Tumgik
doceredutoblog · 10 months
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Mansa e pacífica
Faz tanto tempo que não escrevo nesse blog, eu sei. Outro dia estava pensando sobre como o tempo passa rápido demais. Eu vejo o post anterior a esse, faz mais de um ano e parece que foi ontem. Leio páginas de diário que escrevi que, na minha cabeça, foram a seis meses atrás, mas na verdade foram há dois anos. Pra onde esse tempo todo está indo?
Tudo está acontecendo tão rápido e ao mesmo tempo tão devagar. Eu dei uma pausa nos estudos porque nada faz mais sentido pra mim. Já faz algum tempo que não consigo mais me dedicar à única coisa que eu sei fazer, que é estudar. E então eu me encontro perdida, sem rumo, sem saber o que fazer. A minha vida toda foi moldada ao redor dos estudos, toda a minha personalidade foi construída ao redor disso, e de repente nada disso me dá mais prazer. Eu não sei bem o que aconteceu, mas eu não me sinto mais motivada.
Talvez seja a falta de foco, talvez sejam as urgências das outras áreas da minha vida. Eu não sei bem. Eu me sinto relativamente feliz no meu atual trabalho, apesar de algumas coisas me incomodarem (queria ganhar mais, queria trabalhar mais perto de casa), mas as coisas estão caminhando. Penso em seguir novos caminhos, talvez fazer faculdade de novo, eu não sei bem. Eu não quero pensar porque o agora está bom. Mas o fato de ter que me preocupar me deixa angustiada, porque é como se eu criasse uma preocupação que não existe no momento. Eu queria conseguir viver o presente, porque o meu presente é, dentro do possível, bom. Mas a incerteza da vida e a busca de ter sempre uma segurança me faz me preocupar. É engraçado.
Sempre pedi aos céus tempo. Queria tempo pra mim, pra me dedicar a mim mesma, aos meus estudos, coisa que não tinha a até algum tempo atrás no trabalho. Hoje em dia as coisas mudaram, já tenho mais tempo e menos stress. Mas justamente quando consigo o que eu quero, eu já não sei mais o que fazer com tanto tempo livre. Eu achava que ia conseguir fazer tudo o que eu dizia não fazer por estar estudando, mas a verdade é que eu só passei esse tempo todo fazendo nada. Sempre no aguardo de algo que possa me mover de novo. Mas essa inércia é agoniante. Eu sempre vivi o agora me preparando pra algo no futuro, e agora não mais. Não consigo viver o momento e aproveitar o agora porque o amanhã sempre me assusta.
Penso na minha idade, nas coisas que eu ainda não fiz e ainda não conquistei. Meus sonhos são simples, mas ainda assim eu me cobro demais. As pessoas ao redor querem que eu queira sempre mais. Mas eu não quero mais. Não quero que ninguém fale por mim. Mas eu preciso me sentir compreendida, preciso de companhia, e eu sempre estou sozinha.
Toda vez que penso em retornar, meu coração diz pra eu parar. Eu sinto um vazio tão grande, uma falta de propósito, um buraco no peito que não dá pra explicar. Eu preenchia tudo isso com estudos, mas hoje em dia eu não consigo mais, hoje eu já nem sei mais quem eu sou. Mas eu não quero deixar isso me desestimular. O tempo é valioso, mas ele é relativo. Ninguém deveria viver em uma corrida contra o tempo. Nossa jornada deve ser pra conhecer a si próprio, não pra dar satisfação a alguém. Se alguém tomou uma decisão por mim no passado, que eu nem pedi, isso não é inteiramente culpa minha. Se eu não pude ter meu tempo de me encontrar quando era mais nova, eu vou ter meu tempo quando for o tempo. Eu não devo viver de acordo com as expectativas dos outros. E se eu me sinto bem, não tem porque não aproveitar o momento. Meu maior problema com estudos era justamente esse: Quando eu iria parar pra aproveitar minha vida? Nunca parava, pois eu estava sempre pensando no amanhã.
Esse não é um texto pra te desmotivar a estudar. Na verdade, esse é um relato do meu momento atual. Eu amo estudar, é talvez a coisa que eu saiba fazer de melhor, e eu sempre vou fazer isso de alguma maneira. Mas agora eu preciso parar de estudar pra concurso. A vida não é só isso. Eu quero cultivar minhas amizades, cuidar da minha saúde, da minha mente, do meu espírito. Quero viver o prazer de ter conquistado algo que eu nunca nem parei pra comemorar. Quero viver minha vida devagar. Eu quero voltar quando fizer sentido.
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doceredutoblog · 2 years
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Janeiro, 2022
A moça ali é a Elisabet Strid, soprano interpretando a Rusalka na Ópera homônima, nessa apresentação lindíssima aqui (é antigo já mas eu vi só esse ano)
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doceredutoblog · 2 years
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Depois de dois anos aguardando na estante, resolvi ler
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doceredutoblog · 2 years
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Poema ruim sobre um tempo pior ainda
É sobre a inspiração que vem e não se traduz em nada, apenas paira ao meu lado sem nada a dizer. Apenas me olha com esse olhar sedento, como se em algum momento eu fosse transcrever.
Transcrever as dores, risos e amores, como se fossem flores o ato de escrever. Como se o mundo parasse e a mão não cansasse mas nunca parasse mesmo após doer.
E o tempo passa, tudo vai, o tempo voa,e eu me vejo à toa, sem ter pra onde ir. A vida não é assim tão boa, eu que sou uma boba e quero prosseguir.
Encaro a negra solidão com um relógio na mão, e já não sei mais nada. A insônia inquieta me move pras teclas na ligeira madrugada.
Um passo de cada vez e depois mais três, onde é que vou parar? Não tenho tempo a perder, mas é que meu ser só sabe ir devagar.
Correndo pelo mundo incerto, num mundo repleto de seduções. É isso que é o correto? Deixar meu caminho reto e dobrar pras tentações?
Onde estou eu, afinal, no início ou no final? Eu não sei distinguir. Eu só sinto o empurrão, não é meu coração, mas me dizem pra ir.
Ir pra onde? Pra perto, pra longe, pra planície ou pro monte, eu não sei responder. O fato é que a gente se esconde, mas é inevitável ter que viver.
