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cel-lisboa · 7 years
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 https://apoiomutuopt.wordpress.com/
Não será segredo para ninguém que esteja em contacto com o nosso movimento que ele atravessa tempos difíceis. O isolamento, o sectarismo, os ódios pessoais, e a ignorância teórica, estão num ponto mais alto do que alguma vez os antigos anarquistas poderiam ter imaginado. É neste cenário que ressurge a revista Apoio Mútuo, agora transformada em portal online.
Para combater estes terríveis sintomas da queda do antigo movimento, consequência do regime fascista e do apagamento dele feito após o 25 de Abril, vemos como necessária a regeneração ideológica do anarquismo no nosso país. Isto implica a existência de crítica e desenvolvimento teórico em português, tendo em conta especificamente as condições e circunstâncias portuguesas. Da mesma forma, vemos como necessário o restabelecimento da lógica e da ciência como guias fundamentais do anarquismo, ao invés dos dogmas que hoje o paralisam e garantem o seu afastamento das classes dominadas.
A Revista Apoio Mútuo propõe-se a cumprir estes propósitos, e apresentar uma crítica anarquista que seja tanto compreensível pelos anarquistas, como por aqueles que não estão familiarizados com o movimento. Esta possui uma equipa editorial composta por militantes da AIT-SP Lisboa e do CEL_Lisboa, que, além de publicarem artigos da sua própria autoria, fazem a gestão das publicações no geral. Apesar de estas duas organizações serem ligadas ao anarco-sindicalismo, o nosso propósito não é fazer doutrinação ideológica, mas sim desenvolvimento crítico. Como tal, aceitaremos publicar qualquer texto relevante aos nossos temas que nos seja enviado, de modo a potenciar a discussão produtiva entre vários pontos de vista diferentes.
Desejamos força e enviamos a nossa solidariedade a todos aqueles que, tal como nós, têm como objectivo o regenerar da ideologia, e o estabelecimento do comunismo libertário.
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cel-lisboa · 7 years
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Dia 22 de Dezembro de 2016, reuniu-se no espaço Disgraça o Coletivo Estudantil Libertário de Lisboa para a sua I Reunião Regional. Esta contou com a presença dos membros da própria organização, assim como observadores externos convidados para participar na mesma. No decorrer da reunião debateram-se intensivamente assuntos relacionados com a estrutura organizativa do Coletivo, as nossas estratégias e linhas de ação, e a aprovação de novos núcleos e grupos de trabalho. Foram aprovadas alterações aos estatutos que asseguram e reforçam a nossa forma de funcionamento federalista, e também o novo estatuto de Amigos do CEL, para qualquer pessoa, incluindo não-estudantes, que se queiram envolver com a nossa organização porém não como membros. Para além disto, foram criados 3 comités: - Antirepressivo: campanhas contra a repressão, assessoria jurídica do Coletivo, esclarecimento de qualquer questão jurídica que possa surgir; - Comunicação e Propaganda: gestão comunicativa e informativa do Coletivo; - Formação: campanhas de formação para militantes, difusão cultural, e gestão de todo o material formativo gerado; Os resultados desta reunião constituem um avanço para uma presença mais forte e enraizada nas instituições de ensino da nossa área de atuação, mas também a abertura para a expansão noutros munícipios que não Lisboa. Incentivamos assim todos os estudantes interessados na luta por uma educação livre e uma sociedade sem classes a contactar-nos e a juntarem-se a nós. Desejamos a todos os outros grupos libertários sucesso nas suas lutas, e agradecemos ao Disgraça a possibilidade de realizar a reunião no seu espaço. Adotado pela Reunião Regional, 22 de Dezembro, 2016
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cel-lisboa · 7 years
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#AltPT #Lisboa Acção de Solidariedade espontânea com a Greve da Função Pública na Escola Artística António Arroio
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Dia 18/11/16 às 14h15, estudantes da António Arroio manifestaram-se em solidariedade com a greve da função pública e por mais funcionárias já! Neste dia, a escola teve a papelaria fechada, vários pisos fechados, e apenas com uma funcionária no bar inclusive à hora do almoço, pelo que fechou por completo às 16h.
