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#inquietações de Adorno
inutilidadeaflorada · 17 days
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MMXIII
O anúncio ao ídolo prematuro: Enquanto houver pó há mistérios e metais Uma química que se alimenta de cortejos Rosas brancas enferrujadas ainda nos punhos
Você é jovem demais para compreender Ninguém se lembrará dos seus feitos Nenhuma ocasião indaga tua ausência O ócio é uma pele que te água previsões
Revelar os detalhes de amores Grandes demais para serem esquecidos Ou dissolvidos paliativamente entre os dias Eu me arrependo centenas de vezes por dia
Vagarosamente deglute todos esses anos Me cabe mastigar com repouso Para conter todas as inquietações Florescidas a cada teor reconhecido
Um fato são meus braços serem muito fracos E a língua pesa como carne fresca no anzol A esta altura eu já teria a certeza que meu corpo seria dissolvido Os olhares são esfinges que te arrancam confissões
Devorei o ópio antes da fome abater-me Antes que meu corpo se cubra de lágrimas Soterro todo o ódio que escondo Para ninguém possa conhecê-lo intimamente
Quando tudo aparenta ser um adorno E a beleza ao sutil não é apreciada O desfecho não tem data, mas você o enxerga É sabido que teu toque esfria encontros
Desconvencer a morte é o pior dos fardos Pois tanto ela como você sabem Essas frases são um teatro interpretado com zelo Até o momento triunfante da exaustão...
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gazetadocerrado · 5 years
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Quando a teoria se torna realidade, Adorno continua vivo em suas inquietações
Quando a teoria se torna realidade, Adorno continua vivo em suas inquietações #Adorno #entrevistaaDW
Na célebre obra Dialética do esclarecimento, publicada em 1947 nos Estados Unidos, os alemães Theodor W. Adorno e Max Horkheimer buscaram uma resposta à seguinte pergunta: “Por que a humanidade, em vez de adentrar um estado verdadeiramente humano, afunda num novo tipo de barbárie?”
Nascido em 1903 numa família judia, Adorno tinha todos os motivos para fazer essa pergunta. Com a ascensão dos…
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terzarocca · 3 years
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#Repost @leabharbooksbr • • • • • • Pena Vermelha: Um amor além do tempo⁣ ⁣ Pena Vermelha não é apenas um famoso e respeitado guerreiro Lakota que nasceu para ser o chefe de sua tribo, também é um homem sensível que precisa dar respostas ao seu coração inquieto. Por isso decide fazer uma viagem sozinho, na qual espera encontrar o significado de uma visão; a que lhe deu seu nome.⁣ O que desconhece é que a resposta a todas suas inquietações se encontra nos olhos de uma estranha e bela mulher de cabelos de fogo e pele de lua.⁣ Georgiana Herbert, condessa de Shaftesbury, não pode acreditar em sua "estrela da sorte”. Depois da morte do seu marido na batalha de Fort William Henry da qual escapou ilesa, se encontrará com um temível índio de pele dourada, olhar profundo e cabelos pretos. No entanto, o desejo e o amor vencerão seus medos e o seguirá até as vastas planícies da América Central como sua esposa.⁣ O que ambos não imaginam são as dificuldades que deverão superar; algumas dificuldades que irão além do tempo...⁣ Porque duzentos e cinquenta anos depois, Eliza não está disposta a entregar seu coração tão facilmente. E muito menos a Julio Falcone, um bonito domador de cavalos que lhe recorda o protagonista de seus sonhos mais íntimos.⁣ Pena Vermelha e Georgiana poderão ser felizes com a desaprovação de quem os rodeia? Julio e Eliza descobrirão o significado de suas estranhas visões?⁣ Pena Vermelha não é apenas um romance, é uma história de amor apaixonante. Um amor que se aloja na alma e perdura além do tempo. Uma história de amor truncada pela intolerância, que conseguirá superar as injustiças do homem e transportará o leitor para um mundo melhor e cheio de esperança.⁣ ⁣ “Quando se gosta de escrever pequenas histórias, valoriza muito mais o cuidado de alguns detalhes, descrições e que o romantismo são para construir uma frase com palavras-chave, quase um pequeno poema, e em Pena Vermelha há muitos desses pequenos poemas. Quando a autora quer fazer uma descrição, não vai para o simples, não, usa uma comparação harmoniosa que, embora pareça simples, é muito difícil poder refletir sem ser um mero adorno, reflete o sentimento que ela coloca ao escrever e que é muito m https://www.instagram.com/p/CLJ71ngjoCF/?igshid=964cum8htcc
