No Santuário Amakashinimasu-jinja, consagrado à Imperatriz Suiko, a primeira mulher a ascender ao Trono do Japão
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga (texto e fotos)
O santuário xintoísta (jinja) Amakashinimasu está localizado na colina (de apenas 148 metros de altura) Amakashi-no-Oka no vilarejo (mura) de Asuka, condado de Takaichi-gun, Prefeitura de Nara (626 Toyoura, Asuka, Takaichi District, Nara 634-0107). Era um Shikinai-sha (santuário listado nas antigas leis de Engishiki, livro japonês de leis e normas completado em 927 d.C.) e foi categorizado como um santuário de aldeia no antigo ranking de santuários.
O santuário é consagrado à primeira mulher a ascender ao Trono do Crisântemo, a Imperatriz Suiko (554-628, que reinou a partir de 592), o 33° Imperador do Japão.
A Imperatriz Suiko, a primeira mulher a ascender ao Trono do Japão. Pintura de autor desconhecido.
O Amakashinimasu-jinja está localizado logo atrás do Toyurano-miya, o palácio onde Suiko foi entronizada, e topograficamente fica na área sinuosa do rio Asuka. Diz-se que a própria Suiko andou sobre os paralelepípedos desgastados que remanescem aqui, onde os pilares ficavam.
Toyurano-miya, o palácio onde Suiko foi entronizada.
Aqui se pode ver os restos da fundação original do palácio.
Sobre estes paralelepípedos desgastados que remanescem teria caminhado a Imperatriz Suiko. Foto: https://asuka-japan-heritage.jp/global/en/suiko/detail/toyuramiyaato_s.html
Suiko, a segunda filha do Imperador Kimmei (509-571, que reinou a partir de 539) com Soga no Kitashihime, casou-se com o Imperador Bidatsu (538-585, que reinou a partir de 561) quando tinha 18 anos.
Maruyama (Montanha Redonda), em Asuka, no sul de Nara, o maior kofun de Nara e o sexto maior kofun, ou antigo túmulo, de todo o Japão, seria um dos locais de descanso do Imperador Kimmei, e de sua consorte Soga no Kitashihime, pais da Imperatriz Suiko. Os restos mortais de Kimmei e Kitashihime, contudo, não estariam em Maruyama, mas no Kimmei Tenno-ryo em Asuka. O Nihon Shoki afirma que quando Suiko enterrou novamente sua mãe, ela fez uma prece na estrada em Karu (agora Ogaru, Kashihara). Mas o livro não dá a localização do mausoléu.
Foto que tirei do kofun de Maruyama, que mede 318 metros de comprimento e 21 metros de altura e apresenta um formato típico de buraco de fechadura ou jarra de maná, visto do alto.
Após a morte de Bidatsu, Yōmei (540-587, irmão de Suiko) chegou ao poder, mas morreu cerca de dois anos depois. Uma luta pelo poder se seguiu entre os clãs Soga e Mononobe, com os Soga apoiando o príncipe Hatsusebe, e os Mononobe apoiando o príncipe Anahobe. Na Batalha de Shigisan, os Mononobe foram derrotados, e assim o príncipe Hatsusebe é coroado Imperador Sushun em 587.
No entanto, Sushun começou a ressentir-se do poder de Soga no Umako (551-626), que ajudou a promover o budismo no Japão empregando imigrantes vindos da China e Coreia, e que provavelmente foi enterrado no kofun de Ishibutai, também na cidade de Asuka, em Nara, a maior estrutura megalítica do Japão, a qual pude visitar e pesquisar pessoalmente. Confira:
Soga no Umako, talvez por medo de que Sushun viesse a atacar primeiro, mandou Yamatoaya no Ataikoma assassiná-lo em 592. Quando lhe pediram para aceitar o trono para preencher o vácuo de poder que se abriu, Suiko tornou-se em 593 a primeira de várias imperatrizes, que são assim escolhidas para evitar uma luta sangrenta pelo poder.
Ela é ali uma shusaijin (principal divindade consagrada) entre as demais: Hachiman-gu no kami (deus do arco e flecha e da guerra), Amaterasu-ōmikami ("a Grande Deusa Augusta que Ilumina o Céu", da qual o Imperador do Japão diz ser um descendente direto), Yatagarasu no kami (o "Corvo de Três Patas Mensageiro do Céu") e Sumiyoshi Daimyojin ("Grande Divindade Brilhante").