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doceredutoblog · 3 years
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01.11.2021, das 19h às 22h30 tendo aula de AFO.
Nobody said it was easy...
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doceredutoblog · 3 years
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Cringe.
   Às vezes eu me pego viajando no tempo. Não como quando a gente escuta uma música e sente nostalgia, ou quando a gente sente que está tendo um deja vú. É mais louco do que isso. Em situações específicas em momentos específicos, por alguns segundos eu esqueço o mundo de agora e me sinto em um mundo de alguns anos atrás. Eu não sei explicar muito bem, mas isso tem acontecido com frequência. “Será que outras pessoas são assim também?”, eu me questiono.
  Não sei se é a tal da “crise dos vinte e tantos” e essa coisa de não saber lidar com o fato de que, tal qual a Sandy, sou jovem pra ser velha e velha pra ser jovem que me faz ter mais do que nunca esse apego enorme por coisas do meu passado e acaba me dando esses surtos de vez em quando. Quando se tem vinte e cinco anos parece que se está em um grande limbo: Você ainda é jovem, mas não tem muito tempo a perder.
   A primeira vez que me senti velha foi no meu aniversário de vinte e quatro anos. Depois eu apenas aceitei. Ontem eu era a caçulinha da turma. Hoje, a geração z me acha cringe. Não tenho mais nem tempo nem paciência pra acompanhar notícias de música, que é algo que eu amo tanto. Madrugar pra ver fulaninha no Super Bowl num site aleatório que certamente vai dar 4593 tipos de vírus pro meu celular? Eu passo. Até porque certamente as cantoras que gosto nem seriam mais chamadas pra essas coisas. Eu não sei mais quem é relevante, parei na Billie Eilish.
  Minha ansiedade tem me consumido demais. Tirei o feriado de sete de setembro pra não fazer absolutamente nada, e não poderia ter feito coisa melhor. É como se estivesse renovada.
  Mas aí a rotina recomeça, as coisas voltam ao normal, o relógio desperta cedo, o ônibus atrasa. A vida não espera as minhas crises pararem. O tempo é cruel e está pouco se lixando pra mim. E tudo fica igual aquela música da Dido, sim, aquela que era trilha da sei lá qual temporada da Malhação do Cabeção (mais uma prova de que estou velha):
“Eu bebi demais na última noite, tenho contas a pagar
Minha cabeça está doendo
Eu perdi o ônibus e vai ser um inferno hoje:
Estou atrasada pro trabalho de novo
[...]”
(Dido - Thank You)
  Às vezes eu sei que estou realmente “adultecendo” quando essas músicas como a da Dido e a da Sandy passam a fazer sentido na minha vida. E nessas viagens do tempo, pra músicas antigas, pra comportamentos antigos, eu me sinto estranha. É como se essa regressão fosse a única forma de eu me sentir segura, porque estou lidando com um mundo que já conheço. E às vezes essa coisa de voltar no tempo acontece assim do nada, como se tivesse entrado em uma Tardis e de repente estou em 2010 tomando café pra ir pra mais um dia de aula no primeiro ano do Ensino Médio.
    No fim das contas, é uma sensação legal. Fazer coisas que eu gostava de fazer quando era adolescente me tira um pouco dos problemas do dia a dia, me faz sentir mais leve. Envelhecer cansa e me tira o sono. Reviver algumas bobagens, nem que seja ver um filme ou ouvir música de 2008, às 1:30 da manhã, como se não tivesse trabalho no dia seguinte, me dá um pouquinho de gás pra viver. A única coisa que eu sinto falta é de fazer coisas que eu não fiz por conta da depressão, como ter um grupinho de amigos, sair pra rolês. Me pergunto se algum dia eu ainda vou ter tempo de viver tudo isso sem parecer uma adolescente. Ou será que algum dia já vai ser tarde demais?
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doceredutoblog · 3 years
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Questões.
(E não são de provas. Antes fossem.)
2018 eu tinha acabado de sair da faculdade. O mundo parecia pronto pra ser explorado por mim. Eu parecia estar muito próxima dos meus objetivos. Eu sabia de tudo. Eu já tinha aprendido tudo. Agora era hora de acontecer.
Mas é claro que nada funciona assim. Eu tinha 21 anos naquele ano, e a vida parecia estar ótima. Não, eu não tinha ainda o que eu queria, mas eu tinha algo muito importante: A confiança. Eu confiava que tudo ia dar certo. Aliás, era quase impossível não dar certo. Eu acreditava muito em mim e que eu era capaz.
Quando foi que tudo isso ruiu?
Eu sempre fui muito sozinha. Eu nunca fui de ter muitos amigos, sempre passei por tudo praticamente só. Sempre tive que cuidar de mim mesma, sempre tive que fazer tudo por mim, sem nem mesmo ter pra quem pedir opinião -até porque ninguém parecia saber me ajudar.
O tempo foi passando e várias coisas aconteceram. Eu percebi que toda a vida que eu estava planejando não ia acontecer. Eu não ia ter o que eu queria sempre. E às vezes, um simples "não" poderia significar uma mudança significativa de planos. Uma visão mais acurada de alguma coisa poderia significar um desencanto decisivo pra meu mundo inteiro cair.
E era assim que tudo estava, desmoronando. As coisas só pioravam, minha ansiedade me consumia, eu achava que eu ia surtar. E eu surtei várias vezes, sozinha, dentro da minha cabeça, porque eu precisava me fazer de forte. Não pra mostrar pra alguém ou pra fingir, mas porque eu sabia que ninguém ia ligar pra minha dor. Então, entre chorar feito uma criança ou fingir que tudo estava bem, eu preferia não falar sobre isso nunca. Um erro? Talvez.
A verdade é que eu não sei pra onde eu tô indo e nem pra onde eu quero ir. Eu só quero chegar em algum lugar. Eu só quero sentir paz.
Tantas coisas eu me questionei de lá pra cá, e ainda questiono. O que eu quero? O que eu sou? O que eu quero ser? Eu sinceramente não sei a resposta. Eu não consigo pensar numa resposta, mas as perguntas não saem da minha cabeça. Pra onde eu devo ir? O que eu devo fazer? Como eu quero que as pessoas me vejam? Isso importa?
