Tumgik
#ele quer voltar eu sei que sim e nada nem ninguém me vai convencer do contrário
anditwentlikethis · 1 month
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he's just like me fr
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bts-scenarios-br · 3 years
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Sinopse: Você finalmente convence o seu namorado a te acompanhar na caça pelo chocolate quente mais perfeito da cidade - mas as coisas acabam não acontecendo bem do jeito que planejavam. 
Gênero: Fofo
Contagem de palavras:  2538
Avisos: Só para dizer que o imagine não está tão natalino assim, mas passa as vibes um pouquinho, então espero que aproveitem!
N/A: O ESPECIAL DE NATAL COMEÇOU! YAY! Bom, a partir de hoje, até o nosso tão esperado dia 24, nós vamos ter um imagine por dia, com uma vibe um pouco natalina, para darmos uma esquentada aí para o dia. Esse ano parece que voou, e eu acho que muitos de nós nem está tão empolgado assim para as festas de fim ano, por isso mesmo decidi trazer isso, para que vocês possam aproveitar a data pelo menos um pouquinho por aqui. Bom, é só isso, espero que gostem, e me desculpe por qualquer erro! Até mais!
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“Certo.” Você disse, pegando a sua bota por conta do frio que fazia do lado de fora. “Eu já tenho a lista dos lugares que precisamos ir, então só precisamos ver qual o caminho mais lógico para podermos ir em todos.”
“Onde está a lista?” Ele te perguntou, e você apontou para um papel na sua mesinha de cabeceira, ele se levantou e pegou ele em mãos, passando os olhos pela lista de cafeterias e feiras que vocês pretendiam ir naquele dia. “Tem muito mais lugar aqui do que eu imaginei”
“Eu inclui todas as feiras de natal que eu encontrei aqui na cidade, também.” Ele te olhou um pouco surpreso. “Eu sei, tem muitas, mas você sabe que as coisas feitas nesses lugares são as melhores, a gente não pode perder a oportunidade.”
“Okay, okay.” Ele colocou as mãos para cima como se estivesse se rendendo. “Mas é bom esses chocolates quentes valerem a pena.”
“Vão valer.” Disse orgulhose. “Mais tarde, quando nós estivermos tomando nossos chocolates quentes deliciosos embaixo das cobertas você vai me agradecer por ter te convencido a procurar comigo dessa vez.”
“Espero que sim.” Ele falou, rindo fraco e te puxando para um rápido selinho. “Eu acho que já sei qual o melhor caminho para conseguirmos ir em todos os lugares.” Olhou para o papel mais uma vez. “Está pronte?”
“Só preciso colocar meu casaco que está lá na sala.” Respondeu.
“Então vamos.” Você fez um barulho de comemoração e saiu na frente dele, que riu e foi atrás de você.
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“Isso, para aqui.” Você disse apontando para o encostamento da rua.
“Aqui?” O Jin perguntou um pouco surpreso, mas fez o que você disse. “A cafeteria deve ser há uns quatro quarteirões daqui ainda.”
“Eu sei.” Tirou o cinto de segurança assim que ele desligou o carro. “Mas lá não tem nenhum lugar para estacionar.”
“Que otimo.” Ele murmurou mal humorado, e você só sorriu e saiu do carro.
Vocês foram andando em silêncio por entre as casas e ruas até chegar na cafeteria. Assim que olharam para o pequeno lugar com os muros cor de rosa e diversos enfeites de natal, vocês grudaram os pés no chão.
As pessoas pareciam literalmente formigas entrando e saindo lá de dentro, se empurrando, trombando, e você tem certeza que ouviu alguns xingamentos vindo de algum lugar da imensa fila que estava do lado de fora.
“Como cabe tanta gente em um lugar tão pequeno?” O Jin disse, olhando indignado para a loja.
“Eu também queria saber.” Respondeu do mesmo jeito. “Olha, não para de sair e entrar gente, parece aqueles carros de palhaço!”
“Eu não acho que valha a pena enfrentar isso tudo só por um chocolate quente, amor.” O Jin falou, te olhando um pouco chateado.
“Mas esse é um dos melhores da cidade!” Choramingou.
“Exatamente, um dos, não quer dizer que é o único bom.” Ele passou um braço pelos seus ombros. “Tenho certeza que vamos encontrar um muito melhor em outro lugar, não se preocupe.”
“Tudo bem.” Você suspirou. “Acho que você está certo, é melhor irmos para outro lugar então.”
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“Já é na próxima rua, à esquerda.” Você falou, olhando as placas das ruas. “Essa é uma das confeitarias mais antigas daqui, e dizem que ninguém faz um chocolate quente tão bom quanto a dona.”
“Parece bem mais vazio do que a outra, pelo menos.” Ele disse, estacionando o carro há alguns metros do lugar.
“Nem me diga.” Concordou, saindo do carro, e começando a andar em direção à loja, que não era tão pequena assim dessa vez.
Assim que entraram no lugar sentiram que tinha alguma coisa de errado. Não encontraram um único cliente além de vocês, e as vitrines estavam praticamente vazias, apenas com um ou outro pão ou bolo, mas nada comparado às fotos que você tinha visto pela internet.
“Ah, bem vindos.” Um jovem que não parecia tão empolgado assim em estar lá disse, aparecendo atrás do balcão. “Posso ajudar?”
“Hã… sim.” Você disse um pouco confuse. “Nós queríamos pedir um chocolate quente, para a viagem.”
“Ah, foi mal moça.” Ele disse coçando a cabeça. “Nós não fazemos mais chocolate quente.”
“Por que não?” O Jin perguntou.
“É que quem conseguia fazer praticamente tudo desse lugar é a minha vó.” Ele suspirou. “Mas ela faleceu há algumas semanas atrás e não deixou receita alguma para trás.”
“Ela faleceu?” Você falou indignada. “Poxa, eu sinto muito, não sabia.”
“É, a confeitaria já não andava muito bem, tem muitos lugares novos que estão tomando conta da cidade agora, é difícil competir.” Ele falou um pouco chateado. “Era só o chocolate quente que queriam?” Pareceu um pouco mais animado. “Nós não somos tão bons assim sem ela, mas os bolos ainda são ótimos!”
“É, nós só estávamos atrás da bebida mesmo.” Disse, e o seu coração se apertou quando viu a expressão dele cair. “Mas esses bolos realmente estão com uma cara ótima, não estão Jin?”
“Com certeza.” Ele se inclinou um pouco para poder ver mais de perto. “Este daqui é do que?” Apontou para um qualquer na vitrine.
“Esse é de laranja.” O moço disse, voltando a se empolgar um pouco.
"Ótimo, eu adoro laranja.” Mentiu, sorrindo para ele. “Vamos levar então!”
O moço embrulhou e entregou o bolo para vocês com um sorriso no rosto, e vocês pagaram e agradeceram do mesmo jeito, saindo de lá logo em seguida, e fazendo uma promessa de voltar logo.
“Você detesta laranja.” O Jin disse assim que entraram no carro.
“Eu sei, mas ele ficou tão empolgado com o bolo que eu não consegui dizer isso.” Choramingou, olhando para a embalagem no seu colo. “Mas o bolo realmente está com uma ótima aparência, quem sabe eu não goste.”
“Se você gostar, a gente volta e compra outro.” Ele deu a partida no carro. “E se não gostar a gente volta e compra outro do mesmo jeito.” Deu de ombros, e você riu em resposta.
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“Aqui tem um estacionamento pelo menos.” O Jin disse, parando o carro no meio dos outros e descendo.
“Ainda bem que eu coloquei um sapato velho.” Se juntou a ele. “Isso aqui está uma lama sem fim.”
“Eu queria poder dizer o mesmo.” Ele suspirou, olhando para o tênis que ele tinha ganho pouco tempo atrás.
Você riu dele, e depois de receber um olhar bravo, começou a andar em direção a pequena feira de natal, o puxando pela manga do casaco. O lugar estava movimentado, claro, mas nada muito ruim. Começaram a andar por entre as pessoas, e enquanto ele ficava observando as diversas coisas que tinham para vender, você passava os olhos com uma rapidez impressionante pelas placas das barracas, procurando por um nome em específico.
“Alí!” Falou, quando finalmente achou o que queria, e literalmente começou a correr em direção ao lugar.
Não foi difícil você conseguir o tão esperado chocolate quente. O que foi difícil foi encontrar o Jin depois disso. Ele tinha se distraído com alguns artesanatos que tinha visto algumas barracas atrás, e nem mesmo ouviu você quando comemorou por ter encontrado o que estava procurando. Só percebeu que você não estava mais com ele quando se virou para perguntar o que achava de uma caneca e não te encontrou em lugar algum.
Vocês suspiraram frustrados antes de começar a procurar um pelo outro. A sorte de vocês é que o lugar estava ficando cada vez mais vazio, então não demorou muito para se encontrarem de novo. Assim que viu ele, você sorriu empolgade, e cometeu o erro de começar a correr mais uma vez, e foi aí que o desastre aconteceu.
No meio do caminho de onde você estava até o seu namoraodo, você não viu um leve desnível que tinha no chão e que tinha (por sorte) passado despercebido por você mais cedo. Sem nem mesmo ter tempo para entender o que estava acontecendo, você caiu de joelhos no chão, mas nem se preocupou com isso. A coisa que realmente te machucou foi ver o chocolate quente que tinha acabado de comprar e estava tão empolgade para dividir com o Jin cair no chão e se espalhar todinho.
“Não!” Você quase gritou, olhando para a sujeira no chão.
“S/N, está tudo bem?” O Jin correu até você, preocupado. “Você se machucou?”
“Não.” Choramingou, aceitando a ajuda dele para se levantar. “Mas eu derrubei o chocolate.”
“É eu vi.” Ele disse, se curvando e batendo a mão de leve nos seus joelhos para tirar um pouco da sujeira. “Mas você não se machucou, é isso que importa.” Voltou a te olhar, e suspirou por ver a sua cara de chateadede. “Você quer que eu vá lá buscar outro para você? Tem um banco ali na frente, pode ficar sentade esperando.”
“Não, está tudo bem.” Suspirou também. “Se isso aconteceu é porque não era para ser.” Disse de uma forma dramática, começando a andar de novo de volta para o carro. “Talvez esse chocolate quente estivesse envenenado, e o universo estava tentando me avisar.”
“Ou talvez o universo só queria te dizer para não correr sem olhar para o chão de novo.” Você o olhou com a testa franzida, e ele riu em resposta. “Vem, nós ainda temos dois lugares para ir, não podemos perder tempo.” Ele cruzou os seus braços no dele, e vocês voltaram para o carro.
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“Aqui não tem lama, já é um bom começo.” Você falou, saindo do carro e andando até o Jin.
“Que bom, porque eu sujei o tapete do carro.” Olhou para baixo, um pouco decepcionado. “E o meu tênis novo.”
Você riu e pegou na mão dele, começando a andar em direção à feira, que já estava começando a ficar vazia por conta do horário. Andaram lado a lado dessa vez, olhando pelos lados com mais calma do que na feira anterior. Pararam em algumas barraquinhas para dar uma olhada em algumas outras coisas, e sem nem perceber acabaram chegando no lugar que você tinha até mesmo esquecido que estava procurando.
“Senta ali, dessa vez.” O Jin disse, apontando para um banco perto de vocês. “Eu busco o chocolate, é mais seguro.” Ele piscou um olho e soltou uma leve risada, e você apenas revirou os olhos, mas fez o que ele disse e se sentou, observando ele entrar na pequena fila.
Não levou muito tempo para ele aparecer com dois pequenos copos na mão. Se sentou do seu lado e te entregou uma das bebidas quentes, e você sorriu só em imaginar finalmente poder beber alguma coisa naquele dia. Vocês encostaram os copos, como se estivessem brindando, e os levaram até a boca.
A reação de vocês foi instantânea. Assim que sentiram o líquido na boca, fizeram uma careta e o devolveram para o copo. Ficaram por alguns segundos com a língua para fora, pensando no que poderiam fazer para tirar aquele gosto horrível da boca.
“O que foi isso?” Você disse, ainda enojade.
“Foi a pior coisa que eu já coloquei na boca.” Ele disse, olhando feio para o copo. “Isso é qualquer coisa menos um chocolate quente.”
“É uma ofensa para os chocolates quentes isso aqui ser considerado um!” Se levantou, não pensando duas vezes antes de jogar ele fora na primeira lixeira que achou.
“Esse povo deveria ser processado.” Ele olhou feio para a barraca, que já estava um pouco afastada, já que já tinham começado a andar para irem embora. “Onde já se viu fazer uma propaganda enganosa dessas.”
“E as pessoas estavam dizendo que era o melhor da cidade!” Se virou para ele, falando com os olhos arregalados. “Esse lugar tem um sério problema com chocolates quentes.”
“Com certeza.” Ele disse, te olhando e rindo um pouco da sua expressão de indignação.
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“Mas só pode ser brincadeira.” Você disse assim que virou a esquina para a cafeteria.
“O que?” Ele disse, parecendo tão confuso quanto você. “Mas eu tenho certeza que estamos no lugar certo.”
“Eu também.” Suspirou, andando até onde estavam os restos da cafeteria demolida. “Eu vim aqui há apenas algumas semanas atrás, como que destruíram o lugar assim de repente?”
“Aparentemente.” O Jin falou, se aproximando de você e olhando para o celular, onde tinha pesquisado o que tinha acontecido. “Ela foi demolida há três dias atrás.” Ele te disse.
“Três dias?” O olhou indignade. “Então se a gente tivesse vindo aqui três dias atrás nós teríamos chego a tempo?”
“Talvez sim.” Ele deu de ombros, sentindo o peito apertar um pouco ao ver a sua cara decepcionada. “Não precisa ficar assim, vida.” Passou uma mão pelas suas costas, te fazendo um leve carinho.
“Deu tudo errado hoje.” Se sentou no que restava do muro do lugar. “Eu te fiz perder tempo o dia inteiro, e a troco de nada.”
“É claro que não!” Ele disse, se sentando do seu lado e te puxando para um quase abraço. “Nós fizemos alguém feliz apenas comprando um bolo de laranja, eu vi você levando um tombo no meio de um monte de pessoas, e tivemos o prazer de tomar o pior chocolate quente que existe." Você levantou o olhar para ele. “E o melhor de tudo isso, é que nós passamos todo esse tempo juntos, e meu dia não poderia ter sido melhor.”
“Acho que você tem razão.” Sorriu fraco, se levantando. “Eu ainda queria ter tomado um bom chocolate quente, mas acho que o dia valeu a pena mesmo assim.”
“Você ainda pode tomar um bom chocolate quente.”
Você o olhou um pouco confuse, mas então ele apontou com a cabeça para a outra esquina, onde tinha uma pequena mercearia, e você entendeu o que ele quis dizer, se virando para ele e sorrindo antes de irem em direção à pequena loja.
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“A gente deveria ter feito isso desde o começo.” Você disse, se sentando do lado do Jin no sofá e se ajeitando entre as almofadas e cobertas, mas com cuidado para não derrubar nada da sua caneca.
“Mas se a gente tivesse feito nosso próprio chocolate quente desde o começo não teríamos vivido tantas aventuras hoje.” Ele levantou uma sobrancelha, com um leve sorriso em lábios. “E nem conseguido esse bolo surpreendentemente incrível.” Levantou a outra mão que estava com um pedaço do bolo que tinham comprado mais cedo em um pequeno prato de sobremesa.
“Ele é realmente bom.” Concordou, dando uma mordida no seu próprio pedaço. “Nesse caso.” Disse com a boca cheia, e o Jin riu, também de boca cheia. “Um brinde ao nosso dia.” Estendeu a caneca na direção dele, que fez o mesmo e brindou com você.
Quando beberam o chocolate sentiram um grande alívio e conforto percorrer o corpo. Ambos soltaram um grunhido de satisfação e fecharam os olhos ao sentir o líquido morno descer a garganta.
“Isso está muito bom.” Ele falou, e você concordou com a cabeça. “Nós somos muito mais talentosos do que eu imaginei.”
“Com certeza.” Falou. “Acho que podíamos até vender ele.” Olhou para o Jin. “Do jeito que essa cidade está desfalcada de chocolate quente, acho que íamos lucrar.”
“Definitivamente.” Ele riu. “Se um dia der tudo errado nas nossas carreiras já sabemos o que fazer para sobreviver.” Completou, e você riu também, voltando a beber o chocolate quente.
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ccbrandao · 3 years
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Vacinar ou não vacinar. Eis uma não-questão
Há pessoas que falam num nível sonoro de propósito para que toda a gente ouça. Fazer isso com a ajuda da projeção que uma estação de comboios num túnel potencia torna quase impossível não ouvir o que não se quer. E o que não me apetecia ouvir era que “desde que começámos a usar máscaras, o número de infetados subiu” ou ainda o típico “a mim ninguém me apanha na vacina, as pessoas continuam a morrer na mesma e aquilo tem efeitos piores que a covid”.
Nessa altura, eu contava os dias para que a minha mãe recebesse a segunda dose e tinha passado pouco mais de uma semana de eu ter recebido a minha primeira. Se foi tudo imaculdamente perfeito tanto num processo como no outro? Claro que não. Se me passou pela cabeça não ser vacinada? Nunca. Se eu me julgo com a mínima legitimidade para me queixar? Nem por um segundo. A minha mãe tentou ir à “Casa Aberta” tomar a segunda dose, já que tinham diminuido o prazo entre tomas, mas voltou para trás porque não havia vacinas disponíveis. Teve que esperar até ao dia marcado.
Eu fiz o meu autoagendamento e recebi uma mensagem de confirmação apenas duas semanas depois. Felizmente, ligaram-me do centro de vacinação na Escola da Seara e pude ser vacinada no dia seguinte à chamada. Esperei uns quinze minutos, se tanto. Claro que há pessoas a esperar duas horas, ou mais, ao calor, à chuva. Mas sejamos humildes o bastante para reconhecer o esforço que tanta gente está a pôr no processo para que milhões sejam vacinados o mais rápido possível.
O pessoal que montou a operação logísitica praticamente de um dia para o outro, os assistentes e pessoal médico que foram retirados das suas funções, atrasando - e prejudicando, claro - o trabalho noutros locais. Antes de desatarmos a queixar-nos e a proferir insultos e reparos, lembremo-nos que ninguém está a fazer-nos um favor, ninguém nos deve nada. Pelo contrário, e felizmente foi isso que senti enquanto esperava aqueles trinta minutos no recobro, estamos todos a fazer a nossa parte (sim, eu sei que “todos” não é a palavra certa, mas já vou a essa parte da equação).
Enquanto olhava para o meu cartão com a data da segunda dose e via mais pessoas a chegar, muitos agora com a vacinação completa, pessoas com dificuldades de locomoção, pessoas a faltar ao trabalho, pessoas a deixar os filhos com alguém por uma horinha, senti-me parte de um processo muito importante. E senti que todos por ali sentiam o mesmo. Portanto, a todos os que desataram a mostrar nas redes sociais que já tinham sido vacinados: compreendo-vos, devem, sim, sentir-se orgulhosos e mostrá-lo ao mundo. Estamos a fazer a nossa parte, quais mosqueteiros, um por todos.
E somos nós que o estamos a fazer pelos outros todos que não se vão vacinar por opção própria. Segundo uma revista científica (aquelas fontes que, se todos nos baseassemos nelas, o mundo era mais fácil para toda a gente), por cada 20% de vacinados, diminui para metade a probabilidade de os não vacinados contraírem infeção. De nada, pessoas antivacinas. Cada um escolhe de que lado da história quer fazer parte.
Portanto, aceito que não queiram vacinar-se, que remédio. Mas não compreendo. Já me chegaram mil e um argumentos contra a vacinação e só o da fobia a agulhas é que me convence um bocadinho (uma fobia é um assunto sensível, vá).
O senhor da estação - que devia ter os seus 70 e alguns anos - diz que as pessoas continuam a ficar infetadas e a morrer mesmo depois de vacinadas. Tem razão. Mas, acredito, não terá visto as notícias que mostram como é nas faixas etárias mais baixas (ainda não vacinadas e, já sabemos, com os comportamentos mais perigosos para a propagação do vírus) que a doença mais tem crescido. E, com certeza, a memória não lhe permite voltar a janeiro deste ano quando, com mais ou menos os mesmos quatro mil infetados num dia, morriam 80 pessoas e não nove, como agora, além da impossibilidade de equiparar o número de internados. E dos 2,9 milhões de vacinados completamente, 0,1% terão ficado infetados. Mas quem quer saber de factos?
Lá o companheiro do senhor afirmava que era saudável, nunca tinha tomada vacina da gripe e nunca tinha gripe. Se eu lhe podia ter dito que havia ainda 10% de hipótese de ele infetar alguém que não a tem a sorte dele quanto à saúde, mesmo que essa pessoa tenha a vacinação completa? E que tomar a vacina diminui a carga viral em 40%? Podia. Mas ainda preservo a minha sanidade mental e discutir com quem acha que sabe mais que toda a gente não faz parte das minhas capacidades intelectuais.
Se calhar, além das fobias, ainda aceito o argumento das tromboses. É coisa para assustar. No entanto, se milhões de mulheres tomaram a pílula durante anos mesmo com essa ameaça em percentagens muito mais elevadas? Pois claro. E ninguém obrigou ninguém a nada, é um risco que decidimos assumir. Também querem dizer que são contra a pílula? (Não se preocupem, nem vou lançar o argumento do viagra, que até tem efeitos secundários mais alarmantes porque se começar com muitas estatísticas os antivacinas não olham duas vezes para a informação).
A Eurofound (Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho) terá feito uma sondagem para perceber a resistência à vacina conforme as condições socioeconómicas. Os números mais elevados encontram-se entre os homens, os desempregados, pessoas com o ensino básico ou secundário, e os que - pasme-se! - usam as redes sociais como fonte de notícias. Se estes querem continuar a enfiar zaragatoas nariz acima para fazer tudo e mais alguma coisa, para entrar em qualquer lado, tenho que aceitar. Mas não compreendo como não perferem a facilidade de mostrar um certificado de vacinação. É que, além de tudo, ser do contra sai mais caro.
Não sei muito bem se consigo mudar mentalidades quanto à vacinação. Sei que contribui com a minha pequena gota do oceano. E se isso impediu que uma única pessoa não tivesse morrido de covid-19, valeu o incómodo no braço, a dor de cabeça, o tempo de espera, valeu o arriscar tromboses e a ameaça de ter um chip no meu corpo (!). Se essa pessoa era antivacina? Terá valido ainda mais. Cada um escolhe de que lado da história quer fazer parte. E somos muitos, felizmente.
(Uma palavra de apreço pelas vacinas que o Governo português está a doar aos países de língua portuguesa. Como dizia o Vice-Almirante Gouveia e Melo: “Ninguém se vai salvar sozinho. Ninguém se vai salvar primeiro que os outros. Temos que nos salvar a todos, de forma unida. Só como comunidade é que nos salvamos. Os países ricos não podem pensar que, vacinando-se, ficam livres. O ser humano não é uma ilha”).
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vranye · 4 years
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    ৴ ♛ ˙ ˖  ━━       𝐈𝐆𝐍𝐎𝐑𝐀𝐍𝐂𝐄 𝐈𝐒 𝐀 𝐁𝐋𝐄𝐒𝐒𝐈𝐍𝐆    !        ❜   ≽
                                                  𝒏𝒊𝒌𝒐𝒍𝒂 𝒛𝒆𝒌𝒍𝒐𝒔
                                           (   𝙿𝙾𝙸𝙽𝚃 𝙾𝙵 𝚅𝙸𝙴𝚆 𝙾𝟷 )
Os pés doíam. Na verdade, tudo doía. As costas, os braços, a cabeça. Aquela parte da cidade era coberta por prédios e mais prédios antigos, de antes da calamidade, que foram reformados e transformados em fábricas, mas a reconstrução terminava por aí, já que as ruas ainda eram de paralelepido que machucavam o solado do pé enquanto andava pela rua de pedra. As outras dores eram devido a um dia de trabalho muito, muito pesado. 
Ela era responsável pela linha de produção de tablets. Ela sabia de trás pra frente, de cor e salteado como um daqueles aparelhinhos eram por dentro. Sabia conectar fios como ninguém e os olhos doíam de tanto esforça-los entre as lentes de aumento para construir, consertar e reformar até as peças mais danificadas. Era, para dizer o mínimo, irônico que ela passasse o dia inteiro rodeada de eletrônicos, que soubesse como usar aqueles dispositivos, mas não tivesse sequer um relógio de pulso para chamar de seu. 
Essa era a realidade dos Emsk e de tantas outras famílias que trabalhavam nas fábricas da zona industrial de Omsk 
--- Lilyia! 
A menina virou o pescoço para trás, dando de cara com o irmão mais velho que corria para alcançá-la. Estava tão exausta que até aquele simples movimento fez estremecer seu corpo inteiro.
