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grantcire-blog · 7 years
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- ̗̀  DRAW ME LIKE ONE OF YOUR FRENCH GIRLS; A FLASHBACK BY GRANTAIRE AND FLAMEL  ̖́-
Jean Baptiste Grantaire é aquele cara cético, sério, científico, chato pra caralho que quer encontrar lógica em tudo... que subconscientemente acredita em qualquer merda que as pessoas falam e bastante fervoroso quando se trata de teorias da conspiração. Em um dia ele revira os olhos pr'aquela amiga que fala sobre signos, e não sabe falar de mais nada por duas semanas. Ah, aquela bobajada sobre posição da lua no dia e na hora do seu nascimento. O caralho. No. Fucking. Way. Ninguém precisa saber que dois dias depois, na calada da noite num quartinho dividido com dois irmãos (Jean dorme na cama de cima, porque um é sonâmbulo e o outro tem 8 anos, pois é, que bosta), ele usa seu plano de dados pra acessar o site do João Bidu (traduzido em inglês, porque ele não é obrigado). Tem um printscreen com seu mapa astral de cabo a rabo escondidinho em uma pasta que fica dentro de uma pasta que fica dentro de uma pasta mais geral ainda. Mas é claro que às vezes deixa escapar um: "é minha lua em câncer... não que eu acredite nessa besteira" diz com a voz grossa, muito séria. Tem uma imagem a manter, afinal, é aquariano, imparcial e objetivo. Vê se pode uma pessoa objetiva acreditar em horóscopo? Pft, é óbvio que não, jovem padawan. E é óbvio que não quer dizer nada ele, Jean Baptiste Grantaire, acompanhar seu horóscopo todos os dias e pensar em suas ações através do mapa astral. Nadinha mesmo.
Pra mim (e pra todo mundo... e pro cético de Taubaté, Jean Grantaire, também), não tinha como Grantaire ser mais aquariano, sério mesmo. Presta bem atenção: esse ser aquariano sobre quem falo precisa de segurança e estabilidade, por isso analisa situações e traça planos (mas isso pesa mais no seu ascendente em Virgem); PORÉM, tem hora que ele fica de saco cheio dessa pacacidade e precisa meter o louco, tomar umas decisões impensadas, se jogar no mundo (alô mochilão nas férias). É intelectual, amigável, comunicativo... em menos de cinco horas em Hogwarts já tinha se infiltrado em uma reunião do grêmio estudantil e, porra, levantado a mão pra pedir a palavra. Grantaire ficou de pé e discursou durante meia hora, apontando tim-tim por tim-tim dos problemas que tinha reparado naquele pouquíssimo tempo que estava ali. Era muito desgraçado esse Jean Baptiste Grantaire, não era? Se esforçava, se dedicava pra um caralho, é um trabalhador... muito, muito, muito materialista, mas aquele 1% humanitário com sede de justiça social. Ele é muito aquariano sim.
E o mais importante sobre seu mapa astral, é que ele adora seus amigos acima de tudo e faz qualquer coisa por esses vagabundos. Nada surpreso em encontrar Bernardo Flamel coberto por tintas coloridas e concentrado na sua obra de arte em andamento, na mesma sala de artes que ajudou Aimeé Solomon a encontrar mais cedo. Entrou na sala ampla, muito sorrateiro, como um gato, sem fazer barulho. Era difícil, sabe, não rir, não fazer um dos seus comentários ácidos, mas muito inteligentes. Aquelas sacadas que só Jean Baptiste Grantaire tinha. Escora-se na parede e observa Bernardo por um tempinho, ele parece estar em outro mundo, seu mundo. Lembra-se do filme preferido de Mama Grantaire, Titanic (sempre reclama da exorbitante quantidade de brancos no elenco, mas que tem que admitir que Leonardo DiCaprio é um pitelzinho). Prostrou-se sobre uma mesa, apoiando o cotovelo sobre a superfície e a cabeça em sua mão. Uma imagem muito sexy, digna daquelas introduções de um vídeo pornô mal feito. Quanto à mão livre, bem, o francês leva o indicador até os lábios, na intenção de sensualizar. “Flamel, oh, Flamel... draw me like one of your french girls!” fazia qualquer coisa pelo amigos, e passar vergonha era uma dessas coisas.
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grantcire-blog · 7 years
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Dope (2015)
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grantcire-blog · 7 years
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[miladyfraser]:
- Ghràdhach, você apenas se apoia em questionamentos ou realmente tem uma opinião fomentada sobre o assunto? Sou uma aluna refletindo e não uma agente do Ministério capaz de pontuar prós e contras do assunto referido. Posso dizer minhas opiniões e ainda serão sem tanto aprofundamento porque o Estado em si impede o acesso à informação. - rebateu com educação visto que o rapaz não fora mal-educado. Contudo, um licença não custava nada. - A documentação é uma burocracia que tende a falhar sim. Em qualquer parte do mundo, especialmente em uma sociedade extremamente corrupta - o que estreita um pouco mais a peneiragem quanto a esse assunto. Imaginando o mundo trouxa e suas regras de habilitação de armas de fogo, a pessoa precisa passar por testes e mais os questionamentos sobre a necessidade de se ter um revólver em casa. Nisso, temos a fiscalização que, como se espera, também tende a falhar porque, em suma, dizem que dificulta o acesso. Não é à toa que existe o tráfico. Adaptando para o mundo bruxo, não duvidaria que isso ocorresse aqui, ainda mais entre famílias tradicionais que são as máquinas que nos “alimentam”. Outro detalhe, para outra conversa, que reforça meu pensamento de que deveria existir licença a ser renovada anualmente. Tudo no mundo tem inclinação de falhar, mas, se não puxam as rédeas em determinados fatores, especialmente que visam segurança, teremos sempre pontas soltas, nenhum cuidado, nenhuma proposta de solução. Apenas, como você disse, capital. Mas capital para quê?
