Tumgik
#CARACA FAZIA TEMPO QUE NÃO O VIA
mariasemoutras · 1 year
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Eu te beijei e ainda lembro de ficar te olhando sob as estrelas e ter pensado "eu amo você". Aquela era só a primeira vez que a gente se beijava depois de alguns dias de conversa e eu não poderia falar uma coisa dessas. Fiquei pensando sobre como as pessoas acham que tem um tempo certo pra falar que amam as pessoas (e até escrevi sobre isso), e alguns artigos sobre amor líquido caíram o meu colo e eu pensei "eu acho que é isso aqui". Mas não de modo ruim. Aliás, com a vida que eu ando levando, nem consigo pensar que viver um amor, por mais que breve, seja ruim.
Eu não tava procurando nada e pra falar a verdade queria ficar sozinha pelo menos um tempo, porque o que tenho feito é sair de um coração e entrar em outro. Mas eu ainda lembro exatamente o olhar que você tinha aquela noite em que me vi perdida com você. Eu fiquei muito angustiada. Eu tenho muita coisa na cabeça que tento esconder, e por mais que diga que está tudo bem, dentro de mim é uma angústia interminável sobre relações que se findaram e eu fico procurando a culpa que tive. Eu não queria cobrar nada e ao mesmo tempo não estar o tempo todo com você me maltratava porque, infelizmente, eu tenho esse defeito de ficar viciada em estar o tempo todo junto. Mais de uma vez eu pensei em me afastar afinal já me fazia mal. Eu disse que não ia te procurar mas parece que você não tem ideia do quanto aquela atitude me magoou, mesmo com sua justificativa. "Eu tava te procurando". Bom, se estivesse mesmo, você tem meu número e meu telefone de trabalho. Eu acho que você só me viu por acaso no meio de um vazio de opções e decidiu que eu era a única coisa que valia a pena levar pra casa.
Caraca, nem eu entendi como que esse texto que começou cheio de floreios veio parar aqui, mas é que mesmo conversando eu sinto que não fui clara sobre todas minhas mágoas. Ou eu te dei chance demais pra você não notar o quanto estava errado.
Eu vi que em algumas coisas você foi mudando, me avisando. Mas é difícil, eu comecei a pensar será se sou eu que sou ansiosa demais? Ou é só uma definição de prioridades que a gente tem aqui e de fato minha companhia não é uma. Um pouco dos dois. E você pode até negar, mas as atitudes dizem mais que palavras. Acontece que eu entrei em um modo de ignorar sinais ruins enquanto eu estiver bem o suficiente para me divertir, e foi isso que fiz durante todos esses meses. "Vocês ainda estão se pegando?" Parece que a gente ficou tempo demais e pra falar a verdade eu tô até com saudade. Mas pela sua personalidade é algo que eu já via que não funcionaria em outra realidade que não fosse confinada dentro de uma lata. E as vezes nem lá dentro funcionava direito.
Eu ameacei ir embora e você disse que me amava e ainda perguntou se eu esperava mais de você. Não. Eu não esperava porque eu não tinha o que cobrar. Eu não quero uma relação séria, mas também não queria ser deixada de lado. Acho que "no situationship" define a minha cabeça em relação a relacionamentos agora, porque não se pode planejar nada sabendo que vou embora no mês seguinte. Eu não quero ficar presa a uma ideia de ver alguém um dia, porque eu acabei de passar por isso e não foi agradável. Eu não queria te deixar, mas mesmo assim eu não posso manter contato com algo que vai ficar se revirando dentro de mim criando sonhos infindáveis. Você diz muitas coisas, mas eu não consigo acreditar nelas por minha cabeça já está saturada com o tanto que eu vivi, então eu acolho com carinho mas não guardo no meu peito. Inclusive o seu "amo você e queria que voce estivesse aqui" não me convenceram até hoje, porque você só foi falar isso depois de estar a quilômetros de mim, quando tinhamos combinado de sair juntos. Só que você é bonzinho demais pra eu ficar martelando minha cabeça com minhoquinhas que vão me fazer viver em tristeza, e quando se está a milhares de milhas náuticas fora de casa, sem ninguém pra te apoiar, a última coisa que você quer na sua vida é qualquer tristeza. E eu empurro tudo com a barriga como já falei várias vezes por aqui.
Você disse que ficaria comigo até a hora de eu partir e eu apreciei isso. Não se pode negar que tínhamos uma bela frequência sexual e eu adorava isso, os dois sempre prontos pra aprontar. E eu adorei a nossa última transa inesperada de alguns minutos e uma boa gozada antes de viajar. Mas ali eu já coloquei um final na minha cabeça. Muito triste porque eu admirava o jeito que você se importava comigo, e sei que igual você não encontro ninguém. Sei que eu não devo te procurar em outros olhos por aí, mas também sei que pessoas diferentes podem e vão vir para preencher esse vazio e formar novas lacunas quando partirem.
230304
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pudim-bolachinha · 3 years
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Eu já tinha dito isso antes, mas agora mais que nunca é a última vez que eu escrevo. Antes desse ano acabar eu quero conseguir fechar esse ciclo que parece que não chega num ponto final na minha vida.
Há alguns dias eu tenho pensado muito em você, tenho tido vontade de te chamar, de conversar, de te ver, até um abraço talvez.... desde que não estamos mais juntos -e com isso quero dizer antes mesmo de eu terminar, quando você já tava ausente- me perturba muito o fato de não obter resposta sobre o real motivo de você não querer mais eu perto, porque a gente tava bem, na minha cabeça pelo menos estávamos voltando a ser o que éramos bem no começo, quando tudo o que importava era a gente, era o que eu te dizia e o que você me dizia, a nossa confiança um no outro, o nosso sentimento mútuo, a nossa vontade de estar junto, a nossa vontade e determinação de fazer dar certo, os assuntos só nossos, assuntos esses que a gente não abre pra qualquer pessoa, os nossos sonhos, planos e objetivos se juntando (inclusive sendo os mesmos planejados antes de nos conhecermos) e se alinhando pra serem reais...eu sentia tudo isso de volta, tudo que as brigas e desentendimentos pareciam ter levado embora, ainda tava lá intacto e mesmo que não tivessem intactos, meu amor por você tava, meu amor por você era algo que eu tinha plena certeza e convicção de que não mudariam, afinal de contas eu acreditava que você era o amor da minha vida e que éramos como no bilhete que você escreveu um amor pra vida toda e eu imaginava que a única coisa que nos afastaria seria sua mãe ou algum motivo que eu e você não tínhamos controle, então caso chegasse ao fim, eu ainda acreditava que hora ou outra nossos caminhos voltariam se cruzar e a gente ficaria junto mesmo assim é se não se cruzasse, nossos corações nunca deixariam de estar conectados já que nossa conexão sempre foi algo muito forte e presente, a famosa telepatia, lembra? Que fazia a gente surgir no mesmo momento em que o outro tava prestes a chamar, ou quando um tava se sentindo mal e o outro aparecia assim do nada como se soubesse que naquele momento o outro tava precisando da presença, fora o fato de que era um amor de outras vidas, por que onde já se viu mal conhecer uma pessoa e já amar? Como ia ser possível em uma madrugada parecer que a pessoa tava na sua vida desde sempre e como ter a certeza de que ama alguém que nunca viu? E quando vê não tem absolutamente nada que mudaria, porque tudo nela te atrai (nem seu pé eu mudaria e você sabe né, eu odeio pés) eram essas certezas que eu tinha comigo em todo tempo que estávamos “juntos” e as aspas nem são pelo fato de ser físico, são pelas incertezas sobre até que ponto você de fato levava o que a gente tinha a sério.
Eu nunca me joguei profundamente em um sentimento e relacionamento antes, eu achava que já demonstrava e que eu estava bom em conseguir expor tudo, mas quando você apareceu na minha vida, eu descobri que nada do que eu senti antes, nada do que eu fiz antes, nada do que eu era antes, chegava perto de tudo que eu era capaz de ser e fazer por você e por nós. Eu não mediria esforço nenhum pra poder fazer você ter certeza do quanto eu te amava, nem pra você ficar bem, se sentir segura comigo e com meu amor, tão pouco pra te fazer feliz e sabe o que era melhor de tudo? Era que você mesmo sabendo disso, nunca se importou e as coisinhas pequenas eram as que ficavam e eram suficientes pra tudo isso, tipo quando eu acordava cedo todo dia só pra te desejar bom dia e bom trabalho, ou quando você pedia pra eu ficar lá falando com você de qualquer coisa porque seu dia não foi bom e você não queria falar sobre, ou até mesmo quando a gente se via e só ficava sentado do lado um do outro e você fazia o mesmo por mim, tipo quando me desejava bom dia mesmo atrasada, ou mesmo quando eu voltava a dormir me mandar uma mensagem dizendo que estaria lá me esperando cheia de saudade, ou quando ficava acordada mesmo com sono pra passar mais tempo comigo E QUANDO VOCÊ ERA 100% RBD porque não queria ficar longe, tudo funcionava porque era tudo mútuo eu acho, a saudade, o amor, a confiança, o ciúmes, a vontade (aqui tô falando das conversas sérias rsrs) e vontade de estar junto, de partilhar o dia a dia, de conhecer filmes novos, enfim. Acho que aqui foi o motivo de eu ter ficado tão mal, por eu nunca ter sentindo tanto, nunca ter amado e demonstrar tanto, famoso arroz doce e isso só você conseguia tirar de mim, porque com ninguém mais eu era, você conseguia até tirar te amo da minha boca, coisa que até hoje eu tenho dificuldade de dizer, só escrevo, eu conseguia falar te amo e te chamar de amor, nenhuma namorada antes conseguiu isso kk era sempre pelos apelidinhos internos, mas por algum motivo com você eu conseguia e era fácil, era sincero e com vontade, eu tinha prazer em dizer essas três pequenas palavras que tem um significado gigantesco e era gigantesco o que eu sentia por você, talvez tão gigantesco que não cabia em mim e acabava por eu dizer isso o tempo todo repetidas vezes por não caber tanto e devo confessar que nunca pensei ser capaz de sentir tudo que senti. Por eu achar ser de igual pra igual me bugio muito as duas/três semanas antes do término. Como podia você mudar a ponto de não ter mais vontade de falar comigo, logo você que acordava cedo e já me chamava? Como podia você sumir por dias sendo que você fazia questão de dar um jeito pra falar comigo nos momentos em que podia dar muito ruim? Como podia você me amar e estar com outro também?????? Como? E como podia e conseguia guardar com você tanta coisa que você sabia que me magoaria? Logo eu que sempre te disse que queria o que fosse melhor pra você e que jamais te privaria de sentir e fazer o que tinha vontade, eu achava que era seu melhor amigo assim como você era a minha, achava que contávamos tudo um pro outro e me acalmei depois de você ter me dito que qualquer coisa que acontecesse por aí, você viria me contar... só que outra pessoa teve que me contar e na real eu nem sei se vocês de fato se separaram, se vocês só tinha o tal convívio ou se era mais do que isso, já que também saiam juntos e se apresentavam como namorados. Eu me senti um pedaço de merda naquele dia que ele veio falar comigo e depois quando falei com você eu me senti menos que merda, me senti um nada ou lixo como sua mae disse e vai ver ela até tinha razão, porque diversas vezes conversamos e você podia falar se não tivesse mais feliz, se você já não sentia mais nada por mim, ou se eu já não tava sendo mais o bastante pra você. Eu não sei se fiz algo errado, não sei se falhei como namorado, amigo ou como ser humano pra você, eu não sei se te causei mal, não sei nem se fui alguém bom pra você, a sensação que eu tenho é de realmente ser um nada, você não fez questão de mim da primeira vez que terminei, não fez da
segunda vez e nenhuma outra vez, você cagou pra todos meus aniversários e depois que eu te liguei no seu e você falou que não tinha meu numero pra me dar parabéns, eu lembrei que um dia antes você tinha respondido um status que eu tinha postado do Danone do toy story. Quando penso nisso tudo me questiono se de fato tinha sentimento da sua parte e aí eu fico puto comigo mesmo, porque se não tinha, como foi que eu me deixei levar por algo irreal? Por algo que eu nem vivia tão de verdade assim, já que nossa convivência era muito mais online que off-line, acho que essa foi minha burrice, acreditar que uma parada de internet daria certo, mais uma vez acho que sua mãe tinha razão. Alou sra mãe da Camila, continuo admirando você por além de ser boa mãe, ser muito inteligente (você teve quem puxar). Por muito tempo eu odiei seu ex atual, mas eu nem culpo ele, já que tudo que ele queria eram respostas e entender o que tava rolando e já que quem deveria dar essas respostas não dava, ele tentou outro meio e apesar de ainda achar ele um babaca e intruso, porque eu acho falta de respeito, senso e educação (fora que é bem coisa de gente com probleminha e possessivo) pegar algo que não é seu pra ficar seguindo e cuidando de cada passo que a pessoa da é pior ainda é invadir a privacidade de alguém que ele nem conhece MAIS DE UMA VEZ (eu) e querer tirar satisfação ao invés de somente conversar. Ele podia e devia ter começado a conversa já com desculpa por pegar meu numero sem autorização, depois explicar que so tava querendo entender qual papel estava exercendo na sua vida, já que você não definia pra nenhum dos dois, falava uma coisa pra cada e na prática era outra. Eu ficaria mal se tu me falasse que era com ele que queria ficar, se você dissesse que morreu tudo que sentia por mim, se dissesse que precisava de tempo pra arrumar as coisas dentro de você e saber o que queria, se dissesse que queria terminar, sei lá, doeria e doeria muito, mas não doeria mais do que um fim sem um porque, um fim onde eu não consigo entender e isso me mata um pouco cada dia, por não compreender o que aconteceu, o que não deu certo, não ter resposta é a pior dor do mundo e além de não ter resposta ainda tem o desprezo, porque toda vez que eu tento me aproximar eu te sinto me empurrar pra fora de novo, acho que você nem tem noção de como machuca e eu nem quero que tenha, porque caraca é péssimo! Acho que devo ter dito, mas a não resposta, a incerteza da verdade da história e seu desprezo me fazem voltar nesse ciclo e me faz ficar mal.
Um dia eu te mandei um áudio pedindo desculpa por colocar toda culpa em você e te odiar pelo que aconteceu, eu não me arrependo disso, porque eu percebi mesmo que eu tenho minha parcela de culpa, mudamos e algumas das nossas mudanças não foram favoráveis praquela qualidade foda que tínhamos e eu amava contar pra geral que era de não brigar. Essas coisas que escrevo e sinto, não são com expectativas de uma volta, porque eu não conseguiria voltar e acho que você também não. Não escrevo pra você sentir culpa ou mal, não escrevo pra ter pena de mim tão pouco pra me odiar. Escrevo porque é o único jeito que eu acho de tirar o que tá guardado há anos aqui é que eu sei que me impedem de ir pra frente, eu me vejo cada dia mais distante dos sentimentos e tudo que eu tenho sentido esses dias é indiferença, nada tem me afetado, nem coisas boas e nem ruins, sabe o quanto isso me assusta? Eu não quero ser uma pessoa fria de novo, não quero pessoas saindo da minha vida de novo sem elas saberem do que eu sentia por elas, não quero perder coisas importantes na vida por estar nem aí, por não me importar comigo mesmo.
