Do ‘Rock ‘n Roll Radio’ ao Streaming: Uma Viagem pela Evolução do Consumo de Música
Nestes tempos digitais em que a música está a um toque, me bateu uma reflexão sobre o momento magnífico em que nos encontramos. Para aqueles apaixonados por garimpar clássicos, descobrir lançamentos e novidades do rock, estamos vivendo uma era mágica. Dispomos de diversas plataformas de streaming de áudio e vídeo que nos proporcionam satisfação irrestrita e ilimitada no acesso a álbuns, shows, informação e tudo mais que precisamos para saciar nossa avidez por consumir o melhor som, em qualquer estilo: Clássico, Hard, Metal, Indie, Glam, Punk, Grunge, Progressivo, Pop e tantos outros, de inúmeras bandas e artistas do universo do bom e velho rock ‘n roll.
Contudo, nem sempre foi assim. O caminho percorrido pelos exploradores de música, desde o analógico até o digital, das ondas de rádio ao streaming, envolveu diversos rituais, comportamentos, equipamentos e tecnologias diferentes e compõem uma linha do tempo, muito curiosa de se observar.
Desde muito moleque, sempre fui aficionado por música. Inicialmente, pelos sambas que tocavam nas rádios do Rio de Janeiro e na imensa vitrola de madeira do meu avô Pedro, as canções populares que ecoavam nas AM e FM, além daqueles artistas ainda mais populares, que se apresentavam em playbacks nos programas do Chacrinha ou do Bolinha. Não sei dizer exatamente quando o rock me abduziu, mas sei que foi pelas beiradas: A lembrança mais antiga vem dos solos do Pepeu Gomes na música ‘Eu Também Quero Beijar’, depois o impacto do álbum Thriller do Michael Jackson. Mas foi a partir do rock nacional dos anos 80, do Ultraje a Rigor e da Plebe Rude, que as portas para o fantástico mundo do Black Sabbath, Led Zeppelin, Ramones, The Doors, The Smiths, The Cult e uma lista infindável de singles, álbuns e outras gravações que jamais imaginei alcançar, foram abertas. Uma verdadeira experiência sensorial e cultural invadiu minha vida e, de lá pra cá, contribuiu para a construção do indivíduo que me tornei.
Fitas cassete e as primeiras playlists
A minha jornada para um consumo mais consciente da música começou com o rock nacional. Considero-me privilegiado por, naquela época, poder sintonizar a saudosa “Maldita”, a Fluminense FM, na frequência 94.9 MHz, assim que chegava do colégio e durante os fins de semana inteiros. Vejo isso como o marco zero desta linha do tempo. Gravar fitas cassete de discos emprestados pelos amigos e de programas especiais da rádio era a maneira que eu tinha para expandir meu catálogo. Adorava criar trilhas sonoras em fitas cassete, decorava os encartes com meus próprios desenhos e até presenteava os amigos com elas. Era o que chamamos hoje de ‘playlists’, mas, por agora, não vamos misturar as bolas e vamos manter a sequência.
Ainda na era do cassete, surgiu a onda das locadoras de CDs, que se tornaram um verdadeiro paraíso para alguém como eu, com muita sede de música, mas pouca grana para comprar tudo o que gostaria. Gravar minhas faixas favoritas em fitas Basf, Sony ou TDK se mostrou uma excelente alternativa.
Em meados dos anos 90, o rock estava no mainstream, com o Guns N’ Roses dominando e o grunge de bandas como Nirvana e Soundgarden influenciando uma geração inteira. No entanto, foi nessa época que deixei o Rio para viver na maravilhosa cidade de João Pessoa. Apesar das suas belíssimas paisagens, do povo hospitaleiro, da paz, da segurança e de tudo o mais, não havia nada parecido com a Fluminense para sintonizar o dial. Que solução encontrei? Criei meu próprio programa de rádio! E por que não?
Com o programa ‘Na Trilha! Rock’, transmitido pela Transamérica FM e financiado com a ajuda de corajosos anunciantes, tive a oportunidade de receber CDs tanto de gravadoras quanto de lojas de discos locais. Para aqueles álbuns que eu não podia levar para casa, a maneira de ter acesso às novidades era pedir consultoria ao vendedor ou ao proprietário da loja, utilizar o fone sempre disponível e dedicar um bom tempo em pé, curtindo os lançamentos para me manter atualizado.
Navegando nas Ondas do Rock: A Chegada das Rádios Web
Poucos meses após ser lançado, o programa ‘Na Trilha’ foi pro saco por questões comerciais, e a minha festa dos CDs grátis se foi junto com ele. Contudo, a internet já era uma realidade na vida das pessoas, e com ela vieram as rádios WEB. Assim, comecei a acompanhar a programação das rádios rock do Brasil e ao redor do mundo para ter acesso a novidades.
O Impacto do MP3
Mas a grande virada foi, sem dúvida, o MP3. Esse padrão de compressão de arquivos de áudio permitiu que eu tivesse todos os álbuns de referência da minha vida. Criei pastas com o nome de cada banda e de cada artista, na intenção de, enfim, realizar o sonho de ter à minha disposição, pelo resto da minha vida, todas as coletâneas possíveis. O problema é que, para alcançar este objetivo, os caminhos eram obscuros. Tive que recorrer a canais como The Pirate Bay e uTorrent. Algo que, presumivelmente, não deveria agradar muito aos meus ídolos.