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Bem discretamente, de uma forma que ela não fosse perceber mesmo, Grantaire girou os olhos. “E o que seria, ghràdhach, milady? Você está me xingando? Porque se estiver, eu não quero saber.” é a única coisa que pergunta inicialmente, estava mais preocupado em escutar cada palavra dita no restante da argumentação. “Não, eu não tenho uma opinião fomentada sobre esse assunto. No momento, eu tô mais preocupado em não ser assassinado pelos cidadãos de bem portadores de armas completamente estáveis do mundo trouxa.” seu sorrisinho era sarcástico as fuck, mas era um medo real, afinal, era assim que seu falecido pai tinha abraçado a morte, mais um pras estatísticas. Assassinado por agentes do estado aptos e licenciados a portar armas de fogo. Bem na frente da sua casa. Sem nenhum pingo de vergonha na cara por terem convicção do não punimento pelo crime. E porra... todo mundo da comunidade tava olhando. “E como você vislumbra a aplicação dessa renovação anual? Primeiro, atentamo-nos ao fato de que no mundo bruxo há ainda mais facilitadores pra famigerada corrupção. Eu poderia me passar por você com um fio de cabelo e três meses trabalhando em uma poção polissuco. Eu poderia colocar o aplicador do teste sob a maldição imperius em um piscar de olhos. Suponhamos, então, que eu me encaixe no seu ideal de homem médio e estável... o que me impediria de enlouquecer nesse intervalo de um ano e matar alguém, por exemplo? Estou falando sobre casos hipotéticos, mas nós dois sabemos que essas suposições são palpáveis. De onde o Ministério vai tirar galeões pra movimentar essa nova instituição? E dar conta de todas as variáveis que podem colocar a fiscalização e a regulamentação em cheque? Yeah, eu boto fé nessa história de segurança, pontas soltas e tudo isso aí o que você está falando. Mas acho que isso está muito aquém, porque não depende só do sistema. Depende de cada indivíduo.” puxou o ar para seus pulmões, finalmente fazendo uma pausa mais longa se comparada com aquelas que faz durante sua incitação à discussão. “Trop complexe pour mon premier jour,” lê-se, ‘demasiado complexo para meu primeiro dia’. Jean Baptiste Grantaire murmura baixinho em sua primeira língua. “Enquanto o porte de varinhas não é regulamentado, você pode, por favor, me dizer onde eu posso encher a cara por aqui?”
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grantcire-blog · 7 years
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[shesfuckinart]:
Une reine n'est jamais en retard. A voz mais que conhecida foi o que fez Adèle parar e finalmente olhar para cima. Puta que pariu. Assim, em português mesmo, porque nada poderia descrever melhor sua reação ao vê-lo ali. Jean Baptiste Grantaire, um dos putos que acabava por ser também um de seus melhores amigos no mundo inteirinho. Já havia encontrado com Bonnacord, Flamel - que por sinal estava agora na lista dos maiores filhos da puta para Adèle; you better watch your back, Bernardo -, e Penthièvre. Sabia que Solomon já estava ali também mas ainda não a tinha visto. Mas não esperava ver Grantaire ali. Quer dizer, não sabia que ele tinha se entregado também, e ele não havia comentado nada sobre ter se transferido. Quis dar uns tapas no bruxo por isso - mesmo que fosse hipocrisia porque, c’mon, quem é que estava ali há uma semana e não tinha falado mesmo? -. Resolvendo entrar na brincadeira, Dubois esticou o braço para alcançar a mão estendida para si com um grande sorriso no rosto, fazendo uma reverência pra lá de exagerada em seguida. “– Enchanté, monsieur. And I hope you’re right, something tells me we would make a really good fucking team. Or maybe a dangerous one. I think the Great B ain’t ready for us.”
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Não é necessário dizer, considerando as circunstâncias, que tão logo Dubois abraçou (na verdade, se jogou) no francês, suas pernas rodeando a cintura do outro porque Adèle Dubois era Adèle Dubois e não fazia nada pequeno. “– Puta merda, cara, que saudade da porra!”
Muito bem... de todos aqueles desgraçados que por mero convencionalismo social chamava de "melhores amigos", Adèle era uma das que Jean Grantaire tinha visto mais recentemente. Por causa dos seus rolezinhos no Brasil com o Beau Penthièvre foragido e Montague, que era porra louca e topava qualquer coisa. E diferente dos amigos, ele não fora castigado por participar da rebelião. Por três motivos: a) sua mãe estava presa, na cadeia, por causa de um macho escroto, claro; b) sua avó não sabia, he thank God for that every single day (mas não deixa nunca de problematizar as faltas de oportunidades que impediram Mama Grantaire de estudar); c) seus irmãos mais velhos estão pouco se lixando pro que faz ou deixa de fazer, contanto que possam usufruir de todas as roupas de marca que Grantaire consegue sendo um... qual é a expressão mesmo? Ah, sim... um parasita. Grantaire se curvou melodramaticamente e encostou seus lábios nos dedos de Adèle em um cumprimento formal desnecessário pra caralho. "Le plaisir est pour moi, m'dame." lê,se 'o prazer é todo meu, minha dama'. Na verdade, era a dama de Penthièvre, mas quem se importava? "Great B ain't great at all, c'mon. But I have the feeling we'll burn this place down. Well, not literally. Maybe yes literally..." tinha que considerar os últmos eventos os últimos eventos.
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Rodeou o tronco de Adèle com seus braços em um abraço apertado. Concentrando-se em restabelecer seu equilíbrio para que os dois não acabassem no chão. Tinha aprendido que 'chão' só é interessante no baile funk. "Não é pra tanto, Dubois, nem deu tempo de sentir sua falta e olha você aqui de novo que saco né." implicou com ela, tava brincando, claro. O beijo estalado que deixou em sua bochecha era uma das provas.  
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grantcire-blog · 7 years
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[hxppxl]:
“E qual a graça de se ter filhos gêmeos se não nomeá-los de forma similar para tornar tudo ainda mais confuso? Idêntica a mim, vou ficar devendo… Estava apenas brincando, não há Morgana alguma, e você acaba de conhecer Manuella.”