Mesmo eu sabendo que você não lê aqui, mesmo que lesse você cagaria pra tudo que eu escrevo, então também não crio expectativas de respostas de nenhuma das perguntas e questionamentos que me perturbam desde 2018.
Lucas. 2020
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super-loveme · 4 years
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Bem,
Eu tava vivendo a minha vida, sem mais acreditar que o amor era pra mim... Seguia como uma cupido, uma baita de uma cupido por sinal. Seguindo achando que se esse lance de amar aparecesse pra mim de novo, ia ter formato de qualquer coisa, menos de tu. Sei lá, ia ser só um lance fofo que ia acabar durando tempo demais, um carinho especial e sem muita intensidade porque na verdade, eu não acreditava mais que existia amor, desses que abraça a alma em algum lugar pra mim. Eu tava naquele ano tecnicamente ruim, onde muita coisa havia dado errado, onde perdi pessoas que amava, me decepcionei, chorei, fiquei com pessoas incríveis que não conseguia amar amorosamente, mas tava sobrevivendo. Acontece que eu apenas continuava amando as pessoas por serem pessoas, por serem incríveis, mas não conseguia amar verdadeiramente sabe, daquele jeito onde qualquer pessoa que me visse saberia que encontrei esse amor. Até que... nesse ano ruim, me veio tu. Em formato de amor, tu coube certinho no meu peito. A gente vinha da mesma cidade, conhecia pessoas do mesmo círculo e nunca nem tinha notado que o outro tava ali, mas como tudo acontece no momento certo, a gente se esbarrou e na real, eu não tenho dúvidas que foi a melhor esbarrada que eu poderia ter. Em um mês que a gente se conheceu, eu não conseguia parar de pensar em ti, no como tu conseguia me ouvir falar mil teorias que as pessoas julgam estranhas e continuava interessado em mais; em como tu me ouvia fazer associação de coisas do dia a dia com coisas que eu via no hospital e que pessoas comuns achariam nojentas só de pensar, mas tu ficava de boa; quando eu ficava sem sono e queria ficar acordada sozinha pensando em coisas novas sobre o quão o universo é incrível e tu mesmo mortinho de sono ficava acordado comigo porque não queria me deixar falando sozinha - mesmo sabendo que eu sou super acostumada com esses solilóquios. Em menos de um mês, eu acordava pensando em ti, ia dormir pensando em ti e fazia qualquer coisa pensando em ti e isso me fez pensar “caraca, to pensando demais nele, isso tá muito estranho, mas deve ser só coisa da minha cabeça mesmo, já já passa”, e aí por estarmos no mesmo grupo de amigos chamei todo mundo pra um rolê de música e acabou só indo a genteeee, então a gente ficou. Então tu falou como tu tava se sentindo e era igualzinho a mim. Então a gente se tocou que do nada, a gente já tinha tudo. Que do nada, tudo que a gente nem acreditava mais que seria possível aconteceu: a gente não só se encontrou, como qualquer pessoa que me ver na fila do pão sabe que eu te encontrei. Tu fez eu que nunca tenho certeza de nada e que tô sempre confusa com sentimentos, ter certeza em menos de um mês que eu só quero tá junto contigo. Tem noção disso? Tudo bem que eu fico tentando me policiar em parar de ficar racional com futuro e viver o presente um pouquinho, mas até que um futuro contigo não me parece uma má ideia.
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betopandiani-mar · 3 years
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Floresta Amazônica.
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Mesmo com um bom vento para refrescar fazia muito calor, e o que ajudava eram os borrifos de água que batiam na proa do barco e molhavam meu corpo.
Estava me sentindo inseguro, pois no clube ouvíamos muitas histórias, e como de costume sempre aparecem aqueles pessimistas com suas histórias para desencorajar qualquer um.
Estávamos no começo da estação das chuvas, e o rio estava caudaloso, com um volume de água inimaginável, provocando uma corrente contra de até oito nós em alguns pontos, o suficiente para nós não conseguirmos vencê-lo.
Como nossos motores que vinham do Brasil só iriam chegar a Ciudad Bolívar, assim como a barraca, nós compramos um motor de segunda mão de seis HP, bem pequeno, e pelo menos não ficaríamos à deriva nas primeiras 200 milhas.
Partimos do iate clube de Chaguaramas rumo a Boca da Serpente, um canal entre o sul da Ilha de Trinidad e a Venezuela, bem na altura da foz do Rio Orenoco.
Passamos por muitas plataformas de petróleo no caminho, e à medida que nos aproximávamos do delta do rio a água ficava bem barrenta e menos salgada.
No segundo dia de viagem navegando na costa da Venezuela, só com manguezais, procurávamos o Canal Macareo, um dos distribuitários do Orenoco. O tempo estava chuvoso com vento variável, e já quase à noite vimos algumas palafitas bem no fundo de uma baia, que parecia ser a entrada do canal.
Velejamos até as palafitas que era um acampamento dos índios Waraos, que habitam aquela região.
O lugar era pobre, e não havia mais do que cinco casas em cima de palafitas, e unidas por passarelas.
Perguntamos sobre o Canal Macareo e eles nos disseram que era mais a leste. Pedimos para amarrar os barcos nas palafitas para passar a noite. Convidaram-nos para subir e comer um peixe. Oferecemos comidas liofilizadas, e debaixo de um temporal fizemos um jantar recheado de muitas perguntas. Como sempre ouvimos a mesma história.
Os pescadores artesanais estavam sumindo, pois é muito difícil competir com a pesca industrial e predatória. Eles estavam vivendo na beira da miséria, em cima de palafitas primitivas sem nenhuma estrutura de saneamento. Quando a maré baixava, os cachorros e as crianças desciam as escadas para andar em cima do lodo dos manguezais.
Choveu a noite toda, e de manhã partimos debaixo de um temporal com muito vento. Via-se aquela costa verde de mangue se estender ao longe, tingida por uma névoa provocada pelo mau tempo. Tateando o litoral deserto da Venezuela fomos avançando. No começo da tarde vi bem ao longe um barco muito veloz que me chamou a atenção. Em seguida outro, e mais outro. O que seriam aquelas embarcações, perguntei ao Duncan?
Sabíamos que aquele pedaço da costa não existia nada, e ficamos muito intrigados. De repente uma das embarcações desviou do seu caminho e veio em nossa direção. Nós vínhamos com pouco vento e foi fácil para eles se aproximarem de nós. Do barco ouvimos algumas perguntas em francês. Respondemos em inglês, e alguém falou finalmente em espanhol.
De onde vocês vêm. Para onde vão. Explicamos rapidamente sobre a nossa expedição e perguntamos se eles sabiam onde era o Canal Macareo. Eles sorriram e nos explicaram que eles trabalhavam para uma empresa francesa de exploração de petróleo em parceria com a estatal venezuelana. A base deles era algumas milhas acima do Canal Macareo um pouco mais adiante.
Ofereceram-nos um reboque para subir o canal até a base. Aceitamos e amarrados na popa da lancha começamos a entrar na floresta. Da imensa baia que estávamos fomos levados ao fundo de onde surgiu o canal que se estreitou. Sabia que aqueles eram os últimos instantes de água salgada, e que para ver o mar de novo precisávamos cortar toda a Amazônia, só meses depois iríamos chegar a Belém.
O rio fez uma curva, e uma grande cidade flutuante apareceu ao longe incrustada na mata. Parecia uma cena de filme de guerra. Muitos helicópteros subiam e desciam, lanchas voadeiras rasgavam o rio em alta velocidade, e grandes barcaças passavam carregadas. Nunca havia visto nada igual na minha vida.
A cidade eram contêineres agrupados em cima de um grande flutuante. Ligados uns aos outros, existiam outros menores se agrupando. Dentro viviam os técnicos, engenheiros, pilotos e funcionários da empresa. Fomos recebidos pelo diretor da operação, um geólogo venezuelano muito simpático.
Amarramos os barcos em um lugar seguro. Fomos convidados para conhecer a base e passar a noite. Hospedaram-nos nos mesmos alojamentos dos pilotos de helicópteros, que nos receberam com muitas perguntas. Um deles, um americano que trabalhou na bacia de Campos era aficionado por bossa nova. Fizemos um happy-hour com os pilotos ao som de Garota de Ipanema, a música brasileira mais conhecida fora do Brasil, acho eu.
Contamos ao chefe da base a respeito do nosso plano de subir o Canal Macareo com um barco rebocando o outro com apenas um motor de seis HP, contra a corrente, na cara e coragem. Ele nos ofereceu pelo menos para as primeiras 24 horas um reboque de uma balsa enorme que estava subindo o rio rebocado por uma espécie de rebocador. Eles estavam indo pegar combustível para o acampamento, e podiam nos dar uma carona no caminho, que já era meio caminho para Barrancas, uma pequena cidade na beira do Rio Orenoco.
Aceitamos e logo após o jantar fomos dormir, pois o barco partia às cinco horas da manhã.
A balsa partiu pontualmente, levando os dois catamarans, que tinha eu no leme de um, e o Duncan no outro. Passamos o dia atrás de uma gigante balsa, navegando por um mundo novo, verde, cheio de pássaros, e cheio de mistério. Os guarás brancos e vermelhos deram um espetáculo à parte, voando em bandos pela margem do Canal Macareo.
Havia algumas fazendas no caminho com muito gado. A vegetação na beira do rio era repleta de árvores frondosas. Os pássaros que predominavam eram os guarás vermelhos, que ficavam amontoados nos galhos das árvores. Quando o barco se aproximava fazendo barulho, eles se assustavam e todos ao mesmo tempo batiam em retirada para uma árvore mais à frente, e assim por diante.
O tempo melhorou um pouco no final da tarde, e uma luz maravilhosa tingiu o céu de um vermelho rosado, e com a noite azul se aproximando vi um dos fins de tarde mais lindo da minha vida.
O reboque foi até a meia-noite, e foi quando o capitão do barco desacelerou o motor nos informando que ele ia entrar à direita em um outro rio. Despedimo-nos e no meio da noite desamarramos os cabos que nos prendiam do barco mãe.
Ficamos no meio da escuridão com um barco amarrado no outro boiando no meio do nada, tentando fazer pegar o motor de popa que nos deu uma canseira.
Navegamos rio acima até encontrar um cantinho para amarrar os barcos e descansar um pouco. Continuamos a navegação de manhã, e passamos pela primeira cidade, Tucupita, decidimos não parar. Na parte da tarde pegamos um temporal tão forte que mesmo só com a buja os barcos voaram. Quando o dia anoiteceu chegamos em uma vila muito pobre e ao encostarmos os barcos na margem falávamos inglês entre nós por causa do Duncan. Alguns sujeitos mal-encarados começaram a agredir verbalmente o Gui. Eu estava levantando o motor na parte de trás do barco não ouvi nada. De repente só vejo o Gui dar um salto no barco e falar em um tom sério e decidido: “Betão, sai rápido pelo amor de Deus” Não entendi nada na hora, mas pelo tom do Gui nem discuti. Quando começamos a andar com o barco vimos uns caras mal-encarados vindo com facão na mão para a nossa direção, mas já estávamos safos. Depois ficamos sabendo que as pessoas que moram na região têm problemas com os guianenses da Guiana Inglesa, e como estávamos falando em inglês entre nós, não deu nem tempo de explicar, o jeito foi sair correndo. Fomos dormir encostados na margem do rio bem mais para frente, em um lugar bem ermo
No dia seguinte navegamos sem parar para Barrancas, pois tínhamos que abastecer o barco e comprar galões para ter uma autonomia maior de gasolina.
Chegamos a Barrancas na hora do almoço, e encostamos no píer principal da cidade que tem uma forma original, como uma espécie de escadaria de cimento. Procuramos um posto de gasolina e uma loja para comprar os galões. Foi só nessa hora que nos lembramos que não tínhamos bolívares, a moeda local.
Como o dólar valia muito, e a gasolina era muito barata, era impossível alguém trocar uma nota de cem dólares por bolívares. A cidade era muito pequena, e não estava acostumada a receber turistas.
O dono do posto tinha para nos vender os galões, mas não tinha como aceitar os dólares. O jeito foi propor uma troca. Voltamos para época do escambo. Dei a ele uma agenda, um litro de uísque, uma caneta dourada, uma calculadora, e alguma comida liofilizada.
Todos saíram felizes, e assim pudemos prosseguir viagem. Não tínhamos a menor ideia de como seria resolvido o problema de abastecimento dos motores na subida do rio depois de Ciudad Bolívar.
Foram necessários mais quatro dias para chegarmos a Ciudad Bolívar. Passamos por Ciudad Guayana, e Puerto Ordaz, onde passamos a noite no iate clube local. A correnteza era bem forte em alguns lugares do rio, só conseguimos avançar porque teve bastante vento nos dois últimos dias. Içamos as velas e ganhamos um empurrão da natureza.
A chegada em Ciudad Bolívar foi ao começo da tarde sob forte calor. A cidade fica debruçada no rio, e por incrível que pareça ela não tem nenhum iate clube. Em compensação tem uma enorme base da Marinha Venezuelana. Fomos direto para o píer da marinha.
Ao atracarmos os barcos no píer, fomos recebidos por dois oficiais que nos receberam muito bem. Fizemos a entrada oficial no país, pois até então estávamos ilegais. O almirante da base nos deu permissão para ficarmos lá, pois tínhamos que ir até Caracas pegar toda a carga que estava vindo do Brasil e dos EUA. Ele nos disse que éramos convidados da base, pois para ele quem conseguiu vir de Miami até lá ou era muito sortudo ou bom marinheiro. Como ele não acreditava em sorte no mar, nós éramos bons marinheiros, e devíamos ser acolhidos.
Do Brasil vinham dois motores de popa Suzuki de oito HP, barraca, equipamento para trecking e roupas para a floresta. Dos EUA chegaria uma barraca especialmente construída para ser adaptada em um dos barcos, e toda a alimentação liofilizada, frutas secas, etc.
Acomodamos os barcos no lado interno do píer, e viajamos de ônibus para a capital Caracas. Foram oito horas chacoalhando no bumba.
A primeira coisa que fizemos foi ir a DHL saber das nossas encomendas. Para minha surpresa ninguém sabia de nada, e pior, eles que eram nossos apoiadores do projeto nunca haviam ouvido falar da viagem.
Bom, depois de algum tempo consegui ser recebido pelo presidente da empresa. Ele foi muito gentil e depois de ouvir todas as explicações pediu-me para voltar no outro dia.
Nesta etapa da viagem o Gui Von Schmidt e o Pilha voltariam para o Brasil. O Marcus meu sócio no projeto viria me encontrar para continuar a viagem. Fiquei somente com o Duncan.
