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#ficçãocientifica
sainttiago · 7 months
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carlosemanuelceara · 9 months
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Coletânea com 47 contos sobre Metaverso, Inteligência Artificial e futurismo ligado a tecnologia. . Meu conto: ‘O Algoritmo’ na página 100, fala sobre a cidade de Fortaleza em 2053 e m universo distópico. . Para comprar: https://www.editorapersona.com/product-page/para-al%C3%A9m-do-bem-e-do-mal-o-futuro . Meus links: https://linktr.ee/carlosemanuelcomunicador .
literatura #ficçãocientifica #contos #inteligenciaartificial #metaverso
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ominotauro-blog1 · 1 year
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Cailee Spaeny e Isabela Merced entram para o elenco do próximo “Alien”
As atrizes Cailee Spaeny (“Mare os Easttown”, “Os caras legais”) e Isabela Merced (“Dora, a aventureira”) entraram para o elenco do próximo filme da franquia “Alien”, que será produzido para a plataforma de streaming Hulu com direção e roteiro de Fede Álvarez (“A morte do demônio”, “A garota na teia de aranha”). Ainda sem previsão de lançamento, o longa tem produção do criador da série de…
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utopiadela · 1 year
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—Sim, mas fiquem tranquilos, não vamos romper o tecido do espaço tempo, embora neste momento meu cérebro esteja cogitando a ideia de escapar daqui o mais ligeiro possível. —Ellen Kris Ferreira. (Nina Menina - Wattpad).
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cinemaquiles · 2 years
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SÓ TEM BOMBA! 10 FILMES COM PERSONAGENS MARVEL QUE SÃO VERDADEIRAS BOMBAS!
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chaienes · 3 months
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Lee un capítulo más de la historia "Luna y el Elemento Eternal" del autor Chaiene Santos.
Traducción: Sergio Lirón
LOGLINE: Una farmacéutica afrobrasileña hipocondríaca y desconfiada, en una lucha contra el tiempo por descubrir un medicamento que ayude a curar la enfermedad de su madre, no imagina que tendrá que enfrentarse a la codicia desenfrenada de sus superiores y a la aparición de un hombre del futuro, dispuesto a interrumpir su investigación a toda costa.
EXTRACTO:
En el fin de semana, Fabio salió con Luna por la noche llevándola a cenar. Durante el tiempo que estuvieron en el restaurante, Luna no ingirió ningún fármaco. Él comentó con admiración:
— Veo que estás progresando... ¡Enhorabuena!
— No exageres. Además, sé exactamente cuáles son las dosis que debo tomar. Pero de tanto tú y mi madre hablar, estoy esforzándome mucho y he disminuido los medicamentos.
— ¡Muy bien! Cuando necesites abrirte conmigo, tal vez contando alguna cosa de tu pasado que te haya hecho daño o algún pensamiento que se repite en tu cabeza, no te olvides de que, además de ser tu novio, soy tu amigo. También quiero tener la oportunidad de abrirme contigo, pues eres la única persona en quien confío.
— Por lo visto, también quieres ser mi psicoanalista.
— Creo que amigo sería la mejor palabra.
#medicamento #remédio #scyfy #ficçãocientifica #afrofuturismo #blacklives #futuro #livro #HBO #Paramount #Amblin #executiveproducer #amazonstudios #kindle #editora # #amreading #publisher #appletv #ott
https://lnkd.in/g-xSfi4
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luizfafau · 5 months
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O grito
Caminhou em direção à portaria. Não viu o porteiro. Na calçada pareceu que um silvo metálico lhe perfurava os tímpanos. Era o peso do silêncio. Uma lufada de ar quente lhe dizia ser ele o último habitante do planeta quando explodiu um coro de vozes e a cidade gritou: "Gooolll".
Foto Judson Castro @judson_castro
#horror #ficçãocientifica #fantasia #microcontos
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rejaonp · 2 years
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O Grande Governo pretende controlar todos os segmentos da Nova Sociedade!Para isso convocaram o Tenente Cassius e criaram os robôs de Julgamento e Execução!E um deles é o Robô Paydar!
Acesse a:  https://amzn.to/3ivKP0L3
#livros literaturamarginal #literatura #kindle #ficçãocientifica #cyberpunk
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milenaazevedome · 3 years
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Quadrinhos Porretas - EP.29: Universo Zero (Coletivo Quadro 9)
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Neste episódio, falo sobre a HQ potiguar Universo Zero, produção do coletivo Quadro 9 (Renato Medeiros, Leander Moura, Cristal Moura, Rodrigo Xavier, Marcos Garcia, Mario Rasec e Carlos Alberto), lançada em dezembro de 2020, via edital Produção de histórias em quadrinhos da Funcarte.
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eeoficial · 4 years
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Venha pra nossa primeira coletânea gratuita de 2020. Gosta de ficção científica? Quer escrever sobre algo vindo ou ocorrido no espaço? Quer mudar um pouco sua rotina de gênero ou apenas incluí-lo em um outro mundo? Para de querer e bora pro site do selo, link na bio. Confira o edital e venham conosco. . . Confira em nosso story a arte da capa. . . #coletâneas #editalaberto #antologia #literatura #livro #espaço #ficção #ficçãocientifica #like #participe (em Elemental Editoração) https://www.instagram.com/p/B7oIyF3H57H/?igshid=36rlbinsh6g
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organizandoocaos · 5 years
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2001- Uma odisseia no espaço, um dos mais aclamados livros da ficção científica completou no ano de 2018 seu aniversário de 50 anos do lançamento, em homenagem a @editoraaleph começou um projeto incrível no Catarse, para lançar essa edição comemorativa mais do que especial que finalmente chegou nas mãos dos colaboradores, e podem acreditar cada segundo de espera valeu a pena , a edição esta impecavel e é o sonho de consumo para os entusiastas da ficção. A edição já sendo um show a parte, o livro ainda conta com uma estória incrível que trata dos temas : evolução humana, existencialismo, tecnologia, inteligência artificial e vida extraterrestre, com muita habilidade e técnica, te levando com tanta desenvoltura por essa jornada que faz você se sentir dentro dela ! Além de tudo o livro ainda foi a base para uma das maiores franquias do cinema que ficou conhecida no Brasil como planeta dos macacos, dividindo opiniões em seu lançamento o primeiro filme garantiu 1 Oscar e outras 3 indicações, com uma trilha sonora memorável resultado da associação feita por Kubrick entre o movimento de satélites e os dançarinos de valsas.  Em 1991, o filme foi considerado "culturalmente significante" pela Biblioteca do Congresso Amerricano para ser preservado no National Film Registry . Se você ainda não leu nem assistiu 2001- uma odisséia no espaço, esta entusiasta que vos fala recomenda com muita certeza de que não irá se arrepender! #hellodave #2001 #aleph #2001umaodisseianoespaço #HAL #livros #50anos #ficçãocientifica #planetadosmacacos #discovery (em Planeta Terra) https://www.instagram.com/p/B1ZLnluj7ya/?igshid=14wtpicfjodei
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sainttiago · 2 years
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Chuva do Tempo
O templo se fechava sobre o vilarejo e os pássaros buscavam por algum lugar seguro para passarem a chuva. Ninguém podia imaginar que aquela chuva seria diferente de todas as outras que já houveram antes.