Eu não consigo me concentrar, porque as perguntas sempre me atormentam. O tempo passa cada vez mais rápido e eu pareço nunca sair do lugar. É agoniante.
Não, eu não sei o que fazer. Eu só sei que eu vou ter que fazer o que sempre fiz, que é me virar sozinha. De uma forma ou de outra, vou ter que descobrir como sair desse lugar desconfortável. Vou ter que me virar sozinha mais uma vez, porque ninguém vai fazer isso por mim.
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doceredutoblog · 3 years
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Mares Revoltos
E aqui vamos nós de novo.
Olho pra prateleira do meu armário, que não é lá muito grande, e, junto da grande bagunça que deixei acumular durante a semana, vejo meus livros. Eu guardo os livros de estudos nessa prateleira e os livros de histórias eu guardo em um espaço do guarda-roupa. É uma forma de manter tudo no seu devido lugar. Quando eu olho aqueles livros ali é como uma grande retrospectiva da minha vida de estudos pra concursos.
Depois de três anos estudando, tudo parece uma eternidade. Aquele bando de livros só piora tudo. Eu olho aquilo e me sinto patética, por uma única razão: Eles são a prova da minha falta de foco. 
Ali tem livros de todas as vezes que eu decidi mudar de área. Tem livros pra tribunais. Livros de direito do trabalho. Livros de direito eleitoral. Livros de economia. Livros de constitucional. Livros de política internacional. Direitos humanos. Licitações. O que eu estou fazendo com a minha vida, afinal?
Claro, pra quem não entende nada, aquela prateleira parece inofensiva. Mas pra mim, ela parece um reflexo da minha incompetência. Eu realmente gosto de estudar. Eu disse pra mim mesma que, assim que tiver tempo, vou ler tudo aquilo simplesmente por prazer, em especial meus livros da época em que ainda sonhava em ser diplomata. Simplesmente porque gosto. Porque sinto vontade. É tipo uma forma de me sentir menos culpada por ter comprado tantos livros.
Conhecimento nunca é demais, é o que dizem. Eu concordo. Mas veja bem, quando se trata de concursos públicos, ninguém realmente se interessa se você é um grande poço de conhecimentos. Ninguém quer saber se você sabe tudo sobre direito constitucional. A única coisa que importa, pelo menos pra passar na prova, é que você acerte as questões. E isso pode até soar um pouco confortante, mas é desesperador pra quem ama aprender. Deixar as coisas práticas e racionais demais sempre foi algo que me arrastou pro fundo do poço da depressão.
A paixão às vezes atrapalha. Te desfoca, te faz fazer coisas que, em condições normais, você não faria. Mas a paixão, às vezes, pode ser usada ao seu favor. Eu ainda me lembro quando era apaixonada pelos estudos. Quando devorava os livros, empolgada. Como isso se perdeu em tão pouco tempo? Por que esses três anos pareceram uma eternidade?
Eu mudei muito de lá pra cá. E os anos passam, a pele engrossa e os pés calejam, e então conseguimos saber como as coisas realmente são. Não caímos mais em qualquer conversa. Não criamos falsas esperanças. A razão começa a tomar conta das nossas vidas, nos guiando pelo melhor caminho, que muitas vezes não é aquele que um dia sonhamos. Processos de luto são doloridos demais, mas fazem parte da vida. Ciclos fazem parte da vida. Ciclos de vida, ciclos de perdas, ganhos. Ciclos políticos. Ciclos de estudos. Ciclos de trocar os ciclos de estudos afixados no mural perto da minha escrivaninha. Ciclos.
Ciclos são melhores que grades horárias, eles dizem. Grades horárias parecem mais grades de prisão. Como assim, só porque hoje é quarta-feira, sete da noite e eu tenho que estudar português? Eu tive que ler o dia todo, não aguento mais nenhum texto. A rotina é um saco. A rotina é massante. Os ciclos só giram e giram e nada, de fato, parece ter fim. As paredes são as mesmas. As questões são as mesmas. As pessoas são as mesmas. Umas pessoas choram por amores. Outras choram por provas. Será que nunca vou passar? Será que nunca vou ganhar um bom dinheiro? Será que tenho que fazer outro curso? Sair do país? Mudar de área? Não sei. Tanto faz. São apostas. São riscos. Se manter no mesmo lugar também é um risco. No fim das contas, nada é certo, mas nós buscamos sempre nos apegar em algo estável. Ou pelo menos que pareça estável. Quem iria pensar em uma pandemia? Quem iria pensar que estaríamos com esse governo que temos hoje? Quem iria pensar que tudo só iria de mal a pior?
Mas tem algo nisso tudo que me chama atenção, é fato. Eu já pensei muito em outras opções na minha vida. Fazer outro curso, abrir uma empresa... Mas nada disso me faz sonhar por completo. Nada disso me faz sentir vontade de verdade de fazer. O que percebi é que ainda existe um sonho, ainda que passando por todas essas adversidades. Ainda existe algo aqui dentro que me faz continuar. E a única coisa que me resta é me apegar nisso pra seguir por esse mar agitado e misterioso, até chegar em terra firme, seja lá qual ela for. Mar calmo nunca fez bom marinheiro, mas bons marinheiros precisam ser calmos. Bons marinheiros não sabem domar as ondas raivosas, mas sabem navegar por elas com paciência e foco. O segredo é esse. E é a simplicidade que é difícil demais.
(20 fev)
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doceredutoblog · 3 years
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I’m trying to restore the feeling
Faz bastante tempo que não apareço por aqui, nem que seja com um studyspo básico. A verdade é que do último post pra cá, as coisas continuaram como sempre: um grande turbilhão.
Um novo ano se iniciou e muitos esperavam (ou ainda esperam) que as coisas melhorem. No fundo, não dá pra negar, todos ficam com essa esperança quando chega o mês de dezembro, e nessa virada em especial, depois de tanto sofrimento, era tudo o que todo mundo queria.
