Das cartas enviadas, o azul.
Querida Helena,
Acabei de chegar em casa e não pude deixar de lhe escrever. No caminho de volta para casa, acabei esbarrando em um texto de Clarice que me dizia: "O inalcançável é sempre azul". Bom, por coincidência ou não, escrevo com a mesma cor.
Não pude deixar de lembrar de seu rosto. Faz tanto tempo que acho que não sei mais seu cheiro, mas ainda me recordo de sua voz.
Como tem passado? O que o mundo lhe reservou? São tantas perguntas que me encho de euforia. Acho que nunca terei peito suficiente para tanto sentimento. Sinto sua falta. Queria que soubesse do tanto de amor que lhe tenho guardado, mas não sei se um dia ficaremos juntos. Você sempre aparece e depois some, é tão difícil. Você e eclipse são sinônimos.
Por aqui, ando cheio de sonhos. Sempre acordo ao fim das manhãs e tenho me irritado quando estou desocupado. Penso, penso demais. Do jeito que me conhece, sabe que nunca posso estar parado. É perigoso. Minha cabeça é minha armadilha sentimental e, de vez em noites (algumas em claro) você compartilha deste perigo comigo. Ás vezes, estamos presos no mesmo lugar mas há serenidade em teus olhos. É quase impossível te tocar, por mais que penso que nos amamos profundamente.
Espero que quando receber esta carta, consiga me responder no mesmo instante. É difícil lembrar de você e te imaginar como um pássaro que voa em um grande céu azul. Ainda te espero. Por favor, não seja impossível.
Assim como a caneta, você é azul.
Com carinho e esperanças,
Francisco Meliê.
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" Aquilo que não sei é a minha melhor parte. "
- Clarisse Lispector
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