Nuvens carregadas acinzentadas se formavam no céu sobre nossas cabeças. Em casa as pessoas se acomodavam e resguardavam, enquanto do lado de fora o tempo ia se fechando completamente.
Os cães colhiam os rabos entre as pernas e também buscavam por algum abrigo para passar a chuva. E o temporal sobre nós se formava. O horizonte se fechava e o céu escurecia. Todos em casa sob o frio do dia. Olhavam da janela o céu se fechando sobre o vilarejo. Não se esperava o que veria acontecer quando começasse a chover. Que o tempo se perderia e se encontraria no futuro. Pelo menos sobre nossos corpos.
Um misterioso arco-íris havia se formado em forma circular no céu, naquela manhã fria como de costume. Acordamos com aquele círculo colorido sobre nossas cabeças sem imaginar o que estava por vim. Mas ninguém imaginou que poderia acontecesse caso houvesse de chover naquele dia. Então continuamos com nossas vidas, como normalmente fazíamos. E a sim foi aquela manhã fria como costumava ser no vilarejo.
Vi pessoas envelhecendo várias décadas através do vidro da janela. E isso foi muito assustador. Sempre que o céu ameaçava chover era a hora de todos se recolherem em suas casas. E até mesmo a evitar goteiras dentro de casa, pôs qualquer gota de água podia envelhecer qualquer parte do corpo que água daquela chuva tocasse.
– Mamãe, mamãe... estou com medo mamãe! – disse uma pequena garotinha a sua a mãe enquanto se mantinha segura sob o cobertor, sobre sua cama.
– Vai ficar tudo bem querida é só não nós molhamos – respondeu a mãe enquanto olhara através da janela aquele tempo chuvoso; e procurando compreender o que estava acontecendo.
Nesse no momento no meio da tarde foi quando havia começado a chover e quem estava sob a chuva, sem esperar o que viria acontecer, sofreu os maiores efeitos da misteriosa chuva do tempo. Vi Pedro sair de casa nós seus 25 anos, mas quando voltou... Voltou para casa com a aparência de um senhor de 90 anos. Ele viveu apenas mais 2 anos mesmo sem ter deixado filhos e muito menos netos. E a sim eu vi a morte de meu amigo.
Chuva do tempo adiantou os anos dos que foram molhados de forma tão assustadora quanto misteriosa também. Aquele temporal do tempo levou algum tempo sobre as nossas casas. E aguardávamos ansiosamente dentro de casa o momento em que parasse de chover. E o medo de ser molhado por qualquer chuva que viesse acontecer se pendurou por toda a vida dos moradores. Mas era somente nós temporais de inverno durante o ano. E não só envelhecia as pessoas molhadas, mais alguns objetos também quando eram molhados pela chuva. Com objeto de ferro que logo enferrujavam quando molhado pela chuva do tempo.
Durou alguns meses a chuva e os trovões naquele inverno misterioso. Alguns resolveram fugir durante alguns momentos de estiada e a sim fez o jovem John. Disse que foi encontrado morto como um velho ancião completamente envelhecido.
– Eu vou embora... Vou aproveitar que a chuva deu uma estiada.
– Filho o céu ainda está escuro.
– Nem tanto mãe. Eu vou pra outro lugar bem longe. A senhora devia vim comigo.
John pegou um carro para sair do vilarejo, mas o carro acabou sofrendo um acidente e John acabou sendo lançado para fora do carro. E a última coisa que seus olhos viram foi a chuva a cair do céu e molhar todo o seu rosto. “Meu Deus, não!” foi a última coisa que ele falou enquanto envelhecia até a morte sob a chuva.
“A misteriosa chuva do tempo o que ela queria nós dizer?” Era o que eu me perguntava enquanto olhava para uma parte envelhecido do meu braço, molhado pela chuva. Olhava para o céu através da janela enquanto chovia fortemente. O que aconteceu foi misterioso e assustador ao mesmo tempo. Era como se o tempo resolvesse correr de forma muito rápida para alguns. Vi diante dos meus olhos adultos envelhecerem e crianças molhadas ficarem adultas.
A chuva do tempo se tornou um grande toque de recolher nos anos seguintes. Sempre que chovia todos se abrigavam rapidamente dentro de suas casas. Mas algo triste ocorria as vezes, alguns decidiam usar a chuva para deixarem esse mundo. Abriam os braços sob a fria chuva enquanto envelheciam até o fim de suas vidas. Acreditando que a chuva era sinal de algo divino e que aqueles que se deixasse se molhar até o fim iria para um bom lugar. Bem era o que eles acreditavam e por isso que fizeram. Como a filha de Jack, Caroline, que sofria de depressão.
– Pai me solta! Deixe me ir! – gritava a garota querendo ser molhada pela chuva.
– Não! Não vou deixar você ir, nem que eu precise trancar você – gritara o pai desesperado sem saber o que fazer.
Mas bastou um descuido para a garota correr em direção a chuva. Ela amava muito pai, mas não aguentou a falta que a mãe fazia. Jack era viúvo e só teve uma filha. Enquanto parou e olhou para trás ela disse adeus ao pai:
– Pai adeus! Eu te amo eu sinto muito.
Enquanto isso Jack não aguentou e correu, mesmo envelhecendo sob o efeito da chuva. Ele correu até sua filha e com ela nos braços suas vidas se extinguiram enquanto ele dizia que a amava desde quando ela havia nascido. E tudo sob o misterioso céu nublado.
“O que era aquilo e o que está acontecendo” Era o que nós todos nós perguntávamos naquele exato momento em que aconteceu pela primeira vez o estranho fenômeno. Em várias parte do mundo o mesmo fenômeno aconteceu também. Enquanto olhávamos o tempo sendo passado sob a misteriosa e fria chuva, ficamos sem saber o que era aquilo ou do por quer estava acontecendo. Muitos na hora da chuva entraram desesperados em suas casas ou correram em direção algum teto. Quando presenciaram os efeitos da chuva sobre as coisas. E também batendo de forma desesperada na primeira porta que encontravam enquanto envelheciam sob os efeitos da chuva misteriosa.
O tempo foi passando e enquanto chovia todos se mantinha dentro de suas casas. Um considerável número de pessoas foi reduzido ao redor do planeta. E a tarde se aproximava-se do fim naquele dia, mas ainda continuava chovendo. As vezes parava e fica apenas chuviscando. E alguns tinha que sair e aproveitava para fazer isso, com uma capa de chuva, guarda-chuva ou sombrinha.
Bem já era então noite sobre o vilarejo, hora que todos se preparavam-se para jantar. Eu não sei, mas parece que os animais não eram afetados pelos efeitos da chuva. Pôs meus dois gatos estavam na rua e voltaram como se nada tivesse acontecido. Sem nenhuma alteração em seus corpos.
– Querido o jantar está pronto – foi o que disse minha esposa.
– Ok meu amor – respondi enquanto colocava nossa filha mais nova para dormir.