Com esse novo ano veio também uma nova eleição das Mesas Legislativas, e depois dos resultados, o mundo dos concursos ficou desesperado. Bom, eu particularmente não tinha muita esperança. A Reforma Administrativa está próxima, o serviço público está ameaçado desde a “PEC do teto”, e, sinceramente, não sei mais nem o que fazer.
Ainda tenho uma prova pra fazer que está suspensa, tô de olho em outra aqui mesmo no meu estado que está autorizada (mas duvido que saia tão cedo). Mas o ânimo pra estudar simplesmente foi pelo ralo. Creio que todos devem estar passando por isso: Não dá pra ter ânimo pra estudar em um país como esse.
Já considerei mudar de área, fazer outros cursos, mas aí vem a pergunta: Mas se não der certo também? Emprego tá ruim em qualquer área, essa é a verdade. E depois, sempre tem aquela coisa do “o que me faz feliz”. Não quero fazer nada por dinheiro, porque é uma felicidade que dura pouco. E eu não quero ser infeliz.
Eu penso muito sobre cada decisão que eu vou tomar, porque eu não quero me sentir infeliz nas coisas que escolhi. Estudar pra concurso, por mais complicado que seja, ainda é o que me traz uma ideia de felicidade. E eu realmente não tenho outra opção, a não ser que eu mude completamente de carreira ou de planos, mas aí seria mais um risco a se tomar.
Eu não me sinto feliz onde eu estou nesse momento. Eu quero várias coisas na minha vida, e elas parecem tão distantes a cada dia que passa. Eu vou perdendo o gosto de estudar, de aprender, de querer novos desafios. Quanto mais velha eu fico, mais eu vou entendendo como o mundo é e mais triste eu fico com tudo isso.
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Mas eu tô tentando voltar a ver as coisas com otimismo. Eu sei que tudo o que a gente passa é pra que a gente possa ficar mais forte, tudo é um aprendizado, e que se não aconteceu, era porque não era pra ser. Pelo menos eu acredito muito nisso.
Em relação aos estudos até que tô indo bem na rotina, mas não ter um rumo me deixa sem graça pra tudo. Só me resta seguir e esperar que boas coisas venham e aprender com a jornada, como já aprendi muito. Afinal, mar calmo nunca fez bom marinheiro.
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doceredutoblog · 4 years
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Estou a dois pontos do paraíso
Desde quando comecei a estudar pra área legislativa eu criei esse blog pra registrar os momentos dessa jornada. Na época, tinha uma prova estadual em mente, e destinava todo o meu tempo de estudos a ela. 
O tempo passou, fui me aprofundar em matérias cobradas, e comecei a vislumbrar uma possibilidade real de passar naquela prova. De repente eu conseguia ver toda a minha vida mudando em uma questão de meses.
Eu fiz minha prova, e confesso que no dia não senti muita confiança. Mas ainda tinha uma segunda fase, que chamaria uma quantidade considerável de pessoas, e vai que eu fosse uma delas.
Uma parte de mim sonhava com a remota possibilidade de ser chamada, lá no finalzinho da classificação, pra fase discursiva. Outra parte pensava em seguir em frente e focar em outra prova. Passei alguns meses dividida.
Esse ano tem sido uma grande bagunça. Por ter começado a trabalhar e ter pouco tempo, confesso que até hoje tento me organizar e muitas vezes falho.
A segunda fase seria em maio, e então eu prometi que seguiria estudando pra mesma até sair o resultado. Nada mudaria taaaanto assim, já que eu continuaria na área legislativa. Somente a parte específica.
Então veio a pandemia e a consequente suspensão dos concursos. Não tinha mais previsão de quando sairia o resultado da minha prova.
Passado um desespero inicial, resolvi seguir estudando pro Senado, já que tudo iria ficar suspenso mesmo. E então saiu finalmente o resultado da prova da Assembleia:
Eu não passei. Por um ponto eu fiquei fora dos convocados pra segunda fase.
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Não me pergunte, até hoje não sei calcular os pontos da FCC, mas eu usei um site pra isso e, bem, eu não apareci nas listas. O último colocado tinha feito apenas um ponto e uns quebrados a mais que eu.
Muitos ficariam extremamente decepcionados, zangados, tristes com isso. Mas eu confesso que não senti nada disso. Eu, na realidade, fiquei feliz. Dentre muitas coisas, aquilo foi um certo alívio pra mim. Eu quase passei. Isso significa que falta pouco pra minha aprovação.
Sempre gostei de ver as coisas por um lado positivo. E se eu quase passei, quer dizer que, se eu me esforçar um pouco mais, vai chegar a minha vez. E eu tenho usado esse resultado como motivação pra não parar de estudar. Agora sim eu sinto mais confiança. 
É importante ter humildade de entender que talvez você ainda não tenha amadurecido o suficiente em termos de estudo pra conseguir passar em determinada prova. E eu sei que ainda tenho muito a aprender. E é por isso que eu não quero parar. Quando o Senado vier, quero estar pronta e fazer melhor do que fiz agora.
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doceredutoblog · 4 years
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continue a nadar
  Se eu dissesse que tô estudando muito durante esses tempos, estaria mentindo. Eu sei que a pandemia já virou o motivo em que todos se apegam pra dizer que “tá tudo bem você não fazer nada”, mas já parou pra pensar que nada realmente parou?
   A vida continua acontecendo, de um jeito bem estranho, mas continua. As coisas ficaram mais difíceis, muitos mudaram drasticamente suas rotinas, mas a vida continua andando. As coisas continuam acontecendo. 
   Passei por algumas semanas de desespero no início, achando que os concursos já eram, que não ia ter mais dinheiro pra nada, que o país ia quebrar. Isso tudo pode até ter um fundo de verdade, afinal com algo tão inesperado é até impossível que não tenha um impacto econômico, como já estamos vendo acontecer. Mas a vida não para.
   As comissões de concurso continuam trabalhando. O serviço público continua demandando servidores. Uma hora não vai dar pra aguentar. As contratações vão ter que acontecer. Pra quem é vestibulando, os vestibulares e o ENEM uma hora vão acontecer. E o melhor que podemos fazer agora é se cuidar e estudar. 
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doceredutoblog · 4 years
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16 de abril, 2020
Onde foi que eu tava com a cabeça quando achei que eu ia conseguir entender contabilidade?
