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#Pedagogia Libertária
gilmirandajr · 1 year
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A pedagogia libertária sempre preconizou a quebra da lógica da disciplinarização do conhecimento. Enganam-se, porém, quem vê a BNCC e a lógica de competências e habilidades com algum cacoete libertário. Primeiro que é absurdo dividir a escola por áreas de conhecimento quando os cursos de licenciatura e a própria graduação é disciplinarizada. Mais uma vez o país cobra resultados (efeitos) sem produção de suas causas. Não há como formar alunos que dominem áreas de conhecimento sem professores formados por áreas de conhecimento. Um professor de história, de geografia, de sociologia ou de filosofia não é professor de Ciências Humanas. Ao menos sem uma formação específica. Segundo que sequer os professores têm desenvoltura e formação para problematizar e desenvolver o que a BNCC orienta acerca do Protagonismo e Empreendedorismo. Grande parte, como trabalhadores que são, imersos na lógica neoliberal, enxergam empreender como extrair vantagem econômica do aprendizado, assim como protagonizar enquanto atomização individualista para construção de seu próprio futuro. Perde-se a capacidade de agencianentos de esforços e o pensar coletivo para a melhoria do bem está social em que o aluno está inserido. Portanto, amigos professores, nossa luta precisa também se organizar para além de uma atribuição de aulas justas, de melhores salários ou bonificações, mas por condições políticas de trabalho para o cumprimento eficaz de nossa profissão. Mas disso, ninguém fala, né? https://www.instagram.com/p/Cn2hBLOP-fU/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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portfoliodidatica · 2 years
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ATIVIDADE V
Erin Gruwell é uma docente recém-formada que vai lecionar para o primeiro ano de uma escola em Long Beach, California, Los Angeles. Ao chegar à escola a realidade                que a mesma encontra é uma diferente da que cresceu: alunos marcados pela violência, descrença, desobediência, desmotivação e principalmente conflitos raciais.
Na sua primeira aula, a mesma percebe e identifica que a pedagogia que iria trabalhar não vai ser efetiva e afetiva perante os alunos. Por isso, através de todo um estudo de realidade e problemas dos discentes a professora introduz uma pedagogia que afeta e discute diretamente com os indivíduos ali apresente na sala de aula.
A professora, vai de encontro com o que a escola espera de uma pedagogia pregada em sala de aula, uma de autoritarismo e onde o professor é detentor do conhecimento, onde os assuntos devem ser repassados dentro da sala de aula e escola e todo o procedimento de ensino deve ocorrer de forma individual.
Assim, mesmo com todas as diversidades, a professora começa a mostrar aos alunos que a realidade que estão inseridos são vividas por todos de maneiras diferentes, contudo, de certa maneira iguais, trazendo a tona empatia entre o meio discente. As discussões são feitas através de dinâmicas em grupo, atividades fora do ambiente escolar e também é trabalhado sua realidade.
O filme conversa, ouso dizer, em quase todo momento com a pedagogia de Paulo Freire, onde o mesmo diz que:
As versões libertadora e libertária têm em comum o anti-autoritarismo, a valorização da experiência vivida como base da relação educativa e a ideia de autogestão pedagógica. Em função disso, dão mais valor ao processo de aprendizagem grupal (participação em discussões, assembleias, votações) do que aos conteúdos de ensino. Como decorrência, a prática educativa somente faz sentido numa prática social junto ao povo, razão pela qual preferem as modalidades de educação popular “não-formal”. LIBÂNEO (p. 11, 1997)
E, vem trazendo uma ligação com a pedagogia crítico-social, que fala:
A tendência da pedagogia crítico-social de conteúdos propõe uma síntese superadora da pedagogia tradicional e renovada, valorizando a ação pedagógica enquanto inserida na prática social concreta. Entende a escola como mediação entre o individual e o social, exercendo aí a articulação entre a transmissão dos conteúdos e a assimilação ativa por parte de um aluno concreto (inserido num contexto de relações sociais); dessa articulação resulta o saber criticamente reelaborado. LIBÂNEO (p. 11, 1997)
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Pedagogia Libertária
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pedropereiraleite · 5 years
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Francisco Ferrer (1859-1909). A formação libertária integral
Francisco Ferrer (1859-1909). A formação libertária integral
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Francisco Ferrer i Guardia foi um pensador e pedagogo anarquista catalão, considerado como um dos criadores da Escola Moderna (1901), um projeto prático de pedagogia libertária. Envolvodo nos processo de proclamação da república, exila-se em França no início do século XX, onde desenvolve os conceitos da sua escola Moderna. Sempre envolvido na luta política Ferrer será executado em Barcelona em…
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Francisco Ferrer (1859-1909). A formação libertária integral
Francisco Ferrer (1859-1909). A formação libertária integral
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Francisco Ferrer i Guardia foi um pensador e pedagogo anarquista catalão, considerado como um dos criadores da Escola Moderna (1901), um projeto prático de pedagogia libertária. Envolvodo nos processo de proclamação da república, exila-se em França no início do século XX, onde desenvolve os conceitos da sua escola Moderna. Sempre envolvido na luta política Ferrer será executado em Barcelona em…
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edsonjnovaes · 3 years
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Paulo Freire plagiou professor americano e destruiu a educação brasileira
Paulo Freire plagiou professor americano e destruiu a educação brasileira
https://m.youtube.com/watch?v=11NH5Yktu3A Paulo Freire plagiou professor americano e destruiu a educação brasileira – Visão Libertária Em 1943, durante a segunda guerra, com as filipinas invadidas pelos japoneses, Laubach esteve um tempo em Recife, onde deu palestras e aulas em várias escolas e universidades. Ele já era famoso pelo método Laubach de alfabetização. Paulo Freire então pegou o…
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luancavalini · 3 years
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Pedagogia Libertária
O que é a pedagogia libertária?
Entendendo que o conhecimento é algo necessário para o indivíduo, a pedagogia libertária é a do desenvolvimento através de questões internas de cada grupo. Diferente da pedagogia tradicional, em que o professor quem traz as questões que o aluno devera buscar a resposta, na Pedagogia libertaria o aluno traz as suas questões e ele mesmo as responde, tendo o professor como um auxiliador em sua busca pelo conhecimento.
Onde começou?