--- Dima, vamos embora! 
--- Ta empolgada pra ver aquele programa ridículo, é? Você pode ser mais menininha? --- Provocou torcendo o boné cheio de fuligem em cima da irmã, fazendo chover pedacinhos pretos na mais jovem que estapeou o braço do irmão com a força de um moleque de rua.
--- Não precisa ver se não quiser! Não lembro de ter te convidado. --- A verdade é que ser a única menina entre seis irmãos homens fazia com que ela tivesse bem pouca feminilidade, ou espaço para se mostrar delicada. Ela sabia xingar, brigar, jogar bola, mas estava ansiosa como todas as outras pessoas do reino para ver como era a vida no palácio. Os vestidos, queria sonhar um pouco… Não era o tipo de coisa que seus irmãos entendiam. 
--- Como se tivéssemos uma televisão em cada canto da casa! Se você vai assistir isso pelos próximos meses isso quer dizer que todos nós vamos! --- Dava para ver, no entanto, que ele não tentava convencer a irmã a não assistir o odioso programa de menininha. Lilya normalmente não pedia muita coisa e todos os mais velhos se sentiam mal de lhe negar quando ela finalmente --- e pela primeira vez no que parecia ser muito tempo,  tinha reunido a coragem de dizer o que queria. --- Aqui, toma, peguei pra você.
O saquinho de papel pesou nos dedos da menina antes que ela tivesse sequer notado de onde vinha aquilo. Ela olhou primeiro para o irmão e então para o saco, tentando controlar um sorriso apertado. Sabia exatamente o que era. 
Kartoshka. 
Era um doce chique, chique demais para gente como ela, mas de repente todas as suas dores diminuíram e ela só pensava em chegar em casa e poder comer seu doce e assistindo o anúncio das Favoritas. 
--- Não me olhe assim. Aquela gente não ia notar se um sumisse. --- Roubo. Ele estava falando de roubo. Mas não era a primeira vez que Dima afanava uma coisa ou outra da sua estação, ele trabalhava na cozinha da casa do governador, não era nem sequer perto da zona industrial, mas eles sempre se encontravam para voltar para casa juntos. O hábito tinha raízes bem mais profundas do que apenas o companheirismo, mas sim porque andar sozinho naquelas ruas colocava um alvo nas costas de qualquer um e eles aprenderam a andar em bando desde muito novos. --- Agora guarda isso antes que alguém veja!
Liliya enfiou o saco dentro do bolso do casaco, tendo cuidado para não esfarelar o bolinho, quando os outros cinco apareceram. Stiva o segundo mais velho estava ladeado por Valya e Tolya, como sempre, os dois pareciam idolatrá-lo, e se fosse ser honesta, iria dizer que Stiva era realmente o mais bonito dos irmãos, embora Dima não fosse ruim de se olhar também. 
Mais para trás vinha Seryozha, os seguindo como uma sombra, o menor de todos, com apenas dezesseis anos.
Era sempre assim, Stiva e os gêmeos pareciam valer por uma dúzia, riam, gargalhavam, se empurravam e quando chegavam em casa, Lilyia tinha a frequente sensação de que tinha deixado o trabalho há horas e não há quarenta minutos. A casa era apertada, os meninos dormiam na sala enquanto a única menina dos irmãos dividia a cama de casal com a mãe. O pai… Bem, o retrato dele continuava perto da porta, uma versão mais velha e cansada de Dima, talvez quando a foto foi capturada ele não fosse muito mais velho do que Stiva era agora, mas não é como se alguém fosse fazer aquele comentário. Ninguém falava sobre o pai. Nunca.
Mama já havia posto o jantar na mesa, enquanto o único banheiro parecia ser invadido pelos rapazes, Liliya ia até a cozinha, buscando o abraço da mãe e então lavando a mão na pia da cozinha, sendo seguida por Seryosha em seguida. Liliya acha que ele era inteligente, parecia seguir as pessoas certas, mas era tão calado que era impossível saber. Eles tinham isso em comum, não falavam até que fosse absolutamente necessário, mas havia algo de tranquilo na presença do caçula, que não parecia se abalar com nada.
--- Como foi na fábrica hoje? --- Perguntou a mãe, os cabelos que um dia foram loiros como o sol, agora são uma mistura de cinza com branco e partes amareladas sem brilho. A maioria dos irmãos tinha puxado a fisionomia da mãe, apenas Stiva, Liliya e Seryosha pareciam uma cópia do pai. Os mesmos olhos castanhos, os mesmos cabelos grossos e escuros. Dava para ver o porque a mãe tinha tanto carinho por esses, às vezes ficava encarando-os por longos minutos, perdida em suas lembranças. Ninguém falava sobre isso também.
--- Tolya quase foi demitido! Conseguiu quase quebrar uma das máquinas de prensa. --- Acusou Valya.
--- Eu quase perdi o dedo! --- Se defendeu, horrorizado.
--- Do que ia te valer um dedo sem um emprego, seu animal?
--- Rapazes. Modos! --- Insistiu mama, enquanto servia-se de uma quantidade mínima de comida, era claro que ela sempre pegava menos para que os outros pudessem pegar uma quantidade mais generosa. Isso ficava evidente nas olheiras fundas e nas bochechas pronunciadas.
Ao invés de repreendê-la, Liliya, no entanto, fez o mesmo. Ela tinha um doce para mais tarde, não precisava de muito, de qualquer forma.
O jantar se deu de forma leve, todos rindo e contando das desgraças como se fosse divertido, quando o relógio da parede, uma coisa velha e antiga que tinha sido recuperada do lixo e consertada pelas mãos hábeis da menina, anunciou que já eram oito horas. 
Lilyia pulou de sua cadeira, ligando a TV da sala, era grande, parecia uma caixa, coberta por madeira para ficar no lugar, enquanto a tela apontava imagens preto e branca, tão diferente da imagem nítida e cristalina, com um milhão de cores dos equipamentos que ela tinha tocado aquela manhã. 
Boa noite, Moscóvia!
Saudou o apresentador. O homem alto, forte com aspecto militar que narrava o Favorado tinha sido ator em uma das novelas favoritas dela e de sua mãe. Era claro que o rosto bonito de Olesya Mirokhin tinha sido apenas um motivo para ela se animar tanto a ideia de um favorado. 
“Ah, isso me lembra do Favorado da minha época. Tão bonito…” Suspirou mama, se sentando na cadeira que ela tinha trazido da cozinha, enquanto os meninos começavam a montar os colchões no chão atrás dela.
“Shh” Pediu a menina, usando um garfo para conseguir ajustar o volume. Todos riram da empolgação dela, aos poucos terminando suas tarefas e ela pode finalmente escutar. Nisso toda a introdução do programa já tinha acabado. Liliya se levantou e buscando o casaco na parede, pegou o doce e dividiu com os irmãos, arrancando um olhar reprovador de Dima que também não negou seu pedaço. 
Agora com vocês: as Favoritas! 
Até os meninos, que faziam questão de dizer que não gostavam do programa, passaram a fazer silêncio para reparar nos rostos saudáveis, bonitos e cheio de vida que apareciam na TV junto com um cantarolar ao dizer os nomes de cada uma.
--- Caramba! --- Soltou, Valya. --- Parecem modelos!
Todos riram e soltavam comentários engraçados sobre cada uma das meninas. “Muito ruiva pra mim”, desdenhava Tolya, e até Sereyosha ria, empolgados para quando iriam dizer o nome da favorita de Omsk, não que isso a tornasse mais acessível, embora eles estivessem na província no momento (ou era o que Dima tinha comentado) isso era tão raro quanto dias de sol no inverno. 
Foi quando o rosto dela surgiu na TV. O rosto de Liliya. Claro. Era mais saudável, o cabelo parecia vinte vezes mais brilhante do que o dela, parecia até um pouco mais jovem do que ela, mas ela era. Uma versão melhorada dela. Os cinco irmãos se silenciaram. Não havia uma única risada no cômodo, talvez nem respirassem.
“Condessa Nikola Vladimirovna Zeklos, da casa nobre de Zeklos de Omsk”
A voz de Olesya parecia ainda mais de veludo agora, mas não parecia fazer sentido. Os olhos castanhos encaravam a TV assombrada, mas foi Kostya que disse alguma coisa
--- Caramba, ela é igualzinha a você!
Stiva levantou e puxou a TV da tomada e então saiu de casa, puxando o casaco e o boné consigo. Todos encararam a porta e só pararam de olhar quando ouviram o fungado baixinho da mãe, que chorava em sua cadeira.
Se existia alguma chance daquilo ser uma coincidência, bem, aquela chance tinha partido com Stiva pela porta e ela com certeza não iria voltar.
“Sinto muito!” Murmurou a mãe, limpando o rosto. Ela não sabia se queria saber pelo o quê a mulher pedia desculpa, se aquilo entraria no tópico de coisas que eles nunca falavam, mas aparentemente era algo que eles precisavam falar.
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martisa · 3 years
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Sinais de uma bruruxa de Alerta
Explicações porque elas são MUUUUUITO necessárias: Acho que essa é tipo a parte dois do trecho de conto em que aparecia o pai da Diana Bishop e a Diana Bishop então o contexto é que eu ainda estava muito no universo de A Descoberta das Bruxas, também estava lendo a lendária saga Letter Bound (por isso Charles não consegue chegar a tempo na reitoria, problemas com a biblioteca mágica) e a Eugenie e Alice são personagens de “É Proibido Ler Lewis Carroll”, um livrinho muito bacana que tinha um cara comilão que comia tudo e que poderia até mesmo comer a sobrinha (até onde sabemos, no sentido literal). Eu sei que é arriscado algumas escolhas de palavras, e Neide e referências a Jully Mourão (que também é citada no conto anterior “Segredinhos” como a mulher que quer acabar com o País das Maravilhas). Kitty e Neide são personagens fictícias (até onde sabemos) minhas, então não foram tiradas de nenhuma outra obra...
E o Edward que está dormindo na sala comum, adivinha quem é
segunda-feira, 13 de novembro de 2017 10:20:22
  Era sábado e estava muito frio, Kitty de Frizonne atravessava de um lado para o outro as ruas de Oxford, a cidade estava sem nenhum movimento por conta do show em Cambrigde, quando chegou na Christ Church College, o porteiro sorriu e a deixou entrar sem dizer nada quando ela mostrou o cartão que Camppell entregara a ela, então ela se dirigiu diretamente para a sala comum, ocupada no momento por Edward que estava tirando um cochilo, o estagiário Daniel e o próprio Valete da Corte Imperial, William, para ele estar nas Terras de Cima, algo muito sério estava acontecendo
-Es Kitty de Frizone, filha do marquês de Lancashire?- perguntava ele enquanto digitar sem parar em um laptop e Daniel passava um paninho na mesa, Edward roncava num sofá- vinda para a luta carrolliana ao reconhecer o chamado do livro?
-Alguém me explica o que está acontecendo?- pediu ela gentilmente, já sabia que polidez era tudo que precisava para lidar com os aliados, além de ignorar a importância que eles davam para reações diante de segredos que seriam terríveis se ela já não estivesse até o pescoço numa luta carrolliana, era um eterno ciclo vicioso, sempre voltava para as malditas reações
-Você sabia que a Ordem está por trás de toda promoção de Alice no País das Maravilhas desde que Camppell assumiu o poder, na verdade desde que o próprio Imperador veio até ele e disse o que era para ele fazer, toda manifestação carrolliana é apoiada em parte pela Ordem, nossa missão é manter o amor das pessoas pelo País das Maravilhas e assim manter a soberania do mesmo, mas parece que temos inimigos muito, muito apaixonados
-Ah, isso temos de sobra
-Se você for uma espiã, está morta
-Não sou uma espiã, o que eu tenho de fazer agora?- o próprio valete suspirou, ele parecia cansado, como se aquilo não fosse o trabalho dele e como se ele já estivesse de saco cheio de fazê-lo
-Ela não vai desistir nunca, e não é por ser brasileira, no fundo ela é má, muito má mesmo
-O que caralhos ela está fazendo agora e como posso ajudar a derrotá-la?
-Acontece que ela migrou com interesse em mortificação para quando Alice estava treinando seus poderes... seus poderes de bruxa
-Alice é uma bruxa?
-Não exatamente, mas não existe nada exato no nosso meio, não é mesmo? Alice nasceu com muito mais poderes do que qualquer bruxa seria capaz de dominar e é bem possível que mesmo em 100 anos de treinamento ela nunca consiga liderar todos, mas também é possível que a sabedoria sobre eles seja inerente a Beatrix- A história de Beatriz estava sempre sendo contada, era na verdade uma fada poderosíssima que aprisionada, como forma de fugir de um pretendente insistente ou derrotar não sei o quê, acabou virando uma flor milagrosa, tomada na gestação de Alice por sua mãe, a menina nasceu com muitos poderes, era incerto quantos, o treinamento dependia de sigilo, e claro, de um exército para parar Jully.
  -Sabe, eu já treinei uma bruxa?- disse Charles avaliando as próprias palavras- não era exatamente uma bruxa, mas não importa, eu a treinei a ajudei a controlar os poderes que eram muitos
-Estava na profecia do Reino de Espelho e nos sonhos do Rei Branco que a descendente de Rosa a ocupar o trono seria uma poderosa... fada?- eu disse ignorando que ele tivesse falando com Diana
-A Diferença básica entre fadas e bruxas são físicas, com exceções- ele explicou- mas Beatrix tinha asas, orelhas pontudas e.... bem, não é muito fácil diferenciar uma fada de uma bruxa de áurea clara
-Acho que ela se encaixa na categoria de humana com poderes de fada
-Segundo o Rei Branco, Rosa era uma bruxa, mas nunca soube ou liberou seus poderes- o rosto de Charles se iluminou- parte dos poderes de Alice é de Beatrix, a outra parte é de Rosa, por isto estava na profecia de que a descendente de Rosa seria uma... uma bruxa, deveria ser uma bruxa, está feito, Alice é uma bruxa- ele deu um veredicto, mas ele estava mesmo falando com Diana, ela olhou para ele tentando se lembrar da onde conhecia aquele rosto e porque ela tinha a sensação dele ser estranhamente familiar
-Quem é você?- ela perguntou
-Eu sabia quem eu era quando acordei, mas tenho me tornado um pouco de tudo desde então
-Alice é mais poderosa do que você?- perguntei, ele me olhou de forma sombria
-Ainda não
 A Reitoria estava naqueles tempos onde a estranheza tomava conta dos objetos inanimados ou animados, o vento fantasma balançava as cortinas com as janelas fechadas e batia as portas, os animais estavam agitados, a senhora Liddell ficava murmurando pelos cantos e na cozinha a comida salgava, o leite derramava, as crianças choravam, e Alice ria sem motivos e tocava os espelhos sussurrando encantos, o problema era que Mary de Castela teve de sair as pressas porque a sogra a chamava, a sogra pediu inúmeras desculpas ao império e eles entenderam que era um problema pessoal que não escolhia a hora para se manifestar, decidido que era de dar lugar aos novos e ao que ficaram esperando, Kitty e Eugênie Chignon chegaram a casa, Alice de Stiltelenon foi com sua preceptora e estava especialmente alegre de conviver com a verdadeira e com a idade dela, Eugênie sabia de tudo, ela só conseguia pensar em como deveria ficar trabalhoso sua profissão depois que adicionara o “comer a sobrinha de forma que ela sobre... ou não” a lista de coisas que o irmão maluco da patroa poderia fazer, foi por isso que ela trouxera Alice, para não ter que se preocupar com isso, mas desastrada que era, não levou em conta o perigo original, mas não era isso que viemos relatar, Kitty não tinha os olhos de Mary de Castela, mas sua observação a nível C.S.I. compensava, sem contar que ela era ótima e rápidas nas mentiras, o desastre de Eugênie serviriam para atrapalhar possíveis cenas de crime e desviar o foco, até a preceptada Alice americana teria seu papel, de isca e espiã
14:18:22
 -Esta é a sua cama, senhorita Welrush, faça-,me o favor de não sujar os lençóis
-Eu não vou sujá-lo- disse ela ofendida
-É bom mesmo, estamos sem sabão em pó e vanish, e ninguém aqui quer voltar a usar vermelho como no ano passado- dito isso a Mary Ann saiu
 * Irritabilidade ou agressividade excessiva
  Todos nós estamos sujeitos a querermos arrancar a cabeça de um pelo menos uma vez na vida, essa é grande verdade, mas enquanto não podemos, ficamos irritadiços, é inerente a condição de ser vivente se estressar e se irritar, bruxas ou coisas parecidas costumam não serem diferentes nesses aspectos, e o primeiro sinal de que o universo tende a ver a irritação de uma bruxa como hora perfeita para se alterar, se coincidiu com a chegada de uma velha amiga de Jully a reitoria, uma mulher mal amada e cuja única missão na terra é fazer o que Jully pedir com drama fingido, era uma assistente social aposentada e pronta para
-É melhor não aceitarmos nem ninguém- disse Lorina com dor de cabeça- não sei para qual empresa estava dizendo sim quando deixei um monte de mulheres estranhas entrarem na minha casa
-Eu trago referências da camareira que partiu- imaginamos que Jully envenenara a antiga camareira
-Então você veio assumir o lugar da camareira? Olha, eu não sei tudo sobre omissão, mas sei que devo checar a sua posição antes de colocá-la no papel de checar meus lençóis e os lençóis da minha família- infelizmente a velha Neide tinha em mãos uma cópia falsificada das referências de Camppell, como Alice não  tinha total controle sobre todas as pessoas que trabalhavam para eles (não era o dever da imperatriz tomar conta desses detalhes), Kitty era nova demais para saber e Eugenie também era relativamente alheia (já que viera da America), sobrou a intuição de bruxa de Alice que não gostou de não saber, e ao ver que não poderia convencer a mãe de que a estranha não era confiável, foi acometida do que no universo de Diana chamariam de Ira de Bruxa, uma tempestade com todas as suas propriedades varreu a casa, como era a terceira vez que acontecia desde que a menina descobrira seus poderes, Lorina nem ligou
-O que está acontecendo?
-Alguém está muito irritado com alguma coisa- disse Lorina erguendo a voz para a filha ouvir- não pense que só porque seus chiliques envolvem magia que as regras mudaram, se você me danificar alguma coisa, vai apanhar duro!!!- Neide, ignorando a magia empregada em um sinal, típico de quem trabalha a anos com Jully utilizando sempre o mesmo método para conquistar impérios mágicos, procura com o olhar a formadora do vento e de suas coisas
-Qual de suas filhas é responsável por isso
-Quem mais? Alice
 Os galos (nem eram tantos, mas vamos considerar que eles tinham suas próprias galinhas) cantavam o tempo todo e ao mesmo tempo, enquanto Eugênie aprendia com a patroa quais era o horário da casa e tudo mais que uma preceptora deve aprender, Alice Welrush enchia Alce Liddell de perguntas, embora esta não estivesse para conversa e temia os próprios poderes, evitava passar em frente dos espelhos e encarar o Rei Branco insatisfeito por ela ainda não ter assumido o reino
-E o cara que criou tudo?- perguntou Welrush com aquela animação guardada de tiete controlada
-Você quer dizer o senhor Dodgson?- perguntou Alice, tendo decorado a maneira de se referir ao cara que criou  tudo na frente de quem se referia a ele como o cara que criou tudo
-Sim, ele está aqui
-Está viajando
-Ah
-Mas deve voltar amanhã de manhã e certamente passará aqui
-Você pode me levar ao País das Maravilhas?
-Não é seguro, pelo menos não até... até eu saber quem é essa tal de Neide, ela parece aquelas velhas fofoqueiras, eu não estou gostando dela
-Porque não é seguro?
-Eu...  Eu realmente não quero ir lá agora... não sozinha- Alice tinha a certeira sensação de que não era nem um pouco seguro deixar seu habitat humano aos cuidados de Kitty e Eugênie com aquela mulher lá dentro, ela ainda não havia chegado nesse módulo, mas bruxas pressentem a presença de outras bruxas, Alice só não tinha certeza de que Neide era uma bruxa e foi ter com ela, encontrou a na lavanderia, sozinha, analisando minuciosamente lençol por lençol
-A gente geralmente lava tudo ao mesmo tempo e acrescenta umas duas garrafas de Oxigênio Ativo- se Neide era enviada de Camppell ela certamente tinha que saber dessas coisas, mas a mulher demonstrou surpresa
-Duas? Tudo isso
-Você é uma espiã- Alice apontou, é claro que ela ficou com raiva, é claro que esse tipo de coisa a deixou irritada, afinal, uma espiã dentro da casa dela, uma espiã inimiga era o cúmulo-Saia já daqui ou eu vou chamar o Camppell!
-Calma Alice, eu não sou uma espiã- disse Neide com jeito brando e passível de plantar dó- eu só queria um emprego e estavam oferecendo uma vaga para trabalhar aqui, mas tinha que ter referências da Ordem, eu fui até Camppell e pedi referências como arrumadeira, mas quando cheguei aqui sua mãe disse que já tinha arrumadeira e só faltava camareira- como Alice não ouviu toda a conversa dela com a mãe lhe deu o benefício da dúvida
-Alguém que tem referências de arrumadeira não pode pegar o emprego de camareira
-Mesmo quem tem referências dignas de  C.S.I.?- e Neide piscou, Alice começou a ficar confusa
-Porque analisava os lençóis?
-É muita emoção estar trabalhando para você- Welrush apareceu entre os lençóis e já ia puxando Alice para uma partida de croquet emocionante no quintal quando Alice se desvencilhou e olhou dentro dos olhos da rival, que estava bem claro que não era uma bruxa
-Se você nos trair, cortaremos sua cabeça e a penduraremos em uma estaca na frente do palácio, Jully Mourão pode escapar, mas não quem ela manda- dito isso se virou e foi
-Estava falando sério?- perguntou Welrush
-Claro- Welrush percebeu que nem tudo eram flores no País das Maravilhas e que a própria Alice tinha algo de Rainha de Copas, tanto que quanto terminou, tendo perdido por estar tensa, uma tempestade irada desabou no jardim, e Alice ficou no centro, sem se molhar, apenas irradiar um fogo invisível de irritação
-Esta tempestade está bem agressiva, não?- perguntou Neide de dentro de casa para Eugênie e Kitty, Kitty se atentou na hora, ela era observadora
-Não é assim que se fala, se você realmente veio com uma carta de referência de Camppell, aconselho a medir bem as palavras para não parecer que está a enumerar sinais, caso contrário, as conseqüências podem ser terríveis
-Me perdoe, é que é assim que falamos da onde eu vim- disse Neide, mas murmurou só para si- mas que está agressiva está.
 ·         Comportamento arredio
 O dia seguinte veio, a casa continuou muito estranha, Welrush tinha aula de história com Eugênie e Kitty escrevia uma carta para Camppell, Camppell, Charles e alguns outros havia viajado a negócios para a Escócia e só retornaria na próxima semana, menos Charles, que chegava, ou deveria chegar naquela exata hora, mas como se enrolou na biblioteca mágica na dimensão de Lacey, atrasara o que deixara Alice apavorada, com medo de que sua instabilidade fosse notada, subiu ao sótão e passou todas as horas do dia estudando e revisando o que eles já haviam estudado, tanto na teoria quanto na prática, com coisas pequenas, é claro, e não permitiu que ninguém a interrompesse, por horas a fio, nem uma de suas irmãs, nem Welrush, Eugênie, Kitty ou qualquer umas das Mary Anns amigas, Neide se aproveitou da possível ignorância e adentrou o recinto quando ela estava testando seus feitiços de evaporação, logo que não viu ninguém, começou a procurar pelos cantos, Alice foi aparecer no canto oposto
-Eu odeio ainda não ter poder sobre o tempo e as verdades, mas Charles me disse que meu cérebro ainda está em formação- e ela ficou esperando qual das duas informações Neide iria comentar primeiro
-Você o chama de Charles sempre?- interessante, com aquilo poderia alegar que era da mesma época e só estava sendo pertinente quanto a questão da etiqueta e preocupada com ela própria, mas mesmo assim Alice não se convenceu
-Você concorda com ele?
-Bem, não sei- como era paradoxal o que aquela mulher revelou ao mentir que não sabia sobre uma coisa que teoricamente ela teria muito que explicar a Alice
-O que você acha sobre Magia?
-Acho que ela deve ser usada para o bem
-O que é o bem para você?
