Capítudo Final - Desejo realizado.
Avisos da Fic: esta é uma fic que se passa após -surto, então lembre-se de que haverá temas sombrios/desencadeadores, mas lembre-se também de que esse não é o enredo principal da história. Por favor, leia com cautela. Descrições de dor, descrição de armamentos, descrição de morte, sangue, agressão física, dor, raiva, gatilhos, descrições de crises de ansiedade, leitor sem descrição, temas perturbadores/angustiantes, Joel protetor.
Capítulos anteriores: Capítulo 11 - Conhecendo os convidados.
Resumo: Para cada escolha, existe uma renúncia e, você nunca foi muito boa em fazer escolhas. Mas a paz em pensar que uma das únicas pessoas que conseguiu retirar de você algo realmente bom nos últimos meses ficaria seguro, esse parecia ser um bom jeito de partir.
Três homens se reunirão para conseguir conter Joel, e impedir que ele arrancasse a jugular de David. Ele grunhia, enquanto se debatia, e os homens desferiam chutes e socos nele.
Eles foram surpreendidos pela imagem que David mais queria, aparecendo bem atrás dos três reféns. O fato dele sorrir largamente para algo atrás de Joel, fizeram com que os três olhassem para trás, e lá estava você.
Sendo empurrada por dois capangas de David, você estava mancando porque seu tornozelo foi torcido com a queda do cavalo.
Quando você viu os três ajoelhados na sua frente, você quis naquele momento morrer. Paralisou em choque. Seu corpo começou a tremer, suas pernas amoleceram, te faltou firmeza para caminhar, sua respiração não chegava nos seus pulmões, e suas mãos estavam completamente molhadas de suor.
Mas tentou não transparecer nenhum sentimento para que David não usasse isso contra você. O que era totalmente inútil já que Joel já tinha explodido na frente dele.
"Olha só quem chegou. Estávamos esperando você querida." Aquela voz fez você piscar.
Os capangas empurram você até a frente de David, deixando vocês dois serem assistidos por Joel, Maria e Tommy.
Um formigamento subia pelo seu corpo, sua boca estava formigando, sua nuca formigava, você estava completamente em choque.
E aceitável, já que ele era o motivo da maioria dos seus traumas injetados no seu cérebro por aquele homem que estava bem na sua frente. Seu corpo tinha espasmos, de raiva e medo. E seu ouvido estava zunindo.
David andou ao seu redor.
"Olhe só pra você" ele passou às mãos no seu rosto, aproximou o nariz do seu pescoço e te cheirou. Você afastou o rosto em um reflexo, e ele agarrou suas bochechas com os dedos cravados em sua carne, "olhe pra mim seu pequeno pedaço de merda!" Ele rosnou. "Você pensou que conseguiria escapar de mim? Eu vou atrás de você até no inferno. Se você morrer, eu estarei logo atrás de você. E se eu morrer, eu levo você comigo" Ele soltou seu rosto empurrando você.
"Não toque nela, seu filho da puta de merda!" Joel gritava na direção de vocês.
Seus olhos encontraram os de Joel, e ele estava se batendo como um peixe fora d'água. Os dentes visíveis, ele lutava para se soltar. E você não passou uma só expressão pelo sue rosto.
"Você viu? Trouxe seus amigos para te fazerem companhia" David apontou para os três "onde está sua gratidão?"
"Eles não são meus amigos" você murmurou.
"Ah não? Então porque eles estavam atrás de você? E por que esse ali falou que eu não te conheço?" Ele apontou para Joel. E fez um sinal, para que os homens contivessem as tentativas dele de se soltar.
Tommy, Maria e Joel a uma distância de 5 metros de vocês. Você olhou para ele sem nenhuma expressão, parecia estar desligada.
Você tentava se soltar. As cordas queimando seus pulsos.
"Me apresente aos convidados" ele indicou com a arma os três na sua frente.
"Vai se foder" você cuspiu na cara dele.
David sorriu, passando a mão pelo rosto.
Ele assentiu para os caras que estavam atrás de você, dois segurarão seus braços, e um terceiro deu cinco passos para frente, e atirou no chão pouquíssimo antes do corpo de Tommy. O eco do tiro, fez seu ouvido zunir, você se debateu na direção dele, os olhos estralados.
