeira filha do meu pai, primeira neta dos meus avós e a caçula da minha mãe, isso já deve saber.. Meus avós queriam me adotar, eles repetiram isso por longos anos da minha vida. O plano sempre foi esse pra que eu crescesse com os valores e moral deles e não fosse igual a minha mãe. Então eu cresci... Aos 10 eu já estava tão ligada a minha família que não reconhecia os abusos, as palavras baixas, a humilhação, pra mim tudo era sinônimo de amor, foi o que eu aprendi com eles. Fui morar em Mogi. Saí de uma escola pública com os amigos que tinha desde o pré pra uma escola particular onde eu não conhecia ninguém e lembro até hoje a sensação de pisar no guarani pela primeira vez.. Eu tinha feito a mesma merda que fiz com a minha franja na quarentena, a ansiedade era tanta que eu cortei ela no meio da testa. Cheguei. Aquela criatura magra que só tinha os pés gigantes e um cabelo que parecia um bicho. Todo mundo olhava pra mim, o resto da escola era só gente arrumada, perfumada, maquiada e eu não podia fazer nada. Descobri sobre minha madrinha ser narcisista agora, com quase 21 anos... Mas se não sabe como é, eu te conto.
Eu era muito esquisita, sempre fui. Ao mesmo tempo que eu era inocente daquele mundo, tinha uma malícia que ninguém ali tinha. Mas desde o princípio eu sabia que ia sofrer muito naquela escola e eu me lembro de todos os momentos ruins.
Voltando pra minha criação. Aos 10 anos a gente já tem uma parte da nossa personalidade formada, já passamos pelas fases psicossexuais de Freud, então até ali está tudo enraizado na gente. Mas foi ali onde tudo começou.
Ela controlava a minha vida, não tinha ninguém pra ver, chegou a me agredir, mas as palavras doíam sempre muito mais. Era humilhação quase todos os dias. Ela voltava da escola estressada e olhar pra mim parecia ser um desgosto. Minha madrinha e minha mãe nunca se gostaram, são o oposto totalmente. Uma conseguiu tudo com a ajuda dos pais e se vangloria por isso enquanto a outro sempre teve apenas a si mesma e o julgamento do mundo. Por incrível que pareça eu aprendi a amar as duas e tive que aprender a respeitar também.
As pessoas me chamam de inteligente, percebem que tenho capacidade, ficar sentada na mesa estudando era o que eu tinha que fazer. Quando ela chegava eu tinha que explicar o que eu tava fazendo, mostrar o que li e se não respondesse certo as perguntas não tava bom, nada tá bom pra um narcisista porque na cabeça deles apenas o que eles fazem e são que é o correto. Mas eu não sabia disso e daí nasceu meu sentimento de querer agradar a todos...
Eu chorava em cima dos livros. Ela me dizia que eu não ia ser nada, que parecia com a minha mãe e que acabaria na mesma. Eu não entendia o que tinha de ruim se eu realmente tivesse esse futuro, mas ela enfiava na minha cabeça um ideal de vida que todos a minha volta queriam ter. E eu nunca quis. Ouvia amigos me dizendo que sorte né, que sorte você ter uma parte da família com dinheiro, que sorte eu tinha de morar com ela e ganhar roupas novas... Que sorte eu tinha de começar a me cortar aos 10 anos de idade por estar desenvolvendo um transtorno de personalidade fudido. Borderline. A maioria só desenvolve quando é adulto, na fase que não sabemos o que queremos, mas comigo começou tão cedo... Eu lembro muito bem o quanto era pavoroso. Nunca estava bom e eu me trancava no banheiro pensando que eu estava possuída por algo ruim. Eu cortava e pedia perdão por ser daquele jeito. Eu deveria ser como ela, não é? Eu deveria querer trabalhar nova, ir pra São Paulo pra ter uma vida boa com móveis planejados. Ninguém nunca soube o que eu passei nas mãos dela. Eu sumi mais de uma vez, todas as vezes sem chão, com medo, muito medo.
Mas voltamos... Porque com todas as críticas e controle eu ainda aceitava? Porque desde muito novinha ela me dizia que queria ter um filho, eu sonhava junto com ela antes de conhecer que ela era de verdade. E então na mesma época que me mudei, o anjo da minha vida chegou! Camila. Não sabe o quanto dilacera minha alma ter que me afastar até dela porque não tenho mais coragem de enfrentar a minha madrinha. Talvez ela esteja passando pelo mesmo enquanto eu não faço nada... Mas vai ser diferente porque a Camila é biológica e eu apenas fui chamada lá pra que conseguissem mudar a minha cabeça para o plano de sempre que era me adotar.
Eu nunca fui em nenhum aniversário de amigos do Guarani, nunca tava com eles nos roles, nunca tinha assunto com ninguém porque eu não participava de nada. Sempre fui a excluída além de ser bolsista porque eu simplesmente não podia fazer nada. Então aceitei que o ambiente escolar pra mim era pra estudar e eu não deveria me apegar aquilo. Não tinha nada de bom na minha vida e nem na minha rotina. Meus momentos de paz era assistir MTV na minha TV de tubo no meu quarto que, pasmem, também não tinha porta pra que ela pudesse controlar ainda mais a minha vida.
Você não me conhecia, mas aos 12 eu cortei o cabelo curtinho. Tá aí a prova das personalidades. Eu sempre fui duas pessoas, uma em Poá e outra em Mogi. Sempre escondi tudo com máscaras e personalidades e hoje eu tenho tantas, mas tantas que tá sendo um processo quase impossível me conhecer além delas. Tô tentando juntar uma a uma e ver quem sou de verdade, quem eu quero ser em essência.