A Associação de Estudantes recebeu também uma resposta ao abaixo-assinado por mais funcionárias vinda do Ministério da Educação (http://bit.ly/2faTr9C), que se desresponsabilizava pela situação, chutando a bola para o diretor da escola que não tem mais verbas para contratar assistentes operacionais. Alunos gritavam "Partido Socialista é a morte do artista!", "Lutar! Criar! Poder Popular!", e "Mais funcionárias, sem condições precárias!"
No comunicado distribuído lê-se: "Vários assistentes operacionais têm sido sobrecarregados com trabalho fora das suas funções normais e previstas por contracto, para além das horas extraordinárias a que são submetidos, esforço esse, feito para que nós, alunos, possamos usufruir das nossas aulas e iniciar o ano letivo normalmente, mesmo que para isso, sejam sacrificados os direitos dos trabalhadores. Consideramos que tal não pode continuar.
Desde as enormes e demoradas filas da papelaria, os horários curtos de atendimento, e os pisos que fecham por falta de auxiliares, todos conhecemos os impactos desta situação e sabemos que não é esta a escola a que temos direito. Uns viram-se contra o primeiro funcionário que veem à frente, outros contra a escola, não tendo estes responsabilidade pelo sucedido. Exigimos que o Ministério da Educação disponibilize recursos para mais contratações, contratações estas que não deverão ser baseadas em outsourcing, mas diretamente celebradas em regime público.
É nosso dever enquanto estudantes proteger e defender aqueles que todos os dias nos possibilitam estar aqui. Apelamos a todos os estudantes à solidariedade com os nossos auxiliares. ESTA LUTA NÃO É SÓ DELES, É NOSSA!"
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cel-lisboa · 8 years
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"Não é sobre verdade, é sobre obediência, e a verdade só tem valor quando incentiva a obediência." Sexta-feira, dia 14 de Outubro vem ter com o CEL_Lisboa à Disgraça visualizar o recentemente traduzido vídeo "Educação para a Obediência", uma viagem à estrutura do nosso ensino e como esta está cuidadosamente ligada aos interesses de quem quer o nosso voto e a nossa força de trabalho. Jantar vegan às 20h por parte da Disgraça Visualização às 21h30 Conversa às 21h50
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cel-lisboa · 8 years
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Perspectivas Libertárias sobre a Educação
Rui Coelho – Colectivo Estudantil Libertário (CEL_Lisboa)
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  Fonte da imagem: Montreal Anarchist Bookfair anarchistbookfair.ca
    A educação como nós a conhecemos começa a 1763. É então que, após 20 anos de guerra com a Áustria, o Rei Frederico II da Prússia decreta a instituição de um sistema público de educação obrigatória, como parte do seu projecto de expansão do poder militar do país. As crianças até aos 13/14 anos passaram a ser o objecto de um processo disciplinar, conduzido maioritariamente por ex-militares, que incutia o espírito de serviço, sacrifício e obediência. Este modelo, marcadamente bélico, despótico e iluminista, acabou por ser exportado para todo o mundo.
    Como estudantes e anarquistas, identificamos neste tipo de ensino, a que estamos quotidianamente sujeitos, três funções sociais: interiorização da hierarquia, geração de produtividade e transmissão da ideologia dominante. A escolarização pretende, em primeiro lugar, incutir submissão e docilidade através de disciplina e punições, preparando-nos para uma vida de obediência. A par deste horizonte está a formação de mão-de-obra dotada de capacidades e comportamentos adequados às necessidades da produção capitalista. Por fim, a escola é um instrumento de indoutrinação que familiariza os jovens cidadãos com os mitos e o vocabulário próprio da cidadania liberal.
    Perante a miséria existencial que é esta fábrica de escravos, os anarquistas propõem uma miríade de modelos e experiências que podem ser classificados em duas categorias: a desescolarização e a pedagogia libertária. No campo da desescolarização encontramos todas as propostas de tónica mais radical e utópica que defendem a abolição da escolaridade. Livre de escolas, cada um de nós pode aprender de modo livre, informal e activo quer pela participação na vida e lutas da comunidade, quer pela livre associação com vista à partilha de saberes ou até pela acessibilidade de bibliotecas, museus, laboratórios e jogos.