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lietoova · 5 years
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10 Dicas Para Casar Em Las Vegas
Os casamentos no civil, em geral, são cerimônias para poucas pessoas e tem um ar mais sério e simples do que casamentos no religioso. No site do casamento e no convite, é fundamental que os noivos indiquem qual traje que deve ser usado, indicações de restaurantes próximos e de salões de beleza para quem deseja se produzir para a celebração. Considerar Camilo como um escritor marcado univocamente pelo ultrarromantismo ou autor de novelas passionais, parece-nos ser de fato, uma espécie de limitação dos estudos literários, de que sua obra foi vítima. E tem muitos desafios que precisaremos enfrentar se quisermos crescer e alcançar a maturidade necessária para nos envolver num relacionamento. Podemos ver, através de estudos feitos por Ribeiro (1993), desde a descoberta ou a invenção dos primeiros utensílios (ferramentas, armas etc.) e a utilização bem como proveito dos elementos da natureza, até as mais recentes realizações, ser humano se mostra de modo íntimo estar motivado às necessidades de produzir com qualidade. E comece a receber dicas de sedução inéditas, de minha parte, a partir de agora! No prefácio da segunda edição da obra, encontramos um fragmento tomado pela crítica tradicional como referência do caráter biográfico: Desde menino , ouvia eu contar a triste história de meu tio paterno Simão Antônio Botelho”(AP, 1984,p.17). Plástico vai impedir que entre pó e cabide deixará lisinho e sem nenhum amassado. Se você já casou e tem uma amiga noiva, compartilhe este vídeo e post com ela, tenho certeza que ela vai adorar. Nas últimas décadas estes crimes ganharam uma nova configuração e um novo foco aos olhos dos Juristas e Doutrinadores, no que tange à temática da verificação e reconhecimento dos mesmos, no âmbito social, no qual, Direito Penal passa a puní-los de forma mais rigorosa e a apontar os agentes de maneira mais específica, para que haja seu enquadramento no Corpo Normativo. A discussão em torno das inquietações suscitadas no curso dessa pesquisa tomará por base a relação entre a obra Amor de Perdição e vigoroso juízo da crítica literária, fortemente enraizada nos períodos que antecedem e sucede a atuação de Camilo Castelo Branco como escritor. Fuja do tradicional convite de casamento e opte por algo que remeta ao estilo do casamento como flores ou desenhos da natureza ou de acordo com lugar que será realizado casamento, como por exemplo, um convite dentro de uma garrafinha para casamentos na praia. É correto dizer, como sugere a professora Marisa Lajolo, que se deve partir do mundo da leitura do mundo”, e que não basta decodificar, é preciso compreender sentido da palavra e do texto no contexto (BATISTA, 2006, p.19). Nessa perspectiva não há como dissociar produção de texto da alfabetização, esses dois elementos são interdependentes no processo de ensino-aprendizagem. Do tradicional ao inusitado, da vanguarda ao clássico, a Mostra Noivas chegou para ficar e apresentar a noivos e noivas um painel de tendências e novidades, contato direto com profissionais e serviços para fazer de cada casamento um evento único. Analisando as cartas que se constata é certo enfraquecimento de Simão, como se nada tivesse conseguido fazer para recuperar a amada: Não espere nada, mártir - escrevia-lhe ele. Sinceramente acho que você deveria sim casar novamente, tem coisa melhor do que celebrar amor e a união do casal?! Obviamente em Las Vegas é possível alugar roupas para festas, mas quem me conhece sabe quanto ansiosa eu sou. Lembre-se que seu vestido será mais simples e minimalista, então você pode arrasar nos acessórios para cabelo em um casamento na praia! Pois, se por um lado, autor de Amor de Perdição surge numa época em que romance se propõe a representar indivíduo.. de maneira a provocar a sugestão do real” (ADORNO, 2003, p.55), por outro lado, a concepção de romance vai evoluindo na obra camiliana sob novas formas, onde.. escritor, como narrador de fatos objetivos, desaparece quase que completamente; quase tudo que é dito aparece como reflexo na consciência das personagens (AUERBACH, 2007, p.481). Como vocês não irão diretamente do cartório para restaurante, já que os horários serão diferentes, precisarão de outros trajes.