-Partilhar....- ela disse com um sorriso satisfeito, Alice teve um calafrio, aquilo não podia acabar bem- porque não vai lá fora mostrar seus poderes para sua família e suas amigas
-Eu não treino meus poderes para fazer show para a minha família e meu pai nem desconfia que eu sou uma bruxa, isto é para o meu desenvolvimento pessoal e técnica de defesa contra o mau
-Quem quer te fazer mal?- perguntou a psicóloga Neide, Alice sorriu, conseguiu fazer a mulher se trair
-Quem diz não saber se meu cérebro em formação não está preparado para a magia da mente, em níveis herméticos, mas que na verdade sabe e só não diz por um motivo muito, muito paradoxal, se dizer, deixa de fingir que não sabe e não pode mais me mostrar o que sabe, e ao mentir que não sabe, não me diz o que sabe- Neide riu, debochando de toda a lógica da menina
-Você é uma menina fascinante, Alice e muito inteligente
-Eu acertei
-As vezes o mau vem da onde a gente acha que está vindo o bem-  Alice teve uma tontura e torceu para que Neide não tivesse percebido, mas Neide sorriu amargamente
-Você está bem?- ela inclinou a cabeça e levantando as sobrancelhas o que sempre fazia quando ia dar uma resposta sarcástica
-É muito cedo para isso, Neide- e saiu rindo de nervosa
-Concordo- o tom da voz de Neide fez a espinha de Alice gelar- Você passou o dia inteiro sem integrar-se com as pessoas ou interagir com alguém
-Já basta- Alice virou-se com fúria e lançou um feitiço em Neide, mas ela rebateu com um bloqueio simples e choramingou
-Para com isso, eu não sou espiã, estou aqui pelo seu bem
-Uma hora você não vai suportar mentir para si mesma e sua essência se expurgará como o pus de uma ferida pressionada!- Alice falou naquele tom de voz com que as bruxas lançavam maldições e se trancou em seu quarto.
 ·         Choro fácil e freqüente
  Alice passou o jantar trancado no quarto e chorando, a mãe e as irmãs estavam acostumadas e indiferentes as estranhezas daquela reitoria, nada nunca mais foi o mesmo, mas tudo permaneceu como antes, logo depois do jantar batidas violentas vindas da porta da frente causou uma imensa correria, a noite lá fora chovia como as lágrimas da bruxinha, e como no imaginário popular alguém só bateria a porta para entregar um bebê, todos queria encurtar a exposição da criança a água, mas era o carteiro entregando um telegrama para Alice, ela veio receber pressentindo tudo do quarto, as vezes os poderes vinham, as vezes iam, e então ela pegou e leu
“(para Alice)
Não poderei voltar pelos próximos 3 dias, fiquei preso em alguns acontecimentos da biblioteca envolvendo Charlotte Brontë e outras coisas, espero que esteja tudo bem, se não estiver, mande mensagens ou vá para o Espelho até eu ou Camppell chegar, (despedidas e saudações, sim, eu estou alterando detalhes para postar no Tumblr)
(Dodgson, quem mais?)
Os. Revise o que aprendemos nas aulas passadas
 Alice desmaiou, ela não podia ir para o Espelho, sentia que se abandonasse seu posto, Neide traria a polícia para dentro de sua casa, ela acordou na cama com Neide conseguindo informações de sua mãe, Lorina ainda achava que podia confiar em Neide então ela irrompeu a porta do quarto no exato momento que ia dizer que era amante de Charles
-Preciso falar contigo, mãe, agora
-Eu já estou indo
-Agora
-Não me diga o que fazer
-Então eu digo aqui, não acredite nessa mulher, por favor, ela é má
-Alice...- disse Neide naquele tom evocador de pena- já disse que pode contar comigo- isso provocou pânico na pequena
-A senhora ouviu o que ela acabou de dizer? Onde estava com a cabeça de abrigá-la dentro de casa
-Para mim ela parece confiável, Alice, peça desculpas
-O que está acontecendo a senhora? Porque não percebe que simplesmente há algo de muito errado com ela
-Acho que sua mãe percebeu que há algo errado, Alice- disse Neide, Alice prendeu a respiração, Neide não era uma bruxa, mas tinha conhecimento de magia o suficiente para controlar pessoas, infelizmente Alice só viu aquilo naquele exato momento, sua mãe estava enfeitiçada de um modo que ela não conseguiria reverter sem ajuda de Charles, então evaporou e pareceu na frente de Kitty
-Neide enfeitiçou mamãe, estamos sozinhas, com uma bruxa
-Acho que ela também enfeitiçou suas irmãs e seu pai, não disse nada porque você se reclusou
-Não me julgues, aquela mulher estava me deixando louca e agora...
-O que faremos, imperatriz?- perguntou Kitty, Alice se viu, pela primeira vez, sozinha e responsável por um problema na Terram algo que saiu completamente do controle
-Como assim está todo mundo enfeitiçado, e a gente?
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E aí acabou aqui
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crestomanci · 4 years
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Anastacia é uma dhampir de 14 anos, filha adotiva de Mark e Oksana e que sempre quis saber sobre sua história e família biológica. Notas da História: Essa é uma história que começa em Promessa de Sangue (Blood Promise). Ela não altera nada significante da história original criada por Richelle Mead e tem como objetivo apenas fechar alguns assuntos que ficaram abertos nos livros.
Capitulo 1
               Anastacia
  Ela estava procurando alguém.
  Bem, todos ali estavam à procura de alguém ou alguma coisa, mas ela estava procurando alguém com urgência. Todas as noites ela chegava no Nightingale e apenas observava. Se ela estivesse ali para se unir as outras dhampirs, ela já teria tentado. Se ela quisesse flagrar algum Moroi, eu conhecia os frequentadores o suficiente para saber que ela já teria feito. Mesmo assim ela vinha todas as noites e ficava esperando por alguém. Eu honestamente ficaria aliviada se ela simplesmente desistisse e fosse embora, afinal, já era ruim o suficiente que eu parecesse nova demais para estar naquele lugar e mesmo assim eu conseguia disfarçar bem. Quer dizer, na maior parte do tempo eu estava sempre no armazém trazendo as bebidas, levando o lixo para fora ou cuidando do armazenamento dos produtos e eu quase nunca estava ali depois da meia noite. Além disso, eu prendia meu cabelo e colocava maquiagem o suficiente para parecer ter pelo menos 16 anos ou até mesmo 18. Graças aos bons genes de dhampir eu já tinha o corpo desenvolvido o suficiente para isso e na maioria das vezes eu me mantinha ali o mínimo possível. Era raro quando eu precisava ficar além da meia noite para ir buscar ou levar algum alimentador ou guiar algum dhampir que precisasse de ajuda.
  - E ai, Ana? Já descobriu o que a novata quer aqui? – Yuri me perguntou e eu percebi que já estava encarando a estranha há muito tempo.
  - Não, mas também não é da minha conta. Agora se ela se tornar uma das outras mulheres... aí eu vou precisar ajudar – suspirei tentando não revirar os olhos.
  - Então... – ele começou o que eu já sabia que terminaria com uma cantada ou um convite – amanhã é a sua folga e eu vou sair mais cedo também, se você estivesse livre, nós poderíamos...
  - Eu não posso esperar que você termine o seu turno, Yuri... Se minha mãe desconfiar dos meus horários novamente, ela vai fazer perguntas e não é isso que eu quero. – menti.
Eu realmente me sentia cansada para lidar com desculpas razoáveis.
  - Tudo bem, eu entendo... – ele disse enquanto pegava uma bandeja com bebidas e ia servir alguma mesa.
  Voltei para o armazém peguei as sacolas de lixo para levar para fora, dando uma boa olhada antes para ver se eu sentia algum perigo. Sentir algum perigo no meu caso era sentir se um Strigoi estava por perto ou não. Desde pequena, eu e meu pai conseguíamos sentir a presença de Strigois – com um grande acesso de enjoo, eu devo acrescentar –, mas isso era uma algo muito útil.
  O bar era sempre cercado por guardiões além dos guardiões que seguiam os seus Moroi, mas eu sempre me mantinha em alerta, em partes por que eu era uma dhampir e tinha a ideia de me manter em guarda praticamente dentro de mim, por mais que eu odiasse e eu realmente odiava isso. “They come first”. Era tudo o que os dhampirs aprendiam desde a pré-escola. Eles eram criados para a batalha, para o combate físico, para se sacrificarem pelos Moroi. Bem, eu não poderia estar mais agradecida a minha mãe que me criou longe de toda essa paranoia absurda.  
   Levei as sacolas e senti a outra sensação com que eu estava acostumada: ser puxada para dentro da mente da minha mãe. Ela estava lavando a louça enquanto meu pai retirava os pratos, o que era o comum, mas ela olhava constantemente o relógio e eu senti que ela ansiava para que eu voltasse para casa. Fazia exatas três semanas desde que eu havia voltado a trabalhar na cidade, três semanas desde que nós discutimos e eu resolvi que voltaria a trabalhar aqui. Não é como se ela não pudesse vir aqui e me obrigar a voltar para casa, mas ela entendia o quanto eu estava chateada e eu não me sentia a vontade para voltar para casa, pelo menos por enquanto. Eu sentia falta dela e do meu pai todos os dias, mas saber que eles me dariam privacidade e espaço era a melhor coisa do nosso relacionamento de pais adotivos-e-filha ovelha negra. Essas minhas fugas começaram quando eu tinha 10 anos e de toda forma, eu sempre voltava para casa depois de um tempo. Eles sabiam disso e contanto que eu ligasse todos os dias, eles respeitavam e me davam esse espaço. Sai da mente dela assim que pude e voltei para o bar para avisar a Yuri que eu terminaria meu turno mais cedo. Eu precisava ligar para minha mãe e acalma-la o máximo que eu conseguisse. Quando voltei, vi que a estranha que eu estava observando, estava com uma expressão mais abatida do que a que ela já costumava ter no final da noite, exceto que para todos desse bar, esse era o começo da noite.
   - Hey, você estava certa. A novata está procurando alguém. Um homem. E ela quer saber onde fica a Baia. – Yuri me disse como uma cerca excitação. – E então? Você quer que eu pergunte mais a ela? Quer que eu leve ela até lá? Você podia dar uma ajuda a ela e conversar...
   - Yuri, você sabe que eu não posso levar alguém até a Baia desse jeito. Não sei quem ela é. Não sei o que ou quem ela quer encontrar e enquanto eu não tiver motivos para realmente ter que ir conversar com ela, não vejo porque eu faria. – dei de ombros e esbocei um sorriso tentando amaciar o que falei.
   - Bem, você não precisa sentir ciúmes... não é como se ela fosse mais bonita que você ou como se eu estivesse interessado nela...
   Ah, não.
   Às vezes eu me perguntava o que aconteceria se eu fosse até a policia e prestasse uma queixa contra Yuri por abuso no ambiente de trabalho e pedofilia. Talvez isso o fizesse parar de investir todos os dias em cantadas baratas e galanteios que me faziam revirar os olhos internamente, mas então eu lembro que isso me faria ser demitida porque afinal sou eu que tenho 14 anos e estou trabalhando em um bar. E não era isso que eu precisava ou queria de toda forma.  Yuri tinha 19 anos e era um dhampir magro, porem de músculos definidos como qualquer outro, com cabelos e olhos num tom de marrom escuro. Ele trabalhava ali desde os 16 e toda vida em que eu chegava à cidade e vinha procurar emprego aqui, era ele que me ajudava a convencer o gerente, para que eu voltasse.
   - Mesmo assim – eu tentei sorrir o mais convincente que podia – não tenho motivos para leva-la até lá e até que eu os tenha, é melhor eu me manter distante. Seria melhor se ela resolvesse voltar para onde veio e se manter fora de problemas aqui.
  Me despedi de Yuri pegando meu pagamento diário e dei uma ultima olhada no ambiente e na estranha. O bar parecia estar começando a mesma agitação dos fins de semana, dhampirs entrando e saindo, guardiões em alerta, Morois sendo... Morois. Okay, nem todos eram assim, mas digamos que cerca de 95% dessa raça insistia em ser tão uteis quanto uma parede. Totalmente focados em suas vidas fúteis e sem se preocupar com nada além de gastar suas fortunas com bloodwhores. Bloodwhores era um tabu entre o nosso mundo, mas nos lugares que eu frequentava era quase algo comum.  Oferecer o próprio sangue para o parceiro no ato sexual não parecia algo muito erótico – e muito menos higiênico – mas a mordida dos Moroi dava um prazer indescritível, algo como uma droga pacificadora. Então todas as noites essas mulheres apareciam para se tornarem parceiras e refeições – de duplo sentido – dos Morois, por dinheiro ou simplesmente por serem viciadas nessa sensação.
  Desativei o alarme do carro e ao entrar percebi que estava ficando com fome, então ao invés de tomar o caminho para casa, resolvi dirigir pelas ruas até que eu achasse algum restaurante que eu gostasse para pegar algo para comer no caminho. Eu havia aprendido a dirigir nos momentos pai e filha que tinha com Mark, nas tardes de domingo. Claro, minha mãe era completamente contra, mas ter isso entre nós tornava esses momentos ainda mais especiais. Enquanto descia uma das muitas ruas iluminadas e com diversos cheiros de diferentes culinárias que só faziam minha fome piorar, eu vi o carro de Sydney estacionado em um restaurante, mas sabia que ela não estaria ali e sim andando pela noite e pensei em comprar algo para que ela também pudesse comer, já que pelo visto ela faria hora extra hoje. Sydney era uma alquimista, pelo o que ela havia me falado. E não é como se fossemos amigas ou nos falássemos com frequência. Ela tendia a achar que eu era uma criatura maligna por ser uma dhampir e eu tendia a não odiar ela por ser a única pessoa que estava presa a esse lugar tanto quanto eu.
  Ela estava em missão para outros alquimistas, uma espécie de estágio e estava tendo trabalho limpando corpos de Strigois que estavam sendo deixados com frequência pelo caminho por alguém e até realmente ter visto ela fazendo isso, eu nem sabia que uma morte de Strigoi era algo a ser limpo. Ela usava componentes químicos para evaporar o corpo e eu achava isso bem foda. Uma vez perguntei se ela poderia me ensinar como fazer isso e embora ela tenha dito que o meu trabalho deveria ser mata-los e não se livrar do corpo deles, ela me disse os componentes e me deu seu contato para que se eu visse algum corpo me mantivesse avisando a ela.
  E isso era o mais próximo de uma amizade que eu tinha. Não é como se eu fosse antissocial ou não tivesse amigos porque ninguém se aproximava de mim. Na verdade eu era quem não me aproximava de ninguém. Não sem motivos. O problema é que amigos faziam perguntas e eu não gostava de falar sobre a minha vida para ninguém. Com Sydney era fácil porque nós sempre estávamos nos esbarrando por aí, mas sempre tentávamos nos manter a uma certa distancia também. Maioria das coisas que eu sabia sobre ela vinha de observações que eu tinha feito e a outra parte vinha de raros momentos em que eu achava um corpo, ligava pra ela, esperava que ela chegasse e limpasse o corpo enquanto nós trocávamos algumas palavras. Acho que ela também sentia falta de alguém para conversar, mas ela tinha suas crenças distorcidas e eu sabia que era por isso que eu gostava de conversar com ela: poucas palavras, poucas perguntas, o mínimo de informações pessoais possíveis.
  Me mantive pensando sobre isso enquanto eu pagava pela comida, agradecia e ia para fora do restaurante, andando por um tempo pela cidade e protegendo a comida junto ao meu corpo, aproveitando o calor que trazia para mim. Enquanto minha fome aumentava eu procurei por ela até vê-la falando com alguém que eu não esperava: a estranha do bar.
Elas pareciam estar discutindo e eu me perguntei se elas já se conheciam.
  - Olha, você não pode simplesmente fazer isso, ok? Você sabe que saco é para eu lidar com isso? Esse estágio é ruim o bastante sem que você faça bagunça. A polícia encontrou o corpo que você deixou no parque. Você nem consegue imaginar quantos favores tive que pedir para cobrir aquilo.
  Wow! Então ela era pessoa que tem deixado uma trilha de Strigois? Eu cheguei atrás de Sydney que percebeu minha presença e deu um passo para o lado. E sendo assim eu aproveitei para dar uma boa olhada na estranha. Tínhamos a mesma altura, mas ela tinha cabelos negros e longos, olhos castanhos e pele bronzeada deixando bem claro que ela não era daqui. Embora ela estivesse pálida devido a algum esforço ou cansaço físico, ela era bonita e parecia uma guardiã; sempre a um segundo de por a mão na estaca e matar um Strigoi.
  - Quem... quem é você? – ela perguntou, é claro que a primeira coisa que ela notou foi que a Sydney era uma humana falando sobre Strigois, essa também foi a minha primeira reação.
  - Sydney – ela respondeu, com a mesma impaciência que eu já havia me acostumado. – Meu nome é Sydney. Eu sou a Alquimista designada para cá.
  - A, o que?
  Eu tentei não soltar um risinho
  - Sydney, não é como se todo mundo soubesse da existência de vocês, lembra?
  - É claro. Isso explica tudo.
  - Não, na verdade não. – disse a estranha que por um momento parecia confusa, mas depois de me ver tentando não rir dela se irritou – Na verdade, eu acho que é você que tem muito a explicar.
  - E a atitude também. Você é algum tipo de teste que eles mandaram para mim? Oh, cara. É isso. – ela suspirou alto.
  - Eles podem fazer isso com você? – eu me meti, perguntando sobre a sociedade enlouquecida que Sydney fazia parte.
  - Ah, eles podem fazer muita coisa se acharem que eu estou falhando na missão que me deram. O que graças a você – ela disse encarando a estranha – é o que parece que está acontecendo!
  - Olha, eu não sei quem você é ou como você sabe sobre essas coisas, mas eu não vou ficar parada aqui e -
  Eu senti antes mesmo de entender o que estava acontecendo, veio como um soco na barriga e quando eu olhei para a estranha, ela também parecia ter recebido a mensagem: Havia um Strigoi por perto.
  - Qual é o problema? – Sydney perguntou, sem entender.
  - Você vai ter outro corpo para lidar – ela respondeu.
  E então o Strigoi atacou.
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Tentativas iniciais
Este é o começo de uma história que não é boa, bonita ou engraçada. Também não é ruim, miserável ou triste. Este é o começo – e apenas o começo – do que é uma história. Vocês sabem o que o dicionário diz sobre o significado da palavra “começo”? “Primeiros ensaios ou experiências; tentativas iniciais”. Eu, particularmente, gosto mais das tentativas iniciais. Porque é exatamente aí onde quero chegar: no meu começo. E, no meu começo, não penso sobre o início da vida através do nascimento. Ninguém começa a viver quando nasce. Nós só começamos a viver quando chegamos, finalmente, no significado da palavra começar: nas tentativas iniciais. Este é o começo do que foi o fim de uma vida que nunca me serviu.
Sejam bem-vindos ao melhor-pior momento das minhas tentativas iniciais.
Foi o meu primeiro beijo. Não, não literalmente o primeiro beijo. Mas foi o primeiro, sim, de muitas maneiras. Foi a primeira vez em que eu beijei alguém que eu amava. Foi a primeira vez que eu beijei alguém que tremia de excitação e nervosismo e ansiedade e todos os sentimentos do mundo, todos eles juntos, assim como eu. Foi a primeira vez em que eu beijei alguém que não fosse diferente de mim. Foi a primeira vez em que eu beijei uma igual.
Também foi a primeira vez em que arrisquei fazer algo por mim.
Aquele beijo tinha sido um divisor de águas, mesmo que eu não soubesse disso naquela época. E, olha só, mesmo que tudo tenha dado completamente errado depois, aquele beijo ainda tinha valido a pena. Ah, sim: tudo deu errado depois. Não depois do beijo. As coisas ainda funcionaram por algum tempo. Pouco tempo. Três meses, para ser mais exata. E depois disso… Bom, eu vou chegar lá.
É engraçado, mas eu preciso falar disso. Preciso contar sobre como antes de tudo dar errado, tudo deu certo, e que antes de tudo dar certo, tudo estava errado. Tenham em mente que o sofrimento é o intervalo entre duas felicidades, certo? Obrigada pelas palavras, Vinícius de Moraes, eu concordo com você. E concordo porque, honestamente, conhecê-la foi a minha alegria, enquanto perdê-la foi a minha tristeza. E descobrir que eu sobreviveria a tudo o que aconteceu depois dela seria a minha alegria outra vez.
Eu tinha quinze e ela dezesseis. Eu me lembro de pensar que, daquela vez, eu estava mesmo perdida. Eu sabia que ela não seria apenas mais uma garota pela qual eu senti atração e acabei por fugir, e Deus sabe quantas vezes eu fugi; quantas vezes dei razão ao meu medo de que as pessoas soubessem quem eu realmente sou. Mas, daquela vez, não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Eu tinha sido fisgada. E vocês querem saber a melhor parte? Ela sentia o mesmo por mim.
Nós estudávamos na mesma escola. Ela era colega de um amigo, e foi só assim que, finalmente, nos conhecemos. Ela gostava de assistir às mesmas porcarias na televisão que eu, e foi isso. Nós não sabíamos quase nada uma da outra. E, olha só, nós não demos a mínima para isso, porque pensamos que teríamos tempo de sobra para nos conhecermos pelo resto de nossas vidas.
Eu ainda não sei como, um dia, nós acabamos estáticas, com os rostos colados, mas, ainda assim, sem se tocar. Eu não sei. Tudo o que eu sei, tudo o que eu me lembro, é de como o meu coração batia rápido e forte e descontrolado. Eu me lembro dela. Eu me lembro de sentir a sua ansiedade tanto quanto a minha. Nossas mãos tremiam. Nós nos encaramos por segundos – muitos segundos. Eu não sei qual de nós duas foi a primeira a encontrar o caminho para aquele beijo, mas alguém o fez.
Os lábios dela eram macios e gentis de uma maneira que eu nunca pensei que pudessem ser.
Três meses. Foi só isso que durou. E eu vou contar tudo, tudo o que eu puder e conseguir me lembrar, mas antes que eu os leve para aquele dia de dezembro onde tudo acabou, eu quero que vocês saibam de algumas coisas sobre ela, sobre mim, sobre as nossas famílias, sobre o mundo em que vivemos e sobre como tantos fatores externos puderam decidir o nosso fim.
Ah, vocês não pensaram que nós nos perdemos uma da outra por decisão nossa, pensaram? Espero que não, porque isso jamais aconteceria se tudo estivesse apenas em nossas mãos. Por algum tempo, nós acreditamos que estava, que nós ficaríamos bem, mas não foi bem assim que tudo aconteceu. Na verdade, a realidade bateu na nossa porta com um pouco de brutalidade, se querem mesmo saber.
Ela morava com os pais, o irmão, a avó e dois cachorros. Conheci todos eles. Eu gostava mais, particularmente, dos cachorros. Mas ela tinha um pouco mais de sorte do que a maioria de nós temos: ela tinha o apoio incondicional da mãe. Talvez vocês saibam o quão importante é isso para um filho porque talvez vocês sejam os filhos aos quais eu me refiro. O quão importante esse tipo de amor que não julga é para nós. Eu não sei como é ter algo assim. Eu nunca descobri como é essa sensação.
Eu morava com os meus pais, só nós três. Filha única e todo esse blá-blá-blá, recebendo toda a atenção do mundo o tempo todo. Mas o tempo todo é tempo demais para ser notado, principalmente quando você não quer que percebam algo sobre você. E eu não queria. Não queria que soubessem quem eram os meus amigos da escola; não queria que soubessem que eu bebia escondida na casa da minha melhor amiga e, é claro, não queria que soubessem que eu tinha uma namorada.
Eu pensei que nós duas disfarçávamos bem. Pensei que passávamos uma imagem convincente de melhores amigas. Mas não. Aquela coisa toda que eu disse sobre prestarem atenção demais em mim? É, eu acho que isso ajudou. O modo como nós duas estávamos sempre juntas, os minutos de atraso para voltar para casa depois da escola, a primeira vez em que pedi para dormir fora de casa, a festa surpresa que eu planejei para ela… Tudo isso encaixou-se como dois mais dois é igual a quatro.
Foi a minha mãe. E, quando ela finalmente conseguiu arrancar de mim tudo o que eu tentei esconder, ela chorou como se eu tivesse dito a ela que, sim, eu ajudei a derrubar as Torres Gêmeas. E eu não estou exagerando. Depois disso… Bom, as coisas ficaram um pouco fora de controle.
A lembrança mais nítida que eu tenho de tudo isso foi, provavelmente, a do dia em que meu pai soube de tudo. Enquanto a minha mãe era o desapontamento, o meu pai era a irritação. E, tudo bem, era assim que ele lidava com as coisas. Mas, honestamente, eu não pensei que eu seria uma dessas coisas.
E é com essa irritação que chegamos ao dia de dezembro que eu citei há pouco. Eu tinha tentado convencer a minha mãe a não contar nada para o meu pai e, por alguns dias, eu pensei que ela tinha concordado comigo. Seria pior se ele soubesse. Muito pior. E foi.