    As soluções da pedagogia libertária, mais pragmáticas, focam-se na experimentação com escolas livres e democráticas, onde os princípios do pedocentrismo e da educação integral levam à emergência de um modelo assembleário de administração escolar (participado por alunos e funcionários) aliado ao consenso, à resolução pacífica de conflitos e a alternativas à assiduidade e avaliação características das escolas tradicionais.
    De um modo ou de outro, enquanto estudantes e anarquistas é claro o nosso compromisso com toda a acção revolucionária que crie as condições para que a nossa aprendizagem esteja nas nossas mãos e não ao serviço daqueles que beneficiam com a nossa opressão.
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cel-lisboa · 8 years
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Notas sobre a Introdução ao Apocalipse
(Livro disponível em theanarchistlibrary.org/library/anonymous-introduction-to-the-apocalypse)
O capitalismo não é sustentável. Além da violência e exploração humanas, este sistema económico implica necessariamente o esgotamento dos recursos naturais e a emição de gases poluentes. Muitos anunciam que a destruição ambiental resultará em breve num colapso civilizacional. Entre estes profetas da desgraça esteve o Clube de Roma que, em 1972, dava ao nosso mundo uma esperança de vida máxima de 50 anos. Mas tal como sucede com as previsões das Testemunhas de Jeová, esse Apocalipse parece ser sempre adiado.
Os autores da Introdução ao Apocalipse defendem que, na verdade, estamos já a viver o desastre ambiental do capitalismo. Diáriamente, dezenas de espécies são extintas, a deflorestação avança mais de 300 km2, 3 mil crianças morrem devido ao consumo de água contaminada e 5 mil pessoas por causa do ar que respiram... Esta concepção substitui uma iminência catalizadora de pânico histérico por uma urgência que requer resposta imediata.
Incapaz de parar a sua marcha extreminadora, o capitalismo inventou formas de lucrar com o receio e ansiedade que a destruição ambiental causa nas populações. Desde produtos orgânicos, biodegradáveis a energias renováveis e industrias que prometem plantar árvores, o Apocalipse tornou-se um negócio rentável. Claro que todos estes mercados assentam na exração e transformação insdustrial de recursos naturais. Por mais verde que se pinte, o capitalismo nunca é sustentável.
Do outro lado do palco encontramos uma multidão de ONGs e movimentos que exigem que o Estado intervenha a fim de nos proteger da destruição capitalista. “Zero carbono” tem sido, nos últimos anos, a faixa atrás da qual estes marcham. Mas também daí não poderá vir a salvação, pois a única forma de cumprir as exigências destes activistas seria exactamente a única medida que, pela sua própria natureza, um Estado nunca poderia decretar: o fim do capitalismo. Contribuição de Rui Coelho
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cel-lisboa · 8 years
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Rumo às portas que Abril abriu
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Ao contrário do que podemos ouvir por algumas ruas, não precisamos de um novo 25 de Abril. Sendo que este correspondeu à passagem de uma ditadura para uma democracia representativa que a cada instância se demonstra ineficaz para garantir a liberdade dos portugueses, seria impensável apoiarmos tal slogan, ou ainda o “25 de Abril sempre”; para sempre neste impasse não desejamos ficar.
Daqui escrevem alguns daqueles e daquelas que já nasceram com muito do que aquele golpe podia dar: liberdade de expressão, privilegiada se monopolizarmos os média; de associação, mesmo tendo nós de subjugar-nos ao monopólio estatal; um estado de bem-estar social que nos capacitou para escrevermos este texto e que nos manteve saudáveis o suficiente para sermos servos da classe dominante, mas que começa a travar com as emboscadas neoliberais, etc.
Como já deveríamos todos e todas saber, não só de sistemas políticos vive o ser humano. Não vale a pena falarmos de cumprir a Constituição quando o capitalismo lhe coloca proibições estruturais aos seus valores, ou talvez até por em certos pontos estar desatualizada à experiência que já desenvolvemos. Significa isto conformar-mo-nos ao reformista que se multiplica com os seus “A democracia é o melhor entre os piores sistemas”, “Mal menor”, “No meio está a virtude”? Claro que não! Celebram esta data com o mesmo pensamento que a fez chegar tão tarde, “é melhor assim do que como era antes”. O fado que nos cantam sobre esta ser a única opção, não está só caducado, é um fado medroso. É um fado do medo à ditadura política quando prevalece a ditadura dos mercados, que em tudo limita a vida política! É um fado ao profissionalismo que nos dispersa, que nos afasta das nossas comunidades e dos nossos problemas.