As mudanças no cabelo começaram aí e posso dizer que foram mais um motivo pra tirarem a minha paz. Ficaram por um ano sem me dar presentes porque achavam que eu era sapatão aos DOZE anos. Eu não tinha nem beijado ainda mas era humilhação o dia todo por um simples corte de cabelo. Mas nesse caos todo, mudar era o que fazia eu me sentir "livre". Eu aguentava tudo pra chegar no sábado em casa e chorar, passava o final de semana chorando e quando não, ia atrás do Valverde e da Duda pra distrair a minha mente de tudo que eu ouvia a semana inteira.
Você não conheceu esse lado, mas foi fundamental pra tudo que houve entre nós. Eu não sei amar porque o amor que recebi da minha família sempre foi lotado de críticas. São todos doentes, todos já tiveram depressão, meu pai é o mais coitado e o que mais sofreu. Já vi cada um deles surtarem, meu pai e minha madrinha muitas vezes surtaram comigo. Acho que no fim não era minha mãe o problema mas a própria genética deles. Nunca aceitaram a depressão, são todos doentes e eu nasci doente sem que ninguém ligasse pra isso.
Eu tento agradar a todos, aceito migalhas de afeto, vou atrás das pessoas porque sempre acho que estou errada, eu mudo de personalidade como mudo de roupa apenas pra me defender, eu chorava sem parar porque na frente deles eu não podia demonstrar nada pra não ser humilhada porque era isso que acontecia. Eu fui a primeira, eu fui o teste e não passei. Não sei o que seria de mim se tivesse ficado.
Eu te conheci. Te conheci na pior época da minha vida. A primeira vez que eu tentei me disvincular deles. Eu morava em Poá, acho que até estudava em Poá, mas o mais engraçado disso é que eu me perdi ali. Tava acostumada com minha vida ser os estudos que eu não me encaixei numa escola que não tinha aulas. Eu não tinha capacidade de fazer amigos leais, sempre fui muito superficial com relações, só para encher meu ego talvez, pra me encher de expectativas que iam me decepcionar depois kkkk
Eu tenho pena de você, da Duda, do Valverde, do Gustavo, da Amanda, eu me culpei por todo esse tempo por ter usado vocês de muleta. Por ter desabado, chorado, dito coisas que nunca diria. Eu não tenho como explicar pra cada um como eu me arrependia de tratar vocês daquela forma. Mas eu não poderia me culpar pra sempre porque era a forma que me tratavam. Eu tô chorando escrevendo isso só por pensar que nunca disse eu te amo pros meus amigos e tive que perdê-los e ficar 2-3 anos sem eles pra sentir a dor que é não ter ninguém.
Paulo, você não tem noção de como eu me culpei por sua causa. Eu te amei tanto, eu já disse que depois de tudo isso, com tudo isso na cabeça eu só queria morrer, eu pensava todos os dias em suicídio, eu orava pra Deus me levar de volta, eu não dormia e nem comia já aos 11 anos, tinha depressão profunda, alucinações, delírios, batia minha cabeça na parede até sentir que ia desmaiar. Você foi a pessoa que chegou mais próximo dessa realidade só minha que eu fazia de tudo pra esconder... O dia que você chegou na minha casa, eu não tava entendendo o que tava acontecendo, eu falava sozinha, eu pintava a parede com sangue (??) e te juro que não tinha controle sobre nada disso. O border já tinha se instalado, tava se desenvolvendo e você apareceu pra segurar a granada nas mãos.
É por isso que eu nunca vou desistir de você.
Você pode fazer o que for, primeiro que nunca será tão ruim perto do que passei na mão de quem deveria me proteger. Eu aguentei nosso relacionamento perturbado porque meu coração é seu, você me salvou e eu quero ter a chance de retribuir, de te salvar, de fazer parte de uma vida boa com você. Eu já tentei me matar duas vezes e tive que criar fantasias pra permanecer aqui. Tive que imaginar uma vida linda pra que eu tivesse coragem de continuar. Eu parei de me cortar, eu me afestei de quem me feria, eu ainda tô aprendendo a me controlar, tô me conhecendo e redescobrindo minha vida, vendo que não preciso ser assim pra sempre. E você sempre foi o meu motivo.
Eu mando metade de toda a minha energia pra você, eu mentalize, faço rituais, nunca nenhum de amarração pode ficar tranquilo kkk sempre pra te proteger, pra tirar a dor de você, pra te limpar. Não sei se dá certo, mas gosto de acreditar que sim porque é o mais perto que chego de você.
Eu não consigo não chorar quando lembro dos nossos momentos. Por uma época eu "esqueci" pra fingir que não tinha culpa, mas hoje eu lembro de todos, já me puni por todos e por neles eu encontro meu maior motivo de seguir em frente. Sei que posso não ter outra chance nunca, sei que vou te amar pra sempre, até meu último suspiro. Eu vou fazer valer a pena tudo que você passou do meu lado. Espero que um dia me perdoe.
Eu te culpava por não querer ficar comigo né? Eu surtava por coisas tão sem sentido. Se naquela época não tivessem negligenciado minha depressão, talvez eu não tivesse feito tanta merda e me jogado em tantos falsos amores. Eu só queria me sentir viva, era só isso.