Eu me lembro de estar dormindo quando ele entrou no meu quarto como um furacão. Meu cérebro grogue pelo sono interrompido não foi capaz de processar tão rapidamente o que ele gritava bem na minha cara. Ele me puxou pelo pulso, me tirando da cama e me arrastando até o banheiro, nos trancando lá em seguida.
Ele apontou o dedo para mim, irritado, e continuou gritando: “Que história é essa? Que porcaria de história é essa com aquela menina?”. E eu respondi, tremendo, que eu gostava dela. Eu contei a ele a verdade naquele dia. Sobre mim, sobre ela, sobre o quanto eu gostava dela. Eu ainda não consigo contabilizar o quão estúpida eu fui por pensar que ele entenderia; que qualquer um dos dois entenderia. Mas, vamos lá, o que eu posso dizer? Eu fui completamente iludida por todas aquelas histórias de pais que aceitam os seus filhos gays e falam abertamente sobre como eles se amam independente de tudo. Então, sim, eu fui uma idiota. A maior idiota de todas. E, com o passar dos dias, isso tornou-se cada vez mais evidente. Mas, antes de continuar falando sobre “Como Foi Que Eu Caí De Cara Do Armário”, eu ainda preciso contar sobre como foi para a garota que eu amava saber que tudo tinha caído por terra.
Eu sei que houve lágrimas. Muitas delas. E frases de efeito, também. Nós dissemos coisas como “nós ainda vamos ser muito felizes” e “a gente vai ficar bem”. E tudo isso dentro de uma cabine do banheiro feminino enquanto eu matava a aula de educação física e ela a de matemática, porque, adivinhem só, meus pais tinham acionado a coordenação da escola para que nós não pudéssemos nos falar.
Eu pensei que ela tinha entendido a minha decisão de não levar o nosso relacionamento adiante. Mas, é claro, eu tinha sido idiota de novo. Ela me disse, algum tempo depois, que nunca me perdoaria por ter desistido de nós. E isso é engraçado, não é? Porque eu também nunca consegui perdoá-la por colocar a culpa em mim. Eu não sei o que ela esperava, afinal de contas. Eu tinha quinze anos e ainda acreditava na lenda do conceito de família e amor; é claro que eu escolheria terminar se houvesse uma chance de colocar toda a minha vida nos trilhos outra vez.
E, novamente, eu fui estúpida por pensar que tudo voltaria ao normal. Mas tudo bem, porque este foi apenas o meu sofrimento; o meu intervalo entre as minhas duas felicidades. E, é claro, o que eu pensava que era normal, na verdade nunca tinha sido, porque aquela pessoa que vivia aquela vida nunca tinha sido eu. A “eu” de verdade, pelo menos.
Já faz algum tempo desde que tudo isso aconteceu. E eu não vou nem me atrever a fingir que as coisas ficaram bem em um piscar de olhos. Para ser sincera, a tendência, a partir dali, foi a de piorar. Mas, para ser ainda mais sincera, não foi uma piora exatamente ruim, apesar de tudo.
É óbvio que todo esse tempo – sete anos, para ser mais exata – não foi nenhum passeio no parque. Não. Estava mais para uma visita ao campo minado. E é exatamente aí que fica o paradoxo: eu estava na pior, é óbvio; mas eu finalmente era eu, e tudo o que acontecesse a partir daquele momento, aconteceria porque eu estava sendo honesta não só comigo, mas também com as pessoas que mais importam para mim. Então tudo bem, porque essa era uma situação da qual eu não poderia fugir, de qualquer maneira. Ela viria em algum momento, certo? Certo.
Eu nunca pensei que um beijo resultaria em tudo isso, apesar de que, agora, parece meio óbvio. Foi com ele que eu dei início ao efeito bola de neve das minhas tentativas iniciais. Aquele beijo foi a minha tentativa inicial de... De mim. É só que, quando eu estava lá, conhecendo aquela garota e me apaixonando por ela, eu não pensei no resto. Eu não pensei, nem por um segundo, que o meu modo de amar machucaria tanta gente. Eu pensei em mim e em tudo o que eu guardei para que as coisas nunca saíssem do lugar, e em como eu não podia mais fazer isso comigo mesma.
É, de novo essa coisa de “não querer que as coisas saiam do lugar”. Desculpem, desculpem mesmo por reforçar tanto isso, mas é importante. É importante porque isso, somado às tentativas iniciais, fez de mim o que eu sou. É importante porque, se não fosse por todo esse medo de sair da inércia, aquele beijo não teria significado nem a metade do que significou, e aí o meu mundo não teria desandado da forma como desandou.
Desandou para o bem, como eu já disse, mas desandou. Apesar de parecer ridículo. Mas, para mim, foi como naquela frase do Caio Fernando Abreu, sabem? “E de repente a vida te vira do avesso e você descobre que o avesso é o seu lado certo”. Pois é. Foi isso. É isso.
Eu acho que, no fim, o que fez doer não foi, exatamente, o que parecia óbvio. Não foi o jeito como eu fui tratada pelos meus pais, nem todos os olhares na escola, nem a garota que eu amava me culpar por tudo de ruim que aconteceu ou a psicóloga que não me ajudou em nada; não foi nem mesmo a autoflagelação. O que causou a dor foi o que eu fiz comigo. O que todos nós fazemos quando sabemos que quem somos pode ser inaceitável para alguns; nós sofremos por não querer que eles sofram. E é isso o que dói. Aceitar o fato de que não há nada que eu possa fazer além de ser o que eu sou, mesmo que ninguém me aceite... Isso dói. Mas não dói para sempre.
Eu espero que não.
O que eu quero dizer, por fim, é que tudo bem. Eu não me sinto mais no olho do furacão, e consegui sair dele com alguns pequenos danos. Alguns deles, apesar de pequenos, permanentes. Eu não vou me esquecer. E, apesar de saber que tudo isso não tem a menor importância para a maioria de vocês, espero que também não se esqueçam, porque existem milhões de histórias como essa acontecendo agora. E tudo bem, deu tudo certo comigo. Eu vou sobreviver. Mas pode ser que outro alguém não. E nós precisamos falar sobre isso.
Espero que falem e espero que se lembrem.
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Júlia está caminhando pelo mercado quando vê Rita olhando para o alto, tentando alcançar algo. Julia, maior, es estica para ajudar, enquanto fala.
JULIA: Você ainda toma esse iogurte todo dia? Meu Deus, eles devem ter um prédio com o seu nome na fábrica!
Rita pega o produto sem prestar atenção e depois olha para Julia espantada. Julia sorri.
RITA: Uau, Julia… Oi, é, caramba, quando tempo! Tá fazendo o que aqui?
JULIA: Vim comprar pão, na verdade.
RITA: Não, não aqui no mercado, to perguntando o que você tá fazendo aqui em Niterói. Você não tinha se mudado pro Recreio com o… Marcelo?
JULIA: Marcos.
RITA: Isso, Marcos! Então, você não tava morando com ele no Recreio?
JULIA: É, tava… mas a gente se separou.
RITA: Putz, desculpa, não sabia…
JULIA: Não tem problema. Tá tudo bem.
RITA: É, você parece bem mesmo.
JULIA: Tô bem sim, eu que terminei.
RITA (sorrindo sem jeito): Sempre você que termina, né.
Julia dá de ombros, como quem diz “pois é”, meio sem graça.
RITA: Mas que que houve? Quer dizer, se não quiser falar, não precisa.
JULIA: Não, queísso, não tem problema não. Ah, a gente era muito diferente e tal, não deu certo. Nenhum motivo grave. Quer dizer, tirando o fato de que eu percebi que eu gosto mesmo de mulher, né?
RITA (debochada): Jura? Nossa, você disfarça muito bem. A gente namorou por dois anos, e se você não tivesse falado agora que gosta de mulher eu nunca teria percebido isso. Me enganou direitinho durante dois anos!
Julia ri.
RITA: Mas sério, isso nunca foi novidade, né, você não se separou do Marcelo por causa disso.
JULIA: Marcos.
RITA: Isso, Marcos.
JULIA: É, não foi exatamente por isso, mas foi também. Você foi a minha primeira namorada, eu era muito nova. Nunca tinha ficado com mulher, só tinha namorado homens antes de você. E com você foi muito intenso…
RITA: Eu sei, você fazia questão de me lembrar a cada cinco minutos que eu era intensa demais.
JULIA: Ah, Rita, para… Isso faz muito tempo. E não foi só por isso que não deu certo. Minha família não aceitava.
RITA: Olha, Julia, eu não quero entrar nessa discussão, mas o seu pai largou a sua mãe pra se casar com o contador dele na Argentina. E a sua mãe, bom, a sua mãe vive curtindo as minhas fotos no Facebook com as minhas namoradas, sem falar que eu vendo os docinhos pro restaurante dela…
JULIA: O papai tava confuso, foi uma fase.
RITA: Uma fase maior que a fase da água no Super Mário, porque ele ainda é casado com o contador. Cara, seu pai conseguiu fazer um contador fazer uma loucura? Tem que ser muito gay pra isso!
Julia ri.
JULIA: É, não foi por isso mesmo… Meus pais te adoravam. Aliás, todo mundo te adorava. Meus amigos, meus primos, minhas amigas, meus pais, Rita, a minha terapeuta ficou falando de você durante dez sessões depois da gente terminar. Ela disse que se a gente voltasse ela deixaria a gente fazer terapia de casal de graça! Ninguém entendia (fala zombando, imitando alguém falando de maneira bem solene) “como você pôde terminar com a Rita, ela era uma menina tão boa!”. Ninguém entendeu nada.
As duas riem e Rita alfineta.
RITA: Nem eu.
Rita fala e fica esperando a resposta de Julia, que olha para baixo fingindo que olha para alguns produtos. Depois, Julia pega um produto qualquer e coloca no carrinho. Rita ri e zomba.
RITA: Nossa, você ainda come esse biscoito fedorento! Odeio esse troço! Só de ver esse saco eu imagino o cheiro e já me irrita.
JULIA: Você odeia tudo, né. Tudo te irrita.
RITA: Pois é, você também não me deixava esquecer isso…
Rita fala fitando Julia que, novamente, abaixa a cabeça. Rita pega um produto e coloca no carrinho de Julia.
RITA: Toma. Sem mim por perto você pode comer pistache à vontade sem o cheiro me incomodar.
Julia fica um pouco contrariada. Elas continuam andando e pegando produtos. Rita, de novo, fita Julia por alguns segundos. De repente, ela para, para o carrinho de Julia e começa a falar.
RITA: Você não vai me falar o que aconteceu? Já faz seis anos. Você terminou comigo por SMS e sumiu. Você não me atendeu mais, seus pais só falavam que você não queria falar comigo. Que que houve?
Julia se desvencilha do braço de Rita e continua andando e pegando produtos. Rita vai atrás dela. Julia fala sem olhar para Rita.
JULIA: Muita coisa, Rita. Muita coisa. Foi tudo junto. Era a primeira vez que eu ficava com uma mulher e ela já queria casar comigo!
Nesse momento, ela pega um produto, não o coloca no carrinho e fala com Rita com o produto na mão.
JULIA: Rita, eu tinha 22 anos, eu tinha tido só dois namorados, nunca tinha nem beijado uma mulher, e a primeira mulher que eu beijei na vida queria casar comigo sete meses depois desse beijo! Eu te amava, mas era demais!
RITA: Demais? Eu te amava, nós éramos felizes! A gente se dava bem, a gente conversava sobre tudo, a gente se entendia! A gente nunca brigou, em sete meses!
JULIA: Exatamente! Era tudo bom demais, eu tinha medo de ficar muito sério e depois eu me arrepender! Perceber que me precipitei, sei lá! Eu morria de medo!
RITA: Eu sei, Julia, você me falava isso o tempo todo! Mas precisava fugir daquele jeito? Sem explicar nada? Com um SMS???
JULIA: Rita, se eu conversasse, você ia me convencer. Eu não tava aguentando! Eu não aguentaria ser a menina de 22 anos casada, ainda mais ser a menina de 22 anos casada com uma mulher! Foi demais pra mim!
RITA: E você acha que pra mim não era? A mulher mais nova que eu já tinha ficado tinha trinta e três anos, e, de repente, eu estava loucamente apaixonada por uma menina que ainda tinha a sua coleção de Barbies e dormia com bichinhos de pelúcia! Foi difícil pra mim também, mas eu te amava!
JULIA: Eu também te amava!
Rita perde o controle.
RITA: AMAVA PORRA NENHUMA! PORRA NENHUMA! Se amasse não tinha me largado daquele jeito! Se amasse não teria começado a namorar um cara um mês depois!
Julia olha ao redor, com vergonha das pessoas.
JULIA: Óbvio que eu te amava, Rita. Mas o meu medo falava mais alto. Eu não tava pronta pra casar, muito menos com uma mulher!
RITA: Com uma mulher, pode até ser, mas você casou com o Marcelo um ano depois.
JULIA: Marcos
RITA: Dane-se
Rita fala isso e se volta para a prateleira do outro lado, e finge olhar uns produtos escondendo o rosto. Julia dá a volta e se coloca na frente dela.
JULIA: Rita, tenta entender. Eu ia ser a única menina da minha turma da faculdade casada. E com uma mulher. Eu era nova demais, eu não sei se ia aguentar, ia acabar descontando em você. E você é tão intensa, era tão apaixonada, eu tinha medo de te magoar não querendo andar com você em público e essas coisas.
RITA (sem olhar para ela): Claro, porque eu não queria uma mulher, eu queria um cachorrinho pra desfilar com ele em público, né? Caguei pra todo mundo, eu só queria estar com você.
JULIA: Eu sei, eu também queria, e…
Rita explode novamente
RITA: Julia, você não queria porra nenhuma! Se você quisesse, a gente estaria juntas até hoje! Você não teria se casado com aquele engomadinho, eu não teria tido que me mudar pro Chile pra tentar te esquecer! Se você quisesse você teria passado por cima de tudo, como eu passei pra assumir um relacionamento com uma pessoa treze anos mais nova! Se você quisesse, a gente tava aqui, hoje, fazendo compras para fazer um jantar romântico para nós duas! Porra!
Rita fala isso e se encosta em seu carrinho. Julia fala sem olhar para ela.
JULIA: Desculpa. Desculpa o jeito que eu terminei, desculpa não ter tido coragem. Me desculpa.
RITA (enxugando as lágrimas, apressada): Tá bom, Júlia, tá bom. Deixa isso pra lá, agora já era. Não tem porque a gente discutir isso agora. Eu to indo, tá? O Ringo tá sem ração e eu tenho que voltar rápido. Bom te ver, se cuida.
Rita fala isso e vai embora. Julia fica a observando.
**PASSAGEM DE TEMPO
Rita está em casa vendo TV, quando a campainha toca. Ela vai até lá, abre. É Julia, com algo nas mãos. Ela estende as mãos e fala com Rita.
JULIA: Você ainda gosta de penne à carbonara? Sem iogurte pra sobremesa.
RITA: E já esqueceu o Marcos?
JULIA: Não era Marcelo?
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becauseitsyouff · 4 years
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Cap. 7
Lizzy
Era claro que estava todo mundo me encarando como se eu fosse um ser de outro planeta, afinal os policias me conheciam e bem o meu amigo tinha sido levado sem nem ao menos discutir, era claro que eles iam querer uma explicação para aquilo, eu também iria querer se estivesse no lugar deles.
-Ok, alguém pode me explicar o que aconteceu aqui? – uma garota se manifestou olhando ao redor, era Shay eu acho. – vocês estão horríveis a propósito.
Eu encarei todos ali, sim todos estavam realmente horríveis, mas o pior era o SanHa, a boca dele ainda sangrava assim como a sobrancelha, o olho estava vermelho, com certeza no dia seguinte estaria roxo e ele segurava o braço direito, parecia ter se machucado de verdade.
-A culpa foi minha. – ele se manifestou antes que eu pudesse falar alguma coisa. – eu comecei essa briga toda.
-Você? – foi a vez do namorado dela se manifestar, Hobi se não me engano. – como assim?
-Um cara folgado se aproximou da Lizzy, eu o afastei e deu no que deu, ele chamou alguns amigos e bom, resultou no que vocês viram.
Ele tinha simplesmente ocultado a parte de ter apanhado do Rocky, era melhor assim no fim das contas.
-E como o Rocky entrou na briga? – Jungkook me encarou. – e pior ainda Lizzy, por que ele assumiu a culpa sozinho?
Tumblr media
-O Rocky apareceu em seguida ainda para me defender, olha gente eu sei que está todo mundo se perguntando porque os policiais levaram ele e porque ele não reagiu, eu não posso dizer, mas posso garantir que ele não é nenhum bandido.
Ninguém pareceu se convencer, mas eu não podia contar a verdade, por mais que eu fosse parte de tudo o que aconteceu, se quisesse contar, o Rocky o faria algum dia o que eu duvidava muito.
-Acho melhor a gente ir embora. – Jungkook falou para cortar o papo, o restante das pessoas ainda me encarava me olhando estranho, mas eu não podia fazer nada aquele respeito, eu não ia contar o motivo dos policiais nos conhecerem, aquele segredo não era só meu.
Todos se dirigiram para fora da boate, eu caminhava de cabeça baixa na frente, eu não queria que aquela confusão tivesse acontecido, agora Rocky estava na cadeia e mais uma vez a culpa era minha.
Continuei caminhando, mas algo chamou minha atenção, SanHa caminhava mais atrás, seus passos eram lentos e de vez em quando ele parava e segurava o braço direito.
-Se eu fosse você iria até lá. – Jungkook se aproximou de mim ao ver que eu olhava o SanHa. – afinal o cara apanhou por sua causa.
Sim aquilo era verdade, eu fiquei olhando-o, respirei fundo e segui até ele, antes que eu me aproximasse ele parou levando a mão a barriga, lembrei de imediato daquele soco que ele levara que quase o deixara desacordado, pois é, mais uma vez minha culpa.
-SanHa? – falei insegura ao me aproximar, ele ergueu os olhos e me forçou um sorriso respirando fundo. – você está bem?
-Na verdade minha barriga dó um pouco quando eu ando. – ele falou com a voz um pouco baixa. – acho que sei lá, devo ter machucado na briga.
-Deve? Você levou um soco que te fez cair no chão.
-Ah é verdade. – ele falou rindo alto, quando riu segurou a barriga novamente e o que era para ser um sorriso se transformou em um gemido de dor.
-Calma senta um pouco aqui. – falei puxando-o para um lugar próximo do cais para que ele sentasse, quando nos viram nos afastar Jungkook parou.
-LIZZY! – ele gritou. – O QUE ESTÁ FAZENDO?
-ELE NÃO CONSEGUE ANDAR AGORA, PODE IR NA FRENTE, EU VOU DAQUI A POUCO.
Jungkook não disse nada, apenas se virou e seguiu caminho junto com os outros. Eu voltei a encarar o SanHa, ele estava sentado olhando o mar.
-Obrigado por ter ficado. – ele falou sem tirar os olhos do oceano, eu o encarei, SanHa tinha o olhar perdido na água negra do mar.
-Não obrigada você por ter me defendido lá na boate, você não precisava a gente nem se conhece direito.
-Eu sei que não. – ele falou com um sorriso fraco. – mas, eu não ia deixar aquele cara se aproximar de você da forma que ele fez, foi rude e estúpido e eu odeio pessoas estúpidas.
Eu fiquei quieta, SanHa agora riu com vontade.
-Eu nunca apanhei tanto na vida. Me senti um saco de pancadas.
Eu não consegui me conter e ri junto, SanHa tinha um sorriso no mínimo envolvente.
Sentei ao lado dele e o encarei de perto, eu nunca tinha visto um cara assim tão bonito, tudo nele era extremamente... Perfeito. Bom, a boca e a sobrancelha ainda sangravam, eu não tinha um lenço nem nada parecido, mas tinha meu casaco, o retirei e puxei a manga rasgando-a, ao ouvir o som do tecido SanHa me encarou.
-Não, o que está fazendo?
-Shh! – falei firme terminando de rasgar a manga do casaco.
Quando terminei o encarei novamente, ele me olhava com um olhar perdido, eu fiquei olhando-o por um segundo sem me mover, tudo nele era sistematicamente perfeito e intrigante, eu não sabia se era loucura da minha cabeça ou qualquer outra coisa, mas eu estava sentindo uma vontade anormal de beijá-lo. Por quê?
-Se quiser chorar, eu deixo. – falei ao voltar enfim a mim e começar a limpar o sangue da sobrancelha dele.
SanHa apenas sorriu me olhando, terminei de cuidar da sobrancelha dele fui cuidar da boca, agora me diz uma coisa, se para cuidar da sobrancelha eu já estava tremendo, imagina só cuidar daquela boca perfeita? Fiquei sem ação, apenas olhando-o.
-Algum problema?- ele perguntou confuso.
-Não, claro que não, termino em um minuto.
Continuei o que estava fazendo tentando permanecer com a cabeça no lugar.
-SanHa eu queria te agradecer realmente por ter me defendido.
-Não precisa, afinal depois de tudo é você quem está cuidando de mim.- eu ri.
-Obrigada por ter agido daquela forma, foi estúpido, mas serviu para eu saber que sei lá, de certa forma mesmo não me conhecendo você se preocupou.
Ele ficou me olhando por alguns segundos, quando notei que ele se aproximava para me beijar, empurrei o lenço improvisado contra a boca dele e fiquei de pé.
-Eu acho que a gente já pode ir agora, SanHa.- eu falei dando as costas pra ele e começando a caminhar na direção de casa.
Baixei a cabeça e comecei a correr. O que ele estava pensando?
Debby
Por que os policiais tinham levado o Rocky daquela forma? E pior ainda por que ele não reagira? Aquilo estava martelando na minha mente, quem era ele e o que estava acontecendo?
-Debby? – eu encarei a Ravena e só então pela forma que ela me encarava que eu estava parada no meio da praia sem me mover olhando sei lá o que. – prima?
-Oi? Desculpe prima eu estava viajando.
Ravena me encarou e sorriu.
-Prima eu vi que aquele cara que a policia levou, bem é o cara no qual você se amarra.
-Eu não me amarro nele.
-Não se amarra? Sei que você fica horas observando ele da janela, parece até que é sei lá intima dele.
-O Rocky é misterioso prima e eu não consigo decifrar ele.
-Decifrar? Acho que ninguém conseguiu, quer dizer, a polícia simplesmente levou ele e eu não entendi nada, os policiais conheciam ele de onde?
-Isso eu acho que a gente não vai descobrir, quer dizer, se você não se aproximar dele a gente não vai conseguir saber.
-Eu me aproximar dele? – falei rindo alto. – você não viu a forma que ele me ignorou.
-Ele te ignorou? – Ravena me encarou e o sorriso que eu tinha no rosto desapareceu ao lembrar da maneira que ele me tratara na boate.
-Sim ele me ignorou, na verdade foi bem mal educado comigo.
Antes que Ravena falasse alguma coisa, Jay se aproximou com um sorriso no rosto.
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-O SanHa enfim conseguiu.
-Conseguiu o que? – perguntei atordoada.
-Ficar sozinho com a prima do Jungkook, Lizzy não é o nome dela? Percebi a forma que ele estava olhando pra ela, a confusão na boate não deixou ele aproveitar, por isso ele deu um jeito de ficar enfim a sós com ela.
Só então eu notei que SanHa e a tal de Lizzy tinham ficado para trás, pois é, como sempre Yoon SanHa não dava ponto sem nó, ele sempre conseguia o que queria e com certeza ia ficar com aquela garota, que ficasse era até melhor para mim, afinal Rocky estava visivelmente envolvido com ela, eu só não sabia o nível desse envolvimento e a razão dele.
SanHa
Fiquei de pé e corri até ela sem pensar muito na dor ou em qualquer  outra coisa, eu tinha feito besteira, era claro que tinha feito, a forma com que a Lizzy agia devia ter me feito pensar duas vezes antes de fazer bobagem, ela era diferente das outras garotas, mas eu infelizmente só tinha percebido isso depois de fazer merda.
-Lizzy espera! – consegui enfim alcançá-la e parei de pé em sua frente, ela parou de correr de imediato e me encarou, seus olhos estavam assustados, confusos e acima de tudo irritados.
-Achei que não conseguisse nem andar direito. – ela falou firme. – agora já consegue correr?
Eu parei para respirar e minhas costelas doeram, fiz uma careta e coloquei as duas mãos no local para aplacar um pouco a dor, Lizzy me olhou com ainda mais raiva e seguiu andando a passos firmes.
-Ei espera. – segurei o braço dela ainda sem conseguir respirar direito. – desculpa.
-Desculpa? Desculpa pelo que? – ela perguntou ainda irritada. – desculpa por ter me feito de idiota? Desculpa por me ter feito achar que você estava muito machucado? Você só queria me pegar SanHa.
-Não, não é isso! – falei de maneira desesperada parando mais uma vez de frente a ela. – Lizzy não é isso.