Magatsuhi no kami (Maga significa "desastre", tsu significa "de", e hi significa "espírito divino", ou seja, "deus do desastre") e Naobi no kami (divindades de purificação e remoção de calamidades) são as divindades originais, conforme mencionado no Gogun Jinja-ki (Registro de Santuários em Cinco Condados). Foi logo após o Período Edo (1603-1868) que a Imperatriz Suiko foi consagrada como um shusaijin.
Diz-se que este santuário foi fundado por Takenouchi no Sukune, também chamado Takeshiuchi no Sukune (64-344), um estadista e herói lendário da História do Japão, adorado como um deus no xintoísmo.
Takenouchi no Sukune desenhado por Kikuchi Yosai.
Takenouchi no Sukune era descendente do Imperador Kōgen (273-158 a.C.), o 8º Imperador do Japão. Takenouchi serviu a pelo menos cinco imperadores lendários (Keiko, Seimu, Chuai, Ojin e Nintoku), mas é mais conhecido por seu serviço como primeiro-ministro da Sesshō Jingū (Sesshō era o título dado a um regente nomeado para ajudar um imperador ou uma imperatriz até atingir a idade adulta), quando ajudou a Imperatriz-consorte Jingū (169-269) a preparar a invasão ao Reino de Silla. Pouco depois, Takenouchi foi acusado de traição. Ele foi submetido ao Kukatachi (uma forma de julgar colocando a mão em água fervente) para provar sua inocência.
A colina Amakashi-no-oka é o lugar onde a prova do Kukatachi era conduzida nos tempos antigos. Por isso o santuário é descrito como Yugisho no Kami ("o deus dos testemunhos com água fervente") no Gogun Jinja-ki (Registro de Santuários em Cinco Condados), escrito no período medieval.
O cartaz diz: "Kugatachi, Julgamento nos Tempos Antigos".
Além de ter prestado serviços militares a esses imperadores, Takenouchi no Sukune era também um Saniwa (médium espiritual). A lenda diz que por ter bebido água diariamente de um poço sagrado, viveu até os 280 anos de idade. Vinte e oito clãs japoneses afirmam ser descendentes dele, incluindo os clãs Ki, Katsuragi, Heguri, Kose e Soga.
Takenouchi no Sukune é avô de Takenouchi no Matori, também chamado de Heguri no Matori, ministro da corte do Japão durante o Período Kofun (250 a 538 d.C.), que redigiu em uma mistura de caracteres japoneses e chineses a partir de documentos originais milenares escritos em Jindai Mōji ("a escrita da época dos deuses"), os controversos manuscritos Takenouchi Monjo, que conta uma história apócrifa não só do Japão como da humanidade, desde o início da criação até o surgimento do cristianismo, e antes dos registros do Kojiki (o livro mais antigo sobre a história do Japão) e do Nihon Shoki (Crônicas do Japão, o segundo livro mais antigo sobre a história do Japão). Os documentos de Takenouchi foram preservados pela família deste, de geração em geração, e mantidos dentro do Santuário Kousokoutai Jingu, na cidade de Ibaraki-shi, Prefeitura de Ibaraki, ate que em 1935, Kiyomaro Takeuchi, o caçula de uma estirpe de sacerdotes xintoístas, os descobriu.
Parte do que seriam os documentos Takenouchi Monjo originais contando a história da presença de Jesus Cristo no Japão.
De tão explosivos e controversos, o governo japonês ordenou que os documentos Takenouchi Monjo fossem trancados em um museu em Tóquio e mantidos longe da vista do público. Durante a Segunda Guerra Mundial, Tóquio foi severamente bombardeada e o museu com todos os documentos foi supostamente destruído. Felizmente, a família Takeuchi havia feito cópias dos documentos antes de entregá-los ao governo. São essas cópias preservadas que podem ser vistas no Santuário Kousokoutai Jingu.
Os manuscritos Takenouchi falam de uma Era Dourada em nosso passado remoto em que a humanidade vivia em paz e harmonia, unida sob o governo mundial do filho de um Deus Supremo, e cuja sede estava localizada nas montanhas de Hida, ou Alpes setentrionais, uma cordilheira que atravessa as províncias de Nagano, Toyama e Gifu. O Santuário Kousokoutai Jingu era o mais sagrado de todos, tanto que todas as cinco raças da humanidade visitavam o santuário para celebrar um festival anual, e muitos grandes líderes espirituais o teriam frequentado para estudos e aperfeiçoamento espiritual, entre eles Moisés, Buda, Lao Tsé, Confúcio, Mêncio, Jesus Cristo e Mohammed.