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doceredutoblog · 4 years
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11 de abril de 2020
A frase é motivacional mas eu não tô nem um pouco motivada. Fiz um cronograma pra me organizar durante a quarentena mas não consigo seguir. Minha cabeça pensa em mil coisas, menos no que eu tenho que estudar. Na maioria das vezes eu só largo tudo mesmo. Ainda por cima, a nova rotina, com todo mundo em casa, me atrapalha bastante. Me sinto cansada demais pra me motivar. Eu não aguento mais. Só quero que tudo volte ao normal.
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doceredutoblog · 4 years
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Se identificam?
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doceredutoblog · 4 years
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Vida, interrompida
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pic by joshua rawson-harris
No meio dessa pandemia, cada vez que abro o livro me vem aquela sensação, uma voz na minha cabeça que diz: “Estudar pra quê?”. Bom, a essa altura todos já sabem das proporções que o covid-19 chegou e de como vai ser um destroço total pra economia, quer a gente fique em casa ou não (fique em casa pelo amor de Deus), porque já sabemos (eu espero que você saiba disso) que a questão não é a economia. Ela vai sentir o impacto de qualquer maneira. A questão é sobre milhares ou milhões de mortos.
Não é sobre isso que quero falar. É sobre nosso psicológico durante esse momento que mais parece uma distopia cyberpunk do que outra coisa. Editais suspensos, provas adiadas, até o censo 2020 ficando pra 2021, frustrando expectativas de quem se preparava pro IBGE esse ano. Mais um ano de estudo. 
O que me preocupa não é nem que as coisas sejam adiadas. Isso é o mínimo que deve ser feito, porque a prioridade agora é outra. O que eu fico pensando é: Será que essas provas vão realmente acontecer? Será que vai ter dinheiro pra fazer prova e pra contratar pessoal? Será que as nossas vidas algum dia vão voltar ao normal?
Eu me preocupo muito. Penso todos os dias na minha família, em especial nos mais velhos. Penso nas consequências que essa doença vai nos trazer no futuro, mesmo depois de acharmos vacina e remédios. Penso em como tudo parecia estar indo tão bem e de repente o mundo desaba.
Claro que eu não tenho conseguido estudar direito. Eu tô de quarentena, mas não consigo estudar o tanto que gostaria justamente por todos esses pensamentos virem à tona o tempo todo.
É claro que não podemos surtar por algo que a gente não consegue controlar. Se eu tivesse que dar um conselho, seria esse. Trabalhe com o melhor cenário: Uma hora tudo isso vai passar. Apenas se cuide e continue. A vida pode ter até ficado interrompida, mas não deixe que aconteça os mesmos com seus sonhos.
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doceredutoblog · 4 years
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Meu lugar feliz
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(via: unsplash)
Muitos dias se passaram. Muitas coisas aconteceram. Continuo doente, e essa doença nunca passa. Acho que vai completar 45 dias que não estudo. O tempo passando rápido, já estamos em março. Ao mesmo tempo, tudo parado no mundo dos concursos. Uma espera enorme pra ver se algo me anima outra vez. A vida agitada, correria, pressa, cansaço, falta de ânimo... Tava pensando sobre tudo isso agora.
Existem diversos caminhos que eu gostaria de seguir, em várias áreas da minha vida. Mas ao mesmo tempo, parece que não dá pra conciliar nada disso. Eu comentava com uma amiga que eu sou muito radical e esse é o meu problema. Ou eu faço uma coisa, ou eu faço outra. Pra mim é muito difícil conciliar coisas na minha vida.
“Give up these noises
Silence my mind
We all have choices, Where can I find My happy place?”
(Alison Wonderland - happy place)
Tem sido muito difícil me encontrar em meio a tanta bagunça na minha cabeça. Eu me cobro muito. Eu sou muito fiel ao que acredito e às vezes falho comigo mesma. Tudo bem, a princípio. Sou humana, não sou perfeita.
Hoje tava pensando em como eu não consigo acreditar que sou capaz em algumas situações. Eu tenho uma mania de achar que determinadas coisas “não são pra mim”. Por exemplo, quando eu penso em fazer um concurso federal muito concorrido. No fundo eu penso “ah, isso não é pra mim. Eu nunca vou passar, isso é muito difícil”. Eu sei que isso é medo, autossabotagem e provavelmente alguma preguiça de se esforçar. Eu sei que se eu quiser eu consigo. Mas é difícil me convencer disso, porque inconscientemente eu repito a mesma coisa.
Eu estava em dúvida se seguia estudando pro Senado, já que já estava focando na área legislativa. Eis que autoriza um concurso no meu estado, que eu já tinha feito da última vez, logo no início da minha trajetória de concursos (e fui bem mal por sinal), e fiquei dividida. Esse segundo concurso, se sair pra área que fiz (o que é bem provável), é basicamente licitações. Daí dá pra ver que são assuntos bem diferentes. Além do que ele será CESPE, e o Senado FGV.
Eu passei dias, pra não dizer semanas, em dúvida de qual escolhia. Acabei resolvendo focar no estadual por achar que Senado era muita areia pro meu caminhãozinho. Mas hoje, parando pra pensar, eu pensei: Cara, por que eu não acredito que eu vou conseguir?
Eu passei semanas pesando os prós e contras de um e de outro. Pensando na minha vida estudando pra eles, pensando na minha vida de aprovada. Pensando se ficaria longe da família ou não. Pensando se ia pra Brasília ou continuava na minha cidade. Pensando se queria uma remuneração alta ou se um salário não tão alto, mas acima dos padrões já seria suficiente. Será que eu preciso de um salário alto? Será que eu quero mesmo ir pra Brasília? Eu me perguntava essas coisas, que nunca foram questões pra mim, e hoje vejo que era apenas uma desculpa pra não estudar pra um “concurso difícil”.
