Tumgik
#É o brilho máximo de tudo assistido do começo ao fim...
victor1990hugo · 1 year
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aartemorreu · 3 years
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Afrodite #32: Canalização
Num dia crucial auxilio uma amiga num término e relembro meu próprio, que aconteceu há um ano atrás exatamente. Venho até esse blog para escrever algo sobre isso mas algo me para. O trecho de Marli Ribeiro Meira que se torna uma frequente citação na minha vida. Reparo que, nos últimos meses, não consigo atrelar-me ao mundo. Quero isolar-me ainda mais de todas as situações mas tal situação não é somente impossível: é contra minha natureza. Minha natureza me pede conexões. Eu amo. Amo muito, mais do que tudo. Meus amigos, minha família, o mundo. É tudo demasiadamente belo pra que eu simplesmente esqueça-o. Para que eu finja que ele não existe para viver algo que não é dele.
E mais uma vez essa desconexão se reflete em mim, em meu estômago, em meu coração. Os chakras de Afrodite. Meu plexo e meu coração pesam, doem, se fecham.
Num golpe de sorte, recebo a recomendação do Youtube do canal do Lennon Ferreira, um devoto de Afrodite há muito tempo seguido, mas nunca assistido. Lá um vídeo: Canalização de Afrodite.
Não ter canalizado sempre foi umas das minhas maiores decepções como wiccana. Queria sentir como era, o que é, e tudo o que envolve uma canalização. Tentei inúmeras vezes e, na minha visão, falhei em todas. Até hoje.
No vídeo ele explica que, para ele, a energia de Afrodite é muito calma, quase contemplativa, e que constantemente seus devotos se põem em movimentos de ondas, de balançar, de giros, quando estão com Ela. Essa situação fora mencionada aqui há dezenas de textos atrás, mas não sabia que estava tão próxima Dela. Até hoje.
No vídeo ele conta de banhos especiais que ele preparava para Ela. Para se banhar e passar óleos perfumados no corpo para rituais com Afrodite. Havia feito isso hoje mesmo por pura intuição.
Quanto mais ele explicava mais via que era o meu estado natural: preparar o meu corpo para Ela. Preparar meu espaço para Ela. Tudo era naturalmente voltado à Ela. Então por que havia esquecido? Por que não conseguira até ali tê-la fundida à mim mesma?
Tudo na minha vida havia me preparado pra isso.
"Então você está pronta?" - Ela pergunta "Sim. É natural como respirar. Sou sua, sempre fui, sempre serei. Faz parte de mim como todo o resto. Estou pronta." "Pode encerrar o vídeo. Vamos"
Pauso o vídeo, pego água, miro as frutas e doces no altar dela, presentes que havia deixado ali algumas horas antes
Minha intuição gritava: olhava a maçã no altar e sabia que iria comê-la com Afrodite em mim. olhava o espelho de mão e sabia que me veria com outros olhos através dele. colocava a água no altar sabendo que eu a beberia no momento apropriado.
Faltava a música. O que me trouxe pra Afrodite pra início de conversa: Invoking Aphrodite, o álbum da Layne Redmond.
Sabia que demoraria. Sabia que precisaria preparar meu corpo pra Ela. Sabia que o ápice seria com seus epítetos em The Call.
Primeira música: Invoking Aphrodite. O fragmento de Safo. Purifico o espaço com ervas. Acendo a vela com o isqueiro dado para mim por uma ex-namorada. A vela, com essência de mel, ladeia o cálice dourado repleto de cristais. Me purifico com as mesmas ervas. Sinto que a recepção fora aceita. Ela viria. E estava perto. Sinto o vento entrar pela janela, meu corpo inteiro se arrepia. Segunda música: O Epitáfio de Seikilos. Tudo na minha vida gira em torno dessa canção. Eu tenho um vasinho de cerâmica com sua inscrição, que está também tatuada em meu pulso. "Enquanto viveres, brilha...". A Frase ressoa, o brilho do cálice resplandece quando phainou é dita na canção. Tomo em minhas mãos o vasinho, cheio de água potável. Como Ganímedes despejo a água no cálice e seguro-o perto ao meu coração. "Pois o tempo é breve e a Morte cobra seu tributo". Sou mortal. Nunca serei nada mais que isso. Mas estou com Ela. Vagarosamente fecho meus olhos e mergulho alguns dedos na água, deixando que eles se encharquem. Pingo gotas em minha nuca, em meu pescoço. Sinto as gotas correrem para baixo e sinto toda sorte de purificação acontecendo nesse trajeto. Sinto minha própria pele arrepiar com o frescor da água, a textura úmida, a sensação de liberdade.
Terceira música: Hymn to the Muse. Sinto Afrodite próxima de mim, mas ainda falta algo. Concentro-me na canção e gradualmente vou libertando-me das amarras cotidianas: minha blusa é atirada pro canto da sala, meus cabelos são soltos. Sento-me, ajoelho-me, agacho-me, fico em todas as posições possíveis até deitar-me com a barriga no chão sentido o chão frio contra mim e sentindo como se ondas passassem pelo meu corpo e eu não fosse nada mais do que areia. As ondas levavam embora todo tipo de coisa pesada que havia dentro de mim, soltando-me dos nós que eu mesma havia me imposto.
