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solisimmer · 3 days
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MODELS SERIES - EP 13
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Mais um dia havia começado, o final de semana, finalmente! Sem staff faltando, pessoal atrasado, sem expediente. Um sábado atípico, pois a agência sempre estava a todo vapor nesse dia. Mas o que fazer se o gerente da agência não se dignou a aparecer? Todos estavam torcendo para que isso acontecesse logo, até porque Simone não daria conta de tudo sozinha, por mais que quisesse. O dobro de equipe, pessoas novas, sua vida dividida entre o Brasil e a França, tudo isso fugia do seu controle.
Após desmarcar em cima da hora por “problemas pessoais”, ele não estava atendendo às ligações de Simone, o que a estava deixando simplesmente maluca.
Mas ela não era a única a estar com os pensamentos tão revirados: Nina e Ana, após os acontecimentos anteriores, não estavam nada diferentes.
Nina estava grudada ao telefone: esperava uma mensagem, um telefonema (quem liga nos dias de hoje?), qualquer coisa em que Lucas desse um sinal de que queria entrar em contato.
“Ele estava todo esse tempo pedindo meu número e, agora que tem, não faz nada?” pensou. “Será que coloquei o número errado?” continuou a pensar, enquanto abria sua caixa de mensagens, onde estava a mensagem que ela havia enviado a si mesma com o telefone dele, para salvarem os contatos. “Não… Ele definitivamente tem o meu número!”.
Era difícil entender o porquê não havia recebido uma única mensagem, mas não tão difícil ao se lembrar de como a noite terminou: Lucas com Nanda, Ana com Eduardo e ela sentindo uma leve pontada, um incômodo no peito e no estômago, talvez indigestão, talvez ciúmes, mas ela não admitiria isso.
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A noite de Ana pode ter terminado com Eduardo, mas terminou cedo. Depois de ficarem em silêncio para que ninguém os visse, aproveitaram a companhia um do outro por mais tempo. Mas, como ela bem sabia, Eduardo não é alguém que permanece. Assim como chega e toma tudo o que quer, ele se vai.
Ela novamente se encontrava absorta em pensamentos que a faziam pensar se era uma boa ideia… Como sempre! Ana pensava muito quando se tratava de Eduardo, mas, ao estar com ele, não pensava em nada. E o tempo passa, o juízo retorna e ela fica pensativa, se sentindo estranha e com certa raiva de si mesma por se deixar ter tais pensamentos, de deixar que alguém tenha esse efeito na vida dela.
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Uma mensagem chegou no início da tarde, fazendo com que Nina verificasse o celular com rapidez. Porém, não se tratava do que (ou de quem) ela esperava, mas sim o grupo da agência. 
Simone avisava que todos estavam convocados a ir ao Blink, um pub no centro da cidade, pois Pierre já estava em terras curitibanas. 
Nina não demorou a responder a mensagem, pois sabia que quem entrasse no grupo, iria ver a mensagem dela e ela poderia checar na informação da mensagem quem leu, não era um ótimo plano?
Porém, não foi preciso esperar, quem ela queria que visse a sua mensagem respondeu alguns minutos depois. Exatamente doze minutos depois - não que ela estivesse contando.
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O que ela achou estranho e que, talvez, pode ter alugado um triplex na cabeça dela pelo resto do dia, foi o fato da mensagem que chegou junto da de Lucas. Ele e Nanda haviam enviado a mensagem no mesmo momento. “Viram a mensagem juntos? Responderam juntos pois estavam juntos e pararam de fazer o que quer que estivessem fazendo? E se estavam ocupados antes? Ocupados juntos? FAZENDO O QUE?” Então, clicou na mensagem para ver quem visualizou primeiro: Fernanda. Será que ela o avisou e assim eles responderam quase ao mesmo tempo? Eram muitas perguntas, paranoias… Nina não teria sossego durante o resto da tarde.
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Passado o restante da tarde - dormindo (no caso de Ana) e checando o telefone a cada cinco minutos (nem preciso dizer quem, né?) -, todos se dirigiam ao Blink.
Simone chamou Nina para o andar superior, onde a esperava, pois queria falar com ela primeiro do que todos.
Dessa vez, Pierre pediu para que reservassem uma sala social, onde toda a equipe poderia ocupar, e uma sala mais intimista, onde poderia falar melhor com Simone caso necessário ou fazer ligações.
A sala social era coberta de tijolos à vista, marrom, com uma iluminação direcionada aos objetos, não às pessoas. Nessa sala havia uma mesa grande ao centro, com banquetas e também sofás. Ao final dela, ficava um bar, onde Nina encontrou Simone conversando com um homem alto, que imaginou se tratar de Pierre.
– Oi, querida. Tem alguém que eu quero muito que você conheça… - disse Simone, assim que Nina adentrou a sala social.
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– Prazer, Nina. - disse ele, ao pegar a mão que Nina o estendeu e beijar. Pierre falava Português fluentemente, com um sotaque carregado de um puro frânces. – Ouvi muito sobre você.
– Coisas boas, espero. - respondeu Nina. – Finalmente pude conhecer você, gosto muito do seu trabalho!
– E agora irão trabalhar juntos! - falou Simone. – Meu bem, falei para ele que saio com o coração leve, porque fiz o meu melhor e tudo estará em boas mãos - falou Simone, olhando para Pierre. E então, pegou as mãos de Nina e continuou: – E eu confio muito que você irá continuar o que eu comecei e será uma ótima gerente futuramente. Acredito no seu potencial.
– Uau, obrigada. Eu espero honrar essas palavras… 
– Mas chega de conversa! Vou deixar você - disse Simone, virando-se para Pierre – conhecer melhor o pessoal, aproveitar o local, quem sabe beber um pouquinho… Me acompanha, Nina?
– Claro.
– Licença, meninas. - falou Pierre, ao se distanciar. – Farei uma ligação.
Simone e Nina conversavam amenidades no bar, Nina com seu vinho e Simone com seu drink. 
– Você não bebe mesmo, não é? - falou Simone.
– Não? - perguntou Nina, ao mostrar seu vinho. – Não estou bebendo?
– Menina, bebidas fortes… Esse vinho eu tomo no café da manhã - riu ela. – E para aguentar trabalhar com aquele lá - referindo-se a Pierre – você vai precisar de algo mais forte.
– Por quê? Ele é difícil?
– Ele? Não, imagina… Pierre é um amor. Mas a filha dele… Uma pestinha! E ele faz tudo que ela quer, tu-do! 
Nina estava surpresa, não conseguia imaginar um homem com tanto poder e talento sendo mandado por uma menina.
– Ela é muito pequeninha?
– Que nada! Ela fez 16 anos semana passada… Por isso não queria o pai no Brasil, vê se pode! Já estava tudo certo para ele vir e ela vir junto. De última hora, ela resolveu que queria ficar e fazer o aniversário por lá… 
– Ah, mas é o aniversário dela, né?
– Ela não está nem aí para a presença dele, passa o ano inteiro ignorando ele e ele correndo atrás… Ela vive dizendo que preferia morar com a mãe e Pierre sofrendo porque não quer ficar longe da filha e, ah, a mulher nem quer ficar com a filha!
Nina observava tudo e não sabia se ficava surpresa com as informações ou com o fato de Simone estar tagarelando sem filtro e sem parar.
– … e aí ele só veio para cá porque prometeu que iria fazer a festa que ela quisesse aqui no Brasil. Vê se pode! - continuou Simone.
– Nossa, nem sei o que dizer.
– Não diga nada, ele está voltando… Eu preciso ir ao banheiro. - falou subitamente. Virou-se ao bartender enquanto continuou: – Ei, serve um Magie Noir para essa ruivinha aqui!
– O que é isso? - perguntou Nina. – Não precisaaaa - disse ao bartender, que as olhava confuso.
– Precisa sim, vai por mim!
Dito isso, Simone afastou-se para ir ao banheiro, deixando Nina e Pierre sozinhos na sala, porque até então, não tinham contado aos demais que eles estavam ali em cima. A equipe chegava e ia direto para o bar do salão principal e para a pista de dança. O que poderiam fazer, senão aproveitar uma noite de sábado com tudo pago num ótimo lugar como o Blink?
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– Nina, ainda está aqui. Que ótimo. Vou te encarregar de me apresentar aos demais. - falou Pierre ao se aproximar. – E eu queria mesmo falar com você. Simone me disse que você quer ser booker também.
Os dois foram para um sofá próximo ao continuar a conversa, Nina não queria ficar no bar, não queria beber seja lá o que Simone pediu.
– Sim, sou modelo desde sempre, ao que parece… - falou sorrindo. – Amo o que faço, amo essa área.
– Você estudou na França, não foi?
– Bom, na verdade eu trabalhei em alguns projetos em Paris e Nice, pois eu morei em Londres enquanto fazia a graduação em Moda… Mas não estudei na França, não.
– Ah, erro meu. Mas certo, você tem experiência e conhece o ramo e…
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Nina recebeu uma notificação no celular e logo checou para ver se era você-sabe-quem, deixando um pouco de lado a atenção que dava a Pierre. Uma vez. Duas. Cinco.
– Me desculpe, eu estou esperando uma resposta bem importante, mas vou deixar o celular de lado. - falou, envergonhada. – Me desculpe. Era o nosso grupo da equipe.
– Tudo bem… 
– Estão dizendo que já chegaram. - E com “dizeram”, ela ficou inquieta em ver as mensagens. Eles realmente estavam juntos.
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– Senhorita! - ouviu-se do bar. – A sua bebida!
– Ah! - levantou-se, indicando a Pierre que iria até o bar. Chegando, falou para o bartender: – Desculpe, mas eu não vou beber isso e…
– Tem certeza, senhorita? É o drink mais caro da casa. Será um desperdício.
Nina não era dada à bebidas mais fortes. E por isso, também não era tão resistente. Conseguia ficar bêbada com dois copos de cerveja. Ao voltar para o Brasil, fez loucuras após beber apenas um copo de IPA, mas isso é história para outro momento.
Só que se Nina não aguentou um copo de cerveja forte, que dirá de Magie Noir, ou “magia negra”, um dos drinks mais fortes - e mais caros do mundo. Esse drink leva conhaque Hennessy e champanhe Dom Perignon com licor de amora, lichia, capim-limão e casca de uma erva nativa da África que alguns consideram afrodisíaca, mas na verdade é até considera como uma substância perigosa.
Sem saber disso ou sem se importar com nada, Nina lembrou das mensagens e fez o que toda pessoa magoada (burra) e com raiva (ciúmes) faria: jogou tudo para dentro.
Nina de pronto sentiu-se tonta e mais leve, menos preocupada ou irritada. Desceu para o andar principal com Pierre e ia apresentando-o aos demais. A cada passo dado, Nina sentia-se mais libertina, alegre e desfilava pelo lugar com Pierre a tiracolo. Ele achava tudo muito divertido, “as pessoas brasileiras são muito gentis” pensava ele “mas essa Nina é uma figura!”.
Ela estava tão desligada de tudo que nem pensava mais em Lucas, não percebendo quando ele se aproximou de onde ela, Pierre e os demais estavam. Tudo que Nina via eram os olhos claros de Pierre. “São verdes? Azuis? Nossa, ele é muito bonito.” pensava ela, com uma mente um tanto quanto bêbada. Lucas se aproximou e n��o gostou muito do que viu. Fernanda, de todo jeito, também não entendeu nada do que estava acontecendo.
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Assim que Pierre afastou-se de Nina, ela foi sentar-se em um dos sofás próximos às luzes neon de onde estavam. Ela se sentia um pouco desorientada e quente, muito quente. Com muitos pensamentos quentes e tortos e que ela se arrependeria no outro dia.
Aproveitando ao vê-la sozinha, Lucas aproximou-se de onde ela estava. Nina sentiu-se desperta abruptamente, bem consciente da presença de Lucas. Ela queria falar, queria saber por que ele não mandou mensagem, por que ele estava com Nanda… Tantos porquês. Mas ao olhá-lo ali, ela só queria uma coisa: esquecer tudo isso, todo mundo e beijá-lo. Todos os pensamentos evaporaram, tudo que ela pensava para se proteger, tudo que ela ouvia era o próprio corpo e ela não entendia o motivo dele estar em chamas.
– Você demorou para chegar. - disse ela. Ele ficou surpreso, secretamente feliz de parecer que ela o esperava.
– Eu estava de carona hoje, então…
– Sim, com a Fernanda, né? - disse ela, o interrompendo. Ela se arrependeria de demonstrar ciúmes? Muito! 
– Eu deixei meu carro lá no salão ontem… Não estava contando que iríamos vir para cá hoje.
– Você foi para casa com ela? - falou, já mais grogue.
– Não, pegamos Uber para casa, nós bebemos ontem. 
– Ela foi para a sua casa? - já disse mais alterada. 
– Eu não sei para onde ela foi. - disse ele e ficou ainda mais surpreso ao perceber que ela estava olhando para a sua boca. – O que houve? Você quer me dizer alguma coisa, Marina? - disse ele, aproximando-se mais dela, falando próximo ao seu rosto.
– Sim. Eu quero te beijar. - falou Nina.
– O QUE? - disse ele e se afastou, ao que ela entendeu que ele não queria. – Você quer me beijar?
– Eu acho que sim. Ou pode ser qualquer um também. - falou ela, ao virar-se para o resto das pessoas e balançar o braço. – Posso achar alguém por aí que queira me beijar.
Dizendo isso, levantou-se.
– Ei, espera aí. - Lucas a chamou. – Você está bêbada. E parece com raiva de mim… De novo… Que novidade!
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– Você não me mandou mensagem. Nenhuma! Pediu a droga do meu telefone para nada.
– Nina, eu estava ocupado e…
– Agora eu sou só mais um contato lá. Eu não quero ser mais um contato!!! - esbravejava ela, já um pouco cambaleando. Lucas ouvia tudo com calma, sabendo que ela não era assim, era a bebida falando.
– Você não vai gostar de saber tudo que falou quando estiver sóbria, então vamos conversar outra hora… Eu vou chamar a Ana.
– Vai chamar a Nanda? - ela ouviu errado. Óbvio. – Quer saber, hoje eu até pago o Uber para vocês dois irem para a puta que pariu - ela disse, saindo do local e deixando-o sem entender nada.
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Nina quis distanciar-se de todos, indo até a sala menor reservada para a Target. Pierre, que a observava de longe - e escutou um pouco da conversa - foi ao encontro da ruiva.
– Ei, cherie… Eu não sei o que aconteceu ali e nem quero saber, mas acho que você não deveria estar assim. 
Pierre a confortava, enquanto Nina resmungava sobre um fotógrafo que não mandou mensagens, que ela não devia ter ido embora e que ele deveria ter ido atrás dela. Mesmo que Pierre não quisesse saber mais sobre, ela continuava a dizer que se arrependia e que queria voltar no tempo.
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Os dois ficaram alguns minutos a sós, em que Pierre só a escutava falar sobre ter namorado Lucas, que acha que ainda o amava, que ela era idiota e ele era um cafajeste, que ela odiava os homens e que queria cortar o cabelo. É meus amigos, não deixem mais ela beber.
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Pierre conseguiu consolá-la - sem ao menos tentar - e ela resolveu voltar para onde estava os demais.
Nem sinal de Lucas, Pierre a deixou com Ana na pista de dança.
Eduardo aproximou-se das duas, já sabendo do drama, o que Ana contou e que, talvez, ele tivesse escutado de uma das modelos na fila do bar. Nas palavras dela “Nina está louca, bêbada e louca. Disse que iria beijar o modelo novo ou qualquer um que quisesse”
– Ô, baixinha. O que tá pegando?
– Você! - disse Nina, aproximando-se o máximo possível de Eduardo, com o rosto mais raivoso que foi capaz de fazer. O que o fez baixar o pescoço todo para baixo, com seus quase 40 centímetro de diferença – Você e aquele seu amigo idiota… Por que voltaram?
– Ei! Sou amigo! - falou, colocando as mãos para cima, como se se rendesse. – Ouvi dizer por aí que você está louca hoje… Você? Não acreditei. Mas estou vendo e não acredito.
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– Não estou louca, estou furiosa. E triste. - disse ela, mudando o semblante para a melancolia que sentia. Eduardo aconchegou-a com seu braço. – Eu não queria me sentir desse jeito. Não queria que vocês voltassem… Na verdade, eu queria muito. Eu senti saudade.
– Eu também, Nina… Eu também.
– Eu acho que Lucas me odeia… E brigamos. De novo!
– Ah, ele não te odeia não, ele é louco por você.
– Mentirada! - falou ela, um pouco mais alto do que o necessário. – Vocês homens só mentem! Mentirosos que só mentem!
Ana observava tudo a uma distância segura, tendo certeza de ver todos que estavam por perto, para ter certeza de acabar com a raça de um por um que falasse mal de sua amiga. Ela apenas queria deixar que Nina desabafasse. E se isso precisava ser com Edu, que fosse!
– Não estou mentindo. Você é tudo que ele quer…
– Não sou nada… - falou em um muxoxo. – E sabe o que eu quero?
– O que?
– Eu queria um abraço… E também um beijo… E talvez mais coisas.
– Nina, eu amo você bêbada! - falou ele, rindo. E logo a levantou nos braços. – Amo! O abraço eu posso te dar, tudo bem? O resto, nem pensar… Meu amigo me mataria e, nada pessoal, mas eu sou muito mais a sua amiga.
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– Eu também quero dançar! - falou ela, muito alto e próxima ao ouvido dele, que deu um pulo.
– Okay, okay. Vamos dançar.
O restante da noite transcorreu bem. Os três dançaram, riram e aproveitaram a presença um do outro, como se não tivesse passado um dia. Como se Nina não fosse acordar com uma puta ressaca no próximo dia.
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O álcool te dá coragem para coisas que você não faria sem ele. Mas o preço é alto. O álcool humilha.
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Ao acordar pela manhã, Nina teve os seguintes pensamentos.
Onde eu estou?;
Seguido de:
Por que eu estou no quarto da Ana?
Por que eu estou no quarto da Ana com os dois na cama?
Nossa, que dor de cabeça.
Maldito Magie Noir.
Voltando para minutos antes de Nina acordar, Eduardo já estava desperto. Ele observava Ana dormindo e pensava que nunca havia visto uma mulher tão linda. E olha que ele já tinha visto muitas, acordado com todos os tipos, nacionalidades, tamanhos,... Mas Ana era única. Não conseguia parar de a olhar.
Mexeu-se para acariciá-la ao acordar, mas, no processo, acordou Nina com o movimento da cama.
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– Bom dia, Raio de Sol! - disse Ana. – De 1 a 10, como está a dor de cabeça?
– Onze. Por que eu estou na cama com vocês?
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– Hum, ela não lembra de ontem Edu… Que triste. Depois de toda nossa performance.
– Que? - falou Nina. – Não. Só não.
– Estou ofendido. Pensei que a gente tinha se divertido, ela nem lembra, Ana. - falou Edu.
– Gente, sério, eu… - Nina disse, já quase acreditando, mas Ana caiu na gargalhada.
– Ai, criança… Você acreditou? - Ana falava em meio ao riso. – Você não lembra de ontem?
Nina refletiu. Lembra de conhecer Pierre. Falar com Simone. Filha do Pierre. Uma bebida estranha e depois, só desgraça e humilhação. Flashes do que fez e falou passavam na sua cabeça e a deixavam com mais dor de cabeça.
– Eu falei que queria beijar o Lucas. Eu falei para ela… - resmungava ela.
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– Não! Você disse que beijaria qualquer um que quisesse. - falou ela. – E depois só chorou e reclamou e dançou. Achamos que você iria aquietar vindo para casa, você botou uma lingerie nova e disse que queria dormir com a sua mãe, mas ela estava longe. E aí veio dormir com nós.
– Eu fiz tudo isso? - disse, desacreditada.
– E você nem tomou banho!
– E botei minha roupa nova? - exasperou! - Eu vou tomar banho! Desculpa gente… Ai, que vergonha.
Nina saiu do quarto enquanto deixou os dois rindo.
– Ai ai, eu amo ela… Café? - falou Ana. Os dois levantaram-se e foram para a cozinha.
Nina empatou tudo que podia ontem? Talvez, mas Ana e Eduardo sentiam a tensão que os rondava e nem isso atrapalhou. Ana não queria dar tudo de bandeja, mas pensava em dar mesmo. Ah, fala sério, quem não daria?
Eduardo, ao colar o corpo ao dela, trazendo o café. 