Eu ainda tenho crises, eu ainda surto, mas em todas as vezes, hoje eu reflito, eu tento achar motivos, eu mesma brigo comigo e digo que posso melhorar. Eu tô aprendendo a me amar. Tô aprendendo a refazer a minha casa pra um dia te convidar a entrar. Vai ser linda, limpa e confortável. Não vai ser como era antes porque eu não quero ser quem eu era, quero me transformar totalmente pra ser uma pessoa normal e com capacidade de ser feliz. E eu aceitei que meu coração é seu, eu gostaria que tivesse do meu lado, queria te contar toda a minha história e te repetir que você é tudo pra mim, mas se for pra ser, vai ser. Não crio mais expectativas e nem forço nada (um pouquinho só né kkk) mas é tudo porque eu te amo muito e quero que me conheça na melhor forma. Eu já melhorei tanto... Já me perdoei por tanta coisa. Ainda chego lá! E até lá vou sentir sua mão na minha e seu abraço, eternamente gravados em mim. Obrigada por tudo! Você é meu farol.
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rainhadameianoite · 4 years
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- você tá grávida, não fique tão estressada. - ele mexe em meus cabelos ruivos quase desbotados por eu não poder mais pintar. Reviro os olhos e pego um copo de cerveja e aquele maravilhoso pó branco nas mãos, passo o dedos nele e observo atentamente como se observasse a coisa mais maravilhosa do mundo.
- você não vai ser uma mãe de merda, esquece isso. Você não pode. - eu assopro o pó das minhas mãos e molho a boca na cerveja é o melhor que eu posso fazer.
Você me deixou não deixou? Jogou fora tudo, cada pedaço, cada noite dormida, cada dia que passamos de mãos dadas, cada dia que planejamos essa criança e depois fomos transar apaixonadamente pra ele sentir que nos amávamos tanto que nosso amor transbordou. Eu queria ser assim, deixar de ser tão fácil, deixar de amar tão fácil, ter coragem de deixar meu filho tão fácil, eu tenho inveja de você, como você me quebra e depois me conserta facilmente mas eu nunca fico completa. Você me deixou, virou as costas e falou que não me amava como quem fala que não gosta de suco de caju. Foi tão fácil, foi tão tão fácil que meu estômago revira assim que o pingo de cerveja bate nele e eu me esforço pra não vomitar de nojo. Você simplesmente foi embora, nem quis suas coisas agora minha casa fica parecendo um museu ou que você vai voltar toda hora, eu não deveria mas te espero. Te espero na minha cama pra você me dar um beijo e perguntar como foi meu dia, mesmo sabendo que tudo isso era fingimento eu gostava de brincar de fingir. Você me estilhaçou e agora eu fico tentando me consertar e consertar sem álcool, sem drogas e isso é quase impossível. Você sabia como eu ia me sentir, você me conhece, você me conhec tão bem e aí você simplesmente me jogou pro alto pra me ver quebrar. Eu odeio esse sentimento de decepção e mágoa que corre em minhas veias e pela primeira vez eu me sinto viva mas quebrada tão quebrada que não tenho forças pra sair da cama, nem pra comer. A comida é a pior parte, eu sinto nojo de comer. E aí quando eu lembro que você deve estar comendo como se nada estivesse acontecendo eu fico com mais nojo e tenho que ir parar na maternidade pra explicar o porquê eu tô sem comer a dias e minha pressão e minha glicose estão no alto. Eu odeio isso, mas amo ir lá. A última vez que eu fui eu vi bebês e esse ser que está dentro da minha barriga passou a ser concreto, passou a ter cheiro, cor e forma. Passou a ser meu bebê, um bebê de verdade. Eu ainda te espero como se você pudesse voltar, eu quero que você volte. Eu quero mas eu sei que não vai e sei que se voltar eu não vou conseguir levar isso a diante. Eu tomei uma decisão: vou parar de fazer o pré natal, porque eu meio que não quero saber. Não quero saber até o dia que nascer. Sem ultrassom, sem coração batendo. Essa criança me lembra você e voc foi embora então eu não tenho estômago pra lembrar dela assim, nem coração. Eu não consigo, não consigo viver assim, sabendo que você me abandonou quando nosso maior sonho se realizou, sabendo que você dorme sabendo que eu tô sozinha com uma criança na barriga e me sentindo a pior pessoa do mundo. É seu filho, porra é seu neném como você pode fazer a gente sofrer tanto se diz que ama? Não sei, tenho raiva de mim por ter confiado tanto em você.
- ela vai se arrepender - meus pensamentos são cortados pela pessoa que fala ao meu lado e da uma longa tragada no cigarro. Ele da ombros e assenti. - ela vai e você sabe, é meio injusto você deixar que ela se arrependa deixar ela entrar na vida dessa criança como se ela fosse santa ou a melhor mãe do mundo. - eu reviro os olhos.
Eu não posso deixar você fazer isso com uma criança porque não é esse tipo de mãe que eu quero pro meu filho mas eai? Você não me dá escolhas, você me obriga a te excluir de tudo. E eu odeio isso, eu odeio né sentir sozinha eu odeio ter que ouvir verdades do meu melhor amigo, eu odeio você ou pelo menos eu quero muito de verdade odiar.
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lilsunshiner · 7 years
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Uma história sobre o suicídio
Acordo com uma voz me chamando. Logo percebo que é Bianca, e que eu estava dormindo em cima do livro de física.
- Meu Deus! Eu sabia que você estava interessada no livro, mas não precisava mergulhar nele desse jeito. – Ela ri.