Ela colocou as mãos nos quadris e me encarou, eu sabia que ela não estava acreditando em uma palavra sequer que saia da minha boca. Mas, eu estava mesmo falando a verdade? Não era só aquilo? Minha intenção não era apenas pegar ela? Minha cabeça estava confusa.
-SanHa sai da frente eu estou indo embora.
-Você não pode ir sozinha é perigoso. – falei rápido.
-Eu não tenho medo dessas ruas, conheço essa cidade melhor do que ninguém.
-Não duvido disso. – falei segurando-a novamente quando ela ameaçou dar mais um passo para ir embora. – mas, não vou te deixar ir sozinha.
-Não preciso que você me acompanhe.
-Mas eu preciso que você me acompanhe, por favor.
Ela ficou me olhando firme ainda com as mãos nos quadris e eu não sei exatamente o porque, mas eu achei a forma que ela estava irritada extremamente fofa.
-Por favor, eu realmente te peço desculpas por ter passado dos limites, te prometo que não faço mais.
-Não faz? – ela me encarou e eu sorri em sua direção sem nem ao menos saber porque sorria, eu só sabia que de certa forma tudo o que ela fazia, mesmo que estivesse irritada era extremamente... Fofo.
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-Não, não faço!
Ela retirou a mão dos quadris e eu me assustei ao ver ela erguer uma das mãos na minha direção, eu acompanhei o movimento com o olhar e para a minha surpresa ela tocou minha testa retirando uma mecha do meu cabelo que estava colado lá por causa do suor de ter corrido atrás dela.
-Se você tentar alguma coisa novamente eu te deixo sozinho.
Eu sorri fazendo um gesto de rendição com as mãos, ela sorriu e continuou a caminhar, eu fiquei mais um minuto observando a forma com que o vento noturno da praia sacudia seus cabelos, o que estava acontecendo comigo?
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amandolucas · 4 years
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Querido Lucas
Eu solucionei você, sabe.
 Não no sentido de resolver, porque isso implicaria em um resultado e isso deixo por sua conta. Eu diria mais no sentido de entendimento. Como se você fosse uma incógnita pouquíssimo interessante mas incrivelmente irritante nas mãos de um detetive cansado. Como se eu não pudesse me dedicar a mais nada de maneira plena porque havia você, esse serviço sujo não terminado por acaso. E talvez você não consiga entender totalmente esse texto e seus pequenas referências e easter eggs (que coloquei aqui apenas para divertimento e para registrar méritos de minha esperteza que eu não poderia compartilhar com mais ninguém) mas ele vale muito a pena de ser escrito.
 Eu entendi quando procurei na origem de tudo. Veja bem, imagine só você, depois de todo o caos e estresse, finalmente entendi que não se chega ao fim sem o começo. Então eu li, desde o começo nossas conversas. Tudo. Foi como ler um grande livro velho e mofado que você não pode terminar agora porque, bom, já começou. Então eu li, o eu e o você. Desde o começo. Nossa dança doentia ganhou durante uma semana um interessante convidado, que numa tara vouyer, lambeu cada passo, cada movimento daquilo que chamamos de namoro. Do que eu chamei de namoro.
 Eu tive que te convencer de mim, entende. Eu não posso te culpar. Não era exatamente o que você esperava – vamos chegar lá –mas quem no seu lugar faria diferente. Eu era irresistível. Bonito, eu tinha o meu melhor corpo até aquele momento e era engraçado, desafiador e era vivo. Tinha um fogo em mim, sabe. Antes de você o declarar insuficiente, ele costumava queimar meus olhos como o calor de mil sóis. Hmm, onde eu estava? Ah, sim. Eu te convenci. Talvez sua incrível capacidade de alienação própria nunca veja isso de verdade mas você foi persuadido. Por que você não me queria. Não que eu ache que você já tenha quisto alguém em algum momento. Não do jeito certo, pelo menos. Isso me lembrou do meu texto do seu aniversário de dezoito anos. ‘’Obrigado por dar essa chance a nós’’. Eu quis bater em mim. Mas em um sobressalto eu comecei a enxergar, sabe. Era essa a postura. Foi esse tipo de atitude que te permitiu aflorar o que você já era mas nem sabia. Não que algum dia você vá reconhecer. Porque eu acho que você já sabe, no fundo, coisinha esperta que é.
 Não inteligente. Esperto. Como uma raposa larápia. Se você fosse inteligente, Lucas, eu não estaria escrevendo esse texto e provavelmente tudo isso teria sido muito diferente.
 Voltando para a postura. Essa foi uma das pouquíssimas coisas que não mudaram sobre mim desde o dia em que te conheci. A maneira curvada e ansiosa sob a qual eu me dobrei aos seus caprichos e vontades. Sobre como eu deixei você tornar tudo e absolutamente tudo sobre você.
Eu nunca tive reais chances com você. Não sei se alguma outra pessoa teria em meu lugar, para ser muitíssimo sincero. É muito difícil vencer um jogo onde as regras estão nas mãos de seu oponente, e o objetivo do duelo não é claro para todos. Não sabe do que eu estou falando? Permita-me trazer mais clarezas para minhas palavras odiosas.
A tese, hipótese, as palavras e o argumento final não são meus. Eles pertencem á minha psicóloga, ao meu amigo psicanalista e aos mestres da psicanálise, Freud e principalmente Alfred Adler. Eles deram nome para tudo que eu fingi não ver sobre você e sua personalidade cheia de autopiedade e autoritarismo (palavras que eu consegui em minha animada e furiosa aventura nos rumos da psicologia para desvendar meu ex-namorado imbecil).
 Em algum momento da sua vida, provavelmente e quase certo de que foi na infância, você teve que lidar com a frustração. Talvez ela tenha vindo em formato de núcleo em seu pai mas ela desencadeou em você uma coisa interessante, diferente do comum. Frustração gera medo, tristeza, raiva. Geralmente. As pessoa direcionam ódio. Se tornam mais fracas ou mais sensíveis.Mas em você gerou um sentimento de dívida. Não seu com o mundo mas o contrário. E desde então, você avidamente vive em torno de tornar a sua frustração original (já transformada e remodelada em muitas outras) compensável. Seu maior objetivo é não perder mais, porque você nunca encontrou um substituto para o que você achou que te faltava.
 Você chamaria isso de sonhador. Obstinado. Ambicioso. Todas palavras bonitas para mascarar e voltar a fazer de você especial, interessante, até misterioso. Eu notei nisso quando você admitiu que era difícil de lidar. Mas veja, isso não foi nem de perto uma autocrítica, porque lamentavelmente você nunca foi e talvez nunca seja capaz de uma. Você adora colocar suas deficiências em algo valoroso, que de alguma forma te glorifique ou torne destaque. Como se você fosse um prodígio injustiçado e incompreendido. O trono em que você se colocou e eu endossei durante anos te convenceu de que você merece o que merece, e que há algo bizarro e errado acontecendo quando isso não é realizado. É daí que vem a sua cartilha de namoro correto que você ama consultar. É daí que vem seu tesão exclusivo e de fixação (por favor, LEIA o que Freud tem a dizer sobre essa última palavra. Eu adoraria ver a sua reação ao ler e encarar seus olhos enquanto sua mente tenta dizer que esse não é você). É por isso que você quer luxo, luxuria, poder, conforto e coisas maiores e poderosas. É porque você recebeu falsos estímulos dessas coisas durante todo o tempo. Falsa sensação de poder e conforto extra em casa, com a sua mãe. Falsa sensação de luxuria. Por que você usa o espelhamento nesses caras grandes para coisas que você nem mesmo entende. Para troféu, porque é uma forma de validação. Para provar para você e para as outras pessoas que você sabe que não te enxergam da forma atraente com a qual você gostaria de ser. E para espelhamento. Porque você colocou nesse físico, maior e mais encorpado que o seu, a solução capaz de te aliviar disso.
 É de onde vem seu tesão que nunca acaba. E que nunca alivia de verdade. Você nunca deve ter experimentado um orgasmo de verdade. E é uma pena, porque se há algo genuíno em você é o fato de você ser muito gostoso. Embora, você saiba disso, né. São os atributos que você luckly nasceu com. Eles garantem o mínimo de atenção do seu modelo ideal e alimentam seu ciclo de desejo. De querer. Sua fome interminável por comer devorar, se alimentar, se apropriar, sem nunca se saciar. Sem nunca agradecer. Sem nunca comtemplar. É por isso que você não é feliz. Ninguém é, porque isso não é um estado. E sim fase. Mas você não vê assim. Por isso é a pessoa mais frustrada do mundo. Porque você nunca vai conseguir viver como querer, com quem quer, onde quer. Porque você simplesmente não é assim. Você não é desses... Você não se satisfaz.
 Você me deixou doente. Deixou sequelas, sabe. Peguei isso lendo nosso lusíadas amoroso por uma semana. Você me apagou, me roubou, sugou e usou cada cm de sanidade e fogo que eu tinha. Praticamente assassinato. Eu passei meses transando com os caras que você queria. Desenvolvi um gosto maior pelos que te rejeitaram. E então eu quis os que te quiseram (que só o fizeram pelos mesmos motivos que me quiseram também, mesmo que você nunca quisesse admitir). O cheiro do carro em que você esteve e minha mente reproduzia você e todos os sintomas que você e sua dança maldita causaram em mim e que quase foram responsáveis pelo apagamento da minha libido e autonomia de ser. Eu fiz coisas que eu não preciso mencionar aqui, mas que não me orgulho. Fiz de tudo para que nos últimos meses eu estivesse com você. De todas as formas que eu consegui. Tentando acompanhar seus passos e joelhos sujos de terra. Então, nesse ciclo circuito fistulo e danoso, eu comecei a subir de volta para a superfície, não por mérito próprio, o que eu adoraria dizer mas com ajuda da minha psicóloga. Agora sexo pertence a mim e só a mim. Aos meus desejos e minhas vontades. Eu sei o que eu gosto e consigo separar isso do que eu era e gostava quando você me mantinha sob suas cordas de marionete. Abandonei os comportamentos deficientes e olha só, me peguei interessado em caras em que eu realmente estava interessado e não mais na sombra do seu desejo e vontade, que nem você mesmo é dono ou controla. Felizmente para mim, as coisas realmente mudaram para melhor. É que eu costumo desejar caras realmente bonitos, entende. Essa é a vantagem de ser dono de mim. De uma forma válida.
 Eu remoí por dias nosso estranho diário e quando eu finalmente entendi, eu não te odiei mais. Quando você deixou sua mãe acreditar que eu era a causa do seu problema alcóolico que te deixou jogado em praça pública, que resultou do meu exilamento de sua casa. Que era um motivo de lamentação seu... e frustração direcionada a mim. Quando minha incapacidade de arrumar um emprego e mover minha vida para frente virou uma insatisfação sua, porque você queria sair.... De como sua fixação por corpos de determinado modo viraram uma meta pra mim em meio nosso estranho e errado modo de vida. De como suas falhas ganhavam outro peso e outra medida quando comparadas as minhas. Eu entendi que tudo isso não foram causas e sim resultados. Foram esses resultados que levaram ao nosso estranho mas grato fim
 Você se tornou uma obsessão. Hoje eu vejo. Era paixão. Amor. E aí a obsessão, em algum momento que realmente não sei dizer.
 Não que eu tenha sido infeliz. Não. Eu fui muito feliz, enquanto estava envenenado e maculado por você em minha vida. Mas então acabou, eu resolvi seguir em frente. Eu realmente estava no controle, sabe. Você totalmente extinguido das minhas vontades e pensamentos.
 Então imagine a minha surpresa quando em uma noite de sábado de carnaval você retoma a cena nos celulares de um cara, com mensagens com você fazendo sugestão a um encontro sexual no período em que namorávamos. Não no período final juntos mas não juntos. Em um momento bom nosso. Agora sei que não posso chamar assim. Então, essa primeira traição já não era mais a primeira traição. O que é traição, afinal. Você ter dado amei nas fotos de caras e apagando a conversa em seguida. Será? Ou você flertando com um cara em um bar na frente da suas amigas. Talvez a primeira tenha sido quando você baixou o grindr na sua casa e conversou com pessoas mas disse que era só pra ter certeza que me viu lá.
 Eu quis que você morresse. Esse era o sentimento. Sumisse, nunca tivesse nascido, evaporasse, se mudasse. Qualquer coisa. Te enviei um sms a cobrar, tentei te ligar pelo número de um estranho. Porque quando eu descobri a ultima pá de terra que você jogou na minha autoestima pouquíssima coisa passou a importar, de verdade.
 Bom, vamos ao agora.
 Eu conheci alguém, sabe. E como diria Ariana, we havin better discussions. Não como o caso do João, que foi só uma tentativa de chamar sua atenção de uma última forma desesperada. Agora é real. Sem você direta ou indiretamente envolvido. E você não faz ideia de como é bom estar com alguém que te VÊ. Eu poderia dizer que você mesmo saberia dizer isso mas eu não me atrevo mais a dizer que eu algum dia te vi. Só porque agora te entendo, ainda não sinto que te conheço. Nem sei se você se conhece. Nem se há algo para se conhecer. Se você é uma pessoa ou só um retalho de coisas psicologicamente mal resolvidas. A boa noticia é que não importa mais. E eu digo isso muito quase gritando de alegria. Você não faz ideia de como é bom ter acabado de reler esse texto e perceber que não há nenhum tipo de fio solto que deixe implícito que há espaço para você em algum momento da minha vida como tinha em outros textos (sim, porque ao contrário de você, eu reconheço quando tento me sabotar). Vamos supor que não dê certo com o Raphael. Bom, nós vamos partir pra outra. Por que o essencial não muda. Eu voltei a ser o cara interessante, irresistível e ardente que você conheceu. A boa notícia é que a versão de agora tem um gosto ligeiramente melhor.
 E embora eu não almeje nem torça nem procure nenhum tipo de vingança ou ação de karma, é uma DELICIA viver com a noção de que você nunca vai encontrar ninguém melhor e maior que eu. Bom, talvez no sentido literal de maior. Eu fui a melhor coisa que poderia ter te acontecido e a gente teria sido brilhante, se você não fosse você e se o infortúnio não tivesse te transformado em quem você é agora. Ninguém vai te conhecer do jeito que eu conheço, ninguém entende você como eu entendo. Ninguém viu você como eu vi quando você achou que não havia ninguém olhando. É estranho como sei mais sobre você agora do que sabia durante 2 anos e meio. Tenho muita pena de você. Não pena de alguém com chaga. Pena de alguém que poderia ser tudo...  Não pena o suficiente para me imaginar algum dia com você de novo porque agora opero preferindo poupar a mim de danos assim. Então você pode viver tentando colocar pra cima os frangalhos de autoestima que você tem ouvindo Lizzo e tentando se convencer de que você é quem você acha que é. Que você é verdadeiramente interessante ou bonito como eu via.
 Eu não te stalkeio. Não te procuro mais. Não te vejo mais. Não te quero mais. E eu amo isso! Depois de tantos anos preso ao que eu criei dentro de mim com a influência da sua existência, é absolutamente soberbo experimentar a vida novamente. A vida que eu conhecia até saber da sua existência. Eu te desejo o melhor. Desejo que você possa ter também um emprego que te estimule e que possa te levar aos maiores caminhos possíveis. Que você também conquiste sua casa própria. Que você também conquiste amor próprio de verdade e um sentido na vida realístico. Que você conheça o que é tesão de verdade, o que é prazer de verdade, que você finalmente tenha o melhor orgasmo do mundo! Que você faça as pazes com seus erros e brilhe. Esse texto começou com raiva e sarcasmo assassino mas eu realmente te desejo o melhor porque é isso que eu tenho a oferecer agora.  Que você dê aquela virada radical na sua vida e se encontre. Aí está uma exceção. Aí eu gostaria de falar com você de novo. A curiosidade obscena que você sabe que eu tenho se perguntando se realmente você abandonou o vício de ser quem você é. Daqui uns bons anos me procure. E me conte se você também desvendou você.
 Ás vezes você vem à mente, não vou mentir. Mas não como um fantasma, uma lembrança ou algo com nome. Vem em formato de peso, como se fosse a materialização do passado. Que você não precisa carregar todo o tempo mas que existe em algum lugar por onde você esteve e por onde andou. Então eu uso esse jogo mental de enxergar isso como um lembrete de porque preciso continuar seguindo. É um jogo desafiador, sabe. Mas eu dou conta. E bom, eu namorei você, né. Então, parafraseando Suzanne Collins, sei que há jogos muito piores de se jogar.
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eumechamomanoela · 3 years
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224
Enquanto Manoela esperava ansiosamente pelas palavras do pai da Vanessa embora ela sabia exatamente o que eles iam contar sua mente estava em outro lugar no beijo que o Ian havia lhe dado. 
- Manoela. - Disse Vanessa
Manoela saiu do seu transe e voltou seu olhar para Vanessa.
- Desculpe eu não estava prestando atenção. - Disse.
O pai da Vanessa então voltou a falar. 
- Filha estamos aqui para te contar umas novidades, como você já deve esperar já que noivamos é porque vamos nos casar. - Disse ele. 
E antes que ele pudesse continuar Vanessa já o interrompeu. 
- Ok pai eu entendi, já esperava por isso e não vou atrapalhar, mas eu tenho a condição que eu possa desenhar o vestido da Kate, minha futura mãe! - Disse Vanessa.
 Seus olhos brilhavam e não eram de felicidade, ela estava segurando um choro com toda certeza, mas também não era um choro de raiva, era um choro que ela não conseguia conter há anos a falta da sua verdadeira mãe e o quanto tempo ela havia perdido de ter tido esse carinho de mãe que a Kate poderia ter proporcionado nos últimos anos. 
- Por mim esta tudo bem. - Disse Kate. - Pode me ajudar a organizar e planejar toda a festa também. 
Vanessa sorriu e acenou positivamente com a cabeça.
- Era só isso? - Perguntou Vanessa olhando a hora no relógio de pulso. 
- Não filha, temos mais uma notícia.- Disse o pai da Vanessa  
- Outra? - Perguntou Vanessa um pouco assustada.
- Filha eu só quero que você entenda que ... 
- Pai por favor vá direto ao ponto. - Pediu ela se levantando. 
- Você vai ganhar um irmão ou irmã. - Disse ele segurando a mão da Kate. 
Vanessa arregalou os olhos e abriu a boca para falar alguma coisa porém as palavras não saiam. Ela respirou fundo e apoiou suas mãos na mesa.
- Tudo bem, mas que seja um pentelho pois não quero dividir minhas coisas. - Disse ela forçando um sorriso. - E se já terminamos, eu sinceramente fico feliz por vocês e pela nossa família que vai crescer mas eu quero ir embora. 
- Ah filha temos a intenção de passar o final de semana aqui já que o nosso casamento será aqui. - Disse o pai dela. 
- Posso pedir pro Ian me levar embora por favor? - Pediu ela. 
Seu pai respirou fundo e assentiu, Vanessa caminhou até os dois, os abraçou e caminhou até a porta para poder chamar por Ian. 
Ian estava sentado na varanda com uma manta e mesmo com Vanessa chamando por ele diversas vezes ele não escutou, ela se colocou na sua frente e então ele percebeu que ela estava ali. 
- Senhorita Vanessa posso ajudar? - Perguntou ele.
- Por favor me leve embora. - Pediu ela. 
- Com certeza, seu namorado e sua amiga? - Perguntou ele. 
- Eu vou esperar no carro, pode chamar eles pra mim por favor. - Disse ela indo para o carro.
Ian entrou na cabana e encontrou Manoela conversando com os pais da Vanessa. 
- Senhorita Manoela a senhorita Vanessa esta lhe chamando para ir com ela. - Disse Ian. 
Manoela olhou para Kate e voltou o olhar para Ian. 
- Manoela vai com você sim Ian, mas vou pedir para que a traga de volta, ela vai junto para pegar umas mudas de roupa tanto delas quanto nossa e tentar convencer a Vanessa a voltar, mas Manoela caso ela não queira quero que fale que esta tudo bem e que para ela não ficar sozinha quero que o namorado fique com ela em casa. - Disse o pai dela. 
Manoela concordou e foi até o corredor para chamar o namorado da Vanessa e assim que ele saiu o pai da Vanessa voltou a falar com a Manoela.
- Manoela quando estiverem no carro diga a ela que a Kate precisa da ajuda dela para tentar convencer. - Disse o pai dela.
Ambos saíram da cabana e foram até o carro, Vanessa já estava no banco de trás esperando por todos e encarando as arvores. Manoela foi o caminho inteiro calada pensando no que falar para a amiga, mas tudo na sua cabeça dizia que ela não deveria fazer isso, não deveria tentar convencer a mesma de voltar pois talvez não fosse bom pra ela, a viagem levou suas duas horas e foi bem tranquila o único som que se escutava era da música baixinha e a respiração do casal no banco de trás, Manoela nem se quer olhava para o Ian com medo de ser pega por ele e ele fantasiar qualquer coisa, assim que chegaram na casa da Vanessa ela foi acordada pelo namorado que havia acordado um pouco antes de entrarem no bairro e assim que os dois desceram Ian tocou no braço da Manoela.
- Será que podemos conversar? - Perguntou ele desviando o olhar a todo momento.
- Primeiro eu preciso fazer o que o pai da Vanessa me pediu e depois, sim. - Respondeu ela com um sorriso amarelo.
Ian acentiu e ela saiu do carro e correu para dentro da casa para alcançar a amiga.
- Vanessa. - Gritou Manoela assim que entrou na casa.
- Cozinha. - Gritou ela de volta.
Manoela foi até lá e ela estava sentada sobre o balcão encarando os pés enquanto o namorado preparava algo para ela comer, afinal para algo ele prestava.
- Amor se sua amiga está com você eu vou embora. - Disse ele lhe dando um pacote de bolacha.
Ah minhas esperanças para esse cara acabaram voltando a zero.
- Então, você pode aguardar enquanto eu converso com ela e aí depois vocês podem se despedir de for o caso. - Disse.
Vanessa estranhou a forma como a amiga falou e a encarou, seu namorado concordou e deixou as duas sozinhas.
- Vim o caminho todo pensando numa forma de tentar te convencer a voltar comigo para o rancho, por vários motivos, mas todos eles levavam ao benefício e a felicidade de uma única pessoa, seu pai e então quando eu me dei conta disso eu fiquei pensando se eu se quer deveria falar sobre isso com você ou só fingir que falei e voltar para lá e dizer que você não quis voltar. - Disse Manoela.
- Nossa, obrigada por pensar em mim e em como em estou me sentindo com tudo isso. - Disse Vanessa
Vanessa começou a brincar com os dedos e os olhos encheram de lágrimas.
- Sabe que o problema não é ele casar e eu ter um irmão é que, ele está seguindo em frente e isso não é uma coisa ruim. - Disse ela enxugando as lágrimas. - O problema é que depois de anos que minha mãe morreu eu não consigo seguir em frente por que é tão difícil?
Vanessa caiu em lágrimas e Manoela se deu conta de que ela sabia de algo que eles deveriam ter contado a Vanessa, algo que ela tinha todo o direito de saber, mas por outro lado também não cabia a ela contar.
- Amiga por um lado eu sei o que você está sentindo. - Disse Manoela.
E enquanto ela falava e a amiga descia do balcão para se abraçarem, Manoela percebeu o quão irônico era o destino por colocar ela com alguém com uma história tão parecida com a sua, ou até melhor dizendo, tão igual a sua.
- Você sabe que eu vivi a minha vida acreditando que minha mãe estava morta e no fim ela estava bem viva e como eu já te contei isso foi difícil pra mim, mas hoje eu vejo o quanto meu pai só quis o meu bem e eu sei que seu pai está fazendo o melhor e que ele sempre pensa em você. - Disse Manoela enquanto a abraçava. - Seu pai também disse que se você não quiser voltar poderia ficar com seu namorado aqui já que ele não quer que você fique sozinha.
- Sozinha com a quantidade de empregados? - Perguntou Vanessa saindo do abraço e secando as lágrimas. - Mas diga a ele que eu agradeço por isso e que sim eu quero ficar amiga só não entendo porque você não fica.
- Seu pai me pediu para voltar caso você não quisesse pois alguém precisa ajudar a Kate com algumas coisas, o casamento será lá e ela quer deixar algumas coisas ajeitadas- Disse.
- Bom eu vou me dedicar ao vestido dela e você vai se dedicando lá, me mandando fotos e me mantendo informada, quero que diga a ele que eu amo os dois, ou melhor, os três só que eu também preciso do meu espaço eu preciso tentar me encontrar para seguir em frente. - Disse Vanessa.
Manoela sorriu e foi pegar suas roupas enquanto Vanessa foi pedir para uma das empregadas pegar do seu pai e da Kate e assim que tudo ficou pronto, Ian colocou no carro, elas se despediram e Manoela seguiu com Ian.
- Agora podemos conversar. - Disse Manoela.
