Tumgik
#prim95
huntingfallingstars · 4 years
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O Vermelho do seu Batom
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Preview I: 
“Foi em uma noite de sábado que ele a viu pela primeira vez.
Lá fora um céu carregado e as ruas vazias. 
Lá dentro a cabeça cheia e um copo meio vazio. 
A vislumbrou entrar e como a mais bela alucinação tomar um lugar no canto oposto do balcão, e observou como o contraste do batom vermelho sangue com sua pele aveludada era de uma elegância ímpar. 
Ela era bonita demais. 
Como uma pintura cara de um artista renomado, que destoava completamente do ambiente velho de mobília gasta. 
Era pura contraposição. 
Quando a avistou novamente no mesmo local e no mesmo horário da noite seguinte e notou seu próprio coração falhar uma batida, quis rir, pois seria eufemismo dizer que eram opostos. 
Mas assim que seus olhos se encontraram por debaixo das luzes amareladas tremeluzentes do bar, o homem percebeu que estava perdido. 
Pois como um asteroide atraído pela gravidade da Terra ele sabia que estava fadado a se chocar com ela. 
Havia dias em que seu batom era de um tom tão intenso quando ela própria. 
Como ele logo descobriria. 
Seus encontros e trocas de olhares rapidamente deixaram de ser acidentes esporádicos para se tornarem frequências intencionais. 
Yoongi sabia que não importava o dia, não importava o clima, às vinte e três horas ela estaria lá.” 
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huntingfallingstars · 4 years
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Yaaaaaaay!!! 
Nem era pra ser hoje mas acabou que foi hoje mesmo então... 🥰
Boa Leitura!  
                                                                                       ♡  I̶n̶t̶e̶n̶s̶a̶r̶m̶y̶l̶y̶  ♡
Rated R
Genre: drama, romance, comedy, mystery
POV’s: Lynn
Words: 3,274
|Prologue| |1| |2| 
CAPÍTULO 3 
Gemidos ecoavam pelo ambiente abafado até meu cotovelo por acidente se chocar de leve com a porta metálica, deixando meu braço um pouco dormente e me arrancando uma exclamação inoportuna. 
— Shh tenta fazer menos barulho — Jungkook murmura baixinho contra meus cabelos e corre com sua mão sobre meu corpo até alcançar a minha boca, mas intercepto seu braço antes que consiga me calar.
— Me ergue — sussurro me virando de frente para ele que logo arqueia uma sobrancelha em minha direção. 
— Tá... Vem cá... — Ele me levanta em seus braços e fica me encarando de um jeito engraçado enquanto tento não cair.
— Segura aqui... — Aponto com a cabeça e sua mão logo alcança o local onde antes estava a minha — Isso — lhe digo, e apenas com o olhar ele me questiona o que deve fazer a seguir. — Vai, enfia logo esse negócio aí — resmungo óbvia olhando para baixo e o moreno ri.
— Tsc, você não fica quieta. — diz ainda rindo, mas para rapidamente pois tapo sua boca com minha mão assim que ouvimos um ruído lá fora. Logo ele passa a tirar alguns dos fios suados da minha franja de meu rosto, me fitando aflito, sem nem piscar.
— Anda logo com isso Jeon! — sibilo assim que tudo parece ter ficado silencioso novamente. 
Uma gota de suor escorria pela minha testa vincada enquanto eu focava meu olhar em uma fraca luz que escapava por entre as frestas da porta de nosso esconderijo. Via a poeira bailar sobre nós como uma chuva de purpurinas, com uma preocupação a mais de sermos descobertos, pois Jungkook de minuto em minuto dava indícios de que queria espirrar. E prendia seus risos com muito custo, mirando minha cara apreensiva assim que a vontade passava e nada acontecia.  
— Mais rápido, mais rápido... — repito sem parar e mais um som estranho é ouvido.
Nesse momento a respiração de Jungkook parece acelerar e aperto minhas unhas em seus ombros, o agarrando pelo pescoço e o puxando para mais perto, o fazendo grunhir contido.
Um estrondo na porta de entrada do escritório logo se faz presente. Meu estômago se embrulha com o susto e tudo o que consigo ver são os olhos arregalados de um Jungkook estático em minha frente, que pareciam reluzir em meio ao breu.
— Lynn… — sussura sem desviar seu olhar do meu, mas não me deixo levar por sua inquietação, tentando me manter firme. 
— Jeon Jungkook não se atreva a sair daí que eu tô quase… 
— Mas que merda é essa? — Uma voz desconhecida berra descontrolada. 
— Eu posso explicar… — Outra voz soa mais baixa e diminuindo cada vez mais. 
Gritos e mais gritos então reverberam e se afastam ao mesmo tempo em que solto um suspiro de alívio. Jungkook continua parado meio atônito me observando, e sorrio descendo de seu colo com uma câmera em uma mão, e alguns fios enrolados na outra, lançando um olhar cúmplice em sua direção. 
— Vamos — digo abrindo a porta sorrateira, correndo meus olhos por todos os lados, e ele parece despertar um pouco, pois prontamente passa a me seguir. 
Nos esgueiramos silenciosos pelos corredores, com o melhor modo ninja que conseguimos reproduzir, até alcançar a saída de emergência. A temperatura gelada nos fazendo tremer assim que colocamos os pés para fora do prédio.
— Como você sabia que isso aconteceria? — Ele pergunta e ainda me parece tão desnorteado quanto um filhote longe da mãe. 
— Isso o quê? — questiono fechando o zíper de meu casaco. 
— Como assim isso o quê Lynn? — ele me olha estupefato — Que porra foi essa que acabou de acontecer ali dentro? 
— Ahh o Jake e sua festinha? — sorrio maléfica — Digamos que meu chefe tenha algum fetiche bizarro por mulheres casadas e que, sim, seja super normal a secretária dele denunciar isso pros maridos que aparecem pra tirar satisfação… — Sinalizo com a cabeça em direção ao outro lado da rua e sem demora passo a atravessá-la, sendo seguida de perto pelo moreno que mantém sua total atenção em mim —  Pelo menos é o que diziam os boatos. Que agora sabemos serem verdadeiros — lhe faço um sinal de positivo.  
— Ela deve gostar dele ou algo assim — murmura meio perdido.
— Você acha? — pergunto em uma curiosidade fútil, sem realmente me importar com as peculiaridades que envolviam o pseudo relacionamento entre o diabo ruivo que era Mina e o filho de uma boa mãe do meu chefe. Jungkook dá de ombros. — Bem, não importa, o que me interessa é que já tenho o que precisava.
— Por que você quer chantagear o seu chefe mesmo? — solta de repente, e noto como essa era uma pergunta que ele vinha segurando desde o início. 
Sinto minhas memórias voltarem em um rebobinar como as antigas fitas VHS com a pergunta, me mostrando cenas daquela manhã. Revejo o momento exato em que meu chefe carrasco enviou um áudio me parabenizando pelo esforço no projeto mas disse que provavelmente não o implementariam de fato na empresa, pois eu ainda era “carne nova” por ali e isso não passava credibilidade alguma, a menos que alguém — vulgo ele — me desse uma ajudinha. 
E quando eu neguei veemente, talvez pela milésima vez, tentando deixar claro de uma vez por todas que se eu fosse promovida deveria ser pelo meu próprio esforço. Fez questão de dizer que eu não deveria esperar por promoção alguma, que ser dedicada ao trabalho era minha obrigação. 
E o porco ainda riu em deboche de mim. Ele riu! Pois é claro, sei bem o tipo de dedicação que ele espera. O tipo de dedicação que envolve abrir minhas pernas pra ele. E isso está totalmente fora de questão. 
O ódio que vem com a lembrança me faz tremer como um pinscher. Esse maldito poderia muito bem ter deixado isso claro semanas atrás. Não ter iludido a mim e aos meus colegas de trabalho com uma falsa ideia de que seríamos recompensados por nosso esforço. Que eu nem teria perdido meu tempo e quase me arrebentado trabalhando em vão. 
— Pra ele aprender a não ser um babaca miserável com os funcionários pequeno Jeon — Ergo meu indicador para dar ênfase ao que digo, com a raiva transbordando venenosa por meus lábios, mas quando o olho e vejo o quão hilária é sua careta perante minha fala, suavizo de imediato, não conseguindo controlar uma crise de risos. 
— Pequeno? — O moreno resmunga indignado e me fita inexpressivo assim que percebe que não paro de rir. Ele aguarda pacientemente até eu secar as lágrimas que escorriam pelo canto dos meus olhos, respirar fundo e enfim me recompor. 
— Estou completamente disponível para refrescar sua memória — ele sorri de lado, logo retornando ao seu alter ego sou-um-gostosão-e-sei-disso, todo cheio de si. 
— Controle seu animal interior Jeon —  digo e ele ri sacana enquanto bato com meu ombro no seu, o empurrando.
— Sabe, quando me convidou pra sair não era bem isso que eu tinha imaginado… — Começa meio incerto enquanto seguimos caminhando lado a lado por ruas precariamente iluminadas pelas luzes amareladas dos postes. 
— Não diga — Reviro meus olhos com a lerdeza de Jungkook. 
É claro que não era bem nisso que estava pensando quando o chamei também. Apenas quando a ideia me ocorreu subitamente no meio do caminho, entre o apartamento e o parque, sua ajuda me pareceu vir bem a calhar. 
Eu estou lhe dando casa, comida, roupa lavada... 
É isso. 
Ele me deve isso. 
É o mínimo. 
Não é? 
Tento me convencer de que sim, é justo. 
— Nada contra voyeurismo nem nada, é só que… — Jungkook continua a dar voltas e mais voltas sem dizer logo o que realmente quer dizer. 
— Que? — lhe incentivo a completar sua linha de raciocínio. 
— Você é engraçada — comenta simplesmente.
— Tipo palhaça? — Pergunto meio aérea enquanto meus dedos se movem frenéticos sobre a tela de meu celular, contando para Hana sobre tudo o que acabamos de filmar. 
— Não... Tipo estranha? — O olho séria e ele passa a balançar suas mãos em negação rindo —  É, mas um estranho bom, sabe? — Quase que imediatamente completa.
— Hum, sei... — resmungo.
— E agora? — O moreno pergunta e não disfarço minha confusão. 
— E agora o quê? — questiono e ele me olha como se eu fosse uma fórmula matemática muito complexa. 
— Pra onde vamos? — Ele fala lentamente, como se conversasse com uma criança — Não sei você mas essa sua brincadeira de espião me encheu de fome… — Sinto a indireta mais que direta no ar. 
— Bem, já resolvemos um item importante da minha lista de pendências e — checo a tela de meu celular — ainda são nove e meia, então... Acho que agora podemos partir pro nosso encontro de verdade — pisco para ele que sorri. 
Sem primeiras, segundas ou terceiras intenções. 
Apenas um sorriso. 
Um sorriso lindo.
E penso que nunca antes me senti tão satisfeita por simplesmente ver alguém sorrir. 
 ...
 Quando Hana finalmente deu as caras no nosso apartamento novamente, no dia seguinte, ela esboçou duas de suas muitas facetas de maneira realmente relevante. 
A primeira delas foi a da melhor amiga super animada. 
— Olá Lynn e hey-namoradinho-gostoso-da-Lynn-que-eu-ainda-não-conheço-direito, tira os pés da mesa! 
— Ele não é meu namoradinho — sussurro entre dentes e ela abana a mão no ar sem dar a mínima. 
— Uma pena, tá, caso de uma noite — ri debochada e continua — ou duas — me olha maliciosa —  tanto faz, só lembra que ele tem que sair daqui antes que a intrometida descubra que tem homem na área e venha expulsá-lo…  Isso se já não souber, do jeito que ela é já deve saber que cueca está usando, onde fez o primário e até quantos fios de cabelo tem na cabeça e AI MEU DEUS LEMBRA DO QUE ELA FEZ COM AQUELE CARA RUIVO QUE A JILL DO QUARTO ANDAR TROUXE NO MÊS PASSADO?! — grita e gargalha como nunca, levando alguns minutos para se acalmar e voltar a falar enquanto lhe encaro com impaciência — Lynn, você precisa mesmo tirar ele daqui o mais rápido possível e-   
— Espera Hana, me escuta, eu tô com um problemão aqui — tento chamar sua atenção antes que ela continue a falar sem parar mas não obtenho sucesso. 
— Amiga, não sei se você percebeu, mas tá praticamente escrito em caps look  "moreno, alto, bonito e sensual, talvez eu seja a solução dos seus problemas" na testa do homem no teu sofá e não na minha — Hana cantarola enquanto enumera as qualidades em seus dedos finos repletos de anéis sem se importar se o tal “moreno, alto, bonito e sensual” estava bem ali, a apenas uns cinco passos de nós, ouvindo tudo. 
— Por favor só cala a boca e me escuta — peço chorosa. 
A explosão cor-de-rosa que era minha amiga logo se vira rindo como se estivesse assistindo a um show de stand-up. 
Assim que consigo fazê-la focar em mim e ouvir minha explicação do real motivo para ele estar ali àquela hora da manhã entretanto, só faltou jogar a Jungkook e a mim com sofá e tudo, pela sacada do prédio. 
Ali estava a segunda faceta. 
A da melhor amiga brava-pra-caralho-prestes-a-ter-um-colapso-nervoso. 
Não sossegou enquanto não lhe contei toda a situação — a qual ela custou muito em acreditar, inclusive. 
E nem depois disso também. 
Não estou exagerando, ela queria mesmo me matar. 
Tipo, mesmo. 
— Ele não tem pra onde ir... — eu repetia pela enésima vez.  
— E a gente tem algo a ver com isso por qual motivo mesmo? 
— Não podemos colocar ele na rua! — digo e noto como nossa discussão era um disco arranhado fazia quase uma hora. 
