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#Assim como o ex pr. Bolsonaro
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A diferença entre Álbum de Família e Protesto de Rua
14 de agosto de 2021 por Claiton Appel
Um tempo atrás ouvimos e vimos o Presidente Bolsonaro falar que esperava um “sinal do povo” e que as Forças Armadas não sairiam contra a população. A população ficou sem entender, o Presidente Bolsonaro repetiu o recado dizendo que quem determina para onde o Brasil vai é a população.
Não deu outra, a população “entendeu o recado”, pegou sua camisa verde e amarela do armário, colocou a coleirinha no cachorro, chamou o vovô e a vovó que fizeram questão de levar os netinhos, e foram para as ruas protestar contra os comunistas e terroristas que enfrentamos no Brasil.
Claro que já tinha um local indicado pelos organizadores do protesto. Os organizadores já haviam pedido autorização para o “sistema” e indicado a hora de começar e de terminar o protesto e até mesmo os locais por onde passariam. Prepararam um carro de som, trio elétrico e fizeram de palanque para atuais e futuros políticos que procuram o seu local “à sombra”.
Estava aí montado o palco para protestar contra “Terroristas/Comunistas” que roubaram milhões e ainda continuam “tomando conta” do país. Geralmente orquestrado no domingo para não atrapalhar o “sistema”, as famílias aproveitam, tiram fotos para o álbum de família, e muitas vezes conseguem registrar o momento ao lado de um youtuber, deputado ou até com ativista no palanque.
Nem parece que estão ali reivindicando seus direitos de cidadãos, fica mais para um culto de domingo. Tem música, cantam, dançam e gritam para que todos possam ouvir o quanto estão “preocupados” e “indignados” com o “sistema”. As bandeirinhas verde e amarela fazem um show à parte. Lindo de ver! Tudo organizado, tudo dentro do “sistema”.
Depois de tudo que estamos passando e indo para às ruas, vocês acreditam mesmo que foi o povo que tirou Collor, Dilma? Chega de terceirizar o que temos que fazer. Passou da hora de mostrarmos que podemos fazer nossas reivindicações na hora, local e quando quisermos.
O Brasil está precisando de seu povo, aquele que realmente quer mostrar o “sinal” que tanto o Presidente Bolsonaro aguarda. Precisamos de um povo patriota e que negue ser escravo de um “sistema corrupto”.
Estamos sendo massa de manobra de pessoas que falam muito e fazem pouco para mudar a realidade de nosso país. Pessoas que buscam o lugar ao sol, “estrelinhas midiáticas”, pessoas que se dizem contra o sistema, mas que agem de acordo com o que o sistema permite, sempre com sua máscara, álcool em gel e toda a preocupação para não ser perseguido.
Está na hora de mostrar para a verdadeira “casa do povo”, que temos uma só voz dizendo: “Chega de comunismo e terrorismo em nosso Brasil”. Livre, de cabeça erguida, mas com consciência do que estamos fazendo por nossos filhos e netos.
Só assim vamos realmente ver o “sistema” temer o povo e conhecer o significado da palavra “democracia”. Chega de álbum de família, vamos realmente começar a mudar nosso país para melhor, com verdadeiros protestos de rua.
Precisamos mostrar para aqueles que estão na “casa do povo”, que os donos chegaram e acabou a festa.
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ocentrodopoder · 3 years
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Investigação da cúpula da CPI da Pandemia mira Flávio Bolsonaro
Desde o seu início, a CPI da Pandemia tem desgastado a imagem do governo ao explorar ações e omissões que contribuíram para o atraso na vacinação da população e para a morte de 520 000 pessoas pela Covid-19. Controlada por senadores oposicionistas e independentes, a comissão colheu depoimentos e documentos que revelaram o desinteresse pela compra do imunizante da Pfizer, a aposta em medicamentos de ineficácia comprovada contra o novo coronavírus e a existência de um gabinete paralelo que, em linha com o negacionismo do presidente da República, estimulou Jair Bolsonaro a pregar contra a vacina, o distanciamento social e toda sorte de recomendações sanitárias lastreadas na ciência. Apesar de esses achados terem ajudado a turbinar a reprovação ao governo e a reduzir as intenções de voto no presidente, até parlamentares da oposição admitem que não foi encontrado ainda algo capaz de decretar o fim político da gestão Bolsonaro. Falta, como eles dizem, a evidência da corrupção — de que pessoas próximas ou ligadas ao ex-capitão lucraram com as decisões tomadas durante a pandemia. Falta a marca da propina.
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CONEXÕES - Para Renan, personagens estariam interligados numa rede de amizades, tráfico de influência e negócios dentro do governo –Fotos: Pedro França/Ag. Senado; Marcos Oliveira/Ag. Senado; Reprodução; Getty Images; Edson rodrigues/Ag. Senado; Cristiano Maris/.
Com o objetivo de suprir essa lacuna, a cúpula da CPI da Pandemia decidiu investir numa investigação específica sobre o filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). A nova frente de trabalho é comandada pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-­AL), e conta com uma equipe restrita, que já esquadrinha uma rede de conexões do Zero Um. O grupo está cruzando dados bancários, movimentações financeiras, contatos telefônicos e participações societárias em empresas em busca de ligações que possam expor as relações de Flávio com empresários, lobistas e advogados envolvidos em negociações de contratos com órgãos públicos. A matéria-prima do time de Renan Calheiros são as informações coletadas a partir das quebras de sigilo do empresário Francisco Emerson Maximiano e de sua empresa Precisa Medicamentos, que intermediou a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, por 1,6 bilhão de reais, pelo Ministério da Saúde. A conexão Precisa-­Covaxin é o ponto de partida da nova e principal aposta dos oposicionistas da comissão.
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RASTREAMENTO - Requerimento sigiloso da CPI pede informações à Receita Federal sobre pessoas próximas ao senador Flávio Bolsonaro: atrás de pistas –./.
A fim de evitar que cada passo da investigação seja submetido à aprovação do plenário da CPI, o relator — com o apoio do presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) — tem enviado à Receita Federal requerimentos administrativos, que são sigilosos e não são submetidos a voto, com pedidos para que sejam listadas empresas e relações societárias de uma série de alvos. Um dos requerimentos solicita “todos os dados cadastrais, inclusive participações societárias nos últimos dez anos e gráficos de relacionamentos” de onze pessoas físicas e de oito empresas. Da lista fazem parte, por exemplo, os advogados Frederick Wassef, que representa Jair e Flávio Bolsonaro, e Willer Tomaz, o mais novo “melhor amigo” do Zero Um, além de Thais Amaral Moura, assessora especial da Secretaria de Governo e autora de requerimentos que o governo preparou para a CPI da Pandemia. A Precisa e outras empresas de Maximiano também estão listadas no documento — entre elas, a Xis Internet Fibra. Renan suspeita que todos esses personagens estão interligados numa rede de negócios dentro do governo.
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AMIGO - Willer Tomaz: um dos alvos do pedido feito ao Fisco –Reprodução/Twitter
Na sexta-feira 25, VEJA revelou que Flávio abriu as portas do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para Maximiano. Em 13 de outubro de 2020, os dois participaram de uma videoconferência com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, a pedido do senador. Conforme a agenda oficial, o dono da Precisa tratou de assuntos da Xis Internet Fibra. Apesar de ter providenciado o encontro, Flávio diz que não tem relação com Maximiano e com a Precisa. A revelação dos detalhes da agenda no BNDES deu fôlego às apurações, que correriam em segredo caso Wassef não tivesse recebido de um informante uma cópia de uma proposta de requerimento administrativo endereçado à Receita que trazia justamente o nome dele e o de Willer Tomaz (veja o fac-símile). Ao tomar conhecimento do texto, o advogado alertou o senador, que gravou um vídeo nas redes sociais acusando Renan de tentar quebrar ilegalmente o sigilo de seus “amigos”. Já Wassef optou por uma reação mais ousada. Também na sexta-feira 25, ele rumou para o Senado com o objetivo de entrar na sala da CPI da Pandemia, sem nenhum aviso prévio, para denunciar em frente às câmeras a estratégia do relator.
Quando Wassef chegou ao Congresso, estavam depondo o servidor Luis Ricardo Miranda, chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, e o irmão dele, o deputado Luis Miranda (DEM-DF). O servidor reiterou ter sofrido pressões atípicas para, entre outras coisas, pagar de forma antecipada lotes da Covaxin. Já o deputado reforçou ter alertado pessoalmente o presidente da República de irregularidades no contrato da vacina indiana — e repetiu ter ouvido como resposta de Bolsonaro que aquilo ali era “rolo” do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara e expoente do Centrão. Se o plano tivesse dado certo, Wassef interromperia o depoimento mais bombástico colhido até então. Não deu certo. Ele foi impedido pela segurança. “Eu fui ao Senado para mostrar a fraude e o uso indevido da máquina pública contra o presidente da República, contra todos ao redor dele e contra mim. Eles usam a CPI para, de forma transversa, ilegal, quebrar o sigilo bancário e fiscal. Eu nunca ouvi falar em Precisa ou qualquer empresa que forneça produtos ao Ministério da Saúde. Não conheço nenhum desses personagens”, diz Wassef, ressaltando que, no caso dele, a ilegalidade está no fato de não ter nada a ver com o objeto de investigação.
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  CONFUSÃO - Wassef, advogado da família do presidente: tentativa de entrar na CPI –Pedro França/Agência Senado
Já o senador Flávio Bolsonaro alega que a CPI está antecipando a sucessão presidencial de 2022 e, por isso, age para desgastar o governo Bolsonaro. “O Fred é meu amigo. O Willer é meu amigo. Daí a fazer negócio e operar por trás, esquece. Não tem nada”, afirma o senador. “A CPI pode quebrar sigilo à vontade, mas não é assim que se faz. Querem quebrar o sigilo de uma pessoa que nunca foi citada por ninguém. O cara está tentando fazer um cerco a mim. Eu até estou chamando ele no grupo de senadores de Renan Dallagnol”, acrescenta o Zero Um, referindo-se ao antigo chefe da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, acusado de pedir informações de forma clandestina à Receita sobre investigados na operação. Para Renan Calheiros e a cúpula da comissão, a forma como Flávio e Wassef reagiram é um indício de que ambos acusaram o golpe e, portanto, de que a apuração tem de continuar. Em um bunker montado em sua casa em Brasília, o relator construiu um mural para traçar conexões entre o primogênito de Bolsonaro, advogados, empresários e personagens até agora pouco conhecidos da própria comissão.
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NEGÓCIO ESTRANHO - Luiz Dominguetti: revelação de pedido de propina, áudio de deputado e confusão –Pedro França/Agência Senado
Na quinta-feira 1º, a CPI ouviu o depoimento de Luiz Paulo Dominguetti, cabo da Polícia Militar de Minas Gerais que, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, revelou ter recebido um pedido de propina de Roberto Ferreira Dias, à época diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, para fechar um contrato de venda de 400 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca — um negócio estranho, com cara e jeito de estelionato. O achaque teria acontecido em fevereiro, quando a empresa para a qual trabalha Dominguetti, a Davatti Medical Supply, tentava negociar com o governo. Depois da publicação da entrevista, Dias foi demitido. Aos senadores, o PM confirmou o que dissera ao jornal e foi elogiado pelos governistas até apresentar à comissão uma mensagem de áudio do deputado Luis Miranda, o mesmo que levou ao presidente Bolsonaro a denúncia sobre a compra da vacina da Covaxin. Na gravação, o deputado aparece falando de uma negociação de carga, produto, e não menciona a palavra vacina. Dominguetti insinua que o parlamentar que agora acusa o governo também participava de alguma negociata relacionada à compra de imunizantes.
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TRUNFO NA MANGA - O deputado Luis Miranda: suspeita no Planalto é de que ele gravou a conversa com Bolsonaro –Reprodução/Instagram
O depoente, convocado por parlamentares de oposição, passou de herói a vilão em poucos minutos, teve o celular apreendido, e a confusão se instaurou. Até Luis Miranda apareceu no plenário da comissão. O deputado afirmou que o áudio estava editado e que se referia a uma tratativa anterior à pandemia. Um executivo da própria Davatti declarou que a gravação do deputado não tratava de vacina e acusou o PM de querer aparecer. A confusão só aumentou — e nada foi esclarecido. Luis Miranda voltará a depor à CPI da próxima terça-feira. Pessoas próximas ao presidente da República acham que ele gravou a conversa com Bolsonaro, mas afirmam que, se ela for divulgada, poderá causar no máximo algum ruído com o chamado Centrão. Nada que não possa ser contornado.
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ALVO – Barros: o líder do governo teria sido citado pelo presidente –Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
As revelações sobre o imbróglio da Covaxin, o depoimento dos irmãos Miranda, o suposto pedido de propina e a ofensiva sobre Flávio Bolsonaro e pessoas ligadas ao senador levaram o presidente a reagir. Bolsonaro determinou a suspensão temporária da compra da vacina indiana, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, demitiu dois servidores que trataram diretamente do assunto. Bolsonaro fez ainda mais dois gestos. Nos bastidores, apelou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para que não aceite o pedido de prorrogação dos trabalhos da CPI da Pandemia. Em público, como toda vez em que se sentiu acuado, partiu para o ataque: “Não conseguem nos atingir. Não vai ser com mentiras ou com CPI integrada por sete bandidos que vão nos tirar daqui”. A declaração foi dada no mesmo dia em que a Câmara recebeu um “superpedido” de impeachment que lista 23 crimes cometidos pelo presidente, inclusive no combate à pandemia. Essa nova fase da CPI, por enquanto ainda atolada no terreno das suspeitas, já elevou consideravelmente a temperatura política.