- Sobre o beijo eu quero pedir desculpas, fui invasivo e te beijei sem saber se você queria. - Disse ele sério e sem tirar os olhos da estrada.
- Tudo bem, eu correspondi, não foi ruim. Foi? - Perguntou Manoela encarando ele.
- Não, mas não vai mais acontecer. Eu me coloquei numa situação de risco com isso. - Disse Ian.
- Ah claro, fique tranquilo que ninguém saberá, assim como não contei nem para minha amiga. - Disse ela se ajeitando no banco.
Manoela cochilou e o tempo logo começou a fechar, não demorou muito para começar a chover cada vez mais forte, forçando Ian a diminuir a velocidade e logo com os raios fazendo Manoela acordar assustada.
- Calma. - Disse ele
- Me desculpe, acabei dormindo e me assustei com a chuva. - Disse ela se arrumando no banco. - Ainda falta muito?
- Não, você dormiu bem e já estamos quase na estrada para o rancho. - Disse Ian.
E realmente não demorou para eles entrarem na estrada que levava ao rancho, mas com a chuva forte a estrada estava bem ruim de enxergar.
- Não sei como você está enxergando. - Disse ela apertando os olhos para tentar ver alguma coisa.
- Eu não estou, mas estou tentando. - Disse ele.
- Deveríamos encostar, não dá pra ver mesmo. - Disse Manoela cruzando os braços.
Ian respirou fundo.
- Você tem razão. - Disse ele parando o carro no acostamento. - Mas eu acho que deveríamos continuar já que estamos literalmente no meio do nada dona Manoela.
- Ah senhor Ian você prefere continuar sem estar enxergando e causar um acidente? - Perguntou ela se virando e o encarando.
Ian levou as mãos aos cabelos e respirou fundo, num ato de raiva deu um tapa no volante e acabou buzinando, fazendo Manoela dar um pulo no banco do passageiro pelo susto.
- Você se assusta com qualquer coisa. - Disse ele rindo.
- Ah claro senhor nada me põe medo. - Disse ela
Ian revirou os olhos e a encarou.
- Você está brava pelo o que eu falei? - Perguntou ele.
- Seja mais específico. - Pediu ela
- Sobre o beijo. - Disse ele.
- Não, nem tem porque eu ficar bravo por isso, foi algo que aconteceu embora convenhamos que não é algo como, nossa tropecei e cai em você e te beijei, foi um acidente e não vai voltar a acontecer e na minha opinião você está tratando isso como um acidente entendo que você não queira que volte a acontecer e nem eu quero, até porque não desejo atrapalhar seu emprego ou sua vida. - Disse ela.
- Não precisa de tudo isso. - Disse ele.
- Tudo isso? - Perguntou ela.
- Sim, toda essa volta que você está dando para dizer que sente algo por mim e que quer me beijar novamente. - Disse ele.
- Como é? Você é um convencido não é mesmo. Vamos deixar bem claro que foi você quem me beijou. - Disse Manoela um pouco irritada.
No fundo Manoela queria mesmo beijar ele novamente, mas com as palavras dele não dava para dar o braço a torcer era muito, era como se ela tivesse que passar por todo seu orgulho e ego ferido e como se ela estivesse vendo um outro certo alguém negando todo e qualquer sentimento e ela não precisava daquilo novamente, não precisava daquilo, mendigar amor, atenção ou qualquer outra coisa.
- Mas você disse que correspondeu, então. - Disse ele.
- Então nada! - Disse ela já irritada.
Ian percebeu o tom de voz e ficou em silêncio novamente.
- Manoela eu nem sei o que te falar. - Disse Ian tentando buscar palavras para de alguma forma explicar algo que nem ele sabia o que era para ela.
- E está falando ainda porque, olha eu só não vou andando porque a chance deu me perder e pegar uma gripe é grande. - Disse ela olhando para fora.
- Manoela eu quero te beijar, eu desejo beijar você desde o dia que eu bati os olhos em você, porque você acha que eu fazia questão de ficar perto de você, não se faça de boba pois eu sei que você não é, sei que me intrometi diversas vezes e eu nem sei mais o que eu estou tentando justificar ou explicar. - Disse ele encostando a cabeça no volante.
- Mas por outro lado você não pode pois tem medo de perder seu emprego. - Disse ela.
Manoela ficou olhando para ele ali com a cabeça no volante e ela ficava se perguntando se o consolava, falava mais alguma coisa ou dava uns tapinhas nas costas dele.
- Eu quero que se foda. - Disse ele.
Ian soltou seu cinto e praticamente avançou em cima dela novamente e a beijou, Manoela soltou seu cinto enquanto correspondia o beijo que para ela provavelmente era como para ele, algo que sempre quis fazer pois ela havia se sentido atraída por ele desde o momento em que chegou naquela casa.
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justicereborn · 5 years
Note
💥 jon e clark
💥 Os dois personagens entram em conflito.
 Cenas - Jon Kent & Clark Kent 
Clark Kent sabia de alguma formaque aquele dia chegaria, porém não imaginava que se sentiria tão tenso ou mesmoque fosse ser tão complicado quanto esperava. A reação de Jon não era algo nempróximo do que a viu naquela tarde. Seu filho na maioria das vezes tãocompreensivo e calmo havia gritado e discutido sobre a decisão que os paishaviam tomado sem consultá-lo. Sim, aquilo havia sido um erro.
Porém, Clark ainda não haviavoltado atrás em sua decisão e esperava conseguir convencer o filho de queaquilo era o melhor para todos. Era estranhamente familiar toda aquela situaçãoe talvez fosse por isso que ele mantinha-se tão calmo com a situação, diferentede Lois. Talvez tivesse sido por isso que optara por ir conversar com o filhoapenas os dois dessa vez. E sim, certamente era melhor que Lois não sofressetanto estresse estando grávida.
Era confuso estar entrando naadolescência e ainda mais quando se estava descobrindo a cada dia o quanto eradiferente dos outros, sim compreensível quando Clark colocava-se no lugar de Joncom os onze anos. Ele apenas precisava olhar para o seu eu do passado e dessamaneira se ver do lado oposto dessa vez, agora como pai.
Ele bateu na porta do quarto dofilho e confirmou que ela estava trancada. Certo, ele não era muito de fazerisso só que a situação pedia para que checasse se seu filho estava bem e tambémestava preocupado. Então, usou a visão de raio-x para confirmar que o garotoainda estava no quarto e não fugido pela janela. Viu que ele encontrava-se aliainda e isso lhe trouxe mais alivio.
- Eu sei que você está ai, pai. –respondeu Jon do outro lado da parede – Quer parar de me sondar? – E entãoolhou diretamente para a parede e Clark também se sentiu sendo encarado pelosolhos do filho. – Se quiser entrar, vai em frente que a porta está destrancada.
- Certo, eu estou entrando – EClark abriu a porta para adentrar no local. Um típico quarto de um garotopré-adolescente, com a presença de alguns livros e historias em quadrinhos nasprateleiras e pôsteres do time de futebol americano pelos quais eles torciamnas paredes. Além é claro, de alguns troféus de campeonatos escolares efotografias da família.  – Sinto muito,eu não queria te espionar nem nada só estava checando se não estava dormindo.
- Eu não fui a lugar nenhum, pai.– disse Jon sem encará-lo e ainda fazendo carinho na cabeça do cachorro dafamília que se encontrava deitado com ele na cama. – E eu também não vou alugar nenhum. Então, aquela ideia de me mandar morar com a vovó… – Ele fezuma pausa e franziu o cenho - Vocês dois podem esquecer.
- Pensei que você gostava depassar as férias na fazenda da vovó – observou Clark enquanto sentava-se nacama ao lado do filho e também começava a passar os dedos sobre a pelagem deShelby, o labrador. – Você pode leva-lo se quiser, apesar que eu não sei comoKrypto reagiria a ter um outro cachorro por perto.
- Não é por conta do Shelby, pai.– respondeu Jon irritado enquanto se levantava da cama e isso também assustavao cachorro que se levantava em um pulo. O labrador pareceu sentir o clima tensoe crescente no ar, pois acabou se encaminhando para fora do quarto. E assim,pai e filho estavam a sós.
- É, eu faço ideia do que seja…– falou Clark enquanto suspirava e removia seus óculos para massagear atêmpora. Perguntava-se naquele momento como que Bruce havia conseguido lidarcom três filhos quando ele tinha dificuldade em com apenas um. E logo teria outra,simplesmente estava sentindo que não demoraria em os cabelos grisalhoscomeçarem a surgir. – Mas você aprender a gostar de Smallville, Jon. É apenasdar uma chance para aquela pequena cidadezinha do interior do Kansas. Muitasdas minhas melhores lembranças estão lá, sabia?
– Eu posso gostar da fazenda davovó e de passar as minhas férias lá… – respondeu Jon enquanto sentava-se defrente para o pai, dessa vez na cadeira de sua escrivaninha. - Mas não querdizer que eu queira viver lá. Eu sei que Smallville é sua cidade natal, mas eusou um garoto de Metropolis. Eu não quero perder o que tenho aqui, pai.
- Você não vai perder o que temaqui. – disse Clark surpreso com aquela afirmação – O que te faz pensar que nãoirá voltar para casa? Jon, o que eu e sua mãe queremos é que você estejaseguro. Seus poderes estão começando a surgir e acredite não é fácil nocomeço… Eu sei, tive que passar por tudo isto e meus pais não tinham nenhumanoção do que estava acontecendo comigo na época.
- Eu vou perder todos os meusamigos se for para lá – disse Jon desviando o olhar do pai e olhando para aspróprias mãos – Eu não vou conhecer ninguém na escola nova.
- Você fará novos amigos, Jon. –respondeu Clark – Não são apenas milharais que temos em Smallville, sabe? Temosalgumas crianças da sua idade por lá, algumas até legais perdidas no meio detantas espigas de milho.
- Não tem graça, pai. – disse Jone Clark deu de ombros.
- Foi mal, eu sei… – riu Clarksem jeito – Sou péssimo quando tento fazer alguma piada. Espero que a sua irmãpelo menos ria de qualquer bobagem que eu disser, não posso aguentar saber quefalhei miseravelmente com as minhas piadas de pai.
- Eu desistiria se fosse você.Todos sabem que é a mamãe que tem senso de humor entre vocês dois – respondeuJon com um sorriso – Ela é natural enquanto você parece forçado.
- Eu sou forçado? Bem, pelo menoseu te fiz sorrir, não é? – observou Clark enquanto via a feição do filhoretornar a mesma de antes – Certo, Jon… você está com medo de não fazer amigosna nova escola. Entendo… – Ele passou as mãos pelos cabelos do filho - Bem,isso é diferente do que eu imaginava que seria. É só isso?
- Não, não é só isso… – respondeu Jon parecendo chateado.
- Bem, então me conte o que teaflige – disse Clark. Ele achava que o filho pudesse estar assustado ou confusosobre os poderes que estavam a cada dia mais se desenvolvendo, porémaparentemente os problemas de Jon eram diferentes dos que imaginava. – Eu estouaqui por você, Jon.
- Quando eu voltar, não vai termais nenhum deles me esperando porque estaremos em escolas diferentes.  – disse Jon irritado e Clark viu os seusolhos ficando acesos em brasa – Eu não vou ter ninguém me quando eu voltar.
- Bem, você ainda vai ter aKatherine – disse Clark mantendo-se calmo com aquela situação. Não podiamostrar-se alterado ou temeroso que o filho fosse colocar fogo em algo com avisão de calor. – Ela ainda poderá te visitar na fazenda em Smallville.
- Kat – disse Jon e seus olhosforam se apagando e voltando ao normal. – Ela é a única de todos os meus amigosque sabe sobre mim de verdade. – Ele encarou o pai novamente – Mas… Eu tambémnão vou ter você e a mamãe por perto. E se vocês se esquecerem de me buscar nafazenda da vovó? Ou simplesmente, não quiserem me ter de volta quando a bebênascer?
Então era isso, pensou Clark enquanto suspirava. Eles haviamdescoberto sobre a gravidez de Lois não muito tempo atrás. Ainda não tinhamtido a conversa com Jon a respeito da situação, porém esperava que o filhotivesse entendido tudo o que estava acontecendo. Até porque o garoto era beminteligente para a idade, porém ser inteligente e ter maturidade emocional eramcoisas diferentes aparentemente.
- Você acha que vai se livrar tãofacilmente assim de nós? – respondeu Clark com um sorriso – Você é meu garoto,Jon. E como o seu pai, não vou a lugar algum enquanto estiver vivo. Você poderáter uma das maiores certezas do mundo que eu sempre irei te amar. Sua mãe e euvamos ter uma filha, porém não significa que vamos te amar menos por isso…Também não estamos te trocando por ninguém. Você é insubstituível, Jon.
- Então, por que vocês não vãocomigo para a fazenda da vovó? – perguntou Jon enquanto limpava as lágrimas quecomeçavam a surgir em seu rosto – Por que eu tenho que ficar sozinho lá? Eu vouter a vovó por perto, mas isso não quer dizer que eu não vá sentir falta devocê e mamãe.
- Sua mãe é editora-chefe, Jon.Ela não pode se ausentar assim tão facilmente de suas obrigações com o PlanetaDiário. – respondeu Clark – Mas no meu caso é uma situação meio diferente,sabe? – Ele então sorriu para o filho – Tem um tempo já que tenho pensado emcomeçar a trabalhar em casa. Talvez, escrever algum livro como seu Tio Jimmyvive me sugerindo.
- Sério? – perguntou Jon – Mas equanto ao Superman?
- Bem, acho que estamos falandode Clark Kent aqui – riu o homem enquanto recolocava os seus óculos e osajeitava – O que acha? Eu só preciso de um tempo para acertar as coisas nojornal antes de finalmente dar esse passo. Acho que você só terá que passarumas semanas com a vovó antes de eu ir me juntar aos dois na fazenda.
- Você não precisa fazer isso,pai. – disse Jon enquanto limpava as lágrimas de sua face. Agoraverdadeiramente chorando sem se importar que o pai o visse fazer isto. – Nãoquero que abra mão de algo que ama por minha causa.
- Você é mais importante, Jon. –disse Clark – Sempre será.
- Eu… – balbuciou Jon – Nãoquero causar problemas entre você e mamãe…
- Acho que sua mãe concordará comisto – respondeu Clark enquanto chamava o filho para se se sentar em seu colo.Jon não pareceu se importar de já ser grande demais, ele apenas fez o que o paipediu.  – Assim pelo menos ela ficarámais tranquila no trabalho. Já que eu estando em casa, posso cuidar de você eda Lara.
- Lara? – repetiu Jon, aquela eraprimeira vez em que escutava o nome do bebê.
- Sim, gostou? – disse Clark e ofilho acenou positivamente – Bom. Porque daqui alguns meses você deixará de serfilho único e passará a ser o irmão mais velho dela. Então, terá muito maisresponsabilidades. – Ele abraçou o filho e despenteou o cabelo dele - Eu vim aquiachando que você estava assustado com o surgimento de novos poderes, masaparentemente não é esse o caso.
- Bem, eu acho que já esperavapelos poderes – sussurrou Jon dando um meio sorriso tímido – Só não esperava que aminha vida fosse mudar tanto assim, papai. Eu fui muito idiota de achar que ascoisas continuariam as mesmas não é?
- Não, você não foi. – disse Clark– As coisas vão mudar, mas Jon… Sempre mudam. – ele abraçou o filho – E é um mundoassustador lá fora e difícil de crescer quando se é diferente dos outros. Mas apenasnão permita que as coisas mudem onde realmente importa. – E apontou para ocoração do filho. 
E ficaram em silêncio por algum tempo antes de Clark dar umbeijo na testa do filho e separar-se do abraço 
- Vem, vamos falar com a sua mãee dizer o que decidimos com a nossa conversa. - E os dois sairam daquele quarto juntos. Clark sentindo-se bem em terem posto um fim naquele conflito que havia se colocado entre os dois. 
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talesofredwaterfall · 5 years
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19 de Maio de 1994. (19h47)
  A antiga capela de São Nicolau em Red Waterfalls havia sido abandonada há dez anos e acabaram construindo outra capela no centro da cidade ficando mais próximo para todos que iam nela aos finais de semana.
  Quando digo que ela havia sido abandonada é que deixaram ela do jeito que estavam e foram embora, estátuas, quadros, móveis e até alguns objetos de ouro — que é aonde tudo começa a ficar estranho já que jamais roubaram nada do local em todos esses anos.
  Jorge Clifford, um dos amigos do Sebastian — meu melhor amigo —, gostava de passar o tempo nesse igreja abandonada, e depois de um tempo sempre indo lá o padre da cidade disse que ele poderia ser o guardião de lá e desde então acabou sendo o nosso ponto de encontro, onde nos encontrávamos para beber escondido e outros afins. E essa noite era nada mais nada menos do outro desses nossos encontros. Eu, Sebastian, Jorge e mais um garoto chamado Mike fomos lá para beber um pouco no final da noite antes de irmos para casa querendo curtir um pouco no meio da semana.
  — Quão engraçado foi contar para sua mãe que você invadia tanto uma igreja abandonada que o antigo padre te tornou guardião do local? - perguntou Sebastian caindo na gargalhada.
  — Ah fique quieto, ela nem se importou na verdade, deu uma risadinha e disse “que bom, filho” — Jorge respondeu dando um gole em sua cerveja em seguida.
  — Mas como foi quando o padre falou com você?
  — Ele só chegou em mim num dia após uma missa que eu havia ido com a minha mãe e falou que sabia que eu estava passeando por aqui, achei que ele ia brigar comigo ou algo assim mas foi tranquilo, ele até me deixou escolher algo de presente da igreja.
  Nós três nos entreolhamos e depois encaramos o Jorge por um tempo.
  — Ta esperando o que para falar o que é? — Mike falou fazendo uma careta.
  — Achei que não iam querer saber o que é.
  — Mostra logo - falei rindo.
  Jorge deu de ombros e terminou a sua cerveja.
  — Ele me deixou escolher entre várias coisas e eu peguei a primeira coisa que eu vi que foi uma flauta.
  — Por que você pegou uma flauta? — perguntei sem entender — Até uma estatua para te assustar no meio da noite era melhor.
  — Cala boca Colin, você ia pegar as estátuas para beijar sabemos que não beija ninguém — ouvi o Mike falando e revirei os olhos não querendo entrar naquela conversa.
  Eu não me considerava amigo do Mike, porém ele de alguma forma se considerava o meu para falar comigo como se tivesse uma intimidade que na verdade ninguém tinha comigo, por isso que quando ele falava algo assim eu apenas deixava para lá.
  — Aposto que a flauta está jogada na sua casa em qualquer lugar porque você não sabe tocar — Ouvi o Sebastian falar ignorando o comentário também.
  — Na verdade... a flauta ainda ta aqui, eu sempre esqueço de pegar ela.
  — Ora bolas então nos traga para vermos o instrumento religioso.
  — Sebs, nunca mais fale “ora bola” — falei rindo.
  Todos acabaram rindo e o Jorge se levanto e atravessou a igreja entrando numa salinha que tinha ao lado do local aonde o padre costumava ficar. 
  No inicio eu achava estranho sairmos para beber justo numa igreja, mesmo não sendo religioso algo em mim dizia que era errado, mas com o tempo o lugar começou a ser só uma estrutura aonde ninguém mais ia a não ser nós.
  — Não acha bizarro que esse lugar ficou intocado mesmo depois de dez anos?   
  — Acordei dos meus pensamentos depois de ouvir o Sebastian dizer isso.
  — Um pouco... mas sei lá acho que as pessoas deviam ficar com medo de roubar achando que Deus ia castiga-las — respondi o olhando.
  — Não sei, não acho que todos pensem assim, e tem muito adolescente esquisito nessa cidade.
  — Sebs, nós somos os adolescentes esquisitos dessa cidade.
  Ele concordou com a cabeça e ficamos rindo por um tempo até que vemos Jorge voltar para onde estávamos.
  — Cadê a flauta? — perguntei ao ver que o garoto não trazia nada em mãos.
  — Ah eu... esqueci de trazer — Ele respondeu coçando a nuca.
  — Você sabe que você foi lá buscar isso, não sabe?
  — Sim... não sei o que aconteceu, já volto.
  E mais uma vez ele saiu dali e foi ir buscar a flauta.
  — Ele e´o adolescente esquisito — Ouvi o Sebastian dizendo e olhei para ele rindo.
  — Não tenho como discordar dessa vez.
  Depois de um tempo Jorge voltou e novamente não trazia nada em suas mãos, nos entreolhamos sem entender se ele estava fazendo alguma piada ou não, mas sem dizer nada me levantei e fui até ele.
  — Vamos eu vou com você pegar a flauta - falei voltando a entrar na portinha com ele e dando de cara com uma escadaria circular.
  — Eu juro que não sei porque eu venho esquecendo.
  —  Ta bom, ta bom...
  Fomos subindo a escadaria, ele foi na frente e eu fiquei logo atrás observando aquela parte da igreja que eu nunca havia ido, a decoração tinha a cor dourada como predominante  que deixava o lugar um pouco reluzente, as outras cores como o azul que aparecia como céu nas pinturas na parede parecia apagado em meio aquela cor de ouro. Esse tipo de detalhe como cores e afins sempre acabava chamando a minha atenção já que a minha irmã era pintora e acabava ouvindo ela falar sobre cores vinte e quatro horas por dia.
  — Aqui — o ouvi dizer quando finalmente chegamos no topo da escadaria e ficamos de cara com um pequeno corredor que dava para uma porta de madeira que assim como tudo ali também tinha detalhes em dourado — Está trancado.
  — Okay, então abre. — falei indo para a parede em que ficava a porta e me encostando do lado da mesma ficando de frente para a escadaria.
  Ele fez que sim com a cabeça e pegou um molho de chaves do bolso, não havia muitas e ele parecia saber qual era já, logo colocou a chave na porta e a abriu. Assim que Jorge abriu a porta uma luz vinda de dentro pareceu iluminar o seu rosto, uma luz de cor azul clara puxada para um violeta. Naqueles poucos segundos que ele ficou olhando a luz pareceu hipnotizado e no segundo seguinte fechou a porta e voltou a tranca-lá.
  — Jorge — falei o olhando sem entender o que tinha acontecido.
  Ele me nota e parece estranhar com o fato de eu estar ali, porém logo relaxa.
  — Sim?
  — A Flauta.
  — Claro, claro. Havia me esquecido, desculpe.
  E mais uma vez ele se volta para a porta e a abre, assim que ele o faz novamente a luz ilumina o seu rosto e enquanto ele olha parece encantado e depois fecha a porta a trancando de novo.
  Okay, agora eu sabia que havia algo de errado naquele lugar.
  — Jorge.
  Mais uma vez ele me olha se assustando um pouco, mas sorri relaxada.
  — Ah, Colin não te vi ai, desculpa.
  — Eu subi com você.
  — Eu não percebi.
  Tinha.Algo.De.Errado.
  Concordei com a cabeça e então fui até as escadas e desci rapidamente até aonde os garotos estavam e assim que eles me viram o Sebastian me encarou confuso.
  — Que demora... e cadê a flauta? — Ele se levantou e assim que ele o fez o segurei pela mão e fui o puxando para a escadaria.
  — Tem alguma coisa errada, você precisa ver isso — falei um pouco nervoso e o arrastando escada a cima vendo que o Jorge vinha descendo, fiz um sinal pare ele volta para cima e ele mesmo sem parecer entender o fez.
  Quando cheguei com o Sebastian na frente da porta o encostei na parede junto comigo, no lugar aonde não tínhamos visual alguma para o que havia dentro da sala.
  — Jorge, pode abrir, flauta lembra? — Perguntei e o garoto confuso logo começou a abrir a porta de novo.
  — Colin, o qu...
  — Shi! — falei interrompendo o Sebastian que acabou ficando quieto.
  Quando o Jorge abriu a porta fiquei olhando a reação do Sebastian em relação aquilo e assim como a primeira vez que eu vi ele pareceu confuso.
  — É a terceira vez que ele faz is...
  — Colin! Sebastian! Não vi que vocês estavam ai, subiram atrás de mim.
  Sebs pareceu olhar para mim procurando respostas e depois passou a mão na mandíbula parecendo chocado.
  — Eu... — ele começou e então se virou para mim sorrindo — Eu falei que havia um motivo para ninguém ter roubado tudo aqui!!
  Quando ele fala aquilo fico o encarando me perguntando se era sério que ele queria discutir aquilo agora.
  — Você acertou, mas... tem uma luz ali dentro que faz as pessoas esquecerem das coisas... eu não sei se deveríamos fazer algo ou não — Falei o olhando esperando alguma resposta.
  — Quer chamar um caça fantasmas ou um padre? 
  — Eu não sei!
  — Sabe... nós deviamos tentar pegar a flauta.