— Ele não pode ficar aqui Lynn… — ela recomeça com o sermão. 
— Eu sei… — minha vontade é de chorar por nem saber o porquê de eu mesma estar insistindo tanto para que ela aceite que Jungkook fique em nossa casa.  
— E então? — Hana tem seus braços cruzados em frente ao peito, batendo o pé direito e segurando uma expressão séria, como uma mãe raivosa com a filha desobediente. 
— Não posso fazer isso. Tô me sentindo esquisita, sei lá, me sinto meio que, responsável por ele, entende? — digo finalmente, deixando escapar um pequeno fragmento do titã que era o caos que formava tudo o que estava sentindo no momento. 
— Não! Não entendo! Não é como se você fosse a causa dos problemas dele ou tivesse pedido pra ele ficar sem ninguém no mundo além de você! — Tenho seu dedo apontando pra minha cara como da vez em que me acusou de roubar e vender toda a sua coleção de action figures. 
Coisa do Taehyung, jamais entenderemos, não me perguntem mais nada sobre isso...  
Automaticamente um pensamento bizarro passa por minha cabeça, me levando em um piscar de olhos ao exato momento em que fiz um pedido para um tal gênio. Eu me via de fora, como se assistisse a cena de um filme enfadonho, sozinha em meio a um aglomerado de corpos dançantes. Bêbada e risonha no balcão de um bar fuçando no celular. Mas logo trato de afastar isso de minha mente com uma sessão de sacudidas frenéticas de um lado ao outro. 
— Talvez tenha pedido… — resmungo sem ao menos me dar conta de que viajo em voz alta, mas os ouvidos aguçados de Hana me ouvem e muito bem. 
— Pediu o quê criatura? — sua sobrancelha se arqueia tanto que imagino que poderia voar de seu rosto como um bumerangue a qualquer momento. 
— Aparentemente acho que pedi um cara — quase fora de mim, sorrio cínica, apontando teatralmente com as duas mãos para o garoto no meu sofá como se estivesse em uma propaganda de sabão em pó — e antes mesmo de concluir a frase em voz alta percebo que estou perdendo completamente a noção. 
— O quê? — O sol bate em Hana e ilumina todo o ambiente, me deixando desnorteada. Mas não tanto quanto ela mesma parecia estar. Seu macacão azul claro e cabelos rosados, são como aglomerados de algodões doces repletos da mais pura confusão. 
— Nada, esquece… — suspiro e fico lhe encarando esperando que a situação toda se resolva sozinha. Em um passe de mágica, de preferência, para me poupar da fadiga. 
Decido nem compartilhar minhas teorias e esquisitices com Hana, pois além de tudo isso que já estamos passando, ainda tenho uma enorme certeza de que ela nunca pararia de me encher com um belo de um arsenal de zombarias sobre esse assunto. 
— Você bateu com a cabeça Lynn? — ela suspira e me olha estranho. 
— Hana eu não podia simplesmente deixá-lo na rua — esfrego minha mão sobre a testa me sentindo zonza. 
— Sabe o inferno que a Cho vai fazer assim que der de cara com o seu amiguinho ali né? 
— Ela não precisa vê-lo, ele prometeu nem respirar... — insisti. 
— Aham — ela aponta com a cabeça sorrindo em deboche e seguindo seu olhar vejo Jungkook gargalhando no sofá de algo que passava na TV. 
Pego uma almofada da poltrona de Trist, a arremessando sobre sua cabeça. Assim que o moreno é atingido me olha confuso, e lhe faço um sinal de silêncio que ele prontamente obedece, com um sorriso sem graça e a maior cara de culpado do mundo. 
— Hana por favor, vão ser só por alguns dias, a gente consegue — lhe lanço meu olhar mais pidão e ela logo bufa contrariada.  
— Tá… — Ela segue em direção à cozinha me olhando torto e entendo que devo segui-la, me aproximando bem quando ela passa a cochichar — Mas que fique claro que não concordo com nada disso. E essa história dele de repente estar na rua? Isso não faz o menor sentido. E outra, ele não tem amigos? Ninguém mesmo pra ajudar numa hora dessas? Tem mesmo que ser você? O que você sabe afinal sobre ele Lynn? Não sei se acredito nisso de… Você chegou a confirmar se o que ele falou é verdade? 
— Merda Hana, e você acha mesmo que eu já não tentei isso? — reclamo indignada — Fui lá no endereço dele hoje cedo e conversei com algumas pessoas, todas elas falavam sobre o maluco que tentou arrombar o apartamento de uma tal de Lola. 
— Mas… Sei lá… — Ela começa a andar em círculos no meio da cozinha, arriscando uma espiada ou outra em nosso hóspede. — Isso tá muito esquisito, que história mais mal contada, ele pode muito bem ser um assassino — Arregala os olhos claros — Lynn, acho que não fui com a cara dele.
— Ontem você parecia ter ido com a cara dele sim! — Aponto meu dedo indicador em sua direção acusadoramente — Tipo, totalmente! 
— Ontem você só estava finalmente se dando a oportunidade de sair com um cara gostoso Lynn, e hoje você tá me dizendo que ele na verdade vai morar aqui por tempo indeterminado — ela joga suas mãos pro alto e tenho que desviar para não ser golpeada.  
— Vou resolver isso tá bom? — junto as mão em frente ao rosto como que implorando. 
— Tá… — Hana se rende claramente contrariada. 
— Amo você? — pergunto tentando abraçá-la. 
— Sai pra lá! — diz e me empurra enquanto ri — Taehyung jamais concordaria com isso, ele vai te esganar quando descobrir. E provavelmente vai me esganar por te ajudar também. 
— Tsc, por falar nisso, cadê o Taehyung, hein? — pergunto e sou atingida por uma sensação estranha.  
— Menina, não falo com ele desde sexta — Ela revira o conteúdo da geladeira e me olha intrigada. — E, agora que você tocou no assunto, isso é bem estranho, não é? 
Concordo com a cabeça, mas por dentro eu só conseguia pensar que de todas as coisas estranhas que tem acontecido, essa é só mais uma para entrar na lista. 
...
Estava sentada no balcão da cozinha. Enquanto Hana testava mais uma de suas receitas estranhas, passei um bom tempo encarando Jungkook que fazia carinho em Trist. Esse gato traíra mal deixava que eu fizesse carinho nele! E agora lá estava todo entregue aos carinhos de um estranho! A visão estava me indignando tanto que estava prestes a reclamar com Hana e quem sabe tomar uma atitude a respeito, mas me interrompo quando percebo que, minha amiga não só está calada, como exibe uma expressão preocupada no rosto ao mesmo tempo em que seus dedos não param um só segundo de se mover pela tela de seu celular. 
E as palavras Hana, calada e preocupada em uma só sentença, acendem um sinal de alerta imenso em minha cabeça.  
— Tá, você tá me assustando — murmuro quando ela finalmente me olha após sem razão aparente, correr para a direção dos quartos e voltar ziguezagueando pelos cômodos, até alcançar novamente a cozinha e checar nossas polaroids da porta da geladeira soltando um suspiro perturbado. 
— Acredite, ninguém aqui tá mais assustada do que eu — fala e percebo que seja lá o que for não é brincadeira, apenas pela palidez em seu rosto e a tremedeira de seus lábios. 
— Como assim? — não consigo evitar de perguntar. 
— Taehyung sumiu. 
________________________________________________________________
Beijo, beijo e, até a próxima? 😘
Avisos:
Esta é uma obra ficcional por mim criada, os acontecimentos aqui dramatizados e a personalidade dos indivíduos por trás dos nomes por ventura citados no decorrer da trama e que dão vida aos personagens não possuem vínculo algum com a realidade.
PLÁGIO É CRIME de acordo com o Art. 184 – Código Penal, acerca da Violação aos Direitos Autorais: Violar direitos de autor e os que lhe são conexos implica a: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
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huntingfallingstars · 4 years
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Yaaaaaaay!! 
E vamos de segundo capítulo? 🥰 
Boa Leitura!  
                                                                                        ♡  I̶n̶t̶e̶n̶s̶a̶r̶m̶y̶l̶y̶  ♡
Rated R
Genre: drama, romance, comedy, mystery
POV’s: Lynn
Words: 4,523
|Prologue| |1| 
CAPÍTULO 2 
Passo a ouvir ao longe e se aproximando rapidamente o som estridente de um despertador. Meu corpo então reage em um solavanco perturbado e meu pulmão se enche de ar de uma só vez, quase me fazendo afogar com o susto. Meus olhos se arregalam, mas logo em seguida os fecho com força pelo incômodo sentido com a claridade do ambiente. 
Descolo minhas pálpebras levemente desta vez, e assim que consigo me situar, percebo que estou em meu quarto, sentada em minha cama. Levo descoordenadamente minhas mãos em frente ao rosto e vejo que elas estão normais, sem nem um arranhão sequer. Passo as mesmas pela face e esta também me parece intacta, apesar de banhada em suor. 
Tateio a mesinha de cabeceira desligando o irritante ruído sem nem precisar olhar para o que faço. Suspiro longamente e me permito repousar as costas sobre o grande travesseiro, deitando novamente.
Tudo bem, foi só um sonho.
Um sonho estupidamente realista e agoniante?
Sim. 
Mas ainda assim um sonho.
A réstia de sol que entra pela janela começa a me irritar de verdade e logo percebo que não conseguirei voltar a dormir. Ergo o tronco tentando ver as horas, recebendo logo um combo do mal em forma de pontada no lado direito da cabeça e um embrulho no estômago, seguido de uma tontura que me faz apoiar o corpo na cabeceira.
Resmungo contrariada.
Maldito álcool.
Devia ter ouvido meu avô, penso rolando os olhos em desagrado. Quase consigo ver sua imagem parada próxima a janela, a me olhar, apontar e zombar, gargalhando da minha cara cozida.
Levo uma mão ao local onde a dor ainda lateja e o pressiono um pouco com as pontas dos dedos, na tentativa de diminuir, ou me distrair da sensação sofrida de que meu cérebro dança solto dentro do crânio. O que pra minha eu mal acordada em meio a uma ressaca infernal, faz todo o sentido do mundo.
O lençol escorrega pelo meu corpo com toda a minha movimentação e franzo o cenho em confusão ao notar, só agora,  que estou completamente nua.
Tento me levantar, falhando miseravelmente na missão ao que sinto longos dedos deslizarem pela minha cintura descoberta.
Em questão de milésimos de segundo foi como se todo o meu sangue fosse drenado de meu corpo de uma só vez, e não precisei de um espelho para saber que estava mortalmente pálida. Toda minha coluna espinhal foi congelada da base à nuca em um frio repentino e ártico, enquanto meus olhos quase explodiram pra fora de minha cabeça conforme via um braço circundar, agarrar e puxar meu corpo de encontro ao seu.
Que não deveria estar ali.
A sopa de letrinhas que constitui meus pensamentos logo se desembaralha formando os adjetivos grande, quente, firme e gostoso.
Mas que não deveria estar ali, constato novamente chacoalhando a cabeça, tentando inutilmente me concentrar.
E o tal braço, masculino, coberto por tatuagens, com músculos definidos e veias proeminentes, segue me mantendo presa em um abraço possessivo no ínterim em que sua outra mão viaja sobre meu corpo até alcançar meu seio direito, o apertando levemente quando o faz.
Um longo suspiro morno alcança e arrepia minha nunca, e me sinto perdida. Dividida entre o pavor e as sensações que os toques sobre minha pele me causam.
Imagino que se observasse a situação toda de fora, diria que tudo aconteceu em um jogo de alguns poucos segundos. Dentro da minha cabeça, porém, pareceram horas. Mil bhaskaras, planos cartesianos e cálculos proposicionais eram formados em um imenso quadro negro. Tudo em busca de uma explicação lógica, um pequeno fragmento de memória que se perdeu e que com certeza explicaria qual parte da história eu perdi para chegar até aqui. E só de focar em um X no tal quadro imaginário, um maldito X! Tenho vontade de bater com a cabeça na parede pelas lembranças que tal letra me provocam.
Pondero apenas me aconchegar no abraço do estranho e tentar voltar a dormir na esperança de que quando acordasse novamente ele não estivesse mais ali, mas o pensamento é tão bizarro e sem sentido que quando reflito por mais de um segundo sobre ele, não me entendo e prontamente me repreendo. É um absurdo. O abraço era quentinho e não me assustava tanto quanto deveria, quanto toda essa situação deveria, porque inferno, não lembro nem como cheguei em casa ontem, tem um cara nu na minha cama e não sei como ele foi parar ali. Por mais confortável que estivesse, ainda assim era a droga de um desconhecido e ainda não sei o que fazer com essa informação.
Nem com essa e nem com a próxima que vem assim que procuro com os olhos pela face do dono da fonte de calor que sinto se alastrar pelo meu corpo em um incêndio descomunal. A visão me fazendo travar de imediato.  
Que eu me lembre, muito vagamente inclusive — se é que posso confiar em qualquer coisa que venha de minhas recordações embriagadas — não era com o gostoso do elevador que minha noite parecia terminar. Mas é como se meu cérebro desse pane e piscasse em error 404 ao não encontrar a página que procurava, pois novamente, não sei. Simplesmente não sei. Não sei como acabamos nus na minha cama.
E porra, como eu queria saber.
Pouco a pouco me torno completamente consciente do contato pele a pele e estremeço.
Agora a noite anterior, toda esquisita e cheia de lembranças incompletas, me preocupa. Principalmente as partes que pareciam não passar de um sonho, que iam e vinham em flashes atordoantes. Mas o homem ocupando o espaço ao meu lado era suficientemente palpável pra me fazer crer que algo dela — grande parte dela — foi sim real.
Bem real.   