Publicado em VEJA de 7 de julho de 2021, edição nº 2745
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politicandobrasil · 3 years
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Plano de Bolsonaro para melhorar imagem já admite isolamento social total
Com reputação internacional de negacionista, Jair Bolsonaro desdenhou da gravidade da pandemia de Covid-19, sabotou as recomendações sanitárias destinadas a conter a transmissão do novo coronavírus e foi determinante para que o governo demorasse a comprar vacinas e imunizar a população. Essa postura, que contribuiu para recordes sucessivos no número de mortes no país, afetou a sua popularidade. Uma pesquisa do Datafolha revelou que 54% dos entrevistados consideram ruim ou péssima a atuação do presidente diante da pandemia, crescimento de 6 pontos porcentuais na comparação com o levantamento anterior, realizado em janeiro. Bolsonaro ainda é apontado como o principal responsável pelo caos na saúde pública, ficando à frente de governadores e prefeitos, a quem tenta, com frequência, transferir a culpa pelas agruras enfrentadas pela população. As sondagens sobre a sucessão de 2022 também captaram um baque na imagem do ex-capitão. Bolsonaro, que antes parecia caminhar para uma reeleição tranquila, enfrenta agora dificuldades nas simulações de segundo turno contra diferentes candidatos, como o ex-presidente Lula.
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DÚVIDA - Huck e o governador João Doria: indefinição para 2022 –Governo do Estado de São Paulo/.
Tamanha corrosão levou a uma mudança de estratégia, cuja parte mais visível foi o anúncio da substituição do general Eduardo Pazuello pelo cardiologista Marcelo Queiroga no comando do Ministério da Saúde. O presidente, no entanto, está sendo aconselhado a fazer mais concessões. A mais ambiciosa delas, aventada pelo novo ministro, é defender um lockdown, algo que o mandatário sempre rejeitou, sob a alegação de que a nova cepa do vírus é mais contagiosa e letal. Se aceita, essa recomendação seria acompanhada, finalmente, de uma guinada também de retórica, na qual o reconhecimento da gravidade da doença substituiria expressões como “gripezinha”, “e daí” e coisas do tipo, que revelaram falta de empatia com as famílias das mais de 280 000 vítimas da Covid-19. Diz um ministro, que pediu para não ser identificado: “O Pazuello veio para preparar a estrutura e a logística. Isso já está resolvido. Essa mudança se deve à nova cepa. A gente está numa grande onda, muito maior que a primeira, do ano passado. Merece uma atenção especial. Cepa nova, ministro novo”.
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OBJETIVO NÚMERO 1 - Ramos e Lira: a prioridade é manter o apoio do Centrão –Marcos Brandão/Ag. Senado
Empenhados em lustrar a imagem de Bolsonaro, seus auxiliares também ressuscitaram o plano de convencê-lo a se vacinar — de preferência, diante das câmeras. Não será tarefa fácil. Do alto de seu desapreço pelo conhecimento científico, o presidente insiste em defender remédios sem eficácia comprovada e já insinuou que quem se vacinasse poderia ficar com a voz mais fina ou se transformar em jacaré. Seus assessores acham que a queda de popularidade pode operar o milagre da conversão à ciência. Se depender deles, o ex-capitão, que completará 66 anos em 21 de março, será imunizado pelo próprio Queiroga assim que chegar a vez do grupo prioritário do qual o presidente faz parte tomar a vacina. “Há cerca de cinco meses, fui infectado com a Covid-19 e, graças a Deus, tive poucos sintomas. Com a nova cepa, sei que posso me contaminar novamente. A vacinação é a melhor saída para este mal e é por isso que o governo está trabalhando dia e noite. Estou pronto para a vacina”, escreveu em seu Twitter o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo. O general não teria coragem de publicar algo parecido algumas semanas atrás, sob risco de levar uma tremenda descompostura. A meta, diz-­se no entorno do presidente, é encarar a corrida pela vacinação “na mesma velocidade que Usain Bolt”, atleta jamaicano que conquistou oito medalhas de ouro em Olimpíadas.
Enquanto Bolsonaro não declara apoio à quarentena nem toma a vacina, seus assessores trabalham com objetivos alternativos, como convencê-lo a reduzir o número de viagens pelo país e evitar solenidades com participação popular e aglomerações. O presidente ouviu de ministros e parlamentares aliados que um bom desempenho de Queiroga é vital para o sucesso e a popularidade do governo. Até a recuperação dos direitos políticos de Lula é usada como arma de convencimento no Palácio do Planalto. Dependendo da pesquisa, o petista aparece empatado ou à frente de Bolsonaro nas simulações sobre a próxima sucessão presidencial. “O presidente tem inteligência emocional, perspicácia e sabe o momento das mudanças que ele precisa fazer”, atesta o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-­PR). Próceres do bolsonarismo alegam que a volta de Lula ao jogo eleitoral reduziu drasticamente a chance de criação de uma candidatura competitiva de centro. Se não reduziu, na melhor das hipóteses, dificultou mais.
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PRESSÃO - Ernesto Araújo: partidos da base já têm até um nome para substituí-lo –//AFP
Por essa análise, o governador João Doria (PSDB) e o apresentador Luciano Huck (sem partido) não terão chances reais de vitória caso disputem a Presidência. Doria declarou publicamente que não descarta concorrer à reeleição em São Paulo, mas não soou convincente. Já Huck recorreu a uma rede social para comentar a troca na Saúde e se fazer presente no debate político: “Pelo bem de todos, esperamos uma mudança radical e enfática da narrativa. Precisamos da ciência, do bom senso e de planejamento. O momento é dramático, crítico, não podemos seguir errando tanto”. A principal estratégia do presidente é manter até 2022 o apoio dos partidos do chamado Centrão, que costumam aderir, em tempos de eleição, ao candidato com mais possibilidade de vitória. “O Bolsonaro tem de se aproximar do centro para não demonstrar radicalismo. Três fatores vão definir a eleição em 2022: o auxílio emergencial seguido de um Bolsa Família melhorado, o tratamento da pandemia de agora até o fim do ano e a economia”, afirma o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira. Como se sabe, não basta a moderação apenas de retórica. Cargos, sempre eles, são importantes.
O Centrão reforçou a ofensiva destinada a tirar Ernesto Araújo do Itamaraty e quer emplacar no cargo o senador Antonio Anastasia (MG). A mudança poderia aproximar o partido dele, o PSD, ainda mais da base governista e, de quebra, afastá-lo de Lula. A legenda não é a única a habitar as preocupações presidenciais. Mais poderoso expoente do Centrão, o PP cobiçava o Ministério da Saúde, mas não levou. A indicação de Queiroga também provocou indignação no deputado Wellington Roberto, líder na Câmara do PL, partido comandado pelo notório Valdemar Costa Neto, condenado no processo do mensalão. Em uma dura conversa com o ministro Luiz Eduardo Ramos, Roberto ressaltou que a legenda, apesar de ter 42 deputados, não chefia nenhum ministério, enquanto o Republicanos, com 32 representantes na Câmara, controla a pasta da Cidadania, responsável pelo Bolsa Família e o auxílio emergencial. Em tempos de crise, o preço do apoio sempre aumenta. E o preço do PL, até aqui, não é barato. O partido tem, entre outros, uma secretaria do Ministério da Saúde, a presidência do Banco do Nordeste, uma diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e uma secretaria do Ministério do Turismo. Para acalmar o ânimo da sigla, o governo avisou que, mesmo com a troca na Saúde, o PL manterá sua secretaria na pasta. O presidente também estuda a possibilidade de refundar um ministério para abrigar a sigla e a turma de Valdemar Costa Neto, que têm uma relação de proximidade pública e notória com Lula.
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EX-PRESIDÁRIO - Costa Neto: próximo a Lula no passado, ele quer mais espaço no governo para seu PL –Sergio Lima/Folhapress/.
Na segunda-feira 15, disposto a recuperar o capital político que perdeu por causa da pandemia, Bolsonaro nem parecia Bolsonaro. Antes de ser anunciado como ministro, Queiroga conversou pessoalmente com o presidente e seu filho Flávio, o principal padrinho da escolha. Tentando se equilibrar entre a ciência e a retórica da família presidencial, o cardiologista até defendeu a autonomia dos médicos para prescrever tratamentos, mas rechaçou o uso da cloroquina, que teve em Bolsonaro seu maior garoto-propaganda. Queiroga ainda enfatizou a urgência da vacinação, a importância do distanciamento social e do uso de máscaras e demonstrou preocupação com a baixa oferta de leitos em quase todos os estados do país. Chegou a dizer que, no caso extremo de não haver mais como abrigar novos pacientes em hospitais, uma medida como o lockdown seria a mais indicada. Em outros tempos, essas declarações fariam o presidente dispensar imediatamente o entrevistado, mas Bolsonaro ouviu sem fazer qualquer tipo de contestação e, depois da conversa, anunciou Queiroga como seu quarto ministro da Saúde. O presidente, ao que tudo indica, começou a ceder à razão depois que a morte de 280 000 brasileiros afetou a sua popularidade e a sua chance de reeleição.
Publicado em VEJA de 24 de março de 2021, edição nº 2730
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claudio-de-oliveira · 3 years
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MORO ENVOLVIDO ATÉ O PESCOÇO EM FALCATRUA
Talvez, isso explique a razão de Bolsonaro ter declarado a seguinte frase: "Se as pessoas soubessem o que aconteceu no Ministério da Justiça, ficariam enojadas". Muitos brasileiros ficaram chocados e tristes pela saída de Moro do Ministério. Não deveriam. O que está exposto abaixo é a notícia em primeira mão que está sendo investigada por rádios e jornais de todo o Brasil e alguns estrangeiros, mais especificamente Wall Street Journal of Americas e o Gazzeta delo Sport e deve sair na mídia em breve, assim que as provas forem colhidas e confirmarem os fatos.
Fato comprovado: O Moro VENDEU os inquéritos da PF para o Doria. Bolsonaro soube disso às 13:00 do dia 23 de Abril (dia antes da demissão de Moro), em uma reunião envolvendo o Sr. Chefe da Abin, Ramagem, o seu filho Carlos Bolsonaro, o Sr. Helio, supervisor da secretaria da Casa Civil, e o Sr. Ronald Rhovald, representante da CIA no Brasil. A princípio muito contrariados, Bolsonaro se recusou a trocar o Diretor da PF, Valeixo.
A aceitação veio através do informacao de que Moro estava recebendo o pagamento total dos prêmios, US$70.000,00 para cada inquérito vendido, mais um bônus de US$400.000,00 para todos os seus assessores e integrantes da comissão, num total de US$ 23.000.000,00 vinte e três milhões de dólares) por meio das empresas de João Doria e João Amoedo.
Mesmo assim, o Diretor da Abin descobriu o esquema por meio de um delator, que era assessor de Moro e não concordou com a prática, o que o obrigou a pedir exoneração do cargo, dizendo que não estava junto com Moro (em primeira notícia divulgada às 13:30 no centro de imprensa).
Assim, combinou-se que o Moro pediria demissão antes que Bolsonaro o demitisse para que a culpa ficasse com Bolsonaro e Moro pudesse ter a vantagem de dizer que não havia feito nada de errado.
Dr. Wagner Maia, denuncia que Moro fugiu do Governo porque foi descoberto que ele cometeu crime de alta traição:
"A ABIN descobriu que o ex-diretor da PF(Valeixo, comparsa de Moro na ocultação dos patrões do Adélio e seus advogados) há muito estava escondendo os nomes, assim como crimes político-administrativos de Witzel e passando informações sigilosas das investigações para Dória.
Desde março que PR Bolsonaro foi alertado, mas aguardou que Moro lhe informasse sobre tudo.
Como Moro fugia de reuniões e se omitia, e o Presidente também soube que Moro estava participando com FHC, Maia, Alcolumbre e Tofolli do plano para derruba-lo
PR Bolsonaro convocou pessoalmente Moro pra reunião na presença dos investigadores da ABIN, colocou o assunto na mesa e informou que seu protegido Delegado Maurício Valeixo era o principal informante da Esquerda.
Moro empalideceu e, com a traição descoberta e sem outro jeito, resolveu, nas costas do PR Bolsonaro, fazer a coletiva de traição declarada.
NOTA: Está confirmado oficialmente que o ex- diretor da PF, delegado Maurício Valeixo, protegido de Moro e demitido por PR Bolsonaro é o delegado que foi infiltrado pra finalizar o inquérito sobre Adélio Bispo, com ordens para esconder os nomes dos mandantes e pagadores dos milionários advogados, impedir a perícia dos celulares dos advogados e de Adelio, dizer que Adélio agiu sozinho e que tinha problemas mentais.
O medo de Moro que Delegado Alexandre Ramagem assuma a diretoria da PF, é porque foi ele quem descobriu o crime de alta traição cometido pelo ex-ministro Moro, antigo aliado dos comunistas brasileiros e, cujo pai, o comunista Dalton Moro é fundador do PSDB e antigo comparsa de FHC, pai da esquerda brasileira."
Coloca no público para compartilhar
Difícil de acreditar mas, como dizia um amigo que não está mais neste mundo, cabeça de juiz é uma caixinha de surpresas. Repassem...
[26/1 19:53] Dr José Da Bety: Bolsonaro é doido.... fez a gente ver:
- Como funciona o pt.
- Como funcionam as ongs.
- Como funciona a França.
- Como funcionam as reservas indígenas.
- Como funciona o PSL.
- Como funciona o STF.
- Como incendiaram a Amazônia.
- Como funcionam os presídios.
- Como funcionam as favelas.
- Como funciona o congresso.
- Como funcionava a petrobrás.
- Como funcionava o BNDES.
- Como as nossas praias são poluídas com petróleo Venezuelano.
- Como funciona o alto clero da igreja católica.
- Como vive a Venezuela.
- Como funcionava o mais médicos cubanos.
- Como funcionava o MST.
- Como funcionavam os sindicatos.
- Como funcionam as manifestações esquerdistas.
- Como funciona a Globo.
- Como funciona a imprensa marrom.
- Como funciona o ensino.
- Como fucionavam os programas sociais. -- E agora mais uma coisa ficou clara pra todos nós, que o grande vilão, do porque os combustíveis permanecem tão altos! É porque os governadores não querem perder a boquinha deste ICMS, que no RS chega à 75% este imposto, e acabam prejudicando seu próprio povo.
- Todo o funcionamento do Brasil está sendo revirado e dado conhecimento a todos os brasileiros....está além das nossas expectativas!!!!!! O Brasil a cada dia mais transparente!!!! Avante Bolsonaro!
Copiem e cole e vamos mostrar a esses políticos corruptos que o povo tem voz.