Quarta música: The Last Delphic Oracle. Numa sequência aos movimentos anteriores, Afrodite junta-se à mim como se em um plano paralelo. Estamos ladeadas, mas não unidas. Ela me move para fazer algumas posições de ioga e se deleita na possibilidade de estar em um novo corpo. Sinto mais e mais a soltura das questões mundanas e entrego-me mais ainda à Ela. Ela começa a tomar mais e mais conta de mim e começa a fazer as coisas que havia prometido de início: morde a maçã dentre as oferendas, mas ao ver meu desconforto com a quebra do tabu de comer a comida dos deuses Ela me permite mais tempo de aclimação com Ela mesma. Bebe mais e mais da água, visualizando-a preenchendo-me e purificando-me a todo momento, brincando com jeitos diferentes de tomá-la. O que culmina no ápice:
Quinta música: The Call. Os epítetos entoados por 13 minutos. Ela nesse ponto estava comigo. Era como se eu estivesse bêbada e outra pessoa decidisse o que eu faria, mas eu também decidia. Ela me admirava no espelho de mão: olhava meus olhos, as curvas do meu rosto, minha boca, meu pescoço. Ela sorria, se alegrava de me ver. Num geral ela brincava muito: mexia nos meus cabelos, admirava minha sombra, com as ondas das pontas dos meus cachos tocando o fim das minhas costas, como nas suas imagens mais famosas. Ela observava cada queda e subida que meu corpo fazia e sorrindo numa frequência que sentia minhas bochechas doerem. Quando ela se sentiu confortável em mim passou a brincar mais: comeu a maçã inteira, dançando enquanto o fazia. Invadiu minha cozinha e esguichou mel em sua garganta, mordendo um grande naco da maçã logo em seguida, iluminando o interior do meu corpo com o dourado do mel. Imaginava que estávamos junto de meus amigos e ela os fazia estarem confortáveis consigo mesmos. Me pedia para anotar mentalmente com quem falar e o que ("avisa o Arthur que Dionísio quer falar com ele", "Vai ficar tudo bem com a Beth", "A Helena vai achar tudo isso o máximo".). Ela olhava sua própria estátua e a imitava em mim, demarcando algumas formas ("Os braços pra cima formam dois ovários... Você nunca prestou atenção, né?"). Ela percorre minha pele com minhas mãos e sorri até o momento que a música termina.
Bonus Track: All is Full of Love - Bjork. Quando o álbum da Layne Redmond acaba eu sinto a necessidade de prosseguir. Ela me pede pra tocar "aquela da Bjork". All is Full of Love. Deito-me mais uma vez de barriga para baixo e ouço a letra atentamente. Lembro de Pelotas, lembro das pessoas que conheci lá, lembro daqui, de morar no Centro Histórico, do sentimento do vazio noturno que eu amaria vivenciar lá fora. Sinto vontade de chorar e Afrodite me ajuda a entender: "A menina quer chorar? Pode chorar, não tem problema, mas tudo isso te deu amor e você deu de volta. Vocês todos se construíram e esses feixes estão constituindo vocês como as suas veias, como as fibras de uma árvore ou de um tecido. Você não perdeu nada. Tá tudo ainda em você. Elas vivem em você.".
Bonus Track: Karuna - Stellamara. A música anterior se finaliza. Estou deitada no chão em uma posição quase fetal, visualizando-me num buraco na areia em forma de útero. A música começa lenta e o som do derbak me aviva: a vontade de dançar dança do ventre emerge e Afrodite me ergue do chão já numa dança. Ela me move com movimentos sinuosos, enaltecendo os movimentos do quadril, da barriga e dos braços, pegando minha coroa cenográfica da parede e imediatamente vestindo-a, como se dançasse para uma plateia imaginária constituída dos meus amigos. Ela me guia por essa dança por quase toda a canção em seus extensos nove minutos. Quando me canso ela ri de leve, lembrando da minha condição humana. Sinto que ela quer que eu dance muito mais, mas ela entende e respeita meu limite: o sono e o cansaço começam a se aproximar e pergunto-me quando terei experienciado o suficiente com ela. Lembro-me da ocasião em que dancei Misirlou no Las Vulvas. Senti-me da mesma maneira que estava naquele momento e Ela me confirma que sim, estava comigo ali também. Sentimos que precisamos de um encerramento para que ela possa me liberar para o descanso, e esse fim vem nas palavras de Fiona Rüggeberg.
Bonus Track: Unda - Faun As primeiras palavras de Unda começam e sinto Afrodite como uma participante de uma festa que precisava ir dançar sua música preferida. Ela me instiga: "Vamos, eu sei que você tem a coreografia dessa música feita na sua mente há anos. Põe a saia, põe a blusa e a gente encerra com você mesma dançando ela, que tal?". Apresso-me pra vestir-me e começo a dança. Reparo que meus movimentos ficam significativamente menos fluidos que antes, que danço pelo prazer de dançar, não pela técnica ou a beleza a ser exibida como antes. Não pela suntuosidade de Afrodite presente em mim ao dançar Karuna, mas o rebolar desajeitado e humano de alguém que dançava por diversão. Até ali havia falado pouquíssimo. Havia dado um riso ou outro, mas a maioria do que falava estava só na minha mente. As ocasiões em que Afrodite se encantava com meus dedos dos pés e movia-os, comparando pernas a grandes braços, por exemplo, eram questões meramente mentais. Mas ali, dançando Unda, eu girava, sentia o vento criado pela minha saia, ria, falava sozinha. A canalização se encerrava como um ritual termina: com o cone de poder, criado pela minha rotação em torno do meu eixo. Afrodite se vai, eu agradeço, eu rio, eu fico boba. Como alguém que recém sai de um primeiro encontro bem sucedido pergunto à Ela timidamente se poderíamos fazer isso mais vezes, ouvindo um riso de aprovação em minha mente.
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