Mas não é como se eu conseguisse raciocinar ou lidar com qualquer coisa enquanto não resolvesse o problema de número um do dia, que é essa dor chata na minha cabeça. Nessas condições sou limitada a um por cento das minhas capacidades físicas e psicológicas.
Me desvencilho com certa dificuldade do moreno, enfim levantando, tropeçando em nossas roupas espalhadas pelo chão do quarto, me enfiando em uma camiseta qualquer, comprida o suficiente pra me cobrir até a metade das coxas e parto rumo à cozinha, a procura de água. E talvez algum medicamento para aplacar um pouco que seja os efeitos que a ressaca estão causando em meu corpo. Pedindo aos céus para que Hana possua algo do tipo escondido em alguma de suas prateleiras dos milagres. Ela sempre tem de tudo um pouco por ali. 
Paro em frente ao grande espelho do corredor e o fito com curiosidade. Além da cara de acabada, a maquiagem toda borrada e o cabelo bagunçado, estou estupidamente normal. Sem vestígios de acidente algum em toda extensão de meu corpo, e tento me convencer por mais uma vez que aquela porcaria de cena que me fez acordar no desespero, não passou de um pesadelo real demais. 
Dou de ombros voltando a caminhar e assim que chego à cristaleira passo a revirá-la logo encontrando alguns comprimidos para dor e os coloco na boca. Encho um copo de água fresca e enquanto bebo do líquido cristalino quase me engasgo quando um pensamento passa por minha mente.
Cho vai me matar.
Ela já espera há um bom tempo por isso, e parece que agora finalmente terá o motivo perfeito para botar em prática seus planos de me exterminar da face da terra.
A senhora Cho era a proprietária do prédio onde morávamos. E nossa vizinha de porta. E a síndica do prédio. Empata foda nas horas vagas e o que mais ela quisesse.
A bendita já achava que meus companheiros de todas as horas, Hana e Taehyung, eram o cúmulo da promiscuidade e aqui estou eu lhe dando mais um motivo para me odiar — cof cof — como se ela precisasse de qualquer ajuda pra isso.
Lembro-me como se fosse hoje da infame da grande lista de “normas de convivência” que ela nos entregou junto com as chaves do apartamento. Lembro também da minha vontade quase que incontrolável de dormir quando cheguei na terceira linha. 
Tenho certeza de ter avistado inclusive um item que dava a entender que — segundo ela — Hana e eu, sendo duas moças solteiras, deveríamos nos dar ao respeito, ou seja, o ato de trazer homens para o nosso próprio apartamento era inaceitável. 
Hana vivia batendo boca com ela por causa disso. A velha encrencava até com Taehyung, e apesar de nunca ter discutido comigo, seus olhares cheios de desaprovação cada vez que nossos caminhos se cruzavam, já deixavam bem clara toda a sua insatisfação. 
Volto para o quarto em passos arrastados e paro ao centro deste, passando intermináveis minutos estudando a face perfeita e serena de meu hóspede embolado em meio aos meus lençóis sem chegar à conclusão alguma.
E então o moreno começa a se virar de um lado ao outro, despertando aos poucos e fazendo meus joelhos virarem gelatina por repentinamente me dar conta de que não tenho a mínima ideia do que fazer agora.
De todos os pensamentos conturbados que me ocorreram desde que abri os olhos esta manhã, o que eu faria quando o gostoso do elevador enfim acordasse não foi um deles. 
Até porque, bem, ao contrário de Hana, Taehyung e Jimin, sexo casual nunca foi do meu feitio. 
E pior, sexo casual embriagado do qual eu não me lembro ainda menos. 
Quando o homem à minha frente enfim abre seus olhos, leva alguns segundos estudando o perímetro até me encontrar ali parada como uma estátua no meio do cômodo e, rapidamente a incredulidade estampa seu rosto. Ele chacoalha a cabeça, corre o olhar freneticamente de canto a canto do quarto e me encara novamente, me analisando de cima à baixo. Fecha os olhos e ri levemente consigo mesmo. O semblante de confusão que cobre sua face sonolenta nunca o deixando por completo.
Ele se levanta e se espreguiça, sem se preocupar com sua nudez.  
E nada além de uma única constatação paira por minha mente; o desgraçado era um deus. 
Tento não encarar tão despudoradamente sua ereção matinal, mas o riso nasalado que ele não pôde segurar, me mostra que consegui passar tão despercebida quanto um elefante amarelo fluorescente com bolinhas cor-de-rosa.
Reviro meus olhos e acabo fixando o olhar perdido no balançar do véu de minha cortina com a fraca brisa da manhã que adentra pela janela aberta, como se fosse a coisa mais interessante por ali. Por um minuto penso que quem sabe isso poderia me distrair até que o bonito se vestisse. Mas essa ideia me é tirada bruscamente quando sinto seu calor se aproximar de mim.  
O olho reparando que continua nu. Arqueio a sobrancelha lhe questionando sem palavras o que pretende quando o espaço entre nós se torna tão insignificante que dividimos o mesmo ar. Suas obsidianas negras estudam meu rosto e eu contemplo o seu, checando cada sinal, cada pintinha, cada manchinha, seguindo matreira pela cicatriz no alto da bochecha e parando em sua boca rosada, sendo flechada por seu arco do cupido fodidamente bem desenhando. E assim que ergo meu olhar para encontrar com o seu, noto que está a focar em meus lábios e sei que vai me beijar.
Sem cerimônias, ele vem e apalpa minha bunda em uma liberdade que me forço a lembrar de já ter lhe conferido.
E nada.
Não há tal lembrança.
E logo o estalar de minha mão na sua irrompe no ar.
E ele ri.
Se por hábito, por me achar louca ou por ser um grandessíssimo tapado, sinto que jamais saberemos.
Penso então que todas as alternativas anteriores também é uma opção.
Lhe ofereço minha expressão mais mortal, mas tudo o que consigo é o fazer rir ainda mais.
Tenho vontade de perguntar o que é tão engraçado, mesmo tendo a maior certeza interna do mundo de que a grande piada sou eu, porém o tilintar de um molho de chaves na porta da sala me desperta e logo passo a empurrar o homem nu em direção ao banheiro, o trancando lá dentro.
Ele não protesta e logo ouço o som do chuveiro ligado e sua voz a cantarolar.
E fico pasma ao perceber que, como se já não tivesse o bastante, o filho da mãe ainda era dono de uma linda voz.
Hana adentra o apartamento feito um furacão, posso deduzir apenas pelo estardalhaço que faz, e decido ir recebe-la antes que ela resolva vir me procurar e termine dando de cara com o nudista que tenho aqui dentro.
Ela tinha falado a semana toda a respeito da visita que teria de fazer hoje à sua tia Hye Jin, para resolver algo sobre a herança de sua avó. Que ela insistia em chamar de “as relíquias da morte”, mesmo que em nada tivessem a ver com os objetos de Harry Potter.
Me pego perplexa com o modo como Hana consegue cair na noitada e ainda assim ser capaz de acordar cedinho no dia seguinte, seguindo sua vida normalmente, como se nada tivesse acontecido. É uma habilidade incrível que, eu obviamente nunca tive.
Cheguei até a sala rezando pra não estar com aquela minha cara de quem aprontou.
— Hana! — seu nome me escapa pela boca antes que possa me conter, tamanho o nervosismo — Já tomou café da manhã? 
Ela larga sua bolsa sobre o sofá e logo vira o corpo até ficar de frente pra mim, arqueando sua sobrancelha perfeitamente delineada em minha direção.
— Tá... O que foi que você fez dessa vez? — ela pergunta receosa e tento segurar o grunhido frustrado que teima em sair de minha garganta.
— Mas eu só perguntei se você já-
Um barulho estrondoso ecoa na direção dos quartos e faz com que automaticamente procuremos por Trist e Penny com os olhos, mas não demoramos muito a encontrá-los dormindo próximos um ao outro no canto da sala, em uma paz e harmonia completamente incomuns.
Hana logo me encara com um sorriso debochado nos lábios.
— E então Lynn, não vai ver o que é? — ela me desafia e solto o ar pela boca de uma só vez revirando os olhos.
— Tá, tudo bem, talvez tenha um cara aqui — resmungo. 
— Talvez? — insiste. 
— Tá, tem um cara aqui, sim — cedo rolando os olhos por qualquer canto, evitando seu rosto. 
— E…? 
— E o que? 
— Pelo amor de Deus Lynn! Quero saber de tudo! Como ele é? Onde vive? De que se alimenta? 
— Bem, ele- 
— Ele é um gostosão não é? — me fita gargalhando logo em seguida — Droga é claro que é, olha só pra você! 
— Hana, será que dá pra você falar mais baixo por favor?! — praticamente imploro.
— Lynn, Lynn, Lynn… — ri — pra você ter desaparecido daquele jeito ontem e ter trazido um cara pra cá mesmo sabendo das possíveis consequências, ele deve ser realmente especial,  fala aí, eu o conheço? 
Não tive tempo nem de pensar em responder pois logo os olhos claros de Hana brilham em malícia e divertimento ao encontrar algo bem atrás de mim. 
— Hum, olá…? — ela fala se delongando um pouco demais no cumprimento,  esperando por algo além de uma simples resposta educada. Ela queria o nome dele. O nome! É claro! Puta merda, percebo só agora que nem eu sei o nome dele ainda. 
— Jungkook — sua voz rouca pronuncia arrastado, gelando minha barriga. E só consigo pensar que, pelo amor de Deus, por mais quanto tempo eu pretendia chamá-lo de “o gostoso do elevador”? — Jeon Jungkook — reitera.  
— E eu sou a Hana — minha amiga estreita seus olhos em sua direção, continuando — Jang Hana — diz aparentemente forçando uma imitação estranha de James Bond — É um prazer conhecê-lo Jungkook — ele sorri e acena com a cabeça em resposta, nos fitando com curiosidade — Principalmente pelo grau de intimidade que parece ter com a minha amiga aqui — ela completa, passando seu braço esquerdo sobre meus ombros sem se preocupar em ser discreta. 
— Hana! — solto em um grunhido incomodado. 
— Hum… — pigarreia — acho que já vou indo — Jungkook diz me fitando com intensidade. 
— Que é isso, se for por minha causa não se preocupe lindinho, que caio fora antes que possa notar... — ela pisca em sua direção — Fique pro café da manhã, tenho certeza que a Lynn vai adorar companhia, não é Lynn? 
— Espera — o rosto de Jungkook é pura confusão — Lynn? — pergunta tombando sua cabeça levemente para o lado, me encarando com dúvida.  
— É... É o nome dela — a criatura rosada à minha direita ri — O que foi? Você não sabia? — Hana me encara chocada — Lynn você por acaso deu um nome falso pro garoto? — meus olhos cansados focam nos seus e dou de ombros. 
Queria dizer que na verdade acredito que não dei nome algum, mas preferi guardar isso pra mim. 
Jungkook tem o cenho franzido e se remexe desconfortável, trocando o sustento do peso do corpo de um pé ao outro. 
— Então… — começo meio incerta — Vai ficar pro café?  
— Eu agradeço mas realmente preciso ir — ele diz calmamente mas parece sufocar de vontade de sair dali. Talvez Hana tenha o deixado constrangido, ela é fera nisso. 
— Vem, te acompanho até a saída — me vejo falando e ele sem demora assente. 
Paramos na soleira da porta sem saber muito bem como agir. Afinal como deveríamos nos despedir? Eu não fazia ideia. 
Sua mão gelada alcança meu rosto hesitante e seus dedos percorrem a pele arrepiada seguindo em direção à minha nuca e ele para encarando meus lábios pela segunda vez naquela manhã, até seus olhos negros se chocarem meio incertos com os meus. 
— Isso é tão estranho — sorri fraco e diz correndo os olhos por todo o meu rosto.  
— O que é estranho? 
Ele nega com a cabeça ainda sorrindo, sela os lábios em minha testa se despedindo e parte andando de costas até adentrar o elevador, desaparecendo de minha visão quando este se fecha. 
✩✩✩
O resto do dia passou lento como um carma. 
Desde que Hana recebeu uma ligação e saiu correndo como se sua vida dependesse disso que eu estava só. Quer dizer, quase isso, já que no apartamento estavam eu e minhas lamentações, que não eram poucas. 
Não querendo nem lembrar do meu projeto para não começar a chorar, minha mente se via livre para pensar sobre todo o tipo de baboseira. 
Já eram prá lá das vinte e três horas e eu continuava me sentindo imprestável em meu sofá, trajando um pijama curtíssimo todo estampado com moranguinhos e lacinhos, escutando uma daquelas playlists meio “arroz, feijão e sorvete”, onde tem de tudo um pouco misturado. Estava embrulhada em uma manta de microfibra vermelha, tentando inutilmente reconstruir o quebra-cabeças desfalcado que era a minha memória. 
Definitivamente devia ter ouvido meu avô. 
Eu me culpei o dia todo por ter bebido tanto e dormido com um estranho. 
Mesmo que este fosse — como não consigo parar de lembrar — um absurdamente lindo estranho. 
Eu me culpei no banho, enquanto ensaboava os cabelos. Me culpei no corredor enquanto fitava a lâmpada amarelada piscar loucamente até se apagar de vez. Me culpei no balcão da cozinha enquanto preguiçosa beliscava uma coisa ou outra pra enganar a fome e, ainda me culpo agora enquanto encaro a televisão desligada. 
Jungkook. 
Tinha algumas questões que o envolviam que não paravam de me atazanar, como por exemplo: 
Eu o veria novamente? 
Gostaria de reencontra-lo? 
E por que isso importava? 
Logo passo a bagunçar os cabelos da nuca completamente frustrada pela conclusão óbvia que tenho. Essa droga dessa coisa de sexo sem compromisso não é mesmo pra mim. 
Não mesmo. 
A campainha toca e reluto em levantar para atender a porta. 