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“Vous avez raison...” a.k.a. ‘você tem razão’. “aaah” fez um biquinho, aqueles de quem está muy decepcionado... “você destruiu todas as minhas expectativas com esse come out. De qualquer forma, é um prazer, Manuella. Jean Baptiste Grantaire... mas todo mundo me chamava pelo sobrenome em Beauxbatons, não sei se deveria manter a tradição ou adotar uma nova identidade igual a você, Morgana... suit yourself.”  
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grantcire-blog · 7 years
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[peggyklotz]:
Margaret sorriu ao ver a marra com que o garoto a respondera, e gostara ainda mais da resposta carregada pelo sotaque francês, e precipitou-se à frente. — Peggy Klotz…— apresentou-se e logo completou — Gosto de ver as reações das pessoas… E a sua é perfeitamente compreensível… You don’t look idiot!
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“Jean Baptiste Grantaire. Pode ser só Grantaire e o resto da piada eu não vou fazer porque ainda não somos íntimos e não quero correr o risco de levar uma voadora na cara ou de você envenenar meu suco de abóbora. Sabe como é...” apresentou-se com um sorriso, concluindo que a tal de Peggy Klotz o agradava muito. “well, that’s ecause I’m not an idiot. E você, qual é a sua... Peggy Klotz?”
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grantcire-blog · 7 years
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[solomoan]:
Solomon definitivamente não esperava aquelas palavras quando tinha decidido pedir informação à qualquer um naquele corredor do castelo, porém uma reclamação daquelas nunca tinha sido tão bem-vinda. Estava com saudades do rapaz, de todos os seus amigos, e o rosto familiar fazia com que se sentisse um pouco menos perdida no novo ambiente. Quase dava a sensação de que era o lugar chamada de lar, quase, e as suas frustrações anteriores eram substituídas pela felicidade atribuída ao fato de, finalmente, poder diminuir a falta que sentia deles, do squad, da sua família. “ ——– Jean ” proferiu em cumprimento, com um meio sorriso esperando que o momento de revolta do amigo passasse e ela pudesse, enfim, saber do que ele estava falando. Sorrir tinha sido inevitável, e a alegria estava estampada em seu rosto, apesar do tom alheio. Sentia falta até do tom responsável do garoto toda vez que inventavam de fazer alguma bobagem, e da expressão que ele fazia ao se render à ideia. E por isso o abraço foi mais que bem aceito, porque se ele não tivesse dado o primeiro passo, ela daria, de uma forma muito menos discreta que aquela.
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Era bem verdade que não estava exatamente surpresa em ver Bonnacord naquela manhã, imaginando que todos já estivessem sabendo daquilo, com exceção dela, pois tinha sido ela que havia passado os últimos meses em casa longe de qualquer forma de comunicação. Os cinzentos permaneciam juntos, afinal, então jamais duvidaria da capacidade dos amigos em se unirem outra vez. “ Já acabou? ” questionou divertida, embora entendesse a revolta alheia, ciente de que não estaria muito diferente no lugar dele. Ela, porém, não deu brechas para o amigo voltar a falar, não até que terminasse de fazer a grande pergunta que pairava em sua cabeça. “ Em primeiro lugar, saudades de você também! Eu não estou surpresa com essa história, já deveria ter imaginado, mas pensei que a desinformada era eu. Eles foram os únicos que encontrou? ” Claro, ela não iria perguntar diretamente, querendo já evitar uma grande decepção, mas o amigo não tinha citado todos do grupo, e o nome da Leblanc e do Montague não estavam presente. “ Eu preciso muito de uma pessoa a mais para conseguir entender qual é lógica daqueles movimentos da escada, porque sozinha, aparentemente, não sou capaz, então vou adorar que me ajude e te amar mais ainda, se isso for possível.  ”
Solomon e Grantaire, os responsáveis do grupo. E ainda assim tão, tão, tão diferentes. Veja bem, às vezes Jean Baptiste era visto como aquele carinha pé no saco, moralista do caralho que cortava a onda de geral, que explodia, às vezes. Mas só porque tinha aquela leve sensação de que os amigos não dariam uma foda pro que dizia caso não fosse assim. Era um cara tranquilo sim, mas tinha aquele jeitão marrentinho de botar moral com cara feia. Já Aimeé tinha uma aura bonita da porra, se Grantaire tivesse que eleger uma deusa da serenidade, seria Aimeé Solomon, com toda certeza. Prova disso era: Jean, seu primeiro nome proferido em um cumprimento solene que anulava o seu tom irritado. Putz, Jean até se sentia envergonhado agora pelo seu chilique. Se recompôs, ajeitando a gola de sua camisa toda alinhadinha no corpo. Pigarreou. “Ah-ham.” afirmou que já tinha acabado sim com seu ataque de pelancas. Riu baixinho, mas a expressão logo mudou quando sabia exatamente do que a loirinha tava falando. “No Montague... no Leblanc.” o pesar paira em sua voz como um fantasma da nostalgia. “O Montague, no entanto... só um segundinho...” ergueu uma das mãos, enquanto a outra alcançava seu celular bruxo, um presente. Entre os aplicativos, incluindo o tal do Magic Hellish, abriu o app de mensagens e a conversa com Montague, leu a última mensagem que tinha recebido do camarada. “... aqui ele diz: ‘down on the West Coast, they got a sayin’... pelas palavras cantadas de Lana Del Rey, eu te falo com quase 100% de certeza que ele está nos Estados Unidos.” só ele sabia como se arrependia de mostrar certas coisas trouxas pros amigos, como Justin Bieber pro Beau Penthièvre e pro Bernardo Flamel.
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Jean Grantaire estendeu o braço pra ela, como o cavalheiríssimo que era. “Allons-y, mon ange.” algo como: ‘vamos nessa, minha querida’. “Essa escola é meio esquisita... escadas que mudam de lugar. Como esses britânicos esperam que eu seja pontual desse jeito? Me perdendo toda hora. Also, minha inscrição no clube de artes foi indeferida... segundo o coordenador, eu já faço coisas demais. E é muito, muito estranho não terem um clube de teatro... ou aulas de dança.”  
