Tumgik
#livreiro
porqueamamosler · 1 year
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"...quando vendes um livro a um homem, não vendes apenas 350 gramas de papel, tinta e cola - vendes a ele uma vida totalmente nova. Amor, amizade, humor e navios ao mar à noite - cabe todo o céu e toda a terra em um livro, quero dizer, em um verdadeiro livro."
Christopher Morley (1890-1957)
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lascitasdelashoras · 11 months
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Jorge Luis Borges, por Bertrand Livreiros
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miedkha · 2 years
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Sabemos todos que nesse tal de Tumblr é cada um no seu cada um, sem saber ao certo se estamos aqui por solitude ou solidão ou putaria entre uma e outra, e que coisas como essa, dizem, não cabem aqui. Mas assumo o risco de parecer ridículo.
A Belle Époque, tradicional e única livraria e espaço cultural no Méier, no RJ, reduto alternativo de saraus, shows, exposições, feiras; ponto de encontro de gente linda, elegante e sincera, regida pelo nosso amado herói e livreiro Ivan Errante Costa, capotou nas chamas essa madrugada, com perda total de um acervo de milhares de livros e equipamentos básicos.
Acompanhamos a luta e as muitas vitórias e derrotas do Ivan desde a semente, quando vendia livros montado numa bike pelas ruas do RJ. E acreditamos que essa derrota seja apenas a véspera de outra vitória.
Contamos com a ajuda de todos que prezam por livrarias que não sejam apenas ponto de venda, mas sobretudo locais de encontro em que se compartilhe a cultura em toda sua abrangência, para reerguer o espaço, simples, mas aconchegante, que serviu de cenário pra sentimentos vários que preenchem a biografia de todos que ali estiveram em algum dos seus instantes.
A Belle Époque é um dos poucos sebos de livros e discos que sobreviveram, resistiam e resistem a essa idade das trevas que nos mantém reféns.
Ajudem no que for possível, com doações de livros, serviços essenciais nesse momento, algum dindin, ou compartilhando as campanhas que já circulam nas redes.
Se cuidem e cuidem dos seus.
Instagram: @livrariabelleepoque
A vakinha já está no ar: https://www.vakinha.com.br/2995777
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poesia · 8 months
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O livro é a porta para o que é o homem, o que é humano. É o testemunho máximo de nossa história e evolução, raízes e anseios – e nosso alcance. Faltam-nos palavras para descrever o livro. Bem, este é justamente um dos motivos deste livro sobre o livro (e sobre a leitura): coligir reflexões as mais diversas sobre o nosso amigo de todas as horas, bem como sobre o prazer que a leitura proporciona, oriundas de autores, tempos e culturas os mais variados.
A reflexão sobre o livro e o incessante e multiforme incentivo à leitura precisam estar na base, no “chão” da cultura, para que o edifício se erga e sustenha. Afinal, o livro é o objeto cultural elementar.
Pais e educadores, leitores e escritores, livreiros, editores, políticos, jornalistas – profissionais e amantes do livro e qualquer um preocupado com os destinos da educação e do próprio país encontrarão aqui um ferramental de boa e urgente reflexão. “Munições” (frases e também poemas) para lembrarmos, celebrarmos e promovermos a cada dia mais a Sua Excelência, o Livro.
O livro impresso está disponível no site da Editora UICLAP. Confira: https://loja.uiclap.com/titulo/ua39713/
Formato: 14x21; 112 páginas.
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O livreiro de 72 anos, Mohamed Aziz, localizado em Rabat, Marrocos, passa de 6 a 8 horas por dia lendo livros. Tendo lido mais de 5000 livros em francês, árabe e inglês, ele continua sendo o livreiro mais antigo de Rabat depois de mais de 43 anos no mesmo lugar. Quando questionado sobre deixar seus livros desacompanhados lá fora, onde poderiam potencialmente ser roubados, respondeu que quem não sabe ler não rouba livros, e quem pode não é ladrão.
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Ele é conhecido como o livreiro mais fotografado do mundo. Tem o seu negócio de livros usados desde 1963 na Medina, o bairro mais antigo de Rabat, a capital de Marrocos. Ficou órfão aos seis anos, tentou ser pescador para realizar seu sonho de se formar no ensino médio, mas aos quinze anos deixou a escola porque não podia pagar os livros didáticos, porque eram muito caros para sua família. Frustrado e sem estudos, decidiu abrir uma livraria, colocando os livros em um tapete no chão debaixo de uma árvore e já está à frente de sua loja há mais de meio século, realizando o seu sonho de estudar.
Seu dia é de 12 horas. Antes de abrir a livraria, procura livros usados em outras lojas, para ler e vender. Hoje com mais de setenta anos, diz que com duas almofadas e um livro é o suficiente para se sentir feliz. Ele acumula torres de livros e quando lhe perguntam quantos tem, responde, não o suficiente. Interrompe a leitura, apenas para rezar, fumar, comer e atender e aconselhar clientes interessados em temas específicos. Eventualmente, sua livraria é famosa e muitos turistas visitam-no para comprar algum livro e tirar fotos.
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®️Literatura, arte, cultura y algo más
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euemeuslivros · 4 months
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A autora prova que um livro pode ser bom sem precisar de muitas páginas ou de um enredo extremamente complexo. Muitos querem escrever histórias grandiosas, mas nem todos têm conteúdo para tanto.
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Título: A vida do livreiro A. J. Fikry Autora: Gabrielle Zevin Classificação: +14 Avaliação: ★★★★★
Gabrielle Zevin é uma jovem escritora norte-americana conhecida por seus romances e contos que já foram traduzidos para mais de quarenta idiomas, além de também atuar como crítica literária e roteirista. Zevin nos presenteia com seu oitavo livro intitulado 'A vida do livreiro A. J. Fikry', vale ressaltar que a autora também trabalhou no filme de mesmo nome que adaptou esse romance.
Publicada em 2014 no Brasil através da editora Companhia das Letras sobre o selo Paralela, a obra surge em um momento em que o meio literário parecia abraçar cada vez mais narrativas humanizadas e histórias emocionantes. A trama apresenta diversas reviravoltas que mudam o rumo da vida de A. J. Fikry e nos mostra o impacto que os livros causam nas pessoas e na sociedade retratando lindamente a forma como a vida pode nos tirar coisas importantes para eventualmente trazer coisas ainda melhores e mais significativas para nós.
A trama acompanha o livreiro A. J. Fikry, um homem rabugento que é dono da única livraria na pequena Alice Island. A vida de A. J. parece ter chegado ao fundo do poço, sua esposa morreu, um exemplar raro e valioso que possuía foi roubado e ainda por cima, sua saúde não anda lá essas coisas. A. J. se sente sozinho e desesperançoso, até que um pacote peculiar é deixado na livraria, essa entrega muda a vida de A. J. do dia para a noite e é a partir dela que a história do livreiro se transforma e recomeça. Aos poucos, a tristeza e a solidão perdem espaço e A. J. volta a experimentar a felicidade e através de sua pequena livraria, consegue espalhá-la por toda Alice Island.
A vida do livreiro nos oferece uma história comovente e única que explora a complexidade das relações familiares e interpessoais. Nos mostra como amor, perda e redenção fazem parte da vida e nos entretém com personagens com os quais conseguimos nos importar e até mesmo nos identificar. Dosando bem drama e comédia, Gabrielle Zevin cria uma atmosfera que cativa e fascina os leitores, até mesmo aqueles que, assim como quem vos fala, não davam nada pelo livro.
Os personagens que compõem a narrativa são sem dúvida instigantes, além do núcleo principal, quando conhecemos os personagens secundários a princípio não lhes damos o devido valor, afinal, não são o foco da história, mas a participação que acabam tendo na trama e sua influência no desenvolvimento dos personagens principais é indiscutível, além de terem seus próprios arcos isolados concluídos com maestria.
A escrita de Zevin é simples e rápida, mas ainda assim coesa e coerente. A autora prova que um livro pode ser bom sem precisar de muitas páginas ou de um enredo extremamente complexo, o que ouso dizer, é um mal da literatura atualmente. Muitos querem escrever histórias grandiosas, mas nem todos têm conteúdo para tanto. 