À noite fomos recebidos pelo embaixador brasileiro e o adido cultural. A ajuda da embaixada do Brasil foi fundamental, pois conseguiram a permissão para navegar no alto Orenoco, que é área de proteção ambiental, reserva de proteção aos índios. Para ajudar a complicar, existe um trecho do rio que faz fronteira com a Colômbia. Como já sabíamos as Farc atuam também naquela região, que é toda militarizada.
No outro dia voltei ao escritório da DHL e veio a notícia bomba. Houve um erro de comunicação dentro da empresa, e ninguém sabia dizer onde estava a nossa carga. Sem ela não podíamos sair de Ciudad Bolívar. O presidente me pediu uma semana, que para nós pareceu uma eternidade.
Conversei com o Duncan e decidimos fazer um pequeno turismo pela Venezuela. Primeiro fomos conhecer a cidade de Mérida, que fica incrustada nas montanhas. De lá tínhamos a esperança de conhecer o pico Bolívar, a montanha mais alta do país, com 4.981 metros de altura. Fizemos uma caminhada para chegar pelo menos na base ou de algum ponto que avistasse a montanha, mas estávamos tão despreparados, pois não tínhamos nada além do que uma calça jeans, tênis, e uma jaqueta náutica.
Caiu uma chuva gelada no meio da trilha que nos deixou congelados. Voltamos a Mérida e nos contentamos em frequentar os bares da cidade que por sinal eram muito movimentados. A cidade tem muitas universidades, por isso tinha muitos jovens.
De lá pegamos um avião e fomos para o Parque Nacional de Canaima, onde fica a cachoeira de Salto Angel, também conhecida por Angel Falls. Esta é a maior queda livre de água do mundo, com 979 metros de altura. Para chegar lá é um pouco mais complicado.
Saímos às 04h00min h da manhã do acampamento em Canaima de jipe, e depois de uns 30 minutos pegamos as “voadeiras”, que são canoas de um tronco só, enormes e equipadas com poderosos motores de popa. Os “pilotos” das canoas são profundos conhecedores dos rios locais, que são muito traiçoeiros, com pedras e corredeiras por todos os lados.
Só a experiência de navegar em alta velocidade contra as corredeiras driblando as pedras já valeu o passeio. Depois do almoço chegamos a um acampamento na beira do rio Churún. De lá caminhamos mais uma hora até chegar a um ponto da floresta onde se podia ver debaixo a queda de Salto Angel. Talvez tenha sido uma das imagens mais marcantes da minha vida.
A água cai solta de um paredão gigantesco, e ela vem de tão alto que chega a baixo quase como uma fumaça, se espalhando por causa do vento. Ficamos uma hora sentados em uma pedra olhando para o alto. No outro dia pegamos um pequeno avião para fazer um voo panorâmico e ver Angel Falls de cima. Sem palavras.
Voltamos para Caracas agradecidos pelo atraso dos equipamentos, pois pudemos conhecer um dos lugares mais lindos deste planeta. Novamente o presidente nos recebeu e não nos deu boas notícias. O equipamento estava todo preso na alfândega, por causa das licenças que estavam erradas, no caso das comidas faltava a licença fito sanitária, e dos motores as notas fiscais originais.
Novamente me pediu mais uma semana. Não sabia o que fazer, e acabei voltando para Ciudad Bolívar, pois lá não gastava dinheiro para dormir, e também estava preocupado com os barcos que estavam amarrados no píer local. O Duncan conheceu uma venezuelana e foi viajar com ela.
A copa de mundo de 94 estava no início, e como não tinha o que fazer, eu passava o dia na sala dos oficiais assistindo aos jogos. Fora da sala estava uns 38 graus, dentro gelada. Não perdi nenhum, nem aqueles jogos horríveis como Irlanda e Coréia. Nem sei se jogaram, mas foi um exemplo. A minha vida nestes dias era de espera, e eu tinha que ter paciência e torcer para que tudo fosse resolvido.
Não adiantava ir a Caracas e ficar lá trancado em um hotel, mas ficar longe também me dava a sensação de que eu não estava me empenhando para resolver. Decidi voltar a Caracas para fazer pressão. Todos os dias eu ia ao escritório da DHL.
Nos horários dos jogos ia a algum bar da cidade para comer algo e assistir aos jogos. O Brasil ia bem, e a torcida venezuelana considerava o Brasil o representante deles, o que me tornava uma pessoa bem vinda nos lugares.
Depois de 27 dias recebo a notícia de que estava tudo liberado, e agora só precisava encontrar um jeito de mandar tudo para Ciudad Bolívar. Novamente contei com o apoio do almirante da base que se prontificou a mandar um caminhão para Caracas especialmente pegar todos os equipamentos.
O Marcus chegou do Brasil e nós três nos reunimos em Ciudad Bolívar para começar a montar a barraca no barco. Esta barraca pesava uns 240 quilos e foi projetada para aguentar a chuva pesada da Amazônia, não deixar entrar os mosquitos à noite e ser capaz de abrigar quatro pessoas com bastante equipamento.
Retiramos os dois barcos da água para fazermos as adaptações. Do barco do Marcus retiramos o mastro, instalamos um piso rígido de madeira e fixamos a barraca em cima. Ficou um barco casa, meio desengonçado, porém muito eficiente. Esta seria a nossa nova casa por dois meses, até chegarmos a Belém.
O meu barco passou a carregar o enorme mastro do outro barco, mais as velas e retranca. Eu também carregava nove galões de gasolina com duzentos litros, o que nos dava uma autonomia de três dias.
Os barcos estavam pesados, pois além de tudo tínhamos que ter autonomia de comida por todo o trajeto. A água nós íamos beber a do próprio rio, que era bem barrenta. Para aliviar acrescentávamos suco em pó.
Estávamos prontos para partir, e depois de tantos dias parados tínhamos que andar rápido. No total ficamos 37 dias em Ciudad Bolívar, mas era o final da copa e o Brasil ia jogar a semifinal com a Suécia na quinta-feira, e eu não queria perder este jogo por nada. Ganhamos no sufoco e domingo era a final.
Depois de várias discussões decidimos partir na sexta-feira de manhã e tentar encontrar alguma pequena vila para assistir ao jogo final.
A nossa saída foi em grande estilo, e acompanhados por duas lanchas da marinha venezuelana deixamos para trás nossos amigos que nos acolheram muito bem. Na saída o almirante me deu seu cartão e uma carta dizendo que éramos amigos dele. Ele me explicou que estava embaraçado para falar, mas nos alertou que íamos ter problemas com a Guardia Nacional, a polícia federal deles, que era muito corrupta. A carta era como um salvo conduto.
O rio Orenoco é um rio de proporções amazônicas e em alguns trechos do rio mal se vê a outra margem, já em outros pontos ele se estreita bastante, aumentando muito a correnteza.
A chuva continuou caindo com muito volume, e somente durante os 37 dias que ficamos parados em Ciudad Bolívar o rio subiu 11 metros, um absurdo considerando o tamanho dele.
Durante o dia o calor era um inferno, e eu que navegava no meu barco debaixo do Sol, tinha que me banhar a cada quinze minutos. Eu pegava um balde de água do rio e despejava na minha cabeça.
À tarde o céu ia ficando encoberto e começava a se formar aquelas nuvens pesadas cinzas chumbo escuro, os trovões mais pareciam gigantes marchando em nossa direção, tamanho era a vibração. Antes de a chuva começar a cair ela trazia muito vento. A chuva só terminava normalmente na madrugada, e assim dia a dia o rio continuava a subir.
Não sabíamos, mas não havia nenhuma pequena vila com energia para assistirmos o jogo. Na época o nosso sistema de comunicação era um negócio novo que nós nem sabíamos direito como operar, e nem entendíamos o que era. Chamava-se internet.
Para termos conexão no nosso note book, usávamos uma antena via satélite e como a NET não era aberta, nós tínhamos um endereço para enviar as mensagens. O equipamento foi cedido pela ESCA, uma empresa que fazia parte do projeto Sivam que é o sistema de vigilância da Amazônia.
Era algo bem moderno, mas a velocidade de envio era absurdamente lenta, um parágrafo com duas linhas demorava sete minutos para enviar, e o mesmo para receber.
No domingo, o dia da final, enviamos um e-mail para a ESCA que tinha técnicos de plantão, para que eles nos enviassem e-mails tentando nos dar informações ao longo do jogo Brasil X Itália.
Naquele dia navegamos quase que colados um no outro, e o Duncan ia ao leme do barco casa. O Marcus dentro da barraca conectado esperando alguma informação.
De repente entrava uma mensagem que dizia: “O Brasil está jogando bem, mas esta zero X zero”.
Passava quarenta minutos e chegava outro e-mail: “Perdemos um gol, vamos para o segundo tempo”.
Não posso esquecer a minha angústia, que a todo tempo perguntava ao Marcus gritando do meu barco porque não chegava mais mensagens, e porque demorava tanto. Eu não tinha ideia do que estávamos usando.
Vieram vários e-mails, mas o jogo continuava zero X zero.
Até que ficamos sabendo que o jogo foi para a prorrogação. Que sofrimento, e se escutando rádio já é difícil, daquele jeito não dá para explicar. Depois veio outra mensagem que o jogo ia para os pênaltis.
Meu coração ficou apertado, me lembrei da copa do mundo que perdemos para a Itália, e da famosa foto do JT que na capa mostrava a imagem daquele garoto sentado no meio fio inconsolável.
Dois pequenos barcos estavam navegando no meio da floresta amazônica venezuelana conectados a acontecimentos esportivos do outro lado do mundo. Não percebi, pois estava focado na minha angústia, mas o mundo estava diante de uma mudança gigantesca que ia mudar o modo do homem se comunicar.
Passado pouco tempo, que para nós foi uma eternidade veio outro e-mail que dizia assim: “Esta três a dois e o Baggio vai bater”. Detalhe, eles não falaram para quem estava o placar e este foi o último e-mail do dia, caiu a conexão.
Não vou escrever aqui o que eu praguejei, mas fiquei enlouquecido, e disse aos meus amigos que eu só ia desligar aquele motor quando encontrasse uma vila, eu precisava saber o resultado do jogo.
A noite caiu e nós firme navegávamos nos dois barcos em meio à escuridão. Por volta das 21h00min h enxergamos uma pequena luz ao longe, era um pequeno vilarejo. Aproximamo-nos bem devagar com medo de bater em alguma pedra, ou toco.
Fomos encostar o barco em um gramado onde havia dois vultos. Eram dois curiosos que viram as lanternas do barco se aproximando. Nem esperei o barco encostar, nem lembro se os cumprimentei, e perguntei se eles sabiam o resultado do jogo do Brasil. Um deles prontamente respondeu: “três X dois para a Itália”. Meu mundo caiu.
Amarramos os barcos e depois de muita insistência do Marcus e do Duncan aceitei ir procurar alguém para cozinhar algo para nós. A vila era bem pequena, e nem luz elétrica havia, as luzes que vimos era de lampiões.
Chegamos à casa de uma senhora que aceitou nos preparar um jantar. Ficamos sentados na varanda da sua casa esperando-a terminar o nosso jantar. Por mim eu teria ido dormir mesmo sem comer.
Passado alguns minutos chegou o seu marido e seu filho. Não sabíamos, mas eles foram de carro a uma outra cidade que tinha eletricidade ver o jogo. Cumprimentaram-nos e nós nos apresentamos. Quando souberam que éramos brasileiros efusivamente nos deram a notícia que o Brasil era tetra campeão mundial.
Não entendemos nada a princípio e por várias vezes perguntávamos se eles tinham certeza, e eles confirmavam com muita segurança. Nós contamos que uns tipos nos disseram exatamente o contrário. Meus olhos ficaram marejados, não podia acreditar. Acho que fomos os últimos brasileiros, a saber, que éramos tetras.
Jantei o melhor frango com papas fritas do planeta terra.
Os próximos dias foram longos, pois acordávamos bem cedinho e colocávamos os motores para funcionar. Como a correnteza era forte, e os motores pequenos, o resultado para frente era de cinco quilômetros por hora. Sempre fazíamos a curva do rio pelo lado de dentro da curva, pois o outro lado a correnteza era muito mais forte. Houve várias vezes que ficamos parado em relação a terra tamanha era a força da corrente que anulava a potência do motor do barco.
A corrente variava um pouco, e nós com a ajuda do leme procurávamos uma brecha nos rodamoinhos, assim lentamente íamos subindo o rio.
O rio era um mar de tão grande, e depois de uma curva vinha sempre uma reta tão longa que o horizonte se fundia com a própria água do rio. Eu ficava ali no leme, com aquele zumbido inconveniente do motor, pacientemente olhando a margem. A velocidade era tão pequena que dava para contar as árvores se eu quisesse. A viagem pouco a pouco foi virando a viagem interna. O jeito era ouvir meu walkman, e pensar na vida.
De vez enquando passávamos em frente a alguma vila, e como tínhamos duas bandeiras do Brasil bem grandes na capota do barco casa, não era difícil descobrir que éramos brasileiros. Aconteceu mais de uma vez, éramos saudados como tetra campeões e o gesto que faziam da margem do rio para nós era o mesmo que o Bebeto fazia quando marcava um gol, o famoso balançar do bebê.
Os fins de tarde antes da chuva sempre davam um espetáculo de luz, e acho que nos rios o entardecer é mais bonito que no mar.
Para passar a noite de uma maneira mais segura, o jeito que encontramos foi amarrar o barco em algum galho de árvore na margem e virar o leme do barco para ele tentar sair para o lado oposto da margem. Ele ficava assim afastado, mas a água passava em baixo como ele estivesse navegando. Pelo menos com o barco isolado da margem não corríamos o risco de nenhum animal se aproximar, nem mesmo as formigas e os insetos, os maiores inimigos em uma floresta.
Depois de nove dias chegamos a Puerto Ayacucho, onde estaria o fotógrafo Roberto Linsker que embarcaria na expedição.
. Navegamos 670 quilômetros em nove dias, e fizemos uma média de 74 quilômetros por dia, e como navegávamos doze horas por dia, estávamos fazendo uma média de seis quilômetros por hora. Era muito emocionante a nossa rapidez. Foi um teste de paciência.
Há apenas alguns quilômetros da chegada o Marcus e o Duncan conseguiram passar por uma corredeira na margem esquerda que era a Venezuela, eu não consegui. Decidi atravessar o rio para o lado Colombiano, onde imaginei encontrar menos corrente contra. Passei e fui bem colado à margem observando um pequeno povoado chamado Casuarito.
Quando já estava em frente a Puerto Ayacucho decidi atravessar o rio novamente para o lado venezuelano. der repente ouço alguém gritar meu nome, desacelero o motor e olho alguém correndo ao lado da margem, era o Roberto, meu querido amigo.
Encostei o barco, ele deu um pulo e subiu a bordo. Abraçamo-nos e demos muita risada, pois ele estava nos esperando em Puerto Ayacucho fazia dois dias, e como não sabia exatamente quando íamos chegar foi para o lado colombiano conhecer Casuarito. Ótima coincidência encontrá-lo do outro lado, tudo por causa daquela maldita corredeira.
Um pouco acima de Puerto Ayacucho o rio Orenoco não é navegável por alguns quilômetros, por causa das cachoeiras de Atures. Somente em Samariapo, sessenta quilômetros rio acima ela passa a ser navegável.