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grantcire-blog · 7 years
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grantcire-blog · 7 years
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[solomoan]:
“ ——– Merde! ” murmurou em frustração ao sentir-se perdida naquele novo ambiente pela milésima nas últimas horas. Já tinha encontrado alguns de seus amigos, mas nenhum que pudesse ajudá-la a se encontrar pelo castelo, e a indignação com a nova realidade, aparentemente superada, parecia ganhar força a cada minuto que passava ali. Sentia falta dos corredores da escola francesa, sentia falta do clima do seu país, sentia falta de poder falar francês o tempo todo sem se preocupar em ser ou não compreendida; mas sabia que não deveria reclamar tanto do colégio, mesmo com as escadas que se mexiam justamente quando parecia ter entendido a lógica dos movimentos, porque o castelo ainda era uma opção melhor que a sua casa. Optou por ignorar suas frustrações após um longo suspiro cansado, e então juntou nas mãos todos os papéis que tinha trazido consigo para tentar se achar pela escola — e que não tinha sido de grande utilidade. Ela precisava pedir ajudar para se encontrar, ao menos até achar os seus únicos conhecidos em Hogwarts; com esse pensamento, a loira nem se preocupou em olhar direito para quem passava ao seu redor, aproximando-se sem nem pensar em busca da informação que precisava. “ Com licença, por favor” começou, se forçando a lembrar que deveria falar em inglês. “ Eu estou um pouco perdida por aqui, pode me dizer para qual lado devo ir para assistir às aulas extracurriculares? Também ia ser interessante saber se os movimentos das escadas têm algum sentido lógico, mas, enfim, a localização da sala do Clube de Artes já me ajudaria bastante.”
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Merde! Não, não, não. De novo não, porra! Jean Baptiste Grantaire praguejou em pensamento seguido de vários palavrões. Francês, inglês e até alguns em português que Adèle Dubois tinha o ensinado em todos aqueles anos de convivência. Coisas únicas como “enfia no... essa merda”. Enfim. Caramba! Que merda os fundadores daquela escola tinham na cabeça quando tiveram a ideia genial de construir um canavial de escadas que, do nada, sem Grantaire nem perceber, mudavam de lugar, alterando completamente sua direção. Um desserviço. Era difícil se localizar uma vez que as escadas se movimentavam. Jean, um cara muito pontual, provavelmente teria que acordar duas horas mais cedo do horário normal só pra não chegar atrasado na primeira aula. Porque as masmorras também eram longe pra porra. Pior! Alguém podia se desestabilizar pelas várias leis dos movimentos da física, cair, sair rolando, bater a cabeça e, por fim, morrer. Grantaire já previa que essa tragédia aconteceria com ele. Saído dos confins do bairro mais perigoso de Paris, morreria ali. Em Hogwarts. Por causa de uma escada. Virou-se rapidamente quando escutou a voz. Ele conhecia aquela voz. “What the actual fuck? Por que ninguém nunca me conta nada? Você está aqui, mas você estava em casa. A Adèle está aqui, mas estava no Brasil. O Achille está aqui também. E. Ninguém. Falou. Sobre. Isso.”
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Até que tentou manter a revolta em sua voz, mas não dava, Aimeé era fofa demais. Merecia um abraço. Um abraço beem apertado. E por isso, e porque fazia muito tempo mesmo que eles não se viam. Jean Baptiste estava morrendo de saudades. Abraçou Solomon. E quem era ele pra reclamar disso, afinal? Também não tinha comentado sobre ser transferido pra Hogwarts. E nem podia. I mean... falar sobre os reais motivos de estar ali. Porque Gentry Penthièvre e Lucca Flamel assim queriam. Assim seria. Sem questionamentos, mas muito contrariado, ali estava ele. Ofendido. Mas também muito feliz porque todos os outros também estavam ali. Vacilões como sempre. Mas estavam ali. “Não sei onde fica a sala do Clube de Artes, infelizmente... mas posso tentar procurar com você.”
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grantcire-blog · 7 years
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[bomacordo]:
— Isso é injusto. — Comentou para a pessoa o observando. — Você vê um arbusto pegando fogo, e então fica aí pronto para acusar o cara novo que não tem nada a ver com isso. E daí que eu tenho um isqueiro? 
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Encostado a uma árvore, não tão longe assim do arbusto pegando fogo, Jean Baptiste Grantaire assistia com deleite a Achille Bonnacord dar uma de João sem braço. “Sério, Bonnacord?” perguntou no exato segundo em que as pessoas começaram a se dispersar. “Será que ainda dá tempo de fingir que eu nem te conheço?”
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grantcire-blog · 7 years
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[peggyklotz]:
— Hey, you! Isso, você mesmo aí com cara de idiota — chamou, com um assovio longo antes de iniciar sua frase, e acenou com a cabeça para que a pessoa se aproximasse.
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Não achou que estivesse falando com ele. Vê se pode, não tinha cara de idiota. Melhor, Jean Baptiste Grantaire não tinha nadinha de idiota, muito pelo contrário. “Excusez-moi?” ergueu uma sobrancelha enquanto balbuciava no seu francês impecável. Aproximou-se, estava curioso pra saber o que a garota, que se parecia muito com uma amiga de longa data, queria. “Is that a thing now? Chamar qualquer um de idiota por aqui? Vocês são bem receptivos né?”
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grantcire-blog · 7 years
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[turnerthepage]:
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AI MINHA PUTA QUE PARIU!!! Acho que não era esse o feitiço.
Hora do almoço. Jean Grantaire tava varado de fome depois de uma manhã exaustiva cheia de aulas. Gostava de estudar, mas, porra, era cansativo pra caralho. Tinham falado pra ele que o salão principal ficava atrás de uma porta grande. Todas as portas ali eram enormes. Por isso foi abrindo uma por uma naquele corredor.
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“WOAH! Aqui não é o salão principal... É? Por favor me diz que não. Seria muito azar se a comida estivesse pegando fogo.” primeiro a preocupação com sua fome, depois a preocupação em sacar a varinha do bolso e controlar as chamas laranjas com um “aguamenti”.
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grantcire-blog · 7 years
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[miladyfraser]:
DI ➡ Qualquer lugar. 