"A vida do livreiro A. J. Fikry" é uma obra que agrada e surpreende. A natureza prática da narrativa aproxima o leitor da história e a linguagem simples agrada a todos os tipos de leitores. A obra foge de clichês do gênero e é uma leitura esplêndida para quem quer se emocionar e fugir do tradicional. Apesar de se tratar de uma história do tipo ‘Ficção Literária’, temos uma trama realista e envolvente que nos encanta e nos prende desde os primeiros capítulos.
Em suma, "A vida do livreiro A. J. Fikry" é uma leitura que explora a existência e gera reflexões profundas acerca da vida e da forma como a levamos. Uma inspiração para aqueles que se sentem perdidos e solitários, um respiro para aqueles que procuram uma história diferente de tudo que já leram e uma leitura essencial para os entusiastas de livros. Aqui a autora nos entrega uma história que toca profundamente os apaixonados por literatura. Resenha por: Martha Cristina IG: @eu.e.meus.livros
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amorpelaescrita · 1 year
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Assim a Livraria Cultura naufragou - Outras Palavras
A triste realidade da falência de uma livraria no Brasil.
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naoedicoes · 8 months
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FRENTE "A Frente é uma revista-postal literária que coloca frente a frente dois poemas, sem hierarquia frente/verso. A Frente não tem verso. Ou terá? Este postal periódico é coordenado por Álvaro Seiça e Mariana Varela, e convoca afinidades poéticas, estéticas e políticas, em língua portuguesa e em tradução. A Frente é trimestral e gratuita. Como não tem fins lucrativos, vive da colaboração e generosidade de autores, tradutores, livreiros e distribuidores." O #1 (Outono 2023) está já disponível em algumas livrarias e lugares/eventos efémeros: https://projects.alvaroseica.net/frente
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momo-de-avis · 2 years
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Olá! Estava à procura de autoras portuguesas porque só leio autores homens em português. Conheces algumas que possas recomendar? Obrigado
Eu leio muito pouco literatura portuguesa.. agustina Bessa Luis e bom, Sophia de Mello Breyner é quase obrigatório. Inês Pedrosa se gostas de literatura light (romance maioritariamente mas n só) de qualidade. Isabel Stillwell tem romances históricos de qualidade
Vou convocar o livreiro cá de casa que ele sabe te responder mais opções
@tuxedosaiyan
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Juventude
Em 1915, o jovem Malraux foi estudar para Paris. À sala de aulas preferia os meios artísticos da capital e nunca acabou o liceu. Tornou-se livreiro e editor e começou a escrever em revistas. Em 1921 casou com  Clara Goldschmidt.
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claudiosuenaga · 2 years
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Bira Câmara e Cláudio Suenaga.
O Jornal Livros do editor Bira Câmara
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
O meu editor Bira Câmara, que é um dos mais brilhantes e profícuos intelectuais do Brasil, talvez o único remanescente de uma antiga geração de verdadeiros intelectuais, conhecedor de praticamente tudo em matéria de literatura e de livros que a maioria desconhece e nem sequer ouviu falar, além de ser um talentosíssimo e notável pesquisador (de religiões, ocultismo, astrologia e de todos os temas insólitos), escritor (autor de dezenas de livros, entre eles o clássico A Farsa da Nova Era: Nem Apocalipse Nem Era de Aquário), artista plástico e gráfico (lembro que foi ele o autor do banner animado afixado na extrema esquerda deste blog), pintor e desenhista (pioneiro em quadrinhos underground e tipicamente paulistanos, com sotaque, além de ter colaborado com a revista Planeta em seus números iniciais), publica sempre que é possível, e muitas vezes dentro das maiores impossibilidades, o concorrido boletim Jornal Livros, que foi o sucessor do saudoso Jornal do Bibliófilo, ambos distribuídos gratuitamente em livrarias e sebos do centro de São Paulo.
Quem quiser conferir e baixar alguns números do Jornal do Bibliófilo, basta clicar nos links abaixo ou entrar no meu site de downloads e procurá-los por lá.
Trago também alguns números do Jornal Livros, entre os quais o de setembro de 2019, que aborda e divulga o meu livro Illuminati: A Genealogia do Mal, sobre sociedades secretas e a Nova Ordem Mundial, que estava então sendo lançado pelo editor Bira Câmara.
Boa leitura a todos.
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Jornal do Bibliófilo
Suenaga, Cláudio Tsuyoshi Suenaga & Câmara, Bira. “Odécio, o livreiro poeta: Sócio-proprietário da livraria Sebo Ao Gaúcho, Odécio Tassinari não só é um apaixonado por livros como também escreve poesias. Conheça um pouco da vida deste paulista, livreiro desde 1950”, in Jornal do Bibliófilo, São Paulo, LCDIFILMES Prod. e Distr. Ltda., abril de 2006, no.1, ano I, p.3.
Câmara, Bira. “Seu Luiz, da Ornabi, o mais antigo livreiro de São Paulo” in Jornal do Bibliófilo, São Paulo, LCDIFILMES Prod. e Distr. Ltda., maio de 2006, no.2, ano I, p.5. Foto de Cláudio Tsuyoshi Suenaga.
Suenaga, Cláudio Tsuyoshi. “Jeronymo Monteiro: O Pai da Ficção Científica Brasileira” in Jornal do Bibliófilo, São Paulo, LCDIFILMES Prod. e Distr. Ltda., maio de 2006, no.2, ano I, p.6-7.
Suenaga, Cláudio Tsuyoshi. “Hilda Hilst: genial, mística e obscena”, in Jornal do Bibliófilo, São Paulo, LCDIFILMES Prod. e Distr. Ltda., julho de 2006, no.4, ano I, p.4-5.
Samchey's Sebo, in Jornal do Bibliófilo, São Paulo, LCDIFILMES Prod. e Distr. Ltda., agosto de 2006, no.5, ano I, Guia do Livro Usado-Sebos de São Paulo, p.7.
Suenaga, Cláudio Tsuyoshi. “Ufologia e contatos imediatos”, p.44-45; “O fenômeno da abdução: Trauma de nascimento?”, p.46 e 47; “UFOs, um mito moderno?”, p.48; “Ufologia e teorias conspiratórias”, p.49-50; “Os militares brasileiros e os UFOs”, p.51-52; “UFOs, folclore, fantasia e desinformação”, p.53-54; “Abdução e contatos imediatos: realidade ou alucinação?”, p.55; in Jornal do Bibliófilo - Almanaque - Ufologia [artigos diversos de Cláudio Suenaga publicados na edição especial anual por ocasião do lançamento de seu livro Contatados, em 2007]. Editor: Bira Câmara. Ilustrações e charges: Bira Câmara e Xalberto.
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conatus · 20 days
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Entenda a Lei Cortez e a tentativa de controlar os preços dos livros
O projeto de lei 49/2015 do Senado, que visa estabelecer a Política Nacional do Livro e Regulação de Preços, foi renomeado como Lei Cortez, em homenagem ao livreiro José Xavier Cortez, após o falecimento deste, um entusiasta do projeto. Apresentado originalmente pela senadora Fátima Bezerra e agora revitalizado por Teresa Leitão, o projeto enfrenta o desafio de estabelecer limites para os…
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falangesdovento · 23 days
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O livreiro de 72 anos, Mohamed Aziz, localizado em Rabat, Marrocos, passa de 6 a 8 horas por dia lendo livros. Tendo lido mais de 5000 livros em francês, árabe e inglês, ele continua sendo o livreiro mais antigo de Rabat depois de mais de 43 anos no mesmo lugar. Quando questionado sobre deixar seus livros desacompanhados lá fora, onde poderiam potencialmente ser roubados, respondeu que quem não sabe ler não rouba livros, e quem pode não é ladrão.
Ele é conhecido como o livreiro mais fotografado do mundo. Tem o seu negócio de livros usados desde 1963 na Medina, o bairro mais antigo de Rabat, a capital de Marrocos. Ficou órfão aos seis anos, tentou ser pescador para realizar seu sonho de se formar no ensino médio, mas aos quinze anos deixou a escola porque não podia pagar os livros didáticos, porque eram muito caros para sua família. Frustrado e sem estudos, decidiu abrir uma livraria, colocando os livros em um tapete no chão debaixo de uma árvore e já está à frente de sua loja há mais de meio século, realizando o seu sonho de estudar.
Seu dia é de 12 horas. Antes de abrir a livraria, procura livros usados em outras lojas, para ler e vender. Hoje com mais de setenta anos, diz que com duas almofadas e um livro é o suficiente para se sentir feliz. Ele acumula torres de livros e quando lhe perguntam quantos tem, responde, não o suficiente. Interrompe a leitura, apenas para rezar, fumar, comer e atender e aconselhar clientes interessados em temas específicos. Eventualmente, sua livraria é famosa e muitos turistas visitam-no para comprar algum livro e tirar fotos.