Surgiu inicialmente na Catalunha no início do século XX e está centrada no pensamento do educador Francisco Ferrer (1889-1909). Com o objetivo de educar a classe trabalhadora em um ambiente racional, laico e não coercivo. Foi fechada A Escola Moderna de Barcelona em 1906 tendo seu idealizador morto logo após em 13 de outubro de 1909. A partir da execução de Ferrer foram traduzidas e divulgadas as suas ideias sobre a pedagogia em vários idiomas e países. Argentina, Brasil, Canadá, Cuba, Estados Unidos, França e Inglaterra que por sua vez montaram suas escolas modernas.
Quais seus princípios?
A educação da infância deve fundamentar-se sobre uma base científica e racional; em consequência, é preciso separar dela toda noção mística ou sobrenatural;
Deixar separado as crenças pessoais da comunidade.
A instrução é parte desta educação. A instrução deve compreender também, junto à formação da inteligência, o desenvolvimento do caráter, a cultura da vontade, a preparação de um ser moral e físico bem equilibrado, cujas faculdades estejam associadas e elevadas ao seu máximo de potência;
A escola deve preparar o aluno para a vida de forma completa, desenvolver o indivíduo como um todo, incluindo seu caráter.
A educação moral, muito menos teoria do que prática, deve resultar principalmente do exemplo e apoiar-se sobre a grande lei natural da solidariedade;
Indo no pensamento de que a palavra mostra o exemplo arrasta! Trabalhando com a pratica, deixamos espaço para o estimulo de desenvolver o caráter do individuo, fazendo com que ele sempre tenha a oportunidade de pensar no próximo.
É necessário, sobretudo no ensino da primeira infância, que os programas e os métodos estejam adaptados o mais possível à psicologia da criança, o que quase não acontece em parte alguma, nem no ensino público nem no privado.
 Criar programas próprios para cada faixa etária, falando a língua de criança com as crianças, buscando materiais atrativos e convidativos à elas.
 Como é a escola moderna no Brasil?
No Brasil tivemos varias Escolas com a Pedagogia Libertária (Escola Nova, fundada em 1909  São Paulo, Escola Moderna N°1,fundada em 1912, sob direção de João Penteado São Paulo, Escola Moderna do Ceará, fundada em 1911...).
As Escolas Modernas foram fechadas pela polícia em 1919, acusadas de propagar perigosa ideologia, num momento em que o movimento libertário sofria extrema repressão do Estado Brasileiro. Combatidos pelo capitalismo e comunismo, consideravam que a educação criando uma nova consciência, mudaria as relações cotidianas e representações sociais, estruturando uma outra sociedade, na qual a hierarquia, as diferenças sociais e formas de poder não sobreviveriam.
 Qual o papel do professor na pedagogia libertária?
Não mais como um ser superior ou autoridade, na Pedagogia Libertária o professor tem como função o de conduzir os alunos a pesquisarem e discutirem os assuntos por eles mesmos, orientando o processo mas não o conteúdo. Ele não tem seu local de destaque no grupo, mas se mistura aos alunos para que tenha uma horizontalidade hierárquica.
Como funcionam as avaliações?
Sabemos que aprendemos após termos o uso pratico concluído.
Os alunos vão escolher quais matérias serão ofertadas?
Os projetos são estruturados com o corpo docente e, apresentados aos alunos que por sua vez decidem quais projetos querem aprender. São projetos que ajudam nas ideias dos alunos, o que não os impede de ter novas ideias e sugerir seus próprios projetos. Aqui a vivencia do grupo é o importante, ter a experiência do trabalho em coletividade com um resultado final satisfatório.
Cada aluno decide as diretrizes do seu grupo?
As decisões tomadas para o grupo serão sempre discutidas em debates, assembleias, reuniões, com a presença do orientador.
 Conclusão
Nas ditaduras, o poder é tomado pelas armas, pela fome e pela morte. O capitalismo se utiliza da democracia para chegar ao poder pela compra dos votos e pela corrupção da Justiça. De qualquer modo, sempre autoritarismo e violência na gênese do poder. Essa perpetuação hierárquica de poder, seja pela força ou pelo dinheiro, vem sendo garantida pela escola e família que desde a infância tratam o indivíduo de forma autoritária, deixando-os obedientes e submissos aos pais, aos professores e ao Estado. Essa pedagogia autoritária reprime nas crianças e nos jovens o sentimento e a necessidade da liberdade como condição fundamental da existência. Sem esse sentimento e sem essa necessidade, desaparecem nas pessoas o espírito crítico e o desejo de participação ativa na sociedade. 
Homens e mulheres criados no ambiente familiar e escolar autoritários são os que garantem a manutenção das ditaduras e do capitalismo, bem como as falsas democracias. Eles "espelham e reproduzem o Estado", são pessoas neuróticas, fracas, despreparadas, incompetentes e impotentes para a vida pessoal plena e social satisfatória.
Diante de um quadro desses, torna-se necessário, refletir sobre a possibilidade de interferência no sistema político burguês capitalista, especialmente sobre a sua pedagogia autoritária. É urgente descobrir alguma forma de atuação libertária em todos os níveis, desde as creches, passando pelas escolas primárias e secundárias, chegando, por fim, à universidade.
Estimular a criança a pensar e tomar decisões em grupo, vai desde sempre estimular o pensamento coletivo quanto aos mais necessitados. Dar liberdade para escolher o que estudar dará muito mais animo e interesse pelo conhecimento, pois quem nunca ouviu falar: “Ah! Porque tenho que aprender baskara se eu nunca vou usar na minha vida? se tivéssemos escolhido aprender baskara para a execução de um projeto, jamais teríamos essa aversão pela matéria, pelo contrário, guardaríamos essa informação com carinho, assim como aprendemos algo novo depois de tanto buscar no google. Devemos valorizar o conhecimento, o desenvolvimento coletivo desde sempre, no lugar de termos uma instituição que. Através de notas, estimula a competição e a individualidade.
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"Ainda sofremos com uma educação antidemocrática e adestradora.
Muito foi mudado na Pedagogia teoricamente falando. Mas como se sabe, costumes não são mudados com uma canetada. Embora muitos autores defendam uma Educação libertária e libertadora, o que vemos ainda em muitas salas de aula são crianças, adolescentes, jovens e adultos sendo adestrados para uma vida medíocre por professores igualmente medíocres.
E quando uso o termo mediocridade , não me refiro à falta de conhecimento teórico. Muitos docentes leram “trocentos” livros e estudaram por anos e anos antes de assumirem uma cadeira. Mas ler diversos autores e entrar em contato com diversas teorias não torna necessariamente uma pessoa intelectualizada de forma profunda e verdadeira.