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alviso2014 · 6 years
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São Bernardo de Claraval, o Poeta do Sagrado Coração de Jesus. São Bernardo, esta alma tão terna e afetuosa para com Jesus Cristo, não podia deixar de ter devoção particular ao Coração de Jesus. Também ele nos deixou sobre este Coração adorável palavras tão belas, que não podemos furtar-nos ao prazer de citá-las: “Pois que, diz ele, chegamos ao Coração dulcíssimo de Jesus e é bom ficarmos Nele, não nos deixemos facilmente arrancar, porque Dele é que está escrito: Aqueles que de vós se separam, terão seu nome traçado na poeira, que um ligeiro sopro faz desaparecer. Mas qual será a sorte dos que se aproximarem? Ensinai-nos Vós mesmo, ó bom Salvador. Àqueles que a Vós se chegavam dizeis: Regozijai-vos, porque vossos nomes estão escritos no Céu. Nós então nos aproximamos de Vós, a fim de nos rejubilarmos com a lembrança de vosso Coração. Oh! Quanto é bom, quanto é doce morrer neste Coração! Oh! Que rico tesouro é vosso Coração, ó Jesus! Darei tudo o que tenho, meus pensamentos e meus afetos, para O adquirir, lançando todas as minhas inquietações no Coração do meu Senhor Jesus, que me nutrirá e me assistirá em todas as minhas necessidades. Neste Templo, neste Santo dos santos, diante desta Arca do testamento, adorarei e louvarei o Nome do Senhor, dizendo com Davi: Achei meu coração para rogar a meu Deus. Eu também achei o Coração de meu Rei, de meu Irmão, de meu terno Amigo Jesus. E com este Coração, ouso dizê-lo, é meu, porque se Jesus Cristo é minha cabeça, como o que é de minha cabeça, não seria também meu? Da mesma sorte que os olhos da minha cabeça são verdadeiramente meus, assim este Coração espiritual é meu coração. Que felicidade para mim! Eu, pois, possuo um só Coração com Jesus. E não nos admiremos, pois São Lucas nos diz que os primeiros cristãos não tinham senão um coração. Tendo então achado vosso Coração que é também o meu, a Vós, amável Jesus que Sois meu Deus, humildemente rogarei. Permiti somente que minhas súplicas sejam admitidas nesse Santuário para serem ouvidas, ou antes, atraí-me todo para o vosso Coração. Ó Vós, que Sois o mais belo dos filhos dos homens, lavai-me cada vez mais de minhas iniquidades, a fim de que mereça habitar todos os dias de minha vida no vosso Coração. Vosso lado foi aberto para que possamos ter entrada livre em vosso Coração, e Nele habitarmos abrigados das agitações do mundo. Vosso Coração foi ferido, para que esta Chaga visível nos revelasse a Chaga invisível do amor. Quem então poderá não amar um Coração assim ferido? Quem poderá não pagar amor com amor?” Esta bela passagem mostra a evidência, quanto o santo abade de Claraval amava o Coração de Jesus. Sente-se que ele procura repetir muitas vezes a palavra Coração de Jesus, a fim de saborear-lhe toda a doçura, fazer penetrar mais profundamente na alma de seus piedosos ouvintes a terna devoção de que vivia cheio ( “O Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso de Ligório”, 1ª Parte, Undécimo Dia, pp. 71-77; tradução portuguesa feita da 83ª edição pelo Exmo. Rev. sr. D. Joaquim Silvério de Souza, 5ª edição, Tipografia de Frederico Pustet, Ratisbona, 1926). V. Abri, Senhor, os meus lábios R. E a minha boca anunciará o vosso louvor. Ant. Vinde, adoremos o Senhor, admirável nos seus Santos. HINO Nossos cânticos se elevem Em louvor da mulher forte, Exemplo de santidade, De