*Vamos apoiar nosso Brasil, nosso presidente, nossa pátria*_ 🇧🇷
#JairBolsonaro #Presidente #conservador #direita #brasil
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osborgs · 3 years
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Os planos da ex-mulher de Bolsonaro, que promete livro polêmico
Uma das estratégias mais utilizadas por certos lobistas que agem nos subterrâneos do poder é mostrar que eles têm acesso e, principalmente, influência junto a autoridades e políticos importantes. Em Brasília, isso vale ouro, está na raiz de grandes fortunas e também na gênese de monumentais escândalos de corrupção. O homem de terno escuro na página ao lado é um ás nessa arte de se aproximar de pessoas que podem ajudar seus clientes a conseguir facilidades e grandes negócios no governo. Em maio de 2018, ele foi preso pela Polícia Federal numa operação que investigava a venda ilegal de registros sindicais no Ministério do Trabalho. De acordo com a acusação, cobrava milhões de seus clientes para conseguir agilizar a aprovação dos registros. Parte do dinheiro era usada para financiar campanhas eleitorais e para subornar servidores públicos. Submerso desde então, Silvio de Assis, o lobista da foto, está em plena atividade.
Nos últimos meses, assim como fazia no Ministério do Trabalho, ele tem oferecido seus serviços a empresários com pendências ou interesses comerciais em órgãos do governo. Também atende a prefeitos que enfrentam dificuldades em conseguir a liberação de verbas orçamentárias nos ministérios. Dependendo do cliente, cobra o equivalente a 10% do valor dos recursos. Exibe como garantia de sucesso a proximidade que afirma ter com um rol de figurões da República e políticos influentes do Congresso, como o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Senado, e o deputado Ricardo Barros (Progressistas-­PR), líder do governo na Câmara. Mais recentemente, Silvio de Assis incluiu no seu portfólio de amizades a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, que está de mudança para Brasília. Foi um reforço e tanto na estratégia do lobista de se mostrar próximo a pessoas importantes.
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PARCERIAS - Silvio de Assis (fora do carro): histórico de prisão, acusações de corrupção e amigos influentes no poder –Cristiano Mariz – 28/03/2017/.
Ana Cristina teve uma união estável com Bolsonaro por dez anos. Em 2007, depois de um longo e turbulento processo na Justiça, eles se separaram. Na época, a advogada acusou o então deputado de ameaçá-la, disse que ele tinha um comportamento de “desmedida agressividade” e ainda apontou supostas irregularidades nas finanças do casal. Depois do processo encerrado, justificou que muito do que dissera era falso e derivava de seu estado emocional. A ex do presidente, que mora em Resende, no interior do Rio de Janeiro, está de malas prontas e deve passar a morar na capital federal a partir de fevereiro. Oficialmente, ela diz que a mudança se deve à distância do filho, Jair Renan, o “Zero Quatro”, de Bolsonaro, que se transferiu para Brasília logo depois da posse do pai. Há outras razões. Ana Cristina pretende retomar a carreira profissional. Após a separação, ela fechou seu escritório de advocacia, que lhe rendia bons clientes graças à fama do marido. Além disso, quer ajudar a tocar os negócios de uma empresa de eventos do filho, planeja disputar uma vaga no Congresso em 2022 e rascunha um livro em que anuncia a revelação de histórias “polêmicas” sobre a vida do casal. É um projeto ambicioso, especialmente porque ela não conta com a simpatia e muito menos com o apoio do ex-marido. Mas não lhe faltará ajuda.
Em dezembro do ano passado, Ana Cristina participou de um almoço oferecido por Silvio de Assis. Foi levada por um primo, também empresário, e, no encontro, falou de seus planos. O lobista também é conhecido em Brasília por ajudar a arrecadar recursos e a construir pontes entre candidatos e doadores de campanhas — um ativo e tanto para ela, que em 2018 até tentou uma vaga na Câmara dos Deputados, mas recebeu menos de 5 000 votos e não se elegeu. Não por coincidência, no almoço estavam presentes empresários (potenciais financiadores) e advogados próximos ao lobista especialmente convidados para conhecer “a ex-mulher e mãe do filho do presidente da República” (potenciais empregadores). Ana Cristina gostou do que viu e mais ainda do que ouviu — tanto que, ao voltar para Resende, pôs a casa para alugar e decidiu acelerar a mudança. Ela, porém, nega que tenha sido firmada alguma parceria com o lobista: “Eu nem sei o que o Silvio faz da vida. Fui lá uma única vez. Ele sabia bem quem eu era, mas eu não sabia quem ele era”, disse a VEJA (leia a entrevista).
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ZERO QUATRO - Renan: mãe diz que o filho não tem malícia e que vai ajudá-lo nos negócios de sua empresa –Reprodução/Instagram
Todas as sextas-feiras, o lobista convida políticos, empresários e figuras influentes da República para uma feijoada em uma suntuosa casa no Lago Sul, bairro nobre da capital federal. A pandemia do coronavírus não impediu a confraternização. Para garantir a higienização dos ilustres convidados, uma espécie de túnel de desinfecção foi instalado logo na entrada da casa. Na sequência, há um medidor portátil de temperatura e só depois chega-se ao amplo espaço ornado com mesas rigorosamente postas, sofás ao redor da piscina, garçons servindo uísques e vinhos e uma mesa de sinuca para quem quer algum tipo diferente de diversão. O sucesso dos encontros, para além do cardápio, está nas possibilidades e facilidades que podem sair de lá. O anfitrião é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro, responde a uma dezena de processos por dar calote em funcionários de suas empresas e foi preso após ser grampeado cobrando propina para garantir a liberação de registros sindicais no Ministério do Trabalho, caso revelado por VEJA em 2018. Esse nebuloso histórico do lobista não impede que importantes figuras formem fila na entrada da mansão.
Além do senador Eduardo Gomes e do deputado Ricardo Barros, a lista de convidados inclui presidentes de partidos, desembargadores, juízes e chefes de agências — com destaque para o almirante Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa. A presença dele, aliás, animou empresários da área médica e hospitalar, que, logo depois, encaminharam pedidos para Silvio de Assis ajudar a destravar demandas de interesse na agência, trabalho pelo qual o lobista cobra um adiantamento e uma “taxa de sucesso” que varia caso a caso. Procurado por VEJA, Assis confirma a presença de todos os personagens citados em suas feijoadas de sexta-feira, que ele define como simples “encontro de amigos”. O deputado Ricardo Barros é “amigo há pelo menos dez anos”. “Eu diria que é uma praxe de Brasília as pessoas oportunizarem (sic) uma confraternização”, afirmou o deputado, confirmando que realmente conhece o lobista “há muitos anos”. Eduardo Gomes, a quem Assis chama de “amigo de décadas”, não respondeu à reportagem.
O presidente da Anvisa e a ex-mulher do presidente seriam exceções. “O doutor Barra não é meu amigo, não tenho amizade, foi lá apenas uma vez. Eu o conheço, mas não tenho nenhuma intimidade, até porque ele é muito fechado. E, quero ressaltar, não tenho nada a ver com laboratórios, com medicamentos”, garante o lobista. Sobre Ana Cristina, Assis se limitou a especular que a presença dela “talvez se justifique no fato de ela querer construir algum relacionamento, conhecer as pessoas, né?”. E, por fim, garantiu: “Mas eu não tenho interesse nenhum ali”. Certamente que não. Nem ela.
Publicado em VEJA de 3 de fevereiro de 2021, edição nº 2723
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ocentrodopoder · 3 years
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Juízes do Supremo reforçam investigação da CPI do Senado
É uma praça incomum, calçada com pedras portuguesas, sem árvores nem lugar de sombra, com espaço de 250 metros entre três prédios peculiares, desenhados para não se destacarem um diante dos outros, numa tradução arquitetônica do princípio republicano de que os poderes são harmônicos e independentes.
Num dos cantos, no Supremo Tribunal Federal, juízes acompanham a movimentação dos vizinhos, no Senado, onde a CPI da Pandemia avança na apuração dos erros do governo e das suspeitas de corrupção na Saúde nesses 14 meses de pandemia, com 516 mil mortes confirmadas até à noite de ontem.
Eles querem saber como se produziu o desastre. E, principalmente, se há consistência jurídica nas suspeitas sobre Jair Bolsonaro e assessores, incluindo os informais, cujas ações e omissões contribuíram para o descontrole da crise pandêmica, agravando a disseminação do vírus no país.
Investigados têm recorrido ao STF em tentativas diárias de bloquear ou pelo menos limitar a ação dessa Comissão Parlamentar de Inquérito. Amargaram sucessivas derrotas nas últimas oito semanas — na média, perderam em oito de cada dez requisições de proteção judicial.
Nas respostas dos juízes, na maioria dessas decisões, observa-se a preocupação constante em estabelecer um padrão de relacionamento do Judiciário com o Legislativo, expressamente inspirado num despacho de anos atrás do advogado gaúcho Paulo Brossard, ex-senador, que foi um dos 11 integrantes do tribunal de 1989 a 1994. “Quem quer os fins dá os meios” — escreveu Brossard.
O Supremo resolveu dar os meios e o espaço necessários para a CPI avançar. Em diferentes decisões nos últimos dias, os juízes confirmaram a peculiaridade dessas comissões legislativas com “poderes de investigação próprios das autoridades judiciais”, como definido na Constituição (artigo 58).
A razão, segundo a juíza Cármen Lúcia: delitos “seriam incontroláveis juridicamente”, caso fossem retirados dos órgãos estatais de controle, apuração e investigação “os meios necessários à sua atuação eficiente”.
O inquérito em andamento no Senado é visto como necessário e importante, definiu Rosa Weber, para apurar “eventual descumprimento pelo governo federal de seus deveres constitucionais na área da saúde, a implicar no agravamento da pandemia”.
Ela negou pedidos de imunidade para pessoas e empresas envolvidas no contrato do Ministério da Saúde para compra da vacina indiana Covaxin — negócio obscuro de R$ 1,6 bilhão, com corretagem privada nacional e a preço 1.000% maior do que havia sido anunciado seis meses antes pela própria fabricante.
“A questão adquire contornos ainda mais inquietantes”, justificou, indicando negociações pouco transparentes sobre uma vacina “ainda não respaldada por estudos científicos consistentes, em detrimento de imunizante [Pfizer, Coronavac e AstraZeneca] de eficácia já comprovada e com custo substancialmente inferior, a projetar a grave suspeita investigada pela CPI de favorecimento e/ou de obtenção de vantagens indevidas na implementação da política pública de combate à pandemia da Covid-19.”
Ontem, um representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, contou à repórter Constança Resende, da Folha de S.Paulo, que em fevereiro tentou negociar com o Ministério da Saúde 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca. Não conseguiu, porque o diretor de Logística do ministério, Roberto Ferreira Dias, exigiu propina de US$ 1 (R$ 4,90) por dose para “compor com o grupo” que permitira a contratação.
Já o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse ao repórter Patrik Camporez, da revista Crusoé, ter recebido oferta de suborno em reuniões em Brasília com o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) e um lobista, Silvio Assis, para não atrapalhar o negócio da vacina indiana Covaxin. O encontro ocorreu na quarta-feira 31 de março, onze dias depois de Miranda ter levado seu irmão, diretor de Importações da Saúde, ao Palácio da Alvorada para relatar a Bolsonaro irregularidades no bilionário contrato da vacina indiana Covaxin.
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Rosa Weber, juíza do Supremo Tribunal FederalCarlos Moura/SCO/STF/Divulgação
Rosa Weber e outros juízes do Supremo têm insistido na tênue fronteira entre os inquéritos parlamentar e judicial. Estabeleceram distinções relevantes. Como o desempenho de função política está sujeito a paixões e ideologias político-partidárias— ela escreveu —, deputados e senadores não se submetem à estrita “necessidade de equidistância, imparcialidade e apoio na técnica jurídica”.
Não é possível exigir das CPIs idêntico rigor técnico do Judiciário em fundamentação e conteúdo, ela acha. Basta “a apresentação de elementos mínimos de identificação do objeto da medida [de investigação], dos seus destinatários, da sua finalidade e da causa motivadora”.
Como no Supremo nada é decidido sem referência ao passado, ou seja, às interpretações feitas em julgamentos anteriores, ela foi ao arquivo e encontrou uma síntese dos limites elaborada há tempos por outro ex-juiz, Nelson Jobim: “Uma coisa é o fundamento político ou jurídico de uma decisão. Outra, é não ter fundamento algum. O que se exige é a fundamentação de uma decisão. O que não se permite é a decisão arbitrária, porque sem fundamentação.”
Assim, comentou o juiz Dias Toffoli, uma CPI pode quebrar sigilo de pessoa ou empresa, a partir de “meros indícios”, que demonstrem “a existência concreta de causa provável” e que tenham o sentido da “extrema importância para [a comissão] entender o contexto desses contatos e a origem do pedido de importação desse medicamento”.
Comissões parlamentares de inquérito não têm poder de punição, lembrou Ricardo Lewandovsky, mas desempenham “papel institucional” na elucidação de fatos de interesse público, “sobretudo daqueles que, em condições normais, não viriam ao conhecimento da sociedade ou das autoridades competentes para avaliá-los”.
O conjunto de decisões do STF sobre a CPI do Senado, nos últimos 60 dias, contém uma série de más notícias para Bolsonaro, que atravessou 14 meses dizendo não poder agir na pandemia porque teria sido “proibido” pelo tribunal ¬– o argumento é falso, pois no início do ano passado o Judiciário delimitou a competência federativa e, de forma expressa, atribuiu a “coordenação nacional” ao governo federal.
Os juízes do Supremo assistem ao embate entre os vizinhos, certos de que vai transpor os prédios do Senado e do Planalto e afluir ao plenário do tribunal, provavelmente neste semestre. É a única certeza possível, hoje. O desfecho desse conflito político é imprevisível, principalmente porque a eleição presidencial já divide corações e mentes na Praça dos Três Poderes.
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fabioferreiraroc · 4 years
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6 livros para entender por que Donald Trump “não” vai ser reeleito
Joe Biden, do Partido Democrata, será o próximo presidente dos Estados Unidos? As pesquisas de intenção de voto indicam que sim. Por que o presidente Donald Trump, do Partido Republicano, aparentemente caiu em desgraça? Há várias causas, se é que perdeu mesmo o apoio dos americanos.