– Eu vou ficar o dia todo aqui, pode ser? - falou ele, descendo os lábios pelo pescoço dela.
– Pode… ficar.
Seria um domingo interessante.
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Nina voltou do banho logo em seguida, seguindo o aroma do café, os interrompeu novamente. Um recorde nas últimas doze horas.
O domingo, de fato, foi interessante. Preguiçoso como há tempos. Necessário. Parecia muito como a oito anos atrás, se não fosse pela ausência de Lucas.
Os três viram filme, jogaram Uno. Ana jogou como nunca e perdeu como sempre. Fizeram muitas coisas, mas, ao mesmo tempo, fizeram vários nadas.
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Perto das 19h, Nina queria sair para correr. Mas a dor de cabeça ainda não a deixava em paz, então, desistiu e foi dormir mais cedo, deixando Ana e Edu a sós.
– Você quer fazer alguma coisa? - disse Ana.
– Já estou fazendo… Estou no nível 32 desse jogo que baixei hoje de manhã.
– Não quer fazer algo diferente?
– Só um momento… Vou passar de nível.
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– Ah, vai a merda. - disse Ana, afastando-se.
– Okay, depois eu passo, vem cá. - Eduardo agarrou-a no sofá e colocou-a no colo dele.
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– Vamos para o seu quarto?
– Tá bom aqui. - disse ela, querendo colocar em prática a sua ideia de “não dar tudo de bandeja”. – Não tá bom? - Ana deixava rastros de beijos no pescoço dele, sentindo o volume que crescia onde ela estava sentada.
– Melhor impossível.
Seria cada vez mais difícil para Ana resistir a esse homem. Para Edu estava fácil, ele não tinha intenção nenhuma de resistir. 
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Próximo episódio: em breve.
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Por direitos autorais, as músicas não serão mais adicionadas no episódio, mas você pode curtir ouvindo a playlist no Spotify aqui.
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solisimmer · 21 days
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MODELS SERIES - EP 12
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O evento para que todos conhecessem o novo manda-chuva havia chegado. Pierre já havia conhecido algumas pessoas da agência e, para conhecer a todos numa reunião informal, reservou um salão super chique no bairro Betel, próximo ao Hard Rock Café. Ana e Nina conversavam para descobrir quem tinha mais o que falar (ou reclamar): perderiam Simone e, de quebra, ainda teriam que estar perto de Lucas e Eduardo.
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– É como se tivéssemos 18 anos de novo, impressionante. - disse Ana.
– E eu já vi esse filme. - falou Nina. – E não gostei nada como terminou.
– Ah, pois eu gostei bastante. Bastante!
– Você não vale nada - Nina ria de Ana. – Foi só saber que Newman vai estar por aí e já está toda animada.
– Eu mereço um pouco de diversão na vida depois das presepadas que tenho passado, não acha?
Ana falou para Nina sobre a conversa que teve com Lucas - dando os detalhes da vinda de Eduardo e deixando de fora todos os detalhes que conversaram sobre a própria Nina.
– Talvez seja algo bom, eu estava receosa de ter tanta gente nova, mudar o pessoal, o trabalho, a agência, e isso…
– Como assim a agência? - exasperou Ana. – A agência vai mudar para onde?
– Bom, Simone me disse que Pierre não conhece nada de Curitiba e que queria ficar somente pelo Rio ou São Paulo.
– Amém! - disse Ana. – Que seja no Rio, imagina poder trabalhar e voltar para casa no mesmo dia? Sonho!
– Eu fico com medo de que ele vá querer ir para SP, será mais corrido ainda. Sair do Rio para vir para cá, tudo bem. Mas sair do Rio para ir para SP, eu só imagino o cansaço, mesmo que seja mais perto, é muito mais caótico. - falou Nina, suspirando.
– Pois eu vou amar! Ver gente, sair, cidade grande de novo… Eu nasci para isso. Mas… Voltando para “o assunto” - disse Ana, fazendo aspas para se referir a Lucas – O que vocês estavam conversando ontem na sala da Simone? Estavam bem juntinhos…
– Nada demais. Eu estava lá e ele chegou do nada.
– E aí vocês se agarraram do nada também.
– Eu não agarrei ninguém! - falou, na defensiva. – E nem estávamos conversando. Ele só me fez perguntas e eu respondi, você chegou e saí. Ponto.
– Ele me disse que é assim que vocês conversam… Você vai continuar ignorando ele até quando? 
– Não estou ignorando ninguém. - disse, logo levantando-se. – E ele disse isso por que?
– Nada demais, bobagem… - falou pensativa. – E respondendo à sua pergunta, você é que está mais ferrada. Você aqui é que tem ex, não eu.
Ana não considerava a relação que teve com Eduardo a tal ponto de considerá-lo um “ex-qualquer coisa”.
– Vou tomar banho, meu Raio de Sol. - falou enquanto se afastava.
Nina continuou na cozinha, mas logo resolveu fazer o mesmo que a amiga. O banho somente limpou o corpo, a mente continuava um turbilhão de conversas, memórias e um monólogo interminável sobre o que fazer ou não fazer.
“Posso dar o meu telefone a ele e engatar uma amizade. Posso me fazer mais difícil e ele entender que não quero ele perto. Mas eu quero ele perto! Mas não tanto. A quem eu quero enganar, eu quero ele perto sim.” pensava Nina.
“A gente vai trabalhar junto de novo. É só trabalho. Mas nunca foi só isso… Ah, eu não quero rolo com mais ninguém do trabalho!” Ana divagava em seus pensamentos. “Mas não é como se fosse um rolo novo, eu já conheço esse aí muito bem… Não vai dar em nada.”
Cada uma delas acompanhadas de seus próprios pensamentos e mais; Ana de seu cigarro e Nina de sua taça de vinho.
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Já no salão de festas, as meninas estavam animadas para conhecer o Pierre, mas nem sinal dele até o momento. Simone as deixava aguardando, enquanto mais pessoas chegavam e se distribuíam entre o local. E como não aproveitar um local como esse? Estavam em uma casa de festa, reservada somente para a agência, com comida e bebida à vontade. As paredes eram revestidas de pedras, colocadas uma a uma, e tudo parecia muito grande. As portas - grandes demais! Os quadros - por que tão grande? Tudo exalava grandiosidade. As cadeiras eram todas bem estofadas, em branco com detalhes dourados. Os sofás e as banquetas também. E embora tivesse um local para música ao vivo, infelizmente não havia ninguém no posto. Seria só o que faltava!
Ana estava com um vestido bege em detalhes dourado, com um decote fundo e mangas compridas - de certa forma, combinava com a decoração do lugar de uma forma positiva. Seus cachos estavam presos em um rabo de cavalo alto, que caía como uma cascata por suas costas. Ana exalava poder e luxo. Nina usava um vestido preto com um laço branco, justíssimo, e luvas de tule de manga comprida. O cabelo vermelho estava solto, com um destaque frontal que o prendia para baixo do restante do cabelo. 
Nina, que até então evitava Lucas ao máximo, pois não sabia o que fazer em relação a ele, já estava decidida sobre qual passo iria dar. Tudo que ela sabia é que não poderia continuar como estava: ou seria distância total ou iriam se aproximar cada vez mais, pois, feliz ou infelizmente, estariam muito próximos por causa do trabalho. Ana, como nos velhos tempos, não deixava a amiga sozinha. Exceto em certos momentos em que Nina preferia não estar junto.
– Amiga, eu vou sair para fumar. 
– Agora, Aninha? - perguntou Nina, em que Ana confirmou. – Ok, vou ficar aqui com a Simone.
– É rapidinho! - disse, se afastando para o segundo andar, onde tinha uma sacada com vista total para a rua e estava vazia, pois o local que Pierre havia alugado tinha sido arrumado e concentrado somente no primeiro andar. 
Nina ia até o lobby, onde havia visto Simone pela última vez, mas nem sinal da mulher. Por outro lado, encontrou quem estava tentando evitar nos últimos dias.
Lucas estava próximo as escadas que davam acesso ao segundo andar, ao lado de uma fonte de pedra de dois metros que estava localizada no centro do salão. 
Lucas estava com uma camisa social cinza, dobrada até o antebraço, o que deixava suas mãos e punhos em destaque. Nina estaria mentindo se dissesse que aquilo não lhe chamava a atenção. As pequenas ondas que se formavam nos seus cabelos, desciam pelo rosto perfeitamente. Ele estava estático no lugar, como se estivesse aguardando por ela.
Nina aproveitou para ir até ele e resolver o que a incomodava: não queria mais ignorá-lo, o queria por perto e estava admitindo isso para si mesma ao se dirigir até ele.
– Oi. - começou ela, o que foi retribuído com um sorriso. – Eu fiquei pensando nas coisas que você me disse naquele dia e acho que estamos em outro momento das nossas vidas, mais velhos, e temos que separar o que vivemos do que estamos vivendo agora.
– De acordo. - respondeu ele, educadamente.
– Então, acho que podemos tentar uma boa convivência, conversar, se conhecer de novo.
– Eu gostaria muito.
– Você pode me dar o seu telefone? - perguntou ela, o que o deixou surpreso e feliz. 
Ele a respondeu entregando o próprio telefone desbloqueado para ela.
– Salva o seu número aqui e manda uma mensagem, então teremos um o número do outro.
Ela fez o que ele pediu e, então, ficaram se olhando em silêncio.
– Acho que vou procurar pela Simone… - disse ela. – Nos falamos depois?
– Sim, estarei por aqui. - Nina sorriu ao ouvir e, enquanto se afastava, ouviu-o a chamar. – Nina, obrigado por isso.
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Nina encontrou Simone que estava ao telefone, com um semblante um tanto sério, caminhando de um lado para o outro. Aguardou enquanto ela finalizava a ligação.
– Aconteceu alguma coisa?
– Pierre não vem! - disse Simone. – Preparamos tudo com muito cuidado e ele não vem!
– Mas por quê? O que aconteceu?
– Ah, a filha dele era para chegar hoje e resolveu não pegar o vôo! - falou Simone, enquanto já buscava por outro contato no telefone e discava. – Terei que avisar todo mundo.
Nina afastou-se um pouco para que Simone pudesse falar e, enquanto aguardava, olhava para o telefone, para o novo contato que estava gravado ali. Pensava que não deveria estar se sentindo tão nervosa com aquilo, mas não poderia negar que isso a provocava.
– Já que está tudo pago… - falou Simone, tirando Nina de seus devaneios. – … vamos aproveitar esse salão e a comida, pelo menos. Já dispensei os músicos que iriam vir e agora tenho que avisar a todos.
– Deixa que eu a ajudo.
Com a ausência de Pierre, todos foram liberados para deixar o evento, mas orientados a aproveitar o local se desejassem. Pouco a pouco, as pessoas foram diminuindo no local, enquanto o bar se tornava mais movimentado.
– Vinho de graça, né? - dizia Nina. – Temos que fazer o esforço da Simone valer a pena.
– Mas é óbvio… Ei, o que é aquilo ali?
As duas olharam para o local próximo às escadas, onde estavam Lucas e Nanda conversando. Ao que parece, as duas não eram as únicas a perceber. Algumas pessoas da equipe cochichavam, outras olhavam curiosas, confusas. Nina fingia não estar surpresa, como se não fosse nada demais, mas se sentia estranha. De repente, o vinho estava ruim, o ar estava pesado e ela estava sem graça. Já não queria mais estar ali.
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Ana se recordou de quando estavam tirando fotos para a campanha de casamento. Ela estava de saída na Petit Room quando Nanda a pediu para aguardar, pois queria falar algo com ela. Ana pensou que se tratava de algo das fotos, já que as duas estavam trabalhando juntas nesse projeto.
– Hein, e esse modelo novo, o nosso parceiro.
– O Lucas?
– Sim… Ele é da nova equipe, não é?
– Sim, sim… Mas ele não é novo aqui. Já trabalhamos com ele antes. Na verdade, ele era fotógrafo quando eu era mais nova.
– Ah, legal… - falou reticente. – E você sabe mais sobre ele?
– Tipo o que?
– Ah, não sei. Já que você é próxima a ele… A idade, onde ele mora, se é solteiro.
Ana pensava que a aproximação de Nanda era estranha e suspeita, então só comprovou os seus achismos. Nanda que, há meses estava ali e, nunca tinha tido a iniciativa de conversar, agora perguntava deliberadamente sobre Lucas.
– Bom, não somos tão próximos. Não mais. Ele deve ter uns trinta e dois agora, trinta e poucos. Ele é daqui de Curitiba mesmo… Por que o interesse?
– Por nada. Ele parece interessante, só isso. - falou, cheia de sorrisos. – E ele está com alguém?
Se Ana dissesse que sim, estaria mentindo. Se dissesse que não, estaria liberando o caminho para Nanda.
– Sim! - falou Ana. – Mais do que isso eu não posso te dizer, ele é bem reservado, sabe.
– Entendo. - falou pensativa. – Mas obrigada pelas informações, era só o que eu queria saber.
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Ana não gostou nada daquela conversa, mas pensou que não seria algo a se preocupar, só curiosidade e nada mais. Estava muito enganada e só agora percebia: Nanda estava interessada em Lucas.
“Ah, mas que merda.” pensou ela.
Lucas e Nanda continuavam conversando, enquanto Ana pensou ser melhor sair de perto, caminhando alguns metros longe de onde estavam. Encontrou um sofá desocupado e sentou-se nele com Nina. O sofá era como o restante dos móveis do local: branco com detalhes dourados, de ótima qualidade e parecia caro, muito caro.
– Você quer ir para casa? - perguntou Ana.
– O que? Não! Por quê?
– Não sei, talvez não tenhamos mais o que fazer aqui e, bem, você parece estar meio chateada e…
– Só estou cansada! - disse Nina. Olhando para a amiga, tornou a falar. – Se você está falando isso pelo que vimos, está tudo bem. Não é nada demais.
– Marina, eu conheço você. E acredito em você. Se você diz que está bem, eu quero acreditar… Só não parece o que eu vejo.
De repente, a risada de Nanda pode ser escutada de onde elas estavam. Olharam para onde Nanda e Lucas estavam e pareciam ainda mais próximos.
– Ah, fala sério. - disse Nina, levantando-se do sofá. Soltou a taça vazia em uma mesa próxima e puxou Ana pela mão. – Vamos lá para fora. 
As duas ficaram na sacada do primeiro andar, uma cerca branca e dourada de meia parede, na altura da cintura. Dali, podiam voltar para o salão e, ao mesmo tempo, ver tudo que acontecia na rua. O ar estava fresco, frio demais para a época do ano, quase verão. O céu estava limpo, cheio de estrelas e embora fosse tarde, ainda havia movimento na rua.
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– Eu não sei o que eu estava pensando, sabe… Ele me confunde! - disse Nina. – Não que eu esperasse algo dele, só me sinto idiota.
– Mas por que?
– Eu acabei de dar o meu telefone para ele. Desde que ele voltou eu estou evitando isso… E agora eu dou o meu telefone para ele e ele está com outra.
– Eles só estão conversando, não é nada demais. - Ana falou, tentando consolar a amiga. – E fico feliz que você tenha dado o seu telefone… Vai ver que vocês podem se falar numa boa de novo.
– Não sei… Não sei…
Nina se arrependia de dar o telefone a Lucas, sentindo todos os seus muros se erguendo novamente. Ana confortava a amiga e tentava se certificar de que tudo ficaria bem. As duas estavam na sacada, de costas para a rua e nem perceberam quando um moto se aproximou do local. O condutor reconheceu-as de costas, como estavam, e parou o veículo, estacionando-o na frente do local.
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Naquele início de dezembro, pouco antes do recesso de fim de ano, Eduardo Newman estava de volta. Ao avistar as amigas, percebeu que estava no local certo. 
Por estar atrasado para os compromissos e não se atentar a emails - ou mensagens, ligações e qualquer pessoa que quisesse entrar em contato -, Eduardo não sabia onde deveria ir esta noite. Lucas ficou encarregado de enviar o endereço ao amigo, mas acabou enviando o endereço errado.
Eduardo mandou diversas mensagens para Lucas, que não respondeu e nem visualizou enquanto conversava com Nanda.
Foi somente quando Eduardo ligou para o telefone de Lucas (e quem faz ligação nos dias de hoje?) que ele percebeu as mensagens que o aguardavam.
Olhou para o horário das mensagens e para o relógio do celular, imaginando que Eduardo já poderia estar próximo. Avisou Nanda que precisaria resolver algo e saiu logo para a rua, encontrando Newman sério em sua motocicleta, olhando para Nina e Ana. Assim que Nina viu Lucas saindo, puxou Ana para que elas entrassem.
– E aí, seu filho de uma puta. - disse Eduardo, mostrando o dedo do meio para o amigo.
– Oi para você também. - respondeu Lucas ao risos. – Aproveitou o tour?
– Sabe quantos salões de festa eu fui enquanto você não via a porra do telefone? Até encontrar essa merda desse salão sem letreiro?
– Para que tanto mau humor… - continuava rindo – Vem, vamos entrar logo.  Os ânimos não estão dos melhores lá dentro também. - disse Lucas. 
– Eu preciso mijar… - disse Eduardo. –  Vamos logo.
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Já dentro do salão, Lucas apresentou o amigo a todos que ainda não o conheciam pessoalmente. Alguns modelos, em especial os mais novos, se sentiram maravilhados em vê-lo em carne e osso.
Ana se sentia apreensiva. Nervosa, um pouco animada e não conteve-se em não conversar com Eduardo.
– Oi, Edu. Bom que está de volta. Estávamos precisando de alguém para dar uma movimentada na agência.
– Eu acredito que você movimentou tudo muito bem na minha ausência, não é? - falou, aproximando-se dela.
– Bom, eu tenho uma presença e tanto. - brincou ela. – Mas nada que o grande Eduardo Newman não possa fazer melhor… A publicidade, as fofocas, os escândalos…
– Ah, mas eu me comporto tão bem, Aninha. - disse ele, passando a língua de leve pelos lábios, enquanto olhava fixamente a boca de Ana.
Ela agora o olhava também, prestando atenção aos detalhes. Há poucas semanas havia visto uma foto em que Eduardo aparecia com os cabelos curtos e ela não imaginava o quanto ele poderia ficar ainda mais bonito com aquela mudança. Isso realçava as suas orelhas, cheias de piercings e com alargadores que estavam ainda maiores do que a última vez que o viu. Ele estava maior, mais musculoso. Seu cheiro continuava o mesmo: perfume masculino e nicotina. As tatuagens pareciam maiores, ou talvez o seu braço que tenha dobrado de tamanho.
Lucas aproximou-se dos dois, junto de Nanda, pois queria apresentar o amigo a ela.
– Esse é o meu grande amigo Eduardo Newman, que me arrastou para essa loucura toda. - disse, enquanto abraçou Eduardo e Ana pelos ombros. 
– Muito prazer, Eduardo. Adoro o teu trabalho. - disse ela.
– Todos adoram, não é? - falou ele. – Estou animado para trabalhar aqui de novo. - disse, agora olhando para Ana. E continuou a olhando enquanto continuou. – Nós quatro vamos aprontar poucas e boas de novo.
Nanda ficou pensativa ao escutar “nós quatro”, porém, ficou mais desconfiada ainda com Ana, já que tinha dito que não estava próxima de Lucas. E que havia a garantido de que ele não estava solteiro, muito diferente do que ele a deixou saber minutos antes. Não sabia o que estava acontecendo, mas sentia-se intrigada com Ana e até com um pouco de raiva, sem saber porque ela tentou atrapalhar suas investidas sobre Lucas. Estava quase acreditando que Ana poderia estar interessada em Lucas também.
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Mais da metade do pessoal da agência já tinha ido embora e Simone pediu que desativassem o bar, pois alguns já tinham passado dos limites. 
Ana levou Nina até o segundo andar, para mostrar o local para a amiga antes de irem embora. Nina precisava ir ao banheiro, deixando Ana sozinha, que aproveitou para mais uma pausa para fumar.
O clima parecia ainda mais frio ali em cima, mas a fumaça iria esquentá-la. Enquanto observava a rua mais vazia, percebeu o barulho da porta abrindo, o que deveria ser Nina.
– Você tem fogo?
Ana virou-se para observar Eduardo atrás de si, segurando um maço de cigarros e sorrindo para ela.