Se o conhecimento teórico e técnico não for lapidado por senso crítico, desenvolvimento da alteridade e consciência das próprias limitações vira pedantismo acadêmico. Se o conhecimento teórico e técnico não for lapidado pelo entendimento afetivo de que o saber só importa na medida em que transforma a nossa vida vira perda de tempo, vira desperdício existencial.
Sim, o saber só faz sentido na medida em que nos torna mais conscientes, mais livres , mais autônomos…e mais felizes, por que não?
Aprendemos para expandir horizontes , quebrar casulos e redomas de vidro. Aprendemos para alçar voos mais altos, romper com a mesmice cotidiana, desafiar o status quo, para descobrir quem somos, para nos conectarmos com as pessoas, para fazer amor com as palavras, brincar com a linguagem reinventando o mundo. Aprendemos para nos curarmos da moléstia da ignorância. E quando uso o termo ignorância, não me refiro unicamente à falta de conhecimento teórico. Me refiro principalmente à ignorância que nos impede de sermos nós mesmos e batalharmos por nossa existência de forma apaixonada.
É inaceitável que ainda existam em todos os graus do ensino, professores que se contentam em ser leitores de Power Point. Nada contra o Power Point como um recurso auxiliar. O problema é restringir tudo à leitura mecânica e decoreba , sem por nada em dúvida, sem por nada em debate.
É inaceitável que ainda existam em todos os graus de ensino, professores que não escutem a voz dos seus alunos. Em uma sociedade informatizada como a nossa , o aluno não depende mais do professor para entrar em contato com informações. O papel do professor é o de lapidar estas informações, auxiliando o aluno a entende-las de forma consciente e profunda.
Também não cabe ao professor fazer lavagem cerebral. Ele deve inspirar. Transmitir seus pontos de vista , mas sem tentar impô-los.
Sim, em minha opinião, sala de aula é espaço para discutir temas atuais e polêmicos. Sala de aula é espaço para ver filmes transgressores e “malditos” pela crítica politicamente correta. Sala de aula é espaço para emitir opiniões, desenvolver ideias, produzir textos irreverentes, fazer avaliações dinâmicas.
Enquanto os professores estiverem mais preocupados com listas de chamada e decorebas do que preparar para a vida , hordas e hordas de profissionais medianos e pessoas apequenadas continuarão sendo jogadas no mercado de trabalho e da vida todos os anos."
(Por: Pensar Conteporâneo)
Saudações: Manifesto Visionário
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Edição 285, maio | sumário
Edição 285, maio | sumário
Destaques Pág. 8, Entrevista com Silvio Gallo: para o doutor em educação e referência em pedagogia libertária, Brasil vive desde 2018 a interrupção da … O post Edição 285, maio | sumário apareceu primeiro em RFM Editores.
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Pedagogia Racional Libertária - ANGELA MARTINS
O Movimento foi principalmente impulsionado por imigrantes italianos, mas recebeu colaborações de imigrantes espanhóis, portugueses e intelectuais nacionais.
Os anarquistas propunham ações que gerassem discussões perante os valores tradicionais vigentes para que os mesmos se tornassem consciência social e para isso, a Educação funcionaria como um dispositivo para a transformação das relações socioeconômicas, com a meta de propagar fraternidade, igualdade e democracia para todos.
Portanto, acreditavam que a Educação era o caminho para a mudança, já que através dela é possível modificar valores e princípios. Dessa forma, as escolas racionais libertárias que seguissem tais ideais poderiam fortificar a estratégia da luta para a transformação da sociedade, porque para surtir efeitos positivos no governo e na economia, o cidadão urge implementar alterações radicais em si próprio e nos seus próprios valores.
Ademais, a Pedagogia Radical Libertária era contra a opressão e os dogmas religiosos, então enfrentavam a Igreja Católica e combatiam a exploração do homem pelo homem, pois buscavam a libertação de padrões e ideias tradicionais impostos.
Tal Pedagogia é interessante por ser a junção das categorias racional e libertária, sendo necessário refletir sobre o que significa a racionalidade para o indivíduo contemporâneo e moderno da época.
A visão humanista procurava compreender profundamente o mundo humano e lapidar uma concepção antropocêntrica em oposição à teocêntrica, portanto, tal movimento avançou perante laicização da Educação, além de ocorrer a valorização da cultura greco-latina.
Entretanto, no contexto cultural europeu, o humanismo não era considerado homogêneo, pois dele surgiram duas vertentes fundamentais no âmbito educacional dos séculos seguintes.
De um lado, precisamente ao Norte da Europa prevalecia à propagação de um conhecimento que poderia oferecer aparatos para o enfrentamento das mazelas sociais, tidas como resultado da ignorância. Sendo assim, nasceu o movimento da Reforma que usufruiu dos princípios do humanismo para indagar as práticas religiosas da Igreja Católica, portanto, a razão era essencial para observar, comparar, questionar, criticar, não somente os dogmas cristãos, mas também, interpretar a natureza, a vida secular e as Sagradas Escrituras.
Consequentemente, as práticas racionais começaram a se disseminar em diversas camadas da sociedade europeia, pois o cenário socioeconômico estava mudando, então, era substancial a modificação da cultura educacional, portanto, a política deveria ser conduzida por aqueles que demonstrassem sagacidade e esperteza, sendo assim, a ignorância passou a ser rotulada como um mal que deveria acabar, porque a prosperidade de uma nação ocorreria se houvessem homens instruídos no poder. Além disso, no século XVIII o processo de laicização ampliava-se gradativamente, devido ao movimento em prol da libertação da educação perante a tutela católica, o racionalismo crescente, os progressos científicos e a expansão da instrução elementar.
Ademais, no final do século XVIII os processos de renovações culturais estavam fundamentados em princípios racionais que surtiriam a libertação do homem, sendo a razão conhecida como uma lâmpada capaz de acender a luz na escuridão, dado o movimento conhecido como o Iluminismo. Portanto, o indivíduo iluminado com a razão poderia transformar a vida social e suas relações, ou seja, reorganizar o mundo.
Mormente a este paradigma, o ordenamento do mundo natural e social era atribuído à razão, porque somente ela era capaz de revelar o mundo verdadeiramente, sem submissões tradicionais e religiosas, já que o conhecimento não era uma revelação, era uma construção elaborada pela consciência humana, capaz de libertar o homem. Tal matriz também influenciou os primeiros movimentos socialistas e anarquistas.
Ademais, nos pressupostos que elencam a pedagogia libertária contém a racionalidade e o humanismo com suas duas vertentes, a que sugere o desenvolvimento pessoal e a que pressupõe que o conhecimento proporciona recursos para o enfrentamento de entraves sociais.