amor e fidelidade, Quer na vida quer na morte. Era como o sol da casa, Generosa e diligente: Como Marta trabalhava, E como Maria orava, Tendo a Deus sempre presente. Foi seu adorno a bondade, Sua luz a caridade; Foi Deus a sua esperança E o Céu é a sua herança Para toda a eternidade. A Jesus Cristo Senhor E à Virgem, sua Mãe, Tu que és eleita de Deus, Roga por nós lá nos Céus, Dá-nos teu auxílio. Amém. PRIMEIRA LEITURA Do Livro dos Juízes 6, 33 – 7, 8.16-22 Vitória de Gedeão com um pequeno exército Naqueles dias, todos os madianitas, amalecitas e os filhos do Oriente se reuniram, passaram o Jordão e acamparam na planície de Jezrael. Então o espírito do Senhor apoderou-se de Gedeão; ele tocou a trombeta, e a gente de Abiezer reuniu-se para o seguir. Depois enviou mensageiros a todo o Manassés, que também se reuniu para o seguir. Mandou ainda mensageiros a Aser, a Zabulão e a Neftali, que foram ao seu encontro. Gedeão disse a Deus: «Se quereis salvar Israel pela minha mão, como prometestes, colocarei na eira este velo de lã. Se aparecer orvalho só sobre o velo e ficar seca toda a terra, saberei que salvareis Israel pela minha mão, como prometestes». E assim aconteceu: no dia seguinte, Gedeão levantou-se de manhã cedo, apertou o velo e espremeu o orvalho, que encheu uma concha de água. Gedeão disse ainda a Deus: «Não Vos irriteis comigo se eu falar ainda uma vez. Deixai que eu faça, só uma vez mais, a experiência do velo: fique seco só o velo e haja orvalho em toda a terra». Deus assim fez naquela noite: só o velo ficou seco e houve orvalho em toda a terra. Então Jerubaal, isto é, Gedeão, levantou-se de manhã cedo, com todo o povo que estava com ele, e foram acampar em En-Harod. O acampamento de Madiã era ao norte do seu, no sopé da colina de Mor��, na planície. O Senhor disse a Gedeão: «O povo que está contigo é numeroso demais para que Eu entregue Madiã nas suas mãos. Israel poderia gloriar-se contra Mim, dizendo: ‘Foi a minha mão que me libertou’. Proclama bem alto aos ouvidos do povo: ‘Quem for medroso ou cobarde, volte para trás’». Assim os escolheu Gedeão. E do povo regressaram vinte e dois mil homens, ficando só dez mil. O Senhor disse a Gedeão: «O povo ainda é numeroso demais. Manda-os descer até à água e ali farei uma escolha. Todo aquele de quem te disser: ‘Deve acompanhar-te’, esse irá contigo; mas aquele de quem te disser: ‘Não deve acompanhar-te’, esse não irá contigo». Gedeão mandou o povo descer até à água, e o Senhor disse-lhe: «Apartarás todos aqueles que levarem a água à boca, como fazem os cães com a língua, daqueles que se puserem de joelhos para a beberem». Ora o número dos que beberam a água, levando-a à boca com a mão, foi de trezentos homens; todo o resto do povo se pusera de joelhos para beber. O Senhor disse a Gedeão: «Com os trezentos homens que beberam a água, levando-a à boca com a mão, Eu vos salvarei e entregarei Madiã nas vossas mãos. O resto do povo volte cada um para sua casa». Gedeão recolheu das mãos do povo os cântaros e as trombetas; depois despediu todos os homens de Israel, cada qual para a sua tenda, e ficou só com os trezentos homens. O acampamento de Madiã estava em baixo, na planície. Gedeão dividiu os trezentos homens em três grupos e entregou a todos trombetas e cântaros vazios, bem como tochas dentro dos cântaros. E disse-lhes. «Olhai para mim e fazei como eu. Quando eu chegar à extremidade do acampamento, fareis como eu fizer. Tocarei a