Na minha cabeça deveria ser ninguém mais, ninguém menos que a senhora Cho, inconveniente como só ela, querendo me cobrar por minhas libertinagens da noite passada. 
Mas fico completamente perdida com o que me deparo assim que resolvo ver logo de uma vez quem era o indivíduo tão insistente. 
E então senti que era como se de tanto pensar nele, o moreno tivesse simplesmente se materializado bem ali, na minha frente. O que era um tanto quanto bizarro e meio assustador se eu fosse parar para analisar direito. 
— Oi — ele fala me olhando meio sem jeito.   
— Oi — respondo, e ficamos ali parados na porta, nos encarando pelo que pareceram minutos até que pigarreio continuando — Hum, você… — chacoalho a cabeça — Tudo bem?
— Eu… — ele segue me encarando como se estivesse prestes a me dar a notícia do fim do mundo mas nada diz. 
— Olha só Jungkook, não quero ser indelicada nem nada mas, tá fazendo o que aqui? — digo já ficando aflita sem ao menos saber o motivo, apenas por observar como ele estava angustiado. 
— Posso entrar? — O jeito que me olha é tão apreensivo que não consigo negar. 
Não que eu pretendesse fazer isso de qualquer maneira. E então, no mesmo instante em que aceno com a cabeça em concordância e abro caminho para que possa passar, ele adentra meu apartamento a passos apressados, parando no meio da sala.  
— Sei que vai  parecer estranho mas, vim te pedir uma coisa — diz apertando uma mão na outra nervosamente. Fecho a porta e lhe olho confusa apontando para o sofá, onde ele logo se senta. 
— Que seria...? — arrasto minha dúvida sem saber ao certo o que esperar, enquanto me sento ao seu lado. 
— Preciso de um lugar pra ficar. — fala atropelando as palavras tão rápido que quase não consigo entender. 
— Como assim? — pergunto embasbacada. Tenho quase certeza de que o encarava como se ele fosse um alienígena.  
— É engraçado — ri mas não parece achar a menor graça — talvez você não acredite, nem eu consigo acreditar mas — murmura a última parte suspirando profundamente — quando saí daqui pela manhã, fui direto pro meu apartamento e assim que coloquei a chave na fechadura como faço todos os dias, não consegui entrar. Tentei forçar a porta e uma mulher que nunca vi na vida saiu de lá... — ele me olha pra ter certeza de que ainda tem minha atenção e prossegue assim que percebe que nem pisco — Ela saiu de dentro da porra do meu apartamento! E minhas coisas não estavam mais lá! — passa a gesticular desesperadamente — Aí ela fez um escândalo e tentou me acertar com uma frigideira! Quando percebi o corredor já estava cheio de outros moradores e todos eles disseram que eu era louco e que nunca morei lá, o que não faz o menor sentido…  Eu achei que era algum tipo de piada, mas eles começaram a me expulsar de lá e eu fiquei puto. Então chamaram a polícia e pensei que tudo se resolveria, mas eles só me mandaram sair e não voltar mais lá. Não consegui falar com ninguém que eu conheço o dia todo, é como se eu nunca tivesse existido… Meu celular deu pau e fiquei perambulando por aí até agora, sem dinheiro, sem documentos, sem apartamento e sem saber o que fazer… Aí pensei em você, a gente parecia se conhecer de alguma maneira… Ou quase isso… Então vim pra cá. — Ele tomou fôlego após falar tudo isso meio que de uma só vez, com os olhos arregalados, respirando ofegante no final, me deixando totalmente abismada.
— Okay… Hum, e como eu posso te ajudar com isso? — É tudo o que consigo dizer após ficar estática por um tempo que não sei precisar qual foi, mas que pareceu longo demais.  
— Estava pensando se talvez... Quem sabe… Eu não poderia ficar... Hum… Aqui? — pergunta enquanto se encolhe em meu sofá deixando apenas uma fresta do olho esquerdo aberto, aguardando minha resposta meio preocupado, meio esperançoso. 
— Espera você quer dizer aqui?  Tipo… No meu apartamento? — falo lentamente tentando processar a informação — Você tá querendo ficar aqui no meu apartamento? — repito rapidamente, recapitulando tudo feito uma idiota por não conseguir raciocinar direito. 
— É... Só por alguns dias, sabe? Até eu resolver isso, sejá lá o que for que estiver acontecendo... — o volume de sua voz diminuindo gradativamente conforme avança, e não deixo de notar como ele agora não me lembra em nada o homem-vulcão-em-erupção que me queimou desde o primeiro contato. 
— Jungkook, tudo o que eu sei sobre você é que nos esbarramos no elevador, depois naquele pub, e depois na minha cama — miro seu rosto inexpressiva. 
— Por favor — ele se ajoelha em minha frente pegando em minhas mãos, mas prontamente me livro de seu aperto com o susto pelo choquinho sentido no contato — desculpe — murmura agora unindo suas mãos em sinal de súplica, continuando — juro que nem vai notar que estou aqui.  
— Eu…
— Só por um dia ou dois, por favor, eu não sei mais pra onde ir- 
— Jungkook levanta! — ele continuava a murmurar coisas ininteligíveis — Tá, você pode ficar, tudo bem? — falo sem muita certeza do que estava fazendo logo o vendo se levantar em um pulo e abrir um sorriso lindo repleto de gratidão. 
Parecia uma criança no natal ganhando o brinquedo que tanto queria. 
Me sinto apavorada por vários motivos. Um deles que não sai da minha cabeça, é o porquê de Jungkook não me causar pânico como outros desconhecidos costumam causar. 
Na mesma noite em que o conheci, foi difícil controlar o desconforto ao trocar duas ou três palavras com algumas pessoas.
Mas não com ele. 
E não entendo. 
Eu deveria estar surtando por ter dormido com ele ontem e por ter permitido que ficasse aqui hoje, sabendo quase nada sobre quem ele é. 
Penso então que, bem, nós dormimos juntos noite passada e aparentemente eu estou inteira, então não deve haver mal algum nisso, ou deve? 
Só consigo rezar pelo amor de tudo o que é mais sagrado que eu não esteja fazendo a maior bobagem da minha vida. 
✰✰✰
Depois de arrumar o quarto de hóspedes, umas roupas de Taehyung para Jungkook e o mandar para o banho, fui procurar algo para nós comermos e quando percebi que a vontade de cozinhar àquela hora era inexistente, decidi pedir uma pizza. 
Fiquei andando em círculos, triângulos e retângulos pela sala até pensar que a qualquer momento cairia no andar inferior. 
Quando Jungkook retorna para a sala, fico o encarando até ele começar a rir como um idiota. 
— Você não tem a sensação de que já estamos íntimos demais pra duas pessoas que acabaram de se conhecer? — pergunto meio aérea. 
— Podemos resolver isso — ele pisca se aproximando. 
— Tive uma ideia — quase consigo ver uma lâmpada se acender sobre minha cabeça.  
________________________________________________________________
Beijo, beijo e, até a próxima? 😘
Avisos:
Esta é uma obra ficcional por mim criada, os acontecimentos aqui dramatizados e a personalidade dos indivíduos por trás dos nomes por ventura citados no decorrer da trama e que dão vida aos personagens não possuem vínculo algum com a realidade.
PLÁGIO É CRIME de acordo com o Art. 184 – Código Penal, acerca da Violação aos Direitos Autorais: Violar direitos de autor e os que lhe são conexos implica a: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
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huntingfallingstars · 4 years
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Yaaaaaaay!!
Nova historinha cheirosinha bem aqui :) 
Boa Leitura!  
                                                                                        ♡  I̶n̶t̶e̶n̶s̶a̶r̶m̶y̶l̶y̶  ♡
Rated R
Genre: drama, romance, comedy, mystery
POV’s: Lynn
Words: 287
|1|
PRÓLOGO
O aplicativo ainda reluzia aberto na tela do celular quando o arremessei contra a parede com todo ódio que corria quente por minhas veias.
Minhas mãos passavam trêmulas pelo rosto e seguiam, ou tentavam, caminho pelo imenso nó em que meus cabelos haviam se transformado.
Os lençóis embolados sobre a cama e as cobertas jogadas pelo chão não destoavam muito de minha aparência desgrenhada.
O apartamento era bagunça. Eu era bagunça. Tudo era bagunça.
— Merda, merda, merda... — Os resmungos me escapavam sôfregos, me arranhando por dentro, lutando para sair, para dizer tudo o que não conseguia. Mas as palavras se repetiam incansavelmente, em uma mescla violenta de palavrões e desilusões. Os escutava como ecos soltos em um penhasco só que os sentia em um chacoalhar frenético, trancafiados dentro da minha cabeça.
Uma confusão. Eu era uma confusão.
Afinal, o que infernos eu tinha na cabeça quando me deixei levar por toda essa loucura mesmo?
Tenho um grito de frustração preso na garganta há cerca de meia hora. Não sei dizer ao certo se é por já ter esgotado o número de blasfêmias conhecidas capazes de expressar todo o meu desgosto ou se fiquei muda de vez.
Consumida por uma sensação angustiante de vazio. Eu agora era falha.  
Talvez por isso meus pensamentos ecoassem livremente aos berros em meu interior.
Sou tomada por uma raiva crescente e incessante. Minha cabeça dói, as mãos suam e tonteio porque é como se eu fosse desmaiar a qualquer instante.
Sou um acúmulo de dor latente, uma bomba relógio de sentimentos crus, revoltos e incontroláveis, em uma contagem regressiva cruel, prestes a explodir.  
Tipo estresse pós-traumático, sabe?
É deve ser isso mesmo.
Ou estresse pós Jeon Jungkook.
Não importa.
Não mais. 
________________________________________________________________
Beijo, beijo e até a próxima?  😘
Avisos:
Esta é uma obra ficcional por mim criada, os acontecimentos aqui dramatizados e a personalidade dos indivíduos por trás dos nomes por ventura citados no decorrer da trama e que dão vida aos personagens não possuem vínculo algum com a realidade.
PLÁGIO É CRIME de acordo com o Art. 184 – Código Penal, acerca da Violação aos Direitos Autorais: Violar direitos de autor e os que lhe são conexos implica a: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
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huntingfallingstars · 5 years
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Preview I:
"O filho da mãe nem sequer estava nu, e parecia a coisa mais pornográfica que eu já tinha presenciado na vida.
Arranquei o cigarro de sua mão e o apaguei raivosa no cinzeiro ao meu lado. Ele me lançou um olhar indignado, um riso preso em escárnio e acendeu outro de seus palitos cancerígenos.
— Mas que porra, Jungkook!"
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huntingfallingstars · 4 years
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Yaaaaaaay!!
Hoje é sem enrolação, let’s go go go 
Boa Leitura!  
                                                                                         ♡  I̶n̶t̶e̶n̶s̶a̶r̶m̶y̶l̶y̶  ♡
Rated R
Genre: drama, romance, comedy, mystery 
POV’s: Lynn
Words: 4,732
|Prologue|
CAPÍTULO 1 
Era sexta-feira à noite.
Havia chovido a tarde toda, e a brisa que entrava pela fresta da janela era fria e causava arrepios ao longo da superfície descoberta da pele de meus braços. Mas não o suficiente pra fazer com que eu levantasse de onde me acomodava para tentar resolver a gelada situação. Me mantinha na mesma posição há umas boas horas sem saber se quando enfim me pusesse de pé, lembraria como realizar o simples ato de caminhar.
Não movia um músculo. Em contrapartida, corria meus olhos desesperados pelos quatro cantos do notebook em busca de um maldito X. Não deveria ser algo tão complicado, não é? Nunca foi afinal.  
Mas não desta vez. Desta vez a porcaria de um X estava sendo um empecilho imenso, uma pedra bem no meio do meu caminho, uma rocha gigantesca que me separava do meu objetivo.
Meu merecido descanso.
Suspiro longamente e aperto os olhos com um ar de tranquilidade que não condiz com o caos que ocorre em meu interior.
O que meu pensamento atordoado e exausto me diz e repete como um mantra entre jogos de respirações e tentativas de manter meus olhos fechados, na esperança de uma milagrosa calma interior dar às caras nesse momento crítico, é que, X deveria significar coisa boa. Consigo pensar em várias possibilidades agora mesmo. Como um X marcando o local de um tesouro em um mapa, o X que remete à beijo ao fim de uma mensagem ou o X como uma maneira duvidosa e preguiçosa de se referir à queijo em cardápios de lanchonetes.
Minha fome agora parece triplicar com o breve vislumbre mental de queijo derretido e meu estômago ronca vergonhosamente, parecendo querer devorar a mim mesma de dentro pra fora.
Mas não posso parar pra comer. Ou não quero. Não ainda, enfim.
E o motivo?
Então, voltamos ao início.
Ao grande X da questão. O mais necessitado no momento. O X que fecharia este maldito anúncio. O X que deveria aparecer após a contagem regressiva no cantinho direito da tela, mas que pra testar minha paciência, minha resistência ou meus limites, não estava agindo segundo o protocolo das propagandas e, ao invés de sumir quando os trinta segundos chegavam ao fim, recomeçava.
De novo.
E de novo.  
A tela estava travada há umas duas longas horas e nem reza brava estava resolvendo esse problema. Não havia ninguém pra me auxiliar com isso, até porquê —ham-ham — é sexta-feira à noite.
Nem transferir o bendito arquivo pra outro dispositivo eu estava conseguindo.
— Vamos, vamos...  
O projeto já estava finalizado. Após um isolamento de semanas do mundo exterior. Depois de muito choro e ranger de dentes, desafiando a tudo e a todos e principalmente a mim mesma, ele enfim estava pronto. Pronto pra ser entregue pro carrancudo do meu chefe. Pronto pra ser o degrau que eu tanto almejava pra me livrar da insuportável da Mina, a intrometida secretária ruiva do dito cujo. E tudo o que eu precisava fazer era enviá-lo, para assim poder voltar a respirar normalmente, ou quase isso. O que eu não fazia há o que? Semanas? Meses? Desde que entrei nessa empresa infernal? Talvez já tenha perdido a conta, não que isso importe. Isso realmente não vem ao caso agora. Tudo o que tenho que fazer é focar em encontrar um X, só um X pra fechar essa merda insuportável e...