Partindo desse pressuposto, o anarquismo destaca a racionalidade, a liberdade e a espontaneidade para uma pedagogia efetiva, sendo que o movimento se descreve como uma ação de indivíduos combatentes do capitalismo, que anseiam a destruição do Estado e buscam a construção de uma nova ordem social descentralizada e autogestionária, ou seja, eles acreditavam que os indivíduos eram capazes de gerenciar o poder intrinsecamente. Além disso, concluíram que o Estado mantinha escolas com uma pedagogia autoritária reprodutora de opressão, com o objetivo de fazer as pessoas obedecerem e pensarem de acordo com os dogmas e interesses sociais impostos, portanto, era necessário construir suas próprias escolas com princípios de um novo tipo de pedagogia.
Os Princípios pedagógicos supracitados poderiam conduzir uma luta permanente pelos direitos e deveres de uma sociedade igualitária e justa e serviriam como a base de uma educação integral, que tem como intuito a capacitação dos oprimidos.
Os anarquistas também acreditavam que as crianças não nascem com ideias premeditadas, elas adquirem valores e ideais ao passar do tempo, sendo assim, urge educarmos as crianças com noções positivas e verdadeiras, baseadas na experiência e na demonstração racional, para que se preparem para qualquer tipo de estudo, podendo a educação se revelar como um mecanismo de emancipação, estratégia de luta política e uma força reveladora da transformação.
O ensino deve estar baseado nas ciências naturais, para fazer com que os educandos tornem-se seres humanos instruídos, justos, livres e verdadeiros. Entretanto, as atitudes próprias de cada aluno também devem ser levadas em consideração e estimuladas, para que com seu valor singular, cada estudante seja um membro útil da sociedade.
Em suma, a Pedagogia Libertária considera a ciência como um bem universal, pois ela possibilita desfazer erros e propicia o verdadeiro conhecimento dos elementos às pessoas.
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bioeducacao · 3 years
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18/10/2021
A postagem de hoje será sobre o artigo “A educação libertária na Primeira República”, as influências do contexto social e como isso impactou na educação do Brasil.
No período da primeira república, o movimento anarquista trouxe muitas contribuições para a educação brasileira, esse movimento foi impulsionado principalmente pela imigração italiana e recebeu contribuição de intelectuais brasileiros e imigrantes espanhóis e portugueses.
Os anarquistas tinham como meta a mudança de consciência, ou seja, buscavam ações que pudessem discutir e transformar os valores tradicionais e tinham a intenção de instituir uma sociedade fraterna, igualitária e democrática, em outras palavras, defendiam o ideário racional-libertário. Assim, para que essa mudança de valores ocorresse, a educação era imprescindível para a transformação profunda da sociedade, dessa forma, foram criadas escolas que seguissem a pedagogia racional libertária. E devido a proposta dessa pedagogia ser baseada na mudança de valores houveram vários confrontos com as ideias tradicionais da Igreja Católica Apostólica Romana e o ideário capitalista, pois os anarquistas procuravam se libertar de todo tipo de opressão.
Nos séculos XVI e XVII com a instauração do modo de produção capitalista, os dogmas católicos foram questionados e instaurou-se uma mudança cultural, econômica, política e social. Agregada ao poder da racionalidade surgiu o movimento humanista que avançou em direção a secularização, buscava a erudição por meio da cultura greco-romana clássica, a laicização da educação e o conhecimento acurado da natureza física, a instrução se tornou fundamental para o homem moderno. Segundo esse movimento, o homem deveria conhecer a sua realidade e não ser mero expectador do mundo.
No contexto europeu, a visão humanista possuía duas vertentes que fundamentaram o movimento humanista: Ao sul da Europa, o humanismo enfatizava a educação liberal, que possibilitava o desenvolvimento pessoal e ao norte da Europa, predominava a transmissão de um saber que poderia fornecer subsídios para enfrentar as mazelas sociais.
Dessa segunda vertente, nasce o movimento da Reforma, que utilizou princípios humanistas para questionar as crenças e práticas da Igreja Católica Apostólica Romana através da racionalidade. De acordo com Lutero, principal expoente da reforma, o que contraria a razão, contraria Deus.
Gradativamente as práticas racionais começaram a se instaurar em diferentes estâncias da sociedade européia e devido as mudanças sócio-econômicas e políticas era necessário mudar a cultura educacional.
Outro fator importante para a consolidação de práticas racionais no campo educacional foi o processo de laicização da educação, a consolidação do antropocentrismo, o racionalismo, os avanços da ciência e a ampliação da instrução elementar. Dessa forma, em meados do século XVIII, cresceram os movimentos contra o monopólio da Igreja sobre a educação e no final deste século. Dessa forma, surgiu o movimento Iluminista que acreditava que o conhecimento libertava o homem e essa libertação deveria acontecer no campo da individualidade e depois irradiar-se para a coletividade. Foi dessas ideias que surgiram os primeiros movimentos socialistas, incluindo os precursores do movimento anarquista.
A pedagogia libertária anarquista além de levar como pressuposto a racionalidade que liberta, também leva em consideração as duas vertentes do humanismo.
De acordo com os anarquistas, a racionalidade não deve ser apenas um recurso para se chegar até a verdade mas um instrumento que possibilite a libertação dos dogmas impostos pelas religiões. O movimento anarquista se constitui como uma ação de indivíduos que combatem o capitalismo, almejam a destruição do Estado e buscam construir uma nova ordem social descentralizada e autogestionária. Assim, concluíram que o Estado capitalista possuía escolas com uma pedagogia de opressão pois era um meio de fazê-los obedecer e pensar de acordo com os dogmas sociais. Assim, era necessário a construção de escolas que levavam em consideração os seus ideais anarquistas.
A busca pela formação de um novo homem também estava presente no Movimento da Escola Nova que utilizou a racionalidade e a liberdade mas com características diferentes. De acordo com a Escola Nova, o uso da racionalidade era fundamental porque precisava-se: enfatizar o trabalho científico; buscar métodos que dessem conta de explicar a realidade educacional; compreender o desenvolvimento do psiquismo dos educandos e criar um ambiente propício à educação. A liberdade pautava-se na espontaneidade, na capacidade de criação e na observação das diferentes aptidões apresentadas pelas crianças e adolescentes. A proposta pedagógica da Escola Nova buscava mudar os parâmetros da educação, mas diferente dos anarquistas, não postulavam uma revolução na ordem social vigente.