Eu tinha escrito tudo que aconteceu naquele dia e estudado sobre aquilo. Por isso eu tinha deixado molhar uma pequena parte do meu braço. Então naquele dia depois de jantar com minha esposa e com minhas duas filhas.
– Pai será que um dia isso irá passar? – me pergunto minha filha mais velha naquele jantar.
– A chuva com certeza sim querida, mas ela deve voltar no próximo inverno, no mesma época ou período de inverno – foi o que respondi.
E aquilo foi um fenômeno que durou vários invernos. Sempre que chovia usávamos algum objeto de metal sob a chuva para vemos que sofreria de algum processo degastaste como enferrujar por exemplo. E sempre enferrujava menos ou mais, mas sempre enferrujava rapidamente quando colocávamos objetos de metal de baixo da chuva.
Tempos depois de jatamos fomos dormir e ainda chovia muito. Na madrugada voltou a trovejar bastante.
– Pai me conta uma história... Eu não estou conseguindo dormir – disse minha filha de 8 anos.
– Está bem querida eu vou contar uma história pra ver se você consegue dormir – disse eu naquele momento no quarto delas. A outra tinha 12 anos e dormia no mesmo quarto com a irmã mais nova.
Então passei um bom tempo contando uma história de fantasia para minhas filhas, já que até a maior prestava bastante atenção na história. E lá fora continuava a chover bastante. Enquanto eu continuava com a história. E era uma história de uma princesa e de um guerreiro.
– Pai eu gostei muito da história – disse a maior.
Enquanto isso a madrugada e a se passando e lá fora ainda continuava a chover. Era o último dia de inverno. Então notei que as meninas já haviam adormecido e então levantei e deixei elas dormindo no quarto. E a chuva caiu fortemente durante toda madrugada. E eu fui dormir depois que as meninas pegaram no sono. E então acordei ao lado de minha esposa em uma manhã muito bonita. O sol estava radiante adentrando casa através das janelas e vidros. Nunca vimos uma manha tão bonita quanto aquela. Fomos todos para o lado de fora observar aquela manha tão bela. E Aquela chuva tinha se passado, mas o fenômeno passou sempre a ocorrer no mesmo período que ocorreu antes. – Tiago Amaral
(Conto inspirado na Chuva Temporal do game Death Stranding)
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stephannesays · 5 years
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Eu muito aesthetic do Tumblr
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mkplsv · 2 years
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Capítulo 2 - Tchaga
Ano 507 do 10º milênio
A noite estava com um ar sombrio na Vila Alagada, a setenta quilômetros da capital de Nassaris. A chuva que caiu durante o dia inteiro deixou o chão repleto de poças, onde a estrada estava sulcada pelo fluxo dos automóveis. Muitas bancas de vendedores eram montadas durante o dia, tomando metade da largura das ruas principais. Ao final do dia o chão estava cheio de verduras podres e sujeira. À noite o movimento dava lugar a toda natureza de entretenimento: muitas pessoas de fora se apertavam nas ruas estreitas procurando diversão, entorpecentes, garotas ou fazer apostas nas mesas de jogos, mas sempre há aqueles que estão mais interessados em briga, roubo ou coisa pior.
Era comum serem encontrados cadáveres nas sarjetas ou perto do rio, atrocidades que causavam pavor até mesmo na Era dos Reis. Eram tempos incertos e sombrios aqueles. A expansão nagariana ainda não tinha permanecido ali após do atentado do ditador Rakah a UHEM Nassaris. A única lei que existia era a do mais forte ou mais armado, e as pessoas não demoraram a entender isso após a 1ª Guerra Nagaro-Ganeriana e a aniquilação do SQCC. Nagaris se tornou uma república e, aparentemente, perdeu o interesse pela missão de colonização no continente. Nassaris se tornou um país órfão de lideranças. Assim como na maior parte das cidades remanescentes da Mésola que apostaram em Nassaris. Nesse vácuo de poder, a qualquer momento alguém se levantava e se autoproclamava dono de alguma cidade desgovernada, então vinha outro reclamar esse e assim iniciavam as disputas, tal como os reis de outrora antes de inventarem as fronteiras e os países. Agora as disputas eram entre centenas de facções.
A vila Alagada fora reconstruída em cima de ruínas, como tantas outras. Sua renda principal vinha do comércio. No início foi uma vila de pescadores que moravam em palafitas às margens da Lagoa das Garças, principal nascente do Rio Nerige. Alguns contam que os primeiros moradores pescavam sentados na varanda de casa nos tempos de fartura; a fama do lugar se espalhou tanto pelo Deserto Caudaloso quanto nas Terras Verdes, e logo o lugar virou um caldeirão de comércio; agora o peixe já não era suficiente para alimentar a vila. A pesca acabou com a maioria dos peixes devido a época da fome, e os pescadores fizeram pequenas lavouras, no entanto o chão era pobre, então foram feitos canais de irrigação para mantê-las. Quando mais gente surgiu na vila esperando fazer bom dinheiro levando comida para o oeste, o comércio floresceu. Terras mais afastadas do lago e do rio passaram a ser disputadas e vendidas, mas o nome continuou sendo Vila Alagada.
Havia algumas casas com mais de dois andares nos morros, mas mais da metade eram telhados de amianto repletos de aparelhos de ar condicionados e uma profusão de fios desordenados como cabelos compridos que não começavam ou terminavam em lugar algum. Apesar de o lugar ser próximo a um lago, o lugar era abafado e quente, devido o clima tropical, e os mosquitos eram abundantes, assim como as doenças.
Um homem incomum se apertava entre os transeuntes. Vestia-se com uma capa preta larga e pesada de couro fosco e grosso, deixando apenas a cabeça descoberta, mas essa também estava coberta por uma máscara de algodão tingido de preto e enrolado no rosto, típica do deserto. O vento ficava mais forte anunciando outra chuva e sua força aos poucos conseguia levantar sua capa e revelar um peitoral igualmente coberto de negro e um par de manoplas de metal fosco cor de grafite. Os coturnos tinham as pontas revestidas do metal fosco rebitadas, cobertos de lama até onde o cano sumia por debaixo da capa. Uma criança suja vestida com trapos e short rasgado corria com outros pulando de poça em poça, mas ficou bestificado com a face do estranho que aparentemente possuía três olhos. Sua máscara tinha três lentes vermelhas e redondas, e uma delas estava na testa; a parte do nariz até a boca estava coberta sem denunciar seus traços. Parecia que ele não tinha um nariz para criar volume. Os garotos correram até ele com suas metralhadoras de madeira, elástico e tampas de metal.
– Ei moço. Moço. – Um dos garotos agarrou uma mão na capa do estranho.
Os olhos dela pareciam enormes com a cabeça ossuda. Havia um corte no couro cabeludo com uma crosta de sangue coalhado. A cabeça estava raspada irregularmente, com tufos desordenados de cabelos mal cortados, provavelmente obra dele mesmo. Vestia apenas uma camisa de adulto que lhe cobria a nudez até metade das canelas chupadas e manchadas de cicatrizes.