Não tínhamos ideia de como íamos fazer para levar os barcos rio acima. Já sabíamos que isto teria que ser improvisado, mas antes de chegar lá era impossível montar uma logística. Chegamos novamente na dependência de encontrar algum caminhão para fazer o transporte. Desmontar os barcos seria uma árdua tarefa, mas não havia outro modo.
Ao chegarmos à cidade encontro o barco do Marcus encostado perto de uma rampa onde havia uma carreta de barco bem parecida com as medidas do nosso barco. Parecia mais uma carreta para catamarans do que para um mono casco convencional, mas quem teria um catamaran naquele fim de mundo.
Logo ficamos sabendo que um venezuelano de Caracas operava um passeio turístico em botes infláveis pelas corredeiras de Atures. Ele rebocava por uma estradinha com seu jipe, um catamaran inflável de mesma dimensão que os nossos barcos. Rio acima ele desembarcava por uma rampa cimentada os inflável que os turistas usavam para descer as corredeiras.
Informaram-nos que eles estavam para chegar, e por algum dinheiro ele era capaz de fazer o transporte. Dito e feito, o nosso amigo se solidarizou com a nossa viagem e nos fez um favor inestimável, rebocando um por um, levamos os dois barcos para Samariapo, cinquenta quilômetros mais ao norte.
Passados dois dias partimos de Samariapo, já considerado o alto Orenoco. Subimos o rio mais um dia e paramos em Maipures em uma base da Guardia Nacional para mostrar nossa permissão. Nesta parte do rio existem ilhas muito grandes. No começo eles começaram com uma conversa que queriam nosso equipamento fotográfico como “regalo”, de presente. Não levei a sério, depois um deles olhou para a minha bota e me pediu-a. Expliquei que tudo que tínhamos era estritamente necessário, e mostrei as duas cartas, a do ministro do interior e a do nosso amigo almirante.
Conseguimos deixar os barcos em um lugar seguro, pelo menos, pois depois de apresentados os documentos o tratamento mudou completamente. De lá, no outro dia começamos uma exploração que saia do Rio Orenoco e subia o Rio Sipapo. O nosso objetivo era ir conhecer o Cerro Autana, uma montanha sagrada para os indígenas da região que tem 1300 metros da altura. Na língua dos índios Pemon que habitavam a Grande Savana eles o chamavam de Tepui Autana, que quer dizer “Casa dos Deuses”, e tem um formato de uma mesa, com um cume totalmente plano.
Existem outros Tepuis também bastante conhecidos, como o Monte Roraima, e o Tepui Auyantepui, de onde despenca a cachoeira de Salto Angel.
Navegamos com um guia local em uma voadeira um dia inteiro. No final do dia chegamos à casa de uma família de índios que nos acolheu mediante um acerto em dinheiro. Partimos bem cedo no outro dia para uma aldeia que ficava no Rio Autana.
Ao chegar à aldeia contatamos um guia local, que ia nos guiar para uma montanha ao lado do Tepui Autana. Como é muito difícil escalar este Tepui, o jeito era subir a montanha ao lado para termos uma boa visão. Com a voadeira entramos em um canal bem fino que foi se estreitando pela mata, até começar a encalhar. A luz que passava pelas árvores tingia as folhas de um amarelo que contrastava com a água do riacho que era meio avermelhada.
Descemos da canoa e começamos a caminhar pela água até o nosso guia encontrar a trilha. Ele caminhava com uma facilidade impressionante, e por ser bem pequeno e leve, parecia que era uma criança que nos guiava. Aquele pequeno homem tinha algo de especial, uma leveza de alma, e trazia uma alegria e simplicidade surpreendente.
Depois de uma hora subindo chegamos ao cume do cerro. Em frente a nós estava o famoso Tepui Autana, que se erguia imponentemente. De lá de cima podíamos ver 360 graus de horizonte, e a grande floresta abaixo se estendia para além do horizonte. Para qualquer lado que olhássemos víamos o “Mar Verde”, com milhões de árvores. Os rios sinuosos que cortavam a floresta faziam desenhos com suas curvas.
Salvo o lado que se via o Tepui o resto era plano. Lá de cima víamos algumas chuvas despejando muita água sobre a floresta, fechando o ciclo de evaporação, condensação e pôr fim a chuva, um milagre da natureza que devolve a água à bacia do Orenoco. O que será da Amazônia sem a mata nativa? O que será dos animais da floresta? O que será do homem sem os recursos da natureza?
Ficamos sentados em uma pedra observando aquele mágico lugar, longe dos lugares que achamos que são importantes, dos grandes centros urbanos, onde a vida passa rápido e engana a muitos, dando a sensação de que tudo que acontece e é noticiado é vital. Assim vivemos afastados da natureza, que é a nossa principal referência, e que é a única coisa que podemos procurar para nos revitalizar quando estamos precisando nos recarregar de energia.
O que será de nós quando não tivermos mais lugares limpos e puros para nos curar. Estaremos órfãos de mãe, da Mãe Natureza.
Na descida da montanha o nosso guia já sabendo que ia chover, passou por uma árvore com folhas largas, arrancou uma delas. Andando foi fazendo um chapéu, e quando a chuva veio ele o colocou na cabeça, e assim que a chuva se foi ele jogou a chapéu fora. Que facilidade, que adaptação incrível, que leveza, nem um chapéu ele precisava ter. Nós em compensação vivemos uma vida acumulando milhões de coisas que muitas vezes usamos só uma vez, e as guardamos pelo resto da vida.
No dia seguinte chegamos de volta aos barcos para continuar a nossa jornada rumo ao Canal do Casiquiare.
O oficial responsável pela base da Guardia Nacional veio conversar conosco para dizer que os próximos dias iam ser muito perigosos para nós, pois agora que navegávamos na fronteira com a Colômbia, ele temia por nossas vidas, pois a eminência de um ataque das Farcs era uma possibilidade grande. Sem saber o que falar, eu perguntei qual seria a nossa opção.
Ele nos disse que poderia colocar a nossa disposição uma lancha para nos seguir nos próximos dois dias, com o pessoal dele armado, como batedores.
Perguntei a ele se isso tinha custo e ele disse que ia nos cobrar um valor simbólico de U$ 2.000 dólares. Quase cai para trás, e não disse nem sim nem não. Reunimo-nos e avaliamos os riscos dos próximos dois dias. Pensamos em navegar à noite e ficar escondidos durante o dia, sempre colados na margem venezuelana.
Ficamos desconfiados com o apetite do oficial, e preferimos partir sozinhos. A ideia era acordar bem cedo e andar o máximo possível para passar o mais rápido possível por aquela região.
Partimos bem cedinho com muita dúvida se aquela havia sido a decisão certa, mas agora tínhamos que avançar. Naveguei de olho no outro lado da margem do rio. Nesta região era comum passar de vez enquando uma voadeira com pessoas da região.
Fomos comprando gasolina nas vilas, acampamentos indígenas, fazendas e até em casas isoladas de gente que vive na beira do rio.
Agora que o rio ia se estreitando havia lugares onde a margem oposta estava a 800 metros, o que nos deixava a vista de quem estivesse do outro lado.
Para a primeira noite decidimos procurar algum lugar mais ou menos escondido. Amarramos os barcos bem perto da margem em um lugar que havia uma pequena clareira.
Quando anoiteceu já estávamos dentro da barraca jantando a nossa comida liofilizada francesa. De olho na janela de tela contra os insetos, nós mantínhamos o mínimo de luz para não chamar a atenção. Começou a despencar um temporal, daqueles que não dava para olhar mais que 100 metros tamanha era o volume de água. A noite sempre fazia um friozinho gostoso, e logo nos enfiamos nos sacos de dormir.
Logo em seguida percebo um facho de luz iluminando os nossos barcos, e em seguida o barulho de um motor. Gelei, pensei, vamos ser atacados, será que são piratas da Colômbia, Farcs, sei lá, passou tudo pela minha cabeça.
Combinamos não ligarmos nenhuma luz, e ficamos ali observando o movimento deles. O barco se aproximou e parecia que eles estavam tentando ancorar o barco. O motor continuava ligado, e eles continuavam a nos iluminar.
Mudamos a tática e pegamos uma lanterna daquelas de 1000 velas e acendemos um farol bastante forte na cara deles. Vimos que era um pequeno barco a motor local, com uma capota de madeira. Não dava para ver quantas pessoas havia, mas comecei a pensar o que fazer caso eles nos atacassem.
A chuva continuava forte e depois de uns dez minutos eles partiram, mas nós não sossegamos, pois eles podiam querer nos pegar de surpresa subindo contra a corrente e descendo com o motor desligado. Ficamos um bom tempo apagado, e de olho lá para fora.
O dia amanheceu calmo, e com a luz do dia me sentia bem mais confortável. Sem perder tempo partimos para San Fernando de Atabapo, que fica na intercessão do Rio Atabapo com o Orenoco. Ali o Rio Orenoco faz uma curva para a esquerda, e se separa definitivamente da fronteira com a Colômbia.
No final do dia conseguimos parar o barco para descansar já em águas seguras, longe da Colômbia. Navegamos em dois dias 160 quilômetros, e depois do Rio Atabapo o Orenoco ficou bem mais estreito, e para chegar à entrada do Canal Casiquiare ainda teríamos mais 360 quilômetros pela frente.
Os dias eram longos, e muitas vezes monótonos, pois só víamos árvores e mais árvores. Roberto e eu nos revezávamos no leme do barco. Aproveitei para ler um livro que contava a saga dos exploradores do Amazonas como Francisco de Orellana, Lope de Aguirre, La Condamine e Alexander von Humboldt. Eu estava viajando no alto Orenoco 200 anos depois de Humboldt e Bonpland terem passado por lá, e acho que o que eles viram era exatamente o que nós estávamos vendo.
Na época eles só conseguiram subir o rio por causa da ajuda dos índios que os transportavam em canoas. Nos seus relatos eles contam que eram atacados por um tipo de inseto minúsculo, e como não tinham roupas especiais eles foram ficando inchados de tanta picada. De fato, a pior coisa da floresta venezuelana é o Ren Ren, um tipo de borrachudo que ataca em nuvens. Nós pelo menos tínhamos um pouco de velocidade para fugir da bicharada, mas na hora de encostar na margem para dormir, a operação tinha que ser feita rapidamente e de calça comprida e mangas longas. O repelente valia ouro.
Neste trecho de rio não havia nada nem vilas, e começamos a ficar preocupados com o combustível. Para nossa sorte encontramos uma fazenda na beira do rio. Havia uma pequena sede e muitos animais selvagens domesticados, como uma macaca chamada Rosa, araras, e um pássaro estranho que eu nunca havia visto. Conseguimos comprar gasolina e encher os tanques até a boca.
Os fins de tarde continuavam maravilhosos, e quando não chovia mais cedo assistíamos um espetáculo com revoadas de pássaros que sempre gostavam de ficar nas árvores que ficam na margem.
Nas noites que choviam chegava a fazer frio na barraca. À noite aproveitávamos para conversar, pois era o único momento que nós quatro estávamos juntos. Fazíamos o jantar e depois o barco virava um dormitório.
Quando cessava o barulho da chuva, dava para ouvir o som da floresta, com centenas de pios, ruídos de seres que não conseguia sequer imaginar a forma ou o tamanho. Estar afastado da margem me dava uma sensação de conforto. As nuvens iam se dissipando, e pela janela de tela dava para ver um céu de estrelas se descortinarem. Parecia que eu estava em uma nave espacial, tantas eram as estrelas.
De manhã dava para sentir o cheiro da mata úmida. As folhagens verdes estavam tão cristalinas e límpidas que parecia que estávamos em um jardim encantado, e que algum paisagista pacientemente plantou todas aquelas árvores propositalmente. Talvez tenha sido isso mesmo que ocorreu.
Passados alguns dias chegamos a Tama Tama, uma pequena comunidade de índios que ficava há uns dois quilômetros depois da entrada do canal do Casiquiare. Lá compramos gasolina, pegamos algumas informações e voltamos para o rio.
Conversa vem, conversa vai, uma pessoa vem me perguntar se não vimos um barco há uns dias atrás durante a noite nos iluminar. Respondi que sim, inclusive nos deu um tremendo susto, pois pensávamos que eram ladrões. O sujeito deu risada e me disse que eram pesquisadores ingleses que estavam subindo o rio e ficaram curiosos ao ver um mastro de veleiro, e ficaram ali tentando descobrir o que eram aquelas duas estranhas embarcações. Pois é, esta lei de Murphy é danada mesmo, tinha que acontecer bem na fronteira com a Colômbia.
A nossa navegação era muito imprecisa, pois apesar de usarmos GPS, o nosso mapa não passava de um mapa de viagem, onde o Rio Orenoco e o Casiquiare eram uns pequenos riscos.
A entrada era tão pequena que indo para Tama Tama não percebemos o canal. Só depois de falar com os índios é que encontramos a passagem. Fizemos uma festa ao chegar à boca do canal, e a vida mudou bastante a partir daquele ponto, pois passamos a navegar a favor da corrente. Depois de vinte e um dias subindo os 1800 quilômetros do Rio Orenoco, o barco ganhou mais velocidade, pois nesta época do ano chovia muito, e o canal estava rápido.
Fizemos um planejamento para chegar na época das chuvas, pois não sabíamos se haveria muitas pedras e corredeiras. Temíamos não passar, mas ao ver aquele volume de água nos tranquilizamos.
O canal tem 326 quilômetros de comprimento, e é uma ocorrência geográfica raríssima, pois o normal seria ele correr para o lado da bacia do Orenoco. A rigor tudo que está na margem esquerda do Orenoco, Casiquiare, Rio Negro e Rio Amazonas é uma gigantesca ilha marítimo-fluvial.
Embora Humboldt o tenha explorado, foi o padre Cristóbal de Açuña que em 1639 fez os primeiros relatos mais concretos.
O começo de canal era bem estreito, mais ou menos uns 50 metros de largura, mas à medida que descíamos ia se alargando. Encontramos muitos bancos de areia e algumas corredeiras. O maior risco era bater a rabeta do motor de popa e perder a nossa propulsão. Como precaução estávamos levando aquele velho motor de seis HP comprado em Trinidad.
Como o canal era estreito e rápido, na água dava para perceber bem os rodamoinhos. As margens estavam próximas uma da outra, dando-nos a sensação de estar mais do que nunca dentro da floresta. Navegar olhando árvores por todos os lados a bordo do meu catamaran que um dia partiu de Miami, me deu uma sensação de grandiosidade em relação à expedição. Que viagem maluca esta, pensei. O que será que existe lá dentro da floresta? Os rios na floresta são como estradas, fora deles você entra em um mundo extremamente selvagem e difícil. Apesar de tudo seguíamos viagem.
No segundo dia encontramos a primeira tribo de ianomâmis, exatamente como nos haviam dito em Tama Tama. Primeiro vimos alguns índios em uma canoa, depois a aldeia. Neste primeiro contato fomos bem cautelosos e encostamos os barcos bem devagar na margem direita em frente à aldeia.