A partir do século XIX, as mudanças propostas pela Escola Nova provocaram um esgotamento da Pedagogia Tradicional e a necessidade de mudar a forma de educar.
A partir dos princípios da pedagogia libertária, onde a racionalidade e a liberdade são fundamentais para promover mudanças básicas na estrutura da sociedade e substituir o estado autoritário por um modo de cooperação, os anarquistas passam a sugerir um novo tipo de educação. Já que acreditavam que as crianças não nascem com ideias preconcebidas, elas adquirem valores durante sua vida, a meta da educação é fazer com que as crianças se tornem pessoas instruídas, verdadeiras, justas e livres através do ensino baseado nas ciências naturais.
As categorias racional e libertária no pensamento pedagógico anarquista buscaram instaurar uma nova mentalidade no processo educacional, dessa forma, tornaram -se um instrumento de emancipação e luta política na transformação do mundo.
Ferrer y Guardia, significativo intelectual da pedagogia libertária anarquista, influenciou profundamente a pedagogia libertária no Brasil e as primeiras escolas baseadas nessa pedagogia surgiram no início do século XX.
Nas primeiras décadas do século XX houve um enorme fluxo de imigrantes italianos e espanhóis que trouxeram consigo para o movimento sindical o ideário anarquista no Brasil. Juntamente com o contexto histórico, verificou-se no país a necessidade de escolas com uma nova proposta pedagógica com viés anarquista. Assim, foram criadas as Escolas Modernas no Brasil baseadas na pedagogia racional libertária que tinha como pressuposto os valores da solidariedade, cooperação, igualdade e liberdade.
A primeira Escola Moderna foi criada em São Paulo em 1912 com apoio de anarquistas, socialistas, livres-pensadores, entre outros. Nessa escola eram oferecidos três cursos: primário , médio e adiantado. O curso primário compunha-se das seguintes matérias: Rudimentos de Português, Aritmética, Caligrafia e Desenho. O curso médio, de Gramática, Aritmética, Geografia, Princípios de Ciência, Caligrafia e Desenho. E o curso adiantado, de Gramática, Aritmética, Geografia, Noções de Ciências Físicas e Naturais, História, Geometria, Caligrafia, Desenho, Datilografia. Além de costura e bordado para as meninas.
Os anarquistas buscavam não somente formar indivíduos para o trabalho mas também para a militância. Acreditavam fortemente na produção de períodos na efetivação de uma mudança na mentalidade e isso foi fundamental para o movimento anarquista e a pedagogia libertária, pois fortaleceu a rede de informações nas escolas e em vários âmbitos da sociedade.
Além da Escola Moderna foi criada em 1915, mais uma escola racionalista libertária na cidade de São Paulo, a Escola Nova, possuía três cursos, primario, medio e superior. Curso primario: português, aritmetica, geografia, botanica, zoologia, caligrafia e desenho. Curso médio: português, aritmetica, geografia, mineralogia, botânica, zoologia, física, química, geometria, historia universal, caligrafia, desenho. Curso superior: aritmetica, algebra, botânica, zoologia, mineralogia, física, química, historia universal, geologia, astronomia, desenho, português, italiano, espanhol, etc.
Essa pedagogia racional libertária possibilitou uma discussão sobre a pedagogia vigente na época e foi importante para a luta dos trabalhadores brasileiros.
Referência
MARTINS, Angela Maria Souza. A educação libertária na Primeira República. Núcleo de Estudos em Educação Brasileira-NEB-UNIRIO, 2006.
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26/01/2021
A Pedagogia Libertária na História da Educação Brasileira, por Neiva Beron Kassick & Clovis Nicanor Kassick
Livro curto, 46 páginas. Mas que dá vontade de ler de novo, e assim o farei comentando aqui.
“Verifica-se assim que, apesar de pouco lembrada e referenciada, a a educação anarquista foi importante não apenas para a ‘instituição escol’ e para o seu fazer pedagógico, mas também para a própria Pedagogia, que incorporou muitos de seus princípios.”
Como se diz no início do livro, o Brasil, tal qual outros países, bebe da fonte da Escola Moderna de Ferrer, em Barcelona. Uma das várias coisas que me chamaram atenção no livro, foi a ênfase dada no papel que os alunos tinham na imprensa. Hoje em dia quase não se lê jornais, mas no início dos anos 90, estava em alta. A repercurssão foi tamanha, que ganhou uma grande crítica no jornal Folha de São Paulo.
“Pode-se assim perceber a importância da imprensa anarquista alimentou o movimento anarco-sindicalista, e dentro dele, subsidiou o campo da educação.”
Um dos movimentos dentro da pedagogia libertária é a “consciência anárquica”, que seria rapaz de reconhecer relações autoritárias e enxegar a autogestão como alternativa imediata.
Fecho este comentário com algumas citações, sendo a segunda, sequência racional da primeira. Fala-se sobre metodologias...
 “...provocar junto com o desenvolvimento da inteligência, a formação do caráter, apoiando toda a concepção moral sobre a lei da solidariedade,,,”
e a belíssima conclusão:
“...fazer da criança um homem livre e completo, que sabe porque estudou, porque refletiu, porque analisou, porque fez de si mesmo uma consciência própria...]
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pedropereiraleite · 5 years
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Pedagogia da Autonomia
As abordagens da pedagogia da autonomia, de influência libertária, distinguem habitualmente os objetivos educativos em três categorias: a educação como reprodução de saberes, técnicas e valores, as pedagogias da emancipação, que se preocupam com o desenvolvimento dos indivíduos e ou transformação da sociedade; e a “pedagogia da redenção”. A pedagogia de redenção, é pouco usada na conceção de…
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Pedagogia da Autonomia
As abordagens da pedagogia da autonomia, de influência libertária, distinguem habitualmente os objetivos educativos em três categorias: a educação como reprodução de saberes, técnicas e valores, as pedagogias da emancipação, que se preocupam com o desenvolvimento dos indivíduos e ou transformação da sociedade; e a “pedagogia da redenção”. A pedagogia de redenção, é pouco usada na conceção de…
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10 professores que mudaram o mundo
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Ao longo da história, a educação passou por várias fases, desde os tutores da Grécia Antiga até o domínio das instituições pela Igreja Católica. Hoje, os pedagogos ainda têm um longo caminho a percorrer, mas a educação já vive os avanços proporcionados pelos professores do passado. Para valorizar o papel dos educadores, a Revista Bula elencou dez personalidades que mudaram a história do ensino no mundo e que também trabalharam na docência, colocando em prática suas teorias e ideias inovadoras. A partir dos princípios deixados por esses professores, muitos outros educam crianças e adolescentes hoje, mesmo sem o devido reconhecimento da sociedade.