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hushhush-m · 1 month
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«Não esforço particularmente a cabeça, deixo isso às outras pessoas. Quem esforça a cabeça torna-se odiado. Quem pensa muito tem fama de ser incómodo. Já Júlio César apontava o dedo grosso ao Cássio, esquelético e de olhos encovados, a quem temia porque suspeitava que ele tinha ideias na cabeça. Um bom cidadão não pode inspirar medo e suspeita. Pensar muito não é o seu ofício. Quem pensa muito torna-se mal amado e é inteiramente desnecessário ser mal amado. Ressonar e dormir é melhor do que ser poeta ou pensar. Vim ao mundo a tantos de tal, fui à escola em tal sítio, leio ocasionalmente o jornal, tenho a profissão tal e tal, tento tantos e tantos anos, pareço ser um bom cidadão e gostar de comer bem.
Robert Walser, Basta in O Passeio e Outras Histórias (trad. Fernanda Gil Costa), Granito – Editores e Livreiros, 2001
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eyewearcatherine · 2 months
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👩🏼‍🦱📇Os óculos nerd que eu mais odiava quando era estudante são tão perfumados agora
No entanto, a imprevisibilidade da moda sempre pode matar você uma arma de volta. Quem diria que, em 2023, os itens de TI que as elites da moda têm nas mãos serão os óculos que os alunos tentaram tirar. Mesmo às custas de "fingir ser míope", ele tem que interpretar uma "garota nerd" indiferente e da moda.
1.
Não se aproxime facilmente
Uma mulher com óculos
Acredito que quem tem um olfato apurado já percebeu que os óculos ópticos permeiam o mundo da alta-costura desde o início do ano ou até antes. A sensação de indiferença e alienação refletida pelas lentes coincide com algumas das características da alta-costura.
Tomemos como exemplo a coleção 2023FW da Miu Miu, onde as meninas que se rebelam contra o estilo preppy usam óculos ovais retrô, todos eles são lisos e livreiros com óculos, e há um senso de moda indescritível.
A marca de designer nacional SHUSHU/TONG, que atraiu muita atenção, também usou óculos em forma de olho de gato na série nas últimas duas temporadas. Desta vez, as meninas da SHUSHU/TONG derrubaram a imagem doce que haviam estabelecido no passado com seus uniformes contidos e sensuais, e os óculos que simbolizavam o temperamento "Nerd" foram definitivamente o toque final da coleção.👇👇
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flavia0vasco · 3 months
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PRIMEIRA PARTE
Fome de livro, nas franjas do mistério
Com fome, parei na porta da livraria e disse: que pena, não posso comprar
Falou a mulher como quem olha uma peça de carne na vitrine do açougue.
São duas fomes diferentes: uma do corpo, outra do espírito
A gente não pode sucumbir a nenhuma delas
Dirigiu-se pro açougue. Me dá um pedaço de carne? Disse pro açougueiro. Qual? Qualquer uma. Toma. Mas essa eu não posso pagar. É a mais barata. O estômago contorceu. Um azedume já saía da boca. Na saliva. Voltou na livraria. O livro já não estava mais ali. Na vitrine. Sentiu um estremecimento. Mais esgares sacudiram-lhe o estômago. Salivou. Era quase baba. Parecia que ia entrar em convulsão. Preciso comer, disse.
Entrou na livraria. Pediu. Me dá um livro. Qual? Qualquer um. Mas, tem que ser algum. Me dá o mais barato. Toma. Não posso pagar. O livreiro olhou nos olhos dela. Arrepio. As órbitas saltaram. Correu, sôfrego. Toma.  Esse é de graça. Um brinde. Lançamento. É um conto. Embrulhou o livro num pedaço de papel. Ela o pôs debaixo do braço. Foi pra casa. No caminho viu gotas de sangue pingando pelo chão, do pacote. Deliciou-se. A fome já não a devorava. Era uma sensação boa. Aquele intenso buraco profundo, doído, nauseabundo, comendo-lhe as entranhas, ali. Subiu as escadas. Abriu o papel. Devorou o livro. Estava esquálida, pálida. Voltaram-lhe as cores na face. Limpou os cantos da boca. Arrotou. Pensou um pouco. Não era costume. Deu com os olhos na parede desbotada. Rosa. Não sabia. Alegrou-se. Veio-lhe outro pensamento. Mas, não sabia de onde. Parecia fresco como o sangue que brotava de suas mãos, ainda úmido do papel a pouco desembrulhado. Lambeu os dedos. Delicadamente. Uma vontade súbita incontrolável de fumar a tomou. Nunca fumava. Odiava cigarro. O jeito era ir na padaria comprar um. Levantou da cadeira, ajeitou o vestido, amarrou de novo o cabelo, apalpando-o. A caminho da porta revirou os bolsos, e catou umas moedas em meio a uns tostões. Dispensou a casimira do frio da manhã, girou a maçaneta e saiu.
No hall deu com o português do 103. A barriga dele a comprimiu contra a parede na estreita passagem. Houve uma leve troca de olhares, e um breve aceno de cabeça. Logo estava na rua sob o sol a pino do meio dia. Voaram-lhe pelo rosto folhas ao vento a que espantou. Trouxe a cabeça baixa. Um leve encurvar de ombros. Virou a esquina e uma golfada morna, levantou-lhe o vestido. Deixou. A vista apertada, longe de deter-se sobre a próxima folha a atingi-la, refletia na testa e sobrancelhas franzidas uma ligeira soma de inteligência. Recentemente adquirida. Via mais longe. E diferente. Mais vivo. Sons. Cores. Formas. Sombras. De tanto concentrar-se no cotidianamente perdido, distraiu-se. Uma buzina estridente acordou-a da dormência ao atravessar a rua sem olhar. No susto, tentou correr, tropeçou. Recompôs-se. A toleima voltara.
Na padaria.
Me dá um cigarro. Qual? Qualquer um. A mulher do caixa olhou pra ela, impacientemente abestalhada, sem acreditar naquela burrice à sua frente. Mascava um chicletes, barulhentamente. E fazia bolas. O olho revirado, sob os cílios. Pegou uma unidade. Arrastou pela abertura do guichê. Quero um maço. - Olho revirado/Bola. Ainda mais deeeevaaaagar ... escorregando na ponta dos dedos, depositou-o na beirada. A outra apanhou um punhado de moedas no bolso. Despejou sobre o guichê. A caixa contou:
- Não dá.
- Falta quanto.
- R$ 3.
Chacoalhou de novo, o bolso. --- acho que dá.
- Tá faltando.
- Dá um cigarro
- compra 10.
- Dá 10.
Na saída, viu sair da chaleira da máquina de café a fumaça quente. Se deu conta do aroma no ar. Alguns clientes se acotovelavam no balcão estreito. Vertiam xícaras maquinalmente dos seus lábios aquecidos, entre um tilintar e outro do pirex. O café pairava na prateleira. Pega um. Disse pra si. Mas, não disse. Não podia.
Atravessou a rua de volta. Dobrou a esquina. Deu na portaria do prédio. Cruzou o hall. No fundo ficava o 103. Pensou rápido. Mais uns passos. Cedeu aos pés recalcitrantes. Entre um avanço e outro, retrocedeu. Girou os pés, de novo. Avançou. Alcançada a porta, permaneceu assim por uns instantes, parada. No ar. Num abrir e fechar de mãos, contínuo, como a ativar a circulação, cuja cor foi de um vermelho ao branco da marca dos dedos. Manteve os braços esticados, hirtos, ao longo do corpo. A cabeça meio inclinada pra frente.  Empertigou-se, por fim, passando a mão por sobre a barriga, de modo a compor-se, e puxou o vestido pra baixo na altura dos quadris.
Tocou a campainha. O som reverberou lá dentro entre as paredes ocas, num eco vazio. Ocorreu-lhe, então, não ter ninguém ali. Conteve o impulso de tocar novamente. Resolveu esperar. Demorou um pouco, e a chave logo virou. Do outro lado apareceu o português sem camisa a perguntar com o olhar do que se tratava. Estava com espuma de barbear no rosto, segurando uma navalha na mão, enrolado na cintura por uma toalha branca.