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Ana o entregou o isqueiro e ficaram alguns minutos em silêncio, inspirando ora a fumaça de seus cigarros, ora o ar gélido de uma noite de primavera que teimava em não ficar agradável, esquecendo-se de se tornar quente.
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– Alguns hábitos não mudam, não é? - disse ele. – Nós quatro vivíamos juntos, mas nossas pausas para fumar sempre foram uma coisa só nossa.
– E você sempre sem isqueiro, porque perdeu ele em algum lugar.
– Culpado. - respondeu, rindo para ela, enquanto atirava a guimba do cigarro num canteiro próximo ao guarda-corpo. 
Era quase palpável a tensão que se instalava quando os dois estavam sozinhos. Não precisavam conversar, não precisavam flertar ou o que fosse. Esse tempo já havia passado há muitos anos. E eles estavam cientes disso. Ana o queria, Eduardo a desejava e parece que o tempo não importava. O que quer que seja que eles tivessem não mudava com isso. Podiam não saber sobre o outro, se afastar, não conviver… Mas bastasse estarem no mesmo lugar para aquela explosão de sensações retornar.
– Último do maço. - disse ele, segurando o cigarro entre os dedos de sua mão esquerda. Virou-se para ficar de frente para Ana, que fez o mesmo. – Você tem fogo para mim ainda?
Uma pergunta um tanto dúbia, que fez ela o olhar confusa, enquanto erguia o isqueiro.
– Não é esse fogo que eu quero. - falou ele, olhando fixamente, passeando seus olhos entre os lábios dela, seus olhos, seu decote.
Ana não demorou em captar a deixa e segurou o rosto dele entre as suas mãos, tudo que Eduardo esperava para ter o consentimento dela, agarrando-a ali mesmo, querendo saciar a vontade que estava de tê-la.
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Sem se importar com onde estavam, tendo Ana em seus braços, Eduardo caminhava até a parede mais próxima, sem deixar de beijar toda a pele que encontrava próxima de seu rosto, o que fazia Ana suspirar e agarrar-se mais a ele.
Eduardo a colocou no chão e agora usava seus braços para tocar em todos os lugares que poderia, da sua nuca até o monte das nádegas de Ana, a puxava para perto, a apertava, invadia sua boca com a sua língua habilidosa. Ana mordia o lábio superior de Eduardo e deixava seus braços sentir novamente o corpo daquele homem.
– Ana, cadê você? - Nina falava próxima a porta. Ana e Eduardo logo paravam com suas carícias e, antes que Ana pudesse responder, Eduardo colocou a mão sobre a sua boca.
– Você quer ir lá com ela ou ficar mais um pouco aqui comigo? - disse ele, com uma mão sobre o rosto de Ana e a outra acariciando a pele de sua coxa que estava enrolada no quadril dele. Ana não respondeu nada, mas também não mostrou nenhum sinal de que queria sair dos braços dele.
Sem quebrar o contato visual, Ana e Eduardo aguardavam enquanto os passos dos saltos de Nina se tornavam cada vez mais baixos, indicando que Nina se afastava. Assim que não ouviram mais nada, Eduardo sorriu e piscou o olho direito para Ana.
– Ótima escolha. - falou ele, enquanto descia sua boca para o pescoço dela.
Ana ficou sentindo-se um pouco culpada de ignorar a amiga, mas logo perdeu-se nas sensações provocadas por Eduardo. Nina entenderia, não é?
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solisimmer · 1 month
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MODELS SERIES - EP 11
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Saudades de quando Nina era minha parceira, saudades eternas! Trabalhar com ela era fácil, divertido. Talvez, isso se dê ao fato de que éramos tão novas e não tínhamos tantas preocupações. Bom, digo por mim, pois minha amiga sempre foi um poço de nervosismo e planejamento.
Eu já não tinha esse dilema. Me preocupava em ir bem na escola, não tão bem que fosse a melhor e não tão mal que fosse a pior. Queria ir bem nas fotos, mas, bem, eu sou bonita, e então não há esforço! Brincadeiras à parte, eu quero fazer as coisas bem, fazer com que dêem certo, mas preciso me divertir no processo. Então, trabalhar com a minha melhor amiga não poderia ser mais divertido.
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Aliás, poderia, sim. 
Nina estava há algum tempo com Lucas como fotógrafo e hoje lembro disso como algo que, para mim, era normal. Hoje eu vejo o quanto éramos malucas.
Nina vivia para todos os cantos com ele, à trabalho, e eu também, como se fosse a sua própria sombra, para não deixar os dois sozinhos. O que ajudou de certa forma… No início. Depois, acho que nem eles mais se importavam com a minha presença e ficavam como dois idiotas, que se olhavam como dois apaixonados e nunca haviam nem tocado a mão um do outro - e eu no meio disso. Que coisa triste.
Porém, como tudo tem um lado bom na vida, Lucas era amigo de Eduardo Newman, um dos modelos mais bem pagos da agência - e um esnobe filho da puta. Nunca havia sequer nos cumprimentado. Quando ele trabalhava com Lucas, estava somente com Lucas. E quando Lucas estava conosco, ele simplesmente sumia.
Saímos do local das fotos e entramos, para comer alguma coisa, pois já estávamos há umas quatro horas no stand externo fotografando com Lucas.
– Hoje o Lucas vai ficar até tarde fotografando. - disse Nina, mais para si do que para mim. – Uma pena não poder ficar para ver. - dizia, enquanto voltávamos para o stand.
– É uma pena mesmo, porque eu estou acabada hoje. Você não teria companhia.
– Ah, tudo bem… - respondeu Nina. – Acho que ele iria até preferir ficar com o amigo, mesmo.
– Hum, ele vai fotografar o Newman?
– Foi o que ele me disse. - “não seria nada mau assistir” pensei.
Assim que nos aproximávamos do stand, não encontramos Lucas, mas outro homem que eu não reclamaria nada de encontrar mais vezes. Embora não fosse dos mais simpáticos, o que Eduardo tinha de esnobe, tinha de bonito. Isso não posso negar.
Ele estava ali, no nosso stand, provavelmente esperando Lucas - pois eu não pensaria em outro motivo para ele estar ali. Eu já tinha visto várias fotos suas, catálogos, propagandas… Volta e meia, eu até via ele pelos corredores da agência, mas nunca tinha o visto tão de perto. Ele tinha uma pele bem cuidada, os cabelos escuros e sedosos caíam pelo rosto. Ele tinha brincos enormes nas orelhas e muitas tatuagens. Ele tinha uma postura ereta, até distraído, e tinha um cheiro bom. É um aroma que hoje eu conseguiria identificar até no meio de uma multidão: o cheiro próprio que emana da pele, misturado à uma fragrância masculina, cigarro e menta. 
As roupas sempre desenhadas ao corpo, como se fosse sob medida. O olhar sempre despreocupado e viril, despertando em mim, àquela mais nova e ingênua Ana, a maior curiosidade. Uma curiosidade que passou a ser um desejo, um objetivo.
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– Olá! - Nina foi a primeira a cumprimentá-lo. – Eduardo, né? Eu sou a Nina e essa é a Ana.
Eu fiquei surpresa. Nina não costumava ser a primeira a falar nas nossas interações, porém, quando se tratava do trabalho - ou de Lucas - ela costumava tomar iniciativa. Em contrapartida, minha língua estava paralisada, fiquei só assistindo ao que os dois falavam.
– Sim, tô sabendo. - respondeu ele. – Vocês sabem onde está o Lima?
– Quem? - perguntou Nina.
– O Lucas.
– Ah, claro. - respondeu timidamente. – Ele estava aqui conosco, acho que já volta. Você vai ficar até mais tarde com ele, não é?
– Sim. - limitou-se a dizer.
Nina tentou abordar mais alguns assuntos, mas logo ficou sem ideias. O cara não ajudava!
Alguns minutos após, Lucas voltou e direcionou-se ao amigo. Falaram sobre alguma coisa que eu não consegui ouvir, porém Eduardo parecia reclamar de algo e Lucas tentava argumentar, mas Eduardo o ignorava. 
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A conversa entre os dois não demorou muito e Lucas voltou até onde estávamos, o rosto cansado, mas o semblante um pouco melhor. 
– Estão liberadas por hoje. - disse ele, sorrindo para nós.
– Mas já? - falou Nina. E eu pensando “finalmente!”, estava cansada para caramba e a querida ainda queria continuar.
– Sim, pequena. Já verifiquei o material, está ótimo para o que pediram.
– Ah, então tudo bem. Nós já vamos indo, né, Ana?
– Espere… - disse ele. – Vocês não querem ficar? Pedimos um lanche mais tarde, levo vocês para o hotel depois.
Nina brilhava os olhinhos enquanto me olhava, esperando uma resposta. O que ela não me pede sorrindo que eu não faço chorando? No outro dia eu estaria com muito sono, mas minha amiga estaria feliz.
– E o Eduardo? - perguntei. – Não ia fazer as fotos com ele agora?
– Mudança de planos. Ele vai ficar aqui conosco, mas sem fotografar, vou só organizar algumas coisas para amanhã.
O estúdio estava quase deserto, muitas pessoas já iam embora, alguns ainda estavam guardando os materiais, arrumando cenários e nós quatro estávamos ali conversando. Eu mais concordava com o que Nina dizia do que propriamente conversava. Eduardo limitava-se a falar quando Lucas o chamava para a conversa e, cansada disso, fui até os cabides de roupas fingir que precisava procurar algo.
Para a minha surpresa, Eduardo me seguiu.
– Então, Ana… Esses dois são sempre assim?
– Assim como? - virei para perguntar e percebi que ele estava muito próximo. Recuei.
– Como dois namorados no jardim de infância. - eu ri do comentário.
– Só nos dias em que se vêem… 
– Ah, mas quando vocês não estão aqui, o Lima é um saco. Ele não para falar da Nina.
Opa! Essa informação era nova até então. Nina estava fazendo de tudo para não gostar do cara, pois pensava que não era mútuo, mas saber que ele estava exatamente como ela - enchendo um pobre amigo de informações sobre o seu afeto - mudava o cenário.
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– Ah, é? E o que ele fala?
– Fala tanto que eu parece que já conheço ela desde sempre. - falou e eu dei um leve sorriso. – Já sobre você, ele não comentou muito. O que eu preciso saber sobre você?
Cedo demais eu percebi que se há uma pessoa no mundo capaz de me deixar sem palavras, essa pessoa é Eduardo. E não é o que ele fala, mas a forma. O tom da voz, os olhos que correm pelo meu rosto enquanto me avalia, a presença imponente, eu não sei. Qualquer bobagem fica atraente saindo da boca dele.
Ele falou a idade dele, perguntou a minha, cinco anos de diferença. Falamos sobre viagens e descobri que ele também gostava bastante de passear por Londres, assim como eu. Além de modelo, estava estudando Educação Física e eu não pude me conter em pensar no físico abaixo daquele paletó - eu bem conhecia, mas somente por fotos. Conversamos amenidades, enquanto dávamos tempo para os nossos amigos conversarem. Em dado momento, eu parei de prestar atenção em Nina e fiquei somente conversando com ele, o observando, gravando na minha memória os detalhes sobre ele.
Ao final da noite, eu tinha uma outra opinião sobre Eduardo. Ele parecia ser fechado, mas poderia ser uma companhia bem legal. Ótimo ouvinte, bom papo e um colírio para os olhos.
– Eu acho que vou indo lá, meu carro já chegou. Ele - disse, apontando para o chão – vai levar vocês, né?
Assim que ele apontou, olhei para o local onde Nina e Lucas se encontravam, deitados no chão, olhando as estrelas. Eduardo somente sorriu e deu de ombros.
– Fica com meu número, se precisar de algo, só me chamar.
Falou e foi embora. Despediu-se dos pombinhos com um aceno de mão e, enquanto se afastava, me olhou e piscou um dos olhos. “O que aconteceu aqui?” pensei enquanto olhava o número novo na minha agenda de contatos.
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Esse foi somente o começo da minha desgraça e prazer na vida. Tão fácil como gostar dele é perceber que ele não vale nada. A pessoa mais desapegada, incrível, libertina e irresistível que conheço. Um ótimo amigo, parceiro, mas que nunca estará totalmente aqui, que não cria raízes e que eu não posso me dar ao luxo de me apegar demais, como já aconteceu.
Ele não doa totalmente a nada e nem a ninguém, mas isso não quer dizer que eu não possa aproveitar as coisas que ele tem para dar, não é mesmo? Universo, me sinto pronta!
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MODELS SERIES - EP 10
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Após finalizado o curto recesso, os modelos da Target voltavam às suas rotinas. Nina não conseguiu convencer o seu irmão a vir com ela, porém, deixou a semente plantada. Ela esperava ansiosamente por uma mensagem de Murilo, porém agora, usava o telefone enquanto dirigia por outros motivos. Hoje seria um dia cheio! Parte do trabalho seria realizado na agência e outro em uma loja de roupas do shopping da cidade. O que significaria viagens entre os dois lugares e pessoas - que estavam passeando no shopping - observando tudo, querendo ver e, às vezes, atrapalhando as sessões.
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Nina dirigiu-se para o shopping, mesmo que não fosse requisitada na parte da manhã. Dane-se, mas ela precisava saber de tudo. Imagina chegar somente à tarde e perceber que perdeu algo? Ana, por sua vez, preferiu dormir mais quinze minutinhos, que se tornaram trinta e atrasou-se no processo. Prometeu encontrar a amiga na agência depois, preferindo ir com a sua moto. 
Chegando na loja onde fariam as fotos, encontrou Nanda, já vestida com a roupa de banho que iria posar, conversando animadamente com um dos clientes. O que surpreendeu Nina foi ver a quantidade de pessoas que estavam ali àquela hora da manhã.  Mais clientes do que fotógrafos, modelos ou parte do staff. Pessoas de todas as idades circulavam pela loja, olhavam para as câmeras, conversavam com os vendedores a fim de saber mais sobre o porquê de tanto maquinário na loja. 
– Ô menina. - disse uma senhora, se dirigindo à Nina. – O que é tudo isso aqui hoje?
– Oi, bom dia. - falou Nina, educadamente. – Acontecerá um ensaio fotográfico aqui hoje.
– Ah, é? Sei… - disse a senhora, os olhos semicerrados ao avaliar as palavras de Nina. – E todo mundo vai tirar foto?
– Não, não… - Nina explicou. – Somente alguns modelos. Eu e a senhora - disse, movendo a mão entre si e a senhora à sua frente – por exemplo, não iremos.
– Hum, menos mal. Eu só queria comprar uma blusa para a minha neta. - Nina sorriu, imaginando o que se passava pela cabeça da senhora.
– Vem, eu posso lhe ajudar.
Nina mal sabia onde encontrar as roupas, porém não deixaria de ajudar àquela senhora. Após isso, assistiu a algumas fotos em que Nanda posava. “Não seria nada mal ter esse corpo e essa altura” pensou Nina.
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Mais de uma hora mais tarde, Nina chegava à agência. Como de costume, andava correndo pelos corredores, cumprimentando a todos e checando tudo. Enfim, encontrou Ana com o rosto um pouco inchado e ainda com a voz sonolenta.
– Chegamos quase juntas!
– Eu não acredito. - disse Nina. – Você recém chegou? 
– Não faz muito tempo… Estou aqui me escondendo de todos para que não me arranjem o que fazer.
– Aninha, você não existe! - disse Nina, rindo da Ana. – Que preguiça toda é essa?
– Eu me acostumei com o recesso, agora tenho que me acostumar a trabalhar de novo. - brincou e Nina só fazia rir.
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– Então eu vim te tirar do esconderijo.
– Vai ter que tirar nós dois, então. - disse uma voz ao fundo.
– Lucas? O que você está fazendo aí… Meu deus, vocês estão péssimos. - falou, se referindo a aparência dos dois, como se não tivessem dormido nada.
– Obrigado. Você tá linda… E eu estou aqui me escondendo também. Na minha sala.
– Essa não é mais a sua sala, tecnicamente, você é modelo agora.
– Uma vez fotógrafo, sempre fotógrafo. E tenho apego por esse lugar.
Nina não respondeu, enquanto Ana assoviou e riu de sua amiga. As paredes são testemunhas de tudo que já aconteceu nessa sala.
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As amigas saíram da sala de fotografia para o salão principal. Nina só faltava saltitar, tamanha felicidade de voltar ao trabalho, enquanto Ana pensava em quantas horas faltavam para voltar para casa.
– Você ensaia hoje? - perguntou Nina.
– Não, graças a deusa! - respondeu Ana. – Se eu tiver que sentar numa cadeira macia daquelas e ser maquiada por alguém, eu durmo.
– Eu não te aguento! - ria Nina. – Eu não vou ser também, mas queria fazer algo. Me sinto como uma barata tonta aqui sem fazer nada, sem Simone, sem esse tal Pierre, vou surtar, preciso ocupar a cabeça.
– Ocupar a cabeça para não pensar em um certo fotógrafo-barra-modelo?
– Ah, eu vou arranjar o que fazer! - disse Nina, ignorando o comentário da amiga. – E você, arranje algo também.
– Já estou indo, mãe. - respondeu Ana, ironicamente. Não entendia porquê Simone pediu para virem para a agência se mal teriam o que fazer durante o dia. Porém, apenas obedeceu.
Estar sem sua booker* e gerente, para Nina, era como estar perdida e sem um GPS. E embora não quisesse admitir, Ana estava totalmente certa. Ela não queria pensar em Lucas. Ou em colo ele estava bonito naquele cardigã cinza, ou em como o seu cabelo longo descia como uma cortina sobre o seu rosto, ou como as pontas eram onduladas e davam volume, como seus olhos verdes estavam intensos… E a barba por fazer? Não, ela definitivamente não queria pensar nisso.
Por isso, logo tratou de auxiliar o pessoal que estava gerenciando as roupas das fotos no primeiro andar.
– Nina, você poderia me fazer, tipo, um mega favor? - perguntou uma das colegas. Nina assentiu. – Acho que eu deixei uma das caixas de sapato lá no terceiro escritório da Simone.
Sim, quantos escritórios Simone tinha? Vários! Um para cada necessidade diferente. O terceiro era onde continha algumas roupas mais casuais, sapatos sociais, um divã e um computador, para os momentos de lazer (ou quem sabe não seria o esconderijo de Simone também?).
Nina dirigiu-se até o escritório. Bateu de leve na porta, ninguém respondeu. Checou a maçaneta, a porta estava aberta. Não encontrando ninguém e tendo uma tarefa por fazer, entrou. 
Entre as caixas, ela só precisaria encontrar uma caixa marrom, com a etiqueta que a haviam pedido. Procurava atentamente pela caixa que não percebeu quando alguém entrou, parando-se atrás dela.
– Precisa de ajuda?
– Ah! - Nina exasperou, tamanho o susto. – Você não faz barulho???
– Eu fiz, mas você parecia nem estar aqui.
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Lucas não estava tão perto que pudesse tocá-la, porém não estava tão distante que não pudesse sentir o calor que emanava do seu corpo. Nina queria que ele estivesse mais perto. Talvez algo em seu rosto a denunciou, pois foi exatamente o que ele fez.
– Como foi o recesso? - perguntou ele, centímetros próximo ao corpo dela. 
Nina colocou suas mãos sob o peito de Lucas, a fim de tomar mais espaço, mas foi enganada por sua própria atitude. A sensação do corpo de Lucas em seus dedos seria mais uma coisa que ela tentaria não pensar durante o dia e falharia malditamente.
– Foi tudo bem… - respondeu Nina, a voz mais lenta do que o normal. – E vo-você?
– O que vai fazer hoje depois de sair daqui?
– Vou para casa? - respondeu Nina com um tom de interrogação. Talvez não soubesse mais se iria para casa ou não. Lucas a deixava sem palavras, confusa e com um calor no corpo.
– Entendi. Você não quer fazer algo então…
De repente, houve um barulho da porta abrindo. Os dois se viraram para ver, porém Nina virou-se abruptamente, como se estivesse fazendo algo errado. Escondia o corpo miúdo atrás de Lucas e nem percebeu que seus braços o agarravam forte.
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– Desculpa atrapalhar, Simone me deixou o computador dela. - disse Ana, enquanto colocava as mãos no rosto. – Mas já saio, não quis…
– Simone já chegou? - perguntou Nina, repentinamente animada com a notícia (e ainda agarrada a Lucas).
– Chegou há pouco.
– Ótimo! - falou Nina, saindo da sala às pressas e deixando Lucas falando sozinho, embora animado com a interação.