  O olho sem entender aonde ele queria chegar com aquilo e lembro que o Jorge estava ali ouvindo a conversa extremamente confuso.
  — Espera, o que?
  — É! a gente entra de costas para a luz e vai andando sempre assim lá dentro dando uma olhada no lugar e tudo mais, vai dizer que não está curioso?
  Ele sabia que eu estava e sabia que ia conseguir me convencer facilmente.
  — Okay, a gente entra — falei soltando um suspiro enquanto via o Sebastian sorrindo animado.
  Não precisou de muito para nós três entendermos como aquilo ia funcionar, mesmo com o Jorge meio perdido na situação ele pareceu entender e aceitar numa boa, Mike subiu para perguntar da demora e apenas o mandamos descer falando que já íamos descer.
  — Vamos fazer logo, não quero demorar demais também. — Falei ajeitando para abrir a porta sem olhar para dentro — prontos? — Os dois concordaram com a cabeça e eu abri a porta.
  Fizemos uma fila e fomos entrando andando de costas para a luz, estava um pouco nervoso, mas assim que entramos olhei para a parede da porta e pude ver que haviam varias caixas no lugar cheio de coisas como estatuetas de santos, cálices e outras coisas de igreja que eram muito estranhas para eu poder identificar. Em poucos passos parecíamos que já estávamos no centro da sala, olhei para o Sebastian e ele logo começou a procurar a flauta.
  — Tem tanta coisa velha aqui que eu sinto que voltamos 100 anos — falei começando a procurar numas das caixas que estava próxima da parede.
  — Sinto que eu to na casa da minha avó antes dela curar o lado acumuladora dela — assim que ele disse aquilo acabei rindo, mesmo sabendo que não era uma piada — Ela guardava cada lixo que se ela pintasse de dourado ia ficar parecendo essa sala.
  Continuamos a procurar entre as caixas até que ouço ele falando atrás de mim "ACHEI!", fui me virar com cuidado para não ver a luz e olhar para a flauta, porém o cuidado que eu tive não foi o mesmo que o Sebastian teve, ele havia se virado completamente para a luz, consegui ver a sua pupila completamente dilatada de uma maneira que não consegui não sentir medo.
  — Ei... Sebs? — perguntei tentando ver se ele acordava daquele transe e por alguns segundos eu achei que sim, mas logo ele olhou para a flauta na própria mão e de maneira extremamente agressiva começou a bater nele com o próprio instrumento, ele mal tinha batido duas vezes em si mesmo e seu nariz já havia começado a sangrar. Corri para cima dele e tentei segurar suas mãos, porém ele era maior e mais forte, então o empurrei com tudo para fora da sala e ele caiu no chão próximo ao início da escada, sai e apenas fechei a porta rapidamente.
  — Colin! — Ouvi meu nome e vi o Jorge subindo a escada rapidamente querendo entender o que havia acontecido, antes de falar qualquer coisa apenas olhei para o Sebastian no chão que começou a ter uma convulsão, me agachei ao seu lado e olhei para os garotos desesperados sem saber o que fazer.
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izydhallet1908 · 5 years
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Como estou por dentro? Eu tô bem. Na verdade não estou nada bem. Mas prefiro dizer que sim, sabe quando vc ta se sentindo "extremamente feliz" por um momento, ou simplismente por alguém, e do nada você volta pra realidade, você volta pro seu mundinho que só vc é capaz de "entender" de verdade, e você percebe que toda aquela felicidade desapareceu, de novo. Você volta a ficar sozinha, talvez nao necessariamente ficar sozinha, mas sim se sentir sozinha, começa ter aquela vontade de não ver mais ninguém, de simplismente se isolar de tudo e todos aos poucos, até que vc possa desaparecer de vez, e faça com que ninguem lembre-se mais de você, pra que dessa forma você possa simplismente morrer de vez, sem deixar que pessoas fiquem triste por você ter partido, ou sem que sobre alguém próximo o suficiente de ti ao ponto de sofrer com a tua perda. É, realmente estou chegando ao meu limite, talvez ninguém perceba, o que eu particularmente acho ótimo... ja que isso evita de certa forma de que pessoas me façam perguntas que nem eu mesma sem como responder. Metas ? Planos ? Pensamento sobre o "futuro"? Sim, eu ja tive tudo isso e pesso desculpa a todos que decepcionei ao não conseguir ser forte e lutar como desejavam que eu lutasse, mas não aguento mais, eu nao M E aguento mais, e so quero que isso passe, so quero que tudo isso pare, preciso que a vida PARE. E estou simplismente cansada de ter que lidar com tudo isso, estou cansada de ter que acordar todos os dias e simplesmente viver como se nao acontecesse absolutamente nada dentro de mim, to cansada de ficar esperando que tudo melhore, sendo que eu melhor do que ninguém sei que nada disso vai passar, e eu nem se quer sei o motivo de eu estar assim. Nao importa o que meus amigos me digam , ou o quanto tentem me convencer de que eu sou de certa forma "importante" ou "especial", talvez digam até mesmo "bonita", se simplismente nao consigo os ouvir. Se quando eu sumo nenhum deles consegue sentir minha falta, e eu nao os culpo por isso, eles nao tem nenhuma obrigação de suprir minhas necessidades, nem mesmo sentir minha falta, menos ainda de serem capazes de notar se eu estou triste ou apenas diferente. Tive planos ao me mudar, grandes planos de fazer com que tudo fosse diferente, de voltar a tentar "viver" novamente, de sair mais, ir a festas, conhecer pessoas, tentar me apaixonar novamente... tive planos pra que eu pudesse me ocupar e esquecer de todo meu caos, já fazem 7 meses que me mudei, e nao consegui ser capaz de absolutamente nada disso, talvez algumas tenham acontecido de fato, como sair mais, ou conhecer pessoas novas, conhecer lugares novos. Conheci lugares lindos, e pessoas incríveis. Talvez incriveis de mais pra mim, e isso me dói de uma forma que nao consigo descrever em palavras. As vezes eu saio a noite, até mesmo a tarde sem rumo, sem saber onde eu estou indo, somente eu e algum livro que provavelmemte estaria lendo mais uma vez, andando sem saber onde vou, torcendo pra que algum carro me acerte de vez, ou pra que me apareça alguém que possa fazer o que precisa ser feito por mim, ja que nao tenho coragem o suficiente pra isso, eu só saio de casa desejando nao mais voltar, e nem digo voltar pra casa, digo... nao voltar nunca mais... especificamente a viver. Simplismente cheguei ao meu limite, e os pesso perdão por isso.
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caelestis1989 · 5 years
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Review: Arrow 7x16 “Star City 2040″
Esse episódio poderia ter sido facilmente chamado por The Secret Origin of Mia Smoak.
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Esse episódio me traz vibrações do 3x05. Só que a diferença é que Mia é muito mais parecida com seu pai, mesmo que em algumas das escassas cenas da infância dela, não parece ou eles querem nos fazer acreditar que o Oliver não viu sua filhinha crescer. E um novo recorde foi estabelecido, com esse é o 4º episódio em sequência que manteve uma narrativa sólida. Mas mesmo assim eu fiquei sentindo que uma peça faltava pra tornar o episódio incrivelmente maravilhoso. Oliver Queen. Um episódio de Arrow sempre sofre alguns tropeços quando eles nos negam mais cenas com o protagonista da série. 
Esse episódio também teve um ar de introdução a um spin-off. E eu tenho a impressão que a série vai se chamar Star City 2040, não só pelo título do episódio como o trabalho que eles tiveram para fazerem jaquetas escritas com esse nome (que vimos em fotos de bastidores). Eles nunca criaram jaquetas com nomes de títulos de episódios anteriormente. Não acho que isso seja algo aleatório. Não tem como eles chamarem esse spin-off de Legacie porque esse nome já foi tomado pelo spin-off de TVD e TO. 
Começo dos Flashbacks
Infelizmente a cena do nascimento da Mia foi tão curta.
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Nunca vi o Oliver tão feliz como esse momento. Foi o maior sorriso que vi no rosto do nosso menino. 
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Crédito: @oliverxfelicity @lucyyh
Baby Mia é cópia fiel dos pais. O bebê mais fofo e adorável. Tenho a ligeira impressão que eles nos mostraram a cena do nascimento da Mia agora porque eles pretendem começar a última temporada já com a baby Mia nascida. Não acho que eles vão mostrar a cena do nascimento de novo. E isso me faz acreditar que sim, a baby Mia foi concebida no 7x08 e ela nasceu em setembro.
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A única coisa que não encaixa na minha cabeça é como os olhos da Mia deixaram de ser azuis e se tornaram verdes escuros quando ela chegou a idade adulta. Não me conformo por eles deixarem um detalhe desse passar. Não custava nada a atriz colocar lentes azuis nas cenas, pelo menos naquelas em que a iluminação é mais clara. Até o Ben Lewis colocou lentes azuis, eu sei disso porque já fui procurar fotos do ator no google e os olhos dele me parece castanhos. 
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Eu fui totalmente pega de surpresa ao ver que Nyssa foi a responsável pelo treinamento da Mia desde a infância. Eu gostei! Na hora em que vi essa cena eu pensei: “Faz sentido, elas são esposas-irmãs”. 
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É lógico que Mia seria fodona, foi treinada por um membro da Liga dos Assassinos, e não é qualquer membro, é a filha do finado Ra’s Al Ghul. Isso me lembra da época em que o Oliver durante um curto período de tempo, passou treinando com Talia Al Ghul (irmã mais velha da Nyssa). E foi Talia quem deu ao Oliver seu primeiro arco, aquele em que ele começou sua jornada em Star City. A diferença é que Mia teve todo o seu treinamento com Nyssa desde a infância, aposto que ela ainda vai superar as habilidades do pai. 
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Crédito: @plotbunnyshipper
E ela recebe seu primeiro arco das mãos de um membro da família Al Ghul. Arrow ama seus paralelos. 
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Crédito: @ebett
Eu gostei desse arco, ele parece ser mais prático e discreto porque a Mia não precisa carregar sua aljava nas costas. Isso chamaria muita atenção indesejada de uma cidade que odeia qualquer atividade que os lembre dos vigilantes.
Eu gostaria de ter visto a Felicity interagir com a Mini-Mia. Ela é tão fofa. 
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E sabemos que ela é filha do James Bamford. Achei bacana porque eles unem o útil ao agradável, já que de qualquer forma em algum momento quem trabalha na série precisa trazer seus filhos para o set. 
Mia chega em casa com novidades. Ela trouxe o queijo favorito da mãe, aquele que fede. Ela fica chamando pela mãe e encontra o silêncio. Ela fica preocupada e pega uma faca achando que tinha um intruso dentro da casa. Já falei que adorei essa cabana?! Ela parece muito mais como uma casa que todos aqueles apartamentos que Olicity morou até agora. Desculpe, pelo devaneio. 
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Crédito: @felicittysqueen
A coisa que mais me impressionou nessa cena foi o comportamento blasé da Felicity. Ela quase teve sua garganta cortada e estava muito orgulhosa dos reflexos impressionantes da filha. 
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Crédito: @felicitysmoakgifs
Senhora Carver é a fofoqueira do bairro. Ela também tentou empurrar seu filho mais velho pra cima da Mia. Ela seria a versão 2.0 daquela vizinha intrometida de Ivy Town. Felicity e Mia fazem referências a personagens do livro O mágico de Oz. 
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Eu já disse que amo O Mágico de Oz?! Eu juro que já chorei lendo esse livro, ele é tão especial pra mim. São personagens que buscam na Cidade Esmeralda algo que eles já tem em sua essência, no decorrer do caminho. O Leão covarde busca coragem, mas é o mais corajoso do grupo. O Espantalho busca um cérebro mas é o mais inteligente, as melhores ideias vem dele. O Homem de lata busca um coração mas é o mais amoroso, tão cheio de compaixão. E a Dorothy só quer voltar pra casa. Eu acho que a Mia é a Dorothy nessa história. 
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Mia tenta convencer a mãe a sair pela cidade um pouco. Ela até usa o amor que Felicity tem pela Smoak Tech pra isso. Eu compreendo que Mia queira explorar o mundo além daquela cabana. Fico imaginando o quão frustrante foi pra alguém da personalidade dela ter que seguir as regras da mãe, à risca. Me impressiona o fato dela não ter fugido de casa antes. Pra uma criança deve ser angustiante ficar presa em casa o tempo todo. Eu lembro que minha irmã e eu costumávamos aproveitar quando minha mãe dormia pra fugir pela janela e poder brincar, já que ela trancava a porta. E isso levando uma vida comum. Agora imagina quando você é filha de vigilantes. Connor tem razão, isso é um saco!
Mia quer um pouco de liberdade. Felicity diz que elas não podem ir pra Star City porque elas não estão seguras lá. E pelo que a Mia falou, a Felicity comanda a empresa remotamente da cabana. Isso nem chega a ser uma surpresa já que a Felicity já fez isso com a Palmer Tech de Ivy Town. Mia diz que segundo sua mãe, seu pai era um grande herói, e que elas simplesmente poderiam dizer isso pra todos. Só que não é tão simples assim. Achei fofa a ingenuidade da Mia. As duas até esse momento pareciam ter uma relação boa de mãe e filha, até ela descobrir que Felicity ainda estava agindo como vigilante. 
Mia tentou persuadir a mãe dizendo que poderia se proteger porque ela (Felicity) providenciou pra que isso fosse possível. 
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Crédito: @lucyyh
Ao ver a filha chateada por não conseguir esticar mais um pouco sua liberdade, Felicity propõe que as duas tivessem uma maratona de filmes. Mia topa o momento Mãe e Filha. As coisas estavam bem até um porta retrato digital ser destruído por uma flecha. Até agora me pergunto quanto disso foi um acidente. Não faz muito sentido a Mia praticar arquearia dentro de casa e usar uma maçã como alvo bem na frente de um porta retrato com as fotos da família. Essa menina tem muitas emoções reprimidas. Ela é tão Oliver!
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Crédito: @olicitygifs
Felicity nunca mentiu sobre o passado dela e do Oliver, ela só escondeu que continuava sendo Overwatch. Mia fica ressentida porque ela sabe que esse tempo todo precisou se esconder na cabana por causa das atividades do pai como Arqueiro Verde, e descobre que sua mãe continuou fazendo o mesmo todo esse tempo. 
Mia se sentiu traída pela mãe por causa dos segredos. Os segredos nunca param. Lógico que não deve ser fácil pra ela engolir que sua mãe sempre tenha a cidade como prioridade, e é isso que fica evidente no decorrer do episódio, mesmo depois do tempo que ela ficou afastada da mãe. Ela fugiu pra descobrir por conta própria quem é sua família, ou o que ela faria da vida dela. Ela fugiu do controle que Felicity tinha sobre ela. Acho que Mia só permitia todo esse controle por amar muito sua mãe e porque na época a Felicity contava o que era conveniente, isso tentando proteger a Mia de todo o fardo da vida vigilante. Mas nunca é fácil descobrir que alguém que você ama vem mentindo pra você a vida toda. 
“Ninguém mais pode me segurar. Eu preciso forjar meu próprio caminho.”
E finalmente descobrimos a origem do codinome Blackstar. E é claro que o significado vem dos momentos de Mia com sua mãe. 
“A minha mãe me disse uma vez que todas as luzes de estrelas que vemos viajam tanto que a estrela em si nem existem mais, Eventualmente, todas somem na escuridão. Apagadas. É pra onde quero ir.”
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Crédito: @ebett
No começo de sua jornada, Mia estava em busca da luz, da verdade. Em algum momento essa busca para a luz mudou, e deve ter sido quando ela ouviu de todo mundo que os vigilantes acabaram com a cidade. E isso fez com que a Mia não quisesse mais ir em direção a luz, mas agora em direção a escuridão. É como se ela tivesse fugindo dos problemas, porque ela acredita que a verdade não vai libertá-la. Não é à toa que ela se escondeu naquela gaiola. Lutando pra se manter, pra sobreviver nesse mundo durante muito tempo, desconhecido pra ela. Um mundo sombrio, com verdades feias. Com meias-verdades e meias-mentiras. Um mundo onde seus pais são odiados. 
E agora faz todo sentido ela não usar o sobrenome Queen. Porque além desse sobrenome ser um alvo em suas costas, ainda tem o auto-ódio pelas suas origens, porque ela acredita que seus pais arruinaram Star City. Ela também não quer enfrentar as consequências se alguém descobrir quem são seus pais. Acho que a única exceção em sua lista de contatos para quem ela disse que era Mia Smoak foi o Connor, porque eles tiveram um relacionamento. Mas pra todos os outros ela só deve dizer seu codinome. Isso porque ela não confia em ninguém, e é uma garota inteligente pra não sair por aí dando seu verdadeiro nome pra qualquer um, sabendo que as pessoas podem pesquisar a fundo quem ela é. 
Enquanto estava sendo tatuada, Mia perguntou o que era toda aquela movimentação na gaiola. A tatuadora diz que eles estão lutando. Mia pergunta quanto eles pagam por isso. A tatuadora diz que eles pagam milhares se você ganhar a luta. Mia diz que nunca perde. Bem, ela continua invicta. Engraçado, ela não sabe muito sobre o pai mas é tão parecida com ele. Essa Mia me faz lembrar da época em que o Oliver participava do Clube da Luta na Russia. 
Apareceu um homem com o mesmo físico do Oliver lutando na gaiola enquanto a Mia estava sendo tatuada. A teoria do momento no tumblr é que esse homem pode ser o Oliver. Eu sempre vou preferir uma teoria do Oliver vivo do que um Oliver morto.
Fim dos Flashbacks
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Crédito: @smoakmonster
William não está nem um pouco preparados pra arriscar suas vidas invandindo os Glades. Mia não tem nada melhor pra fazer. Tão blasé. Adoro!
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Tal pai, tal filha!
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Crédito: @arrowdaily
William propõe que Mia finja ser sua assistente executiva como disfarce. 
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Crédito: @felicitysmoakgifs
A resposta dela é tão Felicity. Só que o problema nem é esse. Mia diz que eles são filhos de vigilantes e no momento em que eles passarem pelo escaneamento, serão pegos. William diz que não usa mais o sobrenome Clayton. Pelo menos essa parte do mistério sobre como o William conseguiu passar todos esses anos sem ser importunado pelos haters dos pais foi respondido. Mas fiquei curiosa pra saber que sobrenome ele está usando agora. William consegue passar pelo escaneamento, Mia não. Acho que ela nem deve estar registrada em qualquer banco de dados do governo. Ela é filha de uma super hacker, se tem alguém que pode apagar qualquer dado sobre a Mia é Felicity Smoak. 
Connor aparece pra salvar a pele da Mia. Ele é um agente da Knigtwatch (a versão boa da ARGUS). Depois de passar pela vigilância, Connor se desculpa por não ter contado a verdade pra ela. Ele diz que não teve escolha. 
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Crédito: @smoakmonster
William se coloca numa posição como mediador e diz que por mais que ele adore um drama de relacionamento que não seja o dele, eles precisam parar pra não acabar com todo o disfarce. 
Pra ter acesso a todo o prédio eles precisam do DNA do chefão da empresa. Kevin Dale (aliado do Rene). William tem uma reunião marcada com Kevin, só que ele não sabe como roubar o DNA dele furtivamente. Sorte dele é que sua irmãzinha pode fazer isso e enquanto ele está flertando com o CEO, Mia pega a amostra do DNA dele da xícara. Connor chega com uma máquina que replica DNA, e eles conseguem passar por lugares restritos dentro da empresa. 
No elevador, Mia diz para William que ele não pode sair do elevador. William diz que está gostando desses momentos entre irmãos. Mia diz que ele é mais útil, pra ela vivo. William percebe que essa é a maneira da Mia de dizer que se importa com ele.
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E Mia revela que sua mãe é o anjo investidor que financiou a empresa do William. 
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Crédito: @smoaktechs
Felicity sempre esteve olhando e ajudando o William esse tempo todo. Ela tinha uma foto dos dois em uma das telas de seu computador na cabana, e do lado tinha a foto do pai deles usando o traje GA. 
Mia tem a mesma mania do pai em flechar a perna das pessoas. Ela deixa um guarda inconsciente usando seu arco. Papai ficaria muito orgulhoso. E dentro daquela sala protegida eles encontram Felicity. Felicity não fica muito feliz com eles resgatando ela. As coordenadas que ela mandou foi para as bombas, uma missão do Roy e da Dinah. 
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Essa cena mexeu comigo.
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Tantos anos que os dois não se vêem. E corta o meu coração de assistir que a Felicity temia que o seu filho do coração talvez não quisesse vê-la novamente. 
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Crédito: @arrowdaily
Connor interrompe o reencontro familiar e diz que eles precisam sair dali antes que os outros descubram o que eles fizeram com os guardas. Felicity diz que não vai sair até resolver o problema com as bombas. Mia diz: “Você acabou de sair do perigo e quer voltar pra ele? Típico! ... Você prefere ir brincar de herói ao invés de fazer o melhor pra sua filha!” William chama a atenção de Mia e ela diz pra ele ficar fora disso. “Pelo menos uma vez na sua vida, mãe, coloque sua família em primeiro lugar.”
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Felicity diz que é por isso que ela tentou protegê-la das atividades de vigilante, pra Mia não ter que tomar esse tipo de decisão. 
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Crédito: @felicitysmoakgifs
Felicity diz que ser heroína é seu propósito e por isso não pode sair de lá. Eu entendo que ela não queria que eles destruam a cidade mas agora dizer que ser uma heroína é seu propósito de vida, eu achei essa frase muito brega. Felicity teve outras prioridades quando se tornou mãe, ao invés de ficar tentando salvar uma cidade que nunca vai reconhecer os esforços deles. Como você salva alguém que não quer ser salvo?
Não estou dizendo que Felicity não é uma heroína por todas as coisas que já fez por Star City, o meu problema é que não vejo mais motivação pra continuar fazendo isso. Acho que já estou farta de ver eles tentando lutar por uma cidade que nunca deu valor para os seus sacrifícios. Por mim, o Oliver e a Felicity deveriam pegar seus filhos e ir morar em Ivy Town. Eles merecem um pouco de paz depois de tanta abnegação por uma cidade ingrata que votou a favor da lei anti-vigilante.  
Eu posso compreender que a motivação da Felicity pra continuar fazendo isso é porque o programa Archer é uma criação dela e ela se sente responsável pelas consequências de como o programa foi usado. Por isso que disse em uma review passada que por mais que a tecnologia dela fosse impressionante e ela tivesse boas intenções quando criou, isso não muda o fato de que nem todos que usarem esse programa vão fazer com as melhores intenções. Que uma coisa que aparentemente pode dar a ligeira impressão de segurança pode se transformar em controle social. O programa Archer nas mãos de alguém como Kevin Dale é como brincar de Deus. O plano dele era destruir os Glades da mesma forma que o resto de Star City foi destruída pra provar um ponto e colocar o programa pra ser vendido globalmente. 
É a famosa regra de 3:
Você cria o problema;
Oferece a solução;
E lucra com isso.
William decide ficar com a Felicity e impedir que eles explodam os Glades. Engraçado que eu achei que o plano era acabar de bombardear a cidade fora dos muros. No meio do caminho, William pergunta se Felicity está bem e ela diz que já está acostumada a ser uma decepção pra filha. 
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Eles encontram Zoe, Dinah e Roy no meio do caminho. Dinah diz estar agradecida por ela estar viva. Nossa, que falsidade. As duas nunca tiveram esse tipo de relação. Fora, os momentos em que a Dinah disse tantas vezes que a Felicity foi para o lado negro da força. Sendo que ela mal sabia sobre a Felicity para fazer tal julgamento. Felicity diz que se infiltrar dentro da organização fez parte do plano para impedir que eles destruíssem a cidade. Ela também se desculpa por não falar com eles sobre a Mia. Eu acho que ela não deve nenhuma explicação a qualquer um deles. 
Mia não quer participar e decide ir embora. Connor diz para Mia que está ali para apoiá-la. Mia desconfia e diz que ele só está lá porque ele fez uma promessa ao pai dele. Ela diz que não sabe o que é pior: Ele mentir pra ela todo esse tempo, fazendo ela perceber que todo o relacionamento dos dois foi baseado numa mentira ou, ele acreditar que ela precisava de proteção. Connor sabe que ela pode se proteger mas ele só ficou porque se importa com ela. 