"NÃO!" Você sibilou quando ouviu o barulho, seu corpo formigou. E percebeu que não haviam acertado nele.
Você foi colocada de joelhos. Sentiu um pedaço de pano sendo passado no seu pescoço, apertando, impedindo sua respiração, você sentia o sangue preso na sua cabeça, sendo impedido de circular. Você tentava respirar, mas sabia que era inútil, você olhou para David. A vista falhando, escurecendo, engasgando, os pulmões queimando, seu corpo sofrendo espasmos. Sentia a vida esvaindo de você lentamente. Seus olhos procuraram o de Joel.
"Pare ela vai matá-la" você escutou ao fundo a voz de Joel gritando.
Seus olhos estavam prestes a se fechar, visão escurecida, sentia o quente do sangue preso na sua cabeça, quando o alivio veio, e você arqueou pra frente. Você tossia com a sensação do ar voltando ao seu corpo. Pontadas nos pulmões que se enchiam imediatamente com todo o ar que era possível, sem sua autorização, a cabeça tonta.
"Você esqueceu querida? Que até para respirar você precisa da minha autorização?" David falava enquanto andava de um lado para o outro na sua frente. "Onde está seus modos?"
Tommy olhava para Joel, e Maria estava horrorizada.
"Desculpe, senhor." Você falou enquanto ainda tossia.
Joel, estava possuído, aquilo era bizarro. Ver aquilo sendo feito com você, sem poder fazer nada, era torturante. A cabeça dele não conseguia trabalhar em uma forma de sair daquela situação. Eram poucos de vocês, e muitos deles.
Maria e Tommy se entreolharam, uma mistura de pânico e ódio.
"Agora vamos começar novamente certo?" David falou alto e bom som.
"Sim, senhor" sua voz falhou.
"Desculpe querida, não estou conseguindo te ouvir"
Você queria tanto matar aquele filha da puta. Você ergueu a cabeça para olhar pra ele
"Sim senhor." Repetiu mais alto. O peito subindo e descendo com a respiração completamente irregular. Você conseguiu flagrar Joel balançando a cabeça em puro ódio, rosnando.
"Bom. Viu? Não é difícil se comportar. Agora, apresente seus amigos"
Você hesitou, acirrou os lábios, engoliu em seco.
Até David fazer um movimento, e alguém apontou uma arma para a cabeça de Maria.
Tommy começou a se debater.
"Não!" Você gritou. "Não" David olhou para você "por favor, senhor" você engoliu em seco. "Por favor, aponte a arma para mim" você começou a respirar de forma completamente irregular. "Aponte para mim".
David se aproximou, passou o cabo na pistola dele em seu rosto, e em segundos bateu em você com as costas da mão e a arma. O choque foi grande. Você passou a língua pelos lábios e sentiu o gosto do sangue. A pele da sua bochecha ardia e queimava.
David passou às mãos pelo seu rosto. Segurou no seu queixo. Fazendo com que você olhasse para ele.
"O que é isso?" Ele disse parecendo que havia encontrado uma mina de ouro, olhou para os caras que te seguravam e deu uma gargalhava. "Olhem!"
Você puxou o rosto fugindo do contato dele, cuspindo o sangue da boca. Mas ele segurou novamente.
"Eu nunca tinha visto isso antes... esse olhar... isso é... medo?!"
Ele colocou as mãos nos seus ombros. Olhou para trás para ver os três que também assistiam aquela cena ridícula.
"O corpo dela está tremendo de medo!"
Ele ria como um campeão.
Ali você sabia que não tinha saída. Ninguém viria salvar vocês. Você foi imprudente. E agora todos poderiam morrer. Na sua frente. E você iria assistir. David estava certo. Você foi possuída por um medo irracional. De fato, seu corpo tremia. Você estava perdendo todo o controle.
"Pobre garota..." David falava afagando seus cabelos. "Você passou tempo demais livre. Se apegou a essa gente." Ele apontou para os três na sua frente. "Você realmente pensou que conseguiria viver uma vida normal?"