- Eu poderia começar a enumerar sobre a quantidade de vezes em que concordo com o fato de que as leis mágicas britânicas são fraquíssimas. - declarou Maggie com uma nesga de consternação. - Enquanto nos EUA existe documentação para porte de varinha, tudo que se necessita nessa comunidade é passar no N.O.M.s.. Além disso, readquirir uma nova varinha é ainda mais fácil, pois basta você comprá-la. A única cláusula que parece interessante é com relação a quem sofre de alguma doença mental ou é mentalmente instável, mas quem disse que o Ministério faz peneiragem? Preciso enumerar o quanto de instáveis possuem porte de varinha no momento? Acredito inteiramente que deveria haver uma avaliação assim que saímos de Hogwarts, afinal, varinha é uma arma e não um apetrecho.
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Ergueu as sobrancelhas, interessado pelo assunto. Sempre prestava atenção em questões no que concerne à ordem social. Um ativistão da porra esse Jean Baptiste Grantaire. Inclinou a cabeça para o lado, com os dedos dedilhando sobre a madeira escura da mesa. Refletia sobre o que a menina desconhecida dizia. Podia ficar calado, não falava com ele. Com uma terceira pessoa. Mas Jean dificilmente se calava quando tinha uma opinião. “Fiquei sabendo que a documentação não é tão eficiente assim. Você lê os jornais? Ficou sabendo do massacre que teve lá há dois meses? Qual seria o critério da avaliação pra que se consiga a permissão pra portar uma varinha? Tudo que mexe com a subjetividade do indivíduo não é muito palpável, você não acha?” perguntou com um sorrisinho torto. “E do que adiantam as leis se não tem fiscalização? Ou se só funciona pra parte da sociedade? Porque a gente sabe que o dinheiro compra quase tudo nesse mundo, aqueles que vão emitir a tal permissão pro porte legal de varinhas, inclusive.”
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grantcire-blog · 7 years
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[hxppxl]:
“Na verdade, a Manuella morreu. Eu sou Morgana, a irmã gêmea do mal dela.” a loira falou em tom monótono, brincando sobre ter sobrevivido à Histeria e seu tratamento, e voltado à universidade. “Gostava dela? Sinto muito, pode dizer isso a ela quando eu te matar se me fizer perder a paciência.”
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Manuella... Morgana... caralho, até minha mãe que teve cinco filhos esbanjou criatividade escolhendo nomes iniciados com diferentes letras do alfabeto. Vocês eram gêmeas idênticas? Só pra procurar alguém como você, já que não cheguei a conhecer a tal da Manuella.
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grantcire-blog · 7 years
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[shesfuckinart]:
“ – Merci.” Murmurou para a pessoa que a ajudava a juntar os documentos espalhados no chão, essenciais para sua matricula na DIAM. Atrasada como estava, buscava correr atrás do prejuízo que entrar dois meses na faculdade havia causado - Daniel, seu pai, teve bastante trabalho com o excelentíssimo diretor Percy Weasley; leia isso da forma mais sarcástica possível -. Fora isso, ainda tinha que arrumar o recém adquirido apartamento, este que estava sendo todo decorado por ela sozinha desde a semana retrasada, quando havia chegado ali, coisa que de forma era um tipo de terapia considerando a correria que sua vida estava aqueles tempos. E isso porque não tinha contado a ninguém sobre sua chegada. Surprise, motherfuckers. “– Eu não estava prestando atenção por onde ando. Aproveitando que tá aqui, cê sabe onde fica a secretaria da universidade? Deveria ter deixado esses papéis lá…” O sotaque francês muito pesado marcava cada palavra que saía de sua boca. A pausa foi feita para que alcançasse o celular no bolso das calças boyfriend, e então ela checou as horas. Atrasada nem começaria a descrever. Ainda de cabeça baixa e agachada no chão, enquanto tentava organizar os documentos, tornou a guardar o aparelho no bolso e só então concluiu, sem olhar para seu interlocutor. “– …há duas horas atrás. I’m fucked, I know. Mas foda-se, não tô com pressa mesmo. Obrigada por ter me ajudado. Sou nova aqui, como deve ter percebido. Me chamo Adèle, in case you’re wondering.”
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Jean Baptiste Grantaire sorri enquanto ajuda recolher os documentos de Adèle Dubois —— uma de suas melhores amigas do mundo inteiro, desde os primeiros anos em Beauxbatons, quando Beau Penthièvre o arrastou pras aulas de balé, ah, mas ele ficou injuriado, ficou sim. Depois acabou pegando gosto pela coisa, mas vivia de cara fechada durante as aulas pra não dar ao Penthièvre aquele gostinho de vitória. Não sabia que ela estava ali, o que deixa seu ego um pouquinho ferido. Avá, estava profundamente magoado por ela não ter contado que, mais uma vez, ocupava os mesmos terrenos que ele. Aproveitou-se da abstração da amiga, deixou que ela tagarelasse no seu sotaque francês tão evidente quanto o de Jean Grantaire. Tentava, arduamente, não se entregar com uma risada entalada na garganta. Porra. Ele queria muito, muito mesmo, cair na gargalhada. Respirou fundo, sem responder à pergunta sobre a secretaria. Até porque não sabia. Sabia tanto quanto ela sobre aquelas terras desconhecidas, que se intitulavam desconhecidas por algum motivo, não é verdade? “Une reine n'est jamais en retard...” lê-se, uma rainha nunca está atrasada. Seu sorriso era um sorriso ardiloso quando estendeu a mão para Adèle, em um ar muito cortês que transformava aquela interação na mais cômica que Grantaire havia tido desde que chegou ali. Nem tinha tanto tempo assim, algumas horas, talvez? “Jean Baptiste, nice to meet you, Adèle. I think will be good friends. Don’t you? Só um palpite.”
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grantcire-blog · 7 years
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MAGIC HELLISH IS ON! Are you a watcher or a player?
Sempre gosto de analisar meus riscos, sabe? Saber em que furada tô metendo, ter vários planos pra não me estrepar. Mas o dinheiro entra e todas as convicções morais ficam em segundo plano. 
Imma be a playa and y’all better have tons of cash ‘cause I’m gonna win this shit.     