Connor diz que houve um tempo que também se ressentia com os pais por eles estarem sempre estarem ausentes. Mas com o tempo ele percebeu que precisava aprender a compartilhar os pais com os outros, que ele precisava ser abnegado. Mia diz que Connor aprendeu isso desde pequeno e é muito típico dele falar algo assim. Connor diz que ela também aprendeu isso desde a infância, a diferença é que ele pôde escolher e ela nunca teve essa escolha, até agora. Mia acha que finalmente ele mostrou seu objetivo em se aproximar dela, manipulá-la sobre isso. E quando Mia se aproxima do elevador, Connor diz que se ela sair por aquela porta estará fazendo exatamente o que Felicity quer que ela faça. Ir embora de Star City. E ele está certo! Ele diz que ela não pode tomar essa decisão baseado nos erros da mãe.  E Mia decide finalmente participar da missão de impedir que a cidade seja explodida. E foi nessa cena que eu finalmente vi a magia de um romance nascer, agora eu posso dizer que me incluo no time dos shippers SmoakHawke. 
O Connor ainda citou a fala do Tio Ben de Homem Aranha. “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. 
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Esse garoto já me conquistou. 
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Crédito: @feilcityqueen  @oliverxfelicity
Rene finalmente percebe que seu principal aliado é um vilão que quer destruir a cidade, e que nunca teve um protocolo para evacuar a cidade. Nossa, como esse Rene é lerdo! Ele tem um plano para colocá-los dentro da festa de máscaras. Felicity diz que tem como desativar as bombas porque tem um dispositivo que é como se fosse um cérebro da bomba, o William entende o que ela quer dizer.  E a Mia não perde tempo em implicar com seu irmão e com sua mãe, dizendo sarcasticamente “Que legal, agora tem dois deles”. Ela também faz um comentário afiado sobre como todos vão se enturmar numa festa com máscaras, com exceção do William. 
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Crédito: @lucyyh @ebett
Nem parece que esses dois passaram tanto tempo longe um do outro. Eu sempre vou amar a relação de mãe e filho. O Oliver continua presente em pequenas coisas que a Felicity faz. Ela continua usando a aliança de casamento, na festa usou uma máscara verde e o nome do seu principal programa é Archer. 
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Mia é a estrela da equipe e rouba a cena. Ela é a única que destrói o mini-cubo que o Kevin Dale vivia carregando consigo, o tal cérebro das bombas. 
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Crédito: @felicittysqueen
Ela também consegue lidar com 10 homens igual ao pai, e ainda veste a capa em grande estilo. Ela não nega que é um membro da família Queen. Até agora são 4 arqueiros na família, incluindo a bastarda. 
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Dinah diz que foi bom juntar a equipe de novo. Cadê o Oliver??? Felicity diz que eles precisam agradecer o William, se não fosse ele nada disso seria possível. Já que ela tinha muita esperança e rezava pra que ele tivesse guardado o hozen com ele esse tempo todo, e ela ficou incrivelmente surpresa e emocionada por ele ter guardado. Ela diz que sabe que não merceia toda essa consideração. William diz: “Fico feliz que não tenha te odiado completamente. Agora eu tenho uma irmã pra odiar ao invés disso.”
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Mia diz que precisa tomar um ar e vai embora. William diz que o relacionamento dos dois ainda não chegou nessa fase. Felicity acalma o coração do seu filho e diz que o problema não é com ele. Connor se oferece pra conversar com Mia e Felicity descarta. Ela vai procurar sua filha.
Felicity passa a mão nas coisas e constata que a filha continua não sendo muito fã de limpeza. Eu ri. Mia fica emburrada e pergunta se ela vai começar a conversa pegando no pé dela. Felicity diz que como ela é sua mãe, faz parte do acordo pegar no seu pé. 
Mia pergunta se ela está ali para convencê-la a ajudar o time arqueiro com o Galaxy. Parece que o Connor conhece muito mais a Felicity que a Mia. Se dependesse da Felicity, ela levaria a filha para bem longe disso tudo, ela não quer que Mia se envolva nisso, mas sabe que ela não pode tomar essa decisão, só a Mia. E depois de muitos anos, Felicity abre mão do controle, ela dá a filha o livre arbítrio de escolher por si mesma. 
Mia: “Sabe, quando eu saí de casa, eu tava tão brava com você. Eu aprendi tudo o que sabia sobre vigilantes. Eu desenterrei reportagens antigas sobre como eles destruíram Star City... Eu me convenci... Eu me convenci de que era verdade. De que você tinha mentido pra mim a minha infância inteira... De que suas histórias sobre heroísmo do time arqueiro eram só porque você não queria que eu pensasse mal de você. Ou sobre o papai. Eu passei esses últimos anos odiando vigilantes... Porque eu odiava você. (Felicity não a culpa por isso) Eu entendo porque você quis mentir pra mim, pra me proteger. Não consigo nem imaginar como deve ter sido a cidade inteira se virando contra vocês. Contra o papai...”
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Crédito: @ebett
Mia percebe que sua mãe levou toda essa coisa com o Galaxy para o lado pessoal e pergunta se isso tem alguma relação com seu pai. Felicity diz que não, que tem a ver com ela. Eu achei essa resposta curta demais, ela parece ser bem complexa pra uma simples negativa. 
Bônus: 
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Crédito: @oliverxfelicity
Engulam essa, haters!
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camusxsaga · 5 years
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Há recordações que a gente não esquece - Tomo I
Hoje deveria ser um dia que, para mim, seria tipicamente tranquilo. Estou tentando assistir uma aula sobre as leis de Newton, mas sem muito sucesso. Milo não para de falar sobre os jogos de verão, sobre o time, os adversários... E viaja entre um assunto e outro. Depois ele não sabe porque física é seu “carma”, como ele afirma. No meio da conversa tento captar, esforçadamente, o que o professor está explicando. Não queria ser grosseiro com meu colega, mas as circunstâncias estão conseguindo me convencer a isso. Quando estou a ponto de reagir, ele foi mais rápido:
- Olha lá, o “último ano” saindo mais cedo! Bem que poderiam liberar nossa turma também, que saco.
Estou sentado bem do lado da janela que fica acima da saída do corredor que dá acesso ao pátio, o que me proporciona uma visão privilegiada do movimento dos alunos, como também de boa parte da escola. Todos os dias me sento no mesmo lugar pois gosto de “escapar” do estresse ou tédio me distraindo com o que acontece no lado externo. 
Olhando a turma que se dispersa, um rosto desconhecido me chama a atenção no meio dos demais. Um rapaz muito alto que se destacava entre eles. Fico observando-o enquanto conversa com outro rapaz moreno. 
-Ei, você está olhando para quem? -Milo se estica para ver para onde meu dedo está indicando.
-Humm...
- O que foi?
- Sei quem é, recém-chegado à cidade, conheci o irmão dele ontem no podrão.
-E por acaso é esse que conversa com ele agora? -Às vezes não consigo impedir minhas perguntas idiotas...
-Não, eles são gêmeos, aqueles que são “iguais”.
-Você quer dizer que são “idênticos”. -Minha nossa, sou irritante com minhas neuroses.
-E não é a mesma coisa? Veja! Ele está olhando para a gente!
Eu sinto minha pele queimar. Nunca vi olhos tão verdes, são muito intimidadores... e bonitos.
-Para qual de nós ele deve estar olhando agora héin, Camus? -Pergunta Milo maliciosamente.
-Você, com certeza. Foi eleito o mais belo do ginásio no ano passado.
-Haha, palhaço! Olha só, ele ainda está olhando para cá, vamos encara-lo até ele se cansar.
-Não seja idiota, estamos em aula e daqui a pouco seremos expulsos p...
O alarme toca e todos se levantam para se organizarem e sair. O professor informa que próxima semana tem exame com o assunto de hoje e com essa notícia eu volto para minha realidade. Que triste. 
Milo dispara na frente, em direção a saída sob o olhar censurador do professor. Recolho minhas coisas e saio sem olhar para os lados, não quero abrir uma chance a ser chamado a atenção. Quando eu procuro por meu colega no corredor, ele já desapareceu de vista. É um sem noção mesmo. Não sei quem é mais idiota: Se é ele com sua maneira de ser ou eu aceitando sua amizade. 
-Olá. - Sou surpreendido.
Procuro a origem dessa saudação e encontro um rapaz sorridente me olhando sentado sob a sombra de uma árvore que está no caminho. É o mesmo que nos encarava na janela. Seus cabelos azuis estavam mais escuros devido à pouca claridade. Me custou um pouco a reconhece-lo, apesar de seus olhos serem únicos, tão vivos que se destacavam na sombra. Eu não sabia o que fazer, me deu um branco na mente de repente.
-Oi...-Me limitei a responder.
-Como se chama? -Que audácia! Que tipo de gente é tão abusado assim para querer intimidade com alguém que nem conhece?
-Camus. - Respondi desconfiado.
-Meu nome é Saga. Tive curiosidade em falar com você desde que te vi me olhando pela janela. Sou novo na escola e estou fazendo amizades ainda. Enfim, não conheço nada por aqui. Você estuda em qual ano?
-No primeiro.
-Legal, acho que ouvi falar de alguém que estuda com você! Bem, não sei bem se estuda, mas... Na sua sala tem algum “Milo”?
-Tem sim, é meu amigo, como soube seu nome? -Nossa, como ele é espontâneo, e bem sociável até. Lembro que na minha primeira semana de aula eu mal conhecia os colegas de minha classe, quanto mais as das outras.
-É que meu irmão me falou dele ontem, ele disse que Milo falava muito e era bem animado, e que ele era do primeiro ano.
-É, ele é assim, muito engraçado.
-Você está sabendo de uma festa que vai ter hoje?
-Eu ouvi falar, foi o próprio Milo quem me disse..., mas só o terceiro ano quem vai, que vai ser na casa de um deles, essa é a conversa que ele ouviu.
-Sim, vai ser na casa do Aiolos, conhece?
-Sim! Sei quem é. Ele tem um irmão que estuda na outra sala do primeiro, é o líder do time da escola.
-Ele me convidou para ir à festa em sua casa. Só que eu não conheço ninguém ainda, me sinto estranho... Você vai?
-Err, como eu vou? Eu não falei que só o terceiro ano pode ir?!
-Quem te disse isso? Muita gente de outras turmas foi convidada a ir, inclusive seu amigo confirmou que estaria lá. -Sério que aquele “sem futuro” não me falou isso? Bom, acho que ele já imaginou o meu “não” habitual e nem comentou sobre isso.
-Se eu te convidar, você irá?
Céus, ouvir isso foi como um soco na cara. Estou atordoado. Quero me recompor, mas seus olhos brilhantes em mim não permitem! Não posso esquecer de respirar. Espere.
-B-bom, eu não sei se vai dar... Não sou muito de festas sabe. Mas, obrigado.
-De qualquer forma, se você puder, apareça por lá. Pelo menos terei alguém para conversar. -Ele se despediu com um sorriso e se levantou. -Foi um prazer te conhecer, Camus. - Ele estendeu sua mão até mim. Mesmo tenso, consegui reagir e apertei sua mão. -Espero te ver lá!
Rapidamente vi uma cabeleira azul magenta passando pela minha visão lateral. Reconheci o desaparecido. Me despedi rapidamente do novato e fui atrás de Milo. Não sei como não tropecei e cai no meio do caminho, isso sempre me acontece quando estou nervoso!
-Milo, seu desgraçado, te procurei pelo corredor e você tinha sumido. Não sabe esperar pelos outros?!
-Você é muito devagar. Eu arrumei as coisas e você ficou parado no tempo. Fiquei te esperando do lado de fora da escola e conversando com o pessoal. - Falou enquanto subia na moto. -Pronto madame, podemos ir agora? -Perguntou em tom de deboche.
-Você é um traste mesmo! -Respondi enquanto subia na garupa.
-E por isso você é meio amigo, é igual a mim!! -Riu e foi dirigindo em direção ao sinal.
-Milo, fiquei sabendo que você ia a uma festa hoje. Fiquei surpreso por você não ter comentado nada. Logo você...
-E foi? Acho que esqueci... É uma festa do “terceirão”, fui convidado por Aiolos. Sabe como é, sou do time e eles irão. Você quer ir?
-Eu não fui convidado.
-Relaxa, você está comigo.Tem problema não.
-Vou não.
-Camus, vamos, você tem que ir, preciso que me faça companhia.
-E porquê? Muita gente vai e você conhece todos, inclusive os caras do time também, não tem necessidade de eu estar lá...
-Camus, é sério, eu preciso ir, mas preciso que você vá também sabe. Preciso de sua ajuda.
-Para quê? -Lá vem ele, quer ver? Vai me usar para acender alguma vela pra ele, aff.
-O irmão do Aiolos... Ele está com uns comportamentos estranhos para meu lado e eu me sinto mal. Se você estiver por lá vai me ajudar a afasta-lo de mim. Por favor Camus, me faça esse favor. Mais tarde passo na sua casa para te levar, certo?
-Eu nem disse se ia ou não e você já está combinando de me buscar?! Espere, se eu me decidir, te ligo.
-NÃO CAMUS, VOCÊ VAI, NÃO PODE FAZER ESSA DESFEITA COMIGO!! -Ele deu uma freada brusca no meio da rua. Eu quase cai da moto levando-o junto.
-Você ficou louco?? Não faça isso, eu preciso viver para terminar meus estudos!
Desci e fui em direção a porta de casa. Nem olhei para ele. Só ouvi seus gritos por cima de meus ombros. -Ei vou te passar uma mensagem para dizer que horas vou vir, se arrume! -Ele sai e vira com tudo a esquina em sua moto.
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-Eeei, rsrsrs, você já está do lado de fora? Você é o melhorzinho que temos! Kkk.
-Milo você já chega jogando seu deboche para os outros... Normal. -Respondo apresentando minha melhor expressão facial de censura. -Vamos, quero chegar lá na mesma velocidade que vou sair dali. -Falo enquanto subo na moto.
-Já começou suas frescuras? Você só sai comigo. Você não vai voltar sozinho para casa tarde da noite e caminhando, você é muito fino pra isso. -Contenho o riso. Ele é mesmo um perdido. 
A casa de Aiolos fica fora da cidade, em um grande espaço que parece ser uma fazenda. Seus pais possuem um haras de reprodução de raça pura. São muito ricos. Aiolos leva uma vida que muitos querem ter, talvez esse seja um dos motivos que ele é tão popular na escola. E esse é o tipo de pessoa que Milo gosta de andar. Até hoje me questiono o motivo dele ainda querer ser meu amigo mesmo sendo eu tão reservado e sem popularidade nenhuma.
-Olha lá Camus, quanta gente, essa festa vai bombar!
Respiro profundamente. Mais um evento que terei que suportar por um amigo insistente.
A casa é enorme. Eu quase falo isso em voz alta de tão estupefato que fiquei ao entrar nela. Acho que Aiolos mandou esvaziar tudo que havia da família dele dali ou eles devem ter outra casa... Que importa, eles são ricos e podem fazer da forma que desejarem. Ainda estava pensando nisso quando Milo me arrasta por entre os convidados. Bato em todos, claro, e recebo os olhares admirados de volta. Penso que deve ser por minha presença ser muito rara nas festas.
Chegamos do outro lado da casa, aos fundos, onde está um DJ, som nas alturas, bar, piscina e muita gente louca pra tudo quanto é lado. Foi nessa hora que eu me arrependi amargamente por estar ali. Nada daquilo faz sentido para mim. Dou uma respirada profunda e penso: “Calma, vou ficar por aqui uma hora contada, aí vou inventar uma desculpa pra o Milo e pego uma carona de volta à cidade.”
-Milo vou pegar uma bebida, você quer? -E cadê o Milo? Ele sumiu novamente. É sempre assim, sempre. Não sei porque tenho pena dele ao invés de ter pena de mim e me poupar dessas situações. Agora tenho um motivo muito forte para beber.
Pego uma lata de cerveja e me afasto da multidão. 
-Espero que ele endoide quando Aiolia aparecer e grudar nele. Aí quem vai sumir sou eu. Palhaçada...
Sinto uma mão puxando o meu braço e me viro, era o rapaz de olhos lindos!
-Ei, aonde você vai, a festa é para lá.
-Eu sei, estou fugindo dela!
-Então, eu posso fugir com você?
Não tive reação. Ele sorriu e me levou pelos ombros para uma parte mais alta e afastada. A claridade dos refletores da festa iluminava aonde paramos. Ele se sentou na grama e encostou em uma das árvores e eu o imitei. Eu não tinha reparado, mas ele havia trazido uma “pack” de latas de cerveja na outra mão. Comecei a beber enquanto olhava em direção gritaria dos convidados. Imaginei se a essas alturas Milo já se envolveu em apuros e sentiu a minha falta. Passei muito tempo divagando em pensamentos aleatórios, esquecendo totalmente que tinha uma companhia. Quando finalmente recordei disso, me virei e ele está me observando. Sinto meu rosto queimar. Há quanto tempo ele estava fazendo isso?
-Não quis te interromper. -Sorriu.
-Como?
-Você estava pensativo.
-Só estava procurando o meu amigo.
-Ele está com o pessoal do time, conversando. Ele está bem.
-Ah...Certo. - Ouvi risos.
-Você é engraçado.
-Mas o q... – Que diabos que eu fiz? O que foi de engraçado??
Ele balançou a cabeça negativamente.
-Tome, esfrie a cabeça. – Falou ao me oferecer mais uma lata de cerveja.
Passamos muito tempo observando as luzes em silêncio, bebendo. Com o passar do tempo senti os efeitos do álcool em mim. Estava muito leve, me sentindo muito bem, algo que eu não sentia há muito tempo. Não sei se estava feliz, não lembro se já senti isso, mas eu sentia algo diferente.
-Esqueci seu nome, me desculpe.
-Saga.
Queria dizer algo. Não quero voltar ao silêncio.
-Você é um cara legal Saga e, pelo que percebi, está se tornando popular entre nós.
-Acha mesmo isso, Camus, que estou me tornando popular?
-Há uns dias atrás eu ouvi nos corredores comentários de um aluno que era recém-chegado na cidade, muito inteligente e bonito, e essas mesmas pessoas disseram que gostavam dele.
-Mas acho que estejam se referindo a outro aluno.
-Não há outro novato no ginásio além de você.
-E como sabe? Em uma escola tão grande não tem como saber.
-Sendo amigo de Milo não tem como não estar informado dessas coisas...
-Hum, um amigo repórter. Não sei se isso é bom ou ruim para você.
-Me acostumei a isso.
-E sobre os comentários que você ouviu, supostamente sobre mim, você concorda? – Por pouco não me engasguei com o último gole de cerveja.
-Bem... Não posso afirmar nada pois te conheci hoje, ainda é muito cedo para dizer algo de alguém, você não acha?
-Concordo. É muito cedo, mas há algo, nos comentários, que você pode dizer se sim ou não sem precisar me conhecer.
Nesse momento eu parei sem entender. Será que me perdi nessa conversa?
-Realmente não sei...
-Eles disseram que sou bonito, o que você me diz? – Seu olhar é curioso e profundo. Mas há algo em sua expressão que não consigo decifrar. Não sei porque, mas de repente o tempo ficou quente e não havia vento.
-Eu...
-Sabe o que eu acho? Há alguém muito mais bonito aqui e bem legal. Que tem tudo para ser muito popular. Eles não sabem o que estão perdendo por não serem seus amigos. – Ele se aproxima um pouco mais de mim. O calor aumenta e minha cabeça não raciocina bem.
-Mas porquê? E-eu não sou isso. Eu nem sei porque ainda tenho Milo como amigo, sendo ele tão popular na escola e eu sou insuportável.
-Não diga isso. Não é verdade. Veja, estou passando a noite conversando contigo e não vi nenhum insuportável aqui. Você é alguém muito inteligente e é um bom amigo.
-Ah, obrigado. – Digo desconsertadamente. -E você, já fez algum amigo desde que chegou?
-Na verdade o Aiolos se aproximou de mim como um anfitrião, me incluiu de seu grupo social e mostrou as instalações da escola...
-Se você quiser... Posso ser seu amigo também e te apresento o Milo, vocês irão se dar muito bem.
-Sim, posso fazer do seu amigo o meu também, mas eu não quero ser seu amigo Camus.
Estou atônito, eu viro o rosto para encara-lo sem entender aquela afirmação e sinto algo tocar suavemente em meus lábios. Quis reagir e abri a minha boca. Foi um deslize fatal pois ele percebendo isto invadiu o interior. Pude sentir sua língua, de maneira ávida, explorar-me e sugar o pouco de resistência que me restava. Ignorei tudo e o correspondi na mesma intensidade. Nunca havia sido beijado por alguém dessa forma. Era diferente, como se nosso beijo se encaixa-se como uma peça de quebra cabeças. Ele acariciava o meu rosto enquanto se aprofundava mais. Levei minha mão aos seus cabelos que me lembravam as águas de um rio, afagando-os. Ele era muito intenso e sem reservas. Me beijava com muita ânsia e desejo, como alguém sedenta que buscar saciar sua sede com desespero. Já estava ficando sem ar.
-Saga... E-espera -Sussurrei enquanto buscava ar.
-Lembrou meu nome, depois disso duvido que irá esquece-lo mais. - Rapidamente se levanta e me estende a mão. -Vamos voltar, preciso levar o Kanon para casa, as provas de admissão para o time são amanhã cedo e ele não pode aparecer de ressaca.
Me levanto dali um pouco cambaleante. Ele me segura pela cintura e me trás para si para atacar o meu pescoço com vários beijos. Se eu não estivesse sendo amparado, já tinha caído sentado no chão. Minhas pernas se enfraqueceram mais pela intensidade dos beijos que eu recebia. Estava ficando muito excitado.
-Poxa Camus, não me distraia, por favor. Realmente preciso ir. – Falou suavemente.
-Então se contenha jovem, se não passaremos a noite aqui.
-Rsrsrs, gosto de seu senso de humor. Venha, vamos voltar para procurar o meu irmão e o seu amigo.
Mal chegamos e deparamos com um Milo bem elétrico, quase fora de si.
-Por onde você andou seu doido? Te procurei por tudo quando é buraco! Kanon, venha cá, quero lhe apresentar meu melhor amigo. Camus esse é o Kanon, ele vai prestar o teste amanhã para entrar no time da escola!!
-Milo, esse não é o Kanon, é o irmão dele.- Ele para e espreme os olhos.
-Perai, perai... Sério, mas você estava aqui conversando comigo.
-Ele está logo ali. - Saga aponta para trás de Milo, que se vira no mesmo instante que Kanon se encontra conosco.
-Você some hein Milo, me deixou falando só! Você tem que ir para casa, está muito chapado.
-Espera, você precisa conhecer meu melhor amigo Camus!
-Como vai Camus. Vejo que já conhece meu irmão. Seu amigo é uma figura!
-Sim, sim, com certeza.
-Ele me falou muito de você, inclusive que era o carona dele. Já combinei com Aiolos de levar a moto dele amanhã para a escola, vocês vêm com a gente. Seu amigo não tem a mínima condição de pilotar. Saga, podemos ir agora ou quer ficar mais um pouco? Não posso dormir muito tarde hoje. Se você quiser eu vou na frente e te arranjo uma carona.
-Ir embora no meu carro? Vai sonhando garoto. Estou pronto. Camus, só nos ensine como chegar aonde vocês moram.
-Ok, vou tentar, acho que consigo.
Nos despedirmos do pessoal e seguimos em direção ao carro. Enquanto caminhamos, por trás de nós se escuta uma voz, gritando.
-Já vão? É cedo ainda, fiquem um pouco mais!
-Não dá chefe, amanhã é o meu dia.
-Se preocupa não cara, você já é um dos nossos, está garantido.
-Valeu cara, mas preciso ir. Festa show a sua, obrigado pelo convite!
-De nada, venham quando quiser, são bem-vindos a minha casa. Nos vemos amanhã Kanon!
-Valeu!
-Espero que tenha gostado também, Saga.
-Me diverti bastante, obrigado.
Saga entra no carro rapidamente e puxa a ignição. Nos despedimos de Aiolos e saímos da propriedade. Tento com a pouca disposição que me resta endireitar meu amigo que se esparramou no assento enquanto espio pelo canto do olho os gêmeos. Kanon olhou rapidamente para seu irmão com uma expressão incógnita. Ele estava muito sério desde que entrou no carro. Felizmente eles entenderam minha linguagem confusa e acharam minha casa. Ao sair do veículo, tentei explicar melhor a casa de Milo.
-Não se preocupe, eu sei onde ele mora. Ele me ensinou o caminho quando me levou a minha casa.
-Certo, obrigado Kanon e nos desculpem por qualquer coisa...
-Relaxa, até amanhã Camus.
-Até amanhã, Saga. - Me despedi seguindo até a porta de casa.
Eles esperaram eu entrar para seguir seu caminho. Minha próxima etapa era subir as escadas sem cometer um suicídio. Mal pude acreditar que consegui chegar a minha cama sem tropeçar e meter a cara no chão. Estou sem condição nenhuma de ir ao banheiro e me contento em somente tirar a roupa. Amanhã eu faço minha obrigação, juro. Agora preciso fechar os olhos, de verdade. Se não fosse o álcool, eu custaria a dormir. Ainda persiste o gosto do beijo dele em minha boca misturado a bebida.
 fim
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