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Sim. Disse ele. O Sr. tem café? Ele ficou calado. Olhou do canto do olho. Desprevenido do pedido estranho. Tirado repentinamente da imobilidade, ganhou vida nos gestos, novamente, e disse: vou ver. Saiu de cena. Voltando logo em seguida com um pote de café nas mãos. Toma.
-  Brigada.
Ele deu com um sorriso amarelo.
Ela subiu as escadas. Abriu a porta. Sentou-se na mesa. O suor pregava-lhe na penugem preta ensopada, atrás da nuca. E colava-se-lhe às costas do vestido. Baforou. Abanou as mãos no pescoço, e atrás da nuca. Soprou o ar, ventilando. Quase num assovio. A aliviar do quentume. Reparou de novo as paredes. Nuas. Nenhum quadro. Agora não entendia como passava os dias ali. Sentada. Quis chorar. Interrompeu-a uma música ao longe. Os ouvidos não estavam treinados, e não reconheceu de que tipo era. Era um barulho. Foi se acostumando. Diferente dos sons da rua ouvidos a pouco, virgens e não trabalhados, estes descolavam-se da realidade tomando natureza  própria e complexa, pensada, transmutada a partir da matéria básica constituinte das notas musicais, dó, ré, mi, fá, sol, l��, si, dó reagrupadas em acordes, arranjos, melodias, ritmo, composição e tema. Mas, pra ela nada disso existia. Era só fluxo. Coçou a cabeça. Desfez um fio solto do cabelo e encaracolou-o. Várias vezes. Enquanto imperceptivelmente seus pés começaram a tamborilar no chão. Os dedos primeiro. Os do dedão. E as mãos na mecha. Assim longamente. A música se aprofundava. Ensaiou um estribilho. Um meneio de ombros com a cabeça, a tomou. O cotovelo apoiado na mesa, perpendicular ao antebraço direito a descansar. Fungou. Não soube em que momento sofria. Só que de repente irrompeu-lhe o choro convulso. Desmedido. Foi intercotado pela Voz. De perto. À moda do pensamento fresco, não sabe-se de onde. A Voz se escondia. Clara. Sinistra. Ordenou. Fume. Obedeceu. Tirou o cigarro do bolso. Pôs na boca. Não tinha fogo, lembrou. Correu na boca do fogão. Acendeu. Não tossiu. Era um velho amigo. Uma longa tragada, dada sentada, a fez demorar-se. Os olhos semi-cerrados. Os dedos a segurar na cavidade V da mão esquerda, quase toda aberta, quase toda espalmada próxima ao rosto. A boca entreaberta, expulsa dali, a golfada no encontro da língua com a garganta, deixando escapar toda a fumaça, muita... Longe.                                                    
- Bom, né! 
Assustou. Olhou para o papel, manchado. Seu sangue ainda fresco, quando já era pra ser coagulado. A Voz vinha dali. Podia escutar a gargalhada. Não achou graça. Mas não teve medo, a princípio. Já reconhecia sua natureza malévola.
- Não me surpreende que não tenhas me reconhecido logo de cara, em meio aos seus pensamentos. Leva tempo para que a consciência venha à tona. Sou eu que cala a sua fome. Por natureza, inesgotável. Implacavelmente saciada à custa de reiterada miséria provinda de suas profundezas toda vez que lanças luz parcial sobre o mistério de sua vida. Estamos em simbiose. Num mecanismo de retroalimentação. Tenho existência própria. Mas, em sua mente, ganho contornos novos. Originais. Não vês como seguras o cigarro? Isso é meu. Mas, o prazer é seu. Vai, fuma. Aproveita. Antes que acabe.
Refletiu de onde vinha o prazer. Mais uma baforada, foi-se. Uma cinza a ponto de cair, formara-se. A música parara. No silêncio entrecortado pela sua solitária silhueta posta de lado sobre a cadeira, a certa distância da mesa era OUTRA mulher: os cabelos meio curtos castanhos ondulados, macios da escova, com o brilho natural, exalando um suave perfume de benjoim. Era bela. Refinada. A outra mão pousada relaxada sobre a coxa da perna, direita, sobre a qual a outra perna pendia. Estava de calça branca e camisa quadriculada em cubos de 5 cm x 5 cm, multicolorida, lembrando uma mini colcha de retalhos. Uma graça. E sandálias de couro brancas, de tiras. Um leve balanço embalava o pé a partir do joelho esquerdo. A cinza que se formara a ponto de cair, foi depositada com calma na palma da mão direita. Iluminou com uma tragada o cigarro. Uma, duas, três vezes, na ponta. Mais cinza. Na mão. Até acabar. Jogou a bituca fora. Na janela. Tinha o cinzeiro, a mulher bela. Seria o caso dela apagar nele o cigarro. Pensou a desclassificada. Mas, a bela mulher não lhe deu ouvidos. Pigarreou. Rude. A dividir espaço com essa pobre que lhe dera vida. A que não tinha cinzeiro, como a mulher bela. A feia. A que teria apagado o cigarro espremido e fedorento no cinzeiro se o tivesse. Mas, não tinha. E além do quê, quer saber, não era esse o seu estilo. Tragado o cigarro, percebeu que vinha sendo o seu sonho também aos poucos. O prazer vinha dessa outra Mulher. A que ela no fundo queria ser. Uma foto da orelha do livro que lia. A escritora mesma, sua projeção ideal. Fumando.
Depois veio a sede. A boca seca. Negra. Da nicotina. Fétida e rançosa. O café. Bebe o café, murmurou a Voz. É tão bom! Relaxa e reanima. Abriu o pote. Botou duas colheradas no filtro, e esperou a água ferver. Despejou sobre o copo americano. Tragou. O amargo. Precisava. Só assim pra tirar a rudeza da língua da nicotina. O ranço. Bebeu em pé, na cozinha. Olhando a janela esguia, retangular. Aproximou mais. A luz a atravessou. Não à janela, ela. Como num prisma a revelar-lhe as cores do arco-íris, imediatamente, começou a se sentir linda. Buscou seu reflexo. Não achou. Era mais gorda. Não gorda. Gostosa. Também não era a escritora mais: outra mulher, agora. Mordeu os lábios. Carnudos. Sentiu-se voraz. O vestido que lhe cabia não a pertencia mais. Teve urgência de tirá-lo. Ali mesmo ficou nua. O vizinho do prédio ao lado a veria, sem reservas. Sentiu falta de outro cigarro. Que volúpia! Queria ser observada. Inteira. Pôs a perna no parapeito da janela, e se deu. Com as mãos passando por sobre as coxas, os seios, o púbis cabeludo ... a mostra. Sentiu-se observada. Sim.                                                Do outro lado, a lhe olhar, ... não era nada.
Só um pássaro, na sacada, de lá.
Mesmo assim exibiu-se para o pássaro, mostrando-lhe ferina a língua. Acintosa e Sensual. Esse, era preto. Parecia um urubu. À espreita de algum mau agouro. Da cozinha, ela andou até o quarto escuro, de janelas fechadas. A pouca luz vinha da sala. Abriu o guarda-roupa. Enfrentou o espelho, mudo. Em sombras.                                                        Ascendeu a luz.                          O Susto.
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Como podia? A sua figura esquelética, quase cadavérica se revelava. Os olhos escuros fundos, a boca fixa num traço só, as maçãs eram sugadas, e o ventre esquisitamente estufado, como quem sofre de vermes. As canelas eram dois cambitos, ligados aos pés chatos, a se sustentarem no vão das pernas penosamente separadas. Horror.
Não sentia um pingo de amor por si própria. Tomou de um cajado do pai, guardado de herança, à beira do móvel, e com fúria repentina e incontrolável atirou contra o espelho espedaçando-o em mil cacos. Alguns ainda a atingiram. Estava imune a dor dos estilhaços. Tamanha a raiva. Insana, pela primeira vez em anos, como nunca se conhecera. E achou isso bom. Sorriu, até. Sentira. O pai a seduzira pequena. Por um décimo de segundo a sua imagem asquerosa de bigode a roçar-lhe o proibido reviveu no espelho a ponto de quebrá-lo inteiro. Até que ponto era responsável por sua figura subnutrida, sua inércia existencial.                                                                                                                                                 /Passou.