trombeta com todos os que estiverem comigo, e vós também tocareis as trombetas, em volta de todo o acampamento, gritando: ‘Pelo Senhor e por Gedeão!’». Gedeão chegou à extremidade do acampamento, com os cem homens que o acompanhavam, ao começar a vigília da meia-noite, quando acabavam de render as sentinelas. Tocaram então as trombetas e partiram os cântaros que tinham na mão. Os três grupos tocaram as trombetas e partiram os cântaros; com a mão esquerda pegaram nas tochas e com a direita tocaram as trombetas. Depois gritaram: «Ao ataque, pelo Senhor e por Gedeão!». E cada um ficou no seu lugar, à volta do acampamento. Então todos os do acampamento se puseram a correr, a gritar e a fugir. Enquanto os trezentos homens tocavam as trombetas, o Senhor fez com que, em todo o acampamento, se ferissem à espada uns aos outros. SEGUNDA LEITURA Do Livro «Sobre o modo de bem viver», atribuído a Tomás do Montefrio, monge (125-128: PL 184, 1276-1278) (Sec. XII) Vida activa e vida contemplativa A vida activa é a inocência das boas obras; a vida contem- plativa é a aspiração dos bens superiores. A vida activa é para muita gente; a contemplativa é para poucos. A vida activa é o bom uso dos bens terrenos; a contemplativa é a alegria de viver só para Deus. A vida activa é dar pão aos famintos, ensinar ao próximo a palavra da sabedoria, corrigir os que erram, chamar os soberbos ao caminho da humildade, reconduzir os desavindos à concórdia, visitar os enfermos, sepultar os mortos, libertar os presos e os cativos, socorrer a todos os que precisam de ajuda, prover cada qual do que lhe é necessário. A vida contemplativa é consagrar-se de todo o coração à caridade para com Deus e para com o próximo, recolher-se da actividade exterior para se entregar exclusivamente às alegrias do Criador, de tal modo que, prescindindo de todos os cuidados do mundo, o espírito nada mais procure senão inflamar-se no desejo de ver a face de Deus; na vida contemplativa, aprende a alma a suportar com paciência o peso da carne corruptível e deseja ardentemente tomar parte no cântico dos coros angélicos, ansiando por entrar na convivência dos cidadãos do Céu e gozar da eterna imortalidade na presença de Deus. A vida activa serve a Deus nos trabalhos deste mundo: acolhe os pobres e veste-os; dá-lhes comida e bebida; visita-os e consola-os; dá-lhes sepultura e pratica todas as outras obras de misericórdia. Há duas espécies de contemplativos: uns vivem vida comunitária nos mosteiros; outros levam vida eremítica, isolados de toda a gente. Mas é mais feliz e perfeita a vida contemplativa do que a vida activa. Assim como a águia, fixando os olhos nos raios do sol, não se volta senão para buscar alimento para o seu corpo, assim os santos se voltam, de vez em quando, da vida contemplativa à vida activa, considerando que, embora aquela seja mais sublime e benéfica, precisam no entanto, em certa medida, destes bens inferiores. Os homens santos saem, de quando em quando, da intimidade da contemplação para a vida activa; mas voltam novamente, para louvar a Deus no recolhimento do espírito, onde recebem a força interior que lhes permite trabalhar cá fora para a glória do Senhor. E assim como é da vontade de Deus que os contemplativos se voltem, algumas vezes, da vida contemplativa à vida activa para utilidade do próximo, também é da vontade de Deus que, outras vezes, ninguém os inquiete, para que possam repousar na intimidade suavíssima da contemplação.