- Eu só estava querendo “aprofundar” meus conhecimentos. – Entro na brincadeira.
Nós duas rimos até recuperar o ar.
- Por quanto tempo eu dormi? – Pergunto, enfim.
- Por tempo suficiente para eu ir até a padaria, comprar algo para nós e ainda ouvir a atendente falar sobre seu novo namorado; ou seja, uns vinte minutos.
- Uau.
- E agora vamos fazer nossa pausa para o lanche. – Ela diz, animada. É sempre a melhor parte para ela.
Vamos até a cozinha e começamos a arrumar a mesa, mas de repente o telefone da casa de Bianca toca.
- Alô? – ela atende – Ah, Diny! Você ligou na hora certa! Acabou de acontecer algo muito engraçado. A Lara tá aqui e... – ela para do nada e então olho para o seu rosto. Sua expressão animada se desfaz lentamente. Me desespero. – Já estamos indo. – E desliga.
- O que aconteceu? – Pergunto, já com o coração disparado.
- Uma emergência. Precisamos ir até a casa dela.
Largamos tudo e vamos correndo até a casa dela, que fica na rua de trás. Chegamos o mais rápido possível. Só de ver que ela não veio nos esperar aqui na frente começo a estranhar. Vamos entrando conforme vemos que a casa está aberta e que os pais dela não estão. Entramos no quarto.
Ao ver a cena em nossa frente, paralisamos: Diana está sentada no chão, encostada em sua cama com o celular em uma mão e... uma faca na outra. Ela está chorando, com as mãos na frente do rosto. Ela não percebe nossa presença.
- Ei... – começa Bi, se aproximando.
Diana olha pra cima, tirando as mãos do rosto devagar.
- Vocês vieram. – ela diz, comovida.
- Sim, estamos aqui por você. O que aconteceu?
Sem achar palavras para se expressar, Diny começa a chorar de novo.
- Desculpe. Péssima pergunta. – Bianca diz, ainda suavemente. Diana balança a cabeça em negativa.
- Não é isso... – ela faz pausas para soluçar -  é que... os últimos dias foram... difíceis – ela respira fundo antes de continuar. – Eu não tenho mais ânimo pra nada... eu... – ela desaba, e corremos sem pensar para segurá-la.
- Não precisa se explicar, nós entendemos – eu digo, enquanto a abraçamos. Vejo Bianca pegar a faca da mão dela e afastar de nós.
- O que podemos fazer pra te ajudar? – ela olha diretamente nos olhos de Diana.
- Eu não sei. Só queria ter vocês aqui, depois de tanto tempo, porque sabia que iam me fazer sentir melhor. Me desculpem, eu só estrago tudo... – ela começa a soluçar descontroladamente - Eu não queria ter me afastado de vocês... não é culpa sua o que eu estou sentindo... e vocês pareciam... tão animadas... no telefone..  Eu... devo ter estragado seu dia inteiro... me desculpem mesmo. – ela começa a chorar novamente.
- Shh... Não tem pelo que se desculpar. Estamos aqui pra você, e se você não está bem, não poderíamos estar. – Digo.
- Obrigada. – ela me abraça mais forte e eu retribuo.
Ficamos em silêncio, abraçadas, e então começo a pensar: “O que a pode ter machucado tanto assim?”. Nós tínhamos percebido que ela começou a se afastar, mas nunca deixamos ela conseguir ir tão longe nisso. Até que ela começou a faltar quase todo dia. As desculpas começaram com um bom motivo, mas logo passaram a não ter sentido. Tanto nós quanto os outros passamos a pensar que tinha algo errado; e até os professores passaram a nos perguntar o que estava acontecendo. Ficávamos sem saber o que dizer, mas nunca tivemos coragem de ir até ela e perguntar; ao invés disso, continuamos a tratá-la da mesma forma de sempre. Antes disso, ela também passou a ser muita quieta, como se quisesse sumir dali, e que passassem a não perceber a presença dela. Mas nós sempre percebíamos.
Somos despertas de nossos devaneios pelo toque do meu celular. Por um momento penso em deixar ele tocar até parar, mas logo Diny se afasta e me diz para atender. Sem escolha, tiro o celular do bolso e vejo que é meu pai. Droga, penso. Esqueci completamente do horário. Atendo.
- Oi, pai.
- Oi, La. Estou aqui na frente da casa, vocês já terminaram?
Respiro fundo antes de responder.
- Na verdade, tivemos que vir até a casa da Diana.
- E vocês já vão voltar?
Travo. Não sei o que dizer a ele ou às meninas. Olho para as duas pedindo socorro. Diana responde pelas duas:
- Tudo bem, podem ir. Já estou melhor.
Troco um olhar com Bi.
- Sério – ela continua. – Só por vocês terem vindo até aqui já me fizeram sentir bem melhor.
Sorrio para ela.
- Está bem, nós vamos – digo -, mas eu prometo que vamos encontrar um jeito de te ajudar a superar isso. – Diny sorri, agradecida.
Quando saímos de lá, Bianca se vira para mim e pergunta:
- Você acha mesmo que vamos conseguir ajudá-la? – Vejo o desespero em seus olhos.
- Não sei. Mas precisamos tentar o máximo que pudermos.
  No dia seguinte, acordo já pensando na Diny. Tive que tomar um calmante para dormir e mesmo assim não consegui dormir direito. Vou direto ao computador pesquisar sobre o assunto. A palavra ainda me parece estranha – suicídio. Parece algo que está longe da minha realidade, mas é exatamente o que está acontecendo com a minha melhor amiga.