Num certo sentido estava momentaneamente exaurida. Da catarse. E se tocou. Acariciou o corpo todo. Que avolumou-se. Na pele da mulher de lábios carnudos. O clitóris também. Cresceu. Inchou. Umedeceu-se. Suspiros. Houve uma convulsão. Prazerosa. Então era assim que uma mulher de verdade se sentia. Queria sentir isso mais vezes. E a primeira providência que tomou foi vestir-se provocante. Mas, não tinha um vestido decotado. Fuçou numa das gavetas de onde tirou uma peça de pano, vermelho, de cetim cheirando a mofo. Três botões, agulha e linha. Espetou alguns alfinetes no pano ao redor do quadril, frouxamente. E deixou a curta minissaia cair até o chão. Pacientemente se pôs a coser. Com natural dom. Abriu as casas, à ponta da tesoura enferrujada, e pregou os botões. Pronto. Tudo certo. Agora era a blusa. Branca, cavada, dava um nó na frente. Deixando aparente a barriga branquela. Assim queria. Foi comprar o pano: assim só de pensar. Que nada. Catou mesmo foi o lençol, arrancado à força da cama, e com o velho marcador azul, das tralhas de costura, traçou um molde de bustiê sobre o lençol - no corpo, do contorno dos seios ao sovaco. Fazia questão de umas pregas, mas não sabia. Desistiu também do nó na frente, não sabia. Enxertou uma tira de pano pras costas. Arrematou depois a costura das bordas pra dar o acabamento rudimentar. Foi pra prova. Sentiu falta do enchimento. A saia abotoou. No final pareceu-lhe tudo uma aberração de carnaval. Calçou o chinelo de tira. Por ora tudo isso era o que tinha pra se virar. Queria agora sair do interior daquelas paredes. Desertas. E quem sabe zerar a sensação de sucção a vácuo a que era submetida sua existência sem cotidiano, enquanto dragada em meio à bomba mecânica.
Não sabia por onde começar. Olhou ao redor e se deu conta de que não tinha memória. Só o cajado do pai, com que às vezes era ameaçada na infância. Foto nenhuma. Uma planta sequer. Um animal. Nada. Vida? Só a que tinha. Um pedaço de pau como aquele, o cajado, tinha mais sorte. Não tinha que lidar com o dilema, a sina, a condição de viver. De certa forma era bom parecer um pedaço de pau. Não tomava consciência de si. Da sua miséria. Mas ela era de outra espécie. Sofria. E tinha que pagar o pato por isso: chegada a hora inarredável algo cutuca, incomoda o tampão que protege da dor. Vivia com fome, soubera. Fome que atravessou a manhã e foi aplacada no almoço. Aplacada. Não fome de coisas banais, superficiais, coisas que de alguma forma permanecem sólidas no mundo, e que nos enganam por não serem verdadeiras; não serem essência. Carecia das coisas mais diáfanas, indeléveis, indizíveis, compartilhadas, vindas da saudade, do amor, da dor, do sonho. A Fome era mesmo dela. Do que não tem nome. Que tal começar por aí. Pelo nome. Um nome. Mas não estava pronta. Ainda.
Faltava a bolsa. Revirou no fundo do armário, no meio dos poucos sapatos velhos e esquecidas quinquilharias, uma velha pochete, que supunha, não ter jogado fora. Achou fácil. Voltou na cozinha, catou o vestido no chão, pondo-o no tanquinho, e pôs a calcinha. As moedas de dez centavos do bolso do vestido, deslizaram parando no ralo. Deixou-as lá. Pegou foi um dinheiro que deixara em cima do tampo da pia, e guardou-o na pochete. Lembrou dos cigarros no vestido, e voltou no tanquinho pra pegar dois. Pôs na Pochete. Parecia que estava tudo em ordem. Só o copo do café, que jogou uma água. E a borra do filtro fora. E fechou o pote. O papel desembrulhado ficou sem mexer em cima da mesa. Não teve coragem de olhar.
Girou a maçaneta e saiu. A pochete trazia no ombro. Enquanto descia suas pernas iam engrossando. Os peitos inchando. A fala amaciando. Os lábios avermelhando, e ficando maiores. Um cheiro diferente, doce, mais parecido com as flores, fez abrir suas narinas aos poucos, os abdutores inflaram. Puxou dos cabelos, e soltou-os de uma vez no ar. Sacudiu-os ferozmente, de um lado pro outro. Ainda os chacoalhou com as mãos. Era uma gata, à portaria. Seu lado onça ainda não se manifestara. O andar macio. Mais requebrante. Não tinha destino certo. Mirou na direção da praça. Um plano sórdido desfigurou-lhe o semblante. Indecifrável. Sentia falta de maquiagem. Talvez pudesse melhor disfarçá-la de suas reais intenções. Um táxi passou a segui-la. Tinha um passageiro atrás. Trazia a janela fechada. E lá dentro o personagem permanecia imóvel. Parecia alto. A lenta perseguição durou mais que um quarteirão, depois do quê um fiapo de janela desceu e, depois de um instante, mais um pouco. Uns olhos cinzentos de peluda sobrancelha grisalha, disse, imperativo: Entra.
Foi a primeira vez. Na loja segurava a carteira nas mãos. Contando os tostões da compra. Na esteira, a mulher olhou o cacetete. Recebeu o dinheiro, invocada. Devolveu o troco. Pegou da sacola, e rumou pra casa, de volta. Já se fazia escuro. Deixou a compra na cadeira de cabeceira, e sobre a mesa o porrete. Foi tomar banho. Deixou a água cair sem culpa sobre o corpo moído, sem enxágüe, há tempos. Lavava também a alma. Que há muito não despia. Voltara a ser a mesma. Mas não a mesma. Algo mudara. Sentia. Ao lavar os cabelos achou o toque mais suave, o braço mais solto, o movimento mais leve. Também olhou com repugnância para o sabão. Rachado, de velho. Com fissuras pretas - e seco - a ponto de produzir lascas à menor queda. Sua pele necessitada de carinho, quebradiça ao menor toque, sugava da água, sedenta, a seiva necessária para sua sobrevivência. Era no fundo a secura que ia em sua alma. Como o sabão, a pele, o maior órgão do corpo, dizia que ele todo sofria de falta de uso. Deu com o olhar em escamas. Teve nojo de si. Quis vomitar. De vergonha, de penúria, de dó, de desprezo, de asco. Da de ainda a pouco, vinda do curso da tarde, repugnada nua ao espelho. Da de tempos imemoriais morta de fome do interregno da hora da manhã.
Secou-se. Dos pés à cabeça. Vigiando os movimentos. Contra a dor. Enrolada na toalha botou os chinelos. No quarto, os cacos estavam no chão. Teve que passar uma vassoura. Catou uma calcinha; e uma blusa velha, a única, grande, de dormir. Soltou a toalha. Dessa vez sentiu de novo sua esqualidez. Algo a incomodou profundamente. Automaticamente, cobriu-se. Havia atenção demais àquele corpo desvalido, desprovido de graça a afligi-la. Toda a falta havida nela como se refletia nele. Nenhuma bondade apaziguava-lhe o olhar. Sempre cruel. Punitivo. Nenhuma ternura. Muito menos gratidão. A casca ditava o ser. Quando na verdade não dita nada. O ser é quem dita. Nem dita, É, simplesmente. Sentou na cama, um momento, desconcertada. Desse pensamento. Que nem era seu. Sentiu falta do espelho. Sentiu falta dela. “Não haveria alguém ALÉM de só carne e osso por trás daqueles traços?” Mas, não verbalizou essas insurgências. Eram apenas uma sensação formigante. Impávida, permanecia parada no vago. A toalha ainda no corpo, ali, sentada na cama. Numa de suas primeiras insurgências. Em seu mutismo parecia intuir que o modo como se via era fruto de uma construção interna. E era preciso modificar o olhar. Mas, não sabia como. Intuía que era a partir de pequenas mudanças. Até se tornarem hábitos. Cuidados. Autocuidados. Beleza era um estado de espírito, e todo bom estado de espírito dava uma mãozinha à carcaça. Quis muito então do nada um estojo de maquiagem.
Após sua pequena iluminação trocou a toalha pela roupa, e foi até a SACOLA. Só bisbilhotou.                                                                     Num susto, deu pra trás num só solavanco. Soltou de uma vez a alça. Era a Voz: Linda! Mulher! Ela olhou meio de esguelha, e arfou baixinho, arregalando um pouco os olhos. O sangue ainda estava ali, úmido. No papel. Continuou: Você vai longe! Me conte as novas. Há algo que se passe em sua cabeça que eu desconheça? GARGALHADA.