“Se os jovens quiserem mudar qualquer coisa, os velhos soltarão um grito de alarme contra os inovadores. Aquele selvagem preferiria deixar-se matar a transgredir o costume do seu país, porque desde a infância lhe disseram que a menor infracção aos costumes estabelecidos lhe traria desgraça, causaria a ruína de toda a tribo. E ainda hoje, quantos políticos, economistas, e pretensos revolucionários agem sob a mesma impressão, agarrando-se a um passado que se vai embora! Quantos não têm outra preocupação senão procurar precedentes! Quantos fogosos inovadores não passam de simples copistas das revoluções anteriores!”
- Piotr Kropotkin em "A Lei e a Autoridade"
Se as portas se abriram, não fiquemos por aqui. Organizemo-nos para o combate da opressão que ainda prevalece; tirando as correntes que nos prendem, nada temos a perder.
Colectivo Estudantil Libertário de Lisboa
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cel-lisboa · 8 years
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‪#‎altPT‬ Ação do 2º Dia de Solidariedade Internacional com os "Títeres desde abajo", 5 de Abril
Arte não é terrorismo - ‪#‎LibertadTitiriteros‬ !
No dia 5 de Fevereiro foram presos dois marionetistas espanhóis, o grupo “Títeres desde abajo”, pela apresentação de um teatro de rua satírico no Carnaval de Madrid tendo as autoridades considerado o espectáculo “apologia ao terrorismo”, devido à presença de um cartaz “Gora Alka-ETA” que fazia alusão à manipulação policial precisamente sobre este tema.
A detenção de Raúl Garcia e Alfonso Lázaro provocaram uma onda de solidariedade que os libertou, porém recaem sobre eles ainda as acusações de “enaltecimento ao terrorismo” e de “delito às liberdades individuais”, ficaram sem passaporte, e têm de se apresentar periodicamente às autoridades.
Exigimos a absolvição das acusações, sendo que o único “delito às liberdades individuais” presente nesta história é a violação da liberdade de expressão, praticada pelo Estado Espanhol que os condena, e o único terror, suscitado pelo autoritarismo que tenta calar as vozes discordantes.
Comunicado e ação com participação de: Associação de Estudantes da Escola Artística António Arroio Colectivo Estudantil Libertário de Lisboa (CEL_Lisboa) Núcleo de Lisboa da Secção Portuguesa da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT-SP)
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cel-lisboa · 8 years
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#OcupaEscola – Solidariedade com a luta dxs estudantes de São Paulo!
Concentração de apoio – 16/12/15 – Consulado do Brasil - 18h30
          Desde o dia 29 de Setembro que xs estudantes do Estado de São Paulo, Brasil, começaram a ocupar as suas escolas, contando neste momento mais de 200 ocupadas, muitas em solidariedade, contra a “reorganização do Ensino” do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que prevê o fecho de 94 instituições de ensino, a segregação de 340 mil estudantes para as periferias e a degradação da qualidade da educação pública.
          Nas ruas, grandes avenidas têm sido bloqueadas pelxs estudantes por dias consecutivos sob o mote “Se a escola fechar, a cidade vai parar”. A Polícia Militar (PM) deteve já mais de 30 pessoas pelo simples ato de se manifestarem, e professores e funcionários das escolas têm sido alvo de chantagens e ameaças por parte do governo estadual, sendo agora também exigência dxs estudantes: a punição dos PMs, nenhuma criminalização ou punição para todxs xs apoiantes dxs estudantes envolvidxs na luta, e a oficialização de um cronograma de audiências públicas para debater de forma clara a reforma do ensino defendida pelxs estudantes com toda a sociedade.
           Dia 16 de Dezembro, quarta-feira, na praça Luís de Camões, às 18h30, estaremos frente ao Consulado Geral do Brasil em concentração de solidariedade com a luta dxs estudantes de SP, contra a reorganização do Ensino, por uma escola pública que seja efetivamente dxs estudantes, e não dos corpos burocráticos que xs desrespeitam!