Pesquiso na esperança de achar algo que me dê uma “luz” sobre o que fazer. Primeiro encontro alguns sites explicando sobre o que é, posts sobre sinais de comportamento suicida, e notícias. Leio tudo para ter uma noção sobre o assunto e depois procuro ideias de como ajudar. Entro em alguns posts até que enfim acho a minha luz numa frase: “Ajude-o a reconhecer motivos para continuar a viver”. Começo a desenvolver minha ideia. Como é sábado, fico a manhã e parte da tarde dedicada a isso.
Mais tarde, ligo para Bianca.
- Oi, Bi. Você pode me fazer um favor? Liga pra todos os amigos próximos da Diana e marca com eles de nos encontrarmos segunda. Mas precisa ser os mais próximos mesmo.
***
Segunda-feira, na escola, Bi chega já me perguntando:
- Você vai me contar o que está planejando?
- Eu quero mostrar pra Diana tudo o que ela esqueceu ter de bom na vida. Quero fazer ela voltar a se sentir amada e feliz de novo.
- E como realmente você pretende fazer isso?
Começo a contar tudo o que planejei para ela. Bianca apoia a ideia e diz que vai me ajudar para que tudo dê certo.
***
Terminando as aulas, Bianca vai comigo pra casa me ajudar a arrumar tudo a tempo.
- O que você disse pra chamar a Diny pra cá? – Ela pergunta, enquanto ajeitamos os detalhes da sala.
- Eu disse que íamos sair nós três e que eu vamos daqui de casa juntas. Assim ela já vem bem arrumada.
-Verdade. Boa estratégia.
Sorrio.
- Vamos acelerar aqui senão não conseguimos nos arrumar. - digo
Eu coloco música na minha caixinha de som pra nos animar e fazemos tudo o mais rápido possível. Terminamos bem a tempo, e vamos nos preparar.
Os convidados começam a chegar no horário, e eu agradeço por isso. Seria chato se alguém chegasse com ela. Eu disse a eles que seria uma festa surpresa de aniversário adiantada pra Diana. Não tive problemas para convencê-los, já que o dia está perto. Começo a me sentir mal ao pensar que talvez ela nem chegaria a ver esse dia. Afasto o sentimento de mim antes que acabe com meu ânimo e eu não possa aproveitar a festa.
Quando percebo que estão todos lá, vejo pelo horário que logo Diana pode chegar, então peço que eles conversem o mais baixo possível. Não teria como ela ver por dentro da casa, mas ela poderia ouvir facilmente.
- Ela disse se estava vindo? - pergunta Bi, ansiosa.
- Sim, ela já deve estar chegando.
Quando termino de falar, ouço um carro parando.
- É ela! - eu e Bi começamos a dizer para os convidados.
Todos ficam em silêncio e se escondem onde conseguem. A sala é grande, então cabem todos agachados no fundo sem que ela perceba.
Bi e eu vamos buscá-la no portão e a cumprimentamos animadas.
- E aí, vamos agora? - ela pergunta.
- Não, ainda não. Meus pais tiveram que sair para uma emergência de trabalho, mas logo eles voltam. Vamos esperar lá dentro.
- Tudo bem.
Vamos entrando. A tarde ainda está terminando, por isso as luzes da casa estão apagadas. Quando entro, dou passagem pra ela, e quando ela entra, todos pulam gritando um "surpresa" uníssono. Ela se assusta de primeira e fica paralisada, mas logo eu e Bi a abraçamos dizendo "Feliz aniversário adiantado" e ela sorri.
Durante a festa a vejo parar em cada canto falar com todo mundo. Percebo que ela tem um grande sorriso no rosto. Fico feliz por ver que consegui o que queria: fazer ela se sentir importante. Todos os que estão ali são pessoas que realmente se importam com ela. Podiam não ser muitos, mas era o suficiente pra ela.
***
No final da festa​, Diana vem falar com a gente.
- Obrigada mesmo pelo que fizeram. Não faço ideia de como posso recompensar.
- Não se preocupe com isso. Só ver esse sorriso no seu rosto depois de tanto tempo é suficiente.  - Bi responde.
Ela abre mais ainda o sorriso, e nos abraça.
- Eu amo vocês.
- Nós também te amamos. - respondo.
 ***
No outro dia, nós combinamos de ir ao shopping fazer compras - ou fingir que sim. Entramos em várias lojas de roupas e experimentamos tudo o que temos direito. Desfilamos dentro dos vestiários como se fôssemos modelos. Diana, no começo, estava tímida, com vergonha de seu corpo, o que achamos fora do normal – não tinha porque ela se sentir desconfortável perto de nós, porém, logo a fazemos rir e ela enfim se solta. Depois damos uma volta pelo shopping, entrando em quase todas as lojas. Vamos embora com várias sacolas de roupas, livros, e sapatos.
Na quarta-feira, vamos a um karaokê no centro da cidade ao qual sempre quisemos ir. Quando chegamos, somos as únicas clientes do local. É pequeno como um bar – tinha um bar, inclusive –, o que dava um ar de intimidade e nos deixava mais confortáveis para cantar. Vamos direto para o palco, sem fome ainda. Começamos a cantar tudo o que temos direito, sem medo de estarmos desafinadas. Mais uma vez, Diana tem medo de se soltar. Está sendo difícil para ela ter que enfrentar todos os seus medos de novo – medos antigos que ela tinha superado, mas agora voltaram com tudo -, e ainda por cima por dias seguidos, mas eu quero fazê-la perceber que ela não precisar fazer isso sozinha.