Voou no papel, ainda com as marcas das dobras feitas pelo livro, e irritadiçamente amassou-o com todas as suas forças, fazendo uma bola bem apertada, indo jogá-lo rispidamente no lixo, debaixo da pia. Imediatamente uma pontada de alívio alcançou-a. De costas, com as mãos apoiadas na borda da pia, puxou mais forte o ar, inflando o peito. E, relaxando, exalou-o, fechando brevemente os olhos, e abrindo-os logo em seguida. Sentia-se livre. Deu meia volta pra pegar um copo de água, e entorpeceu. As mãos estavam vivas de sangue. Como em carne viva. Pingavam. A mancha vermelha de ambas as palmas ficara gravada na pedra branca. A blusa inadvertidamente encostada nela, ao tentar alcançar o copo americano, estava agora suja também. Num movimento violento pôs-se compulsivamente a lavar o sangue vivente em água corrente, esfregando freneticamente uma mão na outra, na tentativa de fazer o sangue estancar. Mas, a água vermelha ainda corria. O desespero subiu pelo rosto. E instintivamente ela agarrou um pano de prato à mão, e passou a enxugá-las com forte pressão como se tira uma graxa entranhada. Aos poucos, viu que já não molhava mais. E passou a secar entre os dedos. Ao final era só uma mão suja seca de tinta.
(Música: Suspense/Terror).
Suíte 19. Teto espelhado. Fumaça de cigarro. Do lado da mesa, alto, a mão no bolso, tragava. Havia o vaso de flores. O uísque. Depois de gravar essa cena em suas retinas, cerrou a fresta restante da porta do banheiro. Usou o vaso sanitário. Ali mesmo tirou a calcinha, e a minissaia. Em pé tirou o bustiê. A lingerie caiu-lhe bem. Ele fazia questão da cinta. Pôs. Antes a meia calça comprida até os joelhos, transparente. Evitou o espelho. Inconscientemente. Saiu. As grossas sobrancelhas a acompanharam. Tirou um cigarro do bolso da camisa dele de linho branca. Ele acendeu. Ela tragou. Sustentou o olhar. Passou a tirar-lhe o cinto. Devagar. Mais perto, ele grudou o meio da coxa nela. Entre as pernas. Esfregou. Teve uma ereção. Tomou um gole do uísque. Com o cigarro pendurado no canto da boca, desabotoou o botão de cima da camisa. Ela o ajudou com os demais. Alisou a mão no peito meio cabeludo, e o deixou sentir os cabelos longos, loiros, enquanto beijava-lhe os ombros, prendendo-o pela cintura. Ao fumar, uma fagulha acendeu sua pupila. Largou o cigarro. Ele a imitou. Um beijo estonteante e sôfrego tirou-os do jogo de sedução. Era animal. Deram com a língua na língua. Fora. Esfregando. Ele pressionou o glúteo dela com uma mão e deslizou a braguilha da calça pra baixo, botando o pênis pra fora. Ela sentiu pulsar na vagina o toque grosso sobre a sua calcinha. Molhou. Ele começou a tirá-la. Desfez as ligas. Ela tirou a blusa. Dele. Desceu a calcinha até o chão. Foram pra cama, abraçados. Aos beijos. Ele tirou a calça antes de deitar, e ficou de cueca. A sensação era absurda. Ela teve um forte desejo ao ver o acentuado volume. Sentiu o toque. Duro. Queria ser engolida. Atormentada. Alguma dor em meio ao prazer. Pegou na cômoda o cacetete, do sex shop, onde passaram antes de ir pro motel, agora ali ao alcance das mãos, e entregou a ele. O olhar depravado que ele lançou sobre ela jogou-a no delírio entre o medo e a excitação. Virou de lado, a bunda. Em doses homeopáticas, com pequenas batidas, ele atiçou uma pequena sensação de dor. Uma pancada bem dada aumentou a potência. Formou-se uma vermelhidão. Mudou o lado do açoite, e repetiu o ritual. Num golpe que pegou toda a bunda tirou um alívio excitante de dor. Também pego na provocante submissão, ele sentiu crescer o poder. O pau.  Aumentaram os golpes. Os gemidos cresceram. Os golpes. Das nádegas, subiram pras costas. Aumentaram os barulhos. Foram perdendo o controle. Os gemidos viraram gritos e os gritos viraram urros. Ele tirou o sutiã dela. Deitou-a na cama. E abriu-lhe as pernas. Ela olhou-o no alto do espelho e, sem querer, viu a própria imagem refletida, asquerosa, sobrepujada pelas costas sardentas dele, e foi tomada de um grande horror. Num misto de espanto e prazer, já não mais era a atraente loira de cabelos compridos. Era a torpe morena embranquecida, feia e esquálida, do espelho do guarda-roupa. Ouviu sem rodeio a Voz invadir o seu  cérebro, sem espaço pra luta: acerte-o/
Ele inseriu forte o pênis em sua vagina e ela gemeu. Longamente. Se contorceu. Ouviu novamente a ordem. Acerte-o. Na cabeça. Apenas a cabeça. Ele contorceu sobre ela em pequenos e vigorosos movimentos ondulatórios, aumentando o ritmo. Em um minuto uma chuva de líquidos chegou ao seu clitóris. Um frio gélido intenso subiu pela sua barriga, em meio a suas pernas, cada vez mais avassalador. Sentia uma descontrolada convulsão tomar todo o seu corpo como se fosse enlouquecer. Um frêmito insuportável a sacudiu pelo corpo inteiro, em agonia e êxtase. Soltou um grito dilacerado e incontido, e irrompeu numa dor intensa e aguda .                                                    Tinha gozado.      
Ele virou-se meio sem fôlego pro lado, de costas. Pôs a mão na testa, pouco suada. Ela acalmou. Não se olharam. Ele levantou e foi pegar um cigarro. Na cama, acendeu. Deu uma tragada. Passou pra ela. Ficaram assim por um tempo, fumando. Só aí ela se deu conta do inchaço nas costas. A bunda latejando. Sentou-se junto à cabeceira sem encostar. Ele deu um último trago, e apagou. Sem avisar, virou pro lado e dormiu.
Lembrou da Voz. De alguma forma ela se vinculava ao plano já traçado precocemente, contido naquele semblante outrora indecifrável. Era Ela por trás de tudo. Sem perder tempo, pulou da cama, cuidadosamente; a dor a moer seus ossos, e músculos. Sem pestanejar, pegou o cacetete na beirada da cama, e com força descomunal, vinda sabe-se lá de onde, acertou em cheio a cabeça do homem.                                                                                /Sentiu-se bem.
 Leve. Fuçou o bolso de trás da calça, caída no chão, e tirou de lá a carteira de couro. Abriu. Um maço de notas a enchia. Era o que queria. Correu pro banheiro. Vestiu a roupa. O chinelo. Pegou a pochete. Enfiou nela a carteira. Voltou na cama. Tirou a meia calça. Botou a calcinha. Trouxe o cacetete na mão. Foi até a mesa, redonda. Tomou num gole o resto do uísque. E dirigiu-se pra porta, por onde saiu.
Agora acordada do transe, ainda na cozinha, dava-se conta do alvoroço vindo da portaria. Abriu a porta e, da pequena abertura, viu a polícia junto do português, que batia boca com uma mulher de quinta categoria. Queriam levá-lo pra interrogatório. Ele esbaforava pelo bigode, o rosto gorducho vermelho, arrematando os braços, exigindo o direito de ficar calado, e só falar com um pedido de intimação. Ela sem aceitar, insistia com a polícia que o levasse, e o chamava de escória da sociedade e porco mentiroso. Prometeu na saída botá-lo na cadeia. A polícia explicou que não podia fazer nada no momento, e puxou-a até a viatura, prometendo deixá-la na pensão. Esbravejando, ela relutou ainda, e foi vencida, enfim. Botaram ela na viatura e, junto com as luzes da sirene, sumiram. O português fechou a porta de vidro, e esbaforido, deu com a cara da vizinha de cima, metida na porta, a bisbilhotar. Subiu-lhe o sangue à cabeça, de vergonha de vê-lo ali, parado, a fitá-la com o olhar franzido, de reprovação. Bufou, e entrou pelo corredor. Bateu a porta.