Ele ficou atrás de você pra falar na sua orelha enquanto olhava para Maria, Tommy e Joel.
"Não se preocupe raposa. Eu vou te ajudar, vou cuidar de você"
Seus olhos estavam quebrados no nada. Seu nariz ardendo, seus olhos começaram a embaçar se enchendo de água, você piscava rápido e sem sentido. Estúpida. As palavras de David sempre ecoaram na sua cabeça.
Todo o tempo que esteve em Jacksonville você o ouvia falando na sua cabeça. E você sabia. Você sabia. Algumas lágrimas saltaram nos seus olhos. Sem que você conseguisse segurar.
"Não, não, não, não, não, não chore." David limpou as lágrimas com o cano da pistola "eu vou te ajudar a lembrar quem você é." Ele falou se direcionando para Tommy, Maria e Joel.
Você tentou se levantar.
"Não. Não senhor. Eu tenho uma proposta." As palavras sendo cuspidas tremulas da sua boca, em uma tentativa desesperada.
David parou. Balançou a cabeça. Sorrindo feito um filho da puta.
"Vejam rapazes, ela tem uma proposta"
Joel te olhava e balançava a cabeça em negativa. E tentava se levantar também, mas era impedido.
"David..." você iniciou, tentou limpar o sangue da boca para conseguir falar com uma das mãos que estavam presas pelos rapazes, mas eles te puxaram como se fossem te dividir ao meio. Você gemeu e cambaleou. Levantou as mãos em rendição. David assentiu para que eles permitissem um espaço para você se limpar. E você continuou.
"Eu aceito qualquer castigo que você me der."
Ele te interrompeu
"Oh, você aceita?" Ele gargalhou de forma demoníaca.
Você inclinou a cabeça e olhou para ele, no sentindo de que, ele sabe que você não aceita nada que realmente não queira.
"Certo, certo... continue" ele fez um gesto com as mãos como quem abre o caminho para você.
Você estava tirando com os dentes peles soltas dos seus lábios, e continuou
"Eu vou com você pra onde você quiser. Sem mais tentativas de fuga. Eu sigo você por onde você for. Se..." você fez uma pausa "se você libera-los".
David andou em círculos em silêncio enquanto passava a mão na barba.
"E..." você sibilou, engolindo em seco.
"Olha só pra você... ainda tem mais??" Ele disse enquanto olhava surpreso para você, instigado, com malícia.
"Eu dou a vou o que você sempre quis, e nunca teve." Você desceu uma oitava no seu tom de voz. Sentiu nojo das palavras que saíram da sua própria boca.
Sua cabeça estava baixa, mas então você lentamente levantou os olhos pra olhar para Joel. Agora quem tremia era ele.
Mas você não podia evitar. Você seguiria David, e faria qualquer coisa, feliz, desde que soubesse que aquela família estaria viva e a salvo. Porque no fundo como David disse, você não poderia jamais fazer parte daquilo de qualquer maneira.
"É uma excelente proposta querida..." David disse.
Mas com os olhos maliciosos ele caminhou em sua direção. Puxou seu cabelo fazendo o couro cabeludo doer e arder, você rosnou para ele, a cabeça para trás.
"Você acha que eu sou algum idiota?" Ele inclinou o corpo para falar bem próximo do seu rosto. "Me responda!" Ele gritou no seu ouvido, e puxou mais forte seu cabelo.
Sim, você pensou.
"Não, senhor." Você respondeu.
David soltou seu cabelo empurrando sua cabeça em direção ao chão.
Ele caminhava em direção aos três nesse momento. E você sentia seu coração palpitar. Sua respiração acelerar. Ele sabia agora seu ponto fraco. Você sentiu seu corpo começar a tremer novamente. A adrenalina correndo pelo seu corpo. O estômago gelado. Olhos arregalados.
"David..." você falou. Mas ele não parou.
"Era com esse aqui que você estava trepando?" Ele indicou para Joel.
Sua visão começou a escurecer. Você queria gritar, mas foi dominada pelo medo. Ele engatilhou a arma, e estava se aproximando de Joel.
"Certo vamos acabar de logo com ..."