Parei primeiro meu barco e o Roberto Linsker saltou para a margem, e foi se apresentar. Toda a aldeia se reuniu para nos ver. Muitas crianças, jovens se aproximaram dos barcos. O chefe conversou com o Roberto em espanhol, e autorizou que nós filmássemos e fotografássemos. Como retribuição oferecemos a eles um pouco de comida, como castanhas e barras de cereal.
O que deviam pensar a respeito daqueles estranhos barcos, um com um mastro e vela, e o outro com uma barraca fechada, cheia de janelas. Um OVNI para nós talvez seja algo mais familiar de encontrar, do que eles avistarem aquelas geringonças.
Esta nação milenar vive em grande parte das terras ao redor do Pico da Neblina. Praticamente sem contato com o homem branco até meados dos anos 50, protegidos pela inacessibilidade dos rios e cachoeiras que circundam seu território, são considerados um dos povos mais primitivos da Terra, desconhecem, por exemplo, qualquer sistema de contagem. Com fama de guerreiros e hábeis caçadores, são estimados hoje em cerca de 20.000 mil pessoas espalhados por mais de 360 agrupamentos na floresta.
Dava aflição olhar para os índios que sem nenhuma proteção eram devorados pelos insetos. Ninguém ficava com os braços parados, e em volta do cacique ficavam algumas crianças batendo os braços nas pernas e nas costas dele, para espantar a bicharada. Nunca vi nada igual, e só porque usávamos calças compridas, mangas longas e repelentes era possível ficar ali, caso contrário a morte era melhor.
Retirei do barco um livro de fotografia sobre a Amazônia, e me agachei ao lado das crianças que curiosas me rodearam. À medida que eu ia apontando uma foto no livro, elas me falavam o nome em Ianomâmi. Foi muito divertido eu tentar aprender falar algumas palavras na língua deles. Eu também repetia o nome em português, e algumas delas se arriscavam.
Agradecemos ao cacique pelo encontro, e demos a ele a camiseta do projeto. Ele nos retribuiu com um arco e fecha, e dois remos. Despedimo-nos e continuamos a descer o canal. Já quase no final da tarde chegamos a outra aldeia, que para o meu barco era quase impossível encostar, pois as árvores se debruçavam na beira do rio, e como o meu barco estava com o mastro eu não conseguia encostar.
O barco casa encostou, e eu fiquei ali motorando e pensando o que fazer. Para minha surpresa, alguns índios subiram na árvore e com facões começaram a cortar alguns galhos fazendo uma passagem para o mastro passar. Fiquei bem impressionado com a esperteza deles. Foi o primeiro sinal de que éramos bem-vindos.
A diferença desta tribo para a outra é que eles não falavam nada além da língua ianomâmi. Ficou difícil, e a comunicação foi toda através de gestos. Eram mais ou menos uns trinta índios que habitavam uma única oca gigante, ou seja, apenas sete famílias.
Como era fim de tarde, não deu muito tempo para nos comunicar com eles. Passado pouco tempo eles deram as costas e todos sumiram, entraram na oca, sem nenhuma cerimônia. Aliás, cerimônia é algo que índio não tem, logo vi.
Ficamos sem saber o que fazer, pois não nos convidaram para entrar e conhecer a oca. O Marcus foi para o barco dormir, e o Duncan, o Roberto e eu ficamos ali na porta da oca tentando ver o que se passava lá dentro. A entrada era bem pequena e baixinha, e de fora pouco dava para ver.
Decidimos nos sentarmos na porta do lado de fora, e como cachorros fomos ganhando terreno. Devagar íamos sentando cada vez um pouquinho mais para dentro. Esta técnica de cachorro funciona bem, e acho que também estávamos fazendo a mesma cara de cachorro que sabe que está fazendo algo errado, mas vai testando o limite do dono.
Dentro da oca vi que cada núcleo de família se reunia em volta de uma pequena fogueira, e todos estavam deitados em redes presas a estacas de madeira. Logo perto de nós estava o cacique, sua esposa e as crianças. Ao lado dele estava o pajé, um índio bem velho.
Ficamos ali imóveis, e eu particularmente nunca havia tido uma experiência como essa. O Roberto veio e me falou: “Esta cena que estamos presenciando poderia estar acontecendo há dois mil anos atrás, pois de lá para cá eles não mudaram nada”. Eu na mesma hora pensei, entramos em uma máquina do tempo, o efeito era o mesmo.
A luz do lume das fogueiras era a única luz do ambiente, e ela iluminava as faces avermelhadas dos índios deixando o lugar com um aspecto primitivo e acolhedor. A fumaça das fogueiras ajudava a espantar os mosquitos, mas também dificultava a respiração.
O pajé levantou-se da sua maca e se aproximou. Na mão ele trazia uma tigela de madeira com algum tipo de raiz, que era o que eles estavam comendo. Provei e achei horrível, mas fiz cara que gostei, não ia fazer um desaforo na casa deles. Comer sem sal é difícil.
Fiquei ali pensando em mostrar algo para eles que valesse a pena. Sempre tenho a sensação que nós achamos mais graça neles do que vice-versa.
Tive uma ideia, e fui ao barco pegar o walkman, para eles escutarem uma música. Eu não trazia mais que dez fitas cassetes, e pensei que música seria interessante mostrar a eles. Veio na cabeça Milton Nascimento, porque considero que ele é um dos poucos músicos que fazem uma música universal, absolutamente contundente e compreensível a qualquer ser deste planeta.
Entrei na oca entusiasmado, e com o aparelho na mão e deixei no ponto a música Sentinela que começa com um canto gregoriano belíssimo, depois entra a Nana Caymmi com uma voz sublime. Finalmente vem o Milton que sempre me emocionou, cantando com a voz mais linda que conheço. Concordo com o que a Elis Regina disse: “Se Deus cantasse teria a voz do Milton”.
Liguei o Walkman e levei-o até o cacique. Primeiro coloquei o fone no meu ouvido mostrando a ele como fazia. Tirei-o, e cautelosamente coloquei os fones no seu ouvido. Não sei como contar, mas a expressão dele vai ficar marcada para sempre na minha memória, pois parecia que o algo resplandecente havia nascido dentro dele, e acho que nasceu mesmo. Imagina alguém que nunca sonhou com um aparelho daquele, sentir a música dentro dela.
Ele ficou sorrindo, e todos muito intrigados sem saber do que se tratava. Alguns segundos depois ele tirou os fones e deu para o pajé, que também foi vítima do mesmo bem estar. Do pajé o aparelho foi para a mulher do cacique, e de mão em mão a música foi preenchendo o corpo daqueles seres tão doces.
Depois de todos ouvirem, duas meninas bem jovens vieram nos devolver o walkman. Como retribuição elas nos cantaram uma linda música ianomâmi. Ficamos muito emocionados e espontaneamente aplaudimos as meninas. Aconteceu algo incrível, todos nos acompanharam nos aplausos, e nós nunca soubemos se o aplauso era algo em comum entre eles.
O Roberto nos disse que ia retribuir a música, e se levantou. Como ele já morou alguns anos na Espanha durante a adolescência, ele cantou uma música em espanhol, algo que trazia alguma lembrança do seu passado. Assim que ele acabou de cantar todos aplaudiram alegremente.
Por alguns segundos todos ficaram em silêncio até que outras duas jovens vieram para perto de nós para cantar uma outra música. Sempre bem curtinhas, as músicas tinham um jeito que parecia quase uma declamação, um rap ianomâmi. Novamente todos aplaudiram. Bom, sobrou para mim, que sou o mais desafinado, mas que também tem um coração lá no fundo. Arrisquei-me e cantei Beijo Partido do Toninho Horta, que é dificílima de cantar, mas uma das poucas músicas que nunca me esqueci.
Cantei, e com certeza, aquela era a única plateia neste planeta que iria me aplaudir. Acho que viajei milhares de milhas para dentro de uma floresta para procurar alguém que gostasse de me ver cantando.
Novamente mais duas meninas se apresentaram para nós. O festival estava ficando cada vez mais animado, e então o Duncan que é Sul Africano, e fala african, um dialeto na África do Sul, nos ensinou alguns refrões para fazermos juntos enquanto ele cantava. Agora os dois Robertos eram backing vocal. Inacreditável, mas estávamos os três de pé em frente de uns índios Ianomâmis cantando uma música em african, isso eu jamais imaginei na minha vida.
Foi um momento único nas nossas vidas, que em comunhão com nossos irmãos, e sem falar uma única palavra no seu idioma, unimos os nossos cantos, as nossas emoções e nossos corações. Aquele mágico encontro confirmou para mim o que vale a pena viver na vida, e aquela viagem estava sendo o melhor presente que pude me dar.
Esta última apresentação foi a mais aplaudida, e foi linda mesmo. Música da África para a Amazônia.
Já era hora de se recolher, e o Linsker sugeriu que voltássemos para o barco: “Já está na hora, índio não dorme tarde”.
À noite na cama fiquei pensando por que foram tão cruéis os encontros dos europeus com os povos indígenas. Quantos valores foram mudados ao logo de alguns séculos, mas que ainda em alguns lugares permaneciam congelados, envoltos na ignorância e no preconceito.
As despedidas das pessoas foram sempre difíceis nestas viagens, pois sei que possivelmente jamais voltarei a encontrá-las. São encontros intensos, curtos e que criam um laço de amor muito forte. O encontrar, conhecer, trocar, e despedir parecia um nascer e morrer. Acho que foi um bom treino para se tornar desapegado.
Sempre tento descobrir o que está por trás destes rápidos encontros. O que me levou a viajar quilômetros e quilômetros para cruzar um olhar com alguém e nunca mais o encontrar.
Parti de coração partido. Olhar para trás e ver toda a comunidade acenando foi difícil. Não vou mais encontrá-los pessoalmente, mas carrego aquelas expressões dentro de mim.
Este foi o terceiro dia no Canal e logo chegaríamos ao Brasil por uma das fronteiras mais desconhecidas, Cucuí.
Chegamos à confluência do Canal Casiquiare com o Rio Guainía, e pode-se dizer que o Rio Negro nasce naquele ponto. Nesta noite acampamos já próximo a fronteira do Brasil.
Entramos no Brasil um pouco antes hora do almoço. De cada lado da margem havia uma bandeira em cima de um muro de concreto. Esta é uma fronteira tríplice, mas as terras colombianas ficaram para trás também. Agora só queríamos chegar a algum lugar habitado para comer uma comidinha caseira.
No Rio Negro a vida a bordo melhorou muito, pois não tem um inseto. A alcalinidade da água dificulta a existência de peixes, e com muito pouca vida os insetos não se proliferam. Dava para dormir com a janela aberta. Até o encontro com o Rio Amazonas teríamos que navegar por mais de 700 quilômetros.
Dez quilômetros após a fronteira paramos na base brasileira do exército em Cucuí. Eles já nos esperavam, e tínhamos que fazer a entrada dos papéis no Brasil. Fomos muito bem recebidos pelos oficiais de plantão. Fizeram a vistoria nos barcos, e depois fomos almoçar em um pequeno bar. Matamos um frango, com arroz, feijão e fritas. Teve até uma saladinha de entrada. Que banquete!
Entre Cucuí e São Gabriel da Cachoeira, nosso próximo destino, o Rio Negro é muito perigoso. As corredeiras são muito grandes, tem muita pedra e o rio é bastante rápido. Ficamos muito inseguros de navegar por lá sem um guia.
Depois de Cucuí paramos em uma minúscula vila na beira do rio, onde acabamos conhecendo um senhor que queria uma carona para São Gabriel. Para nossa sorte ele conhecia muito bem as corredeiras, e as armadilhas do rio.
Descemos feito um foguete, e batemos todos os recordes de velocidade. O barco passava por cima de corredeiras que faziam o barco pular, andando algumas vezes de lado. Olhando a margem dava para ver como era inclinado aquele trecho. Não havia muito tempo para pensar, pois havia muitas ilhas de pedra pelo rio, e uma vez escolhido o lado não dava para voltar, era uma decisão que tinha que ser tomada rapidamente.
Foram 250 quilômetros de ação, e quando finalmente chegamos a São Gabriel da Cachoeira fomos obrigados a parar o barco no pequeno porto local. A cidade tem dois portos, um na parte de cima, outro na parte debaixo do rio. Tínhamos que passar pelo trecho do rio mais perigoso. Ali fica a parte mais estreita do Rio Negro, e por causa disso ele acelera muito. Para ajudar tem muitas pedras, que formam uma cachoeira de verdade.
Consultamos uns barqueiros locais que nos cobraram muito dinheiro para subir a bordo e nos guiar. Decidimos descer a corredeira sozinhos. Ficamos umas duas horas em cima de uma pedra estudando por onde íamos passar. O Duncan e o Linsker se posicionaram em um lugar estratégico para documentarem a nossa odisseia.
Eram apenas 500 metros de turbulência, e passado esta parte o rio se alarga e volta a ser plácido.
O Marcus estava no barco casa que nos preocupava mais, pois era mais instável. No meu caso, o meu barco levava vantagem, pois era bem mais leve, e eu não carregava a barraca.
Eu estava bastante tenso, mesmo assim nos atiramos corredeira abaixo. Os barcos passaram as corredeiras saltando as ondas, rabeando, e eu controlava o barco acelerando o motor de popa. Na margem do rio aglomerou alguns moradores que estavam lá esperando que alguma desgraça acontecesse. O pior trecho não durou mais que trinta segundos, e quando passamos o funil onde o rio tem apenas 300 metros de largura, tudo voltou ao normal. Respirei fundo, passamos pelo pior, dali para frente não encontraríamos mais corredeiras.
A parada em São Gabriel seria mais longa do que as outras. A ideia era escalar o Pico da Neblina, o ponto mais alto do Brasil, que tem 2.994 metros de altura. O Linsker o mais experiente do todos nós em escaladas fez a preparação ainda em São Paulo, e conseguiu o apoio de um lodge, um tipo de pousada, que ficava na Ilha do Rei, em frente a São Gabriel.
Conseguimos atracar os dois barcos em um lugar seguro na Ilha de Rei. No dia seguinte fomos procurar o IBAMA para confirmar o aluguel de um barco de alumínio, um piloto que era funcionário do órgão, e de um guia para nos levar lá para cima.
O Pico da Neblina fica muito longe de São Gabriel, mais ou menos uns 350 quilômetros, somado as distâncias da estrada e dos rios.
Na cidade conhecemos dois espanhóis muito simpáticos, um jornalista, o outro apenas fazendo turismo, que queriam também ir para o pico. Decidimos juntar as expedições, e no outro dia bem cedinho estávamos todos subindo a bordo de um caminhão do exército que nos deu uma carona até um pequeno rio chamado Lazinho, a 80 quilômetros de São Gabriel. A estrada de terra estava em péssimas condições, e se caísse alguma chuva forte nem um caminhão passaria.
Na caçamba do caminhão íamos carregados de equipamentos, comida e um barco de alumínio, pois agora éramos muitos, o outro barco estava no local.