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grantcire-blog · 7 years
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Jean Baptiste Grantaire possui 17 anos e está no 7º ano da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Seu status sanguíneo é nascido-trouxa, e pertence à casa Sonserina. No momento encontra-se indisponível e seu face claim é Trevor Jackson.
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✧ Extracurriculares: Aritmancia, Estudos Antigos, Grêmio Estudantil, Jornal de Hogwarts e artilheiro no time de quadribol da Sonserina ✧
✧ Varinha: É feita de acácia (madeira subestimada por seu temperamento peculiar, mas que quando colocada com o bruxo certo, a varinha de acácia pode alcançar qualquer poder), escama de serpente marinha, tem 27.9 centímetros e é inflexível. ✧
✧ Patrono: Águia  ✧
✧ Espelho de Ojesed: Jean Grantaire é um jovem ambicioso, de muitas aspirações. Poderia ser ele sentado sobre uma pilha de ouro. Jogando como titular em um time foderoso de Quadribol e pela seleção francesa. Vivendo a vida dos clipes dos rappers que ele toma como inspiração. Sendo o motherfucking Ministro da Magia da França. Uma infinidade de desejos e sonhos que não cabem dentro de si. Mas a imagem refletida pelo espelho de ojesed é pura, é a única coisa que impede que Jean Baptiste acredite que ele é um verdadeiro monstro por ser o que é, retrata uma noite de Natal (feriado preferido de Grantaire), uma ceia farta, com tudo o que sua família merece, do bom e do melhor. E no cantinho da imagem, um enorme pinheiro de Natal, debaixo dele, é possível ver várias pilhas de objetos embrulhados em papel de presentes. Todos estão sorrindo. Estão felizes. Estão satisfeitos. ✧
✧ Bicho-papão: É a única pessoa que entende o medo por detrás do seu bicho papão. Como ninguém sabe, Jean Baptiste Grantaire é um gênio do mal enganador de primeira categoria. Mas quando deita a cabecinha no travesseiro, sua consciência pesa. Pesa porque está mentindo e manipulando aquele bando de desajustados que se tornou sua melhor família em Beauxbatons. Seu bicho-papão é Bonnacord, Dubois, Flamel, Leblanc, Montague, Penthièvre, Solomon… todos eles virando as costas para ele. E marcando cada sílaba da frase: você nunca será um de nós. ✧
✧ Animal de Estimação: Um falcão peregrino, de penagem escura e peito branco, com mais ou menos um metro. Foi resgatado por Jean em algum ponto da vida. Seu nome é Stephen Hawking… um trocadilho horrível. ✧
✧ Player: Yas ✧
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Dos cinco filhos (três meninos e duas meninas) de Emmeline e Aloysius, Jean Baptiste —— um nome composto retirado da Bíblia em homenagem ao pregador judeu nascido em Aim Karim no ano 2 a.C. ——  está bem ali no meio. Nem tão mais velho e nem tão mais novo, conquistando o lugar de terceiro filho naquele pódio carinhosamente chamado de vida. A família Grantaire, por parte de pai, migrou da África do Norte pra França um pouquinho antes da eclosão da histórica Revolução Francesa. Há quem diga que seus antepassados viram a Bastilha cair de pertinho. Nunca tiveram nada. Chegaram em Paris em um timing lazarento. Guerra pra cá, miséria e vulnerabilidades pra lá. Coitados. Pobres, ferrados, sem perspectiva de ascensão social… foram parar em Bondy junto com outras famílias de baixa renda. Um lugarzinho barra pesada. 11 quilômetros do centro de Paris. Aquele subúrbio bem subalterno, bem ao norte da capital francesa, o que nunca vai aparecer nos cartões postais. Uma favela onde os governantes não pisam com seus sapatos sociais italianos carérrimos e fingem que não existe fora de período eleitoral. É rolê demais, Jean diria. Jean Baptiste Grantaire também não pisaria ali se a vida tivesse dado a ele o benefício da escolha. Turistas não visitam a quebrada, ninguém que ficar em um hotel sem estrelas. Ou se arriscar com uma bala perdida, quem sabe. Apesar dos pontos negativos (que não acabam nunca), Bondy é palco da história de amor mais bonita com a que Jean teve contato na vida: a história dos seus pais.
Claro que quando ele diz bonita, refere-se a forma como o amor dos dois sobreviveu a tudo. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença… até que a morte nos separe. Se conheceram através do irmão mais velho e de Emmeline, Leroy Martinez. Eram adolescentes, não sabiam merda nenhuma da vida quando Emmeline descobriu, com os olhos marejados, o positivo num teste barato de farmácia que Aloysius Grantaire comprou com umas moedas que tinha no bolso remendado da calça que ia passando de irmão pra irmão. Enfim. Mama Grantaire (como a mãe de Aloysius é conhecida por todos em Bonty) fez questão que o filho assumisse suas responsabilidades como pai e cedeu um cantinho na sua casa para que os pombinhos inconsequentes criassem a criança. Hoje esse gesto de coração deve ser um puta arrependimento, porque como se pode ver, Emmeline e Loy (apelido dado pelos filhos pequenos que achavam o nome Aloysius complexo pra caramba) Grantaire não pararam de procriar. E teriam bem mais que cinco, se não fosse pela fatalidade.