Albert Einstein
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Albert Einstein (1879-1955) foi um físico alemão que desenvolveu a teoria da relatividade geral, um dos pilares da física moderna. Ele também descobriu a lei do efeito fotoelétrico e ganhou o Prêmio Nobel da Física, em 1921, por todas as suas contribuições importantes. Einstein foi professor em várias instituições de ensino superior, como a Universidade de Berna, na Suíça; a Universidade Carolina, em Praga; e o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique.
Marie Curie
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Marie Curie (1867-1934) foi uma cientista polonesa radicada na França que desenvolveu pesquisas pioneiras sobre a radioatividade. Ela foi a primeira mulher a receber um Prêmio Nobel e a única pessoa a ganhar o prêmio duas vezes em diferentes categorias: física e química. Além de desenvolver a teoria da radioatividade, Curie descobriu dois novos elementos químicos, o polônio e o rádio. Marie Curie foi a primeira mulher a ser admitida como professora na Universidade de Paris.
Johann Heinrich Pestalozzi
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Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) foi um pedagogo suíço, criador do “Método Pestalozzi”. Em sua época, revolucionou a educação ao defender uma pedagogia humana e afetiva, tendo a escola como uma extensão do lar das crianças, onde elas se sentissem seguras e protegidas. Para Pestalozzi, o objetivo final do aprendizado seria a tripla formação do ser: intelectual, física e moral. Fundador de várias escolas, ele era contra a aplicação de provas, castigos e recompensas.
Booker T. Washington
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Booker T. Washington (1856-1915) foi uma das mais importantes lideranças na luta pelos direitos civis dos negros nos EUA. Nascido em uma família de escravos, ele não pôde estudar durante a infância. Mas, com o fim da escravidão, viu na educação a única maneira de conseguir uma vida melhor e ingressou no Instituto Hampton, onde também trabalhava para custear seus estudos. Mais tarde, ele foi nomeado diretor do Instituto Tuskegee e seu sucesso como educador tornou-o porta-voz dos negros americanos, mudando os rumos da educação no país.
Hannah Arendt
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Conhecida como a “pensadora da liberdade”, Hannah Arendt (1906-1975) foi uma das filósofas mais influentes do século 20. Filha de pais judeus, ela nasceu na Alemanha, mas decidiu emigrar para os Estados Unidos no período nazista. Seu principal conceito, o de pluralismo político, é um dos pilares das democracias modernas e defende a importância de existir igualdade política e liberdade. Arendt foi professora da Universidade de Chicago e da New School Social Research, de Nova York.
Paulo Freire
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Paulo Freire (1921-1997) foi um professor e filósofo brasileiro, considerado um dos pensadores mais importantes na história da pedagogia mundial. Freire escreveu o livro “A Pedagogia do Oprimido” (1974), terceira obra mais citada em trabalhos acadêmicos da área de humanas em todo o mundo. Em suas publicações, defendia uma educação libertária, distante da pedagogia tecnicista e alienista. Patrono da Educação Brasileira, Freire foi o brasileiro mais homenageado da história.
Isaac Newton
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O cientista inglês Isaac Newton (1643-1727) é autor de “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural” (1687), considerado o livro de ciências naturais mais importante da história. Na obra, ele descreve a lei da gravitação universal e as três leis de Newton, que fundamentaram a mecânica clássica. Ele também construiu o primeiro telescópio refletor operacional e criou a teoria das cores, dentre outras descobertas. Por décadas, Isaac Newton foi professor de matemática na Universidade de Cambridge, na Inglaterra.
Jean Piaget
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Jean Piaget (1896-1980) estudou inicialmente biologia, mas depois se dedicou às áreas de psicologia, epistemologia e pedagogia. Ele influenciou o ensino de maneira profunda, utilizando suas ideias para contrapor a educação tradicional e autoritária herdada do século 19. Sua principal teoria é a da Epistemologia Genética, que explica como o conhecimento é adquirido e organizado na mente humana, desde à infância até a fase adulta. Reconhecido em todo o mundo, Piaget foi professor em diferentes universidades.
Emilia Ferreiro
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Emilia Ferreiro (1936) é uma psicóloga e pedagoga argentina, radicada no México. As obras de Emilia apresentam os processos de aprendizado das crianças, colocando em questão os métodos tradicionais de ensino de vários países da América Latina, principalmente o Brasil. Nas últimas décadas, por meio do construtivismo, que defende o papel ativo do aluno no aprendizado, Emilia se tornou uma das maiores referências no ensino brasileiro. Desde os anos 1970, ela atua como professora universitária.
Stephen Hawking
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Um dos mais importantes cientistas do século 20, Stephen Hawking (1942-2018) criou o teorema da singularidade, um dos mais importantes da física moderna. Ele também conseguiu demonstrar, matematicamente, que os buracos negros emitem radiação térmica. Doutor em cosmologia, Hawking foi professor emérito da cátedra de matemática da Universidade de Cambridge, posto também ocupado por Isaac Newton. Mesmo acometido pela Esclerose Lateral Amiotrófica, ele continuou publicando e lecionando.
10 professores que mudaram o mundo publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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depredando · 7 years
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A DESCOLONIZAÇÃO DAS MENTES: Paulo Freire​ e Amílcar Cabral​: pedagogos da revolução! - Leia em A Casa de Vidro​: http://wp.me/pNVMz-3Q (por Eduardo Carli de Moraes​).
Paulo Freire, andarilho da utopia, denunciador das desumanizações e anunciador dos inéditos viáveis, foi um autêntico pedagogo da Revolução: a transformação radical da sociedade vigente é algo que deve-se sim ensinar nas escolas. Freire inspirava-se no exemplo da vida e obra de Amílcar Cabral (1924-1973), fundador e líder do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde), a primeira organização de libertação das colônias portuguesas, fundada em 1956.