David foi interrompido, por um tiro, fazendo-o cambalear, o estouro for ensurdecedor, e a grande maioria dos caras se abaixaram em defesa. O homem do seu lado caiu morto.
E escutou outro tiro. As pessoas começaram a se movimentar, tentando se proteger, se esconder, procurar proteções. Os tiros seguiram.
Você olhou pra cima, e viu Ellie, viu também outras pessoas de Jackson se aproximando.
Uma guerra havia se iniciado.
O homem morto ao seu lado, havia pendurado em sua cintura um facão. Você foi movida por um instinto mais do que automático, ali estava seu medo, dando lugar a sua outra "eu".
Você pegou o fação, e sem pensar duas vezes, apunhalou o estômago do outro homem que ainda te segurava ao seu lado. Você se levantou ainda empunhando o facão, abrindo um rasgo na vertical até o meio do peito do home, o corte visceral, despejou as tripas do homem no chão na sua frente. O sangue jorrando em você. Você acabou de estripar um cara.
Você usou o facão para cortar as cordas que amarravam suas mãos juntas. Alcançou a arma dele. Ouviu outro tiro. Se abaixou por instinto, correu os olhos procurando por Maria, avistou ela sendo arrastada por dois homens e David.
Tommy e Joel estavam agora em uma luta corporal, com os homens que estavam segurando-os a dois minutos atrás, mas ambos viram o que você acabou de fazer com aquele homem.
Você começou a correr mancando, em direção a Maria, e ia desviando da guerra que estava se formando no meio da floresta.
Foi interrompida por um homem que te agarrou pela cintura, te fazendo cair no chão, o facão caiu longe de você. Você deu uma coronhada na cabeça dele. Mais uma. Mais uma. O sangue começando a escorrer pela cabeça dele.
Você não queria atirar, queria economizar as balas. Queria pôr para fora algo que estava segurando. Deu mais duas coronhadas, e ele apagou.
Você se levantou meio cambaleando, olhou para seu peito, a roupa completamente ensanguentada, alcançou o facão que tinha caído no chão com o choque corporal de vocês, e seguiu correndo, procurando por Maria que tinha saído agora do seu campo de visão.
Outro homem te agarrou por trás. Tentando te jogar no chão. Você passou o facão na perna dele, não se importando com ele tentando te dar uma chave de braço.
Ele te soltou imediatamente, se ajoelhando com as mãos no corte. Você se virou pra ele.
"Não, por favor..."
Você sorriu como o diabo. Agarrou o cabelo dele, e passou o facão no pescoço dele lentamente. Ouvindo ele se engasgar com o sangue. Ele caiu no cão.
Tommy encontrou seu olhar, e você assentiu para ele. Ele entendeu que você estava indo atrás de Maria. E começou a andar em sua direção, você balançou a cabeça.
"Não, você fica aqui com Joel e Ellie, eu cuido dela." Você gritou. E ele ficou em dúvida, mas não teve muito tempo para pensar quando foi agarrado por outro homem.
Você olhou para Joel, que tinha acabado de destroncar o pescoço de um cara.
"Cuide de Ellie." Você falou como se só você pudesse escutar, mas sabe que ele entendeu.
Você seguiu correndo, alguns homens vinham em direção a você. Mas sem nem parar, você apenas direcionava o facão em direção ao pescoço de cada um deles, que agonizavam com o corte, e em um solavanco você retirava a faca do pescoço deles. Agradecida de estar perfeitamente afiada.
Fez isso mais umas duas vezes. E correu o mais rápido que pode.
Maria, David e o outro homem estavam distantes. Mas você conseguiu alcançar.
"David!" Você gritou, mirando a arma para eles. E se aproximando, agora mancando, devagar em direção deles. "Chega! Vamos resolver isso eu e você."
"Somos dois contra um." Ele falou para você enquanto o homem segurava Maria, com a arma apontada para a cabeça dela.
Você olhou para Maria, em uma forma de aviso. Ela estava apavorada.
Você atirou. Bem no meio dos olhos do homem. Pelo menos, de uma coisa você podia se garantir, sua mira era infalível. E em todos esses anos, você tinha aprendido a matar pessoas.
"Porra!" David grunhiu.