– Moço, me dá uma moeda. – Dizia outra oferecendo sua arma de brinquedo. – Eu te dou minha arma, e minhas balas. – Mostrou um saco de fibra pequeno com uma dúzia de tampas.
O homem parou por um instante enquanto as crianças sujavam seu manto com as mãos empapadas, mas não olhava para elas. Ele procurava alguém na multidão.
Outro garoto mais velho abriu a capa do homem durante um esbarro e puxou sorrateiramente de lá uma adaga prateada com cabo de osso. O homem percebeu e o encarou; ele correu desesperadamente pela multidão. As crianças sumiram como se tivesse se entrado no chão. O estranho sentiu a ausência da adaga na bainha esquerda e viu o garoto esbarrando em uma banca de pastel. Era difícil correr em meio tanta gente caminhando aleatoriamente.
O homem correu em ziguezague entre a multidão e alcançou o ladrão com um único pulo que o fez comer um bocado de terra. O punhal não estava mais com ele.
– Por favor, não me mate! Não me mate! Eu não fiz por mal. – O garoto levava as mãos para junto do rosto e chorava como um menino com metade da sua idade. Seu nariz assuava lama e a roupa estava mais suja que o próprio chão.
Ele levantou o ladrão pelo colarinho da blusa.
- Pois não devia roubar as pessoas, já que não quer encrenca. Felizmente aquela adaga era falsa, sem valor. – Riu o homem soltando seu pescoço. – Você não é um bom ladrão. Só um galo que cisca lama como você pra ter perdido o brilho.
- Como assim? Eu senti o peso dela, eu vi o brilho...
- ... No escuro? Aquilo é chumbo, idiota. Madeira e chumbo folheado de prata. Nem sequer possui um gume. Acha que eu a deixaria solta na bainha se fosse verdadeira? – Ele segurava o rapaz pelo ombro com uma força que parecia não ser humana.
- O o quê?! M-mas que droga... – Resmungou.
O garoto moveu a mão esquerda discretamente para as costas e os olhos se voltaram para os pés. Acabou de se entregar, seu imbecil, pensou o homem. Ele agarrou o pescoço do garoto com uma mão tão dura que mais parecia ser feita de metal.
- Acho melhor devolver a adaga, caso não queira ficar com uma mão a menos. Eu vi você levando a mão às costas. Estava verificando se era falsa? - Devia se envergonhar do mal ladrão que você é... Nem sequer sabe dissimular.
O ladrão agarrava o homem desesperado para se desvencilhar. As pessoas ao redor começavam a prestar atenção nos dois. O homem da banca de pastel apareceu com uma faca de açougueiro e as mãos grudentas de óleo.
- Corte a mão desse ladrãozinho fedorento. Ele derrubou meus pasteis junto com o óleo. Senão tem dinheiro para pagar, que um coto no lugar da mão lhe sirva de lição, que é o que ele merece. – Rosnou com saliva espumando nos cantos da boca.
A cabeça do ladrão estava vermelha pela pressão do sangue. Um dedo estava cortado por baixo da unha e fazia uma linha de sangue escorrer pela mão esquerda.
– Meu irmão. Eles levaram meu irmão... – Voltava a chorar o garoto.
– Do que está falando? Que irmão?
– Ele virou mercenário... – cuspiu as palavras com esforço.
– Como se chama? Talvez eu possa lhe poupar a mão caso me devolva à adaga e se desculpe com ele. – disse indicando o homem do pastel com a cabeça. – Ele é da irmandade?
– Desculpa não cobre prejuízo! Esse rato de esgoto merece ficar sem as mãos, já que não as usa pra trabalhar. – Ralhou o pasteleiro com a faca apontando para o pescoço do rapaz.
O estranho puxou a adaga que tinha na bainha direita e se interpôs entre o pasteleiro e o garoto com uma lâmina mais larga, mais grossa e uma ponta mais aguda. Ele ficou com os olhos vitrificados ao ver a adaga cheia de negros desenhos tribais entalhados no metal e um gume meio vermelho de sangue antigo. Outros mais que estavam por perto pararam para ver o estranho defendendo o ladrão. Alguém gritou mais ao fundo sobre um duelo. Uma luta. Eles estão ansiosos para ver sangue. Bando de urubus.
– O que achou da lâmina? Não é qualquer uma não é mesmo? – sua voz era abafada pela máscara.
– Senhor. Não quero confusão. Só quero trabalhar em paz. – o homem com a cara branca de tão assustado levantando as mãos trêmulas. – Eu pago meu tributo à Irmandade religiosamente todo mês sem atraso. Tudo que quero é sossego para trabalhar. Por favor, me perdoe, eu não quero causar problemas para a Irmandade.
Com o colapso dos estados mesolinos, primeiro vieram as gangues financiadas pelo tráfico de entorpecentes, mas agora surgiram facções cada vez mais organizadas, alguns chegavam a se intitular como Irmandades, que visavam remodelar as vilas arruinadas para as máfias. Elas conseguiram armamentos mais sofisticados e se autoproclamavam senhores dessa ou daquela vila, a maioria.
Ao invés das facções que obtinham lucros nas vendas de drogas, elas passavam a controlar todo o fluxo de bens e serviços e impunham tributos, e assim obtinham status não apenas de estado paralelo, mas governantes principais, e uma receita muito maior que nos tempos do tráfico. Eles cobravam tributos de todos que trabalhavam mensalmente, e obrigavam os desocupados a ter uma ocupação, de tal forma que não se via mais mendigos e pedintes nas ruas facilmente, e se via, não duravam muito tempo pra amanhecerem mortos. O valor cobrado variava entre vinte e quarenta por cento, dependendo do parecer dos cobradores de impostos. A moeda nagariana ainda circulava no comércio, mas como não havia mais cunhagem de novas moedas, a mesma começou a sumir e se tornar mais rara e valiosa, a ponte de quem tinha, preferir guardar, talvez na esperança de que, um dia, aquele grandioso e próspero império voltasse. A moeda passou a ser usada em transações maiores, e os trabalhadores comuns passaram a praticar escambo.
Ele pensa que sou da irmandade.
- Talvez essa adaga possa cobrir o seu prejuízo. – Girou a adaga no ar e a aparou como cabo virado para o pasteleiro. – Pode ficar com ela pelo preço da mão do garoto? Tenho certeza de que a irmandade vai gostar de obtê-la em forma de tributo.
- Se.... se é o que o senhor quer... – Pegou a adaga e contemplando sua beleza – É realmente muito bonita! Muito obrigado, senhor. – Fez um gesto de agradecimento e saiu a passos largos.
As pessoas que assistiam a conversa ficaram decepcionadas e retomaram o que estavam fazendo.
- Por que fez isso? – O garoto não tinha mais medo, apenas espanto.
- Agora me devolva essa adaga antes que eu me arrependa.
O garoto obedeceu à ordem do estranho.
- Uma tática interessante a sua.
- Não entendi... – O garoto tirava a blusa enlameada.
Ele tinha um rosto que poderia se passar por um menino de doze anos se tirasse a barba espessa que lhe cobria as bochechas. Garotos adoram parecer mais velhos. Tinha um rosto quadrado e era entroncado, de ombros largos apesar de ser baixo para sua idade aparente de algo por volta de dezesseis anos.