Vi um vídeo do Hugo de Freitas com o Fernando Mesquita (que aliás, são dois canais de estudos que recomendo muito) e o Fernando falava um pouco da trajetória dele e como ele lidava com tudo. Eu meio que já sabia da história dele, mas aquela live me fez vê-la por um outro lado. Ali ele falou bastante da parte emocional do negócio, de como ele lutou pra chegar onde ele queria (que, coincidentemente, é a área legislativa federal). Mas uma coisa em particular que ele falou na live me chamou atenção. Não lembro as palavras exatas, mas era algo tipo assim: Talvez você não consiga se ver estudando pra certo concurso porque talvez isso pareça muito distante de você. Nossa, era exatamente isso que eu estava pensando. Esse foi o meu pensamento com a diplomacia, esse está sendo meu pensamento com o Senado. E ele não deu uma de coach e falou pra gente simplesmente continuar seguindo os sonhos. Ele disse que tava tudo bem, talvez você não estivesse preparado ainda (é por isso que eu gosto do Fernando). Hoje, refletindo sobre tudo isso, eu parei pra pensar que, se você faz uma escolha e ainda está insatisfeito, é porque você não ouviu seu coração.
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“a paixão nos trouxe aqui” (via unsplash)
Eu sou uma dessas pessoas que ama conhecer culturas novas, né. Eu só não tenho dinheiro pra viajar, mas eu adoro escolher um povo ou país aleatório pra pesquisar sobre, isso tudo, sei lá, umas 2 da manhã quando tô sem sono (cada doido com sua mania). Um dia me deu uma coisa de pesquisar sobre povos polinésios. Aí eu descobri que o povo maori tem uma dança tradicional chamada Haka. Inclusive tem um vídeo bem bonitinho de um casamento onde os parentes e amigos dos noivos performam a haka pra eles, como uma demonstração de que eles os consideram importantes e eles se emocionam e se juntam a eles no final e tal. Mas por que eu tô dizendo isso? Bem, eu fiquei vendo esse vídeo várias vezes e acabei achando uma versão legendada com a tradução daquela haka, que se chamava Tika Tonu (”o que é certo é sempre certo”). A letra basicamente fala sobre olhar pra dentro de si, porque é lá que estão as respostas pros nossos problemas.
“O que é certo é sempre certo.
Seja verdadeiro consigo mesmo, meu filho
Você me deixou preocupado, então escute:
Qual o problema que você está enfrentando?
Por quanto tempo está enfrentando?
[...]
Filho, ainda que seja difícil pra você,
ainda que pareça ser inflexível,
não importa quanto tempo você reflita sobre isso
a resposta para o problema 
está aqui, dentro de você”
Eu fico pensando muito se eu de fato estou seguindo meu coração, ou se eu estou me deixando guiar pelos meus medos e inseguranças. Eu ainda sei muito pouco desse mundo, sei muito pouco das coisas lá fora. Eu tenho algumas certezas. Mas tenho muitas dúvidas. Eu ainda não sei direito quem sou e o que quero. Talvez eu nunca saiba. Talvez ninguém saiba de fato e ninguém nunca chegue a uma resposta. Talvez o sentido da vida seja sempre caminhar e fazer o que parece ser o melhor naquela hora. Como quando eu ouvi meu coração pra fazer aquela prova municipal em vez de seguir estudando pro TJ e deu certo. Talvez seja hora de parar de ter medo e fazer o que eu sei que devo fazer.
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doceredutoblog · 4 years
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Um pouco da minha trajetória nos estudos
ATENÇÃO: ALERTA DE TEXTÃO!
Quando comecei a estudar pra concurso, em 2017, eu era, como todo iniciante nessa vida, uma garota sonhadora e inocente. Eu imaginava que levaria mais ou menos uns três anos pra ser aprovada no “concurso dos sonhos”, que minha jornada ia ser linda, maravilhosa, cheia de flores no caminho. Imaginava que todos os dias eu iria estar motivada pra estudar, que, por amar o conteúdo, tudo iria ser mais fácil. Que eu não iria ter problemas, que o dinheiro não ia acabar, que altos e baixos não iam acontecer. 
Pobre garota inocente...
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Mas tudo bem. Quando a gente começa é assim mesmo. Em 2017 eu estava terminando a faculdade. Era meu último ano e eu estava aperreada, como se diz aqui na minha terra, com prova da OAB, estágio e TCC. Mas nesse ano em especial eu tinha uma sensação de empoderamento muito grande. Parecia que tudo estava finalmente dando certo na minha vida, que os meus sonhos estavam cada vez mais próximos de se tornarem realidade.
No âmbito pessoal, foi um ano de grandes transformações pra mim. Eu já estava numa jornada pra me curar da depressão e buscar um sentido pra vida desde 2015, e então naquele ponto eu já estava confiante o suficiente pra acreditar que a partir dali tudo iria dar certo se eu me esforçasse. Entrei numa jornada louca de autoconhecimento. Eu sempre fui muito voltada pra dentro, mas a vida de estudante me fez olhar mais ainda pra mim mesma e entender coisas sobre mim que eu nunca tinha parado pra pensar sobre. 
Eu tinha muito claro naquele ano (na verdade até um pouco antes) que eu não queria advogar. Fiz a prova da OAB por “livre e espontânea pressão” da família e das pessoas ao meu redor, porque quem faz Direito sabe: as pessoas sempre vão te cobrar a aprovação no bendito exame, e mesmo que você não queira advogar, parece que aos olhos dos outros, não ter a famigerada aprovação na Ordem é um atestado de fracasso. Resolvi fazer logo no final do curso pra me livrar o mais rápido possível dessa cobrança e focar no que eu realmente queria, que eram os concursos públicos.
Passei na prova logo no primeiro semestre e então fiquei me dedicando no meu TCC e sofrendo no estágio (risos). Além de sofrer um pouco mais nas mãos dos professores que insistiam em dificultar nossas vidas, sabendo que estávamos no fucking décimo período e a última coisa que queríamos naquele momento era dedicar horas de estudo pras matérias deles. Apesar de tudo, levei essa rotina numa boa. Cansada, mas feliz e confiante.
Eu tinha o “concurso dos sonhos”. Só que ele era muito desafiador. Até hoje sonho com ele. Mas eu decidi que inicialmente buscaria algo intermediário, pois imaginei que iria levar mais ou menos de 3 a 4 anos pra conseguir aprovação, então queria algo pra me manter durante esse tempo. 
E foi assim que eu comecei a estudar pra Tribunais.