— Essa porra não tem X?! — Explodo e meus olhos abandonam a tela ao que expiro todo o ar que estive segurando por minutos, desinflando meus pulmões entre alguns grunhidos raivosos. Minha careta indignada deveria ser realmente impressionante, já que Trist não tirava os brilhantes olhos esverdeados de mim.
Se eu deveria estar usando um bloqueador de anúncios ou qualquer outra droga do tipo? Claro que deveria! Mas depois de um puta sermão recebido pelo primo de Taehyung sobre como são eles que mantém certos sites de pé, e como estou sendo insensível e desrespeitosa ao usufruir deles sem ajudar em porra nenhuma, decidi que este ano passaria a ser uma pessoa um pouco melhor. E como eu faria isso? Permitindo que as propagandas aparecessem pra mim, me bombardeassem em momentos completamente inoportunos. Como agora. O que pra minha eu embriagada às 23:38 de um 31 de dezembro nem tão empolgante, fazia todo o sentido.
Eu sei. Foi uma ideia imbecil desde o início. O típico caso de promessa que não se deve fazer, como aquelas de ser a frequentadora mais assídua da academia da esquina. Mas minha teimosia não permitiria que eu voltasse atrás na minha promessa de ano novo na primeira chance que tivesse.
Ou na décima.
É com certeza uma lição a se levar pra vida toda, deveria ser um mandamento talhado no teto do meu quarto “não darás mais trela pra galera do TI”.  
E sim. É sexta-feira à noite, e não me canso de frisar, pois minha vontade era estar em qualquer outro lugar, fazendo qualquer outra coisa, mas, ainda assim, prossigo por aqui.
Estou raivosa há vários minutos, reclamando e jogando toda minha frustração sobre uma letra do alfabeto. É isso aí.
É engraçado como uma coisa pequena pode se transformar em um problema gigantesco quando você já está sobrecarregado por mil e uma situações e sentimentos.
Como quando você está atrasado e percebe que não lembra mais onde enfiou a maldita chave do carro, e quando encontra a chave, perde a bolsa. E percebe que isso não seria tão estressante se você estivesse de bom humor. Então tudo vai virando uma tenebrosa bola de neve formada na base do ódio. Mas você não tem tempo pra isso, pois precisa chegar a tempo no trabalho e sorrir para o seu chefe como se fosse a pessoa mais realizada da face da terra.
Esse tipo de coisa.
Ou talvez eu seja dramática demais.
Ainda não sei bem como pensar e agir de outra maneira quando universo não parece fazer muita questão de colaborar um pouquinho que seja comigo.
Mas estou trabalhando nisso.
Meu olhar cansado pousa sobre a tela do notebook largado na mesa e enfim me permito ler o que tanto tem ali.
 “Make Your Wish
Torne seus desejos realidade.”
 Dizia o tal anúncio enlouquecedor que nas últimas duas horas medonhas povoava minha tela e interrompia absolutamente tudo o que tentava fazer.
O layout da propaganda era enfeitadinho com balões coloridos, seres mitológicos e brilhinhos que caiam em uma animação meio “mensagens em gif dos tempos do falecido Orkut”. Era até que bonitinho. Bem feitinho. Mas ao meu ver, essa coisa toda de “realize seus desejos” parecia mais o bordão de um daqueles anúncios de empréstimo bancário, com juros exorbitantes, que te fazem questionar se o seu sonho é mesmo tão importante ou urgente assim ao ponto de te fazer passar o resto da vida pagando por ele.
A proposta era tão utópica, soava tão irreal pra mim, que eu facilmente cairia na risada, não fosse a raiva do momento. Sempre fui incentivada desde a infância, a esquecer essas bobagens de sonhos e seguir por caminhos confiáveis.
Estudar algo que te garanta um emprego estável?
Okay.
Não desperdiçar sua vida em busca daquele “algo a mais”?
Okay.
Há muito abandonei minha busca por qualquer coisa que fizesse meu coração bater mais forte. O meu único desejo — ao menos o único em que consigo pensar no momento — era um bem imediato, de enviar essa porcaria, na qual tanto me empenhei e me descabelei, pra garantir minha vaga no “emprego dos sonhos” e, enfim poder tomar um bom banho. E depois?
Depois sei lá.
Provavelmente, seguiria a grande onda das pessoas que vivem da mesma maneira que eu e encontraria um jeitinho de desperdiçar minha juventude em uma frustrante tentativa de esquecer minhas frustrações.
Não é como se me preocupasse muito com isso, estivesse atrasada para algum compromisso ou fosse realmente fazer algo de muito importante, mas suponho que seria algo bom. E que não envolveria exaustão cerebral, reflexões decepcionantes e neurônios queimados.  
— Foda-se — resmungo ao largar o que tinha em mãos na mesa. — Desisto.
É sério. Eu nem sofri para concluir esse projeto estúpido mesmo. Pra que? Pra que tentar levar uma vida “normal” como a maioria das pessoas, não é mesmo? Que grande bobagem!
— Por que mesmo que eu não largo toda essa droga da existência capitalista e não vou viver da minha arte em uma praia?
Porque, sejamos racionais, você não tem arte alguma pra vender, minha mente logo completa. Sem contar a perfeita ausência de talentos ou experiência com artesanatos de qualquer espécie.
Trist continua a me encarar como quem julga, e já não sei se é minha consciência falando comigo ou se aprendi a me comunicar telepaticamente com meu amigo felino.
E em meio ao meu momento “quero chutar o balde, mas todo mundo sabe que não vou desistir coisíssima nenhuma”, já me encontro de pé ao lado da bancada da cozinha, com os braços abertos, encarando a parede. A visão embaça aos poucos pela ausência de piscadas me fazendo enxergar coisa alguma com o desfoque.
Me sento novamente.
Okay. Talvez. Assim, só talvez, eu esteja um pouco exaltada e o melhor seja realmente dar uma pausa. A pausa que Hana tanto insistiu que eu precisava. É isso. Uma pausa. Esse transtorno todo é claramente um sinal de um poder maior de que eu me devo um descanso.
Meu pai sempre me dizia que quando um dia já começa com as coisas dando errado, o melhor é não insistir em tentar resolver tudo quanto é tipo de problema nele.
Eu deveria ter notado mesmo, que esse seria mais um desses dias. A começar pelo momento em que levantei do sofá pela manhã, com um mal jeito super doloroso no pescoço por ter dormido toda torta. E então percebi que teria de ser cuidadosa — por mais difícil que isso fosse pra mim — e segui virando minha cabeça lentamente afim de checar as horas no relógio do forno micro-ondas. Daquele jeito todo esquisito, como se estivesse usando um colar cervical, parecendo um robô, ou o Batman naquele traje emborrachado.
E então, antes que pudesse decifrar os números daquela distância, um barulho de vidro se quebrando me fez virar o pescoço bruscamente pro lado oposto, instantaneamente retorcendo meu rosto em uma careta de agonia, tudo pra dar de cara com um Trist empoleirado na estante, tentando pela enésima vez devorar Penny, a calopsita da Hana.
Ao correr pra tirá-lo de lá, bati com a perna na quina da mesinha de centro, me afastando aos pulos e indo parar exatamente onde estava o porta-retrato que Trist derrubou da mobilha cortando meu pé.
Percebo tarde demais que aquela era a fonte do tal barulho de vidro se quebrando.
Deitei no chão rolando e gemendo de dor.
Queria chorar.
Só a lembrança me faz apertar os olhos.
É, esse é realmente um daqueles dias.  
Tamborilo meus dedos sobre a mesa e corro meus olhos pelos cômodos aparentes pensando no que fazer a seguir. Fixo em um ponto em específico abrindo um sorriso quase maníaco.  
Uma bebida.
É isso.
Talvez seja disso que eu preciso.
Afinal há quanto tempo não coloco uma gota sequer de álcool na boca?
Tento ignorar a lembrança dos conselhos de meu avô sobre evitar bebidas alcoólicas pois:  
— No início você toma uma bebida, depois a bebida toma uma bebida, depois a bebida toma-o a si — ele dizia com a propriedade de quem passou por mais ressacas morais do que gostaria de admitir.
Apenas mais tarde, quando me interessei por O Grande Gatsby, descobri que a frase em questão era de Fitzgerald.
Com um sacudir de cabeça, mando as lembranças de meu avô com cara de sabe-tudo pra escanteio, ao que meus pés seguem desesperados em direção a garrafa que meus olhos recém visualizaram sobre o aparador do outro lado da sala. Tropeço no tapete felpudo que cobre boa parte do ambiente, mas prossigo milagrosamente sem cair.
Paro.
Apanho o item e suspiro.
Vazia.
Ótimo.
Fantástico.
Por que mesmo tem uma garrafa vazia por aqui? Isso me cheira a Hana, e não refreio o pensamento vívido de esganá-la.
— Trist, eu mato a Hana e você oculta o cadáver, fechou? — O gato corre em direção aos quartos sem dar a mínima pra todo o drama humano que se desenrola a sua frente.
Num áudio recebido há alguns minutos não tão distantes, lembro-me de ouvi-la reclamando do meu companheirismo — ou da total ausência dele — e me convidando pra algo em um pub aqui perto.
Fito a extensão envidraçada da sacada. A noite é fresca e o céu está tão limpo que mesmo em meio as luzes da cidade, é possível enxergar uma ou outra constelação com clareza.
— É isso aí. — Solto o ar pela boca cansada, encarando um conjunto de estrelas que vagamente lembro de ter aprendido que formavam Órion.
Resignada, sigo com pressa alguma em direção ao meu banheiro e após um dos banhos mais lentos de minha vida, começo a procurar algo que preste pra vestir, e ir ao menos um pouco apresentável pra esse tal pub.
Honestamente não entendo como Hana ainda não desistiu de me convidar pra sair. Com um não após o outro, em seu lugar não sei se faria o mesmo. Ela insiste que em meus vinte e três anos eu deveria me preocupar menos com o que vou fazer pelo resto da minha vida e curtir um pouco o hoje, porque o amanhã é incerto demais pra algo assim.
Mas vai tentar enfiar isso na minha cabeça infestada de caraminholas...
Sem contar que, minhas habilidades comunicativas tem sido tão pouco utilizadas nos últimos tempos que sinto como se tivesse perdido o tato pra essas coisas. E isso tem criado uma espécie de receio tirano de sair e precisar interagir com outros seres humanos, falar com alguém que não seja nenhuma das pessoas do meu restrito círculo social por qualquer que seja o motivo, sabe?
Porque sair pra me divertir não é como ir até a padaria comprar pão e responder educadamente ao padeiro no meu melhor modo piloto automático. Porque sair pra me divertir envolve conhecer pessoas novas. Falar com pessoas novas. E isso de uns tempos pra cá, tem me deixado em pânico.
Analisando esses fatos, acabo de me dar conta de que as únicas pessoas com as quais não converso por pura obrigação, são Hana e Taehyung. E Jimin. E não sei bem o que pensar sobre isso.  
Mas hoje foi um dia tão longo e fodido que me fez considerar seriamente a ideia de Hana e me enfiar em um ambiente assim, tão hostil. Isso e a constatação de que não há nenhuma gota de álcool nessa residência ou alguma companhia além do meu gato Trist que, inclusive, também parece muito afim de me abandonar a qualquer instante.  
Ele anda estressado por me ter enfiada dentro de casa há tantos dias e nem posso culpá-lo.
Depois de uma hora e meia de muita enrolação, enfim pronta saio em disparada do apartamento antes que algo a mais me distraia, ou me faça mudar de ideia.
O que não seria muito difícil, levando em conta que a ansiedade pelo que estava prestes a fazer já me amolecia as pernas. Era como se meu corpo traísse minha mente e estivesse aguardando apenas um motivo, uma só desculpa, pra me convencer a voltar correndo pra casa e me enfiar embaixo das cobertas.
Conferia com certa satisfação meu reflexo no espelho do elevador enquanto desembaraçava algumas mechas do cabelo com os dedos, e antes que as portas pudessem se fechar ouço alguém se aproximar a passos apressados.
Por puro reflexo, estico rapidamente o braço direito, mantendo a passagem aberta da maneira menos recomendável possível ao passo que uma nuvem de perfume cítrico preenche o cubículo.
— Valeu.
— Por nada — solto em um murmúrio quase desinteressado.
Quase, pois sua voz põe meu corpo em estado de alerta antes que eu possa entender o que está acontecendo me fazendo levantar o olhar curiosa.
E então eu o vi.
Ou melhor, fui atingida por um belo de um tanque de guerra. Atropelada pela mais perfeita junção de pontos fracos que podem encabeçar a lista das minhas expectativas amorosas de uma vida inteira. Com as portas se fechando às suas costas, parado bem a minha frente, me analisando em ambiente de uns ridículos poucos metros quadrados. Um moreno munido de jaqueta de couro, muitos músculos e olhos negros intensos me fitava.
Ele nota o olhar descarado que lhe ofereço e me replica em um sorrisinho presunçoso.
Lhe arqueio uma sobrancelha enquanto só consigo pensar que, inferno, não faz nem um minuto que o vi e ele já me atacou com tudo isso? Vai saber mais quantas armas esse cara ainda tem escondidas.  
O celular em sua mão se acende e uso do momento em que a atenção do belo estranho se volta para o aparelho para me virar, ajeitar o vestido, fixar meu olhar no espelho e fingir que limpo batom borrado no canto dos lábios. Tudo pra desviar meu foco do gostosão à minha esquerda.  