Quando ela se solta cantando uma música com a gente – e morrendo de rir –, ela enfim aceita cantar a próxima sozinha. Enquanto ela começava a música, percebo que éramos só nós três e mais algumas poucas pessoas, motivo pelo qual ela não precisaria ficar envergonhada; com o passar da música, no entanto, vejo cada vez mais pessoas chegando, como se atraídas pela voz dela. Diana não percebe, pois está muito envolvida na música. Quando termina, porém, é recebida com muitos aplausos e paralisa, assustada, vendo quantas pessoas a estavam assistindo. De repente, ela sai quase correndo do palco até Bi e eu, e diz:
- Vamos sair daqui. Por favor. – vejo por sua expressão o quanto está assustada. Sinto-me mal.
- Di, eu... – começo a dizer, mas ela sai antes que eu possa terminar a frase. Vamos atrás dela. Diana está esperando do lado de fora.
- Por que vocês fizeram isso comigo? Por que vocês não me avisaram que tinham chegado mais pessoas? – ela parece chateada.
- Porque você iria parar de cantar? – Bianca responde. Diana não ri do sarcasmo dela. – Qual é, Diny. Você estava tão bem. E todos com certeza adoraram.
Diana não responde, pois já está chorando. Nunca a vimos  ficar chateada assim por uma coisa tão boba.
- Diny, por favor, vamos voltar lá dentro e esquecer isso. – digo, tentando me aproximar. Ela se afasta.
- Nós temos aula amanhã de manhã. Precisamos ir embora. – Ela responde.
Bianca não consegue se conter e diz:
- Mas você nunca vai.
Diana não responde, só começa andar na direção oposta. Nós ficamos paradas ali, observando-a ir embora.
***
 Na quinta-feira, acordo com um pesadelo. Sonhei que Diana tinha mesmo se suicidado. Vou desesperada até meu celular e percebo que são 3:00 horas da manhã. Quero ligar pra ela, mas fico com medo de acordá-la, caso esteja dormindo. Não quero acreditar que meu sonho foi verdade, mas não consigo voltar a dormir. Fico acordada até o horário de me arrumar para a escola. Quando vejo que são 6:00 horas, e que ela já pode estar acordada – afinal, ela disse que ia para a escola – tento ligar no celular dela. Ela atende quando quase estou desistindo.
- Alô? – ouço sua voz de sono e solto o ar que prendi até agora.
- Oi, Diny, é a Lara. Desculpe, te acordei?
- Oi. Sim, mas tudo bem, eu já ia levantar. – ela diz, cansada.
- Então você vai mesmo pra escola hoje?
Tem um momento de silêncio.
- Na verdade, eu tenho outro compromisso.
- Entendo... – digo – Diny, sobre ontem, eu sinto muito. Não queria que terminasse daquele jeito.
Ouço-a respirar fundo.
- Não tem do que se desculpar, eu é que preciso. O nervosismo de cantar para um público daquele tamanho tomou conta. Estou melhor agora.
– Olha, Diny, se estiver sendo difícil pra você ter que sair com a gente todo dia, eu entendo. Nós podemos deixar pra fazer o resto mais para frente.
- Não, não está. Na verdade, eu estou me divertindo muito. Sério, nunca ri tanto por tantos dias seguidos.
Sorrio.
- Que bom – respondo. – Porque hoje vamos viajar pelo mundo.
 ***
À noite, nos encontramos num restaurante. Quando Bianca e Diana se veem, dão sorrisos envergonhados uma para a outra.
- Diny, eu... – Bianca começa.
- Está tudo bem. – Diana diz, sorrindo.
Bianca retribui o sorriso.
Entramos no restaurante e escolhemos uma mesa.
- Por que esse restaurante e não outro? – Bianca pergunta.
- Porque aqui podemos experimentar pratos típicos de vários países. – respondo.
- E viajar o mundo. – Diny completa. Sorrio para ela.
Escolhemos experimentar o rodízio, que trazia um pouco de cada coisa que eles têm sem fazer um bagunça no estômago. Diny e eu morremos de rir com Bi tentando falar a língua de cada país que chegava a nossa mesa.
***
 Na sexta-feira, o último dia de nossas loucuras, fazemos uma festa do pijama. Dançamos, cantamos, assistimos filmes, e até fazemos guerra de travesseiros. Fazemos tudo o que sempre quisemos fazer vendo nos filmes americanos. Mais tarde, cansadas, conversamos até dormir. Sou a última a fechar os olhos, mas antes disso, fico relembrando o dia inteiro. Depois a semana inteira. Me sinto agradecida por ter conseguido fazer o que queria, mesmo não tendo certeza dos efeitos que causou em Diny. Quero acreditar que fizemos tudo o que pudemos.
No outro dia de manhã, as meninas vão embora, e Diana promete ir à escola segunda, já que está se sentindo melhor. Bi e eu ficamos animadas com sua fala.
- Se você não aparecer, eu vou te buscar pela orelha. – Bianca brinca. Diny e eu rimos.
 Segunda-feira, na escola, vejo Diana chegar com um sorriso radiante no rosto. Reparo que todos estão olhando  para ela, confusos por ela de repente aparecer de novo e ainda por cima tão bem. Um sorriso surge em meu rosto também.