Influenciada por colegas da faculdade, comecei a focar em TRT’s, que na época estavam pipocando por tudo quanto é canto no Brasil. Eu até que gostava de Direito do Trabalho, apesar de ser uma matéria extremamente chata de estudar, no sentido de que ela é muito dinâmica, e a cada momento muda uma coisa aqui e ali, sem falar na bagunça que é a legislação, e as súmulas, as OJ’s... Mas tirando tudo isso, ok, aceitei o desafio. 
Só que as coisas começaram a mudar demais na legislação trabalhista. Comprei livros que depois de poucos meses se tornaram inúteis por conta de medidas provisórias e novas interpretações e novas leis...
Aí eu desisti de vez de TRT. Resolvi focar mesmo em Tribunais de Justiça, pois aparentemente era algo mais consistente de se estudar. Na época eu queria mesmo era TRE, pois tive uma experiência bem legal fazendo estágio por lá, mas naquele momento os concursos de Tribunais Eleitorais estavam suspensos. Boba eu, pois se tivesse a noção de concursos que tenho hoje, ficaria estudando pra TRE e já poderia ter passado em algum, pois agora que começou o “momento” dos concursos eleitorais. 
Whatever. Segui no TJ. Eu já mencionei em outro post que eu descobri depois que eu odeio estudar pra tribunais. Pois é. Eu só descobri isso dois anos depois de começar a estudar. Meus grandes problemas: Civil e Penal. Não é que eu odeie essas matérias, mas eu acho um saco ficar estudando elas. Simplesmente não me desperta nenhuma vontade de me aprofundar nelas, em especial Processo Civil, que é só a matéria base pra qualquer concurso de tribunal, mas que eu acho uó do borogodó de chata, podre e insuportável de estudar. Porque assim, estudar na faculdade até que era legal. Mas ficar estudando isso o tempo todo, intensamente, loucamente pra passar numa prova é pedir demais pra mim.
Eu sempre gostei mais das matérias mais teóricas, menos técnicas e mais abrangentes, tipo Constitucional, Direitos Humanos, e até mesmo Direito Administrativo, apesar de ser cheia de regrinhas, mas eu conseguia ver algo maior ali. Eu na verdade passei a gostar de Direito Administrativo depois que eu comecei a estudar pra concursos, porque na faculdade eu achava um saco, simplesmente porque não entendia nada. Então eu fiquei procurando concursos em que caíam essas matérias. Descobri então que os cargos que tinham as matérias que eu mais gostava geralmente eram aqueles cargos gerais, pra qualquer formação. E então eu comecei a olhar com mais carinho pra eles, que antes eram ignorados por mim por conta de duas matérias: Administração e Orçamento Público.
Sei lá, eu olhava essas duas e já me vinha na cabeça uma palavra: matemática. Sim, eu pensava que ia ser difícil, que eu nunca ia conseguir, que era coisa de doido e que eu era de humanas e aquilo não era pra mim. Mas, quando vi que não tinha jeito, resolvi arriscar.
 E não é que eu amei? Gostei muito de estudar Administração, principalmente a parte de Administração Pública, e mais ainda de estudar Orçamento Público, que eu descobri que não tinham cálculos mirabolantes, mas sim coisas que estavam na própria Constituição Federal (por que eu não dei isso na faculdade???).
Segui então estudando o combo das matérias de área administrativa, aguardando por uma prova em que elas iriam cair. 
Mas ainda não estava feliz. Aquela empolgação de matéria nova se foi assim que fechei todo o conteúdo das duas, e agora, com o edital todo marcadinho de verde (eu marco o edital com marca-texto verde quando finalizo um assunto), eu perdia a vontade de fazer qualquer coisa.
A fase de revisão é a mais chata de todas, porque não há novidades, não há mais nada a fazer a não ser reler e se matar de fazer questões. É um porre. Mas isso é um assunto pra outro post.
Já ia fazer dois anos de estudo e ainda não tinha passado em nada. Naquele momento eu já estava desesperada. Pensava em voltar a me focar no concurso dos sonhos, pensava em fazer outro curso, pensava em desistir por um tempo... Foi difícil. 2019 foi de longe meu pior ano. Eu não trabalhava, ficava o dia todo em casa, tinha que ajudar meus avós porque eu era a única que “não fazia nada”, tinha que ajudar na rotina da casa e no fim das contas, mal sobrava um tempo pra mim. Tinha dias que eu só queria ficar deitada sem fazer nada e ouvindo música triste. Lembro de um dia em especial em que eu fiquei literalmente o dia todo sozinha, deitada na cama, ouvindo loucamente no repeat “save that shit” do peep e lendo páginas do reddit onde pessoas mais ou menos da minha idade e mais ou menos na mesma situação (sem dinheiro, sem emprego e sem perspectiva de vida) falavam sobre como se sentiam uma grande bostinha e como não sabiam o que fazer.
É, esse dia foi foda, no pior sentido da palavra.
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Eu engordei, adoeci, me sentia feia, inútil e tudo o que não prestava. Não tinha vida social, não tinha amigos, não tinha namorado, não tinha nada. Enquanto a vida dos outros parecia estar seguindo muito bem, a minha parecia estagnada. Minha ansiedade, nem precisa dizer, foi lá pra cima. Eu decidi que ia fazer qualquer coisa, mas eu precisava sair daquela vida. 
Considerei fazer vestibular novamente. Pensava em cursar Administração, já que estava gostando dessa matéria. Mas tinha um problema que me barrou de fazer uma nova graduação: a falta de dinheiro. As coisas estavam mais difíceis do que antes, e o único jeito era fazendo uma pública. Mas eu não queria parar tudo e voltar a estudar pro vestibular, aquelas matérias que eu não via a séculos e que, sinceramente, não queria voltar a ver. Então morreu aí a ideia de uma nova graduação. E depois, eu não sabia se isso ia realmente me trazer felicidade.