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Joe Biden, do Partido Democrata, será o próximo presidente dos Estados Unidos? As pesquisas de intenção de voto indicam que sim. A votação será na terça-feira, 3, mas parte do eleitorado já votou. Por que o presidente Donald Trump, do Partido Republicano, aparentemente caiu em desgraça? Há várias causas, se é que perdeu mesmo o apoio dos americanos.
Primeiro, sob seu comando, os Estados Unidos permaneceriam como xerifão do mundo, não só em termos de política, mas também em termos de economia. De fato, sob seu comando, o país de Henry James continua sendo o número 1. Mas a China está cada dia mais próxima de superá-lo. Talvez o americano médio não acredite mais em Trump como o xerife que fala grosso e todo (o) mundo treme.
Segundo, na questão do combate à pandemia do novo coronavírus, Trump não soube liderar o país. Os governadores agiram com mais eficiência e perceberam a Covid-19 como uma coisa grave desde o início. O presidente só recentemente, quiçá por conveniência eleitoral, decidiu amenizar suas críticas. Mas continua dizendo que o vírus “é chinês” — o que não parece agradar tanto a população, que, no lugar de ouvir isto, quer sobreviver e manter seus empregos.
Terceiro, com a pandemia, a economia americana, que estava avançando, recuou. “É a economia, estúpido” — disse o marqueteiro James Carville. Pois é, no momento, a economia, ainda que seja forte, não é um cabo eleitoral azeitado de Trump.
Quarto, há o problema dos conflitos raciais. No lugar de agir como John Kennedy e Lyndon Johnson, que eram conciliadores e agregadores, Trump não agiu como um verdadeiro presidente, parecendo não (querer) compreender os acontecimentos. Como fala para guetos conservadores, tem dificuldade de perceber as movimentações sociais do país que dirige. Na questão dos conflitos raciais, quando negros foram assassinados, negros e brancos se irmanaram e foram às ruas. Os Estados Unidos foram às ruas em sinal de protesto. Um presidente mais atento, mesmo se conservador, teria uma palavra de conforto para as pessoas, sobretudo para os negros. Trump não soube dizer as palavras apropriadas, as que se espera de um presidente da República, que deve falar para todos, e não apenas para nichos. Um presidente representa o país, toda a sua população, não apenas os seus seguidores político-ideológicos.
Joe Biden é forte? Talvez não seja. Mas Trump perdeu musculatura. Talvez porque, no fundo, seja, a um só tempo, seu maior aliado e seu principal inimigo.
No momento, não deixa de ser curioso verificar o contorcionismo verbal de admiradores de Winston Churchill tentando justificar a mediocridade brejeira de Donald Trump. A direita moderna não deve elogiá-lo só porque o presidente é de direita. A direita tem gente melhor. Aliás, não há uma gota de esquerdismo no liberal Joe Biden. Mas é um político, espera-se — só o poder revela o político —, civilizado.
Foto: Isac Nóbrega/PR
A Caminho da Guerra, de Graham Allison
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“A Caminho da Guerra — Os Estados Unidos e a China Conseguirão Escapar da Armadilha de Tucídides?”, de Graham Allison, professor de Harvard, é um desses livros extraordinários. A “armadilha de Tucídides” é quando uma potência emergente ameaça a hegemonia da potência dominante. Pode resultar numa acomodação de forças ou, mais frequentemente, numa guerra. De dezesseis casos estudados, 12 terminaram em batalhas. No caso de Esparta (dominante) e Atenas (emergente), a primeira venceu, mas as duas saíram arrasadas. A Alemanha enfrentou a hegemonia da Grã-Bretanha, entre 1914 e 1918, e depois voltou a lutar, entre 1939 e 1945, perdendo os dois combates. A grande pergunta: a potência emergente, a China, e a potência dominante do século 21, Estados Unidos, vão à guerra, que seria tremendamente destrutiva? Parece difícil, dado, sobretudo, o arsenal nuclear de cada país. Mas não é impossível. Graham Allison apresenta uma série de caminhos que podem evitar uma tragédia. Mas uma coisa é certa: ninguém, nem os Estados Unidos — com Donald Trump, do Partido Republicano, ou Joe Biden, do Partido Democrata —, segura mais a China. Trump talvez tenha sido “inventado” pelo establishment americano exatamente para conter a China. Entretanto, seu isolacionismo não deu certo. Perto da China, um gigante, Trump se tornou, de certa maneira, um anão, um simulacro do Zangado. Napoleão, “dois séculos atrás”, disse: “Deixai a China dormir, pois, quando acordar, o mundo tremerá”. O gigante “acordou” — na verdade, nem estava adormecido — e o mundo, de alguma maneira, está aos seus pés. “A parcela chinesa na economia global saltou de 2% em 1980 para 18% em 2016, e ruma célere para os 30% em 2040”, assinala Graham Allison. “Pela maioria dos indicadores, a China já ultrapassou os Estados Unidos. Como maior produtora de navios, aço, alumínio, mobília, roupa, têxteis, celulares e computadores, a China se tornou o centro de fabricação mais poderoso do mundo. (…) A China é tanto a maior fabricante quando o maior mercado de automóveis.” O país asiático se tornou o “principal motor do crescimento econômico global”. “Entre 2011 e 2013, a China produziu e usou mais cimento do que o fez os Estados Unidos em todo o século 20”, sublinha o mestre de Harvard. “Em 2015 a China ultrapassou os Estados Unidos em número de bilionários e atualmente surge um novo bilionário toda semana.” “Em 2015, a Universidade Tsinghua passou o MIT no ranking do U. S. News & World Report e virou a universidade número um do mundo em engenharia. Das dez principais faculdades de engenharia, quatro estão na China e quatro estão nos Estados Unidos”, relata Graham Allison. “O supercomputador mais veloz do mundo não é encontrado no Vale do Silício, e sim na China. No ranking dos 500 supercomputadores mais rápidos do mundo, 167 são da China, dois a mais que os Estados Unidos. O melhor supercomputador chinês é cinco vezes mais rápido do que o computador americano que mais se aproxima dele”. A retórica de Joe Biden — mais amena, ainda que também imperial — talvez contribua para evitar que Estados Unidos caia na armadilha de Tucídides e, junto, leve o mundo para a Terceira Guerra Mundial contra a China
Raiva, de Bob Woodward
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“Raiva”, sobre Donald Trump e seu governo, é o mais novo livro de Bob Woodward. No Brasil há quem pense que, se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é de direita, logo o ex-presidente Barack Obama é de esquerda, uma espécie de Lula da Silva ianque. Trata-se de uma ilusão, quiçá santa e benigna. Na terra de Herman Melville, Henry James e William Faulkner não há — e certamente não haverá enquanto o país continuar como um Império, ainda que republicano — espaço para um presidente de esquerda. Todos os políticos com chances reais de se tornarem presidente dos Steites são, necessariamente, integrantes do establishment liberal. Portanto, Barack Obama é liberal e não chega a ser socialdemocrata. Não é um político sueco ou norueguês disposto na nação de Scott Fitzgerald, que certamente adoraria escrever sobre a vulgaridade de parte da elite americana dos tempos atuais (nem mesmo Barack Obama, o grande Barack Obama, chega aos pés, em termos de mudança na sociedade americana, de Franklin D. Roosevelt). Presidentes democratas foram positivos para a política de direitos humanos no Brasil. Na época da ditadura civil-militar patropi, os EUA, presididos por Jimmy Carter, um democrata, pressionou por medidas liberalizantes e criticou a violência contra esquerdistas e democratas. Em termos de economia, os democratas sempre foram mais protecionistas do que os republicanos. Assim como, por vezes, foram mais intervencionistas. Donald Trump, apesar das bravatas, é mais isolacionista do que intervencionista. Donald Trump foi “inventado” por parte da elite americana para “isolar” os Estados Unidos, atraindo parte de suas empresas — que estão em outros países por causa de mão de obra e matérias-primas baratas —, mas o projeto parece “não” ter dado certo. Parte das classes médias aprecia o presidente porque representa teoricamente a força dos Estados Unidos — como o “mandão” no mundo (e o político, repita-se, é isolacionista) —, o país de Emily Dickinson e Marianne Moore “para os americanos”. Visto de fora, dado seu palavreado excessivo e virulento, Donald Trump é meio monstruoso — um Jair Bolsonaro “acenourado”. Os americanos em geral, fora do establishment democrata e da esquerda universitária, o percebem como um defensor intransigente dos Estados Unidos. Por isso, tem chance de derrotar Joe Biden, o candidato do Partido Democrata — que lidera as pesquisas de intenção de voto? Joe Biden lidera as pesquisas. É possível que, na batalha contra a China, as elites queiram mudar o discurso, retirando de cena a beligerância de Donald Trump e substituindo-a pelo soft power dos democratas? Se querem, vão deixar o republicano por conta própria, assistindo-o ser atropelado pela máquina democrata, que, embora também pertença ao establishment americano, soa quase de esquerda. Algumas de suas ideias, nas questões sociais e raciais, ainda que, insistamos, sejam diferentes do que faz a socialdemocracia europeia, são de fato mais avançadas do que as republicanas. São, digamos, mais atualizadas. O jornalista Bob Woodward, cujas reportagens — em parceria com Carl Bernstein — contribuíram para levar o presidente Richard Nixon à renúncia, há 46 anos, em 1974, é um mestre do jornalismo que busca entender os representantes do país de Walt Whitman de maneira mais ampla, sem preconceitos ou motivação ideológica. Seus livros julgam a partir da compreensão precisa do que mostra. No momento, está buscando entender Donald Trump. Parece ser fácil, porque o presidente é visto como unidimensional. O que o jornalista do “Washington Post” tem mostrado, por exemplo em “Medo — Trump na Casa Branca” (Todavia, 432 páginas, tradução de André Czarnobal, Paulo Geiger, Pedro Maia e Rogério Galindo), é como funciona, de fato, a mente do presidente e como governa. Agora, Bob Woodward lança “Rage” (“Raiva”), já disponível, na versão digital. O livro resulta de entrevistas concedidas por Donald Trump ao jornalista do “Post” (trabalha há 49 anos no jornal e é sempre consultado pela direção, inclusive pelo dono, Jeff Bezos). Entre as revelações de Bob Woodward está a de que Donald Trump sabia que a Covid-19 era muito grave desde fevereiro deste ano. Mesmo assim, o republicano minimizou os efeitos, em alguns casos letais, da doença. Bob Woodward, que já chegou a ser criticado por Donald Trump, publica no livro as cartas trocadas entre o americano e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un. O jornalista relata que o presidente americano, se critica o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, elogia ditadores. Ele se considera “amigo” do bárbaro coreano. As 17 entrevistas concedidas por Donald Trump são o ponto de partida do livro. Mas Bob Woodward ouviu outras pessoas e pesquisou documentos para escrever a obra.