Ana ainda encontrava-se pensativa. Lucas caminhou até onde ela estava.
– O que rolou aqui?
– Nada, estávamos só conversando.
– Agarrados?
Lucas riu.
– Bom, isso eu devo a você! - respondeu ele. – Mas, realmente, não estava acontecendo nada. - “eu bem que queria” pensou. – E eu estava mesmo querendo falar com você. Você quer tomar um café comigo?
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Ana e Lucas caminharam até a cafeteria mais próxima e conversavam para passar o tempo.
– Quantas doses de café você já tomou hoje?
– Parei de contar na quarta.
– Minha nossa! - respondeu Ana. – E então, o que você queria conversar?
– Acho que eu vou pegar leve com a Nina… Deixar rolar.
– Vocês vão me fazer ter cabelos brancos aos trinta anos, sabia? 
– Relaxa, eu também vou parar de falar sobre isso… - falou ele. – Ou você acha que eu gosto de te encher a porra do saco falando da Nina? Não! Eu odeio essa merda, eu só queria estar numa boa com ela.
– Lucas, acho que vocês estão numa boa.
– Ah, você acha?
– Eu acho que isso é o máximo que você vai conseguir dela. Pelo menos hoje. Dê tempo ao tempo. Calma na alma, homem!
– É, estou precisando relaxar mesmo… Mas eu me desconcentro perto dela, tenho vinte anos de novo!
– Bom, se você tivesse vinte anos, não acho que seria uma boa…
– Ah, você entendeu! - disse Lucas, suspirando. – Não vejo a hora do Edu chegar e ele nos arranja logo algo para fazer.
De repente, Ana sentia-se zonza, como se um zumbido alto soasse nos seus ouvidos.
– Edu? Edu Newman? - perguntou ela.
– Que outro Edu eu conheço?
– Ele vai chegar onde? 
– Aqui, ué. Quem você acha que me convidou para trabalhar na Target?
O caos. O apocalipse. A redenção. O prazer infinito. Eduardo Newman era o próprio pecado, uma montanha-russa de emoções, de aventura. Um espírito livre, assim como Ana, porém com a alma depravada e um dos grandes motivos de Ana ser como é. Destemida, implacável, superior, endeusada… Tudo aprendeu com ele. Porém, nunca conseguiu aplicar às lições com o próprio mestre. Ninguém pode com Ana, a não ser um certo modelo tatuado. A cabeça de Ana girava e entorpecia com tantos pensamentos. O mais alto ele dizia: “eu estou fodida”.
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MODELS SERIES - EP 9
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Assim como o esperado, após a primeira parte da sessão de fotos, todos tiveram um recesso de duas semanas.
Após a conversa com Lucas, Nina pediu que a deixasse em casa, apenas para pegar sua mala e direcionar-se ao aeroporto, onde pegaria o voo de Curitiba a Porto Alegre, para então, tomar outro transporte até Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, onde sua mãe morava agora. 
Como planejado ainda quando mais nova, Nina conseguiu comprar uma casa para sua mãe, uma casa aconchegante e afastada do centro. Nova Petrópolis é uma cidade turística, rodeada de verde e paisagens de tirar o fôlego, o sonho de Dona Cristina, mãe de Nina. 
Nina chegou em Porto Alegre de madrugada e, por odiar longas viagens de carro - ou moto - que não fossem de dia, já tinha reservado um hotel para a noite. Pela manhã, bem cedo, iria encontrar a mãe e o irmão.
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Logo bem cedo pela manhã, Nina pediu que trouxesse o carro que ela tinha alugado para passar essas duas semanas. Ele ainda demoraria um certo tempo para chegar, então desceu até o restaurante do hotel para ter o seu desjejum. Uma hora e meia depois, com o transporte já disponível e estacionado à frente do hotel, Nina teve ajuda de um dos recepcionistas, que desceu com suas duas malas, ajudou-a a colocar no carro e seguiu viagem. Se tudo corresse bem, a viagem demoraria, mais ou menos, duas horas.
Nesse ínterim, Nina seguia rumo à casa de sua mãe, sendo presenteada com belas paisagens. Muitas árvores, flores e montanhas poderiam ser encontradas, de diversas formas e espécies, ao caminho que leva à Serra. Isso foi um santo remédio para aplacar todas as preocupações que ela vinha tendo ultimamente e ali, em meio à natureza, pôde apreciar uma paz absoluta.
Pouco mais de duas horas depois, Nina chegou à casa de sua mãe, sendo recebida por Dona Cristina e Murilo, seu irmão. A casa era ainda mais bonita do que Nina se lembrava, com cores quentes, dando uma sensação de aconchego e lar, exatamente o que sentia ao estar com sua família. Não era uma casa grande, pois, nas palavras de Dona Cristina, “é mais fácil de manter limpa”. Porém, era uma residência e tanto! Como as demais casas originalmente serranas, foi construída no estilo enxaimel, em que as paredes são construídas sem utilizar pregos, com caibros verticais ou horizontais. Portas e janelas amplas, iluminando todo o local, dando um certo toque luxuoso à cidade, por ter tantas casas como essa. Não é à toa que chamam a área serrana de Europa Brasileira.
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– Uau, esse lugar continua um amor! - disse Nina, ao adentrar a casa e olhar ao redor. – Eu estava com saudade! Muita saudade. - falou, entrando em um abraço triplo com sua família.
– E eu então? - falou Cristina. – Meus dois bebês debaixo das minhas asas por duas semanas, eu não poderia querer mais nada da vida.
– Pois a senhora vai cansar dos seus bebês, de tanto que irei incomodar esse pestinha aqui. - falou enquanto bagunçava os cabelos de Murilo.
– Saaaaai, vai estragar o penteado! - exasperava o mais novo.
Nina e Cristina riam.
– E olha que nem é modelo para se preocupar tanto assim com o penteado. - falou Cristina.
– Não é porque não quer, já falei que ele pode vir comigo quando quiser. - respondeu Nina. – É só ele querer.
– E aí os dois longes de mim? Nem pensar, chega desse assunto. - Cristina falava e mexia as mãos no ar enquanto dava o assunto por encerrado. – Quanto tempo de viagem, meu amor?
– Muito! Estou exausta, preciso de um banho.
– Vamos levar suas coisas lá para cima e já preparamos a banheira.
– Ah, mas assim eu não vou querer sair daqui nunca mais! - brincou Nina.
– Ah, guria, não minta para sua mãe que é até pecado!
As duas brincavam e conversavam amenidades até levar tudo para o segundo andar.
– E onde está o Mamute?
– Ah, está escondido desde que notou presença de visitas. - disse Murilo.
– Eu não sou visita, oras!
Mamute era o gato medroso que morava com os Herrera, mas que, após ser conquistado, poderia ser o gato mais amoroso de toda Nova Petrópolis. Mas, é claro, isso se fosse conquistado.
– Preparei esse quarto aqui para você, tudo novo, limpinho, mas tem mais coisas no armário se precisar.
– Obrigada, mãe. Obrigada. - disse, segurando suas mãos e as beijando. – Eu precisava mesmo desse tempo aqui.
Cristina suspirou, conhecendo bem a filha que tem.
– O que houve, Marina? - disse, tomando um tempo para retomar a pergunta. – É sobre ele, não é?
– Como você sabe? - exasperou Nina. – Aliás, quem é ele? Você está se referindo a ele ele?
– Marina, meu amor… Eu sou sua mãe há 25 anos. É claro que eu sei tudo sobre você.
Nina a olhava com os olhos atentos, quase marejados, com um cansaço de quem sempre age como se estivesse tudo bem e que, na verdade, só quer correr para o colo de mãe. E foi o que recebeu, quando as duas deitaram-se e se aninharam na cama.
– Incrível… - disse Nina.
– Eu sei tudo sobre você e, o que não sei, uma certa melhor amiga me conta.
– Rá! Eu sabia! - falou Nina, balançando a cabeça em desaprovação. – Ana é uma fofoqueira.
– Não fale assim… Eu notei o quanto você estava distante esses últimos dias, estava reticente nas ligações, estranha, inquieta… - falava, enquanto olhava para o teto, lembrando das últimas interações com a filha. – Então liguei para Ana, estava preocupada com você.
– Eu entendo, mãe. De verdade… Eu só queria vir aqui e não falar sobre isso. Tudo bem?
– Tudo bem, no seu tempo. Mas lembre-se: “toda mágoa velada…”
– “É água parada.” - completou Nina. – Eu sei. Eu sei. Acho que não estou mais tão magoada. Até conversei com ele.
– Ah, é? - falou Cristina, tentando avaliar as reações da filha ao falar de quem foi inominável nos últimos anos. – E como ele está?
– Hum, acho que está bem. - Nina falava, agora olhando para as paredes, ao tentar recordar-se de Lucas. – Mais magro, cabelo maior… Continua muito brincalhão e educado. - falou essa última parte com um leve sorriso nos lábios, Cristina percebeu. Nina ficou série, pigarrou e continuou. – Ele está trabalhando conosco agora… Mas isso Ana lhe disse, não? - Cristina assentiu. – Hunf, o que mais ela falou?
– Nada de importante, o que me importa é o que você tem para me dizer.
Nina pensou e nada disse, aninhou-se mais aos braços de Cristina e continuou.
– Eu acho que… Não sei como me sentir perto dele. Eu só coloquei tudo para debaixo do tapete e agora ele vem e simplesmente sacode o tapete na minha cara.
Cristina sorriu.
– Minha filha, mas o que você está sentindo? Consegue nomear um sentimento, uma sensação?
Essa era uma tarefa que Cristina ensinou Nina desde cedo, a organizar as sensações e sentimentos, mesmo que num turbilhão de emoções. Começar aos poucos, devagar, ao nomear as coisas, fazer com que Nina conseguisse enxergar o que sente e, de fato, ver o tamanho real. Às vezes, tendemos a ver as coisas maiores do que ela são, então, nomear e categorizar é um ótimo exercício para ver as coisas como elas são.
– Estou nervosa.
– Sim, e o que mais…
– Confusa.
– Uhum, e…
– Feliz? - disse Nina.
– Feliz? - repetiu a mãe. – Você está me perguntando ou respondendo?
– Feliz. Eu estou feliz. - admitiu Nina. – Não saber dele, às vezes, me corroía por dentro. De raiva, de ciúmes, de saudade… Mas agora eu vejo ele e sei como ele está.
Cristina meneava a cabeça em concordância, aguardando Nina continuar o seu raciocínio.
– Mas eu também me sinto confusa, porque eu acho que eu não deveria me sentir assim.
– E por que não? - perguntou Cristina, mais para fazê-la pensar do que para saber a resposta.
– Porque isso significa que eu ainda sinto algo por ele, e não sinto. Pelo menos, não deveria. Nós nos machucamos, nos afastamos, falamos e fizemos coisas que prometemos nunca fazer.
– Promessas são para serem quebradas, minha filha… A grande maioria das promessas, infelizmente. - disse Cristina. – E sempre iremos machucar aqueles que amamos, ou ser machucados por eles… Somente eles podem nos ferir. Você não vai se decepcionar com alguém de quem não espera nada… Ou ser ferida por alguém que você não se importa, não é mesmo?
– Sim… - Nina disse, enquanto pensava e pensava, mas não conseguia dizer ao certo o que sentia. – Eu sinto muito medo de ser machucada de novo. 
– Nina, olhe em meus olhos… - disse Cristina, erguendo o rosto da filha para si. – “Só tememos por nós mesmos ou por aqueles que amamos.” - continuou Cristina e Nina completou:
– “Homem que nada teme é homem que nada ama.”
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Os dias se passavam tranquilamente para Nina, entre saídas ao bairro para sua habitual corrida, fazer compras com a sua mãe, conversar por horas com seu irmão (ou, ao menos, tentar acompanhar os assuntos que o rapaz mencionava). Nina se sentia mais leve, mais sossegada, mas sabia que isso era temporário. Logo teria que voltar à Curitiba e encarar a realidade: Lucas estava de volta.
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A tarde passava de forma preguiçosa e pacífica, os três conversavam animadamente enquanto tomavam café numa padaria próxima à casa da mais velha. 
– E se você fosse modelo, você poderia viajar para vários lugares comigo, ganhar o teu próprio dinheiro, conhecer várias pessoas… Seria uma vida agitada, um agito e tanto. - dizia Nina.
– E também iria matar a tua mãe de saudades. - completou Cristina.
– A senhora vai conosco, já disse.
– Nem pensar, não largo meu sossego aqui por nada.
– Tá vendo, Mu, o sossego aqui é mais importante que ter a gente por perto… - brincou Nina.
– Estou vendo!
– Um complô contra mim? E eu posso com isso? - brincavam os três sobre isso.
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Pouco antes de ir embora, enquanto pagavam a conta do que consumiram, Cristina chamou a atenção de Nina, pegando em sua mão para que a mais nova olhasse para si.
– Nina, minha menina… Eu quero que você seja feliz. Quero te ver feliz. Você merece isso, ok? Não se esqueça.
– Sim, mãe. Não vou esquecer.
– De verdade. Você não é perfeita, ninguém é… Você é uma pessoa com muitíssimas qualidade e que comete erros como todo mundo. Não se julgue tanto, okay?
– Okay.
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De volta à casa, Nina continuava a tentar persuadir o seu irmão a ser modelo. Ela pararia, se não visse a expectativa e curiosidade do mais novo. O grande quê da questão era Dona Cristina, não seria nada fácil para ela ver os dois filhos distantes, porém, tudo que ela queria era vê-los felizes e bem sucedidos.
– E onde eu iria morar? - perguntou ele.
– Comigo, ué. Onde mais seria?
– Mas você nem mora sozinha!
– Não seja por isso, compramos um apartamento só para nós dois, que tal? - disse Nina, piscando o olho direito para o irmão. – Mãe, vai ter o seu quarto sempre lhe esperando, hein!
– Você já já vai embora e vai levar seu irmão junto, não é?
– Estou tentando! - brincava Nina. – Mas está difícil.
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O último dia de Nina na casa de sua mãe chegou tão rápido que mal foi percebido. Cristina sentia não ter tido tempo suficiente com Nina, pensava em lhe falar mais, em lhe cuidar mais, porém, sabia que o que a filha precisava era tempo para lidar com tudo. 
Até o último dia, Nina tentava conquistar a atenção de Mamute, sem muito sucesso, pois o gato só queria manter a distância social de Nina e aparecer o mínimo possível em qualquer lugar que ela estivesse.
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– É, não foi dessa vez, mana. - disse Murilo, ao aproximar-se de onde os dois estavam, Mamute com as patas no rosto de Nina, tentando, de toda forma, distanciar-se o máximo possível dela.
– Por agora, desisto… Mas eu perdi a batalha, não a guerra. Ouviu, Mamute? - disse ela, enquanto soltava o bichando no chão. – E você, já fez suas malas para ir comigo?
– Mamãe que nem ouça você dizer isso… - Murilo sentou-se próximo a irmã e disse. – E que ela não me escute falando isso, mas talvez seja legal.
– Mas é claro! - Nina exasperou, enquanto o abraçava. – Sem pressão… Mas, só me dizer quando e estarei aguardando.
– Vou pensar.
– Pense mesmo, pense bem. Vou estar a uma ligação de distância.
Assim que Cristina adentrou à sala onde estavam, trocaram o tópico para os últimos jogos em que Murilo estava entretido ultimamente. Nina escutava tudo com atenção, como se estivesse entendendo do que se tratava. Cristina balançava-se na cadeira de balanço escutando as conversas e risadas dos seus filhos como se fossem música para os seus ouvidos.
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Em Curitiba, os dias tinham se passado sem muitas emoções. Ana decidiu passar todos os dias em um clube aquático privativo, à sombra de um bom guarda-sol, enquanto deixava para entrar na piscina somente após o sol se pôr.
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Porém, a sua alegria não durou muito, pois assim que estava todos os dias sozinha, curtindo sua própria companhia, um dos sócios do lugar não a deixou mais em paz, querendo a todo custo ter assunto, ter a atenção de Ana. “Ah, pronto… Não se pode ser feliz sozinha que vem um macho de não sei de onde querer encher a porra do saco!” pensou ela.
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– Podemos aproveitar mais, tenho entradas para um clube mais a tarde e…
– Não, não tenho interesse.
– Qual é, lindinha. Posso te deixar mais alegrinha e…
– Já vim alegre de casa. Aliás, eu estava. Agora estou entediada. - falou, enquanto o deixava falando sozinho.
Após esse dia, Ana decidiu não frequentar mais o clube. O que foi uma pena, pois, dois dias após o ocorrido, Lucas começou a frequentar o lugar, não se rendendo ao calor que fazia naqueles dias.
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Lucas praticava saltos e nadava como se dependesse disso. 
Conseguiu conhecer algumas pessoas. Em especial, uma mulher que aparentava ter a mesma idade que ele. 
– E hoje é meu último dia livre, amanhã já volto a trabalhar.
– E no que você trabalha mesmo?
– Sou fotógrafo. - disse ele. – Na verdade, no momento estou trabalhando como modelo também e…
– Uau, eu acho que nunca falei com um modelo. Parece ser muito interessante!
– E é mesmo!
Conversaram por minutos a fio, até que ele teve que ir embora.
– Bom, a conversa está legal, mas está ficando tarde.
– Ah, que pena… - disse ela.
– O dever me chama bem cedo amanhã.
– E você vai continuar frequentando o clube? - quis saber ela. – Você sabe, podemos nos encontrar novamente.
– Ah, quando eu puder, certamente. Eu adoro nadar.
– E eu adorei conhecer você. - falou ela, maliciosamente. – Mas, já que você não sabe quando vem, fica com o meu número. Quem sabe a gente não marca alguma coisa sem ser no clube, não é mesmo?
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Lucas achou aquilo, no mínimo, estranho. Porém, não conseguiu dizer não e salvou o número da recém conhecida.
“É tão fácil assim conseguir um número?” pensou ele. Porém, da única pessoa que ele queria, ainda não obteve sucesso.
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"Toda mágoa velada é água parada" - Água Contida, por Pitty.
"Só tememos por nós mesmos e por aqueles que amamos. Homem que nada teme é homem que nada ama." - Medo, por Pitty.
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Próximo episódio: aqui
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Por direitos autorais, as músicas não serão mais adicionadas no episódio, mas você pode curtir ouvindo a playlist no Spotify aqui.
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solisimmer · 1 month
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MODELS SERIES - EP 8
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Eu não devia ter aceitado. Não devia. Agora estou aqui, na casa do inimigo, sendo metralhada pelas lembranças e pela culpa. Ele levantou-se e foi preparar um chá para nós e tudo que consigo pensar era no quanto fui feliz aqui.
Eu lembro cada canto desse apartamento, cada aroma, era o meu porto seguro, a minha segunda casa.
Fui ao céu e ao inferno nesse lugar e me perco pensando: e se eu pudesse voltar no tempo? Se eu pudesse falar com aquela Nina? O que eu diria a ela? Eu faria tudo diferente? Tudo igual?
A verdade é que se eu pudesse, eu certamente seria ignorada. Eu sempre demorei a fazer o que queria, mas, uma vez que eu tivesse decidido, nada e nem ninguém poderia mudar a minha opinião. Se eu pudesse falar com a Nina de anos atrás, ela me deixaria falando sozinha, se levantaria e acharia algo melhor para fazer do que escutar alguém lhe dizer o que fazer com a própria vida.
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Porém, essa menina-mulher foi quem me presenteou com as mais belas lembranças, as melhores experiências e, se não fosse por ela, eu não seria metade da mulher que sou hoje. Sozinha, sempre lidando com tudo, guardando a timidez no bolso e dando a cara a bater. Eu jurei a mim mesma, ou ela jurou, que nunca deixaria ninguém a parar. Seria a melhor em tudo que se propôs e daria uma vida diferente para a sua mãe e irmão. E conseguiu.
Mas, e a vida melhor para si? Estava satisfeita com a vida que eu consegui para ela?
Tudo que eu queria, às vezes, era o que ela tinha. O porto seguro, um colo para se esconder do mundo, um amor que parecia indestrutível e para sempre, mas que durou alguns meses. Porém, foram os melhores meses, aqueles em que ela agarrava-se às lembranças, quando as coisas ficavam difíceis demais.
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Mesmo que nunca mais fosse acontecer, ela tinha isso para se conformar: foi real, aconteceu.
Eu tenho isso para me conformar, mas talvez isso não seja mais o suficiente.