— Tá linda — fala arrastado.  
Logo acho que ele fala ao telefone e minha curiosidade faz meu olhar correr em sua direção, mas me surpreendo ao notar que o moreno não está mais com o celular em mãos e agora me observa atentamente.
— O que? — arrisco confusa com o fato de que talvez ele possa realmente estar falando comigo. Droga. Qual o meu problema?
— Você, tá linda.
Sem saber bem o que fazer, fecho e abro meus olhos lentamente e logo vejo o elevador se abrir.
— Hm... Obrigada? — murmuro e aceno um “tchauzinho” patético, ele pisca pra mim com aquele maldito sorrisinho de novo e eu saio em disparada do prédio com a mão sobre a testa.
Meu.
Deus.
Eu definitivamente não sei mais viver em sociedade.  
Quando alcanço a rua, vejo que o Uber que chamei já estava a minha espera, o que me alivia um pouco.
O caminho até o pub foi relativamente rápido. E chegando lá me pego positivamente surpresa com o ambiente que, bem, era tipo um barzinho, até que tranquilo e meio acolhedor se parasse pra pensar no tipo de lugar que Hana normalmente frequenta.
Dou uma olhada em volta e nem sinal da minha amiga. Reviro os olhos decidindo seguir logo para o balcão pegar alguma bebida.
Após a terceira taça de martini — bebida a qual nunca nem havia experimentado antes e escolhi unicamente por uma vontade súbita e sem sentido de comer as azeitonas no final — suspiro e desbloqueio meu celular.
Enquanto vagava sem rumo pelas redes sociais o inacreditável acontece.
A desgraçada da propaganda que acabou com meu dia estava bem ali, me encarando, me desafiando.
— Tá de sacanagem comigo...
Após constatar que algumas decisões tomadas hoje por mim foram de cunho totalmente “não eu”. Resolvo fazer mais uma coisa absurda.
Não sei bem o que esperava quando decidi baixar o aplicativo da tal propaganda. Mas com certeza não esperava nada daquilo.
Um gênio surgia e desaparecia no canto da tela. Não era como o gênio do Aladdin. Não. Era mais como, quem ele me lembrava mesmo?
Decidindo seguir as instruções da tela, clico no gênio. Ele gira como o próprio pião da casa própria até parar e me encarar com um olhar profundo e estranho enquanto me pede pra fechar os olhos e fazer o pedido.
Ao fechar os olhos a primeira coisa que me vem à cabeça, é o gostoso do elevador.
— Ai que droga, sai da minha cabeça, não é isso que-
— O que é isso? Tá falando sozinha? Tá falando sozinha em público, Lynn? E que porra é essa? Você vem pra um pub pra brincar de Akinator? — Ouço o esganiço em meu ouvido e meu riso ecoa débil, quase tão ridículo quanto toda a situação que se desenrola ao meu redor. — Larga isso! — uma conhecida mão de unhas coloridas tenta tomar meu celular de mim.  
Hana ostenta os cabelos curtos com mechas cor de rosa, um vestido holográfico, óculos caleidoscópio e um sorriso grande e esperto. O que obviamente, da infinidade de informações que ela traz consigo, a última é a que mais me causa preocupação.
— Você não parece ter saído de casa rumo à um pub, mas rumo à uma rave — provoco só pra não perder o costume.
— Do que você tá falando? Se esse seu vestido não fosse curto e decotado, com essa sua cara aí, eu diria que está indo pra um velório.
— Ha Ha... Acho que você tá precisando maneirar na bebida.  
— E você tá precisando transar.  
Despretensiosamente fito a tela do meu celular e flagro o gênio bizarro com um sorriso sinistro. Ele era meio caricato, mas alguns de seus traços em especial, às vezes me aparentavam realistas demais, como os olhos super expressivos. Pareciam me enxergar de verdade, além da minha casca formada por maquiagem, vestido, salto alto, uma vontade forjada de estar ali e muito álcool. Ou talvez fosse apenas de fato o álcool, que estava me fazendo pensar coisas tão absurdas.  
— Por falar em transar — Hana continua a tagarelar — Taehyung tem um amigo pra te apresentar.
— Você só pode tá brincando comigo — resmungo e sopro minha franja pra cima. É claro que todo aquele drama de Hana sobre eu ser uma péssima amiga que nunca vai a lugar nenhum com ela, só poderia ter mais alguma motivação obscura.  
— Não se atreva a sair daqui Lynn!
— Hana não! — Bato com meu pé no chão como uma criança birrenta.
— Hana sim! — A criatura colorida aponta o dedo na minha cara.
— Você sabe o que isso significa pra mim? Alguém me arrumando encontros? —a vejo assentir e revirar os olhos — Isso mesmo! Fim de carreira! Eu mesma posso conseguir meus próprios encontros.  
— Para com isso, não tem nada a ver, a gente sabe que você consegue Lynn.
— Ótimo.
— Só que é meio lerda, não, muito lerda, muito lerda mesmo, e...
— Hana! — lhe interrompo indignada lhe afanando os óculos chamativos e os colocando no rosto.
— Você não saia daí que eu vou procurar o Taehyung — ela me ignora totalmente e logo vai se embrenhando pelo amontoado de pessoas da pista de dança.
Cogito a possibilidade de levantar do banquinho do bar e sair correndo antes de que os planos que Hana e Taehyung tem pra mim realmente se concretizem. Mas só cogito. Não passa de um pensamento perdido flutuando na bagunça da minha mente.
Uma música calma começa a tocar e o visual rebelde sem causa de James Dean, deixa de ser algo abstrato das profundezas da minha mente em queda livre sobre o álcool, e se personifica bem a minha frente.
O gostoso do elevador.
Ofuscando minha visão em repetições caleidoscópicas nas várias cores do arco íris.
Até retiro os benditos óculos que me deixam tonta pra checar se estava vendo certo. E caralho. Como estava.  
E essa noite tinha acabado de ficar uns 99,9% mais interessante. Ao menos até uma garota loira enroscar os braços finos em seu pescoço e não parecer querer soltá-lo tão cedo. Bem, não posso julgar, pois vontade de fazer o mesmo não é o que me falta.
Me remexo em meu lugar desconfortável, me levanto do banquinho onde estava puxando o tecido do vestido sem parar e sigo o encarando, como me convenço de que venho criando por hábito desde que nos conhecemos.
Há apenas algumas horas, sim. Não me condeno por minhas fantasias.  
Seus intensos olhos me encontram em meio à multidão e ali permanecem. Uma familiaridade estranha se estabelece enquanto as írises cintilam como as obsidianas negras presentes nas joias de minha mãe.
O moreno sorri cafajeste arqueando uma sobrancelha como se tivesse a mais completa certeza de que eu o tinha seguido até ali. Porém seu semblante logo se fecha enquanto o meu se ilumina com o que acontece a seguir.
Sem desviar meu olhar do seu, agora quem arqueia a sobrancelha em desafio sou eu, ao passo que um perfume conhecido se espalha ao meu redor.
—  Olha só o que temos aqui — Jimin enlaça minha cintura e sussurra em meu ouvido.
— Não sabia que também estaria aqui — sorrio me virando.
— Não perderia isso por nada.
— Ahh não Jimin, até você?
— Lynn, eu sei o que você acha sobre isso, mas-
— Se sabe o que eu acho, por que tá compactuando com isso? Também acha que eu tô encalhada ou sei lá?
— Não é nada disso, deixa eu falar, droga... — me olha esperando pelas farpas, e quando elas não vem, ele prossegue — Eu só acho que, você não perde nada em conhecer esse amigo do Taehyung, sabe que ele se importa demais com você pra te meter em alguma furada e, também, obviamente você não é obrigada a nada, se o cara for um porre pode ir embora quando quiser — ri.
— Tá, vou pensar — resmungo.
— Eu gosto assim — pisca desdenhando de minha careta debochada.
— Acho que vou, sei lá, dar uma volta por aí — digo, de repente me sentindo sufocada pela ansiedade.
— Tá, vai lá — Jimin me observa enquanto me afasto e quando ia me virar ouço sua voz novamente.
— Lynn! — lhe incentivo a continuar com um aceno de cabeça — Hm... Não esquece que eu tô aqui, tá bem? — seu tom é apreensivo.
— Eu sei. — Sorrio verdadeiramente, pois sabia mesmo. Se havia alguém com quem poderia contar nessa vida, esse alguém era Jimin.
Caminhei por entre as pessoas até encontrar uma espécie de varanda aos fundos do estabelecimento. Me apoiei na balaustrada de madeira observando as luzes que dançavam sobre o lago e as pessoas que haviam ali atrás.
Ajeito a roupa ao corpo novamente me sentindo incomodada pela peça não parar de subir.
— Se continuar puxando esse seu vestido pra baixo, até o fim da noite ele vai estar nos seus pés. — Seu tom rouco me arrepia e me amaldiçoo por nem conseguir disfarçar.
— Talvez eu queira isso. — lhe disse o olhando, em um rompante de coragem que veio sabe-se lá de onde.
— Touché. — ele ri erguendo seus braços em rendição.  
— Você tá me seguindo, estranho? — pergunto após alguns segundos, simplesmente por não saber o que dizer.
— Não exatamente.
— Como então?
— Não sei, você e eu, se esbarrando por aí, destino talvez, se acredita nessas coisas. — diz calmamente, como se realmente levasse isso a sério.
— Dispenso — murmuro fitando o lago, subitamente nervosa por pensar que a qualquer momento Hana e Taehyung surgirão do além com o tal amigo.
Preciso sair daqui.
— Se precisar de ajuda, você sabe, pra deixar o seu vestido nos seus pés.
— Você não é lá muito sutil, sabe — falo e ele dá de ombros.
— Preciso ser?
— Hm, vem — pego sua mão o rebocando pra saída daquele lugar e minha eu interior comemora. Há, quem é a lerda agora?
— Pra onde você tá me levando? — me pergunta e lá estava aquele sorrisinho cretino novamente.
— Se você se comportar, talvez eu te deixe ajudar a me livrar desse maldito vestido. — Ouço sua gargalhada e por uma fração de segundos me pergunto o que diabos estou fazendo e pra onde caralhos estou o levando.
Talvez no fim das contas, devesse ter seguido os conselhos de meu avô sobre as bebidas.
Assim que estamos próximos a saída, avisto Hana e Taehyung não muito longe dali e tento acelerar os passos, mas logo paramos em um solavanco, e ao virar pra trás me deparo com o gostoso do elevador tentando se livrar da loira de antes. Reviro os olhos me soltando dele, decidindo ir embora sozinha mesmo.
O som de meu salto ecoa pela calçada úmida enquanto sigo apressada em direção aos táxis. Meu celular vibra em minha mão me assustando e escorregando como um sabonete no banho, se lançando no meio da rua movimentada.
Corro pra pegá-lo antes que um carro passe por cima dele e noto que a tela estava piscando loucamente. O gênio estava lá, girando em um redemoinho de um canto ao outro, como o diabo da tasmânia dos desenhos animados.
E a partir daí, foi tudo muito rápido. Em um segundo o gênio parava de girar e piscava um olho pra mim, com uma cara de quem estava tramando algo. No outro, ouvia gritos, um clarão logo me cegava enquanto meu corpo era arremessado e o impacto com o chão frio e áspero me desnorteavam até tudo virar escuridão.
________________________________________________________________
 Beijo, beijo e, até a próxima? 😘
Avisos:
Esta é uma obra ficcional por mim criada, os acontecimentos aqui dramatizados e a personalidade dos indivíduos por trás dos nomes por ventura citados no decorrer da trama e que dão vida aos personagens não possuem vínculo algum com a realidade.
PLÁGIO É CRIME de acordo com o Art. 184 – Código Penal, acerca da Violação aos Direitos Autorais: Violar direitos de autor e os que lhe são conexos implica a: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
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huntingfallingstars · 5 years
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love is about letting go
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At the first time that I said "I love you".
You ran away.
At the second time,
You looked tenderly into my eyes, then kissed my forehead before walking out the door.
At the third time,
You let a tear fell and started looking for something inside your bag, and when you found it, you came back to me and gave me that little jewelry box.
So you said "Now it's yours, please don't break".
Then I opened it.
Inside the box was a kind of glass heart.
And I noticed that it was already broken in some places.
What I immediately told you.
And with a melancholy smile you said "It's very realistic, right?"
At that moment I realized how important was the mission you had given me and I swore I would never let anyone hurt you again.
Even myself.
That's why that night, I gave your glass heart back.
I let a tear fell.
I looked tenderly into your eyes and kissed your forehead, then ran away.
'Cause I love you baby, and I know, I don't deserve you.
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huntingfallingstars · 6 years
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Beyond
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     “Mas eu estava aqui por ele. E acredite quando eu digo que por ele eu faria das coisas mais absurdas. Parando para refletir bem, sempre soube que aquele rostinho de anjo era perigoso, que aquele seu sorriso era insidioso. E mesmo assim, eu o quis. Por mais tempo que tenha passado em negação, com meus amigos enchendo a minha paciência soltando ao vento o que estava estampado na minha cara, no meu íntimo eu sei que o quis desde o primeiro momento e continuo o querendo. Estou consciente de que essa ainda será minha perdição, e a julgar pela feição debochada que lança assim que seus olhos me vislumbram adentrando a velha mansão desconfio que ele também.”  
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huntingfallingstars · 6 years
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Beyond 
Trailer Fiction | Design | Project | Edition  
by @prim95​  (Intensarmyly) 
Song: 
YEZI(예지)  Anck Su Namum (아낙수나문) 
* Credits to the rightful owners of the gifs / pictures.  * Rated R. 