– Usar as crianças como distração para fazer seus furtos. Aposto que ganha mais do que aquele pasteleiro nervoso usando esse golpe. Também paga tributo?
­­­– Não faço isso por que gosto, nem sou daqui. Muitos vão pro Distrito Militar só por que eles dão comida. Esses são tempos difíceis para pessoas como eu.
É mais fácil roubar, não é mesmo? Quis dizer.
– Você disse que eles levaram seu irmão. O que quis dizer com isso?
– O EV. Meu irmão roubava coisas com outros garotos; eu ajudava meu pai a descarregar caminhões no mercado da Vila dos Irmãos, do outro lado do rio. Os Escorpiões Vermelhos chegaram à vila e levaram alguns garotos. Meu irmão mais novo resolveu se juntar a eles.
O estranho de capa preta conhecia histórias desse bando. Essa prática era comum entre a facção mais bem-sucedida até então em toda Mésola: os EV (Escorpiões Vermelhos). Jogue algumas moedas no chão de uma vila como essa e logo surgem crianças esfomeadas como baratas atrás de migalhas, muitas delas órfãos. Eles prometem uma vida de aventuras, amigos e fartura. Prometem um fuzil, roupas e fazer deles homens de verdade. Depois submetem os pobres coitados a um treinamento desumano – são jogados nos lugares mais inóspitos para se virarem sem nenhuma ferramenta além da roupa de baixo e das mãos - os faz matar uns aos outros, colocando os mais fortes para fuzilarem os mais fracos. Testam sua fidelidade com centena de testes e rituais, e os que se atrevem a desertar ou se amotinar são igualmente fuzilados por seus próprios companheiros e suas cabeças são empaladas nas praças com uma placa abaixo explicando o motivo daquela cabeça furada na testa estar sem corpo. Nada amadurece mais um homem do que tirar a vida de outro, como dizia um velho provérbio de guerra.
– Isso foi escolha dele. Você não pode fazer nada agora que ele está nas mãos daqueles sujeitos. Você sabe o que ele escolheu? O que pegou do chão?
– Eu o vi fugir pela janela de casa com um saco nas costas e um cordão no pescoço com uma bala de pingente. – O garoto pareceu confuso com a pergunta do homem, como se desconfiasse de algo. – Descobri que eles estão escondidos por aqui. Preciso tirar meu irmão das mãos deles. É meu único irmão vivo. Gritei para ele, mas não me deu ouvidos.
Ele caiu nas graças dos Escorpiões. Eles sempre jogavam moedas, comida e munições de fuzil para as crianças em todas as vilas onde faziam seus recrutas mirins. O que poucos sabiam era que esse era o primeiro teste: os que pegavam moedas eram os espertos, e por isso sua lealdade e esperteza eram testadas mais do que os demais em missões arriscadas; os que pegavam comida eram em sua maioria eram os sacrifícios durante os testes; e os que escolhiam uma bala tornavam-se os favoritos: os únicos que ganhavam um punhal após serem largados no meio do nada à própria sorte. Aqueles que passavam no teste e depois desertavam, eram caçados. Qualquer civil que conseguisse pegá-lo era recompensado pelo Escorpião Maior.
– Eu ando procurando por esses sujeitos. Se você sabe onde estão entocados, posso ir com você, e se eles tiverem mais munição do que destreza para atirar, nós podemos resgatá-lo.
O estranho sabia que eles mantinham pontos estratégicos nas vilas que mais lhe interessavam, e também olhos e ouvidos atentos a qualquer informação. Algumas pessoas das vilas nutriam simpatia por eles, mesmo que não abertamente, então nunca era possível saber de onde poderia vir o primeiro tiro, por isso ele jogava o mesmo jogo de sombras.  Está em todos os lugares e em lugar nenhum.
Fergo indicou ao estranho um túnel onde via pessoas da irmandade entrando e saindo. Os dois se esgueiraram por antigos esgotos que desembocavam no rio malcheiroso e lodoso. Um coral sem fim de sapos coaxava uma sinfonia ensurdecedora pelos túneis de concreto repetindo “oi” inúmeras vezes em tempos descompassados e atropelados. Seria um trabalho duro para qualquer maestro alinhar a sinfonia dos anfíbios. A luz ia sumindo cada vez mais da entrada à medida que entravam no túnel, até dobrarem em outro túnel mais largo onde era possível ficar em pé. As botas do estranho estavam cheias de lodo e plantas, a beirada da capa pingando água. Um feixe de luz saiu da cabeça do estranho e iluminou o caminho pela frente.
– Desligue isso! Eles podem perceber que estamos aqui e nos pegar também.
– Está certo. Consegue se orientar muito bem nesses túneis, apesar da escuridão. Já andou por aqui antes?
– Eu vasculhei essa vila inteira. Ontem à noite quando estava no rio vi dois deles entrarem por esses túneis. Se eles entraram por aqui, talvez seja aqui que eles estão se escondendo.
– Você acha mesmo que tem alguma chance de sequer chegar perto do seu irmão antes de uma bala varar sua cabeça? E mesmo que consiga, por que acha que seu irmão iria lhe dar ouvidos? Como você mesmo disse: ele quis isso, ele fugiu e se juntou a eles. Eles fazem uma lavagem cerebral na cabeça dessas crianças. Seria melhor você esquecer isso e tocar sua vida longe dele, se por acaso gosta de respirar e queira envelhecer e ter netos para contar histórias.
– Eu tenho que pelo menos tentar. Ele acha que o pai não gosta dele, mas o pai adoeceu de tão triste, e a mãe chora todas as noites até pegar no sono. Acha mesmo que posso tocar minha vida dessa forma? Não posso deixar minha família assim, é tudo o que tenho nessa porra de vida. – O garoto esmurrava a parede de concreto do túnel abafando a voz num sussurro apertado.
– Então vamos ser silenciosos. Mantenha seus pés mudos. – Sussurrou.
O caminho por baixo do chão parecia não ter fim de tão fedorento. O cantarolar dos sapos havia se tornado bem mais distante. O estranho sentia freqüentemente ratazanas passando por suas pernas. Tudo estava mais silencioso. Silencioso demais.
O cheiro no ar estava começando a ficar diferente. Havia cheiro de carcaça de animal, sangue e vísceras em estado de putrefação. Algum animal morto com certeza. Uma luz vermelha tremulava distante em outra bifurcação. Eles escolheram seguir a luz.
A cada passo o sinal luminoso ficava mais nítido, passando de um lampejo para inundar o ambiente com sombras tão tremulantes quanto o seu brilho. O homem puxou a adaga da bainha vagarosamente, controlando a respiração até o mínimo possível. O garoto atrás mantinha os olhos baixos, sua sombra lhe dava um aspecto medonho, com os olhos imersos em sombras. Sua respiração também era baixa e os passos mudos, pisando nas beiradas para evitar a fita de água suja e lodosa acumulada logo abaixo.
Um vulto surpreendeu o estranho. Algo havia passado a frente da fogueira, algo grande e rápido, talvez uma pessoa. Os dois pararam e aguardaram por um instante. Eles se entreolharam por um curto momento. O homem fez um gesto para que o garoto ficasse atrás dele; ele obedeceu e então o outro seguiu com as costas rentes com a parede.