No decorrer das aulas, tudo fica bem. Começo até a pensar que talvez nós a ajudamos a resolver tudo o que a estava fazendo se sentir mal. No final das aulas, entretanto, vejo-a sair correndo da sala, sem falar comigo. Encontro com Bianca no corredor, indo em direção a Diana.
- Você viu a Diny? – pergunto, preocupada.
- Não. Ela não saiu com você? O que aconteceu?
- Não faço ideia, mas com certeza não foi nada bom.
Bianca, agora preocupada também, me ajuda a procurar Diana, porém logo desistimos. É impossível achá-la na multidão de alunos desesperados para ir embora. Tentamos ligar pra ela, mas sempre cai na caixa postal. Vou embora com Bianca pra casa dela, para mais tarde tentarmos ir até a casa de Diny, mas quando vamos até lá, ninguém atende. Não tendo mais o que fazer, vou embora para casa.
Fico o dia inteiro tentando achar algo errado no dia. Não acho nada. Quando meus pais chegam em casa, veem meu estado, mas não conseguem me ajudar. Não janto, nem faço mais nada.
Estou paralisada no sofá, segurando firme o celular na mão, quando recebo uma ligação da casa dela. Meu coração dispara. Por que ela me ligaria pelo número da casa?
- Alô?
- Lara? É a mãe da Diana... – não preciso que ela termine a frase para saber o que aconteceu.
Saio correndo de casa, chorando, lembrando os últimos dias. Por que ela fez isso? Ela tinha tudo. Minha vista começa a ser tomada por nuvens. Tudo fica cada vez mais longe, até que...
Acordo. Levanto sobresaltada. Que sonho foi esse? Pego meu celular e vejo que o alarme estava prestes a tocar.
Enquanto lavo o rosto para acordar, passo o sonho em minha mente. Quem era essa garota? Por que ela se matou? Concordo com minha “personagem” na história: ela tinha tudo.
Depois de me arrumar, percebo. A garota sou eu, e preciso fazer algo a respeito. Não quero que a minha história termine agora.
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backstagetruths · 7 years
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Não nos abraçamos.
Passamos pouco tempo juntos, e de vez em nunca, conseguimos estragar esses momentos. Hoje foi um dia desses.
Acordei com você me ligando para que eu fizesse o pedido do almoço. Me botou pilha, dizendo que era pra fazer logo se não de nada teria valido a pena ter ligado antes.
Levantei sem nem ao menos escovar os dentes (erro número 1), determinada a fazer o pedido. Não tinha o número. Fui ligar para a Thaís para que ela me ajudasse, e ela me desligou porque a vó estava ligando no celular dela.
Como pode ela desligar quando eu precisava de algo importante e ir falar com a vó ao invés disso? Sabendo que a vó enrola?
Descobri que era o papai quem ligava pelo telefone da vó. Eles estavam rindo e conversando, e eu pilhada precisando do número do restaurante, que não tinha na geladeira. 
Eu interrompi a conversa da Thaís e falei que precisávamos fazer o pedido. Talvez só eu precisasse, porque a missão foi destinada a mim. A ela havia sido destinado apenas conversar feliz com o pai e dizer que não iria almoçar em casa porque iria sair para comemorar o aniversário do namorado.
Independente disso, a Thaís não me ouviu. E eu espanei. Como é péssimo acordar assim. Eu falei “então você faz o pedido”. E ela, insuportável do jeito que é, falou “Tá. Fecha a porta.”. 
Ela sabia o que pedir, eu já tinha dito. Mas não sabia as quantidades. Então desligou o telefone e veio perguntar pra mim.
Porém já estava todo mundo num clima de rixa. Quando ela veio perguntar, fui agressiva. Quando ela foi pedir e pediu muita coisa a mais, eu fui questioná-la agressivamente também. Ela só falou “você não me disse pra fazer o pedido? To fazendo”.
Ela fez o pedido. Eles me ligaram para abrir a porta dos fundos. Eu deixei aberta. E chegaram.
Eu e a Thaís tínhamos dividido as tarefas para fazermos antes deles chegarem. Adivinha? Ela não tinha feito a dela. Insuportável. Não disse nada. Fui para longe para tentar me acalmar.
Por que estávamos todos tão bravos mesmo? Era estúpido pensar, pois não havia nenhuma grande razão pra isso. Mas ao mesmo tempo era impossível fingir que não estava pilhada e brava. Tentei ficar na minha.
Todos me disseram oi, menos meu pai. A Júlia falou um oi direto para mim, a vó veio me abraçar, minha mãe perguntou como tínhamos passado os dias aqui.
Até aí, estavam todos no calor da chegada. Arrumando as coisas da viagem. Sempre tem muita coisa para se fazer quando chega de viagem.
Papai mandou a Júlia ir para o banho, mas a Thaís não deixou. Disse que iria sair com o namorado e que precisaria usar o banheiro antes de sair, então não era para a Júlia entrar. 
Descobri isso quando a Júlia colocou o pijama de frio no corpo, sem nem ter lavado a mão provavelmente. Ela veio para o quarto de estudos e estava jogando no celular. 
Já logo pensei: a Júlia vai acabar levando bronca porque não foi para o banho, e a Thaís, egoísta do jeito que é, vai embora deixando o caos pra trás, sem nem saber que fora ela quem causara toda a falta de estabilidade.