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revistazunai · 6 years
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Periscópio 3: Poesia e tradução à luz de Walter Benjamin
por Suzel Domini dos Santos*
De acordo com as reflexões de Alfredo Bosi (2010), apresentadas no livro O ser e o tempo da poesia, o desejo de transformação do mundo decorrente de incompatibilidade ideológica é um traço distintivo da poesia moderna. Do interior de uma posição crítica nostálgica, o autor enfatiza que os mecanismos do interesse pela produtividade, pelo lucro e pela propriedade privada, característicos da sociedade capitalista e burguesa, engolem, por extensão, “as almas e os objetos” (idem, p. 164). Dessa maneira, em um panorama sociocultural que promove o individualismo e a racionalização, colocando em perspectiva de utilidade e valor de troca também aquilo que é da ordem do humano, a poesia sofre um processo de marginalização cultural, e, por sua vez, desponta como resistência.
 Antimoderna – conforme o termo cunhado por Compagnon (2011) –, a poesia lírica da modernidade assume uma postura de reação ao mundo, recolhendo os resíduos da vida moderna e buscando, de maneira compulsiva, a reconfiguração ideal deles no plano da linguagem, ainda que, na maioria das vezes, a consciência da impossibilidade esteja vinculada de modo indissolúvel a essa busca. Dito de outra forma, a poesia moderna escancara as mazelas que o advento da modernização material trouxe para o homem, e aponta para a possibilidade idílica de restauração da vida em comunidade, isto é, de uma organização social pautada na comunhão entre o homem e seus iguais, na comunhão do homem consigo mesmo e, também, com a natureza.
 Segundo a visão de Walter Benjamin (1986), delineada no ensaio “Experiência e pobreza”, o desenvolvimento desenfreado da técnica, vinculado ao contexto da modernização material, modificou as estruturas do mundo ocidental de maneira profunda e irreversível. Dentre as transformações ocorridas, o autor sublinha as mudanças no modo como o homem percebe e se relaciona com o mundo, bem como no modo como lida com seus semelhantes. Nas palavras de Benjamin, o advento da vida moderna operou uma mudança radical nas ações da experiência, e tal mudança refere-se ao fato de que o homem, intrincado nas engrenagens históricas da modernidade material, sofre uma perda da capacidade de acúmulo e transmissão ou compartilhamento de valores coletivos e tradicionais. “Ficamos pobres”, afirma Walter Benjamin (1986, p. 119). E arremata: “Abandonamos uma depois da outra todas as peças do patrimônio humano, tivemos que empenhá-las muitas vezes a um centésimo do seu valor para recebermos em troca a moeda miúda do ‘atual’.” (idem, ibidem).
 As configurações da vida moderna lançaram as inquietações humanas no âmbito do estritamente individual e, com isso, promoveram um esgarçamento da rede de experiências comunicáveis que ligava os homens em uma espécie de entranhável comunhão. Os acontecimentos acabaram por reduzirem-se ao contexto do privado, de maneira que a experiência se fecha em si mesma, no indivíduo, e não conta com muitas possibilidades de integrar-se a um conjunto de coletividade humana. As próprias formas de comunicação características do período moderno, tais como a notícia de jornal, por exemplo, contribuem para a circunstância que Benjamin (2010) denominou “atrofia da experiência” (p. 107), no ensaio “Sobre alguns temas em Baudelaire”. O autor destaca que os acontecimentos transmitidos pela notícia jornalística se afastam de qualquer âmbito em que se fizesse possível uma conjunção entre a experiência daquele que escreve e a do leitor, tendo em vista que o jornal se particulariza pela concisão e pela novidade no sentido mais trivial, pela fragmentação e pela falta de conectividade entre um texto e outro. Já a narração, que se apresenta como uma das formas mais antigas de comunicação, segundo Benjamin (2010), singulariza-se por promover a conexão entre o passado individual e o coletivo. De acordo com as palavras do autor, a narração “não tem a pretensão de transmitir um acontecimento, pura e simplesmente (como a informação o faz); integra-o à vida do narrador, para passá-lo aos ouvintes como experiência. Nela ficam impressas as marcas do narrador como os vestígios das mãos do oleiro no vaso de argila.” (BENJAMIN, 2010, p. 107).  