A fogueira tremulou novamente.
Ele parou levando a adaga ao peito. Respirou fundo e silenciosamente e seguiu mais um pouco. O fedor de carne em decomposição começava a lhe dar náuseas. Viu insetos que zumbiam em vôo e se batiam contra as paredes redondas do túnel e caiam na água. Algumas moscas também zumbiam junto com mosquitos perto de seus ouvidos. Levou a ponta da adaga até onde a entrada lateral por aonde a luz vinha. Sentia cheiro de fumaça e ouvia madeira crepitar suavemente. Era realmente uma fogueira.
O cheiro no ar ficou estranhamente doce. O fedor de carne morta havia desaparecido e tudo ao seu redor começou a embaçar até escurecer.
Acordou em uma escuridão. O ar estava escasso para respirar. Podia sentir o calor da fogueira e o cheiro de carne morta novamente. O cheiro doce havia desaparecido, mas algumas vozes sussurravam e davam risos abafados pelas mãos enquanto sentia seus joelhos afundados na terra. Sono de anjo, só pode ter sido isso que me fez desmaiar. Como esses cães esfarrapados conseguiram um anestésico tão raro? Alguém tossia enquanto uma mão o puxava do chão pelas costas para que ficasse de joelhos. Estou sem minha máscara.
Percebeu que não era o ar que estava escasso, e sim um pano preto que cobria sua cabeça amarrado no pescoço por um cordão apertado. Outra mão puxava sua cabeça pelo saco enquanto mais uma desatava a cordão que lhe apertava o pescoço. De repente a luz da fogueira inundou seus olhos. Sua máscara havia desaparecido. Depois de alguns segundos, seus olhos se ajustaram à claridade e ele viu que era o garoto quem estava com o seu capuz nas mãos em meio alguns outros homens, grandes e pequenos.
Os malditos Escorpiões Vermelhos.
– Que tipo de coisa é você? Parece com aquelas aberrações de circo com essa cara queimada. – Ralhou um gordo alto bigodudo. Seus olhos eram miúdos como os de um rato. – Eu também usaria uma máscara.
Todos começaram a rir.
– E quem é você, pedaço de bacon? – disse com sarcasmo.
Uma pancada fez seu rosto girar e perder as palavras imediatamente. Sentia gosto de sangue na boca. Outro homem, mais magro e sério apareceu das sombras ao seu lado.
– Você fala somente quando eu lhe solicitar, prisioneiro. – Sua voz era mansa como um sussurro. Seu braço direito só ia do ombro até o cotovelo, mas o braço esquerdo tinha um antebraço e uma mão pesada. Virou-se na direção do garoto – Fergo, você provou seu valor para com a irmandade dos Escorpiões Vermelhos mais uma vez com seu punhal. Nicsu, nosso pequeno merece uma honraria pelo dever cumprido. – O homem magro envolto de panos se colocou ao lado de Fergo e pousou a mão esquerda que lhe restava no ombro do rapaz de semblante sempre desconfiado. – Dê a ele uma pistola e a marca do escorpião.
Armas boas e de fábrica não eram mais tão fáceis de conseguir. Só no Distrito Militar existia indústria bélica, fora isso o resto era tudo artesanal ou relíquia dos tempos anteriores a guerra. A pistola de Fergo era sua primeira arma de fogo, depois dela conseguiria outras de calibre maior, conforme ia conquistando o respeito de seus irmãos. Então esse é o Escorpião Maior? Um homem franzino do braço mutilado?
O homem alto e peludo como um urso chamado Nicsu, saiu do meio dos que estavam reunidos ao redor da fogueira de capuzes. Pegou de lá um ferro de marcar gado com uma das extremidades incandescente. O garoto olhou para o ferro e não hesitou. Ainda estava coberto de lama e nu da cintura para cima. O urso se colocou a frente dele com o ferro brilhante.
– O que você sentiu na sua primeira vítima, Fergo?
Ele se referia a sua primeira peça de sacrifício: um palerma gordo e chorão que abateu tentando roubar sua comida durante o sono, em seus dias rastejando nos pântanos da Ilha dos Lobos, comendo rãs e insetos. O gordo tinha uma pederneira e uma pistola artesanal de madeira e cano curto e fino com um tiro, mas que não sabia carregar a arma nem acender o fogo. Um dia os dois subiam uma árvore para pegar ovos de pássaros, quando o gordo caiu e quebrou a perna. O gordo gritou como um porco sendo abatido e implorou misericórdia, mas Fergo achou mais fácil efetuar um disparo do que carregar um inútil.
O homem magro curvou a coluna para nivelar com os olhos dele. Sua voz era amável como a de um avô, mas o olhar era severo como de um juiz.
– O recuo da arma, senhor. – Seus olhos não demonstravam uma gota de temor.
– Muito bem, Fergo – abriu os braços e sorriu na direção dos colegas – Receba essa marca e seja um de nós até que os anos reclamem suas forças e os vermes a sua carne. – Fez um sinal com a cabeça para o urso.
O homem encostou o ferro no peito esquerdo de Fergo e sua carne chiou e fedeu, enquanto outros dois seguravam seus braços de modo que não pudesse escapar da marcação, no entanto Fergo não ofereceu qualquer resistência; o homem magro encheu os olhos de admiração. O garoto cerrava os maxilares da boca com força segurando seu urro de dor. Os olhos se mantiveram abertos apesar da dor. Os dedos se apertavam deixando as pontas vermelhas.
– Um guerreiro nasceu da carcaça desse menino! – Gritou o magro.
– Um irmão pelo qual morrerei sem hesitar. – Repetiu os demais homens e jovens em coro tirando seus capuzes.
– Um irmão para honrar, para partilhar e brindar!
– Um irmão para enterrar e vingar com sangue – disse o coro.
– Por que só o sangue pode pagar pelo sangue!
– E o seu sangue agora é o nosso sangue. – completou novamente o coro.
– Um escorpião dá a vida pelos seus. Um escorpião nasceu entre nós e foi selado conosco pelo ferro e pelo fogo. Saudem Fergo, nosso novo escorpião vermelho!
Os veteranos deram risadas, vivas e abraçaram o garoto; outro trouxe cerveja preta artesanal para o novato beber. Todos gritaram histericamente para que bebesse num gole só, e quando finalizou deram mais vivas e abraços. Era uma prática comum entre os Escorpiões Vermelhos e a maioria das Irmandades e facções criminosas que vagavam do Deserto Caudaloso à Mésola. Enquanto os soldados recebiam medalhas e insígnias pelos seus feitos e progressos, os Escorpiões Vermelhos recebiam medalhas de couro queimado na pele. A honraria que o rapaz recebia era a de Aceitação, uma cicatriz no formato de um escorpião em posição de ataque.
O estranho forçava a corda que atava seus punhos sem sucesso. Estava muito bem amarrada. Ele ouviu os homens ao seu redor gritar saudações em palavras enroladas que desconhecia. O complicado dialeto Hrogrûhl, antigo como as areias do deserto.