Lucas era melhor somente vivendo nas minhas memórias. Ter ele aqui agora, ao meu lado, me enche de mágoas e não hesito em levantar minhas defesas. O que quer que ele tenha a me dizer, eu tenho mais.
Lucas voltou, avisando que deixou o chá na cozinha, mas queria logo conversar. O chá esfriou, assim como meu coração. Eu não queria ouvir o que ele tinha a dizer. 
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Eu comecei a me arrumar mais do que o necessário. A usar maquiagem antes mesmo de ir trabalhar - o que deixava os maquiadores loucos comigo, pois teriam que remover tudo, antes de me maquiar. Porém, eu queria estar bonita, me sentir mais atraente, mais velha. Se eu não fosse modelo desde criança, acho que nunca seria. Eu era muito magra, peitos quase inexistentes, falhava malditamente em parecer mais atraente. Minha altura não me ajudava muito, um metro e cinquenta e cinco no meio de tanta gente ridiculamente alta. E isso nunca me incomodou, de jeito nenhum, mas agora, parecia que eu travava uma batalha contra mim mesma, não estava satisfeita com o que vinha no espelho.
Eu estava insuportável, nervosa, não conseguia me entender bem.
– O que está acontecendo, Nina? - perguntou Ana. – Você está estranha esses dias…
– Amiga, você já se apaixonou? - perguntei, de supetão.
– O que? - perguntou. – Isso tem algo a ver com você agora? Você está gostando de alguém?
– Eu não sei. - disse, colocando as mãos sobre o rosto. – Eu não sei o que estou sentindo, mas me sinto estranha quando vejo ele… 
– Ele quem? - Ana perguntava, o semblante confuso, atenta a mim. – Eu conheço?
– Ah, com certeza… - suspirei. – E tem algum lugar que eu vou que você não vá?
– Isso é verdade. - sorriu. – Mas eu não faço ideia, amiga.
– O fotógrafo.
– Mauro? - exasperou.
– Não, está doida? - eu ri, Mauro era o fotógrafo mais antigo da casa, nos tratava como filhas, nos contava muitas histórias de suas viagens, de sua experiência na fotografia. Eu o via como um pai, quase avô.
– Amiga, não me assuste assim, socorro! - ríamos juntas. – Eu ia agorinha mesmo te sacudir até o seu cérebro voltar para o lugar. - disse, me pegando pelos braços e ameaçando me chacoalhar. – Mas então, que fotógrafo?
– Lucas.
– Ahhh… - falou, pensativa. – Bom, bem melhor que o Mauro. - brincou.
– Cala a boca. - falei sorrindo, empurrando-a. – Mas você sabe o quanto é difícil trabalhar com ele? E ele é tão educado e querido e, nossa, tão cheiroso e a gente conversa sobre tudo e, bom, você sabe que não sou muito dada a conversas e…
– Uau, ele te pegou de jeitinho, não foi?
– Você não está me ajudando. - disse séria.
– Nina, eu te vejo falando de um cara pela primeira vez nos mais de 10 anos que te conheço. Estou surpresa, ainda absorvendo tudo.
– Eu não sei o que fazer… E ele me vê como uma adolescente, sempre brincando comigo, e falando da minha altura, comprando coisas, me cuidando… Eu queria que ele me visse mais do que isso, sabe? - Ana suspirou.
– Nina, eu não sei o que te dizer, amiga. Além de “tome cuidado”. - olhei-a, pensativa. – Ele é uma pessoa mais velha, mais vivida… Você disse que ele vive brincando contigo. Vai que ele queira só brincar? - fitei minhas mãos, derrotada. – Eu odiaria ter que sumir com o corpo dele!
– Ai, amiga. - suspirei, tristemente. Nem a tentativa dela de me fazer sorrir me deixou mais aliviada.
– Brincadeira, vem cá. - disse, logo me abraçando.
– Você sabe que não posso gostar de alguém agora.
– Eu sei? - disse Ana, confusa. – E por que mesmo?
– Preciso terminar logo a escola, preciso conseguir a bolsa de estudos para a faculdade, já tenho tudo planejado e…
– Ei, ei, ei. Temos 17 anos! E o que você precisa é viver… A vida não liga para os nossos planejamentos.
– Mas vai facilitar muito mais ter tudo planejado. E isso - disse, mexendo minhas mãos no ar – definitivamente não estava nos meus planos.
– Vamos dar um jeito. Você sempre dá um jeito para tudo. - Ana falou, tentando me animar. – Sei que isso vai tirar de letra também.
– Mas eu não quero gostar dele. Não posso. - falei, decidida e um pouco chateada. – Você me ajuda?
Ana suspirou.
– Bem, só me diga o que fazer.
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Ana e eu éramos diferentes em tantos aspectos, mas nos completávamos como ninguém. Ela fala o que tiver na cabeça, antes de eu perguntar, e agradeço aos céus por isso, pois eu detesto perguntar. E eu não gosto de falar sobre mim também, e ela tem um poder incrível de saber o que estou sentindo sem eu precisar dizer. Ela apenas espera e espera e espera, até que eu esteja pronta para falar.
Tem sido assim por quase 20 anos agora. Nas nossas primeiras parcerias em comerciais. Primeiros catálogos infantis. Ela é a irmã mais velha que nunca tive, embora apenas alguns meses mais velha. E eu, bom, sou a irmã que ela nunca teve.
Seus pais só tiveram uma filha e, às vezes, eu acho que não queriam ter nenhuma. Sempre viajando, sempre ocupados. Somente com dinheiro acharam que poderiam suprir as necessidades da filha. As melhores roupas, melhores aparelhos eletrônicos, a melhor escola - que por sinal, graças a ela, também, pude estudar como bolsista nos últimos dois anos do ensino fundamental e ter feito todo o ensino médio. Ter a minha melhor amiga junto, na escola, no trabalho, nas horas livres, poderia fazer qualquer um enjoar, se não tivesse a relaç��o que temos. Eu a amo tanto. Eu posso não saber quem é o amor da minha vida, mas sei com toda certeza que é o amor para a minha vida: Ana Ambrósio.
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Como prometido, Ana estava tentando me ajudar a superar Lucas. Tudo que pedi foi que não nos deixasse sozinhos. Então, ia para todos os lugares comigo, nós três estávamos inseparáveis - e sinto que talvez ela estivesse ficando amiga dele, o que não ajudava muito. 
– Amiga, ele é tão fofo. - disse Ana. – Sério, não sei porque você não deixa essa bobagem de esquecer e vai logo para cima dele.
– Tá louca, só pode… - disse, enquanto nos deslocávamos da sala de fotos. – Vai você para cima dele.
– Nah, obrigada… O amigo faz mais o meu tipo.
– O tatuado?
– O próprio. - falou, cheia de risos. – Lucas bem que podia nos apresentar, né?
– Você não está me ajudando em nada, está é se ajudando! - exasperei, rindo dela.
– Ah, você sabe, é o meu jeitinho.
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Sem poder corrigir o passado, volto para o presente, com um Lucas muito sério me encarando.
– Tem alguma forma de podermos conviver sem esse clima estranho? - perguntou. – Eu já entendi que não podemos ser amigos como antes, perdemos tudo aquilo, estou há dias tentando forçar algo que não existe mais, somos dois estranhos. Mas eu quero te conhecer de novo. E quero que você me conheça também.
– Eu preciso pensar. - respondi. – Não posso dizer que não estou magoada ou desconfiada, eu estaria mentindo. - suspirei, pensando no que dizer. – Mas somos adultos, não precisamos desse clima.
– De acordo.
Ficamos alguns minutos em silêncio.
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Eu levei muito tempo para aprender a viver sem ele. Nossa, o quanto isso parece absurdo.
Eu, que era tão organizada, tão centrada, fiz de Lucas o Sol do meu sistema solar. Levei tempo demais para aprender a sobreviver sem ele. E aprendi a viver, segui meus planos, consegui minha bolsa, estudei, me formei, fiz uma vida sem ele. Tenho um nome sem ele.
Por que ele ainda tem tanta influência sobre mim? 
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Por direitos autorais, as músicas não serão mais adicionadas no episódio, mas você pode curtir ouvindo a playlist no Spotify aqui.
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“Eu posso não saber quem é o amor da minha vida, mas sei com toda certeza que é o amor para a minha vida” e você sabe que é você, my fucking best friend.
Próximo capítulo: aqui
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solisimmer · 1 month
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MODELS SERIES - EP 7
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Após finalizar a graduação em Fisioterapia, que, quando eu era adolescente, era meu sonho… Bom, no auge dos meus 22 anos, não me parecia mais uma escolha tão certa. Então, agora, com 24 anos, estou iniciando a carreira de fotógrafo.
Inicialmente, eu apenas fotografava cenas na natureza, pessoas ao ar livre, mas eu queria mais. Comecei a aplicar, de forma gratuita, pacotes de fotografia, para montar meu portfólio. No início, ninguém interessado aparecia. Após dois meses de divulgação, começaram a aparecer pessoas e mais pessoas e, finalmente, consegui material suficiente para poder me colocar no mercado.
Infelizmente, para o que eu queria - fotógrafo de moda -, as coisas não pareciam ser tão fáceis. É um ramo muito fechado, muito seleto e, se você não cresceu dentro disso ou não tem contatos, você não entra, ponto final.
Mas, como sou insistente, não desisti com isso e tentei pensar numa forma de me encaixar.
Numa das cadeiras que tive na faculdade, lembro de estudar com um cara que era modelo. Porém, ele não era da Fisioterapia. Enfermagem? Não. Odontologia? Não, nem pensar. Lembro de ter aulas com ele nas matérias de corpo humano. Levei alguns dias para lembrar de que essa tal pessoa era de Educação Física e, mais dias ainda, para lembrar o nome dele: Eduardo Newman.
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Eduardo tinha apenas 22 anos na época e não era muito difícil encontrá-lo. Ou seria nos corredores, em alguma festa, pouco na sala de aula. Com sorte, ele ainda não havia finalizado o curso e pude encontrá-lo nos corredores da faculdade. 
– Oi, Eduardo, certo?
– Oi, eu, sim. - respondeu, me avaliando e percebendo que eu estudei com ele antes. – Você é colega, né?
– Sim. Bom, tecnicamente, não mais. Me formei semestre passado… Fisioterapia.
– Entendi. - respondeu, agora confuso. – E?
– Bom, vou direto ao ponto… Sei que você é modelo e eu estou distribuindo meu portfólio, porém, o que eu gostaria de fazer mesmo é com moda, então…
– Espera, qual o seu nome mesmo? - Eduardo perguntou e respondi. – Certo, Lucas. Não precisamos de fisioterapeutas na agência, mas…
– Sou fotógrafo! Meu portfólio é de fotografia.
– Ah. - apenas soltou, como se estivesse entendendo agora. – E você quer que eu te consiga um “trampo” lá?
– Bom, se você ao menos pudesse entregar o meu portfólio para alguém lá… É bem difícil entrar nessa.
Eduardo me olhava como se me avaliasse. Então, apenas moveu a mão nos ares, como se considerasse a ideia.
– Anota meu número aí e me manda o seu. Se aparecer algo, eu te aviso. - me avisou.
Não senti firmeza naquilo e cheguei a pensar que eu nunca mais teria informações sobre ele. Mas, sorte a minha, apareceu algo.
Eu havia começado na agência há poucas semanas, ainda estava me acostumando com a rotina e o pessoal, mas eu não poderia dizer o quanto estava feliz. Fotografar pessoas, roupas, cenários e ser realmente pago por isso era mais do que eu poderia imaginar. E o salário? De onde essas pessoas tinham tanto dinheiro? Eu estava nas nuvens.
Era uma terça-feira chuvosa, o clima não tinha dado uma folga, sem fotos externas, somente na agência. Parei perto das 19h e me desloquei até um café, próximo a agência. Estava vazio pelo horário e pelo tempo chuvoso. 
Quando estava me deslocando à entrada, percebi que havia uma mulher na chuva abaixo de uma lona, com o braço levantado, medindo a chuva, como se tomasse coragem para adentrar a chuva e atravessá-la. Fiquei poucos minutos observando-a, quando percebi um rosto familiar. Eu havia a fotografado, mais cedo. Marina. Ou Nina, como todos a chamavam. Demorei para perceber, pois sem toda a maquiagem, roupas luxuosas, Marina parecia apenas uma menina comum, jovem demais. Assim que percebi, decidi me aproximar.
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– Marina? - Nina virou-se assustada, os olhos arregalados, e a expressão suavizou quando me olhou melhor. – Sou eu, Lucas.
– Ah, oi.
Marina não parecia ser daqui. E nem conhecer as pessoas da agência. Para as fotos, era como se ela tivesse nascido para isso. Não precisava de esforços, dicas, comandos, nada. Ela via a câmera e as duas eram uma só. Porém, sozinha, ela parecia tímida e só se limitou em me agradecer assim que finalizamos a sessão e sair.
Ali, naquela chuva e toda assustada, parecia mais tímida ainda.
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– Você está voltando para a agência? Posso te dar uma carona. - disse, ignorando totalmente o café que eu iria comprar.
– Ah, bem… Na verdade, não. - disse, reticente. – Não hoje. Estava indo para o hotel.
– Hotel?
– É, onde eu moro. - Me senti confuso. Ela morava em um hotel? Por quê? – Não moro moro, eu moro às vezes. Eu moro em Porto Alegre.
– Ah, entendi… Bom, até Porto Alegre de carro fica um pouco ruim de eu te levar - brinquei. Ela continuava séria. – Mas posso te levar até o hotel.
Ela ficou quieta e olhava para o chão, como se procurasse algo, porém, acredito que só tomava tempo para pensar.
– Tudo bem. Eu aceito a carona.
– Ótimo, meu carro está logo ali.
No caminho até o hotel, que era 40 minutos de onde estávamos, soube algumas coisas sobre ela. Além de não morar aqui, passava algumas semanas a trabalho. 
– E seus pais? - perguntei. 
– Só mãe. - respondeu, enquanto fitava as próprias mãos. – Meu pai faleceu há alguns anos.
– Sinto muito. - e me senti um babaca por perguntar.
– Tudo bem… Mas a minha mãe, ah, ela sente minha falta sempre. Como se eu não fosse voltar.
Ouvi e refleti sobre isso. Para alguém que perdeu o marido, perder a filha, ainda tão nova, mesmo que fosse para o trabalho, não deveria ser fácil. Porém, preferi não comentar nada sobre.
Também soube que Marina estava no último ano do ensino médio, tinha 17 anos e tinha uma amiga que estava no hotel a esperando, que também trabalhava para a agência. Ela era modelo desde criança, fazendo propagandas e fotos para produtos gaúchos. Depois, fora do estado, foi crescendo e emancipou-se aos 15 anos, por influência de uma das grandes da agência, disse que seria mais fácil para os próximos trabalhos.
Após os 40 minutos, ela não se parecia tanto com a menina tímida da primeira impressão que tive. Ela era falante, comunicativa, curiosa e muito inteligente. Era fácil conversar com ela.
– Está entregue. 
– Bah, muito obrigada! - disse, olhando para mim, enquanto tirava o cinto de segurança. – Te devo uma!
– Deve nada. - respondi, sorrindo. – Te vejo amanhã?
– Ah, não. Hoje voltamos para Porto Alegre. Escola e afins.
– Ah, claro.
– Mas volto para o final de semana. 
– Até lá então.
– Até!
Aguardei até que entrasse no hotel, mas antes de entrar, virou para trás e acenou a mão.
Nos tornamos parceiros na agência. Mais do que isso, nos tornamos amigos. Eu gostava de tirar fotos dela. Com ela. E gostava de implicar com ela. Ela era uma pessoa muito fácil de irritar, mas tão rápido quanto se incomodava com as minhas brincadeiras, logo estava rindo de mim e comigo. E ela tinha uma risada tão gostosa de ouvir. Ir trabalhar nos dias em que eu sabia que ela estaria na agência era maravilhoso.
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Os meses passaram e eu estava cada vez mais envolvido com ela, como se tivéssemos um magnetismo e eu a seguisse em qualquer lugar que fosse.
Eduardo tinha se tornado o meu melhor amigo nisso tudo. Além de conseguir o trabalho graças a ele, ele me fez prometer que eu faria as fotos dele, tudo para se livrar de um fotógrafo que ele já tinha tido algumas desavenças. Eduardo era conhecido e, ao que parece, conseguia tudo que queria, tudo para que pudessem ter o seu rosto estampado em qualquer lugar que quisessem.
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– Então, qual é a da ruivinha? - perguntou Edu, enquanto sorvia o líquido gelado da long neck.
– O que tem ela?
– Eu que te pergunto. Vocês vivem para cima e para baixo. Até quando você nem tá trabalhando, você tá lá atrás dos ensaios dela. 
– Eu gosto da companhia dela. Gosto de ver ela trabalhar. Aprendo bastante.
– Sei… - disse, com um tom de ironia na voz. – Imagino o quanto deve aprender com ela.
– Ah, cala a boca! - falei rindo. – E a sua amiga?
Eduardo havia convidado uma amiga para a nossa noite de hoje. Lucy. Nas palavras dele, ela queria me conhecer, mas até onde eu sabia, havia algo entre os dois.
– Lucy vai encontrar a gente na boate, não aqui. - limitou-se a dizer.
– Boate? - perguntei, eu detestava boates. – Você vai me arrastar para lá e depois eu te arrasto podre de bêbado para casa, isso?
– Isso se a Lucy não arrastar você antes.
Contra a minha vontade, fomos para a tal boate. Conheci Lucy, muito bonita e falante. Conversava sobre qualquer coisa, literalmente. Para a minha sorte, pois eu não sabia mais o que falar.
Ela nos encaminhou para a pista de dança e eu não tinha mais sinais de Eduardo, mas isso era o de menos. Estava com uma bela morena e ela parecia querer algo comigo. Dançamos umas duas músicas até que senti ela se aproximando e, repentinamente, me beijou.
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Eu até poderia ficar surpreso, mas não é como se ela não tivesse dado sinais a noite inteira. Também poderia ficar surpreso de ver ela e Eduardo juntos, se beijando, se não tivesse desconfiado disso muito antes de conhecê-la.
O que quer que eles tivessem, não era exclusivo. E assim que me aproximei dos dois, ela me agarrou. Eduardo continuava como sempre, como se nada importasse, como se a vida fosse um morango. Depois desse dia, temos essa relação de amizade e algo mais que amizade. Nenhum sentimento envolvido.
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Isso funcionou por bons meses, porém, quanto mais próximo eu ficava de Marina, mais estranho eu me sentia com isso. Não que eu devesse algo a ela ou qualquer pessoa, mas Marina me fazia pensar em coisas que eu não devia pensar. Me fazia sentir coisas que eu não deveria sentir.
A gota d’água foi quando, numa noite normal com Lucy, eu simplesmente não conseguia parar de pensar no ensaio que tive com Marina. O quanto ela estava linda, no modo como ela me olhava… Caralho, eu só podia estar maluco.
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– Lucy, Lucy… - disse, parando as suas mãos, que já haviam desabotoado a minha camisa, e estavam prestes a tirá-la. – Acho melhor pararmos por aqui.
– O que? - disse, incrédula. E posso jurar que sentia um pouco de rejeição no tom da voz dela. – Você não quer hoje? Está cansado? Eu posso…
– Eu acho que a gente devia parar com isso. 
Me levantei da cama e estava abotoando minha camisa novamente quando ela disse.
– Rá, Edu estava certo… É aquela garota, né? - Engoli em seco e ela continuou. – Lucas, sabe que eu te amo como amigo, né? - assenti. – Mas ela não está nem aí para você. E além do mais, ela é o que, 10 anos mais nova do que você?
– Sete. Quase seis. - limitei-me a responder.
– Bom, se você não me quer, tudo bem. Mas não é ela que vai te querer. - disse, me jogando um beijo e saindo do meu quarto.
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Eu não me importava de não poder ficar com Marina. Ou de que ela não me quisesse. Eu só não conseguia querer mais alguém que não fosse ela. Eu estava fodido.
E agora, oito anos depois, eu continuo no mesmo dilema. Eu não sei se um dia ela vai me querer, sendo que continuo querendo-a como um maldito obcecado. Edu costumava dizer que eu era o paparazzo dela. Droga, eu seria. Mas quero respeitar o espaço dela. Ainda mais que hoje eu sei como é quando ela me quis. Eu só preciso ter paciência e aceitar o que quer que ela queira. Eu só espero que seja eu.