O Desbravamento da Música na Era do Streaming
Enfim, chegamos aos dias atuais e, nem preciso dizer, os megabytes de MP3 que outrora julguei que seriam enterrados comigo foram apagados pela revolução do streaming. Se eu já me deleitava com os meus HDs abarrotados por horas e horas de demorados downloads de música, hoje as possibilidades são infinitas: novas bandas, novos álbuns e os clássicos, todos em alta qualidade, podem ser instantaneamente acionados com um clique no Spotify, Deezer ou similares. Shows com performances ao vivo de fases diversas dos meus grupos favoritos estão disponíveis no YouTube, que também me dá acesso a entrevistas atuais e antigas desses artistas que tanto admiro. Sem esquecer dos documentários e filmes sobre as biografias e os bastidores dos grandes ícones que estão ao nosso alcance nos catálogos da Netflix, HBO, Prime Video, entre tantas outras plataformas.
Finalmente, aquele então adolescente, caçador de música, depois de vencer uma longa caminhada, vive a melhor época de todos os tempos para consumir o melhor som por meio da tecnologia de streaming. Porém, ainda tem muita estrada pela frente, vamos seguir e ver o que o futuro nos reserva. Hey Ho! Let’s Go.
Bonus Tracks
“If you think it’s easy doin’ one night stands
Try playin’ in a rock roll band
It’s a long way to the top if you wanna rock ’n’ roll”AC/DC
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Danny the Street - Brazilian playlist
1 - A Rua - Jão
2 - Se essa rua fosse minha - Leãozinho voador
3 - Masculino e feminino - Pepeu Gomes
4 - Passarinhos - Emicida
5 - Ruas de Outono - Ana Carolina
6 - AmarElo (Sample: Sujeito de sorte - Belchior) - Emicida (feat Majur, Pabllo Vittar)
7 - De toda cor - Renato Luciano
8 - Encostar na tua - Ana Carolina
9 - Viada - Monique Kessous
10 - Alegria, Alegria - Caetano Veloso
Songs about streets, finding a new home, LGBTQ+ identities, struggles of many types.
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O Senado Federal celebra, em 2024, os 200 anos de sua criação! 📜🎊 Para registrar essa data tão importante da história política do Brasil, preparamos uma campanha de utilidade pública. Vamos divulgar?
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🎧📻 *RÁDIO VITROLA* desta semana conta a história da primeira parceria entre Chico Buarque e Vinícius de Moraes O programa traz também Raul Seixas, Pepeu Gomes, Clara Nunes, Ivan Lins e muito mais. Tá imperdível!
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*Bom trabalho a todas e até amanhã.*👋🏽🍀
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A história da primeira parceria entre Chico Buarque e Vinícius de Moraes
O Rádio Vitrola desta semana conta detalhes da criação da canção ‘Gente Humilde', melodia de Garoto, com letra de Vinícius de Moraes e Chico Buarque. A música demorou muitos anos para ficar pronta e já foi regravada por cantores de diversos estilos. O programa traz também Raul Seixas, Pepeu Gomes, Clara Nunes, Ivan Lins e muito mais.
Músicas do Programa:
1) MENINA DOS CABELOS LONGOS (Agepê)
2) CONTO DE AREIA (Clara Nunes)
3) CARTOMANTE (Ivan Lins)
4) NÃO, NÃO DIGAS NADA (Secos e Molhados)
5) DEUSA DO AMOR (Pepeu Gomes)
6) O TREM DAS SETE (Raul Seixas)
7) GENTE HUMILDE (Renato Russo)
8) OPINIÃO (Maria Bethânia)
9) PEGUEI UM ITA NO NORTE (Dorival Caymmi)
10) A VOLTA DO BOÊMIO (Nélson Gonçalves)
11) CHEGA DE SAUDADE (Elizeth Cardoso)
12) MATRIZ OU FILIAL (Jamelão)
O programa Rádio Vitrola é uma produção da Rádio Senado de Brasília.
Programa Rádio Vitrola terça às 20 horas!
Ouça este programa na faixa das 20 horas na Rádio Sorte Music em nosso site Rádio Sorte Music - Estilo e Música pra Você! ou em nosso aplicativo Radio Sorte Music e boa música.
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Coletânea / 2023
Dramaturgia | Direção
O espetáculo reforça o poder da narrativa e das escolhas, ao colocar personagens que se apresentam como atores e discorrem abertamente sobre temas sensíveis e pessoais, expondo afetos, medos, desejos, dúvidas e convicções, em falas ora engraçadas, ora trágicas. A metalinguagem, a simplicidade documental, a valorização daquilo que nos faz profundamente humanos e o tom esperançoso marcam a influência da obra de Eduardo Coutinho no espetáculo.
Um Brasileirinho / 2023
Dramaturgia | Direção
Monólogo musical, estrelado pelo recifense Renan Renan. em comemoração aos vinte anos do lançamento do álbum “Brasileirinho”, da cantora Maria Bethânia. A dramaturgia é um ode à literatura brasileira, com trechos de autores como Mario de Andrade, Graça Graúna, João Cabral de Melo Neto e Itamar Vieira Junior. E, é claro, clássicos do nosso cancioneiro popular como São João Xangô Menino e Boiadeiro e hits como “Sexy Iemanjá”, de Pepeu Gomes, e a poética “Melodia Sentimental”, de Heitor Villa Lobos.
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