O estranho viu o homem magro pousar uma pistola na mão do garoto. Ele disse qualquer coisa para ele e pediu silêncio aos companheiros. De repente a cripta havia ficado silenciosa e o novo escorpião veio junto com o magro na sua direção. Fergo deu o golpe na arma e o encarou frio como aço.
– Você matou um dos nossos... como é seu nome mesmo? – Falou o magro.
– Tchaga, se lhe aprouver.
– E por que diabos Tchaga – disse com desdém – matou um dos nossos escorpiões vermelhos duas conjunções lunares atrás? – O magro era severo apesar do corpo esquio e do braço direito mutilado.
– Então aquele imbecil era um dos seus? Eu já devia esperar...
– Sim, ele era um esperto, um soldado valioso. Rendeu-me muitas moedas desde a primeira que lhe dei. Um bom investimento.
– Então você também anda treinando seus galos para violar mulheres além de roubar?
Galo era um termo pejorativo. Queria dizer bandido de pouca inteligência ou pequeno, que furtava apenas coisas de pequeno valor, como galinhas e roupas do varal. Também queria dizer ladrão covarde que só persegue presas fracas, uma forma fácil de afrontar um orgulhoso. Muitos recebiam a palavra como uma provocação séria e às vezes recorriam ao acerto por duelo com lâminas para limpar a honra, como se um ladrão pudesse ter alguma honra para limpar.
– Um homem tem suas vontades, você também não tem as suas? – Ele olhava com uma tranquilidade medonha. – Creio que tenha, ou você é um maldito eunuco?
Os homens riram. O chefe levantou a mão e logo silenciaram.
Tchaga se lembrava da noite fria e cinzenta em que chegara à vila pela primeira vez. Foi nessa noite que viu o homem de cabelos desgrenhados meio ruivo e sorriso perverso perseguindo uma garotinha de pequena estatura pelas ruas. Ela corria ofegante dobrando cada esquina que encontrava pela frente. Já era alta madrugada e tudo dormia menos ela e o pervertido em seu encalço. Por que ela não gritava? Ele perseguiu a investida do ruivo pulando de um telhado para outro, silencioso como um fantasma.
A garota havia dobrado uma esquina que dava para um final de rua. Se ela gritasse as pessoas nas casas ouviriam, mas ela não gritava. Seu cabelo curto e negro estava colado no rosto suado e oleoso; a maquiagem dos olhos borrada ressaltava sua expressão de desespero. Tentou subir pela parede que dava no final da rua pelas fendas que havia entre os tijolos onde havia faltado argamassa. Caiu três vezes e a cada queda tentava subir mais rápido e acabava caindo mais vezes. As pontas dos dedos estavam manchadas de sangue e a boca tremia em um choro mudo. Os olhos cintilavam de tão úmidos e algumas lágrimas começavam a brotar dos olhos. Soprava um vento frio do mato e a garota fechava os braços contra o busto para esconder um seio que pulava de um rasgo feito na blusa azul sem mangas.
O ruivo andava devagar, saboreando o desespero da vítima como um gato que brinca com a comida. Atrás dele surgiu outro garoto da sua idade com um chapéu de vaqueiro e um punhal tão prateado que capturava o brilho da lua menor. Cada um foi para um lado do estreito corredor que não daria para passar um carro comum sem quebrar os para-brisas e arranhar as laterais. A menina se apertava contra um canto chorando de um jeito feio como se não tivesse língua.
Ela era muda, a pobre garota era muda.
– E então, querida. As coisas agora estão ao nosso favor, a não ser que saiba voar. – Desdenhava o ruivo umedecendo os lábios com a ponta da língua.
– Fácil demais, presa fácil como criança. Ela deve ser louca por esta na rua uma hora dessas – Comentou o de chapéu. – Acho melhor a gente não mexer com ela, os outros podem não gostar disso. Eu não estou a fim de levar uma surra de novo. Vamos?
– Não. O medo dela me deixa excitado. – Olhou com um sorriso perverso no canto da boca.
A garota achou uma pedra solta na parede e tentou forjar uma expressão ameaçadora; eles ficaram aparentemente amedrontados e depois riram como crianças. Ela mantinha a postura. Sua expressão era agressiva, apesar de ela não intimidar nem um vira-lata de rua.
– Acha que vai nos derrubar com uma pedra? Você precisará abater nós dois com uma única pedrada se quiser fugir, sua maluquinha... – Os dois riam.
Ela aproveitou o momento e jogou a pedra, mas ambos desviaram com facilidade. Agora ela parecia ter desistido, não conseguia achar mais nada que pudesse arremessar. Apalpava mais uma vez a parede para subir. O seio ficou à mostra novamente enquanto enlouquecia tentando andar como lagartixa na parede.
Foi nesse instante que Tchaga pulou de cima da laje onde estava. O ruivo puxava os braços dela quando ele pulou logo atrás dele. Depois disso a única coisa que lembrava era do chafariz de sangue que virou a ruína do pescoço degolado do garoto. Ele tinha um rosto inocente e olhos infantis; agora estava pálido e se engasgando com o sangue em golfadas convulsivas; o outro que estava com ele fugiu como um vulto deixando o chapéu para trás, mas agora ele estava entre as figuras duras e assombrosas pelas sombras da fogueira que bruxuleava na cripta.
– De onde eu venho violação é algo grave e digno de punição até entre os ladrões. – Disse Tchaga para o seu inquisidor e encarando Fergo, que ainda apertava os dedos pela dor da marca do ferro. – Não se força uma mulher a abrir as pernas
– Receio que esteja longe de casa, forasteiro. Aqui eu mando. Aqui eu faço as leis e escrevo as tradições, e pouco me importa essa garotinha. Se ela quisesse guardar a boceta, deveria ficar em casa, não vadiando pela madrugada.
– Então o que pretende fazer de mim?
– Sangue só pode ser pago com sangue, assim diz nosso juramento de ferro e fogo. Sua vida pela vida do meu soldado.
– Reze para que meu bando não encontre essa sua estúpida trupe de circo com meu sangue em suas mãos. – Disse erguendo a cabeça. – Caso contrário terá muito sangue para derramar em honra dos seus. Provavelmente morrerá antes de saldar a dívida.
O magro riu e com ele os demais; Fergo não. Seus olhos não mostravam nenhuma emoção que se pudesse ler, apenas a desconfiança de sempre. A boca era azeda para sorriso e os músculos da face eram indiferentes.
– É mesmo? Nunca vi um bando com um único homem. – Os outros riram mais alto. – A única coisa que vejo em minha frente é um morto que respira e fala.
– Morto estará você se me apagar. Os meus sabem que estou aqui. Se eu não retornar, eles virão atrás de mim, e descobrirão vocês e os matarão. – Tchaga arquejava.
– Oh ho! Seu bando é assim tão numeroso e estúpido para defrontar os Escorpiões Vermelhos?
– Pode não ser numeroso, mas nosso armamento faz o seu parecer um fuzil de elástico e madeira.
– Essa conversa está bem interessante. Qual o nome desse seu bando tão bem armado? Por que a única coisa que achei de mortífero em você foi uma adaga. Por acaso vocês atiram facas no lugar de balas?