Novamente, num dia de chuva. Ela continua linda como a primeira vez. Agora, ela não tem mais o olhar ingênuo e inocente. Ela parece uma loba, uma raposa, com seus olhos cheios de algo que não consigo identificar, mas cheios de sentimentos. E qualquer coisa agora é melhor que a indiferença. Eu quero que ela me ame, me odeie, grite comigo, que faça qualquer coisa, mas que seja direcionado a mim.
Eu tenho tanta saudade, tantas coisas para dizer. Convidei-a para ir a minha casa, só espero que ela aceite.
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solisimmer · 1 month
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MODELS SERIES - EP 6
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Após os últimos acontecimentos, as modelos Nina e Ana tentavam recuperar a dignidade com skin care. Nina cuidava de sua higiene pessoal, preparando-se para dormir e ter energias suficientes para o dia que viria a seguir, enquanto Ana usava máscara facial, preparava seu banho e fingia demência sobre tudo que aconteceu.
Se eu evito o problema, ele não existe, não é mesmo?
Porém, a primeira fase do luto é a negação. Ana negava a si mesma, dizia que tudo não passou de um mal entendido, que todos podem ter relações de uma noite e se arrepender e, ainda sim, viver em harmonia.
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O problema é que, após a fase da negação, vem a fase da raiva. Ana conseguia ser ótima em manter uma boa política, boa convivência, como toda libriana. Mas se em ser boa ela é ótima, em ser ruim ela é terrível. Equilíbrio é tudo. 
Assim que o sentimento de rejeição vir à tona, que os céus ajudem quem estiver por perto de Ana.
O primeiro dia das fotos para a campanha de casamento estava iniciando e vários modelos já se dirigiam ao local, assim como toda staff da agência. 
Alguns modelos, principalmente os de Pierre, ainda chegariam no decorrer dos dias em que teríamos o ensaio.
Para a sorte de Nina, Lucas havia sido escalado com duas modelos, nenhuma delas era ela. Mas uma era Ana, que até se ofereceu, mais cedo, para falar com Simone e colocar Nina no seu lugar.
– Eu te mato! - disse Nina. – Você que não invente isso - falava, enquanto andava apressada pelo corredor. – Simone que nem sonhe com isso. E outra, ela não é de mudar as coisas de última hora.
Ana escutava e ria da amiga.
– Okay, você que sabe… Eu não me importaria... - falou, dando de ombros. – Talvez seja mais uma oportunidade dele pedir o seu telefone.
Nina não respondeu, apenas sorriu e revirou os olhos.
Lucas posava com Ana e Nanda que, embora não fizesse parte do grupo das pessoas que vieram com Pierre, ainda era considerada nova. Há poucos meses havia iniciado na equipe e não era muito de se enturmar e sair com o grupo, fora do trabalho.
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Ela sentia-se como Wanessa, ainda que com menos tempo. Não conhecia muitos, não conhecia Curitiba e, talvez por isso, a pessoa de que era mais próxima era a sua igual, Wanessa.
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Lucas e Nanda posavam para as fotos no espaço interno, numa das salas de casamento intimista, normalmente usado para casamentos com menores convidados, casamentos no civil, antes da grande cerimônia de casamento religioso. Esse espaço era chamado de Petit Room.
A sala contava com tons de rosê e dourado em todos os detalhes, cortinas se entendiam desde o alto das janelas, que eram imensas, devido ao espaço em pé direito alto. A acústica, por sua vez, não era das melhores, já que não dava para conversar sem emitir um eco pelo lugar.
A sala, que só tinha os dois modelos e mais o staff, agora também contava com Ana. Ela foi requisitada para posar para algumas fotos sozinha enquanto aguardava Lucas. Eles iriam para o local aberto mais visitado da cidade: o Jardim Botânico.
O contraste nos vestidos de Ana e Nanda era notável; enquanto Nanda usava um vestido justo e sem volume  para um casamento em local fechado, Ana usava um vestido de noiva em estilo princesa, com o decote em coração e straps em apenas um dos braços, muito elegante e perfeito para um casamento ao ar livre.
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Ana posava para as fotos no modo automático e se saía muito bem, graças aos anos de experiência. Sua cabeça estava nas nuvens, ou melhor, na conversa que teve há alguns minutos, antes de ser chamada para a Petit Room.
Antes, Ana estava pronta para as suas fotos quando direcionou-se à sala de espera, para aguardar ser chamada, quando encontrou Wanessa fazendo o mesmo. É desnecessário dizer o quão desconfortável Ana se sentia nesse momento, porém, Wanessa não estava muito atrás nisso. Ficaram se olhando por alguns minutos, até que Wanessa se aproximou e tentou iniciar um assunto.
– Você irá posar com aquele rapaz novo… Lucas, certo?
– Isso. Mas não será aqui, vamos para o Jardim Botânico. - respondeu, avaliando o rosto da morena. – Estou aguardando me chamarem.
– Hum… Bom, o meu par parece que nem vem, demorou mais que o esperado e chega por essa semana. Vou ter que ficar aqui e fazer as fotos sozinha, pelo menos.
– Nossa, que chato. - respondeu Ana. – E depois terá que fazer tudo de novo com ele.
– Nem me fala! - exasperou Wanessa. – Era só ter me dado qualquer outro par, ou me deixado sozinha…
– Isso é tão chato, né. Ter que depender da parceria de alguém. - disse Ana, lembrando que elas são parceiras e que isso, sabe-se lá como, poderia soar como algo ruim entre a parceria delas também. – Ainda bem que quando trabalhamos juntas, dá tudo certo. - respondeu, tentando se corrigir.
– Verdade. - Wanessa se limitou a dizer.
Ana a olhava e tentava entender. Wanessa se arrependeu quando acordou? Quando Ana foi embora? Se arrependeu assim que o ato aconteceu? Aliás, de qual parte, precisamente, Wanessa se arrependeu? De tudo? Eram tantas perguntas!
O que ela queria poder fazer, não poderia. Queria respostas, queria mais tempo, queria estar a sós, queria pegar em seu rosto e beijá-la. Porém, Ana estava voltando a aprender a dizer “não”, após muito dizer “sim”. Novamente, equilíbrio é a chave.
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No Jardim Botânico, Ana e Lucas posavam lindamente, quem visse, poderia dizer que eram dois pombinhos apaixonados. Então, além de modelo, fotógrafo e músico amador nas horas livres, Lucas também era ator?
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– Ela não fala comigo. De jeito nenhum. - reclamava Lucas. – Tentei uma abordagem mais amigável, sabe. Para quebrar o gelo… Mas eu acho que ela me odeia.
– Odeia não. - respondeu Ana. – Acho que só está muito recente, sabe. Para você, os anos passaram e para ela… Bem, é como se estivesse voltando no passado como se fosse ontem, mas ela não é mais a mesma de sete anos atrás, Lucas. Não temos mais 18 anos.
– Como não passou? Os anos não passaram só para mim. - devolveu Lucas.
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Ana parou de caminhar e o olhou, num pedido silencioso de que ele prestasse atenção nas suas próximas palavras.
– Lucas, meu bem… Não me deixe nervosa. - disse, olhando fixamente para o rosto de Lucas, séria, impassível. –  Não me deixa nervosa que eu não posso nem fumar com esse vestido. Você foi embora. Você fez uma vida. Você viajou, foi para o mais longe que pode…
– Ela me deixou primeiro, Ana. E não foi…
– Lucas, você estava namorando logo depois de ter ido embora! - exasperou Ana. – Pensa como pode ter sido isso para ela.
– Ela disse que não sabe nada de mim desde que fui embora.
– Bom, ela não sabe nada de você desde que começou a namorar. - Lucas a olhava e avaliava. – Na porra de quatro meses depois de terem terminado. Quatro meses, Lucas, porra! E com aquela ridícula!
– Eu não estava namorando, droga. - ele respondeu, enquanto começou a rir. – Por que todo mundo insistia em dizer que ela era minha namorada? Ela poderia muito bem ser namorada do Edu, andava tanto comigo quanto com ele.
– Edu não namora. - respondeu ela, friamente. – E “andar” não era bem o que ela fazia com vocês, não é? - disse, levantando as mãos para fazer o sinal de aspas, com sarcasmo na voz.
– Não vem ao caso. - disse ele. – Só sei que precisamos conversar, mas minha abordagem não tem sido das melhores…
– Lucas, amigo. - disse Ana, colocando as mãos sobre seus ombros. – Vou te fazer um favor e, talvez, a convivência na minha casa vai ser terrível quando Nina descobrir, porém, vou te ajudar de qualquer forma.
– O que você quer dizer com isso?
Ana e Lucas voltaram para o sítio onde as fotos eram tiradas, porém, pelo mau tempo, as equipes recolhiam os materiais externos e pediam para todos voltarem para as áreas cobertas do local. Ana tinha pensado numa forma de fazer com que seus amigos conversassem e a chuva vinha bem a calhar. 
– Estou dizendo, eles queriam que eu me preparasse toda para posar sozinha hoje e, então, quando o querido chegasse, fizesse tudo de novo. - dizia Nina, indignada. – Me recusei. Quando ele chegar, fazemos o que é para ser feito. E então me disseram que poderia ter atraso na entrega dos materiais, falei que a culpa não era minha, eu estou aqui no dia acordado.
– Amiga, que coisa chata, né? - respondia Ana, lembrando-se da conversa com Wanessa mais cedo. – Acho que é o mesmo parceiro da Wanessa, com ela aconteceu o mesmo.
– Somos azaradas. - disse ela. – E vocês, como estão?
– Rá! Não tem “vocês”. Wanessa está bem, eu estou bem, todos felizes e paz na Terra.
– Ai, amiga. Ela realmente disse que se arrependeu e ficou por isso mesmo?
– Sim. - respondeu, revirando os olhos. Nina punha as mãos sob a boca, desacreditava. – E hoje veio puxar assunto. Eu nem sei mais qual é a dela, acho que nunca soube. Confundi as coisas.
– Espero que consiga resolver. De verdade. - Nina a confortava.
– Sim, também espero. - Ana disse e pigarreou, pensando em como mudar o assunto de forma sutil. – Então, com essa chuva toda lá fora, me lembrei agora que eu vim de moto.
– Ah, verdade. - disse Nina, olhando para a janela. 
O ambiente, outrora tão lindo, agora impunha medo, com todas aquelas janelas enormes, não deixando nada para a imaginação sobre o que acontecia na rua. Uma chuva torrencial, com grandes raios e trovões que iluminavam o céu como se fosse dia claro, a fariam aguardar para poder sair em segurança. Os planos de Ana pulavam na sua cabeça, enquanto Lucas aguardava, próximo de onde elas conversavam.
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– Assim que diminuir, posso chamar um Uber.
– De jeito nenhum! - Ana respondeu, mais rápido do que o necessário. – Eu posso ir de moto, só não poderei levar você.
– Muito obrigada, mas nem que você me implorasse eu andaria de moto na chuva. - brincou Nina. – Mas chamo o Uber, você deixa a moto aqui, volta com ela outro dia.
– Nina… Eu deixaria você aqui antes de deixar a minha moto! - ralhou Ana. – Entenda seu lugar.
– Rá rá! - respondeu Nina. – Que tanto apego, minha nossa.
– Eu falei com o Lucas mais cedo, ele veio de carro. - disse, tentando suavizar as palavras e falhando malditamente. – Ele pode te dar uma carona.
Nina nada respondeu, porém parecia pensativa.
Assim que os céus deram uma trégua, cessando os relâmpagos e ventos, deixando apenas uma chuva grossa que ainda insistia em cair, Nina foi até a área próxima a sacada, que dava acesso à rua. Queria tomar coragem para se molhar e sair logo dali. Enquanto avaliava o volume da chuva, sentiu alguém se aproximar e logo foi coberta por um guarda-chuva. Não precisou virar-se para perceber de quem se tratava: o perfume denunciou a presença de Lucas e, se não fosse por isso, a voz grave que soou atrás de si, chamando por seu nome, não deixaria dúvidas.
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– Lucas?
– Ana falou comigo. - se limitou a dizer. – Vamos, eu te levo para casa.
– Não vai mais pedir o meu telefone? - disse ela.
– Não vamos mais brincar disso. - falou ele. – Você me dará o seu telefone se quiser. Eu não vou mais pedir nada.
Nina o olhava sério, entendendo que ele não iria mais tentar se aproximar como vinha fazendo. Ela o conhecia bem e sabia que aquele tom sério não aparecia muito, porém, quando aparecia, era sobre algo sério.
– Mas te faço um último pedido: podemos conversar? - Lucas disse. – Conversar de verdade.
– Acho que precisamos.
– Meu carro está logo ali. - disse, apontando para a saída à esquerda do caminho de pedras onde estavam.
– Conversar dentro de um carro está bom para mim, porém, com toda essa chuva, acho melhor…
– Vamos para o meu carro para ir embora. - cortou Lucas. – Não pretendo ter essa conversa dentro de um carro, Nina.
– Ah! - limitou-se a dizer. 
– Você aceita ir lá para casa?
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solisimmer · 2 months
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MODELS SERIES - EP 5
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Lucas é um danadinho. Não me avisou que viria - porque, é claro, ele teria que me dar satisfação, não é mesmo?
De toda forma, ele irá me escutar! Estava com saudades e curiosidade sobre a vida dele e ele chega assim, de supetão.
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– Ah, achei você!
– Oi, Aninha. - saudou Lucas. – Eu estava mesmo querendo falar com você.
– Ah, agora quer falar comigo, é… - disse, em tom de brincadeira. – A que devemos a ilustre presença? É verdade que você vai trabalhar para a gente?
Eu tinha tantas perguntas e precisava de respostas. Queria detalhes e poder saber de tudo que perdi durante esses anos.
– Irei trabalhar com vocês. - disse Lucas. – Parece ser uma surpresa para vocês. - falou, pensativo. – 
Pensei que seria uma surpresa boa.
– O que? É uma surpresa maravilhosa! - respondi. – Porém, pensei que eu fosse saber por você, nunca imaginaria que eu iria saber pela Nina.
Lucas me olhou sério, como se pensasse o porquê de ser tão absurdo eu saber dele através de Nina, mas acredito que ele sabia o quanto improvável seria isso. Mesmo assim, ele continuou.
– Ela realmente não soube nada de mim durante esse tempo?
– Nada. - respondi, sem saber o que dizer, pois era estranho estar no meio deles dessa forma. 
Lucas é uma pessoa muito querida por mim e não quero me envolver na história dele com Nina, porém, ela é e sempre será a minha prioridade, o lado que eu vou escolher sem pensar duas vezes. Por isso, respeitei a decisão dela de não querer mais saber sobre ele. Na verdade, se ela tivesse me pedido para não ter mais contato com ele, eu teria feito. Com dor no coração, mas teria. Felizmente, não foi preciso. Mas ele foi um assunto proibido em nossas conversas.
Às vezes, eu acho que foi desnecessário da parte dela, como tentar esquecer algo, em vez de resolver os sentimentos ou curar-se disso. E eu temo ainda mais por isso, porque agora ele está aqui e eu sei que ela está em polvorosa, mas sem demonstrar. Todos os sentimentos estavam escondidos, voltando com tudo e sem se preocupar com o quanto ela tentou não se importar.
Não penso que seja a melhor forma de lidar com as coisas: ignorando. Eu sou uma pessoa que se eu não falar o que sinto e penso, sinto que vou morrer. Acho que talvez, por isso, tomei a decisão que tomei.
– Acho que vocês precisam conversar, sabe.
– Você acha? - respondeu ele, irônico. – Ela só falou comigo no hotel, até eu ter a brilhante ideia de pedir o telefone dela. - disse, enquanto passava as mãos pelo cabelo, nervosamente. – Acho que foi uma ideia ruim eu aceitar trabalhar com vocês, voltar para isso tudo.
– Não! - exasperei. – De forma alguma. Você me disse que, se tivesse uma oportunidade de consertar as coisas, tentaria, não?
Lembrei-o de conversas que tivemos antes, pois algumas vezes ele me mandava mensagens para conversar sobre isso, sobre o quanto ainda pensava em Nina, o quanto queria ter feito as coisas diferentes, pensava em reconquistá-la, mas tantos anos tinham se passado… Eu não sei como irei aguentar ver esses dois juntos, pessoalmente, nesse clima péssimo.
– Vamos lá! - falei, pegando-o pela mão. – Vamos tentar conversar amigavelmente, nós três.
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A conversa foi amena, sem grandes tópicos, como eles precisavam. Talvez isso se dê ao fato de eu estar ali, sendo a Suíça*, fazendo a intermediação entre eles.
– Simone comentou que vocês serão par nas fotos - soltou Nina. – Ela ainda não falou nada sobre mim.
– Que ótimo! - falei, batendo meu ombro contra o de Lucas. – Vamos arrasar, não acha?
– Sim. - respondeu. – Acho que vai ser ótimo trabalhar com você, Aninha. - falou, cheio de sorrisos.
– Vai ser ótimo, colega. - respondi. – Ainda não acredito que você finalmente aceitou ser modelo! Quem diria, não é…
– Muitas pessoas diriam… - falou, olhando diretamente a Nina. – E vocês têm influência nisso.
– Não sei do que você está falando. - disse Nina.
– Ah, qual é, amiga. Você vivia dizendo para ele ser modelo, que era bonito demais para ser só fotógrafo e…
Lucas abriu um grande sorriso a ela, enquanto Nina somente ficava com o rosto corado. 
– Bom, eu vou ver se a Simone precisa de algo… - disse Nina. – Se me derem licença.
– Claro, amiga. - falei, sem emoção. – Vai lá.
– Foi ótimo te ver de novo. - disse Lucas. – Não vejo a hora de ser a quarta vez.
Nina bufou e saiu. Do que eles estavam falando?
O local estava ficando cada vez mais cheio, mas eu ainda não tinha avistado Wanessa em lugar algum. Será que ela não viria? Será que ficaria mais tempo em São Paulo? Ou, pior, será que ela não iria mais trabalhar conosco?
Muitas perguntas tomavam conta da minha cabeça e eu não me concentrava. Já deveria ser próximo às sete da noite, o céu estava escuro, porém a iluminação do local era estrategicamente projetada para iluminar bem até que estivesse escuro. E então, eu a enxerguei. Até pensei que pudesse estar projetando-a novamente, como já tinha visto em vinte pessoas diferentes durante o dia. Mas não. Dessa vez era ela.
Direcionei-me até ela, porém, ela não me viu e nos esbarramos. Aquele mesmo perfume, o calor do seu corpo, a pele macia e coberta por tatuagens. Tudo estava lá como da última vez que vi, porém, agora eram acompanhados por um olhar frio que me cortou até a alma.
– Wanessa, podemos conversar?
– Ana, oi. - teve uma pausa, até que continuou. – Eu não sei se quero conversar agora… Eu quase nem vim hoje, mas vim, então, por favor, pode respeitar isso e me deixar sozinha?
– Posso saber se você está bem, pelo menos? - falei, colocando minha mão no seu quadril. Ela respondeu ao colocar a mão no meu rosto.
– Vou ficar. - respondeu com um suspiro. – Se o que você quer saber é se estou brava com você, não estou. - soltou e isso me deixou ainda mais confusa. Eu poderia lidar com a raiva, com a rejeição, mas isso era novo pra mim.
Como ela poderia ser tão condescendente?
– Eu só preciso de um tempo para mim, para pensar no que aconteceu.
– Desculpa, eu não deveria ter saído daquela forma. - respondi, enquanto tinha a sua atenção. – Eu tenho tantas coisas para te falar, poderia ter feito algo diferente.
– A gente não deveria ter feito aquilo. - falou, me pegando de surpresa. – Eu me arrependi, de verdade, não queria estragar a nossa relação dessa forma, mas não sabia como encarar você depois.
Se arrepender? Eu que estava surtando, com medo, maluca, sem saber o que falar ou o que fazer, mas eu não me arrependia. De nada, em momento algum. Porém, fiquei tão surpresa e me senti tão idiota, que não pude falar nada, somente assenti.
E tão rápido como tudo aconteceu, tudo acabou e ela se afastou. Eu não disse “não” para isso também.
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Nesta mesma semana, voltamos a trabalhar como se nada tivesse acontecido.
Porém, olhá-la não me trazia mais as mesmas sensação de antes: prazer, curiosidade, vontade do desconhecido. Olhá-la só me fazia sentir doente, entorpecida, idiota.