@CEL_Lisboa
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cel-lisboa · 9 years
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Investigação: Abusos de Autoridade na Comunidade Escolar
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Como consequência da estrutura hierárquica instaurada nas nossas instituições de ensino, os casos de abuso de autoridade por parte de membros hierarquicamente superiores ao estudante na comunidade escolar são muitas vezes ignorados. O estatuto adquirido pelo professor faz com que frequentemente os alunos permaneçam calados na presença de comportamentos abusivos e preconceituosos por parte do mesmo, e quando o denunciam, que o vejam protegido pela estrutura que o suporta. Perante tal realidade, o Colectivo Estudantil Libertário de Lisboa, apela a todos os que conheçam casos actuais de abuso de autoridade na comunidade escolar, desde agressões físicas ou psicológicas como discriminações baseadas em género, sexualidade, etnia, religião, etc que colaborem nesta investigação, que dependendo da sua relevância, poderá originar uma acção organizada em assembleia aberta. Se quiseres contribuir contacta-nos com o teu caso. Poderás desde enviar um e-mail para nós ([email protected]) como fazê-lo via mensagem no facebook. Agradecemos se puderes dar-nos o nome da escola ou faculdade onde o caso se passou juntamente com o ano ou curso do mesmo e ano lectivo (ex: Escola Artística António Arroio, 11º ano, 2014/2015 - FLUL-UL, Estudos Europeus, 2014/2015), porém é opcional. A tua identidade será mantida no anonimato.
Imagem retirada da WikiHow
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cel-lisboa · 9 years
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“Apitar é lutar”
Decadência do movimento estudantil no ensino básico e secundário em Portugal
               Envolto numa retórica anti-troika lusitana (PSD, PS, CDS-PP) que já caracteriza bem o discurso das juventudes partidárias da oposição (uma das mais conhecidas, a JCP), a iniciativa “Basta! Na Rua Pela Escola Pública”, dá voz a um apelo por mais uma manifestação dos estudantes, desta vez que utilize do apito (provavelmente não a buzina do carro, sendo que muitos desta parcela da sociedade são menores de idade) para fazer-se ouvir.
              Depois de reflectir sobre o assunto, pois quando olhei para o panfleto do evento fiquei em estado de choque, consigo perceber o porquê de tal estratégia. Realmente gritar sempre as mesmas orações numa procissão até ao local de culto do costume (o Santo Ministério da Formatação) não tem grande interesse, conseguindo também chegar a mais áreas do território nacional.
               Porém apitar, gritar, etc., ao contrário do que aqueles que apenas querem novos eleitores nas próximas eleições e um agregado populacional que sirvam as suas necessidades estratégicas possam dizer, como manifestação é apenas uma forma de aumentar a visibilidade de um problema e até certo ponto pressionar o poder executivo.
               Os problemas que o Basta sublinha já são visíveis, já sabemos dos cortes estrondosos na educação, da falta de professores e de funcionários, duma mercantilização crescente e desvalorização do ensino público, para não dizer mais. E mesmo que não soubéssemos não seria com a distribuição de apitos à frente da escola, pondo os alunos a apitar durante um intervalo, que iria chamar a atenção de alguém para o problema. Quanto a pressionar o poder executivo, só poderá funcionar em termos de preservar o cenário de que se queixam, ou seja, não piorar, sendo que a partidocracia vigente não permitiria que o partido ou coligação “no poder” voltasse atrás com as suas decisões tomadas sem ficar mal visto.
               Se queremos mais do que isso, se queremos reverter o que nos foi feito, e mais, impedir que tal volte a acontecer, talvez devêssemos relembrar a letra da Internacional quando diz “Para não ter protestos vãos / Para sair deste antro estreito / Façamos nós com as nossas mãos / Tudo o que a nós nos diz respeito.”
               Muitas manifestações não só já se tornaram acessórios como só nos têm vindo a empatar, a atrapalhar e a desmotivar. Não sei quanto à malta do Basta, mas eu não quero ser vítima de qualquer governo, de qualquer força política, que tenha na mão o Mistério da Educação. Posso até querer o direito “ao Ensino Público, Gratuito, e de Qualidade” previsto na Constituição da República Portuguesa (apesar de discordar com outras partes da mesma em relação à educação), mas quero principalmente, como estudante e não como Estado, ter a educação e a escola na minha mão, e para isso a Carta Magna de Abril não chega.
