21/03/2024
A minha mente reptiliana clama pela sua alma
e de um jeito sacana podemos fazer essa noite
ser criança em lábios nostálgicos de trauma
de dança, andando na praia nus a meia-noite
E talvez descobrir uma nova resposta ao amor,
mas tenho medo dessa velha aposta dar errado,
sou meio azedo e amargo, senhorita, por favor
não parta meu coração letargo, ele está viciado
Em imaginar nossa vida tranquila, lado a lado,
tomando chá de camomila, músicas nos pianos,
conversando o mundo, eu já joguei esse dado,
pode não saber, mas já sou seu de muitos anos.
- Poemas Nublados.
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Proibiram a Guilhotina
Algumas vezes eu ainda
me pergunto se você está aqui
rondando a cidade na vinda
de ver meus olhos de rubi
Já faz tempo que virei zumbi
acordo com desgosto da rotina
quero ser aberto por um bisturi
pena que proibiram a guilhotina
não há revolução sem aquilo ali
Então levo a vida de manequim
esperando rever-lhe qualquer dia
pois embora viver ainda seja ruim
é mais tolerável com sua simpatia.
- Poemas Nublados.
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Balões
A vida um dia veio e me cortou as asas,
eu misturei o desejo de ser criança
com o desejo de não ser nada.
Um vazio brinca com balões.
- Poemas Nublados
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À Margem
Pelas janelas do meu quarto vejo o caminhar das pessoas
sorrindo, conversando alegremente, filhos andam com os pais,
namorados se encontram, amigos se divertem.
Vejo um mar de histórias não contadas, de risadas desconhecidas,
dos laços humanos e de suas pulsões de comédia-dramática.
Rua, rio de novelas não contadas, de rosas colhidas e ensacadas.
Estou aqui, às margens dela. Não existo em seus laços, não remo
pois não tenho barco. Se nela mergulhar, afogo-me em solidão.
Passo os dias assistindo à felicidade alheia da minha prisão interior.
- Poemas Nublados.
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Haicai #2
Nuvens escuras
gotas de chuva caem
vidas florescem
- Poemas nublados
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Haicai 1#
Cristal líquido do céu
inverno de algodão
serpenteia a preguiça
- Poemas Nublados.
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Sangue
É estranho, mas eu sangro
Sangro como se tivesse sido ontem que ouvi aquelas palavras
Tão distantes e frias e bizarras
Tão destoantes e desgraçadas
Tão letais e afiadas
Desde aquele dia, achei que havia sarado
Que não há mais de ser ferido ou cortado
Mas mal sei que ainda sangro por dentro
E sofro por tudo o que foi dito
E tudo o que não foi falado
Me sinto vazio
Anestesiado
Sem motivo
Sem riso
Sem ódio
Sem amor
Sem céu
Sem caminho.
- Poemas nublados.
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Ciclos
Há certos erros que são evitáveis e leves. Vacilos, acontecem. Neles, se pede desculpa, se promete fazer melhor. São fáceis de perdoar
Há certos erros que são evitáveis e pesados. Palavras erradas, comentários ruins, tons grosseiros, traições. Neles, se perde perdão, se promete fazer o melhor. São difíceis, mas para alguns, ainda são perdoáveis.
Há certos erros que são inevitáveis e leves. Comportamentos erráticos, certas respostas e reações à certas situações, frutos do ambiente vivido. Se acumulam, mas assim como arranhões de gatos, saram mais rápido do que ferem.
Há certos erros que são inevitáveis e pesados. São chuviscos de metal afiado que cortam a carne e a mente de quem lhes é vítima. Mas, também ferem igualmente a pessoa que os comete, pois ela é perpétua vítima desses erros e da solidão que eles trazem.
A realidade é que nenhum erro é inevitável. Sempre há uma escolha. Sempre há uma saída. Mas as coisas parecem inevitáveis quando se repetem. Ao se repetir, criam um ciclo. Nessas horas, é bom se perguntar:
— Por que esses ciclos existem e se perpetuam em ti?
— O que os originou?
Ao entender a origem daquilo que constantemente nos faz mal, entendemos também o porquê, o como e o quando de sua existência. Consequentemente, entendemos mais profundamente a nossa.
Olhe para si. Quais ciclos você quer quebrar?
- Poemas nublados.
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Flores de Vidro
Eu não ouvi a sua alma
muito menos seu grito
apenas lhe encontrei
como um anjo caído
estirada nessa calçada
vestida de vermelho
sobre flores de vidro.
- Poemas Nublados.
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Cicatriz sem cicatrizar
Fico triste ao ouvir que você se odeia. Que tem medo de ficar vulnerável. É como se seu coração estivesse marcado de cicatrizes que nunca cicatrizaram e você se acostumou com o sangue delas.
É estranho olhar para uma pessoa tão bela e magnífica e descobrir que nela habita uma visão completamente inversa de si mesma. Distorcida, asfixiada pelos pensamentos e pela insegurança.