Depois de algum tempo eu entendi que eu só precisava “ver gente”. Eu passava o dia todo em casa, trancafiada, meu maior rolê era o supermercado ou levar meus avós pro médico. Mas na maioria das vezes eu levantava, comia, estudava, comia, dormia e passava muito tempo presa em casa. Eu lembro de um dia em que eu saí pra algum lugar, acho que foi pra buscar minha irmã na aula. Fazia muito tempo que eu não saía de casa, e simplesmente fazer aquele trajeto me deu uma sensação bizarra de liberdade. Foi aí que eu percebi que eu precisava ver gente.
Saiu então o concurso do TJ do meu estado e eu resolvi fazer. Até me matriculei num cursinho presencial, que praticamente me serviu pra três coisas: 1) ver gente; 2) me fazer entender que eu não queria a área de tribunais; 3) entender que naquele momento eu já não precisava de cursinho presencial. Não me arrependo de ter feito o cursinho, pois ele me foi útil pra isso e pra minha sanidade mental.
Faltando uns meses pra prova do TJ, que eu já fui fazer sabendo que não ia passar, saiu um edital de uma prova municipal. Aí eu resolvi fazer, pois naquela altura, eu só queria qualquer coisa pra sair de casa e me sentir menos inútil. Enquanto meus colegas de cursinho revisavam pro TJ, eu, sabendo que eu não ia passar porque tinham poucas vagas, muita concorrência e eu mesma não queria passar, foquei no concurso municipal. Já tinha estudado quase todas as matérias, só faltavam algumas leis específicas. Resultado: Passei em segundo lugar. 
Claro que essa aprovação, apesar de ser numa prova mais fácil e menos concorrida, me deu um ânimo. Comecei a pensar na minha rotina e tudo mais. Confesso que deu vontade de desistir no dia que fui entregar meus documentos da posse, mas eu entendi que era mais medo do que outra coisa.
Já vou fazer três meses, e a minha rotina ficou louca. Primeiro porque trabalho bem longe de casa. Isso faz com que eu não tenha muito tempo pra nada. Segundo, é que eu já estou bem cansada. Muito cansada de estudar. Eu não aguento mais.
Mas é claro que eu não vou desistir aqui. De longe eu já vim. O meu problema mesmo é com o tal do “o que eu quero pra minha vida mesmo?”.
Então, lembra do concurso dos sonhos? Pois é. Eu desisti de estudar pra ele não pela dificuldade, não pelas matérias nem nada disso. Eu desisti porque nesse meio tempo eu mudei muito, e eu busquei entender o que eu realmente queria. No fim das contas, me encontrei dividida.
Depois da prova do TJ e de abandonar essa área, eu decidi que eu iria focar na Área Legislativa. É uma área que eu me identifico mais e que o trabalho é mais tranquilo, em regra. Mas o fantasma do “concurso dos sonhos” voltou a me assombrar.
Tá, chega de mistério, o concurso dos sonhos é a carreira diplomática. Eu a descobri por acaso, num desses momentos de bad intensa durante meados da faculdade, quando eu queria algo pra fazer que pudesse sair do país. Aí eu li um site que listava algo como “profissões pra quem gosta de viajar” e lá estava ela. A Diplomacia.
Então, desde pequena, na escola mesmo, eu sempre gostei muito de geopolítica e sempre achei esses assuntos internacionais interessantes, além do que eu tenho um prazer imenso em estudar línguas e culturas diferentes (tanto que por algum tempo eu considerei cursar Letras), mas nunca tinha pensado na carreira porque eu nem sabia que ela existia. Eu sabia que existiam diplomatas, mas era algo tão distante pra mim que eu nem sabia como que funcionava a profissão, o que ele de fato era, como que virava um, etc. 
E naquele dia eu li aquele post e eu me interessei. Tinha meio que a ver com meu curso, mas também com outros assuntos que me interessavam, como  relações internacionais, idiomas, cultura, economia... Decidi ver como era e ali nasceu o sonho.
Mas enfim, depois de muito pensar, ler, pesquisar, buscar entender como que era de fato a vida de um diplomata, os perrengues, a rotina, eu pensei que talvez aquilo não fosse o que eu estava buscando. Como mencionei em algum momento desse texto, eu tinha mudado muito durante esses anos. Eu não sabia se a rotina de um diplomata e toda a responsabilidade que um cargo político requer era o que eu queria pra minha vida. 
Bem, até hoje eu não sei a resposta. Eu cheguei a comprar alguns livros, e até hoje olho pra eles, me esperando na estante, com certa saudade da época em que sonhava com aquilo.
O dia em que fui fazer a prova de Analista Legislativo em Macapá, passei por Brasília. Até então, ser diplomata já era um sonho encerrado na minha vida. Mas assim que sobrevoei a capital do país, meu coração se encheu de uma felicidade tão grande que eu não sabia definir. Eu literalmente quase chorei dentro do avião olhando aquele lugar, tão perfeitinho, as agulhinhas, as quadras certinhas, a igreja, a ponte... Eu então me lembrei de tudo aquilo. De todo aquele sonho que eu tinha sufocado. De toda a minha trajetória até ali. Meu peito se encheu de uma esperança enorme. Eu só pensava uma coisa: É isso que eu quero pra minha vida.
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Bom, eu cheguei em Macapá já me sentindo estranha, dividida, mas otimista. Fui fazer a prova, senti que me saí bem. Quando o resultado saiu, vi que não tinha ido tão bem quanto esperava. Mas ainda pensei na possibilidade de ser chamada pra segunda fase. No momento, continuo aguardando.
Esse fim de semana parei pra pensar em tudo isso. No que realmente me faz feliz. No que eu realmente amo. No que eu realmente quero pra minha vida. Eu me divido muito com a carreira diplomática, porque, ao mesmo tempo que amo os assuntos e tenho certeza de que seria um trabalho que eu iria adorar fazer, eu penso nas outras coisas que eu quero fazer na minha vida, e que eu não sei se a vida de diplomata iria me permitir fazer. Morar em outros países pode parecer muito glamouroso, mas imagina estar a um oceano de distância da sua família? Não é tão simples assim. 
Enfim, no momento eu me encontro em mais uma crise, Minha cabeça parece um turbilhão. Mas eu decidi que, por hora, vou continuar estudando pro concurso de Analista, até sair a convocação pra segunda fase. Se eu não for chamada, quem sabe agora, depois de toda essa tour, eu perca o medo de focar no sonho.
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