- Vegas Pro 14  - Wondershare Filmora 8 
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huntingfallingstars · 7 years
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❤️ 
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huntingfallingstars · 6 years
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Fault
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"Mas talvez seja pelo fato dele ser o causador de uma falha maior que a de San Andreas em meu peito desde que saiu batendo a porta do nosso apartamento pela última vez.
Um corte tão profundo que deixou uma cicatriz cujo machucado persiste em doer ainda hoje nos dias mais frios.
Se ao acaso me perguntassem sobre o que eu penso do amor, eu diria que o que conheci por essas quatro letras era dolorido e sinônimo de corações partidos e que, portanto, eu não queria os sentir mais.
Nunca mais.
Nem o amor.
Sequer a dor.
Tampouco Park Jimin."
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huntingfallingstars · 6 years
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종말  (O Fim)
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Yaaaaaay Intense!
Eu tive uns sonhos bem loucos nos últimos tempos, sem contar um pouco de inspiração a partir de “Euphoria” e “The Truth Untold” que me renderam isso aqui e eu pensei, por que não transformar em algo aproveitável (ou quase isso) e postar né? Aniversário do JK tá aí, então parece que esse é o momento mesmo. Com isso trago aqui o primeiro bônus da oneshot “The Best Of Me”. Ela se passa cerca de três anos após os acontecimentos de lá e é a partir do ponto de vista da nossa amada pp / moça sem nome porque eu / autora doida assim quis (porém pode ser lida por quem não leu a outra fic tranquilamente).
Okay, agora chega de falatório inútil...  :)
Boa Leitura!  
                                                                                          ♡  I̶n̶t̶e̶n̶s̶a̶r̶m̶y̶l̶y̶  ♡
Rated R
Genre: drama, romance
POV’s You, tu, usted, você, você aí mesma.
Words: 4,121
— Okay cadê o cachorro rosa, o idoso ranzinza e a velhinha simpática?
— Hum?
— Hum, o quê?
— Do que você tá falando?
— Do que eu tô falando? — dissimulo em frustração — Jeon Jungkook, não sei se você já percebeu mas claramente estamos na porra de lugar nenhum!
— Não é pra tanto princesa — ri alto.
— Não é pra tanto? — bufo — Vai dizer o mesmo enquanto estivermos sendo perseguidos pelo assassino da serra elétrica?
— Se eu disser que te protejo você dessamarra essa cara? — retruca cheio de si me fazendo revirar os olhos mas não sem antes me arrancar um sorriso.
— Seu babaca.  
— Que você ama.
— Vai nessa.
— Claro que ama, tá pra nascer melhor amigo que eu.  
Jungkook começa a retirar uma parafernalha do banco de trás que eu nem havia notado que estava por ali e dá início a aparentemente sua próxima missão. Que no momento consiste em estender um tecido descabidamente tingido em um laranja neon sobre a grama e criar uma espécie de piquenique repleto de ítens nada saudáveis e sem uma combinação lógica entre sí. Enquanto encaro esta cena um tanto quanto fofa se desenrolar a minha frente penso sobre como o dia de hoje foi esquisito. Algo como um sentimento de nostalgia que me pegou do nada enquanto abria as cortinas da janela do meu quarto logo pela manhã.
Sabe quando você acorda com uma agonia estranha que te avisa que algo vai acontecer neste dia mas, mesmo assim você ignora essas bobagens e levanta da cama pra encarar o mundo lá fora?  
Pois bem, nesta manhã eu não tinha a menor ideia do que essa coceira por dentro das minhas veias queria alertar. Porém de uma coisa eu tinha certeza. Nada nunca mais seria como antes. E quando digo nada pelo visto me refiro a nada mesmo. Inclusive em se tratando de minha amizade com Jeon.
Paramos há pouco neste lugar inóspito com a desculpa de que esse era exatamente o lugar onde ele queria me trazer. Talvez até seja mas, pelo ruído que o motor emitiu assim que chegamos, provavelmente em breve teremos meu melhor amigo atacando de mecânico por aqui. Nenhuma novidade. Porém também nenhuma reclamação. Confesso ter concordado em silêncio quando ele veio com essa história de que tudo estava bem pensando num futuro não tão distante onde seria agraciada pela visão de seu tronco suado e desnudo. Me julguem.
O fato é que não é de hoje que essa velharia que seu avô deixou pra ele dava problemas, mas Jeon amava essa banheira. E com o tempo passei a amá-la também. Passei a amar inclusive observá-lo consertando, lavando e polindo a lataria. Era afinal de contas o nosso refúgio.  
Jungkook também era particularmente fissurado em seus “projetos divertidos” que eu chamaria de “lista de coisas totalmente aleatórias e na maioria das vezes desnecessárias das quais ele perspicaz me convence a participar”. É ele tinha esse dom.  
— E então, vai me dizer por que estamos no meio do nada?  
— Você é muito impaciente.
— Você também não colabora muito me arrancando de casa às pressas sem uma explicação, eu tinha planos pra essa noite, sabia?
— Planos? — indaga com sua sobrancelha se arqueando em descrença.
— Sim, planos!
— Que tipo de planos?
— Planos por aí — falo impaciente.  
— Posso saber com quem?
— Não é da sua conta Jeon!  
— Iria sair com alguém sem me contar? — Pestaneja pensativo — Você nunca fez isso.
— Eu não tenho que te contar tudo! — revido contrariada.  
— E você só me chama de Jeon quando tá brava comigo...
— Isso não é verdade, dentro da minha cabeça eu penso “Jeon” o tempo todo!  
— Então quer dizer que você pensa em mim o tempo todo?
— Não viaja, não foi isso que eu falei! — mesmo que talvez isso tenha um fundo de verdade, mas ele não precisa saber disso, é claro.  
— Okay então.  
— Okay. — E claramente nada estava “okay” aqui.  
— Seus planos estão oficialmente cancelados.  
— Que?
— Nós vamos passar a noite aqui — afirma obstinado.  
— Nós quem?
— Você e eu... Eu e você... Por acaso tá vendo mais alguém aqui? — debocha.  
— Não, não vamos.
— Sim, sim vamos — repete me tirando do sério.  
— E os meus planos?
— Mas que droga de planos são esses que você não quer me contar?
— Esquece.
A verdade é que eu não tinha plano nenhum. Mas ele não precisa saber disso. Não precisa porque ele ficaria ainda mais empenhado em me tirar de casa. E eu não quero. Não estou pronta. E não sei quando estarei. Desde que terminei meu último relacionamento catastrófico que meu passatempo preferido tem sido fazer qualquer coisa que não envolva interação social. E o único capaz de me arrancar dessa minha bolha é Jungkook. Porque a mão dele é o único lugar ao qual me agarro quando estou no chão.
— Perseidas — solta de repente enquanto caminha fazendo o mesmo trajeto do carro até aquele “sei lá o que ele está fazendo” e voltando .  
— Perseidas? — franzo o cenho voltando para o planeta Terra aos poucos.  
— Perseidas, por isso estamos aqui — sorri e em suas íris capto um brilho infaltil que me faz sorrir também — você queria vê-las mas nunca conseguimos porque sempre acontecia alguma coisa, não é? — Fita o céu límpido e exibe um olhar sonhador. — Há quem as chame de lágrimas de São Lourenço — completa com uma careta.  
— Não gosto muito da ideia de comparar coisas tão bonitas quanto uma chuva de meteoros à lágrimas.  
— Você tem um péssimo senso de humor, acho que Lourenço não concordaria com você.
— E por que não? Eu estou defendendo ele, não?
— Reza a lenda que enquanto o queimaram ele pediu para que virassem seu corpo para assar mais do outro lado.
— Credo Jeon, que desnecessário.
— Ué, é o que dizem.
— Nunca vou entender de onde você tira essas coisas.
— Leitura, já ouviu falar? Os livros e você já foram apresentados?
— E você sabe ler? — questiono sem deixar de rir ao que ele semicerra seus olhos.
— Permita-me introduzi-la à este mundo senhorita. — Lança uma piscadela sonsa.  
E de novo eu me perco com as colocações esquisitas de Jeon e viajo levando tudo o que me diz por um outro lado. Um lado nada inocente, mas completamente carnal e me pego me perguntando como seus lábios recém umedecidos pela sua língua incoveniente me lembram a textura de pétalas róseas molhadas pela chuva. E qual seria a sensação de tocá-los. Então pelo que me parece a enésima vez eu respiro fundo tentando não voar loucamente no pescoço do meu melhor amigo e estragar tudo. Por que estou a um passo de fazer isso. Menos do que amanhã e com certeza mais do que ontem. E isso nos últimos tempos tem sido como andar na porcaria de uma corda bamba.
Salto do carro e me ponho sentada sobre o capô. Daqui noto como seus cabelos confundem-se à seda do manto negro da noite e deslocam-se de sua face alva ao serem atingidos pelo sopro do vento a cada segundo menos gentil.  
Em um movimento rápido ele retira sua jaqueta fazendo com que sua camiseta seja arrastada no processo. Tenho agora uma visão privilegiada da tatuagem que percorre seu tronco viril despreocupadamente exposto à mim. A pose de bad boy que eu garanto é só a pose mesmo, me excita e distrai.
Mas Jeon não tem nada de bad. É com certeza a criatura mais doce que você talvez tenha o prazer de encontrar na sua vida.
Isso quando não está agindo como um completo cafajeste convencido.
Ou talvez seja  apenas o meu sentimento falando por mim.  
Não, okay. Jungkook é definitivamente um doce. E, apesar de convencido, porque isso sim ele é, na verdade talvez eu tenha exagerado um pouquinho. Ele não age como um cafajeste. Mas esse traste está para as mulheres como o açúcar está para as abelhas. Deu pra entender?  
E em todo esse doce, minha garganta seca e minha visão embaça. E é como se eu estivesse em meio à uma crise hiperglicêmica, eu sei. Mas é apenas mais um dos efeitos colaterais de observá-lo.  
Há algo sobre Jeon que te envolve, possui, que drena toda racionalidade que um ser humano deveria ter.
E nesse embaraço de devaneios recordo de algo. Lembro-me como se fosse hoje da profecia. A maldita profecia do biscoito da sorte que minha prima me obrigou a comprar. Eu tinha por volta de 13 anos e estava sendo arrastada pra todo canto por Nan Hee em uma feira cultural. Estava extremamente entediada e só queria fugir dali, dormir mesmo que fosse debaixo de uma árvore. Mas se existiu alguém além de Jungkook que aguentava todas as minhas reclamações e sabia muito bem ser persistente no que queria, era ela.
“O sorriso do homem certo iluminará seu dia como alguém acendendo uma chama em um particularmente tempestuoso 1 de setembro.”
— Mas que droga é essa? Deixa eu ver o seu. — tomo o bilhete de sua mão indignada sob suas gargalhadas.  
“A filosofia de um século é o senso comum do próximo.”
— Por que nem o biscoito da sorte parece ir com a minha cara?
— Tá reclamando do que prima? Seu biscoito te deu a data que seu prometido vai aparecer! Isso deve acontecer com sei lá, ninguém a cada 100 pessoas?
— Prometido coisa nenhuma, tá doida? Eu não preciso de ninguém, de homem nenhum!
— Claro que não precisa, mas vai ficar revoltadinha quando um cara legal aparecer num dia 1 de setembro?
— Você coloca muita fé nessas coisas — replico mesmo que internamente eu tenha pensado sobre isso com uma pontinha de alegria, mas ela não precisa saber disso, ninguém precisa saber.
— Acho que é você que não coloca fé nenhuma.
◊◊◊
1 de setembro, 2007.
Dia onde tudo o que poderia dar errado, deu.
Estava saindo da padaria com o bolo pra festa surpresa que minha família estava organizando pra minha avó que acabara de deixar o hospital. E mais um outro bolo de desgosto entalado na garganta por um fora recente vindo do garoto que eu gostava, quando meus pés acharam que seria uma idéia fantástica tropeçar no degrau da saída do estabelecimento.
O bolo em minhas mãos deu cerca de dois saltos mortais antes de se espatifar completamente no chão. E o bolo em minha garganta se libertou em uma porção de soluços a medida que as lágrimas me cegavam e meu corpo escorregava pela parede até eu me sentar na calçada me sentindo derrotada.
Fazia calor e o mormaço incomodava e me agoniava junto ao suor que escorria por minhas temporas e as lágrimas que lavavam minha face. Até que uma sombra se acomodou a minha frente e eu me atrevi a levantar o olhar. Com a cara inchada e toda ferrada mesmo porque, o que de pior poderia me acontecer não é? Aceitei o auxilio da mão estendida em minha direção e me levantei.
Eu já havia esquecido completamente do tal biscoito da sorte mas no instante em que meus olhos encontraram seu rosto me recordei. Era primeiro de setembro. Havia sol na porra desse dia mas seu sorriso perfeito estava lá. Realmente estava lá. E seus olhos escuros me fizeram tremer como capim ao vento.  
Apesar de toda a confusão e os acontecimentos infelizes eu senti que ele era parte da tal da tempestade do fatídico primeiro de setembro. Então eu entendi que não era uma tempestade climática. Era mais sobre os sentimentos controversos que senti neste dia juntamente com o efeito que ele trazia consigo. O que eu não podia esperar é que o homem certo pra minha vida viria na forma de meu melhor amigo.
Naquele dia conheci Jeon Jungkook. Um garoto legal. E lindo. Inegavelmente. Enxugou minhas lágrimas e em meio aos meus protestos me arranjou outro bolo. Esse que mais tarde descobri se tratar de seu bolo de aniversário. Ele não se importou. Disse que era novo na cidade e que a família dele não estava aqui e, portanto não poderiam passar este dia com ele de qualquer maneira. Me contou também que só tinha comprado o bolo pra não se sentir tão só já que essa era uma das coisas que seus parentes faziam nessas ocasiões.
Então eu o levei pra festa da minha avó.
Sim.