Medo: Trump na Casa Branca, de Bob Woodward
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“Medo — Trump na Casa Branca”, de Bob Woodward, conta que caos do governo dos Estados Unidos só não é maior porque a equipe do presidente é racional e defende o país das loucuras trompistas. Se alguém disser que o verdadeiro nome de Bob Woodward é Sr. Washington, não duvide. Poucos repórteres conhecem tão bem a política da corte dos Estados Unidos quanto o jornalista do “Washington Post”. Aos 75 anos, quando as pessoas começam a sossegar o facho, aposentando-se, Bob Woodward não para de publicar reportagens no “Post” — sua casa há mais de 46 anos — e livros de qualidade. Repórter rigoroso, ouve suas fontes cuidadosamente, checa o que dizem e publica as informações de maneira criteriosa. Conecta e burila o material e disto resulta que a condensação de dados de variadas fontes não pertence a nenhuma delas — o que, por vezes, gera conflito. Perde-se, por assim dizer, a sensação de “pertencimento”. Mas, em geral, os desmentidos não desmentem o que publica. Autor de densos livros de oportunidade, mas sem os oportunismos típicos de tais publicações, Bob Woodward debruça-se agora sobre as ações do republicano de cabelo de pica-pau no livro “Medo — Trump na Casa Branca”. O retrato que se tem de Donald Trump é assustador, sobretudo porque revela que se trata de um presidente incompetente para a coisa pública — que é diversa da coisa privada — e que seus principais auxiliares trabalham para controlá-lo. Os Estados Unidos têm uma tecnoburocracia altamente preparada, formada em Harvard, Columbia, Yale, Stanford, Princeton, MIT, que governa o país quase que independentemente das veleidades do presidente — seja democrata ou republicano. O repórter Philip Rucker, do “Post”, obteve uma cópia do livro de Bob Woodward e publicou a resenha “Trump é enganado por aliados para não deixar EUA em risco, relata livro de Woodward” (Luiz Roberto Mendes Gonçalves traduziu o texto para a “Folha de S. Paulo”). Sabendo o quão atoleimado Trump é, se falasse ao procurador especial Robert Mueller, possivelmente cometeria perjúrio. Para prepará-lo, John Dowd iniciou uma sessão de treinamento, de maneira provocativa, o que deixou o presidente irritado: “Isto é uma farsa maldita. Eu realmente não quero depor”. O inquérito sobre a participação da Rússia na eleição americana incomoda o republicano e chega a, por vezes, travar o governo. A paranoia é cada vez mais frequente. “Todo mundo está querendo me pegar”, vocifera, em tom lamentoso, o político boquirroto. Auxiliares estão assustados com seu comportamento idiossincrático e errático. Inicialmente, Trump não quis falar com Bob Woodward, depois, quando o manuscrito estava concluído, ligou para expor sua versão dos fatos. Agora, está propondo mudar a legislação americana, uma das mais abertas do mundo a respeito da liberdade de expressão, com o objetivo de censurar o livro do repórter e os que virão pela frente — a respeito, por exemplo, de seus escândalos sexuais. Uma das descobertas de Bob Woodward diz respeito à relativa autonomia dos auxiliares de Trump. Eles trabalham, às vezes de maneira sorrateira, para evitar prejuízos comerciais, morais e militares aos Estados Unidos e ao próprio Trump. O repórter menciona “um golpe de Estado administrativo” e um “colapso nervoso” do Executivo. Assessores graduados esmeram-se, numa conspiração justa — diria Norberto Bobbio —, em “retirar documentos oficiais da mesa do presidente para que ele” não os veja e não os assine. “A equipe de segurança nacional de Trump foi abalada por sua falta de curiosidade e conhecimento sobre assuntos mundiais e seu desprezo pelas perspectivas de líderes militares da inteligência”, relata Philip Rucker. “Em uma reunião do Conselho de Segurança Nacional em 19 de janeiro, Trump desconsiderou a importância da enorme presença militar dos EUA na península coreana, incluindo uma operação de inteligência especial que permite que os Estados Unidos detectem um lançamento de míssil norte-coreano em sete segundos (contra 15 minutos do Alasca).” O presidente questionou os gastos, e o secretário da Defesa, Jim Mattis, exasperado, explicou-lhe: “Estamos fazendo isso para impedir a Terceira Guerra Mundial”. Em termos de entendimento de política internacional, Jim Mattis avalia que Trump tem a percepção de “um aluno da quinta ou sexta série”. Não chega a ser um “Débil”, mas aproxima-se de um “Lóide” — aquela dupla do filme. O chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, não esconde que Trump é um presidente “confuso”. “Ele é um idiota. É inútil tentar convencê-lo de qualquer coisa. Ele está descarrilado. Estamos em Loucolândia. Não sei por que alguns de nós estão aqui. É o pior emprego que já tive”, acrescentou Kelly, numa reunião. Nos momentos em que fica só, em seu quarto — uma “oficina do diabo”, segundo Reince Priebus, ex-chefe de gabinete —, sem o controle de auxiliares mais bem preparados, Trump divulga os tuítes mais malucos da paróquia. O secretário da Justiça, Jeff Sessions, é chamado de “traidor” por Trump. Porque se recusa “a supervisionar a investigação” do caso Rússia. “Esse cara é um retardado. É um sulista burro. Não podia nem ser um advogado pessoal no interior do Alabama”, afirma o presidente. Os auxiliares têm de corrigir Trump sobre várias questões, como os ataques falsos ao recém-falecido senador republicano John McCain. O presidente disse que “o ex-piloto da Marinha foi um covarde ao sair de um campo de prisioneiros de guerra no Vietnã mais cedo, porque seu pai era um militar graduado, e deixar os outros para trás”. Mattis cortou-o: “Não, presidente, acho que o senhor entendeu ao contrário”. “McCain havia na verdade recusado a libertação prematura e foi brutalmente torturado durante cinco anos na ‘Hanoi Hilton’, o centro de tortura usado pelos vietnamitas.” Trump recuou: “Ah, ok”. Em abril de 2017, quando o presidente da Síria, Bashar al Assad, “lançou um ataque químico contra civis, Trump chamou Mattis e disse que queria assassinar o ditador. ‘Vamos matá-lo, porra! Vamos lá. Vamos matar toda essa gente de merda’, disse Trump”. Para não contrariá-lo, Mattis afirmou que sua ordem seria cumprida. A um assessor, disse: “Não vamos fazer nada disso. Vamos ser mais comedidos”. “A equipe de segurança nacional desenvolveu opções para o ataque aéreo mais convencional que Trump afinal ordenou.” Gary Cohn, relata Bob Woodward, “roubou uma carta da mesa de Trump’ que o presidente pretendia assinar para retirar formalmente os EUA de um acordo comercial com a Coreia do Sul. Cohn disse a um interlocutor que tinha retirado a carta para proteger a segurança nacional e que Trump não percebeu sua falta. Cohn fez um jogo parecido para impedir que Trump retirasse os EUA do Tratado de Livre Comércio das Américas do Norte (Nafta), algo que o presidente ameaçava havia tempo”.
O Inimigo do Povo, de Jim Acosta
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“O Inimigo do Povo — Uma Época Perigosa Para Dizer a Verdade”, do jornalista Jim Acosta, sugere que, mesmo numa democracia consolidada como a dos Estados Unidos, há riscos para a liberdade de expressão. Repórter da CNN, Jim Acosta faz perguntas que não agradam certos homens do poder, como Trump. O presidente americano decidiu proibi-lo de cobrir a Casa Branca, com o objetivo de colocar uma pedra no caminho de sua carreira jornalística. Poderia ter se conformado com o ato de força do gestor federal, mas optou por recorrer à Justiça, que o garantiu na cobertura do centro do poder americano. O que prova que, se há um presidente que afronta a democracia, há instituições que a protegem. Jim Acosta afirma que as “mentiras” de Trump, se não derrubam a democracia, cria uma zona pantanosa. Para parte do público o que diz um presidente “não” pode ser mentira, daí seguirem suas ideias. Mesmo quando se coloca a verdade em campo, para confrontar a pré-verdade ou a pós-verdade, fica a dúvida. No lugar da ciência, a opinião, ainda que seja a mais estúpida possível. A retórica do republicano, na opinião do jornalista, despertou talvez forças política sinistras nos Estados Unidos e no mundo. Com o livro, Jim Acosta afirma que pretende sublinhar que “os fatos importam” e que, mesmo sob risco de perseguição, é vital dizer a verdade. Numa entrevista à revista “Época”, Jim Acosta frisa que “o ‘Washington Post’ estimou recentemente que Trump fez 12 mil declarações falsas ou enganosas desde que assumiu o cargo. Qual seria o nosso senso de verdade e de realidade se a imprensa não o corrigisse? Como jornalistas, nossa missão é defender a verdade, não apenas noticiar os fatos”. “A democracia americana está sendo testada. Nunca tivemos um presidente dos EUA se referindo à imprensa como ‘o inimigo do povo’. A pergunta a fazer é: quando Trump terminar de chamar a imprensa de ‘inimigo’, quem será o próximo?”, ressalta o jornalista. Por sinal, Jim Acosta é esquerdista? Não. Tanto que se refere a Cuba como “ditadura”. Na verdade, é repórter e democrata. Portanto, sabe que os poderosos — uns mais acintosos, como Trump, e outros menos — tendem a não “amar” a verdade. O mais corriqueiro é tentar produzir uma verdade que seja conveniente ao seu projeto político. O livro “Guerra Secreta — A CIA, um Exército Invisível e o Combate nas Sombras��� (Record, 391 páginas, tradução de Flávio Gordon), de Mark Mazzetti, dono de um Pulitzer, não trata Barack Obama com luvas de pelica. No seu governo, o Pentágono criou (ou desenvolveu) uma seção de espionagem e a CIA um esquadrão de assassinos. O resultado é que os dois espionam e matam. O establishment americano considera Obama como um líder duro e eficiente em política externa, especialmente em termos de guerra. O livro de Mazzetti acaba com a imagem angelical de Obama. O “santo” que aparece na imprensa não é o que joga pesado nos “bastidores”. O ex-presidente é um realista não hesitante.
Revelando Trump, de Marc Fisher e Michael Kranish
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“Revelando Trump — A História de Ambição, Ego e Poder do Empresário Que Virou Presidente”, dos jornalistas Marc Fisher e Michael Kranich, do “Washington Post”, é um livro que o presidente Donald Trump ajudou a vender ao criticá-lo: “O ‘Washington Post’ produziu às pressas um livro difamatório sobre mim… Não comprem, é chato!” Resta contrapor: compre, não é chato! De cara, os autores escrevem: “Donald Trump vive segundo o credo de qualquer atenção — elogiosa, crítica ou algo entre esses dois extremos — resulta em seu benefício; de que sua imagem pessoal define sua marca; de que ele é sua marca”. Em seguida, assinalam: “Seu verdadeiro negócio é Donald Trump, uma máquina de autopromoção tão bem-sucedida que o levou à Presidência do país mais poderoso do planeta”. Ele foi entusiasta do governo de Bill Clinton e apoiou Hillary Clinton para o Senado em 2000. O leitor vai acabar “acreditando” que se trata de um político brasileiro ao ler o seguinte: “Entre 1999 e 2012, mudou sete vezes de partido, ora tendo se registrado como republicano, ora como democrata, ora sem filiação nenhuma”. E o que é o trumpismo? “O trumpismo pode ser entendido como um movimento político difuso que ganhou força a partir de 2008, simbolizado por indivíduos às margens do sistema político estabelecido que ascendem com uma plataforma antiliberal nacionalista, que mistura mercantilismo e populismo com um viés fortemente anti-imigração”. Detalhe: o avô de Trump chegou aos Estados Unidos há 135 anos. Não é tanto assim para quem quer expurgar os novos chegantes. “Friedrich Trump era um emigrante ilegal.” Na construção do Trump Tower, o empresário Donald Trump usou mão de obra de imigrantes ilegais. Sabia que Trump escreveu poesia? Se duvida, confira: “Gosto de ver a bola fazer curva e o receptor pegar com sua luva. […] Quando o placar está 5 a 5, quero chorar. E quando eles fazem mais um ponto, aí então quero gritar. E aí o cara erra, bem diferente do Yogi Berra. O jogo acaba e a gente diz amanhã o dia vai ser mais feiz”. Sim, sim, o beisebol merecia mais. Assim como os Estados Unidos. Muda alguma coisa saber que o primeiro grande mentor de Trump, Roy Cohn, era gay? Não muda nada, claro.
A Morte da Verdade, de Michiko Kakutani
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Formada em Yale, Michiko Kakutani se tornou crítica literária do “New York Times”. Aposentou-se, recentemente, com o objetivo de escrever o livro “A Morte da Verdade — Notas Sobre a Mentira na Era Trump”. Numa entrevista ao jornal “O Globo”, Kakutani assinala: “O pós-modernismo cristalizou a ideia de que não há narrativas absolutas, que todas as verdades são parciais, fragmentadas e provisórias por serem filtradas pelos prismas de classe, raça e gênero”. Depois, frisou que há riscos para a sociedade democrática quanto o “comandante-em-chefe” é “mentiroso e” sua “administração regularmente opera com ‘fatos alternativos’”. Inicialmente, Donald Trump é mais consequência do que causa de um tempo de incerteza, quando as pessoas ficam inseguras e buscam paizões que “acreditam” que podem resolver “tudo”. Mais tarde, dada a influência dos Estados Unidos, país mais rico do mundo, Trump começa a ser “causa”, influenciando países da Europa e o Brasil de Jair Bolsonaro, espécie de Trump Macunaíma. Trump é pernicioso, sublinha Kakutani, sobretudo porque trabalha, de maneira metódica, para “minar as instituições que protegem o Estado de Direito” e para “suspender os sistemas de equilíbrio entre os três poderes”. No livro, Kakutani afirma que Trump “mente de forma tão prolífica e com tamanha velocidade que o ‘Washington Post’ calculou que ele fez 2.140 alegações falsas ou enganosas no seu primeiro ano de governo — uma média de quase 5,9 por dia. Ele ataca rotineiramente a imprensa, o sistema de justiça, as agências de inteligência, o sistema eleitoral e os funcionários públicos responsáveis pelo bom funcionamento do governo norte-americano”. O trumpismo universalizado colabora para a corrosão das “instituições democráticas” e troca “os especialistas pela sabedoria das multidões”. A nação de Abraham Lincoln e Franklin Delano Roosevelt apequenou-se sob o comando de Trump, um líder que mais desagrega do que une na busca de uma planeta melhor para todos. Quem pensava que Kakutani entendia apenas de literatura por certo ficará surpreso com seu amplo conhecimento de política. (Sua crítica literária pode ser conferida no livro “O Poeta ao Piano — Perfis de Escritores, Cineastas, Dramaturgos e Artistas em Ação”, Casa Maria Editorial, 263 páginas, tradução de Ana Arruda Callado.)
Euler de França Belém é editor do Jornal Opção. Email: [email protected]
6 livros para entender por que Donald Trump “não” vai ser reeleito Publicado primeiro em https://www.revistabula.com
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lovacedon · 4 years
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Aliado de Bolsonaro, ex-ministro Ricardo Barros acredita que vacinação geral só em 2022
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Ele disse que o Brasil não pode seguir os modelos de combate à covid-19 adotados por outros países e defendeu a retomada imediata das aulas e das atividades econômicas Alinhado com o presidente Jair Bolsonaro, o deputado e ministro da Saúde durante o governo Michel Temer Ricardo Barros (PP-PR) disse que o Brasil não pode seguir os modelos de combate à covid-19 adotados por outros países e defendeu a retomada imediata das aulas e das atividades econômicas. Ao participar de reunião com governadores e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na terça-feira, Barros disse o país dificilmente terá uma vacina para toda a população antes de 2022 e indicou que o governo federal não deve manter programas sociais como o auxílio emergencial se a crise econômica por conta da pandemia se estender. “Por mais que as coisas deem certo e estão dando certo, teremos vacina para todos os brasileiros daqui a muito tempo, talvez em 2022. E não podemos ficar sustentando a economia até 2022 com recursos públicos. É isso o que eu penso e é o que presidente Bolsonaro pensa”, afirmou Barros, depois de citar um encontro com Bolsonaro na segunda-feira. O deputado foi um dos cotados para assumir o Ministério da Saúde na atual gestão federal. Barros disse que o país “tem que enfrentar” o novo coronavírus e acabar com as atuais medidas de isolamento social em vigor. “Vamos ter que achar uma solução para conseguir a imunidade de rebanho e encerrarmos a crise, para não termos repique como teve na Europa, porque não há plano de recuperação econômica sem saber se este episódio está encerrado”, afirmou o deputado, na reunião. O encontro foi gravado e divulgado nesta quarta-feira pela assessoria do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). “Deveríamos retomar as atividades, especialmente as escolas, e enfrentarmos o vírus. Já temos respiradores, medicamentos com eficácia comprovada, 50 mil postos de saúde. Não temos que copiar a solução de outros países, temos que adotar a nossa medida. E é a de enfrentar o problema, de a sociedade tocar sua vida”, disse. O ex-ministro minimizou a gravidade da covid-19 e disse que quem for contaminado pelo novo coronavírus pode se tratar “no excelente sistema público” do país. “Assim, teríamos o fim da crise e uma retomada econômica consistente.” O deputado Ricardo Barros e Jair Bolsonaro Reprodução/Twitter/@RicardoBarrosPP Aliado de Bolsonaro, ex-ministro Ricardo Barros acredita que vacinação geral só em 2022
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fefefernandes80 · 4 years
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Aliado de Bolsonaro, ex-ministro Ricardo Barros acredita que vacinação geral só em 2022
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Ele disse que o Brasil não pode seguir os modelos de combate à covid-19 adotados por outros países e defendeu a retomada imediata das aulas e das atividades econômicas Alinhado com o presidente Jair Bolsonaro, o deputado e ministro da Saúde durante o governo Michel Temer Ricardo Barros (PP-PR) disse que o Brasil não pode seguir os modelos de combate à covid-19 adotados por outros países e defendeu a retomada imediata das aulas e das atividades econômicas.