Ela também fechou a porta, e foi dormir. O cabelo ainda úmido. Fazia um pouco de frio, e cobriu-se com uma manta de lã, fina. Ao esgueirar-se sobre a cama, quis esticar o corpo, e não conseguiu. Encolheu. O resultado da sova a punia. Também não tirou a mancha da blusa antes de deitar. Dormiu com ela no corpo, sem ligar.
Meia hora depois.
O português. Fechando a porta trouxe o chapéu na mão. “Um Pork Pie aba curva preto, de lã super macia”: fazia sempre questão de explicar à inquirente freguesia da botica onde trabalhava, durante o dia, como vendeiro. Fazia questão de tirá-lo sempre que atendia. Descansava-o sobre a barriga, enquanto segurava-lhe as abas. Gravada na fita, uma Caveira prata, níquel, o personalizava. Trancou a porta. Botou o chapéu. Na cabeça, calva. Segurou. Soltou. Balançando os braços abertos dada a circunferência abdominal, foi até a portaria. Tinha colocado suspensório, e um paletó preto puído. A blusa branca de algodão, sem manga, vinha enfiada na calça, pega-frango, que mostrava na barra, dobrada, a grossa botina preta descortinada através da meia. Fina, marrom. A pé, atravessou o trecho do bairro que levava até o metrô, na altura da praça. Desceu no centro. Parou na tabacaria. Pediu um charuto. Pôs no bolso. Saiu. Caminhou até o bordéu. Na mesa redonda de jogo se reuniam os amigos. Foi recebido pela escolta de meninas à entrada. Distribuiu gracejos, dentre os dentes amarelos. Era um bom vivã. Os amigos o esperavam. Tirou o chapéu. O paletó pôs sobre o braço da cadeira. Tomou o seu lugar. A primeira rodada do carteado teve início. As conversas deram lugar às piscadelas, aos sinais furtivos, aos acenos de cabeça, à fumaça dos cigarros, ao trinado das pedras de gelo nos copos de vidro, ora de uísque, ora de menta. À leitura labial. Na mesa soavam os sons dos descartes das cartas. Zaps e flushs se sucederam. Parecia estar num bom dia. Nas outras mesas quadradas, de madeira, ao lado, os clientes faziam falta. Ainda não se aprofundara a noite para vê-los chegar. À esquerda, o balcão de tampo de madeira, pesado, acompanhado de banquetas redondas, servia os drinks pedidos, já velhos conhecidos. Pediu um conhaque. Acariciou o bigode. Chevron. Um cacoete. Acendeu o charuto. Até o fim manteve-o no canto da boca, vez ou outra, segurando-o, entre o indicador e o polegar, para dar espaçadas baforadas. Urros. Murros. Gritos. Risadas. Passaram boa parte da noite assim. Por fim, veio o derradeiro final. Tinha quebrado a mesa. Saía com uma bagatela de causar inveja. Levantou. Espicaçou os companheiros abanando um maço de notas, no ar, e foi até o balcão. Paletó e chapéu na mão: pediu outro conhaque, e virou de uma vez. Pegou outro. Virou. Pegou no braço de uma das meninas -- a de sempre – e, já tonto, levou-a na direção do quarto. Atravessou entre os freqüentadores do salão já cheio, e subiu as escadas. Cambaleando. Pisou a sacada, cercada pela balaustrada. Entrou no quarto do meio. A moça ficou nua. Tirou então a alça do suspensório, e o resto da roupa, ficando só de cueca e meia. Montou em cima dela. Sem deixá-la respirar. Esfregou a cara na dela, espalhando beijos e o hálito de álcool, segurando em torno dos ombros. Apossou-se do seu corpo, desajeitadamente, fazendo subir e descer as pernas, alternadamente, como se a escalasse. Enfim, com esforço, tombou pro lado, fez uma ginástica pra liberar a cueca bege de debaixo da bunda, e baixou-a até os joelhos. Empurrando mais um pouco, desvencilhou-se dela, num último movimento de pernas, com chutes. Subiu de novo em cima da moça, e cavalgou-a, até penetrar sua vagina, e gozar. Virou pro lado, e tomou ar. Bem cansado. Pôs a mão no peito liso, e deixou o ar voltar. Recuperado, beijou a ponta dos dedos da mão da moça. Com devera devassidão. Um a um, e direcionou a ela um olhar malicioso, perverso. Deu com um sorriso amarelo. O prazer a despertar-lhe os instintos mais insólitos e febris. Pensou na navalha, que trazia no bolso interno de seu paletó, junto ao lenço encardido de sangue escarlate repisado. Com sofreguidão, resistiu. Não a usaria ali. Nem poderia. Todos o conheciam no prostíbulo. Dando-se conta da bebida, ainda meio zonzo, bateu com a cabeça no travesseiro, e sem ceder ao seu oscilante temperamento, irrascível, ao extremo, virou de bruços e dormiu. Roncou o resto da noite.
Pela manhã, desviou a rota habitual. Foi ter à porta da pensão. Empunhou a navalha por debaixo da manga do paletó. Os raios da manhã, mal despontavam. A mulher desqualificada da noite passada estava na gerência, sozinha, atrás da bancada. Ficou sem ação, ao vê-lo repentinamente. A fisionomia dele se transformou. Ficaram duros os vincos entre as sobrancelhas. ­­---- Despenteadas, pareciam mais pretas e abastadas. Um olhar maligno, odioso, em meio aos veios ---- rajados e chispantes ----- das órbitas, clamava por vingança. A boca comprimida tencionava todo o rosto, hirto. Colérico. Em poucos passos, alcançou lépido, de um jeito quase nunca visto, a cabeça da vítima, puxada violentamente, pra trás, pelos cabelos, e desfechou-lhe certeiro o corte preciso. Na garganta. Ela tombou inconsciente, sem chance de reação.  
07:00. Abriu os olhos. A noite não dormiu direito. A dor não deixou. Imóvel na cama. Agora queria um café. Tentou pôr o pé pra fora da colcha. O outro. As costas reclamaram ao tentar levantar. Fez um esforço. Ao sentar, urrou. A bunda a impedia. Voltou a deitar. Acordou só no outro dia.
Ao passar pela mesa, meio manquitola, teve raiva do cacetete. Quis num ímpeto se desfazer dele. Pôs sobre ele a mão. Mas, desistiu, ao toque. Duro. Como quando tocara por sobre a cueca. Uma onda de prazer a tomou. Podia repetir a dose. O Gozo. Lembrou. Ficara em si a inebriante sensação. Agora tinha uma memória. Começava a ser alguém. Mesmo sendo objeto de uso. Mas, era seu o prazer. Ninguém o tirava.
Fez um café. Associou com o cigarro. Era si própria de novo. Não quis antes da bebida, um. Voltara-lhe a aversão. Prendeu o cabelo. Lavou o vestido no tanquinho. Pegara antes as moedas, já sem precisão, do ralo. E os sete cigarros, que pôs na pochete. Do banheiro veio com a calcinha. Lavou. Curva. Durou três dias, assim. No quarto, aliviou. Não tinha fome desde que comera o livro. Reparou.
No quinto, no caminho da cozinha, ao passar pela sala, se deu conta da SACOLA. Deu de abrir. Nesse instante, bateu-lhe a Voz sem saber bem distinguir se era a de antes, a da sangria desatada - quando jogou o papel debaixo da pia - ou outra, de alguma outra natureza. Era mesmo a de outrora, a tal Misteriosa, espreitando-lhe o pressentido vigiado movimento. Esteve certa então que o seu inconsciente à luz do conto se movia. E a prova disso, era o papel desembrulhado à sua frente, que se abria novamente e de forma inexplicável sobre a mesa. Linda Mulher! Vamos dar uma volta...
HIPINOTIZADA, tirou o vestido NOVO da sacola. Decotado. Tomara que caia. Justo. Na altura do meio da coxa. Vermelho, florido, delicado. A sandália era de um dourado metálico, acompanhando os detalhes dele. Trespassada, com uma tira pra cima dos dedos. O salto era médio, como de um tamanco. Confortável. Botou o vestido. Enfiou o pé na sandália. A bolsinha a tiracolo, também dourada, fez o resto. Soltou o cabelo, escovou com as mãos. Colocou de molho a blusa suja de sangue esguichado da porrada na cabeça do cara, e pôs de molho também a calcinha. Pegou uma outra no varal, vestiu. Apontou pra porta, e saiu.