E você continuou andando em direção a ele. Agora ele apontava a arma para Maria, que estava imóvel ao lado dele. "Nem mais um passo, eu atiro nela sem pensar duas vezes."
Você parou.
"Só eu e você"
"Coloca a arma no chão"
Você obedeceu.
"Devagar"
Você diminuiu a velocidade ainda olhando para ele.
"O facão também"
Você colocou a arma e o facão no chão. Sem tirar os olhos dele.
"Você não precisa dela, você me tem"
"Vem caminhando até mim."
Você foi devagar. Fez um sinal para Maria ir se afastando dele. David com a mira cravada em você.
Você e Maria trocaram os lugares. Agora David estava com a arma na sua cabeça. Mas você respirava aliviada.
Você olhava para Maria, assentiu para ela.
"Vai" você murmurou.
Ela voltou correndo para onde Tommy deveria estar. Em pouco tempo, vocês não conseguiam vê-los mais.
David deu alguns passos para trás. Maria desapareceu. Ele ainda segurava a arma em sua cabeça.
"Agora, é só eu e você." David sussurrou na sua orelha.
Nesse momento, você não sentia medo. Não sentia nada. Se morresse ali estava bom, contanto que eles estivessem a salvo. Vocês escutavam o barulho de tiros, e pessoas gritando, agonizando.
Ele seguia te dando empurrões e andando pro meio do nada na mata. O som dos tiros ia ficando cada vez mais distante, e agora já quase nem ouviam mais.
Você pensava que tinha feito uma boa escolha. Seu peito estava apertado, e lágrimas silenciosas caíam do seu rosto, mas você se sentia bem.
O silencio da mata, David empurrando você. Não iria se arrepender, seu cérebro, repassava seus momentos com Joel, seus olhos profundos e castanhos, você queria fazer das lembranças um lugar seguro.
Essa lembrança você não poderia deixar apagar. Seus últimos dias com Ellie ensinando-a a se defender. A risada dela ecoando na sua cabeça como se ela estivesse do seu lado.
Sua respiração foi interrompida, seu batimento cardíaco parou, quando ouviu um som quebrar o ar, um tiro atrás de você. Os pássaros voando sobre sua cabeça.
Você se abaixou instintivamente, colocou a mão na cabeça, num ato de reflexo, e olhou para as mãos procurando por vestígio de sangue. E quando olhou pra trás David estava caído, um tiro no estômago.
Você não podia esconder a surpresa em seu rosto. Olhou pra cima procurando o responsável. Seus olhos encontraram a imagem de Joel correndo em sua direção.
Você puxou o ar, foi distraída pela imagem dele correndo em sua direção. E surpreendida por outro disparo. Mas esse irradiou seu corpo. Você olhou pra baixo, colocou a mão no local que latejava, e sentiu o quente do sangue se espalhando.
Olhou as mãos, e ergueu a cabeça, Joel estava com o rosto em choque, correu mais rápido, e disparou mais duas vezes no corpo de David. Agora sim. Definitivamente morto.
Você soltou a respiração, sentindo o quente do sangue vazando por entre seus dedos. Sua visão foi ficando escura. E você foi perdendo a força.
Joel chegou em você, a tempo de te segurar.
"Não, não, não" Joel falava baixinho, como se fosse para ele mesmo. Enquanto te segurava junto ao corpo dele. "Fique comigo querida. Fique comigo." Ele te apoiou com os braços, e te levantou, tentava caminhar com você escorada ao lado do corpo dele. "Nós vamos pra casa" ele murmurou enquanto você gemia e sentia seu corpo formigar.
Você ainda estava com a mão na barriga. Começou a tossir sangue.
Suas pernas amoleceram, e você meio que perdeu o controle delas, sua mente e seu corpo estavam em colapso.
Joel se sentou no chão, e colocou você no meio das pernas dele, tirou a camisa, ergueu sua mão com cuidado, e colocou a camisa em cima do local.
"Segure isso pra mim, assim, está bem?" pressionando numa tentativa desesperada de estancar o sangue que saia de você. A pressão fez você gemer.