Os documentos afirmam que Sumera-Mikoto, uma antiga palavra japonesa para "Filho do Sol", uma vez que os imperadores descenderiam do Deus Sol, fazia frequentes excursões por todo o mundo a bordo de um "navio voador" chamado Ameno-ukifune ("navio flutuante"). Os locais onde estes navios desembarcaram foram denominados "hane" ("ventos"), daí que muitos lugares no Japão tenham nomes que incluem a palavra "hane", como o Aeroporto de Haneda, em Tóquio.
Como os Jindai Mōji são uma invenção que data, no máximo, da época de Kamakura (1192-1333), ou seja, sua inexistência antes dessa data é corroborada pelas obras mais antigas do Japão, como os já mencionados Kojiki e Nihonshoki, que descrevem a chegada e a adoção da escrita chinesa em um arquipélago japonês que não tinha escrita, toda a credibilidade dos documentos Takenouchi Monjo fica comprometida. Ademais, a transcrição a partir dos originais foi feita por ninguém menos do que o astroarqueólogo e ufólogo Wado Kosaka (1947-2002), que não se fez de rogado e incluiu descrições de como os ancestrais da raça humana vieram do espaço sideral, do que aconteceu com a Atlântida, e, claro, onde Jesus Cristo terminou sua vida. O especialista em religião da Universidade de Quioto, Toji Kamata, classificou os documentos de “fakelore”.
Mas voltando ao Amakashinimasu-jinja, há um megálito em seu recinto, uma pedra gigantesca em forma de placa de gnaisse com 3 metros de altura chamada Tateishi. Há um buraco na frente dela, e o caldeirão usado para os rituais é colocado nesta parte. Ainda nos dias atuais, uma cerimônia chamada Meishintanyu Shinji é realizada no mês de abril.
O Tateishi, um megático de gnaisse de 3 metros de altura, envolto pela corda shimenawa, um resquício da influência do judaísmo no Japão.
Conforme explico em meu livro recém-lançado pela Editora Revista Enigmas, As Raízes Hebraicas da Terra do Sol Nascente: O Povo Japonês Seria uma das Dez Tribos Perdidas de Israel?, na religião xintoísta há o costume de cercar um local sagrado com uma corda chamada shimenawa, que tem pedaços de papel branco inseridos ao longo da borda inferior da corda. A corda shimenawa é definida como limite. A Bíblia diz que quando Moisés recebeu os Dez Mandamentos de Deus no Monte Sinai, ele “estabeleceu limites” em torno dele para os israelitas não se aproximarem (Êxodo 19:12). Embora a natureza desses “limites” não seja conhecida, cordas podem ter sido usadas. A corda japonesa shimenawa pode então ser um costume originário do tempo de Moisés. O padrão em ziguezague de papéis brancos inseridos ao longo da corda remete aos trovões no Monte Sinai.
Saiba mais em meu quinto e mais novo livro
AS RAÍZES HEBRAICAS DA TERRA DO SOL NASCENTE: O POVO JAPONÊS SERIA UMA DAS DEZ TRIBOS PERDIDAS DE ISRAEL?
Sinopse: Algumas das maiores influências do Japão vieram de contatos com hebreus. Não só os mitos de origem, a genealogia divina, os rituais e os costumes são semelhantes, como a estrutura dos santuários xintoístas é equivalente ao Templo de Jerusalém, e o Mikoshi (santuário xintoísta portátil transportado em festas) é assaz parecido com a Arca da Aliança em tamanho e forma. Arca que muitos garantem estar escondida no Monte Tsurugi, na ilha de Shikoku, província de Tokushima. Além disso, na língua japonesa existem várias palavras hebraicas com a mesma pronúncia e o mesmo significado. Mas haveria algum fundamento na teoria da ancestralidade comum nipo-judaica, surgida no começo do século XVII, que afirma que o povo japonês pertence às Doze Tribos de Israel? Teriam os japoneses sangue hebreu correndo em suas veias? Seria esse o motivo de muitos judeus estarem discretamente adquirindo terras em várias partes do Japão? Você irá saber as respostas para tudo isso e muito mais ao refazer conosco o percurso milenar de judeus que ajudaram a forjar tanto o Japão antigo como o de hoje.
FRETE GRÁTIS PARA TODO O BRASIL. ENCOMENDE AGORA MESMO O SEU EXEMPLAR. VOCÊ NÃO PODE DEIXAR DE LER:
Assista ao documentário Hebreus no Japão, produzido, editado, apresentado e narrado pelo editor André de Pierre, com roteiro de Cláudio Suenaga, sobre o seu livro As Raízes Hebraicas da Terra do Sol Nascente: O Povo Japonês Seria uma das Dez Tribos Perdidas de Israel?:
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