O bando riu histericamente.
– O meu bando são os Corvos da Noite, somos especialista em espionagem e infiltração.
– Mesmo? – O Escorpião Maior forçava uma expressão infantil de surpresa – E por que diabos eu nunca ouvi falar de vocês?
– Por que somos da Terra do Fogo. Um dos nossos descobriu que em algum lugar a leste do Deserto Caudaloso existe uma base secreta com tecnologias de armamento, munição entre outras coisas, inclusive centenas de painéis solares nagarianos em perfeito estado. A cidade é energeticamente autônoma. As Cidades do deserto mantêm uma vila em algum lugar daquele Inferno dos Extremos, que guarda seu arsenal e indústria dos olhos do Distrito Militar e das Trezes Repúblicas do Novo Mundo. Alguns dizem que o Distrito na verdade é uma maquiagem para o plano real criar um segundo Império Ganeriano. Todos nós vamos viver sob ditadura quando acontecer. A Mahasta está se preparando e fazendo alianças comerciais atrás de recursos para financiar essa tal base secreta. Os Corvos da Noite estão espalhados atrás de mais pistas e gente que saiba algo. Hoje a tarde uma criança na feira me garantiu que alguns mercadores de Qued Narfir estarão por aqui na próxima semana para comprar peixe pra Mahasta. Pretendo segui-los.
– É uma história extremamente interessante, caro Tchaga, – estalou os dedos – mas provavelmente não devem passar de mentiras bem contadas.
– Imaginei que não acreditaria. Não importa, sou só um morto que respira e fala, então acabe logo com isso. Meu único lamento é não poder ver meus irmãos esfolando seu rabo.
Os Escorpiões não riam agora, eles se entreolhavam cochichando. O líder deles percebeu e coçou a cabeça com a mão que lhe restava, franzindo a testa. Tchaga abaixou a cabeça e fitou o chão. Esse é o fim da linha para mim? Nem sequer paguei minhas dívidas...
– Estamos falando de armas industrializadas e grosso calibre?
– Provavelmente. Armas que ninguém tem além do Distrito.
– Isso soa como música para os meus ouvidos. – O magro deu um sorriso careado – Apague esse tal corvo da noite, Fergo. Precisamos preparar alguns carros de esteira e seguir para Qued Narfir.
Ele mordeu a isca.
–Você e mais quantos. – Perguntou o corvo.
– Tanto quanto eu quiser.
– Muitos homens são bons para ganhar batalhas, mas não para desenterrar pistas. Você nem sabe qual carro está os mercadores que vão seguir para a Cidade Secreta da Mahasta.
– Meu amigo poderia me contar antes de se tornar um morto que não respira e tampouco fala?
– Bem que eu gostaria, mas o que ganho com isso? – Disse Tchaga levantando novamente a cabeça de encontro aos olhos do chefe dos escorpiões.
– Talvez eu deixe você respirar por mais alguns dias. – Os homens saíram dos cochichos e riram novamente – Está bem assim?
– É uma oferta tentadora, mas não. Prefiro que vocês morram cobertos pelos ventos de areia no inferno dos extremos. Com certeza você não sabe como é a dança das dunas. Vão enguiçar no meio do deserto, fritando de dia e morrendo de frio à noite quando suas baterias acabarem e tiver que recarregar de novo. Ou você tem uma extensão de energia suficiente para atravessar o Caudaloso?
– Está bem. Você me convenceu. Prefiro dividir a carne a morrer de fome, se é que me entende...  – Olhou para trás – Mas antes, gostaria de saber o que meus irmãos pensam.
Todos concordaram em manter o estranho vivo e seguir na aventura.
– Sairemos nessa sua aventura, mas se você estiver brincando conosco... – simulou um disparo de pistola com a mão – Mas... se sua história tiver fundamento, podemos dividir os espólios. Entendido?
– Entendi que precisa de alguém que já andou pelo Deserto Caudaloso. Todos sabem que bússolas lá são tão úteis quanto um guarda-chuva.
– Exato. – Disse estalando os dedos – Nicsu, leve esse homem para nossa cela menos fedida. Pode desamarrar as mãos dele depois de preso. Quero que nosso hóspede fique bem à vontade quando seus supostos companheiros com penas negras vierem à sua procura.
A touca foi colocada em sua cabeça novamente e Tchaga foi levantado do chão como um saco de fibra e jogado numa cela nos subterrâneos com uma réstia de luar entrando por um respiradouro no teto. Havia ossos humanos com pedacinhos de carne decomposta amontoados em um canto e um vaso sanitário espantosamente limpo do outro. Abaixou uma cama suspensa por correntes que estava encolhida na parede e se sentou por alguns instantes vendo os ratos roerem os ossos.
O antebraço direito amputado desse líder parece recente. Será se é o que procuro? Pensou Tchaga. Estou chegando perto do meu alvo...
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utopiadela · 3 years
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deniskhenry · 2 years
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54° Resenha do Dia 2022 Cinco por Infinito Edição de Luxo  . . História em Quadrinhos com Roteiro e Artes por Esteban Maroto, contém 532 páginas e compila os capítulos 01-21 Pelo selo da Editora @pipocaenanquim em Outubro de 2018 e com reimpressão em junho de 2021. . . Uma Odisséia Sci-fi aclamadissima que foi originalmente lançado em 1967 na Espanha onde acompanhamos a jornada de cinco heróis da Terra, exploradores do espaço que se submetem às ordens de uma raça alienígena conhecida apenas como o "infinito" a fim de resolverem problemas de diversas ordens pelo espaço, em outros sistemas, culturas e conhecimentos pela paz do universo. . . Primeiramente essa obra não vejo para todo tipo de leitor, se você não curte o tema ficção científica certamente não deve te agradar muito (ou talvez sim rs) O texto do roteiro pode soar simplista e bem previsível, bem clichê (a exemplo de Espadas e Bruxas que tem um roteiro mais corrido) só que o fator fantasia supera as expectativas de uma forma bastante positiva, tem diversão, mistério e o seu charme na medida certa, nem mais, nem menos! . . A Arte me incomodou um pouco, pois tem um certo abstratismo que cheguei a julgar proposital até, mas isso foi superado com o decorrer da leitura se mostrando até agradável mesmo com certos excessos de preto, com textos carregadas que exigem atenção e concentração ao que se lê para não perder detalhes importantes. . . Uma obra sci-fi muito simples e bacana, Prefácio e Pós-Fácil bem interessantes de ler, conta uma qualidade gráfica imensa, indiscutível, além de ser um baita tijolão rs Repito deve agradar mais os fãs de fantasia e ficção científica. . . E não! eu não peguei essa edição na semana do consumidor que chegou a sair por 20 reais! . . #EstabanMaroto #CincoPorInfinito #pipocaenanquim #Quadrinhos #Leitura #Comic #Review #Hqs #FicçãoCientifica #EstantePn #Coleção #Colecionador #Hq (em São Paulo, Brazil) https://www.instagram.com/p/CbXUDVLLr5G/?utm_medium=tumblr
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