Jean Baptiste recebeu o nome bíblico por causa de uma promessa. Depois de um último mês de gestação complicado que colocava a vida de Emelline Grantaire e a do menino em risco, Jean Baptiste Grantaire nasceu milagrosamente na madrugada do dia dos namorados, 14 de fevereiro. Um bom menino, esse Jean Baptiste. Muito prestativo e zeloso. Protetor até falar que chega com os irmãos. Cresceu cedo demais. Tinha que cuidar dos caçulas enquanto os adultos saiam pra trabalhar e dividir tarefas de casa com os irmãos. O amadurecimento precoce veio aos 10 anos, quando ouviu os tiros que mataram Aloysius —— um grande homem ele, Grantaire lembra muito o pai em tantos aspectos que quando Emmeline olha pra ele seus olhos enchem d'Água, pobrezinha ——  na porta de casa. Jean Baptiste contou doze disparos, até hoje não sabe porquê. Só sabe que toda vez que se lembra do dia, o ódio o consome, não pra menos né. Porra, era seu pai. Um homem íntegro, direito, não fazia nada de errado. Muito trabalhador. De casa pro trabalho e do trabalho pra casa. Exceto quando agitava a favela com suas rimas cheias de sapiência e resistência (ou reexistência) todas as sextas feiras, debaixo do viaduto local. Com os três filhos mais velhos na sua cola. Grantaire com certeza seria seu sucessor. Assim como ele, tinha o dom das palavras. E olha que era bem novinho, mas já improvisava com a fala embolada uns raps maneiros, bobinhos, mas maneiros. A vida mudou bastante. Um salário a menos, gastos com um funeral digno que o grande Loy merecia, depressão atrás de de depressão. Conta atrás de conta. Refeição pulada atrás de refeição pulada, aquela fita de dormir só pra tentar tapear a fome. Essa era a vida deles. Jean Baptiste não tem outra escolha como muitos meninos ali de seu bairro: larga a escola.
Ele faz seus corres, no bom sentido da expressão. Porque Grantaire é um menino direito, íntegro e tudo o que seu pai era. Engraxa os sapatos da classe trabalhadora e também de empresários no metrô, todos dão uma gorjeta generosa porque Grantaire conta muitas histórias, sobre tudo. É uma pessoa muito comunicativa quando quer ser, no mais, evita falar sobre si mesmo. Porque tem tanta coisa mais interessante no mundo que um menino órfão de pai, que passa dificuldades dia sim e dia sim também, que conta moedas no ônibus de volta pra casa pra fazer uma gracinha no jantar. Muitos dizem que ele não deveria estar ali, e sim na escola. Concordar ele até concordava né, mas coitada da sua mãe. Coitada da Mama Grantaire com vários problemas de saúde. Coitados dos irmãos que não podiam ter um tênis bacana ou aquela roupa da moda. Sobreviviam de genéricos. Teria continuado nesse trampo ou migrado para o mundo do tráfico —— que dava muito mais dinheiro, vamos combinar. Mas trazia a incerteza. Será que acordaria vivo no dia seguinte? Será que valia mesmo à pena? ——  se não fosse pela carta de Beauxbatons. Seu bilhete da loteria. O ticket dourado de A Fantástica Fábrica de Chocolate, seu filme preferido. Não queria deixar a família pra trás, mas pessoas como ele não podiam se dar o luxo de desperdiçar oportunidades. Entrou na carruagem puxada por cavalos alados. Ficou muito maravilhado com aquelas coisas loucas que só via em filmes de fantasia e ficção. Quando voltou pra casa no Natal do primeiro ano, Mama Grantaire fez sua mágica, apesar de trouxa, aquela mulher exalava magia.
Explicando o porquê: Mama Grantaire é aquela figura de respeito, todo mundo treme nas bases quando ela fecha a cara. Os netos, os vizinhos, aqueles que nem conhecem a peça. É uma mulher forte, corpulenta, que não perde uma treta sequer. Aquela velhinha (nem tão velha assim) porreta cheia de conselhos úteis pra vida. Ela é tão foda, que os netos todos fazem reverência e estendem a mão pedindo benção. Quando não fazem isso, pode ter certeza que o dia vai ser uma merda. Mama Grantaire não gosta de se exercitar, o único levantamento que faz é o do copinho de cachaça. Fica sentada o dia inteiro em uma poltrona, com as agulhas de tricô frenéticas nas mãos rechonchudas e pequenininhas e a bengala do lado. Sempre do lado. É autêntica demais da conta, veste sempre roupas étnicas, não nega suas raízes africanas. E quantas vezes ela já não acertou a mão de Jean Baptiste com aquela bengala desgraçada quando Jean tentava roubar o maior pedaço de frango? Respeitava ela demais. Xingava baixinho às vezes quando ficava puto com ela. Velha rabugenta. Mas respeitava pra caramba mesmo. Naquele Natal, colocou todos os netos em fila, aquela escadinha, do mais velho pro mais novo. Apoiou a bengala no chão. “Trabalhem. Trabalhem, meus filhos. Por causa da sua cor. Por causa do que você tem. Por causa da sua história. Devem se esforçar duas vezes mais para alcançar a metade do que todos outros já têm.”
Jean Baptiste tinha muita vergonha de falar de onde veio. Lá em Beauxbatons. Todos os seus amigos viviam no luxo. Era filho de Ministro, filho de pessoas que trabalhavam pro Ministério, filho dos manda-chuvas da alquimia. Todos eles tinham coisas legais, coisas caras que compravam a casa de Grantaire umas cinco vezes, viajavam nas férias, tinham histórias incríveis pra contar. Ele não. Meritocracia é uma falácia pra Grantaire. Ali ele via pessoas que já nasceram em berço de ouro, como Beau Penthièvre e Bernardo Flamel.  E ele, que era dedicado e esforçado e não tinha bosta nenhuma. Não culpava os meninos, eles eram caras legais. Só não achava justo. Se é que Grantaire sabe o que é justiça. Muito esperto, arquiteto dos melhores planos, se beneficiou do seu círculo de amizade pra se dar bem na vida. Não era bobo, um alpinista social. Era por isso que tava na Persévérer, ninguém entendia. Deixava quieto, dava de ombros, quando perguntavam por que foi escolhido pr’aquela casa e não pra Juste ou Noble. Tanto faz. Não achava que fazia errado, se aproveitar do ambiente pra subir os degraus para o topo. Fucked my way to the top. Na sua cabeça engenhosa, atuava como um Robin Hood, que tirava dos ricos pra dar aos pobres. Com um discurso eloquente e responsável, cheio de sutilezas, ele engana direitinho, consegue as coisas com a fala macia e tudo mais. Tudo na base da enganação. Roupas de marca, refeições que nunca teria condições de bancar, viagens e tudo o que tinha direito. Não fica com tudo pra ele, é claro. É a pessoa menos egoísta que você vai conhecer na sua vida, contraditoriamente, compartilha com os irmãos e penhora alguns itens de luxo que ganha de presente, pra dar o dinheiro pra sua mãe.