Assassinado em janeiro de 1973, Amílcar Cabral era uma figura por quem Paulo Freire nutria grande admiração e respeito, apesar de algumas divergências que os opuseram, tanto que sonhou escrever uma biografia sobre Amílcar que se chamaria O Pedagogo da Revolução. Mesmo que este projeto de livro nunca tenha se concretizado, e ainda que ambos nunca tenham se encontrado pessoalmente, Paulo Freire e Amílcar Cabral acabaram com destinos bastante confluentes e trabalhos que somam forças, muitas vezes cantando em uníssono, como pode-se ver no seguinte testemunho freireano acerca de Amílcar Cabral:
“Eu me lembro agora de um depoimento que eu tive na Guiné-Bissau, na África, de uma militante do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde), uma espécie de Vice-Ministro da Educação. Em seu depoimento, ela me dizia que Amílcar Cabral – grande líder do movimento de libertação – costumava constantemente reunir os quadros de militantes e fazer com eles seminários de avaliação verdadeira sobre o que se vinha obtendo na luta de libertação. Numa dessas ocasiões, reunido com os militantes, após os diálogos de avaliação da luta de libertação, ele olhou para os camaradas e disse: Agora, permitam-me sonhar.
Encostou a cabeça, fechou os olhos e começou a falar com os olhos fechados, e gesticulando como um bom africano. Falou mais ou menos 40 minutos ou 1 hora, sem que ninguém lhe perguntasse nada, todos deixando-o sonhar… Ele começou a descrever o que seria a Guiné-Bissau liberada. Uma coisa maravilhosa. Eu acho isso uma coisa linda, não? Em certo momento, ele parou, riu, e era como se estivesse voltando do futuro. Isso é o que fazem os reais profetas.
(…) Os profetas são aqueles ou aquelas que se molham de tal forma nas águas da sua cultura e da sua história, da cultura e da história de seu povo e sobretudo dos dominados de seu povo, que conhecem o seu aqui e agora e, por isso, podem prever o amanhã que eles mais do que adivinham, realizam. Isso é o profeta e Amílcar Cabral era isso… Eu agora diria a nós, como educadores e educadoras: ai daqueles e daquelas, entre nós, que pararem com a sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de denunciar e de anunciar…” (PAULO FREIRE, Educação: Sonho Possível,  op cit, p. 101)
Em artigo devotado a "demonstrar convergências entre o legado do líder da independência dos dois países africanos e a obra do educador pernambucano", J.E. Romão destaca a "ideia de que nenhum povo, mesmo no período pós-colonial, consegue se livrar de seu colonizador enquanto não se liberta também de seus referenciais teóricos, de suas premissas, de seus fundamentos e de seus paradigmas, enfim, de sua 'Razão'. Ambos conseguiram enxergar a necessidade da libertação cognitiva, da superação da racionalidade imbricada pela colonialidade; em suma, ambos perceberam que não existe libertação sem a 'descolonização das mentes', como dizia Amílcar Cabral.
No VII Encontro Internacional do Fórum Paulo Freire - o primeiro realizado no continente africano -, ficou estabelecido, na Carta da Praia de Cabo Verde, que (...) os freirianos de todo o mundo esforçar-se-iam para estudar, pesquisar e disseminar o tema da Descolonização das Mentes, ou seja, da 'reafricanização', da 'americalatinização', da 'indianização' etc. dos espíritos e mentes... É uma tarefa hercúlea, considerando os mais de 500 anos de 'europeização' e dos quase 100 de 'ianquização' dos corações e das mentes. No entanto, como mudar é difícil, mas é sempre possível, o novo milênio começa carregado, prenhe de potencialidades transformadoras, no sentido da libertação dos povos até agora colonizados. " (ROMÃO, 2012, pg. 15)
Os encontros e confluências entre a pedagogia freireana e as lutas de libertação das colônias africanas tornam-se evidentes em livros como A África Ensinando a Gente e Cartas a Guiné-Bissau (Ed. Paz & Terra). Oferecendo uma explicação do contexto de emergências destas obras, Moacir Gadotti destaca que Paulo Freire, em seus anos de exílio durante a ditadura militar brasileira,
"assessorou vários países da África, recém-libertada da colonização européia, cooperando na implantação de seus sistemas de ensino pós-coloniais. A sua primeira visita à África foi no final de 1971, como membro do Departamento de Educação do Conselho Mundial de Igrejas, com sede em Genebra, onde ele morava exilado. Ele foi para Zâmbia e Tanzânia onde teve contato com vários grupos engajados em movimentos de libertação e colaborou na Campanha de Alfabetização da Tanzânia, onde conheceu o presidente Julius Nyerere (1922 - 1999), conhecido como 'professor'. Nyerere foi o primeiro tanzaniano a estudar numa universidade britânica. Fundou, em 1954, o partido Tanganyka African National Union (TANU), que levou o seu país à independência da Grã-Bretanha em 1962.
Esses e outros países , em processo de descolonização e reconstrução nacional, tinham por base de suas políticas o princípio da autodeterminação, uma filosofia política baseada no resgate da autoconfinaça (self-reliance) e na valorização da sua cultura e da sua história. Sobre uma dessas experiências, a de Guiné-Bissau, Paulo Freire escreveu uma das suas obras mais importantes: Cartas a Guiné-Bissau, de 1977." (GADOTTI, 2012, p. 56)
Paulo Freire, ao pisar na África, descobre naquele chão algo que lhe evoca reminiscências e raízes: sente-se em casa, como alguém que re-encontra seu passado ao invés de ir ao encontro do totalmente inédito, "como quem voltava e não como quem chegava":
"Na verdade, na medida em que, deixando o aeroporto de Dar es Salaam na Tanzânia, em direção ao câmpus da universidade, atravessava a cidade, ela ia se desdobrando ante mim como algo que eu revia e em que me reencontrava. Daquele momento em diante, as mais mínimas coisas - velhas conhecidas - começaram a falar a mim, de mim. A cor do céu, o verde-azul do mar, os coqueiros, as mangueiras, os cajueiros, o perfume de suas flores, o cheiro da terra, as bananas, o peixe ao leite de coco, os gafonhotos pulando na grama rasteira, o gingar do corpo das gentes andando nas ruas, seu sorriso disponível à vida, os tambores soando no fundo das noites, os corpos bailando e, ao fazê-lo, desenhando o mundo, a presença, entre as massas populares, da expressão de sua cultura que os colonizadores não conseguiram matar, por mais que se esforçassem para fazê-lo, tudo isso me tomou todo e me fez perceber que eu era mais africano do que pensava." (FREIRE, 1977, p. 14)
Pesquisadores e estudiosos da obra de Paulo Freire destacam que, no período em que este trabalhava no livro "Pedagogia do Oprimido", que seria lançado em 1968 durante seu exílio em Santiago do Chile, dois livros foram de suma importância para inspirar e complexificar a reflexão freireana: "Os Condenados da Terra", de Franz Fanon (RJ: Paz e Terra, 1968) e "Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador" (RJ: Paz e Terra, 1967), de Albert Memmi. Através destes estudos, debatendo com estes autores, Freire pôde evitar simplificações grosseiras sobre a oposição oprimidos vs opressores, evitando cair no maniqueísmo simplificador que os veria como anjos e demônios em uma batalha épica entre o bem e o mal.