Sai novamente,  fui para outro bar - pois eu nunca mais voltaria naquele -, fiquei com outras pessoas e voltei para casa péssima. Nina me ajudou e consolou como sempre.
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Eu parava para pensar o que estava fazendo da minha vida, por que eu tinha sido tão descuidada comigo dessa forma? Eu nunca deixava ninguém me influenciar ou me atingir dessa forma.
Eu queria ter raiva, mas eu só tinha orgulho. E ele não me impedia de imaginar como ela deveria estar, se estaria pensando em mim, se ela iria embora, se eu havia mesmo estragado tudo.
Ela já havia me dito que não conhecia nada nem ninguém aqui. Estava sempre comigo em tudo e, agora, eu só a imaginava sozinha e isso me entristecia.
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Se ela está arrependida, irei agir como tal, embora cada célula do meu corpo responda totalmente o contrário. Porém, preciso me colocar como prioridade. Ninguém irá magoar o meu coração assim. Nem que seja alguém que eu não pare de pensar e desejar desse jeito. 
*Ser a Suíça - ser neutra em algum assunto, não participar de polêmicas ou guerras. A neutralidade da Suíça proíbe-a de participar em conflitos armados ou alianças militares, e, por outro lado, permite que ela preste bons serviços.
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solisimmer · 2 months
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MODELS SERIES #3 SS
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Nina Herrera. Acompanhe a série aqui.
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solisimmer · 2 months
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MODELS SERIES - EP 4
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Como planejado, hoje iríamos conhecer o local para as fotos do nosso último projeto antes do recesso. Eu não poderia estar mais feliz, nada melhor do que um dia cheio de trabalho para ocupar a cabeça, num sítio privativo famoso por ceder o espaço a casamentos das famílias influentes do Sul do Brasil.
O local era próximo ao Jardim Botânico, mas não tão perto que pudesse se misturar com o tráfego de carros neste horário, ou em qualquer horário, para dizer a verdade. Porém, perto o suficiente para irmos de um lugar para outro com facilidade e isso seria ótimo, pois as fotos seriam feitas em ambos os locais.
Ana e eu estávamos maravilhadas com a beleza do local. O sonho de casamento de qualquer um. Havia grandes salões, para quem quisesse um casamento pomposo e cheio de convidados e, também, salas menores para quem quisesse algo mais intimista. A decoração do exterior não deixava nada para trás, perfeito em detalhes e tudo com muito cuidado. Não há quem não quisesse casar após vir a esse lugar. Não que eu estivesse pensando nisso.
Nos apaixonamos, em especial, pelo local menor no pátio externo. Nele, haviam algumas poucas cadeiras de mogno, com estofado e, no encosto, detalhes em cetim e pequenas flores artificiais - tão detalhadas que pareciam reais. Era para ser uma cerimônia a chão batido, impossível de acontecer num dia de chuva, mas num dia ensolarado como esse, seria perfeito.
O caminho dos noivos era decorado com pequenas pedras brancas e flores ao final. O altar não tinha nada mais do que um arco de madeira, com formas quadradas que formavam uma espécie de portal, com mais plantas e flores de lavanda. O que, de certa forma, combinava ainda mais com alguém que fosse casar naquele local, pois lavanda é normalmente ligada à pureza, comprometimento, serenidade e calma. Tudo que se deveria ter em um relacionamento.
– Se ficarmos solteiras até os 40, eu volto aqui e caso com você nesse lugar. - disse Ana.
– Sério? - respondi rindo e colocando meus braços nos seus ombros. – Eu vou cobrar essa promessa!
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Tiramos algumas fotos para as nossas redes sociais, andamos por tudo. Chegamos no meio da tarde e ficaríamos até a noite.
Os fotógrafos organizavam os melhores lugares para deixar os equipamentos, o pessoal do staff montando os espaços para maquiagem, roupa, lanches e o que quer que precisássemos na hora das fotos.
Simone, uma das responsáveis pela agência, estava eufórica, cuidando de tudo e dando ordens a Deus e ao mundo. Ela era muito competente e tudo que fazia, saia perfeito. Acredito que isso se dê ao fato de que ela não descuida de nada, envolvida em tudo e não confiando a ninguém as suas empreitadas. Iria sentir falta dela quando fosse embora, mas estava feliz por ela também. Iria morar em Paris e largar essa vida tão exaustiva que temos.
O dia estava lindo. Ensolarado, repleto de trabalho, um dia como eu amo. Eu odeio dias nublados. Porém, hoje meio raio de sol, Ana, estava inquieta desde que vinhamos para cá. Estava desassossegada, como se não quisesse vir. Eu desconfiava que isso tinha a ver com a viagem repentina de Wanessa para São Paulo. Não era do feitio dela sair de onde estávamos trabalhando, e sem avisar a sua dupla. Aliás, acho que ela nunca fez isso antes. Quando perguntei a Ana, não soube me responder e depois descobrimos por Nanda, nossa colega, que ela tinha viajado para São Paulo.
Ana disse que havia enviado mensagens, mas não teve resposta.
– Amiga, quem sabe não seja uma boa hora para você me falar o porquê de estar assim?
– Assim como? - respondeu Ana. 
– Assim como se quisesse logo ir embora. - respondi. – Você quer ir embora? Não queria ter vindo? Por quê?
– E lá vamos nós com interrogatório… - disse Ana, se dando por vencida. – Você não vai parar até eu falar, não é?
– Amiga, só quero saber se posso saber, se posso ajudar… Mas se não quiser dizer, tudo bem. - falei, levantando os braços e me calando.
– Eu e Wanessa nos beijamos na festa. - soltou Ana.
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– Como assim, “nos beijamos”?
– Beijo, Nina. Beijo. - Ana disse, escondendo o rosto entre as mãos. – Amiga não julga, por favor.
– Julgar? Eu vou soltar foguetes. - disse, pegando uma taça de vinho com um dos garçons do bar e nos direcionando a uma mesa livre. – Minha amiga está beijando na boca, como posso julgar?
– E não parou só nos beijos… - me respondeu, colocando o braço na mesa e a mão no rosto enquanto sentávamos.
– Calma aí, vocês transaram? - falei, talvez um pouco alto demais. Confesso, fiquei muito surpresa.
– Calada, Nina! - disse, olhando para os lados, checando se alguém nos via.
– Desculpa, amiga. Perdão. - falei, juntando as mãos. – Um brinde a isso! Isso é algo bom, não?
– Ai, Marina. Sinceramente… Você já está bêbada, só pode. Como pode ser algo bom? Eu nem gosto de mulheres.
– Ah, não? - falei, cética. Olhei-a fixamente e perguntei. – Você não gostou de beijar ela? - balançou a cabeça, confirmando. Tornei a perguntar. – Você não gostou de… dormir com ela? - falei mais baixo a última parte e ela confirmou. – Então, amiga. E ela é uma mulher.
Ana estava derrotada. Sabia que não poderia negar.
– Eu não queria gostar, essa é a verdade. E gostei para caralho. - respondeu, me olhando em seguida e avaliando a minha reação, eu só sorri. – E logo ela, sabe? Trabalhamos juntas. - falou Ana, com o olhar perdido em algo no solo.
– Bom, eu não sou a melhor pessoa para falar sobre se relacionar com colegas, até por isso estou como estou, mas, sabe que pode ser diferente com você.
– Você acha que estou me metendo numa fria? - disse Ana, finalmente voltando a me olhar.
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– Não estou… Estou feliz por você, de verdade. - respondi, sendo totalmente sincera. – A quanto tempo vocês estavam nessa?
– Nessa qual?
– Ah, qual é, Ana? Vocês já estavam prestes a se agarrar há semanas. - respondi. Se ela pensa que era alguma novidade, sinto em informar.
– Estava tão na cara assim? - disse, levantando as sobrancelhas e abrindo os olhos, como eu a conhecia, não gostava de mostrar seus sentimentos e deveria estar sentindo medo de estar vulnerável.
– Na cara não, amiga. Mas eu conheço você há tanto tempo… - disse, tranquilizando-a. – Acho que não há nada que você possa esconder de mim. - olhei-a, ela sorriu em resposta. – A não ser que transou com a nossa colega e esconder isso de mim por uma semana!
– Calada! - disse, dando um tapa no meu braço e rindo. É, pelo menos isso a fez sorrir.
A tarde ia se despedindo e deixando o local ainda mais lindo com um crepúsculo de tirar o ar. Nós já tínhamos caminhado tanto, cumprimentado muitas pessoas e bebido algumas taças - ou garrafas. O que posso dizer? Vinho importado e grátis, como dizer não.
Contudo, já tinha feito alguns contatos e estávamos seguindo à risca os pedidos de Simone. Conhecemos os novos modelos, colegas que iriam trabalhar conosco a partir de agora, com a nova direção. Simone foi tão perfeita que, até no seu último projeto conosco, fez questão de unir a nova equipe neste projeto, numa forma de deixar tudo finalizado e que eles também se sentissem parte disso, não que só estivessem entrando com a nova gerente, porque a Simone saiu.
Alguns chegariam mais tarde e outros, infelizmente, só conheceríamos depois, pois não conseguiram fazer tempo para vir nesse pré-shoot.
– Você já sabe se foi escalada para os vestidos? - Ana perguntou. – Eu vou morrer para entrar num daqueles vestidos.
Simone já havia separado as modelos que iriam posar com vestidos. Disse que nos diria ao final do dia, mas ainda não tinha dito.
– Ainda não, amiga. - respondi. A verdade é que eu também estava ansiosa para saber qual vestido iria usar e também para saber quem seria a minha dupla. – Mas ainda não chegaram todos, talvez ela vá esperar mais um pouco e… Espera um pouco! - Olhei para o final do caminho dos noivos, próximo ao piano de madeira maciça de pinho, que deveria custar metade do meu salário. – Aquele ali não é o Lucas?
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– Aquele quem? - Ana perguntou, se virando abruptamente. – O de amarelo?
– Puta que pariu, não se vira assim… - falei, já colocando a mão na boca. Eu não costumo xingar, só em casos extremos. – É ele, sim.
– Não, não teria como ele estar aqui… Fazendo o que? - ela disse. – Já conhecemos todos os fotógrafos, não?
– Nova equipe, amiga. Nova equipe! - falei, já querendo fugir para as colinas.
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Com sorte, ele passou por onde estávamos e seguiu reto. Fiquei olhando-o e isso deve ter feito algum tipo de magnetismo, pois, no mesmo instante, se virou e veio até onde eu estava.
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– Eu não vou nem dizer mais que você está me seguindo, pois agora eu tenho certeza. - disse.
– E eu nem vou dizer “terceira vez” porque, olha, “terceira vez”! - respondeu, brincando. Ele não tem medo da mort3, não é mesmo?
Fiquei olhando para os seus pés por uns segundos e, quando tornei a olhar seu rosto, ele me encarava com aqueles olhos verdes. A barba por fazer, seus cabelos muito maiores do que eu lembrava - e que me remoí por não ter prestado mais atenção no hotel.
– O que você está fazendo aqui? - perguntei e logo senti um soco no estômago pela possível resposta; ele iria casar?
– Acho que o mesmo que você. - devolveu Lucas.
– Eu estou trabalhando.
– Eu também. Bom, estava. Agora só estou conhecendo meus novos colegas. - falou, como se nada. “Novos colegas”. Minha cabeça latejava, senti um zumbido incômodo nos ouvidos. 
– Você vai trabalhar para nós? - perguntei, incrédula.
– Vou trabalhar com vocês. - respondeu, dando um pequeno sorriso. - Recebi uma proposta para ser modelo e, bem, agora eu sou modelo também.
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– Nah, você está brincando com a minha cara. - respondi, pois isso sim era uma brincadeira.
– Estou falando muito sério. - me respondeu, com o semblante sério. – Pierre me convidou, pois ao que parece, a Simone está saindo e queria que todos se conhecessem antes e…
Não escutava mais o que Lucas dizia. A minha conversa com Simone veio com tudo à minha lembrança.
– Então você já sabe quem irá posar com quais roupas, com quem… - perguntei.
– Mas é claro, bonequinha. Você sabe que eu já tenho tudo muito bem planejado antes mesmo de vir ao local das fotos… - respondeu Simone. – Tudo acontece primeiro dentro dessa cabecinha, - falou, apontando para sua própria testa. – Só preciso do local para tornar real, mas tudo organizado já.
– Ah, eu não fico surpresa… - respondi com um sorriso.
– Você ficará linda. Mais perfeita ainda! - dizia, me olhando, acredito que já me imaginando no vestido. – Ana que se prepare, vai babar não só no vestido, mas na dupla que preparei para ela.
– Ah, é? - perguntei, curiosa.
– Sim, é um colega que está vindo de Londres com Pierre. Lucas. Bonito que só. É fotógrafo, sabe posar. Sabe tocar violão… Minha nossa e é um querido.
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Lembro de pensar “maldito nome”... Malditas coincidências. Agora parece que um buraco se abriu e eu estou caindo, caindo,... Ninguém me segure, só me deixem cair. O Lucas é esse Lucas. O meu Lucas. 
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MODELS SERIES #2 SS
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MODELS SERIES - EP 3
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Após o encontro repentino com Lucas, Nina estava furiosa. Na verdade, seu corpo só se limitava a deixá-la nervosa, confusa e furiosa. Havia alguns dias desde o encontro e ela ainda não se sentia bem com isso.
– Não é possível! - conversava sozinha, enquanto fazia sua corrida noturna.
Nina, quando conseguia, corria após o trabalho, uma forma de espairecer após um dia longo e cansativo. Sentir a endorfina, o vento no rosto, descansar a mente de qualquer coisa que fosse.
Porém, desta vez, nem a corrida ajudou, pois seus pensamentos não silenciavam. Ela se sentia irritada e confusa, não conseguia organizar e separar o que ouviu do que entendeu. Lembrava-se da conversa que teve com Lucas, enquanto esperava por Ana. Foram poucos minutos, mas, mesmo assim, repetiam como um filme nas suas lembranças.
Lucas pediu seu número e, após isso, a convidou para conversar na sacada. Depois de anos sem contato, a primeira coisa que fez a ver foi pedir o seu número. Para que? Para depois se afastar novamente?
Nina se sentia como se ele não se importasse com o tempo que ficaram distantes e que agora ela seria mais uma na sua lista de contatos.
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– Você quer o meu número?
–  Sim, você não quer que eu tenha o seu número? - perguntou Lucas. – Já faz anos desde que não sei de você sem ser pelos outros.
– Soube de mim? - perguntou Nina, curiosa e repentinamente confusa. –  Lucas, eu não sei de você há anos. Nem pelos outros. Não sei nada desde que você foi embora.
Nina falou com mais sentimentos na voz do que gostaria. Lucas suspirou. A verdade é que ele já esperava que ela o rejeitasse. Sabia como Nina poderia ser quando estava magoada, conseguia ser a pessoa mais fria do mundo. Ele até ficou surpreso por ela não ter o ignorado ou rejeitado logo que o encontrou.
Ele aproveitou para conversar, tentar agir como amigos que não se viam há tempos, mas não tinha como agir como amigos após tudo que tiveram juntos. Você não age como só amigo com alguém que já foi a pessoa mais importante para você, que planejou a vida, teve sonhos e teve o coração quebrado em vários pedaços.
– Eu não sou uma pessoa que fica anos sem ver alguém e, quando vê, a primeira coisa que pede é o número dela.
– Tudo bem, eu só gostaria de poder saber de você através de você. - disse Lucas, seu semblante era desiludido e desesperançoso. – Mas se isso é algo que você não quer, eu respeito.
“Pois ele só podia estar louco, sério.” Pensava Nina. “Depois de tudo, eu vou vê-lo e agir como se nada tivesse acontecido. Vou dar meu número, a chave da minha casa. O que mais ele quer? Que eu volte a ser amiga dele, como? Ele realmente pensa que é fácil assim? Bom, para ele deve ser.” Nina lembrava-se das últimas interações com Lucas, antes dele sair de vez da vida dela. Era algo abstrato, difícil de nomear. Era algo bom de se ter por certo espaço, algo limitado e que poderia ser desfeito facilmente, não é a toa que se desfez. Porém, antes de desfazer qualquer contato, Lucas prometeu que, se um dia se vissem novamente, ele tentaria ser amigo dela, pois ela era alguém que valia a pena ter por perto. Nina não acreditou em uma palavra e, após anos distantes, teve cada vez mais certeza de que não era alguém que ele queria ter por perto, tanto que se afastou e nunca mais voltou.
Nina continuava correndo e pensando, seus pensamentos a ganhavam em distância, quando que, por descuido, esbarrou com alguém na rua, batendo o rosto direto em um peito nu e levemente molhado.
– Oh, desculpas por… - Nina começou, espantando-se com quem encontrava. – Mas só pode ser piada.
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– Nina?
– Mas você de novo? - disse irritada. – Você está me seguindo?
Lucas riu. A olhava de cima a baixo, como Nina estava, com aquele moletom enorme e suada da corrida, não poderia estar mais à vontade para se exercitar, mas não tanto para encontrar Lucas. Nina o olhava de volta, não encontrando um mísero defeito que pudesse comentar mais tarde, pois seria melhor se atentar às coisas ruins ou não agradáveis para esquecê-lo, ou, ao menos, convencer-se de que queria odiá-lo.
– Nos vendo pela segunda vez, hein… - disse Lucas, em tom de brincadeira.
– Na mesma semana, quase um recorde! - respondeu ela, irônica. – E não, eu não dou meu telefone quando vejo pela segunda vez também.
– Entendido. - respondeu, levantando as mãos em forma de rendição. – E um café?
– Bela tentativa. Vou indo nessa… - respondeu, virando-se para voltar para casa. Deu uma última olhada em Lucas, vendo que ele fazia a mesma coisa. 
Ela não queria fazer as pazes, queria odiá-lo eternamente, mas era uma tarefa muito difícil quando as lembranças não a faziam querer ter tais sentimentos por ele. Muito pelo contrário.
Nina pensava que Lucas queria voltar a ser seu amigo e isso a magoava, até porque, não acreditava que conseguiria ser amiga dele depois de tudo. Amizade. Uma amizade somente… Ah, isso estava tão longe dos pensamentos de qualquer um dos dois. As lembranças explodiam como fogos de artifício.
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Nina ainda tentava pensar em outras coisas, enquanto chegava em casa, quando foi recebida com um cheiro ótimo que vinha da cozinha.
– Hum, o que está saindo aí? - disse se encaminhando à cozinha. – O que minha chef particular está aprontando hoje?
– Panquecas! - disse Ana, saltitante. – Panqueca doce, com banana, canela, algumas de chocolate… Eu queria fazer de morango também, mas não temos morango. - Ana falava sem parar sobre ingredientes e massas. – Eu vi essa tal receita enquanto preparava o meu pré-treino, não resisti e tive que parar tudo e fazer.
– É bem típico de você!
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Ana era um espírito livre. Um pouco solto demais, faltando alguns parafusos.
Se ela visse uma foto de algo bonito e fácil de fazer, era facilmente influenciada a parar o que estivesse fazendo para iniciar essa nova tarefa que acabou de conhecer. E então, se via num ciclo de muitas coisas feitas e inacabadas. Esse era o seu charme. Ela costumava dizer que não terminava as coisas para deixar “um gostinho-de-quero-mais”, mas isso era só uma desculpa para não terminar nada do que se colocava a fazer. 
– Você tá tão estressadinha, pensei que iria gostar de comer uma delícia após a corrida. Deve estar com fome. - disse Ana.
– Pois amiga, obrigada! Era tudo que eu precisava, de verdade.
– Você tem certeza de que não quer conversar? - perguntou Ana, ainda sem ter tido nenhuma informação do porquê a amiga agia tão estranha. Nina sorriu e balançou a cabeça, negando.
Nina não queria falar sobre Lucas. Mesmo confiando totalmente na sua amiga, sabia que Ana mantinha contato com Lucas durante esses anos. Não que conversassem, porém, Ana nunca deixou de seguir Lucas nas redes sociais ou de saber sobre a sua vida. Após ele ir embora, por meses Ana ainda tentava falar algo sobre ele para Nina, mas após saber que ele estava namorando, decidiu não tocar mais no assunto e não falar sobre ele para Nina. E assim o fez até agora.
Nina não falava sobre seus sentimentos. Na verdade, nada que ela considerasse problema era digno de ser assunto. Ela era mais das que resolviam, não das que conversavam sobre as coisas que precisavam ser resolvidas.