Gentry Penthièvre e Lucca Flamel são, ao mesmo tempo seus benfeitores e pior pesadelo. Não achava errado o que fazia, até criar um vínculo fraternal com Beau e Bernardo e começar a se sentir culpado por usar os dois, e todos os outros, de certa forma. Sua moralidade era diferente. Mas aquilo era um beco sem saída, porque acontecesse o que acontecesse, não tava disposto a perder a amizade deles. E o “financiamento” vinha a calhar, admitia, estava ajudando muito em casa. Não podia quebrar o contrato, não podia contar pra eles. Só seguia a maré e torcia pelo melhor. A única ocasião sobre a qual não tinha controle do que acontecia. Porque Gentry Penthièvre e Lucca Flamel tinham. Com Beau e Bernardo expulsos, pensou que perderia a benfeitoria dos dois figurões do mundo bruxo. Achou que estava mais fodido que nunca, porque Beau e Bernardo eram sua garantia de que seria alguém na vida. De que um dia teria relevância no mundo. Fica surpreso quando os dois homens aparecem em Beauxbatons, passados quase dois meses do início das aulas. Com papéis da sua transferência pra Hogwarts. Preto no branco. Nem foi consultado, mas o comum acordo entre os benfeitores foi um alívio.
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✧ Grantaire é uma pessoa perceptiva pra caramba. Observa tudo de uma perspectiva minuciosa. Isso que dá crescer em uma casa com muita gente, com irmãs que tentavam dobrar a Mama Grantaire (que na verdade era a avó, a mãe vai por Emmeline mesmo) a todo custo, uma velha muito esperta. Grantaire tem a quem puxar. Retomando, ele é muito ligado à linguagem corporal, entonações e SEMPRE, sempre, vai te olhar nos olhos quando estiver conversando com você. Se for um mentiroso meia boca como Pinóquio, nem tente engambelar o rapaz. Ele vai descobrir. Talvez porque ele, Jean Baptiste, seja O mentiroso. Não haveria outra maneira de conseguir enganar um grupo de Persévérers por tanto tempo. ✧
✧ Engenhoso, brilhante e precavido pra caramba. Jean Baptiste Grantaire sempre tem um plano A, B, C, D… que seja, o alfabeto inteiro! Ele só corre riscos se tiver certeza de que as coisas permanecerão sob controle e se algo der errado, ele já tem outro truque na manga pra reparar o vacilo. Há suas exceções, afinal, Jean não é a merda de um Deus. Está sujeito a falhas. Contanto que sua cabeça não seja a primeira a rolar. Há quem diga que ele não quebra regras, é certinho demais. Isso é mentira. Ele só lê essas regras muito bem e encontra brechas, antes de pensar em desobedecer. Foi abençoado por um pensamento lógico, rápido, arquitetado em várias etapas. O que faz com que suas notas sejam muito altas. ✧
✧ Jean Grantaire é estudioso. Estuda mais que os outros, com certeza. Ele precisa disso pra se destacar no meio de tanta gente privilegiada. Que já nasceu com a vida ganha. Precisa de um histórico impecável se ele quiser, um dia, frequentar uma universidade. Porque ele não vê seu acordo com Gentry Penthièvre e Lucca Flamel como algo permanente. Não se acomodou… ainda. Tenta dar seus pulos e se virar por conta própria também. Almeja conseguir uma bolsa integral que cubra seus gastos acadêmicos quando alcançar a época de ir pra faculdade. Não é um rato de biblioteca. Óbvio. É responsável, mas também sabe aproveitar a vida e apronta suas loucuras assim que a primeira gota de álcool escorre goela abaixo. Ele tem consciência. A vida não pode ser toda regrada e às vezes se deixa convencer pelas ideias insanas dos amigos por quem ele tem uma puta consideração.  ✧
✧ É uma pessoa consciente. Esclarecido politicamente. Está acordado. Não tinha como ser diferente. Seu pai foi assassinado por policiais na porta de casa quando ele tinha 10 anos. Escutou os tiros de dentro de casa. Ficou impressionado com o corpo desfalecido do pai no pavimento, todo ensanguentado. Ele luta contra figuras de poder, luta contra opressões, critica o sistema. Do seu jeito, é claro. Busca conhecer os inimigos, descobrir suas fraquezas para que então possa agir. De novo a observação. Em memória ao pai, usa sempre (nunca tira mesmo) um crucifixo de madeira com cordão de couro. Ele deixou em casa no dia que foi morto e Grantaire acredita que, se tivesse usando a droga do colar, isso não teria acontecido.  ✧
✧ Quem acha que Grantaire segue todas as regras tim-tim por tim-tim está muito enganado. Ele tem um pouco de rebeldia correndo em seus sitema. Tem vários grafites de sua autoria espalhados pelos muros franceses. Parte trouxa e parte bruxa. Todos eles têm cunho político-social. Sejam as frases ou os desenhos fodas que ele faz. Todos têm significado forte. Todos criados por um jovem negro e de periferia que está de saco cheio das injustiças cometidas pelos lobos. Assina sob o pseudônimo JOHANNES, com uma caligrafia floreada. É uma variável latina para seu nome Jean (que também poderia ser John, João, Juan, Yohannes e por aí vai), também se interessa muito pela linguagem e pelos significados das palavras. Ainda na arte, ele manda muito bem no freestyle, poesia livre, algo que o acompanha desde que Loy levava os filhos pras batalhas de rap semanais em Bondy. Às vezes, entre os amigos, desembola umas rimas sobre as coisas que eles vivenciam. Jean Baptiste é muito bom na escrita e tem um blog no mundo trouxa pra falar sobre questões sociais e políticas. Ninguém sabe que o blog é dele. ✧
✧ Tem um humor ácido. E consegue elaborar piadas inteligentes, às vezes de mau gosto, com uma rapidez invejável. ✧  
✧ É uma pessoa bem ativa. Luta boxe e joga quadribol, mas sempre faz um rant de como basquete é o melhor esporte do mundo. ✧
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