 Tomando as reflexões de Walter Benjamin como ponto de apoio, pensamos que, em um mundo marcado pela cisão de uma estrutura de comunidade entre os homens, a linguagem poética acaba por manifestar-se como um lugar possível para a integração, transmissão e permanência da experiência. O pensador alemão afirma que o processo de atrofiamento das experiências comunicáveis leva os indivíduos a um novo estado de barbárie, em sentido positivo, pois a pobreza de experiência impele o homem, no campo das artes e do pensamento, “a partir para a frente, a começar de novo, a contentar-se com pouco, a construir com pouco, sem olhar nem para a direita nem para a esquerda.” (BENJAMIN, 1986, p. 116). Bárbaro, o poeta moderno junta com as mãos, em exercício estético, o extrato da experiência que lhe coube, e disponibiliza-a ao outro, seu semelhante.
 Frisamos, aqui, como mote de nossa leitura, um questionamento que Claude Esteban (1991) apresenta no livro Crítica da razão poética:
O dever da poesia, esse ‘dever por buscar’ cuja urgência Rimbaud não cessa de declarar, não será, na verdade, suscitar, fora de todo lugar situável, na presença restauradora do Verbo, esse lugar onde o sentido pode renascer da troca entre os espíritos e da partilha entre todos de alguns alimentos ainda substanciais? (p. 221)
 A palavra poética esforça-se por concretizar a experiência subjetiva daquele que escreve e, nesse processo de concreção, acaba por transformar o que é da ordem do privado em algo que transcende a individualidade, uma vez que a linguagem se abre e se entrega ao leitor, convidando-o a mesclar sua própria experiência àquela expressa no espaço do poema. Nesse sentido, podemos afirmar que a poesia moderna propicia uma espécie de comunhão entre os homens, já que restabelece um fio, ainda que frágil, de interligação de valores. A experiência “que se manifesta na vida normatizada, desnaturada das massas civilizadas” (BENJAMIN, 2010, p. 104) é recusada pelos poetas modernos, que se dão ao exercício de buscar e flagrar uma experiência mais verdadeira e profunda da vida moderna. A linguagem poética caracteriza-se por elaborar o signo e transformá-lo em novo-signo, e o novo-signo expressa uma verdade das coisas e da vida que ultrapassa qualquer vivência automatizada do mundo. Sendo assim, a poesia moderna manifesta-se como experiência em estado de linguagem, impondo-se como resistência em um árduo contexto no qual, conforme ressalta Benjamin, “as condições de receptividade de obras líricas se tornaram menos favoráveis.” (2010, p. 104).
 Reforçamos tal leitura com base nas ideias que Theodor Adorno (2003) apresenta em “Palestra sobre lírica e sociedade”, uma vez que o autor considera o sujeito lírico moderno um eu multifacetado e, portanto, coletivo, que faz de sua voz um reflexo da voz do outro porque está comprometido com os problemas da sociedade em que se insere. Estendemos essa característica para a poesia contemporânea também, e concebemos a compleição de um eu fragmentado como instância de encontros, ou seja, como possibilidade de sobrevivência e renovação da experiência.  
 Indo além, propomos uma leitura crítica que entende a tradução de poesia enquanto potencialização dessa possibilidade, haja vista que seu processo implica uma reconstrução criativa, um trabalho de linguagem autoral, para que a literariedade presente no texto da língua de partida se manifeste, também, no texto traduzido. Partindo de uma visão bastante idealista, no ensaio “A tarefa do tradutor”, Walter Benjamin (2011) define o processo de tradução como um exercício que teria o poder de renovar constantemente o original, na medida em que promove o seu desdobramento, a sua recriação, já que “a fidelidade na tradução de cada palavra isolada quase nunca é capaz de reproduzir plenamente o sentido que ela possui no original” (p. 114). Ou seja, o texto traduzido não se limita a manifestar uma cópia, antes se apresenta como um duplo.  