Ao participar de reunião com governadores e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na terça-feira, Barros disse o país dificilmente terá uma vacina para toda a população antes de 2022 e indicou que o governo federal não deve manter programas sociais como o auxílio emergencial se a crise econômica por conta da pandemia se estender.
“Por mais que as coisas deem certo e estão dando certo, teremos vacina para todos os brasileiros daqui a muito tempo, talvez em 2022. E não podemos ficar sustentando a economia até 2022 com recursos públicos. É isso o que eu penso e é o que presidente Bolsonaro pensa”, afirmou Barros, depois de citar um encontro com Bolsonaro na segunda-feira. O deputado foi um dos cotados para assumir o Ministério da Saúde na atual gestão federal.
Barros disse que o país “tem que enfrentar” o novo coronavírus e acabar com as atuais medidas de isolamento social em vigor. “Vamos ter que achar uma solução para conseguir a imunidade de rebanho e encerrarmos a crise, para não termos repique como teve na Europa, porque não há plano de recuperação econômica sem saber se este episódio está encerrado”, afirmou o deputado, na reunião. O encontro foi gravado e divulgado nesta quarta-feira pela assessoria do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
“Deveríamos retomar as atividades, especialmente as escolas, e enfrentarmos o vírus. Já temos respiradores, medicamentos com eficácia comprovada, 50 mil postos de saúde. Não temos que copiar a solução de outros países, temos que adotar a nossa medida. E é a de enfrentar o problema, de a sociedade tocar sua vida”, disse.
O ex-ministro minimizou a gravidade da covid-19 e disse que quem for contaminado pelo novo coronavírus pode se tratar “no excelente sistema público” do país. “Assim, teríamos o fim da crise e uma retomada econômica consistente.”
O deputado Ricardo Barros e Jair Bolsonaro Reprodução/Twitter/@RicardoBarrosPP
Leia o artigo original em: Valor.com.br
Via: Blog da Fefe
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acdvsocialistas · 4 years
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Noticia Brasil Online ULTIMASBRASILJUSTIÇAPOLITICAENTRETENIMENTO CONNECT WITH US Search Noticia Brasil Online Noticia Brasil Online BRASILPOLITICAJUSTIÇAMUNDOECONOMIA Especialista sinaliza jogada de mestre de Bolsonaro no caso “juiz de garantias” SHARETWEET Bebianno vai à Justiça contra Bolsonaro e diz estar “com pena” do presidenteBolsonaro acaba de vez com a tentativa da mídia de jogar ele contra Sergio MoroBolsonaro denuncia plano para invadir e plantar provas falsas na casa de seu filhoNo Carnaval de 2020, Marcelo Adnet desfilará na Sapucaí fantasiado de Bolsonaro BRASILEspecialista sinaliza jogada de mestre de Bolsonaro no caso “juiz de garantias” ByRAFAEL BRUNETTIPublished on 27/12/2019COMPARTILHEFAZER TWEETCOMENTE O advogado especialista em direito eletrônico e direito ambiental, mestre e doutor em desenvolvimento local e professor universitário Raphael Rios Chaia publicou uma thread (sequência de posts) no Twitter afirmando que a sanção do presidente Jair Bolsonaro ao juiz de garantia é um “abacaxi que fica com o Congresso”, uma vez que, segundo o próprio especialista, a medida poderá ser “derrubada via ADI junto ao STF por ser inexequível”. Nos seus escritos, Raphael também deixou duas perguntas retóricas no ar que sinalizam a provável derrubada da medida pelo próprio Congresso: “como o Congresso vai gerenciar o gasto gerado pela medida? Afinal, é preciso agora regular por Lei o papel do juiz de garantias, mas como eles vão prever os gastos necessários pra contratação de tantos juízes sem indicar a FONTE dessa receita?”. O especialista em direito explicou por que não é tão grave Jair Bolsonaro ter sancionado o juiz de garantias: “Deixar esse ponto passar não é tão grave por alguns motivos. Primeiro que o juízo de investigações estará caminhando junto do juízo de garantias. Segundo que a medida é meio que… inexequível na prática”. Ele continuou sua explicação: “É inexequível porque cerca de 40% das comarcas do Brasil têm apenas UM JUIZ – e para a medida funcionar, precisariam de DOIS JUÍZES. Não dá pra dobrar o número de magistrados na base do decreto, e mesmo que se pudesse considerar o acompanhamento remoto, não seria eficaz”. Confira abaixo as publicações de Raphael Rios Chaia, que foram compartilhadas pelo deputado federal e filho do presidente da república Eduardo Bolsonaro: Raphael Rios Chaia 🇧🇷 @RaphaelChaia · 25 de dez de 2019 BOLSONARO TRAIDOR? Bóra falar do juiz de garantias - uma thread simples de um jurista para leigos. O projeto anticrime foi sancionado pelo PR Jair Bolsonaro, e algumas pessoas estão histéricas por não ter havido veto ao juiz de garantias. Segue o fio (+) Raphael Rios Chaia 🇧🇷 @RaphaelChaia Juiz de garantias é a figura de um magistrado que acompanharia “por fora” todo andamento do processo. Ele não se confunde com o juiz de instrução, responsável por conduzir o processo até a eventual sentença. Ou seja, não podem ser a mesma pessoa por razões óbvias. 3.912 22:51 - 25 de dez de 2019 Informações e privacidade no Twitter Ads 807 pessoas estão falando sobre isso Raphael Rios Chaia 🇧🇷 @RaphaelChaia · 25 de dez de 2019 Respondendo a @RaphaelChaia Juiz de garantias é a figura de um magistrado que acompanharia “por fora” todo andamento do processo. Ele não se confunde com o juiz de instrução, responsável por conduzir o processo até a eventual sentença. Ou seja, não podem ser a mesma pessoa por razões óbvias. Raphael Rios Chaia 🇧🇷 @RaphaelChaia Voltando ao projeto anticrime, o mesmo foi sancionado com 25 vetos. Vinte e cinco. Esse ponto (juiz de garantias foi um dos que passou). Bolsonaro poderia vetar? Poderia. Mas o veto muito certamente seria derrubado, e como retaliação, todos os outros 25 também. 4.063 22:52 - 25 de dez de 2019 Informações e privacidade no Twitter Ads 862 pessoas estão falando sobre isso Raphael Rios Chaia 🇧🇷 @RaphaelChaia · 25 de dez de 2019 Respondendo a @RaphaelChaia Para o veto, bastaria maioria absoluta (41 senadores e 257 deputados). Deixar esse ponto passar não é tão grave por alguns motivos. Primeiro que o juízo de investigações estará caminhando junto do juízo de garantias. Segundo que a medida é meio que... inexequível na prática. Raphael Rios Chaia 🇧🇷 @RaphaelChaia É inexequível porque cerca de 40% das comarcas do Brasil têm apenas UM JUIZ - e para a medida funcionar, precisariam de DOIS JUÍZES. Não dá pra dobrar o número de magistrados na base do decreto, e mesmo que se pudesse considerar o acompanhamento remoto, não seria eficaz. 3.811 22:56 - 25 de dez de 2019 Informações e privacidade no Twitter Ads 781 pessoas estão falando sobre isso Raphael Rios Chaia 🇧🇷 @RaphaelChaia · 25 de dez de 2019 Respondendo a @RaphaelChaia E agora vem a grande pegadinha aqui: como o Congresso vai gerenciar o gasto gerado pela medida? Afinal, é preciso agora regular por Lei o papel do juiz de garantias, mas como eles vão prever os gastos necessários pra contratação de tantos juízes sem indicar a FONTE dessa receita? Raphael Rios Chaia 🇧🇷 @RaphaelChaia No final, o abacaxi ficou com o próprio Congresso, o presidente não precisou se indispor com o Congresso - de quem ele ainda depende para aprovar as reformas para 2020 -, e a medida poderá ser derrubada via ADI junto ao STF por ser inexequível. Simples assim. 4.441 23:01 - 25 de dez de 2019 Informações e privacidade no Twitter Ads 998 pessoas estão falando sobre isso Raphael Rios Chaia 🇧🇷 @RaphaelChaia · 25 de dez de 2019 Respondendo a @RaphaelChaia Por isso, vale sempre aquela já conhecida máxima nessas horas: histeria não é coragem. Mais lógica nessas horas, pessoal. Feliz Natal a todos! Raphael Rios Chaia 🇧🇷 @RaphaelChaia Acho que acertamos essa. Ver imagem no Twitter 4.455 00:23 - 26 de dez de 2019 Informações e privacidade no Twitter Ads 1.004 pessoas estão falando sobre isso Por Wilson Oliveira do O congressista Comentários Recomendamos para você..Bebianno vai à Justiça contra Bolsonaro e diz estar “com pena” do presidenteBolsonaro acaba de vez com a tentativa da mídia de jogar ele contra Sergio MoroBolsonaro denuncia plano para invadir e plantar provas falsas na casa de seu filhoNo Carnaval de 2020, Marcelo Adnet desfilará na Sapucaí fantasiado de BolsonaroTOPICOS RELACIONADOS:BOLSONARO, GARANTIA, JUIZ RAFAEL BRUNETTIPai, casado, católico, editor de notícias e Brasileiro com muito orgulho. Um cidadão em pleno gozo de seus direitos constitucionais e de opiniões pessoais.CLICK TO COMMENTMais em BRASIL BRASILEm ano de crescimento, vendas de Natal em shoppings aumentam 9,5%BY RAFAEL BRUNETTI27/12/2019Jornal da Globo foi obrigado a dizer que as vendas de Natal cresceram 9.5%, sendo o... 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conexaocapixabaes · 4 years
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Amor de Bolsonaro por Israel pode ter motivado ataque de hackers a Moro O ataque de hackers aos celulares de procuradores da Operação Lava-Jato, assim como do ministro Sério Moro, ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), está sendo investigado pela Polícia Federal (PF), que suspeita de uma junção de interesses de diversas partes.
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ocentrodopoder · 3 years
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Após queda de Salles, há poucos sinais de mudança na política ambiental
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ANTIMINISTRO - Salles, em defesa dos madeireiros: a saída foi causada pela preocupação com as duas investigações no STF –Reprodução/Twitter
Por causa de uma lente ideológica distorcida e de interesses políticos de curto prazo, o governo Bolsonaro tem provocado prejuízos enormes ao investir em falsas dicotomias. Assim tem sido durante a crise sanitária, marcada desde o início pela maior preocupação com a economia, algo explicitado mais de uma vez pelo presidente, sempre de olho em obstáculos que podem dificultar sua reeleição. Como resultado da resistência em relação às medidas necessárias, como a vacinação em massa e célere, não se preservaram vidas, tampouco os empregos. Problema semelhante ocorre na área do meio ambiente, na qual as regras de exploração e uma rigorosa fiscalização passaram a ser vistas como entraves ao desenvolvimento do agronegócio — embora não sejam excludentes, muito pelo contrário. Apesar de não faltarem sinais nessa direção, o presidente Jair Bolsonaro até hoje não entendeu que a preservação de biomas como a Floresta Amazônica tornou-se um importante ativo nas relações internacionais e tem hoje muito mais valor do que um avanço predatório sobre essas riquezas. Graças a esse tremendo equívoco, o país passou de exemplo positivo na área ambiental para ser visto no exterior como um grande vilão. Aos olhos do mundo, o Brasil transformou-se numa nação que age contra a conservação, desmatando a floresta e protegendo gente que atua na ilegalidade, como madeireiros e garimpeiros criminosos. Um desastre.
Por suas atitudes, conduta e falas (quem não se lembra do “passar a boiada”, dito naquela fatídica reunião de ministério?), a personificação dessa política catastrófica foi o ministro Ricardo Salles. Em pouco mais de dois anos à frente da área, Salles desmantelou órgãos de controle como o Ibama, dificultou a aplicação de multas, demonizou ONGs, posou orgulhoso ao lado de suspeitos de cometer graves infrações e colheu recordes de desmatamento na Amazônia, que perdeu nos trinta meses de sua gestão uma área de cerca de 20 500 quilômetros quadrados, o equivalente ao território de Israel. Embora tenha acumulado prestígio junto à ala ideológica do governo, passou recentemente a ser visto como ameaça ao Palácio do Planalto ao se tornar alvo de duas investigações no STF por suspeita de corrupção, prevaricação e favorecimento a empresários. A pressão sobre ele aumentou em maio, quando a PF bateu às portas de endereços ligados a Salles em busca de provas. O ministro tentou ainda resistir no cargo, mas acabou entregando os pontos na última quarta, 23, quando pediu exoneração do posto.
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NOVO TITULAR - Leite, com o presidente: conselheiro por mais de duas décadas de entidade ruralista –//Reprodução
Cada vez mais acuado com as investigações, o ex-ministro parou de fazer aparições públicas, sumiu por alguns dias do gabinete em Brasília e não participou de reuniões importantes do Conselho da Amazônia. Mas os rumores de uma possível saída haviam diminuído nos últimos dias, quando o presidente decidiu sair em sua defesa. Bolsonaro convocou o então ministro a ir à recente motociata em São Paulo e, na terça 22, fez rasgados elogios ao subordinado em um discurso: “Você faz parte dessa história, Ricardo Salles, desse casamento da agricultura com o meio ambiente, foi um casamento quase perfeito”. A separação repentina, porém, foi inevitável. Conforme revelou a coluna Radar, de VEJA, o presidente aceitou a exoneração após receber a informação de que uma leva de novas provas contra Salles (sigilos bancários e telefônicos) havia sido enviada ao STF e poderia contaminar o governo. Com a sua demissão, o caso deve mudar de instância, de investigadores e pode poupar o governo daquilo que seria um dos maiores constrangimentos desta gestão: uma possível prisão de Salles (isso num momento em que o governo está fragilizado pela suspeita de que Bolsonaro teria feito vistas grossas às denúncias de negociação heterodoxa de compra da vacina indiana Covaxin).