Os dois espanhóis levaram um guia próprio e dois carregadores, e nós somente um guia, as mochilas que estavam com dezessete quilos iriam no “lombo”.
Quando chegamos ao Rio Lazinho o caminhão parou para nos deixar. No mesmo instante estava chegando uma turma de soldados do exército brasileiro vindos de um treinamento na mata. Eles foram ao Pico da Neblina e voltaram. Parece simples falar, subir o pico, mas nós ainda não tínhamos noção do que nos esperava.
O barco que íamos usar estava afundado na beira do rio, e o que trouxemos era dos espanhóis. Começou a função, arrancar o barco de dentro do rio, e prepará-lo. Duas horas depois começou a viagem.
O motor do nosso barco começou a falhar já de cara. Pensei, esta viagem está me cheirando a roubada, mas tudo bem, vamos lá. Aos trancos e barrancos navegamos o dia todo, até quase anoitecer. Do rio Lazinho passamos para o Ia Mirim, depois o Ia Grande. Foi já no Rio Caiuburi que paramos em um lugar abandonado que tinha uma coberta de palha. Fizemos o nosso jantar e esticamos os casos de dormir.
O dia ainda não havia amanhecido e nós já estávamos subindo o rio. De ambos os lados eu conseguia ver algumas montanhas, mas elas não pertenciam a Serra Imeri, onde está o Pico da Neblina e o Pico 31 de março, a segunda montanha mais alta do Brasil.
Na parte da tarde encontramos o nosso último rio, o igarapé Tucano. Já bem pequeno e com uma mata bem abundante, e árvores gigantescas, nós mergulhamos mais ainda dentro da mata. Certo momento desligamos o motor de popa, que só havia dado dor de cabeça, e passamos a remar.
Quando ficou impossível navegar, pois o barco já começava a encalhar, encostamos na margem ao lado de uma clareira e fizemos o nosso acampamento.
Para economizar peso só levamos uma barraca de dois lugares para três, o Duncan, o Linsker e eu. O Marcus ficou doente e preferiu ficar em São Gabriel descansando e curando uma forte gripe.
Fomos acordados pelo nosso guia, o Aristides Moreira, um negão muito engraçado, que trabalhava no garimpo lá de cima. Saiu do Maranhão para tentar a sorte no garimpo, e como todo garimpeiro ele tinha o sonho de encontrar uma pepita de ouro gigante, ficar rico e se aposentar.
A caminhada começou por um terreno mais ou menos plano, mas muito encharcado. Duas horas depois começou uma leve subida já em mata fechada, que foi se acentuando. Íamos em um fila indiana de nove pessoas. Pelo altímetro do Linsker, quando chegamos aos 400 metros de altura começamos a descer novamente. Descemos até a cota 200 metros e novamente começou outra subida. Na parte da tarde o céu foi escurecendo, até começarmos a ouvir fortes trovões. A temperatura estava em torno dos 32 graus, mas caminhando na mata fechada com sombra, a temperatura não era insuportável.
A chuva começou, mas durante uns quinze minutos não sentíamos nada, pois a mata segurava, mas à medida que a chuva foi aumentando começamos a sentir o efeito da umidade. Colocamos nossos ponches cobrindo também as mochilas para não encharcarem e pesarem ainda mais. A chuva dentro da floresta começa depois e acaba também depois, pois sobra muita água na folhas que gotejam bastante.
O Duncan começou a se sentir mal de manhã, e na parte da tarde estava com febre e o corpo cansado. Diminuímos o ritmo, mas lentamente a expedição ia subindo. O tamanho dos troncos das árvores era impressionante. Eram árvores de mais de 300 anos. Na trilha vi algumas hordas de formigas gigantes cruzando em fila. Como acampar em um lugar daqueles fiquei me perguntando. Aliás, ninguém monta barraca por aqueles lados, o pessoal prefere dormir em redes.
Já quase no começo da noite, com a trilha bem encharcada e o temporal despencando nas nossas cabeças, chegamos a um acampamento de garimpeiros que também estavam subindo.
Eles construíram uma barraca de madeira e a cobriram com um plástico transparente. Dentro penduraram dezenas de redes. Aqueles homens em especial trabalhavam para abastecer o garimpo, eram carregadores.
O garimpo que estava estabelecido na Serra Imeri, tinha mais ou menos dois mil homens. Eles estavam devastando e poluindo os rios com metais pesados dentro do segundo maior parque nacional do país. O parque conta com apenas dois guarda-parques. Não dá para levar a sério um país que cuida de seu maior patrimônio assim com total descaso. Só depois de conhecer a Amazônia é que eu entendi o sentido da palavra abandono.
As mulas, como eram chamados, carregavam uns quarenta quilos de carga em um tipo de mochila de palha chamada jamanchim, presa a cintura e com uma tira apoiada na testa. Vestindo roupas precárias e galochas, eles subiam os dois mil metros em uma velocidade que deixaria qualquer corredor de aventura no chinelo. Para se alimentar eles levavam uma farinha molhada com água, um tipo de Red Bull local.
Montamos a nossa barraca em um pequeno espaço. O chão era lama pura, e por algum tempo fiquei conversando com os carregadores, que cozinhavam seu jantar.
O Linsker começou a sentir-se mal, e os sintomas eram parecidos com o do Duncan. Os dois foram deitar-se e eu me encarreguei de fazer o jantar.
Já era noite, a chuva não dava trégua, e eu então decidi ir buscar água para cozinhar e já abastecer os nossos cantis. Voltei uns dez minutos pela trilha até um ponto onde conseguia ouvir um barulho de água. Desci uma encosta de moro, escorregando até chegar a um riacho. Fiquei calado antes de pegar a água, pois me dei conta que estava longe do acampamento, no meio da mata, no escuro total e perto de água, lugar que os bichos normalmente estão à noite. Enchi todos os cantis e comecei a voltar para o acampamento. Bateu um medo, que as pernas começaram a falhar de tanto que tremiam. Quando cheguei à trilha sai em disparada até chegar a nossa barraca.
Não sei se criei fantasias, mas o medo era de ser pego por uma sucuri gigante, ou por algum felino.
No dia seguinte a mata amanheceu tranquila, com a luz do Sol passando pelas folhas. Os carregadores já haviam partido. O Duncan e o Linsker estavam bem melhores, o que foi um alivio, pois pensava que eles estavam com malária, e o próximo seria eu. Nada disso aconteceu.
Neste segundo dia iniciamos uma subida que durou sete horas, e como a inclinação do terreno era enorme, os degraus não podiam ser vencidos sem a ajuda das mãos. Puxávamo-nos pelas raízes e escorregando pela trilha molhada íamos subindo. Os galhos enroscavam na mochila, eu tropeçava em tocos, e o coração ia na boca, pois nos últimos meses não fizemos nenhuma atividade aeróbica.
O Moreira ia à frente em um ritmo bem mais forte que nós. Passado um tempo nós o alcançávamos. De vez enquando dávamos uma parada de dez minutos para respirar e tomar uma água. Em certo ponto, já bem no alto, a trilha se bifurcou, e nós pegamos o caminho errado. Até os dois carregadores dos espanhóis vieram atrás. O caminho começou a descer, descer, e depois de uma hora desconfiamos, pois o Moreira havia sumido e era estranho descer tanto.
Voltei sozinho para o ponto da bifurcação e lá estava o Moreira. Dei uma bronca nele, dizendo que ele era o guia e que precisava ficar sempre mais próximo de nós. Pedi a ele que ele fosse lá embaixo buscar a turma.
Chegamos à vila do garimpo já quase no escuro. Estávamos há dois mil metros e fazia bastante frio. O céu estava encoberto, mas não chovia, só soprava um vento gelado. Nós que estávamos encharcados de suor, lama, e com as botas inundadas de água queríamos encontrar um canto para descansar.
O Moreira encontrou no meio dos barracos dos garimpeiros um lugar com uma pequena coberta. Montamos a nossa barraca e fizemos uma fogueira. Jantamos e ficamos à frente do fogo secando as botas. Mal sabíamos o que nos esperava no outro dia.
O nosso guia também tratou de conversar com os garimpeiros, e explicar que nós não éramos da imprensa, pois estávamos com câmeras de filmar e fotografar. Eles não queriam nenhuma publicidade gratuita. Só estamos documentando a viagem.
Um dos espanhóis, o jornalista, estava fazendo uma matéria para um veículo na Espanha, e ia ficar lá por um tempo para entrevistar os garimpeiros. Para isso ele ia ter que negociar com o pessoal do garimpo. O outro o Carlos e seu carregador iriam seguir viagem conosco.
Quando o dia amanheceu é que vimos bem onde estávamos. Parecia que a selva havia sido rasgada por uma escavadeira gigante, e que revirou a terra. Eles faziam isso nos lugares onde passava um riacho, e com a água eles iam peneirando o areia do solo. Com as chuvas e a água do riacho, o lugar estava virado em um atoleiro a céu aberto, rodeados de barracos cobertos com lona plástica. O lugar era úmido, frio e triste.
A vida em um garimpo pobre como aquele não gera riquezas para quase ninguém, pois para comer era muito caro, então o que se ganha se gasta em comida, ou em mulher. As “garotas de programa” do garimpo ganhavam muito dinheiro, acho que até mais que as do Café Photo.
Os carregadores ganhavam pouco e tinham que comer. Acho que só o dono da venda ganhava, porque as meninas também tinham que comer. Ou o sujeito achava uma pepita gigante, ou ele iria ficar vivendo como um escravo. Lei ali era a do mais forte, e eles tinham o seu próprio código de ética.
Estávamos entrando no quinto dia de expedição, e se tivéssemos sorte com o tempo pretendíamos chegar ao cume do pico.
Apesar do terreno ser plano, foi um dos piores lugares que pisei na minha vida. Era um charco, com água gelada, lama, que afundava até a altura do joelho. Se puxasse a perna com força a bota ficava presa lá no fundo. Que burrice ficar horas secando os sapatos na noite anterior, pensei depois.
Não teve um que não caiu ou escorregou, e andando no meio da lama eu só ouvia meus companheiros praguejando atrás de mim. Também xinguei aquela merda de trilha, e vira e mexe eu perguntava ao Moreira se aquela era a única opção.
A vegetação era rasteira, e com um tipo de planta que nunca havia visto. A temperatura estava por volta dos 15 graus.
Caminhamos até o início da tarde para progredir muito pouco, na nossa frente supostamente estava a última montanha onde está propriamente o pico, mas é claro que ela estava encoberta por uma neblina, se não teria outro nome.
Quando chegamos à base deste último trecho iríamos enfrentar a parte mais íngreme da caminhada. A trilha terminou nesta encosta, e dali para frente seria o início da última subida.
“Perguntei ao nosso guia:”. E agora Moreira, para onde vamos?”
Para a nossa surpresa o Moreira nos explicou que chegamos ao final da trilha, que dali para frente nunca ninguém havia ido. Na hora até pensei que fosse uma brincadeira, mas logo vi que o homem falava sério. O Linsker então falou a ele que o cume é o cocuruto, o ponto mais alto, de onde não se pode ir mais.
Então o Moreira explicou:” agora entendi, mas para chegar lá só de Buru Buru”. Ninguém entendeu nada, e eu perguntei a ele o que era Buru Buru.
Buru Buru era o tão desejado helicóptero que ele sonhava em comprar quando encontrasse a sua pepita gigante, assim ele poderia voar de garimpo em garimpo.
O que fazer agora pensei. Decidimos no enfiar no mato para procurar algum sinal de uma trilha que nos levasse para cima. Tentamos dois caminhos, e quase nos perdemos. Achamos melhor voltar para a base e acampar, pois estava armando um temporal. Falamos ao Moreira que voltasse imediatamente para o garimpo e procurasse alguém que conhecesse a trilha.
Ele partiu com a promessa de chegar de volta pela manhã do dia seguinte com algum guia.
Nós começamos fazer com o facão uma pequena clareira na encosta. Não havia lugar plano, e acabamos dormindo inclinados. Choveu muito durante a noite, e a nossa barraca não aguentou, encharcando todos os sacos de dormir. Foi uma noite longa e cansativa.
Assim que desmontamos a barraca o Moreira chegou com um outro rapaz do garimpo que já havia subido o pico. Tomamos café e iniciamos a subida.
O novo guia só nos levou até o início da subida onde acabava a vegetação, e iniciava a pedra. De lá para frente não tinha como se perder. A subida tornou-se bem íngreme, e à medida que subíamos a temperatura abaixava. Começou a ventar forte e a chuva voltou, deixando a pedra muito escorregadia. Como é de costume, aquela montanha vive enevoada, e por isso não dava para sentir que estávamos alto. Podia ser qualquer lugar, e era difícil de acreditar que aquilo era também uma das faces da Amazônia.
Depois de quatro horas, e debaixo de um temporal, chegamos ao cume. A visibilidade era de metros. Só dava para saber que era o cume do Pico da Neblina porque havia uma placa de ferro chumbada na pedra.
Cheguei tão cansado que não comemorei a chegada. Soprava bastante vento, chovia grosso, não tinha nada para ver, só uma pequena parte plana, muitas pedras e abismo para todos os lados.
Decidimos esperar um pouco para ver se abria, pois depois que tanto esforço queríamos pelo menos ver a vista de lá de cima.
Somente depois de uma hora a chuva passou, e as nuvens foram ficando mais altas até que abriu de um lado uma vista. Como o Pico da Neblina está situado no meio da Floresta amazônica, pode-se enxergar muito longe. Em pé na ponta de umas pedras deu para sentir os 3000 metros de altura. A luz do Sol invadiu o cume por uma fresta de nuvens descortinando a mata verde e imensa. Naquele momento o arrependimento passou, e a emoção tomou conta de todos nós que nos abraçamos e vibramos com aquele lugar tão difícil de chegar.
A alegria durou pouco, e as nuvens voltaram a fechar nos deixando com gostinho de quero mais. Em vez de voltar para o acampamento do garimpo decidimos dormir no cume para ver se no outro dia o tempo ia estar melhor.
O problema era que só havia espaço para uma barraca, e o Carlos, nosso amigo espanhol, seu carregador e o Moreira não tinham onde dormir, pois só carregavam suas redes.
Sugerimos que eles descessem, mas eles também queriam esperar o dia seguinte. Eles improvisaram com um plástico azul um pequeno toldo encostado entre duas pedras.
No final do dia fizemos o jantar e nos recolhemos para a barraca. A garoa não dava trégua e a temperatura começou a baixar rapidamente. Nós não estávamos devidamente preparados para dormir no cume, pois a barraca era muito pequena para três, passava água, os nossos isolantes térmicos eram muito pequenos, e os sacos de dormir eram de verão, bem fininhos.
Depois de comer algo bem quente me enfiei dentro do saco para tentar me secar. Não posso dizer que foi uma noite terrível. Foi difícil dormir, senti muito frio à noite, pois a temperatura chegou aos seis graus, mas só de lembrar que bem ali ao lado havia três indivíduos quase ao relento, dormindo de cócoras encostados na pedra, e expostos ao vento e a garoa. Eu não podia reclamar.