A roupa nova moldou-lhe o caminhar. Tolo, débil, destreinado, apalermado, desenxabido para natural. Faltava-lhe a graça, contudo. Mas, progredia. Tanto que descolou logo o pretendente. Na praça. Fechou o valor. Valia o estojo de maquiagem, mais um vestido. Dispôs do próprio apartamento para o intercurso. A cama de solteiro dispensava manobras. Encurtava os movimentos. Mas, queria mesmo era se experimentar, na verdade. Decidiu, ali, com as mãos apertadas nas nádegas do sujeito, os olhos abertos, e as pernas engolfadas nas dele, comprar uma cama de casal. Dito isso, o ato foi mecânico. Rápido. Concentrou. Relaxou. Gozou.
O mês trouxe presentes. Enfeites. Caprichos.  Mimos. Para a casa. Cujo cenário entorpecido pela sua mente era a metáfora para o vazio existencial em que vivia. As paredes vazias ganharam quadros, o parapeito da janela, suculentas, o centro da mesa, magnólias, o quarto de cama de solteiro deu lugar à cama de casal, com duplo jogo de cama, o vão abaixo da pia, ganhou cortinado, o filtro de barro, capa. O rosto, vida. Com a maquiagem. O corpo, roupa. Faltava, o espelho. Do guarda-roupa. Aquele em que se reconheceria. Ficou intocado o copo americano. Costume. Paralelamente, a cada luxúria a que se entregava aflorava seu sexo feminino, suas vontades ardiam mais, seus encantos eclodiam. Aos poucos, sua transformação se evidenciava em sua nova pele de meretriz contumaz em troca de pequenas epifanias cotidianas que ressignificavam sua vida insignificante. Esse movimento se fazia ao contrário da devassidão e usual decrepitude atribuída à vida mundana do meretrício. Adquiria traços de exuberância, lascívia, independência, mordacidade, feminilidade e perversidade. Subia-lhe instâncias mórbidas de fetichismo. Tragava-lhe a surra de porrete, de chicote, o jogo de venda, o quente e o frio, a pistola, o prendedor de mamilos, a corda, e o insulto.
Em um dia, na monotonia de um domingo, repetiu-se sentada na sala. A olhar o vazio. Mas, não era nada. Só imensidão. As paredes róseas já não lhe desbotavam os olhos, os quadros enchiam suas vistas, a música vinda de fora, de manso, chegou então até seus ouvidos, agora desvelada. Era um bolero. Soube em cheio pelo velho radinho de pilha, quebrado, esquecido no meio das quinquilharias do armário. Lembrou: era amante desse tipo de música, além da brega, em outros tempos sempre presente em meio à faina da máquina de costura da mãe. Um ofício herdado só amadoristicamente por ela para proveito próprio. Agora a máquina estava ali, no quarto, encostada, ao lado do armário, silenciada, quase empenada, enferrujada, carecendo de óleo. E da agulha. A teia de aranha a avançar-lhe porta adentro, na caixinha vazia de aviamentos, e sobre o descansado pedal. Os pais, agora mais velhos, mudaram de cidade. Foram morar com o filho primogênito no interior. Venderam a casa antiga de três quartos, com puxadinho e quintal grande, coberto de árvores, em troca do apartamento no bairro de periferia, para a filha esquisita, e guardaram o restante do dinheiro para os imprevistos do futuro. Aos poucos, ela se lembrava de quem era. Mas, essa lembrança ainda doía. Lhe ocorreria ainda descobrir, em si, o que ainda não sabia. Uma autodescoberta. 
Como da outra vez a música se aprofundava, o bolero. Ensaiou um estribilho. Um meneio de ombros com a cabeça, a tomou. O cotovelo apoiado na mesa, e perpendicular ao antebraço direito a descansar. Não soube em que momento, percebeu que quase não mais sofria. O choro convulso não lhe irrompeu. Nem a Voz, perto, intercotou seu íntimo. Estava de algum modo já acostumada a ela, como que amalgamada em suas torpezas e à luz de suas revelações epifânicas, cheias de subjetividade. Às vezes, a Voz se pronunciava. Cada vez menos.
O papel, contudo, permanecia ali. Encharcado. Mas, mudo. Como uma reminiscência constante e indubitável da metamórfica refeição. O conto. A música ainda não acabara. Talvez pela prazerosa invocação vinda do cigarro atrelada à escritora, fumou um. E dançou. Flutuando, colheu no peito o arranjo de magnólias, e fez delas seu par. O laivo de aroma inundou-lhe as narinas, impregnando-lhe os cabelos, como outrora fizera o benjoim. Agora, era pega de surpresa, por vezes, a alisá-los, como supunha o fizesse a escritora. Cortara-os até. Esse refinamento contrariava, curiosamente, sua agressividade crescente.
A campainha tocou. Era o português. Trazia uma garrafa de vinho barato debaixo do braço, e uma carteira aberta nas mãos. Exibiu uma nota de 100. Passado algum tempo, desde a última vez que vira a bisbilhoteira, testemunhara a entrada e saída de homens, com habitual freqüência, no espaço destinado ao vuco-vuco. Estava certo da impossibilidade de recusa. Encostando-se à porta, sem antes puxar do braço dele o vinho, deu passagem ao vizinho, supostamente acusado, de algo, e jurado de ser posto atrás das grades. Deixou a porta atrás de si, na cozinha, e foi direto ao copo americano. Despejou nele um tanto que o encheu, e deu um gole. Passou para o visitante misterioso. Sentiu falta do outro copo. Não atentou para o seu uso eventual. Pesando o silêncio, entre olhares a se estudarem, ele tragou do bico da garrafa o gole a mais. Pousou-a na pia, e tocou os ombros da rameira. Massageou-os, de frente. Esfregando com a ponta dos dedos. Ela se deixou facilmente. Não demorou estavam no quarto semi-nus. Ele de cueca e meias. Ela de calcinha e sutiã. Na cadeira com almofada, da velha máquina de costura, deixou o paletó, dependurado, e sobre a almofada, a calça, a blusa e o suspensório. Aos pés, a botina. Ficaram bolinando no espaço entre a quina da cama e a cadeira. Um vulto intrigante, pétreo, correu-lhe o olhar, pestanudo, subitamente transtornado. Agora era estranho o homem à sua frente. De repente, eram os olhos de um assassino. Ao sentir-se a próxima vítima, o excitante perigo percorreu-lhe a espinha. Como há muito não experimentava. Lembrou do cacetete. Suas evocações. Sadomasoquistas. Uma lâmina atravessou o seu rosto. Ágil, vinda do paletó. A mesma que vira levantada naquela mão, no momento em que o conhecera com a espuma de barbear no rosto, e a toalha pendurada na cintura. Arredaram, os corpos colados, até o meio da cama. Deitaram. Ele percorreu o corpo dela, todo, com a navalha. De cima pra baixo, de baixo pra cima. Na altura do pescoço, pronto para insuspeitadamente desferir o golpe. A vista embaralhou-se. Um bocado dela escureceu. Uma por uma, foram surgindo à sua frente todas as suas vítimas. Todas prostitutas. Um tremor subiu-lhe o pulso, em seguida tomou-lhe todo o corpo. Foi forçado a achar um jeito de se sentar. Na tentativa, a navalha escapou-lhe, trêmula, até o chão, sob o tilintar do choque metálico. O mal-estar súbito o deixou à beira da cama, com extrema falta de ar e confusão mental, a ponto de uma síncope. Engasgava e tossia. Enquanto agonizava, ela levantou-se, foi até a carteira, abriu-a. A nota de 100 estava lá. Verdadeira. As outras eram falsas. Cédulas de jogo. A mentira despertou-lhe a ira incontida. De novo a Voz comandou seus movimentos, que já não mais dominava, e a imagem do porrete veio-lhe à cabeça, no momento em que acertava o homem na suíte. Voltou hipnótica, sabendo o que fazer. A Voz não mais precisava ditar-lhe. Num giro, avançou sobre o meliante, que já engatinhava sufocado e, segurando–o pelo pescoço, desferiu com a navalha, retomada do chão, de viés, um golpe certeiro na jugular. O sangue esguichou curvo no ar empoçando o piso. Rapidamente, abriu o guarda-roupa, e retirou de lá um retalho de lençol, que apertou sobre o corte, de modo a estancar o vazamento. Depois de perder os sentidos, sem um grito, o corpo deu como morto no chão.
Publicado neste blog: 09/02/2024
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