Mandei a Júlia ir tomar banho, como o pai havia pedido, e vendo a Thaís barrar a irmã de usar o banheiro do próprio quarto, resolvi intervir. Disse que aquilo era egoísta e sem noção, que ela não poderia privar a irmã de usar o banheiro e que, sendo mais velha, deveria propor alternativas, como ir tomar banho no outro banheiro, por exemplo.
Não falei num tom amigável, óbvio. Eu estava pilhada. E já vi essa história acontecendo várias vezes. 
Aí aconteceu que meu pai interviu. Me mandou ficar quieta e ir embora do quarto delas. Disse que ninguém aguentava uma mulher como eu. Que eu era insuportável. 
Novamente fui embora. Fui pro meu quarto. Enquanto ouvia ele dizendo “xiu o que? Tem homem aqui nessa casa. Alguém precisa parar ela. Acha que é assim? Eu que mando nessa casa.”
Enfim....... Eu nem sei mais de nada.
Senti o peso do universo me dando uma rasteira. Como assim? Por que eu tive que ouvir isso? Por que? 
Passei os últimos três dias sozinha. Fiz coisas pela casa, por eles. 
Fiz coisas por mim também. Mas não fizeram nada por mim. De novo, ninguém se incomodou em pensar em mim. 
Eu coloquei na cabeça que fazendo coisas por mim e me envolvendo em novos projetos pessoais, eu iria achar meu caminho e parar de me sentir tão sozinha no mundo. Também coloquei na cabeça que a solidão é um aviso desesperado de que precisamos de nós mesmos. Tentei focar nisso, focar em mim e me manter bem.
Mas óbvio. Só eu pensei em mim. De novo. 
Ninguém lembrou de mim. Ninguém me chamou para nada. E parece que sempre foi assim, desde que eu cheguei de volta a São Paulo. Se eu não chamo as pessoas, ninguém se lembra de mim. 
E quando a família é a única coisa em que você pode se segurar, ouvir as palavras que foram ditas sobre mim é terrível. 
Das três pessoas envolvidas, nenhuma pensou em agir de forma mais calma e carinhosa, já que eu estava num dia ruim. Pelo contrário. A Thaís contribuiu para por pilha, dizendo que eu estava “toda estressadinha”. Meu pai ao invés de ser sábio e apagar o fogo, veio vulcão para incendiar tudo, do jeito dele, e queima a quem queimar (eu, no caso).
E foi isso. A Thaís não almoçou em casa. Troquei meia palavra com meu pai durante o almoço, e ele parecia estar PUTO porque pedimos errado a beringela que ele queria. 
Minha mãe disse que viu que eu limpei gaveta de temperos e arrumei a gaveta de talheres e agradeceu. Perguntou como foram os dias aqui. Eu só consegui sacudir a cabeça, dizer que “foram”, e meus olhos encheram de lágrimas. 
E foi isso. Estou isolada desde então. Sem saber o que aconteceu, sem me sentir culpada a ponto de pedir desculpas. Existe culpa em mim sim. Eu sei que tem. Mas está me incomodando o fato de que, nessas situações, os outros quem tem que correr atrás do meu pai para pedir desculpas a ele.
Eu peço desculpas por ter ficado tão brava, por não ter feito o pedido, e por o pedido ter saído errado. Peço desculpas por sua beringela COM ABOBRINHA não ter chego até você do jeito que você queria. 
Mas quando você vai dizer que se desculpa pelas palavras horríveis que me disse? Quando vai se importar em conversar e saber como estou? Quando vai perceber que eu estou mal e que não consigo conversar com você nunca? Quando vai perceber que as pessoas vivem coisas diferentes das suas, e sofrem por coisas diferentes das suas, e que seu jeito as afasta de você?
Por que você tem tempo e empatia para ajudar o senhor Jorge enquanto o mundo pega fogo no seu trabalho, e não tem tempo pra falar um oi e tentar ajudar a acalmar o mundo de uma filha quando o dela claramente está desmoronando?
Um abraço serviria. Uma conversa serviria. 
E não venha me dizer que essas conversas não acontecem porque eu nunca estou em Pi, porque pi não é a solução. Pi é a sua solução. Pi é onde você se distancia de tudo e de todos. É onde vive sua paz. E é onde você percebe que nem lá está em paz, já que bebe um pouquinho e solta os cachorros em cima de quem for. Em Pi, você pensa só em você. Você esquece dos outros. De acompanhar aqueles que importam. 
E será que tudo isso seria pedir demais de você? Porque eu sempre te vi como o herói, e vou continuar vendo. Mas não consigo me aproximar de você com esse seu jeito de pensar e agir. 
E no final das contas eu vou pedir desculpas pelo que eu fiz. Pelo pouco que eu fiz que te incomodou. E eu sei que você não vai pedir desculpas por nada, então nem conto com isso.
Mas se eu pudesse pedir alguma coisa, pediria presença, atenção, empatia. Pediria que você se importasse um pouco mais. 
Eu não quero esse dia pra mim. Eu quero um dia bom! Quero o equilíbrio, hoje e sempre. 
Se eu pudesse pedir alguma coisa, pediria para que você me ajudasse a encontrar meu equilíbrio. Sem me julgar. Sem julgar meus momentos ou meus sentimentos. Que me ajudasse nos dias que estou espanada de forma mais inteligente do que a forma que estou agindo....
Enfim... Em breve eu peço desculpas. E te dou o abraço que você não me deu quando chegou. 
Você pode ignorar tudo o que aconteceu. Mas eu sei que você vai sentir tudo isso pelo meu abraço. Espero que você se importe.
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