Para a decepção de todo o grupo, o dia amanheceu com a mesma neblina, e o pico reafirmou a sua reputação e fez jus ao nome. Tomamos café e começamos a descer. A ideia era chegar logo no acampamento dos garimpeiros para descansar e secar as roupas.
A volta foi mais rápida, mas bem escorregadia, e na parte dos charcos sofremos um pouco mais, pois as chuvas tornaram o lamaçal quase intransponível.
No outro dia descemos com muita velocidade, queríamos ganhar um dia no cronograma. A comida estava acabando e eu como fui prevenido escondi na mata um pequeno saco com comida extra para a volta. Foi a melhor decisão de minha vida.
No final do dia já quase na chegada o Moreira entrou em uma outra trilha que eu não reconheci, mas como estávamos exaustos não falei nada. Andamos até escurecer, e quando o caminho desapareceu o Moreira diz que estávamos no caminho errado. Começamos a andar por um terreno plano, mas muito irregular fácil de escorregar. Estávamos andando em fila indiana e com lanternas na cabeça. A minha havia acabado as baterias, então andava colado no Duncan. Lá pelas tantas chegamos perto do igarapé Tucano, uma ótima referência, mas não tinha trilha para chegar ao acampamento onde havíamos deixado os barcos.
Embrenhamo-nos na mata fechada para tentar cruzar direto para o acampamento. Paramos para discutir sobre o caminho. Desequilibrei-me e me apoiei em uma árvore. Fiquei com a mão apoiada no tronco por alguns segundos que estava infestado de formigas. Senti minha mão sendo picada por alguma coisa. Comecei a pedir para o Duncan iluminar minha mão, mas no desespero escorreguei e para não cair, e segurei em um galho de outra planta que estava cheio de espinhos. Desesperado de dor nas duas mãos, não aguentei, dei muitos gritos com o Moreira, que não tinha nada a ver com o meu acidente, mas que novamente havia nos deixado em maus lençóis. Com a lanterna o Duncan retirou alguns espinhos. A outra mão inchou um pouco, mas não foi nada sério.
Conseguimos chegar ao acampamento às 2130 h, e providencialmente tomamos um belo banho no igarapé. Jantamos e desmaiamos. Depois de dois dias chegamos à Ilha do Rei. Foram necessários dois dias de descanso para continuarmos a viajar. O Linsker voltou para São Paulo e chegou o Peter Moon, um jornalista da revista Isto É para fazer uma reportagem.
A viagem continuou pelo Rio Negro até Manaus. Depois veio o Rio Amazonas, e setenta e cinco dias depois chegamos a Belém, após termos percorrido 5.200 quilômetros de rios.
Ao entrar pelo Mar do Caribe e cortar todo o norte continente americano para sair no Oceano Atlântico, concluímos um dos roteiros mais espectaculares que podíamos imaginar. Viajamos pelo mar verde, foi intenso, mas estava na hora de voltar para a água salgada. Queria ver longe, ver o horizonte e apontar a proa do Atlas para o lugar que lhe cabia, a bela ilha, a Ilha Bela.
Beto Pandiani
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october08 · 6 years
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Em vez de te responder, vou contar uma história. Era uma vez uma garota que fazia faculdade, mas que não queria viver toda aquela experiência que vem com todo o pacote, apenas porque achava que não era para ela e que também mesmo que achasse que já estava na hora de se arriscar, ainda sentia que aquele ainda não era o momento certo kkkkkk bem confuso, eu sei, era bem assim naquela época. Uma amiga um dia comentou se eu não queria conversar com um de seus amigos, daí pensei: vamos tentar e ver o que dá. Nós começamos a conversar e tudo foi fluindo, mas eu ainda me pegava com o pé atrás comigo mesma, tentava enrolar ele o máximo para gente sair (não sei se você percebeu isso na época, mas eu inventava várias desculpas que nem sempre eram verdades ou me envolvia e por isso agora, eu peço desculpa). Enfim, depois de um tempo decidi dar uma chance e fomos ao cinema, confesso que aquilo me despertou para muitas coisas, decidi tentar. Mas tudo voltou a rotina normal, à correria de sempre, problemas surgiram e começaram a tentar me engolir, isso me desgastou e decidi ter a terrível ideia de te ignorar, você fez o mesmo e seguimos em frente. Fiz escolhas mais erradas ainda durante o final do ano, arrisquei coisas que não devia ter arriscado, tomei decisões péssimas, mas acho que teve meio a ver comigo tentando esquecer tudo aquilo que você me mostrou que o amor poderia ser. Sabe, sempre tive essa convicção de que não queria de jeito nenhum conhecer alguém na balada ou em alguma festa, muito menos em algum app de relacionamento qualquer e levar aquilo adiante, tinha toda certeza que aquilo não era para mim, queria conhecer alguém durante a minha rotina mesmo e que eu pudesse conviver com aquilo sabendo todos os seus limites. E caraca, eu tinha tido essa oportunidade e ferrei com tudo. Comecei a te procurar pelos corredores da faculdade, sempre tentando te achar e isso as vezes não acontecia, mas eu não conseguia te esquecer, uma porque minha mãe sempre ficava me perguntando: ‘e aquele menino que você conheceu, cadê ele, tão bonitinho?’ e eu tentando não pensar nisso, mas ao mesmo tempo não saia da minha cabeça. Veio as férias e tudo voltou ao normal, segui a vida, não te vi, mas sempre te sentia no fundo da minha mente. Voltaram as aulas e você veio conversar comigo sobre a sua amiga, fiquei cismada com aquilo, deixei passar. Voltei a te procurar pelos corredores, não te achava, me desesperava, me perdia novamente, procurava coisas para chamar sua atenção, postava algo em alguma rede social só para ver se você olhava, me irritava por não saber um modo de fazer tudo voltar como era antes, abria sua conversa e queria iniciar outra, mas não sabia como você receberia isso. Conheci alguém bem merda, tentei lutar contra meu sentimento por você me enfiando nisso. Vi essa pessoa que estava conversando no ‘fechando a rua’ e ela não teve a capacidade nem de me cumprimentar, me liguei na onde estava me metendo e cai na realidade; vi você, ouvi sua voz de novo e me perguntei, porque estou me enfiando em uma coisa tão merda assim se posso tentar de novo fazer isso dar certo. Fui embora, fiquei pensando naquilo durante semanas, conversei com a minha amiga, arrumei possibilidades para te ver novamente. Finalmente quando resolvemos colocar o plano em ação, vejo você na minha frente, fico sem jeito, não sei como agir ou como me comportar na sua frente, mas passou. Quase deu tudo errado novamente, mas ainda bem que não. Percebi que não devia ter saído de casal, porque eu te queria só para mim naquele momento, conversar com você, focar só em você, mas o momento não deixava, voltei para casa e só pensava quando ia te ver de novo. No outro dia você não apareceu, comecei a me desesperar novamente, pensei que não tinha dado certo ou que você tinha desistido de novo, fiquei triste. Você apareceu e foi como se tudo tivesse voltado a brilhar, foi muito bom e tudo começou seguir seu curso novamente. Voltamos a sair, começou a correria da faculdade novamente, mas dessa vez te tendo ao meu lado, foi tão essencial, obrigado por isso. Comecei a ter alguns desequilíbrios, mas sempre tentava remediar e pensar que tudo ficaria bem. Começamos a namorar, tudo ficou mais claro e tal e chegamos a esse ponto aqui, meio da madrugada literalmente, porque você sabe, aqui é queen, o sono nunca domina kkkkkkk. Não fique pensando assim, ‘o que fez eu voltar a pensar em você’, acho que na verdade eu nunca parei, porque mesmo a gente longe um do outro, as vezes você surgia no assunto, alguma coisa me fazia lembrar de você, eu te via, minha mãe perguntava de você (acredite, ela ficou me infernizando com isso um tempão kkkkk). Ou ‘porque eu’, não existe isso, você é maravilhoso, não me canso de pensar isso e vou passar a te falar mais, você é importante, você é muito especial para todo mundo que te tem na vida dela, nunca duvide disso, você é merecedor de tudo que tem, e se eu te escolhi para ser meu companheiro, meu amor, não foi à toa. Você é tão lindo por dentro e por fora, seu sorriso melhora o meu dia mil vezes, olhar para os seus olhinhos fechados, dá vontade de pegar você e guardar em um potinho aqui no quarto comigo, para eu te ter sempre aqui comigo e poder olhar para você, porque a energia que você emana é tão convidativa que apaixona qualquer um que esteja ao seu redor. Não fique se diminuindo pensando assim, queria eu ser do jeito que você é, sem medos para algo, porque algumas coisas para mim são tão difíceis, mas para você parece ser tão fácil e isso me admira tanto. Queria ser assim, espontânea, calma e tudo mais que eu vejo em você e me inspiro para ser ao menos um pouco parecida. Porque você é a garoa e eu, o furação, você completa com os seus mínimos detalhes a minha vida. E apesar de tudo isso de namoro ser muito novo para mim, tento a cada dia mais aprender as coisas com você. Leia o meu livro, ele está aqui aberto para você e me deixe ler o seu, com todas as suas falhas e acerto; me conte suas experiências e me deixe contar as minhas; me fale as suas dúvidas e medos, tenho fome de conhecimento de você, eu prometo te ajudar a entender tudo ou pelo menos tentar, estou aqui para tudo que precisar, como espero que você esteja para mim. Você não sai do meu pensamento, qualquer coisa que eu esteja fazendo no meu dia a dia, pode ter certeza estou lembrando de você; não suma, não me deixe sozinha, já sou tanto. Se fizer algo que eu não goste, pode esperar um puxão de orelha menino kkkkkk, aqui ‘nois’ não brinca em serviço, brincadeira kkkkkk. Me ensine as coisas que eu não sei, te dou meu aval para ser meu professor, me dê notas, me fale do que você gosta e o que te agrada, me queira e me molde à seu jeito e gosto. Deite a sua cabeça no meu ombro e me deixe te acalmar ou te livrar de qualquer coisa que esteja te fazendo mal, me deixe ser sua cura, seu momento de paz, seu porto seguro, sua pista de pouso, a luz no final do túnel, compartilhe tudo o que pensa comigo, abuse de mim. E depois dessas 1300 e poucas palavras escritas, te conto que espero que fique ao meu lado por incontáveis segundos, minutos, horas, meses, anos, na minha vida meu amor. Eu te amo tanto que as vezes é difícil até falar, de tanto que eu sinto isso.
Bem-vindo ao primeiro texto do meu Tumblr, depois de mais de 2000 posts desconexos e aleatórios de uma menina apaixonada pelos seus ídolos kkkkk. Bye bye, da sua girl, Bruh.
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10 histórias tristes sobre a vida de Joaquin Phoenix, o Coringa
Reconhecido como um dos maiores atores da atualidade, Joaquin Phoenix está vivendo a melhor fase de sua carreira. Após protagonizar o filme “Coringa” (2019), de Todd Phillips, ele foi amplamente elogiado pela crítica e está sendo cotado como um dos indicados ao Oscar de “Melhor Ator” em 2020, com grandes chances de vencer. Mas, por trás das câmeras, Phoenix já enfrentou muitas dificuldades. Nascido em 1974, ele é o terceiro dos quatro filhos do casal Arlyn Phoenix e John Lee Bottom. Na infância, levou uma vida miserável ao lado da família, que fazia parte de uma seita religiosa. Na juventude, presenciou a morte do irmão mais velho, River Phoenix, que já era um astro do cinema. Com base em biografias, entrevistas e relatos disponíveis na internet, a Bula reuniu dez episódios tristes da vida de Joaquin Phoenix.
1 — Criação em uma seita sexual
Arlyn Phoenix e John Lee Bottom, pais de Joaquin Phoenix, eram hippies que faziam parte de uma seita chamada Filhos de Deus. Com uma mensagem de revolução espiritual, as leis da seita incitavam a prostituição e o abuso infantil entre os membros. River Phoenix, irmão de Joaquin, confessou em uma entrevista que tinha sido abusado aos 4 anos de idade.
2 — Mudanças e pobreza na infância
John Lee Bottom foi designado como arcebispo dos Filhos de Deus no Caribe. Então, a família se mudou para San Juan, em Porto Rico, onde precisavam pedir esmola nas ruas para sobreviver. Depois de quase dois anos, eles se estabeleceram em Caracas, na Venezuela. Ali, eles viviam em uma cabana sem banheiro e infestada por ratos.
3 — Trabalho infantil
Os Filhos de Deus não pagavam seus missionários, então a família de Joaquin Phoenix passou por muitas dificuldades na América do Sul. Para ajudar no sustento da casa, as crianças foram forçadas a se apresentar nas ruas, cantando em troca de esmolas. Algum tempo depois, os pais de Joaquin perceberam as reais intenções do culto e se afastaram.
4 — A descoberta de Hollywood
A família de Joaquin Phoenix fugiu da seita em um navio cargueiro. Chegando em Los Angeles, em 1978, John e Arlyn decidiram não escolarizar os filhos, mas buscar uma carreira para eles em Hollywood. Descobertos por um agenciador, os cinco irmãos começaram a atuar em comerciais de televisão. Em pouco tempo, River se destacou, tornando-se um dos prodígios do cinema.
5 — A morte precoce de River Phoenix
Aos 23 anos, River já era um astro de Hollywood. Devido ao seu ativismo nas causas ambientais, ele era visto como um jovem exemplar. Por isso, sua morte precoce causada por overdose de drogas foi um dos acontecimentos mais chocantes da época. River morreu na boate Viper Room, no dia 31 de outubro de 1993. Joaquin, então com 19 anos, foi quem ligou para o serviço de emergência.
6 — Alcoolismo
Durante a infância, Joaquin teve que lidar com o vício do pai, que era alcoólatra. Em 2005, após as filmagens do filme “Jhonny e June”, ele admitiu que sofria do mesmo problema. “Eu me via como um hedonista, um ator que apenas queria se divertir. Mas estava sendo um idiota, prejudicando as pessoas e perdendo o meu tempo em bares e boates”, disse. Para se recuperar, ele ingressou em um centro de reabilitação.
7 — Atuação polêmica
Em 2010, Joaquin Phoenix estreou “Eu Ainda Estou Aqui”, um falso documentário no qual interpretou a si mesmo. Na trama, ele desistia de ser ator para se tornar um cantor de rap, mesmo não tendo talento para isso. O filme, dirigido por Casey Affleck, é uma sátira à Hollywood, mas contém muitas cenas polêmicas. Nele, Joaquin usa drogas, faz sexo oral em outro homem e maltrata seus funcionários. Para os críticos, esse foi um erro na carreira de Phoenix.
8 — Denúncias contra Casey Affleck
Joaquin Phoenix e Casey Affleck eram amigos desde a adolescência. Eles moraram juntos, fizeram tatuagens iguais e até se tornaram cunhados, quando Affleck se casou com a irmã de Joaquin, Summer, em 2006 (divorciaram-se em 2017). Mas, logo após o lançamento de “Eu Ainda Estou Aqui”, Casey Affleck foi denunciado por assédio sexual. Isso abalou a amizade dos atores, que não se falam há “três ou quatro anos”, segundo Joaquin.