Contribuição de Clara Orfiso
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cel-lisboa · 9 years
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O Machismo Subtil na Escola
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Este texto reflecte a minha experiência ao longo do ensino básico. Vale apenas como testemunho pessoal, não me custa a crer que outras pessoas tenham passado por vivências opostas. Deve, igualmente, ser tido em conta que sou um homem a escrever sobre questões de sexismo, pelo que é natural que diga uma ou outra coisa ignorante.
Recordando os anos de escolaridade básica, tomo consciência que houve muito que me passou ao lado. Nunca questionei, por exemplo, os juízos de valor e as pressões de que eram alvo as minhas colegas em função do seu aspecto físico, dos seus relacionamentos amorosos e experiências sexuais. Como este, sei que muitos outros aspectos do sexismo no contexto escolar me passaram despercebidos, pois tive o privilégio de, sendo homem, não os sentir na pele.
Houve, no entanto, questões de género que me chamaram a atenção. Fui reparando como os professores, consistentemente, qualificavam as raparigas, no seu todo, como “mais certinhas”. Quando não era isso, era organizadas, trabalhadoras, responsáveis, maturas, ou qualquer outro galardão equivalente. Frequentemente eram louvadas, nas minhas colegas, as características próprias de um bom aluno. Situações como estas eram, para mim, incómodas e levaram-me, desde cedo, a colocar em questão a pertinência do feminismo.
Hoje vejo tais “elogios” com outros olhos. Reconheço que a escola é uma instituição disciplinar. Por outras palavras, desempenha o importante papel social de domesticar os jovens para a submissão que deles será esperada ao longo da vida. Por isso as apreciações raramente eram dirigidas a uma colega em concreto. Ao definir o feminino como responsável, organizado, etc. os professores estavam antes a exercer uma pressão disciplinadora extra sobre todas as estudantes.
Deste modo, o que na altura me pareceu um benefício injusto apresenta-se-me hoje como acto machista. E pior, um machismo subtil que, sob a aparência do elogio, redobra sobre as raparigas o policiamento de que todos os alunos são alvo.
Submissão de Rui Coelho
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cel-lisboa · 9 years
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Português:
“[A atual escola] é para a criança o que a prisão é para o condenado, ou o que o quartel é para o soldado - um lugar onde tudo é usado para quebrar a vontade da criança, e de seguida, triturá-la, amassá-la e moldá-la num ser totalmente estranho a si mesmo.”
Excerto de A Importância Social da Escola Moderna, por Emma Goldman
English Translation:
“[Nowadays school] is for the child what the prison is for the convict and the barracks for the soldier — a place where everything is being used to break the will of the child, and then to pound, knead, and shape it into a being utterly foreign to itself.”
The Social Importance of the Modern School, Emma Goldman
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cel-lisboa · 9 years
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  Nasce no aniversário da Comuna de Paris, a 18 de Março de 2015, um colectivo de estudantes que recusam aceitar serem esquecidos no que toca à organização dos seus locais de aprendizagem, no planeamento do seu percurso escolar, de estarem inseridos num sistema onde os bancos são prioridade ao invés da educação.   Fartos de juventudes partidárias que tentam saciar o sentimento de participação dos estudantes, onde o principal foco é não só contribuir para maiores resultados do respectivo partido em eleições, mas também controlar as associações de estudantes, e formar os próximos burocratas, os próximos políticos profissionais onde seremos incentivados a depositar o nosso poder cegamente, num genuíno gesto de esperança.   Contestamos o conformismo fatalista, fruto de uma cultura de submissão e normatividade falida, compreendendo que tal apenas contribui para a manutenção necessária de um mundo de injustiça, desigualdade, e opressão, onde se responsabiliza a vítima pelo emaranhado criado pelo agressor.   Sem hierarquias e sem centralização, recusamos reproduzir o sistema que faz da educação factor de lucro e uma mera ferramenta de formatação. Recusamos o capitalismo e o estado, abraçamos a auto-gestão.
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