 Nesse sentido, trazemos aqui, também, as reflexões de Ivan Junqueira (2012), presentes no ensaio “A poesia é traduzível?”. Nesse texto, Junqueira afirma que,
 [...] diferentemente de um leitor que se põe a sonhar com o eventual sentido de uma palavra, o tradutor não opera no plano da ortonímia, e sim no da sinonímia, buscando menos a nomeação absoluta do que a nomeação aproximativa, razão pela qual o seu estatuto é não o de criador, mas antes o de recriador. E a recriação – ou transcriação, como pretendia Haroldo de Campos – é a fórmula a que o linguista Roman Jakobson recorre para explicar o paradoxo da tradução poética, caracterizando-a nos termos de uma transposição interlingual, ou seja, de uma forma poética para outra. É esse sentido de aproximação e de parentesco semântico-fonológico que deve presidir a operação de traduzir poesia.” (p. 09).
 O autor diz, ainda, que o exercício da tradução poética encerra um potencial paralelo de exercício crítico, pois o tradutor, na pele do “homo ludens”,  “está diante do complexo e prismático problema da escolha, dessa escolha que se processa no plano do significado e do significante”, envolvendo “opções semânticas, fonéticas, morfológicas, sintáticas, prosódicas, rítmicas, métricas, rímicas, estróficas – enfim, um espectro ambíguo e infinito constituído pelas chamadas figuras de linguagem.” (p. 10).
 Considerando as questões apresentadas ao longo deste ensaio, finalizamos nosso texto com a seguinte reflexão: defendemos que o texto poético, original e tradução, pode ser criticamente concebido como um lugar de resistência, como um lugar de sobrevivência da experiência, uma vez que se mostra capaz de promover, em algum nível, uma espécie de comunhão, de interligação de valores entre os homens.  
Referências bibliográficas
ADORNO, T. W. Notas de literatura I. Trad. de J. Almeida. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2003.
BENJAMIN, W. Obras escolhidas I: Magia e técnica, arte e política. Trad. de S. P. Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1986.
BENJAMIN, W. Obras escolhidas III: Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo. Trad. de J. C. M. Barbosa e H. A. Baptista. São Paulo: Brasiliense, 2010.
BENJAMIN, W. Escritos sobre mito e linguagem. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2011.
BOSI, A. O ser e o tempo da poesia. 8. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
COMPAGNON, A. Os antimodernos: de Joseph de Maistre a Roland Barthes. Trad. de L. T. Brandini. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.  
ESTEBAN, C. Crítica da razão poética. Trad. de P. A. N. Silva. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
JUNQUEIRA, I. A poesia é traduzível? In: Estudos Avançados (Instituto de Estudos Avançados da USP), São Paulo, nº 26 (76), 2012.
  *Suzel Domini dos Santos é Doutora em Teoria e Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de São José do Rio Preto. Dedica-se ao estudo crítico da poesia, sendo que sua produção científica se concentra, predominantemente, nas áreas de Poesia Brasileira, Poesia Contemporânea e Teoria da Poesia.  
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cris-figueiredo · 7 years
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Podes guardar o pão para muitos dias, ainda que o excesso de tua casa signifique ausência do essencial entre os próprios vizinhos; todavia, quando puderes, alonga a migalha de alimento aos que fitam debalde o fogão sem lume. Podes conservar armários repletos de veste inútil, ainda que a traça concorra contigo à posse do pano devido aos que se cobrem de andrajos; no entanto, sempre que possas, cede a migalha de roupa ao companheiro que sente frio. Podes trazer a bolsa farta, ainda que o dinheiro supérfluo te imponha problemas e inquietações; contudo, quando puderes, oferece a migalha de recurso aos irmãos em necessidade. Podes alinhar perfumes e adornos para uso à vontade, ainda que pagues caro a hora do abuso; mas, sempre que possas, estende a migalha de remédio aos doentes em abandono. Um dia, que será noite em teus olhos, deixarás pratos cheios e móveis abarrotados, cofres e enfeites, para a travessia da grande sombra; entretanto, não viajarás de todo nas trevas, porque as migalhas de amor que tiveres distribuído estarão multiplicadas como bençãos e tochas de luz em tuas mãos. (Meimei/ Do livro: O Espírito da Verdade).
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