– Acho que não tem mais nada a ser falado. Você deve saber, afinal… - respondeu Nina.
– Sei o que?
– Lucas.
– Ah… - Ana se limitou a responder. – O que tem ele?
– Não faça que não sabe que ele está aqui.
– Aqui onde? Voltou para o Brasil?
– Brasil? - Nina respondeu sem paciência. – Amiga, ele voltou para a cidade.
Ana estava surpresa. Era óbvio que não sabia. Até porque, se soubesse, teria preparado a amiga para isso, não a deixaria encontrá-lo de surpresa, porém, parece que falhou.
– Eu juro que não sabia. - disse Ana, aproximando-se da amiga. Colocou as mãos nos ombros de Nina, fazendo com que ela a olhasse. – Eu não sabia disso… Eu teria te avisado.
– Eu acredito. De verdade. - Nina disse, suspirando. Mexeu a mãos nos ares, dando a conversa por encerrada. – Eu ainda não sei o que pensar, na verdade, nem quero pensar.
Ana escutava a amiga com atenção. Esperando para poder falar e com cuidado, para não falar demais. Era típico dela.
– Ele me encontrou lá no hotel e…
– Ah, era por isso que você ficou daquele jeito! - exasperou Ana. Nina a olhou sem graça. – Ok, continue, fico quietinha. - disse, fazendo um sinal na boca, como se selasse os lábios.
– E conversámos como se nada, sabe? Uma conversa normal. Mas aí ele pediu meu número e eu me senti estranha… Como se ele quisesse se aproximar de novo.
– E isso é ruim? - Ana perguntou, tentando avaliar o que Nina dizia.
– Por que ele quer se aproximar? 
– Amiga, você só vai saber se deixar ele falar.
– Eu não sei se quero saber. Saber sobre ele.
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Nina estava dividida. O que ela falava não encaixava com o que fazia, pois ela deixou a amiga e foi correr novamente, agora na esteira. E enquanto estava correndo, fez algo que não fazia há anos: procurou por Lucas no telefone. Agora ela lia mensagens antigas e o procurava nas redes sociais.
Namorada? Não. Família? Bem. Viagens? Muitas. Saudade? Também.
Cansada e se sentindo como se traísse a si mesma, abandonou o celular e ligou a TV para se distrair enquanto corria.
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Porém, não era Nina somente que precisava se distrair. Ana se exercitava e divagava em pensar como seria essa semana de trabalho com a sua dupla que, após a fatídica noite no bar, não via mais. Ela enviou algumas mensagens à Wanessa, todas ignoradas. E, depois disso, soube na agência que Wanessa voltou a São Paulo e só voltaria em alguns dias, para conhecer o próximo local em que fariam uma nova campanha.
Três dias. Três longos dias de espera para tentar conversar e consertar, se é que havia conserto. 
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E falando em conserto, Lucas queria consertar sua relação com Nina, nem que fossem somente amigos.
O que aconteceu antes poderia ser consertado?
E mais importante do que consertar o passado, teria ele uma forma de não repetir os mesmos erros no presente? Quando longe, era fácil ignorar tudo isso, colocar para baixo do tapete. Porém, agora, ele iria ficar cada vez mais próximo.
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MODELS SERIES - EP 2
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Nina vai me matar! 
Essa é uma certeza que eu tenho na vida hoje. Eu consegui acordar no horário que era para eu já estar no hotel. 
Eu tenho mais de 20 mensagens não lidas da Nina e três chamadas não atendidas - e ela odeia fazer ligação. Ela já deve estar planejando o meu funeral. Minha amiga é essa aí, minha escorpiana favorita.
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Tudo teria sido mais fácil se eu tivesse dormido na porra do meu quarto de hotel. Mas não, eu precisava ter inventado de sair numa semana cheia de trabalho.
Pensando bem, eu precisava, sim. Mas em vez de relaxar, tudo que consegui foi uma puta dor de cabeça de tudo que bebi. Acredito também que seja estresse por pensar em tudo que aconteceu.
Mas não quero pensar. Não vou. Não agora.
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— Oi, raio de sol!
— Finalmente! - exasperou Nina – Dessa vez você se superou! Sorte que ainda não chegou a chefe.
— Eu sei, eu sei. - respondi. — Eu me atrasei um pouquinho, mas atravessar a cidade até aqui se tornou um montão…
Nina me olhou com um semblante sério, mas que não levaria muito tempo, pois ela me conhece e sabe que não será a última vez.
— E sobre a nossa chefe - tornei a dizer – eu passei por ela vindo até aqui. Você não a viu?
— O que? Como? - respondeu Nina e, no momento seguinte, já estava correndo como habitual. – E como você conseguiu demorar tanto?
— Eu já disse. Acordei na hora que devia estar aqui. Ainda tive que voltar pro hotel para trocar de roupa e vir para cá.
— Uau, você fez uma bela viagem hoje então… O tal bar novo que você foi ontem não era aqui por perto?
— É sim, não muito longe, mas…
— A propósito, onde você dormiu? - disse Nina, me cortando. – Aqui por perto? E a Wanessa?
— Dormi no Airbnb que ela alugou… - respondi, sem reação.
— Ah. - disse Nina, mais para si do que para mim. – Ela se atrasou também? Por que não veio com você?
— Mas minha nossa, quanta pergunta! - respondi, rindo e dando um tapa no seu braço.
— Desculpe, é que vocês vivem juntas ultimamente, estranhei ela não vir.
— Primeiro: eu vivo com você, só com você… E segundo: por que sendo interrogada mesmo? - olhei-a no fundo dos olhos e perguntei: – Você está nervosa, irritada?
Nina respirou fundo antes de responder.
— Bom, aconteceu uma coisa aqui antes de você chegar… Antes de todo mundo chegar e agora estou meio agitada, eu acho. Mas não quero pensar nisso agora.
— Vou querer saber, hein! Mas agora vamos que a nossa chefinha nos aguarda…
— Vou querer saber sobre ontem também, porque…
— E eu é que não quero pensar nisso. - repeti o que ela disse antes. – Vamos trabalhar!
Uma reunião, do outro lado da cidade, que poderia ter sido um e-mail.
Que bela bosta. E eu preciso fumar.
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Embora eu tente, não consigo para de pensar nisso: que noite terrível. Corrigindo. Que noite maravilhosa que terminou terrível.
Nina decidiu não ir, de última hora e, como eu já tinha companhia, resolvi ir mesmo assim. Ledo engano.
O que acontece é que a minha companhia era Wanessa, minha parceira de alguns projetos. A verdade é que estamos sempre juntas mesmo, como Nina não cansa de falar. Porém, eu não admito. Não quero deixar essas palavras saírem da minha boca, porque então será real: estou passando tempo demais com Wanessa.
Porém, estar passando tempo demais com ela não é o problema, mas sim, como eu tenho passado. Tenho me sentido estranha, inquieta. Quando olho para ela, não vejo uma beleza como de qualquer outra colega de profissão, de admirar, de querer me espelhar. Eu vejo uma mulher. Vejo mais do que eu deveria estar vendo. E às vezes eu penso que vemos a mesma coisa. Ontem eu tive uma certeza palpável disso. Literalmente palpável. Meu corpo ainda sente cada toque.
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Wanessa está sempre ao meu redor, mesmo quando não estamos trabalhando. Ela fala e faz coisas que me deixam intrigada e curiosa. Eu nunca estive com uma mulher antes, nunca. Não que me faltassem oportunidades, porém, nunca me coloquei numa situação assim. Uma relação em que eu não estivesse com algum cara que quis experimentar duas de vez só, e uma delas era eu. Algum convite. Algo que não dependesse só de mim. Minha relação com Wanessa só diz respeito a nós duas. E essa atração não é algo de hoje, de agora, porém, eu tenho tentado há meses esconder isso dentro de mim e fingir que nada acontece.
Se eu saio para fumar, ela me segue, me cerca, ela começa qualquer assunto que seja. Isso faz com que todos pensem que estamos juntas, mas não estamos. Eu, ao menos, não faço esforços para isso. Até agora.
O novo bar que abriu próximo ao Artic, um dos poucos legais que estão abertos até mais tarde, pelo visto, estava lotado. Não havia reservas ou qualquer tipo de lista, pois numa semana de inauguração, o que eles mais querem é lotar a casa.
– Eu adorei o lugar. Gostei mesmo! - disse, enquanto Wanessa e eu íamos até o bar. – Uma pena a Nina não poder ter vindo.
– Ah, sim. - respondeu Wanessa, sem reação. – Mas ela poderá vir outro dia, com certeza. Não é como se a gente não estivesse vindo todos os meses para Curitiba, não é?
– Verdade! - respondi, rindo. – Eu não sei o que está acontecendo que tudo tem que ser aqui agora. A agência está cismada com essa cidade. - falei, tentando continuar o assunto.
– Bom, eu estou gostando, não conhecia muito bem a cidade. E está sendo uma boa experiência e a companhia não poderia ser melhor.
Pigarreei. Eu estava esperando que ela insinuasse algo, pois assim me sentiria menos maluca.
– Sim, nossa equipe é ótima, isso facilita muito estar sempre junto… - respondi, adicionando a equipe, para tirar o foco de nós apenas. –  Mas eu já estou acostumada com a cidade, morei aqui há alguns anos.
– Morou? - perguntou. – Por favor, me mostre mais lugares então, estou perdida aqui.
– Ah, claro. - sorri. – Como disse, teremos tempo.
A conversa estava fluindo bem, o lugar era legal e tinha muita gente bonita. Poderia ser o meu novo lugar favorito na cidade, porém, eu não sei o que tinha de errado com a bebida. Assim que você toma, perde o total controle. Tudo que eu estava pensando em cuidar, analisar, ver bem se era o que eu estava pensando ou se era imaginação minha, aconteceu em poucos atos. Bebida maldita. Vou culpar a bebida deles pelos meus atos? Sim.
Eu não costumo ser uma pessoa contida, que mede as coisas, mas tínhamos algo grande em jogo. Eu estava trabalhando com ela há alguns meses e fazíamos muitos projetos juntas. Seria terrível criar um clima desnecessário para nós, mas a curiosidade de toda tensão que surgia quando estávamos sozinhas estava me matando. Eu precisava saber.
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O som estava alto, meu corpo estava quente e meu sangue corria alterado. Nós precisávamos estar mais perto para podermos nos escutar.
– O seu perfume é muito bom. - disse, me aproximando do rosto de Wanessa.
– O que? - ela respondeu. – Fala mais alto.
Aproximei-me mais perto dela e a disse.
– O seu perfume. - inspirei. – Ele é muito bom.
– Ah. - respondeu. – É novo.
– Por isso nunca tinha reparado antes, estamos sempre tão próximas… Seria difícil não perceber. 
– Com certeza. - disse, se afastando para me olhar nos olhos. – O seu também é bom. Eu o reconheceria em qualquer lugar, pois tenho pensado nele há meses.
– No meu perfume? Pois era só perguntar, ele é da marca…
– Em você. Tenho pensado em você com ele. - ela me interrompeu, colocando suas mãos no meu rosto e dando-me um beijo na bochecha. 
Não sei se deveria ser tão perturbador, mas um simples gesto como aquele deixou meu rosto formigando e mais outras partes do meu corpo acesas.
E pareceu tudo tão de pressa, mas, parando para pensar, eu acho que sinto essa antecipação de um toque já tem tempo demais.
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– Desculpe. - me disse, procurando por algo no meu rosto que denunciasse se gostei ou não. – Não deveria ter feito isso?
– Bom… - comecei, retribuindo com um leve sorriso. – Não é como se eu já não estivesse esperando por isso. - ela me olhou e balançou a cabeça em concordância. – Acho que precisamos ser sinceras com isso, com essa sensação estranha quando estamos sozinhas.
– Estranha? - me disse, seu semblante mudou para algo confuso e decepcionado.
– Estranho de um jeito bom, eu acho. - respondi, já me levantando da banqueta do bar. – O que acha de irmos dançar um pouco e continuar essa conversa sem esse monte de gente gritando pedidos nos nossos ouvidos?
Levantei e enlacei nossas mãos, levando para a pista de dança.
Eu disse que daria uma chance a isso, não disse? Mas por que eu me sentia tão eufórica? Eu preciso organizar os meus pensamentos.
Wanessa dançava, sensual e lindamente como eu já imaginava. A cada música que tocava, nos divertíamos dançando, sem quebrar o contato visual. O seu olhar penetrava e me despia e, tenho que confessar, estava adorando isso. Estava adorando me sentir observada por ela e eu queria mais disso.
Após o beijo no rosto, Wanessa não teve nenhum outro gesto, a não ser encostar em mim enquanto dançávamos. Eu queria que ela tentasse algo novamente, eu não queria mais dizer não, mas eu não conseguiria dar o primeiro passo.
– Não vamos continuar a conversa que estávamos tendo? - falei, numa tentativa frustrada de fazê-la fazer algo. Me sentia idiota e impotente, minha pele queimava e precisava que ela dissesse algo.
– Qual assunto? - ela respondeu, não facilitando em nada a minha tentativa de não negar.
– Meu perfume. Você estava pensando no meu perfume.
– Ah. - ela disse. – Estava pensando em você, eu disse.
– E o que você pensava em mim? - perguntei, enquanto me aproximava mais. Nossos corpos estavam suados e quentes, nossas bocas tão próximas que eu sentia o seu hálito próximo ao meu nariz. – O que exatamente você pensava em mim?
– Muitas coisas. - ela sorriu de uma forma que nunca vi antes, seus dentes, levemente tortos, abriam num sorriso convidativo, enquanto me fitava nos olhos. Eu não diria não dessa vez.
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Sem pensar muito, somente olhei-a de forma que permitia o que quer que ela quisesse fazer. E ela fez. Fechei meus olhos quando senti seus lábios junto aos meus, preguiçosos, sua língua pedindo passagem para a minha. E eu não disse não. Suas mãos brincavam no meu corpo, indo da minha nuca aos meus quadris. E eu não disse não. 
Eu deixei que ela conduzisse o ritmo dessa vez, sem querer me conter ou impedir as suas investidas. Eu não disse não para nada.
Talvez devesse ter dito não às cervejas do início da noite. Ou dito não a mim mesma há tempos e deixado rolar antes. Eu me sentia entorpecida em todas as sensações que ela me causava há meses. Sentia como se não me conhecesse mais. Me sentia perdida, mas agora, senti que me encontrava depois de tanto tempo.
Estar com ela me fez sentir viva. Estar com outra mulher me fez sentir ainda mais mulher. Ela sabia bem o que fazer comigo como se tivesse a porra de uma mapa do meu corpo. Eu nunca tive uma experiência como essa. 
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Mas eu acho que estraguei tudo.
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MODELS SERIES - 1 EP
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Muitos podem pensar que a vida de uma modelo é fácil.
Ser pago para tirar fotos, viajar para diversos lugares, vestir roupas diferentes, ter uma vida agitada.
Na verdade, tudo isso é verdade, porém, acaba por fazer sentir falta de uma vida menos acelerada.
Por exemplo, hoje é aniversário do meu irmão e eu não tenho nem chance de vê-lo, pois estou em outro estado para a nova campanha de um dos produtos que sirvo de propaganda. Eu não lembro a última vez que passei um final de semana na casa da minha mãe.
Sinto saudade de casa.
Sinto saudade de ter uma rotina. Não que eu esteja reclamando - longe disso!-, eu amo meu trabalho, as oportunidades que ele me traz e a remuneração.
Eu só gostaria de ter um tempo para mim. Estou contando os dias para isso.
Hoje estou em Curitiba, para apresentar a nova coleção de lingeries de uma das marcas que a agência gerencia.
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Falando nas oportunidades, nada mal receber a coleção completa de presente, não é mesmo?
Esse é um dos mimos da minha chefe, ou quase ex-chefe, já que ela está saindo da agência. Mas não antes de finalizar todos os projetos que estão em andamento, pois ela é muito competente e responsável. Ah, já estou sentindo falta dessa mulher!
Ficaremos ainda mais três dias por aqui, para finalizar as fotos e poder realizar qualquer alteração necessária. Após isso, nossa equipe terá duas semanas de recesso e eu não poderia estar mais feliz com isso.
Talvez hoje eu saia para aproveitar a noite curitibana - se bem que, pelo que percebi, os estabelecimentos fecham mais cedo que eu esperava. Recebi um convite da minha amiga para ir a um bar hoje à noite, mas vou aguardar o dia passar e ver se poderei ir.
Nossa equipe toda está aqui nesta cidade, porém, não conseguimos realizar nada em grupo até agora. Esses últimos dias para o recesso estão a mil!
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Ana: você vem assistir o meu ensaio e depois saímos?
Nina: amiga, sinto muito, mas hoje não
Nina: juro que compenso quando voltarmos para casa, ok?
Ana: ☹️👍
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Como eu já imaginava, não vou conseguir assistir a sessão de fotos da minha amiga e nem sair com ela.
Me sinto menos culpada de desmarcar porque sei que ela não vai estar sozinha, a nossa colega nova, Wanessa, vai ir com ela.
Desde que elas foram cotadas como parceiras nas fotos, estão sempre juntas em tudo que é lugar.
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Eu vou aproveitar e dormir cedo, pois amanhã o meu dia começa mais cedo do que o normal pois, infelizmente, teremos reunião.
Tudo que eu queria hoje era chegar no horário. Uma reunião de última hora foi marcada no Hotel Artic, do outro lado da cidade e muito cedo, diga-se de passagem.
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Tive que levantar muito mais cedo que o normal e, ainda sim, consegui passar do horário. Mas, pelo visto, não fui a única.
Nem sinal da Ana! Nenhuma mensagem, telefone só chama e ela não voltou para o nosso quarto de hotel. Conhecendo bem a minha amiga, deve ter conhecido alguém legal e ficado para a noite.
Ana: estou viva e a caminho
E eu sei que isso é tudo que vou receber dela esta hora.
Estou com sono e entediada e sozinha nesse lugar, mas acredito que estou com muito mais sono, pois parece que vejo um rosto familiar que não vejo há anos e que, diga-se de passagem, não estava contando em encontrar.
— Nina, é você?
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Talvez não esteja dormindo em pé e realmente ele esteja na minha frente depois de tanto tempo.
O que você faz quando encontra um amigo distante / crush / melhor s3xo da vida? É óbvio, você vai com tudo com assunto, como se tivessem se visto ontem.
Lucas continua tão educado e atencioso como eu me lembrava. O cabelo está maior e a barba por fazer. O perfume continua o mesmo e é incrível como meu corpo lembra de tudo isso num instante. Ficamos alguns minutos sentados, conversando e eu tentando gravar todas as novas informações que ele me dá.
— O que você está fazendo em Curitiba? - pergunto. - Eu não sabia que você tinha voltado.
— Eu voltei há um mês. Estou tirando uns dias para começar numa nova agência.
— Ah, sim. - respondo, hesitante. - Então, você voltou voltou?
Ele ri do meu comentário.
— Sim, voltei voltei, eu acho.
Eu rio em resposta e tento retomar o assunto.
— Eu acho que cheguei cedo demais ou desmarcaram e ninguém me avisou. - comento. - Vim aqui para uma reunião da equipe e até agora ninguém chegou. E como pude encontrar você aqui, né?
Respondo, mas percebo que falei como se fosse algo ruim.
— Digo, de todos os lugares, justo aqui. - tento me corrigir.
— Estou hospedado aqui. - ele responde e eu assinto.
— Acordou cedo para quem está tirando uns dias…
— Eu estava sem sono, então sai para correr. Mas já tomei banho e vou para o café agora.
— Ah, sim, claro. Não vou te atrapalhar e ainda tenho que esperar o pessoal.
— Bom, foi um prazer te ver.
— Sim, depois de… tudo. De tanto tempo. - eu digo e ele respira fundo, sempre mantendo contato visual. Isso ainda me desconcentra e não acho que seja um bom sinal.
Ele se levanta e eu imito o gesto, me preparando para sair do lobby, quando ele me chama novamente.
Ele se aproximou e seu aroma ficou mais forte, e me senti tão pequena perto daquela parede de músculos.
— Nina… Já que eu voltei voltei, como você disse, eu posso ter o seu número?
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solisimmer · 2 months
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MODELS SERIES #1 SS
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Antes de sair o primeiro capítulo, já adianto algumas partes do photoshoots dele abaixo.
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solisimmer · 2 months
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MODELS SERIES - EPISÓDIOS
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