"Eu sei, eu sei... eu sei que dói, mas já vai passar meu bem" ele falava baixo em seu cabelo.
Sim, doía, doía muito. Mas doía menos do que os meses que você esteve sem ele.
Você encostou a cabeça no peito dele, enquanto o ar ficava difícil de ser respirado, sua visão estava ficando embaçada, você via o topo das árvores ao redor de vocês embaçadas, ele falava com os lábios na sua testa,
"Fique comigo, fique comigo, por favor, por favor"
"Olha pra mim" você falou, com um pouco de dificuldade, a boca seca. A respiração bem pesada, o gosto de sangue na boca.
"Não, não, fica quietinha, por favor" Joel estava com a voz trêmula, agarrado em você.
"Joel" você tentava molhar a boca, "Olha pra mim" você ergueu a mão que segurava a camisa, fazendo ele direcionar a mão dele rapidamente pra manter pressionado o local. A pressão mais forte dele, fez você gemer, uma das mãos segurando o braço dele.
"Eu sei que dói, eu sei" ele virou a cabeça para trás e gritou "Tommyy!!!"
"Está tudo bem" você falou, seus olhos estavam pesados demais. "Deixa eu olhar pra você" sua outra mão segurando o rosto dele, sujando a barba dele de sangue. "Por favor, eu quero ver seus olhos" você tossia molhado.
Joel estava desesperado.
"Não, não, não, " ele gritou mais uma vez "TOMMYYYY!!!"
Sua cabeça despencou, como quem cochila, ele olhou para você quando sua cabeça tombou, segurou você como um neném nos braços dele.
"Meu bem..." ele falou com a voz muito falha, colocando uma mexa de cabelo atrás da sua orelha.
Você abriu os olhos. Viu os olhos castanhos dele agora marejados, deu um sorriso, grata por ter ele com você. Sentiu o beijo dele na sua testa. Os seus olhos lacrimejavam.
Essa era uma boa última imagem. Olhos castanhos, mais escuros que os oceanos, mais profundos que o mar.
Seu primeiro desejo feio à Ellie, foi atendido? Você se perguntava de olhos fechados enquanto sentia Joel chorando sob você. Você se lembra do conforto quente do colo dele, em seu corpo frio, como no dia que ele te encontrou, antes de tudo ficar escuro, e silencioso.
15 notes
·
View notes
Minha querida Maria de Lourdes,
“Os automóveis estão invadindo
A simpli(s)cidade
Enquanto a gente se arrasta
Eu prefiro isso aqui”
Lembra quando em 2017 eu fui diagnosticada com esgotamento emocional depois de tentar me jogar em frente de um ônibus? o psiquiatra falou pra minha mãe que eu tinha muito potencial, mas que eu precisaria parar por um tempo ou então a ansiedade me venceria sem pena. Ela não pensou duas vezes e me me mandou pra Ibimirim pra poder me recuperar do medo da multidão que minha própria mente causou.
“Os automóveis são livres e agora
É preciso coragem
Olho meu rosto no espelho
E depois vou dormir”
Foi ali onde tudo começou a dar errado, um acúmulo absurdo de cobrança pra ser boa e passar em vestibular e uma desilusão amorosa que me partiu em vários pedaços, um emagrecimento rápido e desconhecido que causava pânico a qualquer um que já tivesse me visto saudável, como pode? Depois de muitos dias em um lugar sem internet, vendo raios caírem perfeitamente em árvores a poucos quilômetros de distância e olhando pra o céu com músicas baixadas e incansavelmente colocadas no repetitivo, meus pulmões, cabeça e coração começaram a desacelerar e tudo realmente começou a ficar bem.
“Entre as flores escondidas
Do riacho
Por debaixo do que der
Do que vier
Escondido das notícias
Entre as feras
Nas revistas sem assunto
Meu amor”
A solidão e o isolamento me deram tempo pra me distrair, sem nenhuma novidade que me partisse o coração, sem nenhuma voz me dizendo que eu estava atrasada, apenas a vida me acordando cedo pra tomar café, tomar um sol, fazer uma caminhada e te ajudar a fazer bolos de chocolate (que sempre foram os meus preferidos).