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DESTRUIÇÃO - Área desmatada (ao lado) e visão aérea de garimpo ilegal no coração da Amazônia: o afrouxamento da fiscalização multiplicou os danos –Caio Guatelli/Carlos Fabal/AFP
Nos últimos dias haviam crescido as especulações de que o delegado Franco Perazzoni, responsável pelo inquérito, poderia pedir a prisão de Ricardo Salles por tentativa de obstruir as investigações. Para piorar, o ministro do STF Alexandre de Moraes ainda teria emitido sinais de que poderia aceitar uma solicitação nesse sentido. Um fato concreto ajuda a corroborar a tese. De forma inesperada, Perazzoni chegou a ser dispensado do cargo de chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros do Distrito Federal no dia 17, por decisão da direção da instituição. Dentro da corporação, o movimento foi interpretado como uma retaliação por parte do governo, pois ele ainda estava em processo de ser promovido, o que não aconteceu. Para estancar a pressão e um desfecho desfavorável, o ministro Salles, então, teria decidido sair de cena. Com o seu desligamento, o inquérito agora sai das mãos de Moraes e migra para algum juiz federal de Brasília. Detalhe: no mesmo dia em que pediu demissão, Salles correu para informar oficialmente ao STF que não era mais ministro.
Para além da questão ética, sua saída pode se tornar uma ótima notícia para o governo também na esfera ambiental. Os efeitos da desastrosa política de Salles já eram sentidos em vários setores — proprietários rurais e banqueiros — que antes apoiavam a gestão de Bolsonaro. Em junho de 2020, 29 grandes fundos de investimento, que administram nada menos que 4,1 trilhões de dólares, enviaram uma carta às embaixadas pedindo ação contra o desmatamento na Amazônia. Os gestores citavam nominalmente Ricardo Salles, que, segundo o texto, “usou a crise da Covid-19 a fim de pressionar pela desregulamentação ambiental”. De lá para cá, as evidências de que as decisões da pasta só trariam prejuízo ao agronegócio apenas aumentaram. Um estudo coordenado por pesquisadores brasileiros e publicado em maio na revista científica Nature Communications indicou que o crescente desmatamento na região poderia causar um prejuízo de até 5,7 bilhões de reais por ano até 2050. De acordo com o artigo, a devastação aumenta a falta de chuva e perda de biodiversidade na porção sul da Floresta Amazônica, culminando na queda de produtividade e, consequentemente, da receita das atividades ligadas ao campo.
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FLECHADAS - Manifestação no Congresso: acusação de tirar direitos indígenas –Sergio Lima/AFP
No mundo ideal, a saída de Salles deveria vir junto com sinais do governo de que haverá uma correção na rota da política ambiental. Infelizmente, os primeiros sinais emitidos pelo Palácio do Planalto foram decepcionantes. Quem assumirá o cargo é Joaquim Leite, considerado braço direito de Salles na pasta. Ainda não está claro se o substituto pretende mudar a linha de atuação no ministério, mas a expec­tativa lá dentro é baixa. Servidores do Meio Ambiente dizem, inclusive, que a escolha dele foi um pedido do agora ex-ministro a Bolsonaro, que o teria acolhido sem contestar. “Mais do mesmo”, diz um agente que atua há mais de dez anos no Ibama. A impressão é corroborada por Marina Silva, que chefiou o Meio Ambiente entre 2003 e 2008. “Fica muito difícil de ter uma perspectiva real de mudança quando o ministro que foi nomeado estava na Secretaria da Amazônia, na base de apoio direta a Ricardo Salles”, afirma.
De fato, ambos são bastante ligados. Os dois já se conheciam há alguns anos, quando trabalharam juntos na Sociedade Rural Brasileira (SBR). Salles era advogado da entidade e Leite atuava como conselheiro da instituição. Sua família, aliás, é uma das pioneiras em produção de café no interior de São Paulo. Consta em seu currículo que ele foi proprietário e administrador da fazenda Alvorada, no interior paulista, de 1991 a 2002. Foi Salles quem o tirou da iniciativa privada e o nomeou como diretor do Departamento Florestal do ministério, em 2019. Depois, ele ascendeu na pasta ao assumir a Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais, criada no ano passado. O novo titular do Meio Ambiente passou 23 anos como conselheiro da SRB, que desde o anúncio do nome de Salles foi simpática ao ministro. Em 2018, o então presidente da entidade, Marcelo Vieira, enviou uma carta a Jair Bolsonaro aplaudindo a escolha e exaltando “competência” e “conhecimento” do agora ex-ministro para “conciliar o crescimento do agronegócio às exigências de uma produção sustentável e de acordo com o Código Florestal”.
Não ficou ainda claro se Bolsonaro vai bancar até o fim a aposta em Leite ou se o novo titular terá apenas um mandato-tampão. Independentemente do nome, o fundamental é a correção rápida de rumos. A pressão de fora talvez possa ajudar na mudança. No cenário internacional, a luta pela defesa do meio ambiente e contra o aquecimento global passou na última década de uma questão secundária para o centro da discussão diplomática e econômica mundial. Nos Estados Unidos, Joe Biden assumiu as rédeas do governo com um projeto ambicioso em prol do planeta. Antes mesmo de completar seis meses no cargo, o democrata reverteu as principais ações de seu antecessor, Donald Trump. Em abril, na Cúpula de Líderes sobre Clima, promovida virtualmente por seu gabinete, prometeu cortar em 50% as emissões de gases de efeito estufa de seu país em nove anos e atingir a neutralidade em 2050.
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NA MIRA – Salles e Bolsonaro no recente encontro promovido pelos Estados Unidos: a pressão sobre o país aumentou –Marcos Corrêa/PR
Biden ainda nomeou o experiente John Kerry como seu enviado especial para o clima. O Brasil, aliás, se tornou um dos alvos principais de Kerry, que, mais do que a promessa do fim do desmatamento ilegal até 2030 feita por Bolsonaro, quer ver resultados palpáveis ainda este ano, antes de liberar qualquer apoio financeiro. “A volta dos EUA e de sua liderança ao debate sobre a crise climática é uma chamada global para o aumento da ambição e pode contribuir para uma postura mais firme da liderança empresarial em torno da neutralidade de carbono”, diz Daniela Lerario, da Governança do Sistema B, movimento de empresas comprometidas com o meio ambiente.
Afinal, o capitalismo verde promete: segundo estudos da ONU, se posta em prática já, a redução do efeito estufa tem potencial para gerar um ciclo de progresso capaz de injetar mais 26 trilhões de dólares — um PIB americano — na economia global até 2030. É mais um bom motivo para o Brasil entrar urgentemente no jogo da preservação e atuar de forma séria para começar a limpar o nome do país da lista de vilões ambientais. Que os trinta trágicos meses de Ricardo Salles sirvam ao menos de lição.
Com reportagem de João Pedroso de Campos, Julia Braun e Caíque Alencar
Publicado em VEJA de 30 de junho de 2021, edição nº 2744
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Vitória da extrema esquerda na Argentina: crise migratória à vista
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 Há seis dias, a Argentina registrou mais uma edição de suas eleições presidenciais. O grupo vitorioso foi o mesmo que dirigiu aquele país por vários anos, tendo Cristina Fernandez Kirchner (e antes o hoje falecido marido). Foi uma passagem marcada por denúncias de corrupção, assassinato de promotores, empobrecimento do país e desvalorização da moeda. Então assume em seu lugar, ex-presidente do Clube Atlético Boca Juniors. Muitos pensando que este fosse um político de viés de direita, se enganaram direitinho. Na realidade, ele seria um equivalente a um “tucano”, ou seja, um socialista fabiano, pois este, por exemplo, apoiou politicas de ideologia de gênero e não atacou a tóxica esquerda local como deveria. Dessa maneira, foi “cachorrinho” de sindicatos e de um congresso repleto de peronistas, sendo assim, pouco eficiente à frente da Casa Rosada. 
 O resultado não poderia ter sido outro: derrota nas urnas há quase uma semana para um candidato chamado de “poste” dentro dos nossos padrões, pois certamente quem governará é a sua vice, justamente a mesma Cristina Kirchner. O nome deste “poste” é Alberto Fernandez, um advogado de cerca de 60 anos, nascido em Buenos Aires.
 O temor que permanece após a vitória esquerdista na Argentina é a implementação de medidas extremamente populistas e tipicamente estatólatras, como congelamento de preços de produtos e limitação no saque de dólares.Ou seja, teme-se uma “venezuelização” do país, já que atualmente, graças à pouca iniciativa de Mauricio Macri, há quem diga que não falta muito para tal.
 E o que o Brasil tem a ver com isso? Bom, se tu tens acompanhado os últimos acontecimentos na tensa fronteira Brasil/Venezuela, precisamente na cidade roraimense de Pacaraíma, onde tem havido uma massiva entrada de venezuelanos desesperados por começar uma vida nova (ou seja, buscar mais capitalismo, trocando em miúdos), não podemos descartar que poderá haver algo parecido aqui na região sul, já que os três estados desta possuem limite fronteiriço com a Argentina.
 No entanto, há um agravante: ao contrário da linha de fronteira com a Venezuela que possui uma saída rodoviária e uma cidade como porta de entrada, nós temos cerca de uma dezena de cidades, desde Uruguaiana (RS) a Foz do Iguaçu (PR). Diria que a fronteira com a Venezuela é mais intransponível (e mais extensa), porque existe uma mata bastante fechada em certos pontos, acrescida de extensas cadeias de montanhas (vide o Pico da Neblina, o ponto culminante do nosso país).
 Fisicamente, a fronteira com a Argentina é delineada por rios, sendo que a presença de fronteira seca é bastante inexpressiva (somente na cidade catarinense de Dionisio Cerqueira, onde, inclusive, uma calçada e um parque aberto dividem os dois países). A parte rio-grandense é banhada pelo rio Uruguai, um rio caudaloso e traiçoeiro, com a maior parte das cidades fronteiriças da região sul, Em Santa Catarina, o bem menos caudaloso rio Peperi-Guaçu, uma cidade que faz fronteira (a mesma Dionisio Cerqueira), porém uma ligação por estrada desde São Miguel do Oeste, passando pelo municipio de Paraíso, chegando ao municipio de San Pedro, na provincia de Misiones, porém, sem área urbana à beira do mesmo rio Peperi-Guaçu. No lado paranaense, cidades como Santo Antônio do Sudoeste, Pranchita e Foz do Iguaçu estão muito próximas à fronteira, sendo que há um rio de pouca largura chamado Santo Antônio que divide os dois países, até desembocar no imponente rio Iguaçu, que este, por sua vez, desemboca no Rio Paraná, em Foz do Iguaçu. A exemplo de Santa Catarina, também há uma estrada que liga os dois países, no municipio de Capanema, chegando a Andresito, também na província de Misiones, sem haver qualquer área urbana à borda da fronteira.
 Portanto, uma fronteira cuja extensão chega a mais de 1200 quilômetros, com mais facilidades de entrada, apesar de que no RS, boa parte da travessia pelo rio Uruguai é ainda feita por balsas (somente Uruguaiana e São Borja possuem pontes que conectam ambos os países).
 Com tudo isso exposto acima, pessoalmente tenho um temor que o que acontece na Venezuela poderá ser “fichinha”, pois prevejo uma quantidade nada pequena de imigrantes virá aqui. É certo que a maior parte dos mais endinheirados e até de classe média optará por paises de primeiro mundo, capitalistas, com mais chances de empregos. Porém, como nossa economia aos poucos recupera-se, penso que tal melhora fará com que muitos direcionem seus olhares para cá, mesmo até os eleitores da “dupla dinâmica’ peronista.
 Muitas das cidades que estão ao longo da fronteira são pequenas e cuja situação da economia local não está nada boa, ainda mais em relação às oportunidades de trabalho. Na cidade de Pacaraíma, a maior parte dos hospitais não está preparada para uma grande demanda de pacientes, ainda mais mães que estão prestes a ter filhos. É certo também que no mesmo estado nortista, os índices de violência tiveram significativo aumento, porque há delinquentes entre esses imigrantes.
 Ai surge aquela pergunta: o que fazer para que não haja uma crise migratória, similar ou até pior do que Roraima? O correto seria, numa eventual vinda desses “refugiados” que houvesse um controle com relação à entrada de pessoas, ainda mais verificando a ficha de antecendentes criminais. E para ser mais radical, não permitir a entrada de pessoas que votaram nos candidatos peronistas, pois certamente haveria muitos infiltrados, cujo objetivo destes seria somar-se a grupos radicais e bagunceiros de extrema esquerda. Fora os hipócritas de plantão, aqueles que votaram com desejo de vociferar contra as “elites” e o “capitalismo malvadão”, mas que farão de tudo para estareem aqui, assim como em outros países, para buscarem uma vida nova (mais capitalismo). Bom, dependendo da rigidez das autoridades ao longo da fronteira, poderemos ter no lado argentino o surgimento de uma profissão nova: a dos coiotes, justamente para ajudar atravessar os rios, ainda mais o Uruguai, que é mais largo, de margem à margem.
 Finalmente, o que temos a fazer é aguardar os fatos e então rezar. E torcer para que o presidente Jair Bolsonaro não aja de maneira mole numa eventual situação assim.