9 — Perda de grandes amigos
Além de presenciar a morte do irmão, River, Joaquin perdeu dois de seus amigos mais próximos para o vício em drogas e remédios. O primeiro, Philip Seymour-Hoffman, morreu em 2014. Os dois se conheceram nas gravações de “O Mestre” (2012). Com o outro amigo, Heath Ledger, Phoenix tem em comum a interpretação do Coringa. “No set, era como se ele estivesse ao meu lado. Eu te amo Heath, amigo e irmão”, disse ele em uma entrevista. Ledger morreu em 2008.
10 — Fama de difícil
Joaquin Phoenix não se importa em sacrificar seu corpo e sua saúde para dar vida aos personagens. Para fazer o Coringa, ele chegou a perder 23 quilos, alimentando-se unicamente de uma maçã por dia. Mas, suas exigências são altas, por isso ele acaba levando a fama de ser uma pessoa difícil e antipática. Em “Coringa” (2019), ele teve desavenças com Robert de Niro e apareceu em um vídeo insultando o diretor de fotografia do filme por tê-lo distraído.
10 histórias tristes sobre a vida de Joaquin Phoenix, o Coringa publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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jornalbelem · 5 years
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Mais de 50 meninos e meninas da comunidade na Zona Norte fazem parte do projeto criado pela lutadora Bruna Mendes. 'O que eu achei que fosse ser difícil, que era eles saindo da rua, não foi. Pelo contrário. Hoje eles querem treinar', diz ela. O nome de um projeto social criado na comunidade do Tuiuti, Zona Norte do Rio, reúne mais de 50 alunos e diz muito sobre o caminho que eles querem seguir: "Do morro para o ringue". São meninos e meninas, crianças e jovens, que conheceram o boxe e se apaixonaram pelo esporte. A ideia do projeto foi da lutadora Bruna Mendes, de 23 anos. Ao lado do marido, Gláucio Rodrigo, eles queriam atrair os jovens da comunidade a conhecerem um mundo diferente através do esporte. "Por sempre morar em comunidade, eu via a falta do esporte dentro onde a gente está localizado hoje. A minha vontade era levar o esporte pra essas crianças pra poder tirar elas das ruas e estar mais envolvida com a luta", explicou Bruna. "Quando eles começaram a treinar, a gente começou a levar eles pra competir fora, na Zona Sul, e era um mundo que eles não conheciam. Outras pessoas, outras condições sociais, tratando eles bem diferente daquele tratamento que eles têm ali dentro da comunidade, de presenciar tiroteio o tempo todo. Nosso objetivo sempre foi mostrar uma visão diferente do mundo fora daquele ali da comunidade", disse Gláucio Alunos do projeto Do Morro para o Ringue, no morro do Tuiuti, Zona Norte do Rio Pedro Favero / Divulgação Longe das ruas, perto do esporte As aulas começaram em abril de 2018. A grande surpresa para Bruna e o marido foi ver o interesse entre os moradores da comunidade pelo esporte. "Eles foram querendo aquilo ali. O que eu achei que fosse ser difícil, que era eles saindo da rua, não foi. Pelo contrário. Hoje, aquelas crianças que eu via na rua brincando no meio de traficante, saem da escola, vão pra casa, e não ficam mais na rua como ficavam antes porque eles querem treinar", destacou Bruna. Ao contrário do que muitos pensam, Bruna explica que, apesar de ser uma luta, o boxe está longe de ser um esporte violento. Entre as histórias dos alunos do projeto, a melhora no comportamento e a disciplina são vistas no dia a dia. "Tem uma história de um aluno nosso que ele começou com a gente do zero. O Rafael tem 10 anos e tem uma história de vida bem difícil. A gente conseguiu resgatar ele pro esporte e, com isso, ele vem numa evolução que a gente não imaginava. A rua que ele ficava, hoje em dia, ele já não fica mais, já pensa em treinar. A mudança na vida dele, relativamente, foi o esporte. Ele é apaixonado pela luta", afirma a professora. O medo de Bruna era perder o talento Rafael. Segundo a professora, ele é um dos que mais se destaca nas aulas e nas competições. “O nosso maior medo era perder ele porque ele tem talento, não é só a força de vontade que ele tem, se a gente pode aperfeiçoar esse talento pra ele vai ser ótimo porque ele quer seguir. Cada vez mais a gente está tentando segurar ele pra que ele goste, não desanime, disse Bruna. Foi levando as crianças e jovens pra competir e conhecer outros lugares que Bruna e Gláucio perceberam o quanto era importante eles enxergarem outras visões do mundo. “Eu levo eles pra eles poderem conhecer a outra parte do mundo. Eles acham que o mundo é só aquilo ali que tem dentro da comunidade e eu falo ‘não é. Lá fora tem muita coisas pra vocês poderem ver’. Quando eu levo eles e meus alunos [de uma academia particular onde Bruna dá aulas] recebem eles como se fossem do mesmo nível social eles falam ‘caraca, fulano me tratou super bem’. Isso pra eles também é gratificante”, destacou Bruna. Alunos dos projeto 'Do morro para o ringue', que oferece aulas de boxe no morro do Tuiuti, Zona Norte do Rio Bruna Fogaça / Divulgação Mulheres no ringue As turmas são divididas por níveis e, pra quem pensa que só os homens vestem as luvas, está muito enganado. Um dos principais objetivos de Bruna é ter cada vez mais meninas interessadas no boxe. "Eu sou mulher e sei que tem um certo preconceito. Vou tentar ao máximo mostrar pra elas que não é porque nós somos mulheres que a gente não tem que correr atrás de competir. Hoje, nós temos três ou quatro que competem e o restante das meninas está cada vez mais tentando melhorar pra poder competir. A minha maior felicidade é quando eu coloco uma menina pra competir", revelou Bruna. A professora de boxe Bruna Mendes com a aluna Eduarda Vitória Fernanda Rouvenat / G1 A estudante Eduarda Vitória, de 16 anos, é uma das alunas do projeto que se inspiram em Bruna pra se dedicar ao esporte. "Eu fazia muay thai antigamente, só que eu não gostei muito. Eu vi o boxe, treinei e gostei. Falei 'eu quero ficar'. Lugar de mulher é onde ela quiser", disse Eduarda. Bruna Mendes, 23 anos, criou o projeto Do Morro Para o Ringue, que oferece aulas de boxe no morro do Tuiuti, na Zona Norte do Rio Projeto Do Morro Para o Ringue / Divulgação Colecionando medalhas e bons comportamentos Mesmo com pouca idade e pouco tempo no esporte, Luigi Santos, de 8 anos, já se orgulha das medalhas que conquistou. "Já tenho três medalhas", comemorou. Para os responsáveis dos novos atletas do Morro do Tuiuti, a entrada dos filhos no esporte é motivo de orgulho e gratidão. "É legal quando chega em casa, eles incentivam com medalha e ele fica todo feliz: ‘Ganhei medalha de ouro"’. Está valorizando muito, não só no colégio, como em casa. Faz muita diferença. Tira da rua, do celular. Acho que fazendo um esporte, é bem mais agradável do que estar dentro de casa, ali, enfurnado, sem fazer nada", disse Luana Santos Costa, mãe de Luigi. Jackson Alves da Silva, que também é pai de um aluno do projeto, acredita que o boxe na comunidade trouxe um outro estilo de vida para as crianças. "Esse projeto chegou na vida do meu filho com muita importância. Chegou pra mudar vida ali na comunidade. Na comunidade muitas crianças não tinham condições e o esporte chegou pra mudar as vidas delas também", disse ele. Alunos do projeto 'Do morro para o ringue', no morro do Tuiuti, Zona Norte do Rio Bruna Fogaça / Divulgação Ajuda de amigos Para manter o projeto, a ajuda vem de um dos amigos de Bruna, que tem uma loja de material de construção. Além dele, outras pessoas também ajudam com dinheiro e acessórios para o boxe. "A gente vai tentando, às vezes tirar do nosso bolso, pedindo um amigo daqui, um dali. Às vezes eu vejo um site de venda online e peço pra pessoa se ela teria como doar, coloco o Instagram do projeto lá e ás vezes a pessoa doa e eu vou buscar", disse Bruna. Bruna Mendes, 23 anos, criou o projeto Do Morro Para o Ringue, no morro do Tuiuti, Zona Norte do Rio Bruna Fogaça / Divulgação Luigi e Luís Miguel, de 8 anos, são alunos do projeto Do Morro Para o Ringue, que oferece aulas de boxe no morro do Tuiuti Fernanda Rouvenat / G1 Luigi e um amigo do projeto Do Morro Para o Ringue, que oferece aulas de boxe no morro do Tuiuti Projeto Do Morro Para o Ringue / Divulgação Luigi e Luís Miguel, de 8 anos, são alunos do projeto Do Morro Para o Ringue, que oferece aulas de boxe no morro do Tuiuti Fernanda Rouvenat / G1Fonte: G1
http://www.conjuntosatelite.com.br/2019/05/do-morro-para-o-ringue-projeto-oferece.html
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inovaniteroi · 5 years
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Vera Viel posta foto antiga ao lado de Rodrigo Faro e semelhança com Bruna Marquezine volta a chamar atenção
Rodrigo Faro e Vera Viel estão juntos há 22 anos (Foto: Reprodução)
Rodrigo Faro e Vera Viel estão juntos há 22 anos e neste sábado, a apresentadora resolveu compartilhar uma foto antiga do casal e fazer uma comparação com os dias atuais. Apesar de estarem junto há tanto tempo, o casal já passou por alguns perrengues e durante uma entrevista recente, Vera falou sobre o caso. “A gente se conheceu dia 13 de maio de 1997 e depois desse dia a gente nunca mais se separou. Foram seis anos de namoro e esse ano vai fazer 16 anos de casados“. O apresentador da Record também não hesitou em tecer elogios para a amada: “É a personificação da mulher que sempre quis ter ao meu lado. É perfeita“.
+Exclusivo: Veja a abertura oficial da nova temporada do MasterChef na Band
+Enquete paredão BBB19: Gabi e Rizia estão na disputa; quem deve sair?
E teve internautas relembrando a aparência com a atriz Bruna Marquezine. “Caracas sempre foi parecida com a Bruna Marquezine”, alegou um internauta. “Realmente é muito parecida com a Bruna“, disse uma outra. “Gente, a Vera é realmente muito parecida com a Bruna. Eu tô passada com a semelhança“, comentou uma terceira. Vera e Rodrigo estão juntos desde 2003.
+Destaque no BBB19, Elana segue os passos de Kaysar e ganha oportunidade como atriz
Recentemente, Rodrigo Faro causou reboliço ao surgir só de toalha. Na ocasião ele fazia uma comparação com um personagem: “Quase 20 anos se passaram do Heitor que malhava de toalha na frente do espelho em O Cravo e a Rosa no ano de 2000, para o papai de 3 filhas, que faz churrasco na fazenda só de toalha em 2019“.
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O tempo passa …..
A post shared by Vera Viel (@veraviel) on Apr 6, 2019 at 9:55am PDT
+Carlinhos Maia anuncia casamento luxuoso com show de Safadão e Anitta como madrinha
RODRIGO FARO DE TOALHA E COMPARAÇÃO COM FAUSTÃO
Antes e depois de Rodrigo Faro que deu o que falar (Foto: Reprodução)
No último final de semana,  apresentador Rodrigo Faro, em conversa com Antonia Fontelle para seu canal no Youtube, falou sobre sempre ser mencionado como substituto de Faustão.
“Toda hora dizem que vou substituir o Faustão. Faustão vai até os 112 anos, gente. O Faustão vai largar aquele osso lá?! Ele é um sucesso há 30 anos”, elogiou Rodrigo Faro. “Mas é legal ouvir isso das pessoas. A verdade é que eu nunca fui sondado pela TV Globo e estou muito feliz na Record”, completou ele.
Faustão e Rodrigo Faro (Foto: Divulgação)
Ainda no bate-papo, Rodrigo comentou sobre a briga por audiência aos domingos. “O domingo é para todo mundo, criança, idoso, não tem classe social. E a briga é grande, a responsabilidade é grande. O Faustão já está há 30 anos. Silvio Santos tem 50 anos. Eu estou formando o meu público nesses 5 anos. Isso para mim é maravilhoso.”
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inovaniteroi · 5 years
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Vera Viel posta foto antiga ao lado de Rodrigo Faro e semelhança com Bruna Marquezine volta a chamar atenção
Rodrigo Faro e Vera Viel estão juntos há 22 anos (Foto: Reprodução)
Rodrigo Faro e Vera Viel estão juntos há 22 anos e neste sábado, a apresentadora resolveu compartilhar uma foto antiga do casal e fazer uma comparação com os dias atuais. Apesar de estarem junto há tanto tempo, o casal já passou por alguns perrengues e durante uma entrevista recente, Vera falou sobre o caso. “A gente se conheceu dia 13 de maio de 1997 e depois desse dia a gente nunca mais se separou. Foram seis anos de namoro e esse ano vai fazer 16 anos de casados“. O apresentador da Record também não hesitou em tecer elogios para a amada: “É a personificação da mulher que sempre quis ter ao meu lado. É perfeita“.
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E teve internautas relembrando a aparência com a atriz Bruna Marquezine. “Caracas sempre foi parecida com a Bruna Marquezine”, alegou um internauta. “Realmente é muito parecida com a Bruna“, disse uma outra. “Gente, a Vera é realmente muito parecida com a Bruna. Eu tô passada com a semelhança“, comentou uma terceira. Vera e Rodrigo estão juntos desde 2003.
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Recentemente, Rodrigo Faro causou reboliço ao surgir só de toalha. Na ocasião ele fazia uma comparação com um personagem: “Quase 20 anos se passaram do Heitor que malhava de toalha na frente do espelho em O Cravo e a Rosa no ano de 2000, para o papai de 3 filhas, que faz churrasco na fazenda só de toalha em 2019“.
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RODRIGO FARO DE TOALHA E COMPARAÇÃO COM FAUSTÃO
Antes e depois de Rodrigo Faro que deu o que falar (Foto: Reprodução)
No último final de semana,  apresentador Rodrigo Faro, em conversa com Antonia Fontelle para seu canal no Youtube, falou sobre sempre ser mencionado como substituto de Faustão.
“Toda hora dizem que vou substituir o Faustão. Faustão vai até os 112 anos, gente. O Faustão vai largar aquele osso lá?! Ele é um sucesso há 30 anos”, elogiou Rodrigo Faro. “Mas é legal ouvir isso das pessoas. A verdade é que eu nunca fui sondado pela TV Globo e estou muito feliz na Record”, completou ele.
Faustão e Rodrigo Faro (Foto: Divulgação)
Ainda no bate-papo, Rodrigo comentou sobre a briga por audiência aos domingos. “O domingo é para todo mundo, criança, idoso, não tem classe social. E a briga é grande, a responsabilidade é grande. O Faustão já está há 30 anos. Silvio Santos tem 50 anos. Eu estou formando o meu público nesses 5 anos. Isso para mim é maravilhoso.”
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