“O auditório aplaudiu a canção
E eu cantei novamente
Fique de olho na vida
O sinal vai abrir”
Enfim havia acabado o ensino médio, os assuntos de um romance inacabado acabaram sendo esquecidos no subconsciente dos dois, as coisas pareciam ter começado a se encaminhar, mas aí veio a vesícula, a maldita vesícula que quase me levou e que me manteve estática por mais um ano. Só que mesmo assim eu continuei, eu fui pra o cursinho, eu sofri de novo pelo mesmo amor, eu passei no vestibular (o orgulho da família, a primeira aprovada na federal) e eu consegui segurar o peso das obrigações nas minhas mãos marcadas de agulhas e cheias de soro, dramin e morfina.
“O auditório aplaudiu
Mas cuidado com a porta da frente
Dona Maria de Lourdes
Não espere por mim…”
É engraçado como uma conquista que eu levei anos pra conseguir só foi comemorada por um dia e meu sonho de fazer a faculdade fora acabou por ser desmanchado devido a minha falta de saúde (ou seria de sanidade?), de qualquer forma, eu havia prometido que voltaria pra você sempre que eu tivesse tempo, sempre quando a corda apertasse o pescoço e o caroço na garganta me impedisse de respirar, mas eu não consegui, tia, eu juro que tentei.
“Que eu estou no paradeiro
Dessa gente
Quem morreu, quem teve medo
Quem ficou?”
E aí o inexplicável aconteceu, tudo desandou, meus amigos de anos me deixaram sem nenhum adeus e eu me senti tão só, tia, tão perdida, eu também estava novamente de coração partido e só me restou meia dúzia de pessoas com quem contar (ou talvez menos, bem menos). Parte de mim morreu: uma parte corajosa, feliz, cheia de auto estima, sem medo de rir alto- e deu lugar a uma Bruna muito complicada, com medo de sons, de lugares, de pessoas, de redes sociais e, claro, pensando se realmente as pessoas que ficaram comigo um dia seriam capazes de me abandonar, o que me aterrorizava e me deixava sem chão.
“Eu estou no bar do Auzílio ou na igreja
E onde quer que eu esteja
Eu não estou”
E então, tia, quando tudo que eu tinha acabou virando pó e todos os medos se tornaram realidade, começou a pandemia, meu pai quase morreu, eu estava sem ninguém, e por acaso achei no Bar do João a solução pra os meus problemas, afinal eram só algumas doses, isso não faria mal, não é!? era pouca coisa, não ia me matar se eu misturasse com os remédios, eu só precisava não sentir… De qualquer forma, ao mesmo tempo, eu achei outro refúgio totalmente oposto: todas as segundas e quintas eu estava na igreja, pedindo socorro e orando pra ser salva, mas ainda assim tia, mesmo que eu orasse com muita força, onde quer que eu estivesse, eu não estava completamente em lugar algum, eu talvez nunca mais esteja.
Você provavelmente nunca terá a oportunidade de ler essa carta, porque eu não teria coragem de te enviar, mas eu ouvi essa música e lembrei de quando você me ninava com um lenço no rosto até eu cair no sono, sempre me contando coisas aleatórias e rindo falando “você é uma pestinha mesmo” e então, depois de anos segurando, eu chorei a plenos pulmões, como fazia quando não queria ir pra aula pra ficar com você. Ainda sinto falta da sua comida, das suas broncas, de Mariana preferindo vir para os meus braços do que para todos os outros (o que me enchia de orgulho, ela preferindo a “irmã” à todos) e da sua presença rígida que balançava a cabeça sempre em negativa ao que eu fazia, mas também sempre com um sorriso no rosto.
Minha querida Dona Maria de Lourdes, por favor, espere por mim…
Amor, sua eterna Luna.
2 notes
·
View notes
Classical Music in La Corda (Part 2)
Related Links:
An Introduction to La Corda
Classical Music in La Corda (Part 1)
(Article also available on Medium)
===
La Corda d’Oro (Kiniro no Corda, 金色のコルダ), published by KOEI in 2003
The below list of pieces appeared in the game La Corda d’Oro that was first released on September 19, 2003.