Na realidade, aqueles que chamamos de oprimidos muitas vezes hospedam dentro de si os valores, as ideologias, os preconceitos que foram inculcados pelo opressor. Muitos oprimidos, aliás, passam pelo sistema de educação concebido e gerido pelos opressores, tendo seus cérebros e corações domesticados em escolas que mais parecem máquinas de condicionamento para a passividade, o conformismo e o fatalismo - merecendo muitas das críticas que Louis Althusser formula em "Aparelhos Ideológicos do Estado".
Ademais, aquele que é oprimido em uma situação social pode tornar-se opressor em outra: o mesmo homem que é humilhado como operário na fábrica ou é estigmatizado como inferior pela cor de sua pele pode, dentro de seu lar, ser o opressor machista de sua mulher e o opressor patriarcal de seus filhos. Uma excelente síntese disso é fornecida pela frase lapidar de Simone de Beauvoir: "o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos."
De maneira análoga, aquele que origina-se, por seu nascimento, de uma classe opressora, pode transformar-se de maneira tão radical a ponto de cometer o que Amílcar Cabral chamava de suicídio de classe, abandonando por exemplo uma posição burguesa-elitista para identificar-se e congregar-se com as vivências e as lutas libertárias das classes oprimidas política, econômica e culturalmente.
Neste contexto, podemos refletir sobre o papel do intelectual na sociedade – um dos grande temas tratados por Gramsci, por exemplo. O intelectual pode ser colonizado ou descolonizador – e esta última denominação é a mais pertinente para caracterizar a práxis de Paulo Freire e Amílcar Cabral. Vanilda Paiva, retomando a obra de Fanon (1968) e Memmi (1967) que tanto impactou Freire, comenta:
“O intelectual colonizado faz sua a cultura do opressor; o colonizador penetra no colonizado. Mas não penetra apenas entre seus aliados e prepostos, penetra também nas massas, na medida em que, destruindo as bases da sua cultura, atingindo suas tradições e seus modos de vida, propaga o mito da sua superioridade, buscando legitimar a dominação que exerce. Negando as qualidades da população local, o colonizador desumaniza o colonizado, mutila-o psicologicamente, fazendo-o aceitar como naturais as condições de exploração.” (PAIVA, 1979, p. 5-6, apud Gadotti, p. 93)
A revolução, ensinam Freire e Cabral, não tem dia para terminar, não pode dar-se nunca por concluída, não pode celebrar seu triunfo final jamais – é revolução permanente e que inclui necessariamente uma ação cultural e educacional de des-colonização incessante, que visa extrojetar do oprimido tudo aquilo que ele introjetou no período em que esteve sobre a influência nefasta do colonizador-opressor. Uma educação emancipatória terá que trabalhar incansavelmente para des-colonizar as mentes sem que isto nunca possa ser visto como separado dos processos políticos e econômicos de transformação radical das bases materiais da sociedade colonial, opressora e desumanizadora.
Será possível, porém, des-colonizar política e economicamente uma sociedade que encontra-se subjugada pela opressão e pela espoliação imperialista por meios integralmente pacíficos? Ou a luta de libertação dos oprimidos-colonizados envolve necessariamente a guerrilha (armada) como meio ou tática para atingir o fim da emancipação? O exemplo dos processos revolucionários em Cuba – desde José Martí, ainda no século XIX, durante as lutas pela independência em relação ao império espanhol, até o triunfo dos guerrilheiros da Sierra Maestra, em 1959, comandados por Fidel Castro e Che Guevara – sugere que a luta armada é necessária para confrontar o poder armado do opressor. Como Paulo Freire e Amílcar Cabral se colocavam em relação a isto?
Amílcar Cabral, de modo semelhante a José Martí, foi um poeta e intelectual que também pegou em armas e participou de lutas guerrilheiras, sugerindo com seu exemplo de vida que estes caminhos não se excluem, mas são conciliáveis: a pena e suas palavras, as armas e suas balas, seriam igualmente indispensáveis às lutas libertárias dos oprimidos. Seria muita ingenuidade dos oprimidos acreditar que bastaria pedir aos opressores, de maneira pacífica e ordeira, com doçura e “boa educação”, que cessavam de oprimir, espoliar, roubar riquezas naturais, escravizar trabalhadores e praticar eventuais massacres e genocídios.
A teoria pode até ser uma arma importante na luta, porém na prática as armas concretas parecem indispensáveis diante da confrontação de um poderio imperial e opressor que se sustenta pela força material de seus aparatos bélicos e de suas violências policiais institucionalizadas. A força opressora será derrubada por algum meio senão pela força conjugada dos oprimidos? E como esta força se faria, diante de um inimigo armado até os dentes, senão pela guerrilha armada dos oprimidos? Eis um dos grandes temas de autores como Franz Fanon – que teve um documentário a ele dedicado recentemente, Concerning Violence, com narração da rapper Lauryn Hill – e de Régis Débray (autor de Revolução na Revolução?, onde se exprime a famosa doutrina latino-americana dos focos guerrilheiros).
Em "Pedagogia da Tolerância", Paulo Freire diz que apreciava a “clareza política” de Amílcar Cabral quando este dizia: “a luta de libertação é uma luta política, com um momento armado, e não o contrário. Ele jamais disse: a luta de libertação é uma guerra com algumas pitadas de política.” (FREIRE, 2004, p. 113).
No fundo, tanto Paulo Freire quanto Amílcar Cabral enxergam a necessidade de nunca confundir a violência dos opressores e a violência dos oprimidos, de sempre distinguir entre o que poderíamos chamar de força brutal de subjugação e de manutenção do status quo violento, em contraste com a força organizada de libertação dos oprimidos, em processo de libertarem a si e também aos opressores, tendo como utopia uma sociedade livre de opressão e de todos os horrores da sociedade colonial – segregada, excludente, desumana. Sintetiza Freire nas "Cartas a Guiné-Bissau": “A violência dos opressores é exercida para preservar a violência, implícita da exploração, na dominação. A dos oprimidos, para suprimir a violência, através da transformação revolucionária da realidade que a possibilita.” (FREIRE, 1977, p. 37)
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