Quem faz isso com o garoto lindo e gentil que acabou de conhecer?
Acho que ninguém.
Mas por mais bizarro que pareça, eu senti que era o certo a se fazer. Prometi à mim mesma que ele não passaria mais seus aniversários sozinho.
◊◊◊
— Vai ficar aí parada?
— Por que? Você precisa de ajuda?
— Não, já terminei. — Senta-se sobre o tecido acenando para que eu me aproxime.
E eu o faço. Enquanto estamos lá, penso que poderia escrever poesia sobre seus cintilantes olhos escuros sob a luz tremulante da lua até que quiçá, escrevesse um soneto que captasse sua beleza. Sinto que temos uma conexão profunda, quase espiritual, como névoa em véu de um dia de outono na encosta de um riacho, e tão ou mais incrível quanto a primeira viagem ao espaço.
Havia um abismo entre o que eu realmente sabia sobre ele e o que eu acreditava que sabia.
Ele era incrível assim. Toda aquela aura de mistério despretensioso que o acompanhava e que esfriava minha barriga de uma maneira nada "amigável".
Como se lêsse meus pensamentos ele me encara e se antecipa fazendo exatamente o que eu queria ter feito. E há uns mínimos centímetros estuda meu rosto por inteiro. O frescor de seu hálito mentolado acariciando minha bochecha esquerda desperta meus instintos mais primitivos. Ele aproxima lentamente seu nariz de minha orelha e respira pesadamente em meus cabelos.
— O que está tentando provar Jeon?
— Você — decreta com os lábios passeando pela pele exposta de meu pescoço e inflama meu corpo todo.
Me afasto apenas para contemplar seu rosto e a intensidade presente em seu olhar me cativa, aprisiona em uma atmosfera ímpar e viciante. Ele é beijável. Inevitavelmente. Irrefutavelmente. Jeon Jungkook é a criatura mais beijável em que já pus meus olhos algum dia. O enigma que o permeia compactua com a moldura do sorriso excitantemente maligno que ele traz. O calor de sua ousadia me enerva e fascina. Por um instante a fenda do tempo-espaço se rompe e eu coexisto em outra dimensão. Eu me assisto neste momento, mas apenas pelo intervalo de uma respiração. Porque no instante seguinte sinto-me retornar ao corpo em um baque que zune em meus ouvidos. Meu coração dispara, me sinto hiperventilar, minhas mãos suam e eu estou definitivamente sendo vítima de uma overdose dele agora mesmo.  
Ele é vício. Ele é calor. Ele é abrangência.
E então eu o afasto.
Criando uma muralha entre nós neste momento. Arrebentando o fio vermelho do destino ou seja lá o que sempre me traz de volta até ele.
No exato momento onde tudo se resume a nós e à esse inferno que afugenta meus sentimentos dando lugar à toda uma culpa, receio, e um amargo sentimento de perda, um já velho conhecido meu que embrulha meu estômago.
E eu só sei que não posso perdê-lo.
Não posso.
Não sei se seria capaz de sobreviver sem ele depois de tê-lo conhecido.
Então eu o afasto.
Porque nos distanciando eu o mantenho aqui comigo. Nos distanciando eu me sinto segura. Neste pequeno espaço entre nossos rostos onde o meu egoísmo é claro e as palavras ou fogem ou não bastam.
— Jeon o que tá fazendo?
— O que parece que eu tô fazendo?
— Você é um idiota! — acuso, mesmo tendo consciência de que ele não tem culpa de nada.  
— Espera aí, vamos conversar  
— Sério isso? Foi pra isso que me trouxe aqui? Costuma dar certo pra você?
— Eu não tô entendendo. — E a confusão em seu rosto bonito realmente é clara.
— Incongruente. — Eu digo a primeira coisa que me vem a cabeça e prossigo o culpando mesmo sabendo que não é justo, mesmo sabendo que ele não é esse tipo de cara, mas eu continuo porque temo não saber como agir com o que virá a seguir.
— Incongru... o quê?
— Onde estão suas namoradinhas Jeon?
— Você é o que minha tia? — zomba.
— Imbecil.
— Olha só, dessa vez eu juro que não sei porque você tá brigando comigo — defende-se e eu quero golpeá-lo com meu sapato porque ele tem toda a razão em não entender.  
— Ahh não! Jura?!
— Sabe o que eu acho?
— Não me interessa — ralho enquanto avanço para a direção oposta de onde ele está.  
— Acho que morre de amores por mim e não pode evitar. Eu sei. Deve ser mesmo difícil me resistir. Então eu vou facilitar pra você princesa. Não resista.
O admiro incrédula e lanço-lhe um gesto obsceno antes de me virar e seguir pra só Deus sabe onde.
— Volta aqui, é perigoso se enfiar nesse mato sozinha!
— Me deixa!
— Teimosa!
O ignoro e caminho mais incerta que folhas secas deixando as árvores no outono, porque ele me desnorteia e eu não sei lidar com a falta de controle que ele me traz.
Quando foi que isto começou mesmo? Quando o que que eu sentia por ele virou essa bagunça? Ou sempre foi e eu fui cega o suficiente pra não evitar?
Essa sua habilidade incrível de me tirar do sério e me deixar sem a mais vaga ideia do que está acontecendo, não só ao meu redor, como dentro de mim mesma.
Não sei dizer ao certo o quanto me distanciei, mas a minha frente, dentre flores azuis e alguns vagalumes me deparo com algumas margaridas. Elas me trazem a lembrança de Nan Hee. Uma em especial.
◊◊◊
— Por que estamos aqui? — resmungo.
— Temos que pegar flores — pisca pra mim como uma animação estranha.
— Pra que exatamente?
— Pra desfolhar!  
— Ahh bom... — sorrio cínica — Aliás, o quê?  
— A tradição ora essa, "desfolhe a margarida" — ela grita e pula em minha frente e eu só quero esganá-la porque todos estão nos olhando.  
— Eu não sabia que estávamos no século 19.
— Ei, para de ser estraga prazeres!  
— Okay, mas então, por que  você está pegando flores de cerejeira? Você não pretende desfolhar isso aí, não é?
— Mas é claro que sim.
— A florada dessa flor dura apenas alguns dias, não acha isso um pouco cruel?
— Mas não fui eu que arranquei essas flores, foi aquele senhor logo ali, eu só tô pegando, por que não vai reclamar com ele?
— Ainda não entendi o motivo de você ter escolhido essas flores aí.
— Prima como você é boba, não é óbvio? É porque quando fizer bem-me-quer o resultado é um só. O verdadeiro. Além dessa flor demonstrar a fragilidade da vida e, para os antigos samurais ela significava viver o presente sem medo... — seus olhos brilham ao que tentam me explicar o que pretende.  
— Mas isso normalmente não é feito com sei lá, margaridas?  —  a interrompo —  Isso aí só tem cinco pétalas, isso nem faz sentido e outra, como pode ser verdadeiro se é sempre o mesmo?
— Não seja tapada prima, é por isso mesmo, com 5 pétalas o final sempre será positivo já que a brincadeira se começa pelo bem-me-quer, por isso essa flor é a melhor escolha.
— É justamente por isso que ainda acho uma ideia absurda. Qual a finalidade de fazer isso então se já sabemos o resultado! Não é, sei lá... trapaça?!  
— Pra começo de conversa margaridas nem são flores, são inflorecências o que significa que cada pétala é uma flor, então o meu método é muito mais justo sim senhorita, e a gente tá fazendo isso pra atrair energias positivas já que você tá carregada de pessimismo. Agora fecha a matraca aí e me ajuda a pegar mais flores.  
— Fala sério, eu nunca vou entender de onde você tira essas coisas.    
— É porque você tem essa mania de não enxergar as coisas da maneira certa.  
— E que raio de maneira é essa?
— Pensar positivo.  
— Hein? Pensar positivo?
— Se nem você pensar positivo, como espera receber resultados positivos? Você tem que acreditar que consegue, o mundo já te dirá o contrário então ao menos você precisa confiar em si mesma.
— Espera, isso ainda é sobre o garoto da padaria?
— Não prima, isso vale pra vida inteira.
◊◊◊
E na época lembro de não dar importância nenhuma pro que ela dizia, e pelo visto nem nos anos que se seguiram, nem mesmo agora.
É eu venho fazendo um péssimo trabalho  em seguir conselhos desde a minha infância sendo que eles me parecem mais sensatos do que qualquer coisa na minha vida.
E é ridículo.
Como tudo a respeito do meu caos cerebral.
Enquanto meu desejo é me embriagar em seus beijos e me desfazer na ardência de seus toques. Eu estou aqui me freando. Me afastando do cara que eu gosto por puro medo. Medo do desconhecido. Medo de perdê-lo mas, a verdade é que eu posso perdê-lo a qualquer momento. Assim como perdi minha prima no inverno daquele ano. 
Dizem que a vida é um sopro e é bem por aí mesmo.
Você percebe o quão imbecil isso soa não é?
Eu sei.
Jeon sempre esteve ali e não sei até que ponto eu realmente não percebi o que se passava, ou o que eu fingi não ver.
Mas não é como se fosse algo totalmente novo ignorar o que eu sinto.
O que eu realmente sinto.
Merda.
Agora enquanto volto em silêncio para o carro após o meu surto. O observando deste ângulo deitada de qualquer maneira no banco traseiro de seu Impala e aguardando pelo espetáculo de estrelas pela fresta da janela percebo que o único corpo celeste que quero observar esta noite está bem ao meu lado. Tentando guardar tudo o que trouxe para que possamos partir.
Não que eu queira.
Eu sou a porra de um clichê ambulante.
Ridícula.
Ele senta-se a meu lado pensativo mas nenhuma palavra sai de sua boca. E eu me culpo imensamente por ter acabado com a noite com meu chilique.
Ele volta seu olhar para mim e toda a sinuosidade presente em sua existência imperiosa me faz vacilar.
Mas seria fácil.
A distância que minha mente rapidamente calcula entre nossos lábios em um lapso que mudaria completamente o que quer que tenhamos até então.  
Seria muito simples.
Ou não.
Afinal nada é tão simples quando se trata de Jeon.
Nada é facilmente lido, inteligível. Tudo é vago. Aberto a mil e uma possibilidades a partir das quais um sincero receio se instaura em meu âmago.
Mas por fim decido arriscar tudo em uma tentativa de beijo ao passo que uma súbita epifania que me cerca e apavora em um colossal “agora ou nunca” infindáveis vezes estampado e refletido neste maldito labirinto de espelhos que envolve tudo o que cultivo por ele.  
Porque merda. Só pode ser esse o momento não é? Se eu não estraguei tudo minutos atrás e a droga do momento existe só pode se parecer com esse. É tudo o que consigo pensar com os poucos neurônios que ainda me mandam umas sinapses capengas nesse meio tempo. O momento onde eu mando o nosso título de amigos para o quinto dos infernos e talvez estrague tudo, mas quem liga. Porque enquanto a roda da fortuna não parar de girar o que tem valor é o agora. E é tudo ou nada.
O segundo de insensatez que irradia o não dito.
Mas eu não contava com sua resposta imediata ao meu contato repentino. Não esperava pelo choque cósmico digno de corpos celestes provenientes de uma aproximação furiosa de ambas as partes.
De ambas as partes.
E o encontro de nossos corpos explode como dois sóis incandescentes e transbordantes do mais puro calor.
Neste instante milhões de dúvidas e respostas se partem, se estilhaçam até nada mais importar ou mesmo formar sentido algum.
Apenas nós importamos.
Nós e o quanto somos infinitos em nossos meios.
No interim em que sua boca perpassa por sobre minha pele e aflora o que mantive adormecido por tempo demais.
O arrepio é infame e sublima a paixão não mais contida. E ali, naquele momento, sob aquele céu daquele fim de mundo eu me entrego à ele de corpo e alma. Eu entrego tudo de mim que sempre lhe pertenceu.
E se sentir esse bolo insano de intensidade por ele for minha ruína, que assim seja.
Mas o que acontece é que não é como se o mundo não pudesse acabar agora mesmo enquanto contabilizo as purpurinas do brilho dos seus olhos como que contando as estrelas lá do céu.
Tampouco é como se o doce sabor de seus lábios de pétalas não me fizesse dar a mínima para o que o futuro nos reserva sendo que o agora é meu protagonista favorito dessa peça chamada vida.
Porque enquanto as chamas que caem lá fora não me incendiarem como ele faz eu estarei em um loop frenético e inconsciente deste instante em seus braços.
E cá entre nós, desconheço melhor maneira de findar meus dias.
Avisos:
Esta é uma obra ficcional por mim criada, os acontecimentos aqui dramatizados e a personalidade dos indivíduos por trás dos nomes por ventura citados no decorrer da trama e que dão vida aos personagens não possuem vínculo algum com a realidade.
PLÁGIO É CRIME de acordo com o Art. 184 – Código Penal, acerca da Violação aos Direitos Autorais: Violar direitos de autor e os que lhe são conexos implica a: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
@prim95  
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huntingfallingstars · 6 years
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종말  (O Fim)
Preview II:
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“O sorriso do homem certo iluminará seu dia como alguém acendendo uma chama em um particularmente tempestuoso 1 de setembro.”
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huntingfallingstars · 6 years
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종말  (O Fim)
Preview: 
“Ele volta seu olhar para mim e toda a sinuosidade presente em sua existência imperiosa me faz vacilar. 
Mas seria fácil. 
A distância que minha mente rapidamente calcula entre nossos lábios em um lapso que mudaria completamente o que quer que tenhamos até então.  
Seria muito simples. 
Ou não. 
Afinal nada é tão simples quando se trata de Jeon. 
Nada é facilmente lido, inteligível. Tudo é vago. Aberto à mil e uma possibilidades a partir das quais um sincero receio se instaura em meu âmago.”
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