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vocativocom · 5 years
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CPI quer ouvir Joice, Delegado Waldir e membros do governo
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A comissão parlamentar mista de inquérito que investiga notícias falsas nas redes sociais e assédio virtual aprovou nesta quarta-feira (23) os depoimentos de vários membros do governo federal. Assim como um ex-integrante: o ex-ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria-Geral da Presidência da República, que foi convidado pela CPI mista. Já dois integrantes do segundo escalão do governo, ambos próximos ao presidente da República, Jair Bolsonaro, foram convocados, o que significa que eles não podem se recusar: Fábio Wajngarten, secretário especial de Comunicação Social da Presidência, e Filipe Martins, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais. A CPI mista aprovou, ainda, convites a dois deputados federais que estiveram no centro da recente crise no PSL, o partido de Bolsonaro. Delegado Waldir (GO), ex-líder da bancada na Câmara, e Joice-Hasselmann (SP), ex-líder do governo no Congresso, também poderão depor. Eles foram removidos das funções ao entrarem em choque com o núcleo do PSL mais próximo de Bolsonaro. Os requerimentos com esses nomes foram apresentados majoritariamente por parlamentares da oposição. A exceção foi o convite a Santos Cruz, feito pelo deputado Marcelo Ramos (PL-AM). Ele é membro de um partido que integra o chamado “centrão” na Câmara dos Deputados, e foi o presidente da comissão especial da reforma da Previdência. Em meio às derrotas, os membros da base do governo na CPI mista conseguiram aprovar uma convocação seu interesse: a da presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). No total, 67 dos 96 requerimentos na pauta da CPI foram aprovados. A oposição manobrou para impedir a votação em bloco de todos os requerimentos e, em seguida, montar um novo bloco de requerimentos que excluía pedidos dos governistas. Entre os nomes cujo comparecimento não foi votado estão a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro Antonio Palocci, os ex-chefes da Secom Helena Chagas, Thomas Traumann e Franklin Martins e o publicitário João Santana, responsável por campanhas eleitorais do PT. Outros nomes ligados ao governo que foram convocados incluem o empresário Paulo Marinho, primeiro suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ); o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas de departamentos Havan; o cineasta Josias Teófilo, diretor de um documentário sobre o filósofo Olavo de Carvalho; e o influenciador digital Bernardo Pires Kuster. A comissão convidou também os jornalistas Luís Nassif e Felipe Moura Brasil, além de representantes de portais especializados em checagem de notícias (como E-Farsas, Aos Fatos, Agência Lupa, Estadão Verifica e Fato ou Fake) e de blogs políticos ligados à oposição (como Revista Fórum, Brasil 247, Brasil de Fato e Diário do Centro do Mundo). Um convite curioso aprovado pela CPI mista das fake News foi o da senadora americana Elizabeth Warren. Atualmente ela é uma das favoritas à indicação do Partido Democrata para a próxima eleição presidencial dos Estados Unidos, em 2020. A iniciativa foi da deputada Lídice da Mata (PSB-BA). Representação judicial Durante a reunião da CPI, o deputado Ivan Valente (PSol-SP) comunicou que o seu partido vai impetrar uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Jair Bolsonaro. Segundo Valente, o processo poderá resultar em denúncia de crime de responsabilidade contra o presidente. O deputado explicou que é possível ligar ataques virtuais contra parlamentares e membros do Supremo Tribunal Federal (STF) ao núcleo do governo. Se ficar provado o envolvimento de Bolsonaro, esses atos podem ser enquadrados como ameaças ao funcionamento das instituições do país. — Existem milícias digitais e centros de disparos em massa através de perfis falsos utilizados ilegalmente. Isso foi confirmado por membros do próprio governo na crise desencadeada no partido — denunciou Valente. Com informações e foto da Agência Senado Read the full article
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lovacedon · 4 years
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PT apresenta plano para 2022, mas aliados cobram apoio nestas eleições
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O partido pretende usar o documento para se reaproximar de aliados como o PCdoB, Psol, PSB e PDT, e articular uma frente contra Bolsonaro Isolado nas eleições municipais e sem rumo definido para enfrentar o governo Jair Bolsonaro, o PT apresentou hoje uma espécie de programa de governo para 2022, o "Plano Nacional de Reconstrução e Transformação do Brasil". O partido pretende usar o documento para se reaproximar de aliados como o PCdoB, Psol, PSB e PDT, e articular uma frente contra Bolsonaro, mas já enfrenta resistência. Lideranças da oposição afirmaram que a unidade para a disputa presidencial passa antes pelas eleições deste ano, e disseram que o PT precisa rever suas posturas, ceder nas negociações do primeiro turno e apoiar os aliados. Ao apresentar o plano, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), reconheceu que dificilmente Bolsonaro adotará alguma das medidas defendidas pelo partido, mas afirmou que é um plano para se "contrapor frontalmente" ao que Bolsonaro está fazendo no país. Segundo a dirigente petista, são propostas para "fazer um debate com a sociedade". O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também demonstrou ceticismo de ver as propostas implementadas pelo atual governo e disse que o país "só vai mudar" quando mudar "a pessoa que governa esse país". No entanto, disse que era preciso ajudar a resgatar a esperança e fomentar o debate. A apresentação do plano, com 210 páginas, reuniu lideranças nacionais petistas. Além de Gleisi Hoffmann, participaram os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff; o presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante; o governador do Piauí, Wellington Dias; e o ex-prefeito Fernando Haddad, além de parlamentares, dirigentes sindicais e do MST. Em aceno às eleições de 2022, o PT chamou líderes do PCdoB (o governador do Maranhão, Flávio Dino), do Psol (deputado federal Marcelo Freixo), do PSB (ex-governador candidato à Prefeitura de João Pessoa Ricardo Coutinho), do PDT (ex-ministro Manoel Dias) e do MDB (ex-governador Roberto Requião). Apesar do grande evento para lançar o plano, poucos haviam lido o documento. O próprio ex-presidente Lula afirmou que não tinha conseguido ler e que não sabia nem de quem tinha sido a ideia de criar o programa, apesar de apoiá-lo. "Recebi o documento ontem e confesso que não li nem um pouquinho", disse, sobre o texto organizado pela Fundação Perseu Abramo, do PT. Flávio Dino, Marcelo Freixo, Ricardo Coutinho e Roberto Requião também relataram que receberam o longo texto no domingo e não conseguiram ler. Requião reclamou da falta de hierarquia das propostas e criticou temas apresentados pelo PT, como políticas voltadas às minorias. "Claro que precisamos valorizar as minorias, mas precisamos apresentar um documento para 70%, 80% da população, para apresentar unidade e varrer o bolsonarismo da terra plana", disse o ex-governador do MDB. Gleisi Hoffmann Denio Simões/Valor Eleições 2020 Marcelo Freixo, do Psol, disse que os desafios para a oposição são muito grandes e chamou a atenção para o debate eleitoral deste ano, para que a esquerda evite grandes derrotas. "Não tem como separar 2020 de 2022. Não que a nossa agenda tenha que ser exclusivamente eleitoral, mas a nossa agenda do dia a dia precisa ter responsabilidade eleitoral. E que a gente não saia derrotado de 2020, que a gente tenha sabedoria de nos comportar no primeiro e no segundo turno e entender que 2022 começa agora", afirmou. O parlamentar do Psol disse que Bolsonaro venceu não só pelos acertos dele, mas também pelos erros da oposição e destacou a possibilidade de o presidente se reeleger em 2022. "O que está colocado hoje é uma ditadura, uma ditadura pelo voto, que convive com a democracia, mas é um projeto ditatorial. Ele não vai dar golpe sobre si mesmo, mas a possibilidade dele vencer em 2022 é um golpe fatal na democracia por algumas décadas", afirmou Freixo. "Temos que buscar o que temos em comum, não o que temos de idêntico. Se formos buscar o idêntico, perdemos o comum e o comum tem que ser um programa, de país, de defesa da democracia, de defesa da vida." Cotado como possível presidenciável para 2022, Flávio Dino ouviu a apresentação das propostas do PT e disse que é preciso sair da teoria e apostar em ações práticas. Em seguida, reforçou a importância das eleições deste ano para o cenário político do país e defendeu alianças entre os partidos desde já. "Devemos desde logo abrir debates sobre pacto progressistas, em primeiro e segundo turnos, para que nós não fiquemos apenas na última hora debatendo como nós podemos, nas 96 cidades brasileiras [que têm segundo turno], termos pactuações capazes de levar candidatos ao segundo turno e vencer as eleições." Dino afirmou também que a oposição não deve "pregar para convertidos". "Não basta que nós falemos para nós mesmos", disse. "Temos que não nos olhar apenas nos nossos espelhos, das nossas convicções e verdades. Sobretudo ter a capacidade de conversar com os diferentes." Ricardo Coutinho, do PSB, defendeu a unidade da esquerda e disse que os debates precisam envolver a "grande maioria" da população". "Não podemos ficar numa discussão pouco produtiva, que nos dilacere e nos afaste. Temos que convergir na nossa diferença. Nessas diferenças, a gente tenha capacidade de perceber aquilo que é fundamental para nosso povo, para o país", disse. A presidente nacional do PT negou que o plano tenha um caráter eleitoral, mas disse que as propostas "podem servir, sim" para aglutinar partidos de esquerda. Gleisi negou que o partido esteja isolado nas eleições deste ano e disse que há alianças com PCdoB, Psol e PSB e promessas de apoio no segundo turno. Propostas Na apresentação do plano, dirigentes petistas destacaram medidas para retomar o crescimento da economia e a geração de empregos. Entre as propostas estão a ampliação dos investimentos públicos em infraestrutura e obras do antigo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida; a prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia; criação de cinco milhões de postos de trabalho com contratação por seis meses para desempregados que não recebam o seguro-desemprego, e retomar a política de valorização do salário mínimo com reajuste pelo INPC do ano anterior mais variação do PIB de dois anos anteriores, garantindo ganho real mínimo de 1% em caso de recessão no país. Na área econômica, o partido defende também derrubar o teto de gastos e rever limites de gastos determinados pela Lei de Responsabilidade Fiscal e pela chamada Regra de Ouro. O plano propõe uma reforma tributária com impostos diretos sobre a renda e o patrimônio, como a taxação de grandes fortunas, grandes heranças e dos rendimentos financeiros. A legenda defende ainda uma reforma bancária, para impulsionar a concorrência e fortalecer os bancos públicos. Na área social, o PT propõe aumentar o valor do Bolsa Família e ampliar os beneficiários, incorporando a base das pessoas que recebem o auxílio emergencial, com a previsão de beneficiar até 30 milhões de famílias. O partido defende revogar a Lei de Segurança Nacional e criar a "Lei de Proteção do Estado Democrático", que fiscalize e puna as apologias contra a democracia e em favor da intolerância e da tortura, "incluindo revisionismos históricos de natureza ditatorial". Na área de política externa, propõe voltar a investir no Mercosul, na Unasul e seu Conselho de Defesa e na Celac, assim como nas relações Sul-Sul, em particular com a África. O programa fala ainda em defender o ex-presidente Lula, que foi condenado e preso, e devolver os direitos políticos ao petista. PT apresenta plano para 2022, mas aliados cobram apoio nestas eleições
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fefefernandes80 · 4 years
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PSB nacional rejeita apoio do PT em João Pessoa e descarta aliança em 2022
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O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que a sua legenda “não precisa do PT” nestas eleições Ruy Baron/Valor DF A decisão do PT nacional de intervir na eleição à Prefeitura de João Pessoa e determinar ontem a retirada da candidatura do petista Anísio Maia para apoiar o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) gerou contestações não só do PT local, mas também do PSB nacional.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, rejeitou nesta sexta-feira o apoio do PT na capital paraibana e descartou a possibilidade de os dois partidos estarem juntos para disputar a eleição presidencial de 2022.
“Não pedimos o apoio do PT. Se o PT deu com a intenção de uma aliança em 2022, que retire esse apoio e respeite a decisão do diretório municipal petista”, afirmou o presidente nacional do PSB ao Valor. Siqueira disse que o PSB “não precisa do PT” nestas eleições. Ontem, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), anunciou a intervenção no diretório petista de João Pessoa, que horas antes havia oficializado a candidatura do deputado estadual Anísio Maia durante convenção municipal, na noite de quarta-feira.
Gleisi afirmou que o partido deveria apoiar Ricardo Coutinho por conta da relevância dele “no processo político local e nacional” e para construir “um bloco que proporcione a unidade da esquerda”. Segundo o PT, a aliança com o candidato do PSB poderá ajudar na construção de uma frente de esquerda contra o presidente Jair Bolsonaro.
“A aliança para a disputa eleitoral de 2020 retoma a unidade programática no campo das esquerdas e a disposição de reconstruirmos a democracia brasileira, sob ataque do governo Bolsonaro, num compromisso que tem como referência os interesses populares”, disse Gleisi, em nota. O presidente nacional do PSB criticou a dirigente petista e reforçou que “rechaça 100%” o apoio do PT. “É uma violência do PT tirar a candidatura para apoiar Coutinho com vistas a 2022. Se for assim, que o PT retire esse apoio”, afirmou Siqueira.
O dirigente do PSB disse ter ficado “estressado” com as declarações de Gleisi, que poderiam sinalizar um eventual acordo em 2022. “É impertinente. O PT já rompeu com o PSB nestas eleições, ao impor candidaturas. Rompeu desde que Lula saiu da cadeia e disse que o PT teria candidaturas em todas as capitais. O PT não quer o apoio de ninguém e não quer apoiar ninguém”, reclamou Siqueira. “Não nos interessa esse apoio. Que retire”, reiterou.
Siqueira classificou o PT como incoerente ao rejeitar uma aliança com o PSB em Recife e, ao mesmo tempo, intervir para impor um acordo com o partido em João Pessoa. No Recife, os diretórios municipal e estadual petistas queriam apoiar a candidatura de João Campos (PSB), mas o comando nacional do PT decidiu pela candidatura própria, com a petista Marília Arraes.
A intervenção do PT nacional gerou forte descontentamento também no diretório petista de João Pessoa, que decidiu manter a candidatura de Anísio Maia. Ontem, o diretório registrou na Justiça Eleitoral a candidatura e promete levar o embate à Justiça, contra a decisão do diretório nacional. A chapa petista tem um nome do PCdoB, Percival Henriques, como vice.
Como demonstração de que não pretende desistir, Anísio Maia participou ontem de debate com os candidatos à Prefeitura de João Pessoa, promovido pela TV Arapuan Rede TV, e hoje tem agenda de campanha. Em nota, o candidato afirmou que resistirá.
“Não aceitamos um candidato que foi imposto, um candidato dele mesmo, através de uma candidatura que foi feita nas sombras. Nós aceitaríamos se juntassem os três diretórios para trocar ideias e propostas, mas dessa forma não nos submeteremos”, disse Maia.
Leia o artigo original em: Valor.com.br
Via: Blog da Fefe
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