===
Air on the G String (G線上のアリア)
Composer: Johann Sebastian Bach (バッハ)
Category: elegant (清麗)
Keywords: passion, compliment, determination, reputation, aura, people, confidence, flower, life
This piece originates from Bach’s Orchestral Suite №3 that is called “Air”. In the arrangement by August Wilhelmj (in 1871), the violin melody is transposed such that the entire piece can be played on the violin’s lowest string (i.e. the G string). While the original key of Bach’s version is in D major, Wilhelmj’s version is in C major.
Romanze (ロマンスト長調)
Composer: Max Reger (レーガー)
Category: vivid (彩華)
Keywords: resonance, creation, bride, student, education, passion, hometown, youth, home
Romance (Romanze in German) generally refers to any vocal or instrumental piece that has a tender, lyrical quality. This piece, originally for violin and piano (original version), was first published in the magazine Neue Musikzeitung in 1901. It now has multiple different versions, including for flute, clarinet and cello.
Valse Sentimentale (感傷的なワルツ)
Composer: Pyotr Ilyich Tchaikovsky (チャイコフスキー)
Category: gloomy (愁情)
Keywords: despair, dream, admiration, dedication, goddess, love, encounter, suffocation, marriage
Valse Sentimentale is one of the “Six Pieces (Six morceaux) for solo piano”, Op. 51 that Tchaikovsky wrote for the bourgeois salons in 1882. Each of the piece is dedicated to a different person, and the final movement Valse Sentimentale is dedicated to Emma Genton — an important woman in Tchaikovsky’s life. The melancholic melody gives a sense of romance while vividly depicts the image of a beautiful woman. My personal favourite is this version arranged for violin.
Sicilienne (シチリアーノ)
Composer: Anonymous
Category: elegant (清麗)
Keywords: family, children, goal, passion, promise, prospect, career
According to the official fanbook or the game, Sicilienne is composed by the blind Austrian Maria Theresia von Paradis (パラディス). Say even in this online video, the piece is attributed to Paradis. However, latest research revealed that it is very likely a musical hoax by violinist Samuel Dushkin, who published the piece in 1924.
Sicilienne (also known as siciliano or siciliana), is a form of dance music for Sicilian folk dance in Italy, which was popular during the 17th and 18th centuries. The genre is often characterised by dotted rhythms and gives a pastoral feel.
Humoresques (ユーモレスク)
Composer: Antonín Dvořák (ドヴォルザーク)
Category: vivid (彩華)
Keywords: childhood, celebration, resonation, desire, heart
This piece was written when Dvořák returned to his homeland Czechoslovakia (now The Czech Republic) during the summer of 1984. He had been working as the director of the Conservatory in New York in the United States between 1892 and 1895. The piece was originally composed for the piano, comprised of both Czech and American style melodies.
Later, Dvořák’s Humoresque №7 became the tune that can be heard on passenger train toilets in the United States — the singing begins with “Passengers will please refrain from flushing toilets while the train is standing…” (full song here).
Après un rêve (夢のあとに)
Composer: Gabriel Fauré (フォーレ)
Category: gloomy (愁情)
Keywords: sentiment, unrequited love, reputation, farewell, self, dream, quietude, reputation, longing
Après un rêve (After a dream in English) is one of the pieces from Trois mélodies that Fauré wrote for solo voice and piano between 1870 and 1877. The lyrics originates from an Italian poem that recounts a dream where one’s beloved can be seen. The following shows the translation in English by Richard Stokes:
In sleep made sweet by a vision of you
I dreamed of happiness, fervent illusion,
Your eyes were softer, your voice pure and ringing,
You shone like a sky that was lit by the dawn;
You called me and I departed the earth
To flee with you toward the light,
The heavens parted their clouds for us,
We glimpsed unknown splendours, celestial fires.
Alas, alas, sad awakening from dreams!
I summon you, O night, give me back your delusions;
Return, return in radiance,
Return, O mysterious night!
In the game you could play this piece with a violin duet, and I really like the arrangement. Unfortunately I cannot find anything similar online, but this is another arrangement for 2 violins and piano.
===
Thank you for reading!
Reference: 金色のコルダ コンプリートガイド
2 notes
·
View notes