Eu queria que minhas mãos, minhas palavras e meu coração pudessem chegar ao seu, e ajudar a fechar essas feridas. Mas nem sempre sinto que você me escuta, não ao ponto de levar ao coração. Algumas vezes, sinto que só chega aos ouvidos, e ali ficam.
Espero que com os dias as feridas que se abriram em ti fechem, e que você não precise se sentir tão nervosa para momentos felizes ou bonitos. Que não se sinta apreensiva ao fazer o que quer, que não tenha medo de ser feliz. Eu espero que você consiga ver o quanto amo você. Quem sabe um dia. É, quem sabe.
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Menina Poesia
Tu és menina poesia, que ama seus laços,
que adora suas fitas, que compõe seus cachos,
que menina harmonia, que de estudo se faz,
que tem letras bonitas, que é mais que capaz
de ser só menina poesia, é poeta e poetisa,
de aprender inglês e coreano, de ficar indecisa,
de ter a voz de melodia, de virar profetisa,
de não fazer plano, e também não ser narcisa
A ti, menina poesia, te dedico esse poema,
tu és a musa que inspira todo esse esquema,
tu és mulher que expira a beleza do cinema,
tu és mais cativante que a garota de Ipanema
Por isso nunca se esqueça, de ser essa poesia
com toda a sua beleza, de viver bem a vida,
de amar com intensidade, de ser a cinestesia
que faz a minha existência ter essa sobrevida.
- Poemas Nublados.
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Eu estou, sinto e quero
Eu estou vivo, mas o mundo continua parado,
me sinto incerto, só certo de ser um fracasso,
me sinto como a matéria que não tem estado,
eternamente o futuro de um inverno nublado.
Eu sinto que nada do que fazemos importa,
que seria melhor ter deixado tudo na porta,
que nossa triste existência já não comporta
viver nesse sistema que sequer nos suporta.
Eu queria ser mais corajoso, ser menos eu
e mais os outros, podia até ser menos seu
assim seria fácil não fazer papel de Orfeu
e deixar de ser poeta, pois pra mim já deu.
- Poemas Nublados.
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Não pertencente
Tem dias que sinto não querer viver, quem sabe até preferir deixar a existência à deriva do meu ser.
Nesses dias me sinto com menos poder, como se eu finalmente compreendesse a imensidão do universo, de tudo e de todos perante à minúscula chama de minha vida. O grão de areia que nota a longínqua praia. A folha que nota a árvore ao qual pertence.
Entretanto, não pertenço. Não pertenço a nada, nem a ninguém. Não sou branco, sou muito escuro para isso. Não sou negro, sou muito claro para isso. Não sou responsável, sou muito jovem para isso. Não sou irresponsável, sou muito maduro para isso. Não sou religioso e sentiria pena da possível existência de qualquer divindade.
Não pertenço a nada, quem sabe pertenço ao nada. Ao negativo. Ao negar de tudo. A antimatéria social de todas os requeridos pertencimentos humanos para se pensar na existência como algo agradável. Ainda assim, sorrio.
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Renovação
Uma palavra aos teus lábios te escapa
e corta-me como faca ao pulso corta,
desnorteado, fico perdido nesse mapa
à procura de direção que me conforta,
carregarei esses cacos para um abrigo,
assim colá-los-ei com seu apático frio,
contudo, não te tratarei como inimigo,
pois tu me trouxeste inverno sombrio
e embora rigoroso, jamais será infinito.
Quando acabar, renovar-me-ei decidido,
que da crueldade florescerá algo bonito
nessa primavera, criarei meu eu sentido.
- Poemas Nublados.
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Apostador
Eu sou uma aposta de vício
aposta a dor (apostador), aposta o vinho,
já posta logo a foto do início
de uma relação sem caminho
para satisfazer a dependência
nos gosteis de um desperdício,
só pela vontade da influência
que te faz querer um resquício
de ser alguém cuja identidade
não depende desse triste vício.
- Poemas Nublados.
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A morte do Eu
Já tanto acusado de ser egoísta
decidi que era hora de matar o eu.
Joguei o corpo ao mar, na crista
da onda para que jamais seja seu.
Lá, flutuará inchado, sem identidade,
sem ter nem idade, por uma sociedade
que sacrifica o Eu de tantos outros
simplesmente para dar valor ao Seu.
- Poemas Nublados.
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Queria
Queria deitar minha cabeça no teu colo
e ouvir as ondas do mar no seu cafuné,
dar um beijo sem destino ou protocolo
com suave sabor meio amargo de café,
Queria sentir a areia entre meus dedos
e ver o teu sorriso abrir o sol no peito,
dançar a meia valsa com teus segredos
que foram guardados com tanto jeito,
Queria não querer, mas também poder
te ter para mim, sem medo de um fim,
sem medo de não ou sim, mas o dever
que tenho de dizer o quanto estou afim
Queria dizer para ti o quanto lhe gosto
e que a tua presença me faz muito bem,
talvez algum dia eu lhe fale, mas aposto
que serão só o querer de um zé ninguém.
- Poemas Nublados.
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