Tumgik
#enfim a qualidade de escrita ta uma boxxxta mas vamos que vamos
applewyatt · 2 years
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               · 、          APPLE WYATT:   𝑠𝑎𝑣𝑖𝑜𝑟'𝑠 𝑑𝑎𝑦    ❜
para um dia tão aguardado, a manhã havia começado de forma miserável para todos os charming na barraca localizada em um dos pontos mais privilegiadas da praia de undersea. snow se lembrava que havia perdido um filho, david consolava a esposa e todos os filhos pareciam subitamente conscientes de que nunca, nunquinha, seriam wyatt, o salvador, charming, para o desespero e horror de sua mãe.
de todos os filhos, apple se julgava a única que entendia os pais, sempre ficando ao lado da mãe, revezando turnos com o pai quando o choro da esposa se tornava cansativo até mesmo para ele. no entanto, para alguém que venerava a mãe de todas as formas possíveis e imaginaveis, a convivência com ela era sempre sufocante, e embora apple não pudesse apontar o dedo no que de fato lhe incomodava, ela sabia que não era um sentimento bom --- mas isso nunca lhe impediu de tentar imitar snow white em absolutamente tudo.
no final do dia era a única coisa que realmente importava era a aprovação de sua mãe.
mesmo que ela se sentisse miserável.
quando anunciaram o tema do evento da noite, apple logo imaginou seu vestido de princesa. Algo moderno, mas bufante, rosa, é claro, e uma coroa de diamantes rosas. ela, tecnicamente, não era uma princesa de verdade, e em qualquer outra ocasião seria considerado inapropriado usar uma tiara em um evento que o rei e a rainha estivessem presentes, mas como o tema era não ser você mesma, ela tinha todas as desculpas para ser quem ela quisesse.
Não havia poupado qualquer economia para fazer sua visão se tornar realidade, havia cobrado favores, ameaçado pessoas, gritado com servos e aterrorizado até mesmo os animais que passavam por perto quando ela se olhou no espelho e amou o que via. como um eco do passado, ela também se sentia a garota mais linda de todo o reino, até que três batidinhas discretas na porta anunciaram branca de neve em carne e osso.
apple, deixe me ver como ficou! – a empolgação era cristalina, como se ela não tivesse passado a última madrugada chorando. De fato, não havia quaisquer resquícios de choro, rosto inchado ou sequer uma olheira, o que quer que a mãe usasse, estava funcionando para que parecesse tão jovem e linda quanto no dia que arruinou a vida de sua madrasta.
embora não fosse possível achar qualquer sinal de idade, marca de expressão, espinhas ou qualquer coisa do gênero, apple leu a expressão de desgosto e desprezo no momento que os olhos da mãe pousaram em seu vestido. --- porque está usando esse? – a voz doce, quase cantarolada era estridentes para os ouvidos treinados da mais nova, que conhecia bem demais a matriarca para saber distinguir todas as expressões descontentes da voz melodiosa da mãe.  - você não viu o vestido que deixei na cama?
apple sem perceber, havia trancado o maxilar. ela havia reparado na caixa em cima da cama. branca com a marca da fada madrinha talhada em dourado por cima. e havia propositalmente ignorado o presente porque sabia o que significava.
em um gesto despretensioso, sem se virar para a mãe, apenas encarando o rosto da mais velha pelo espelho, ela alisou o vestido suspirando sonhadoramente. --- eu gosto desse.
apple não costumava enfrentar a mae, nem em algo tão simples como a escolha de um vestido. e snow não esperava realmente que a filha protestasse, afinal, ela sempre tinha o seu final feliz. por isso, quando dedilhava os cachos castanhos escuros da mais nova, ela dizia com carinho e bondade. --- esse não é tão elegante quando o outro que eu escolhi!
apple não concordava, porém, queria deixar a mãe feliz. porém, era difícil não pensar que a mãe talvez não sentisse o mesmo por ela. principalmente quando depois de toda a semana falando apenas em wyatt, e em quanto ele nunca seria esquecido, substituído ou sucedido, ela estivesse procurando por algum incentivo para justificar toda a sua dedicação, ou algo que fizesse valer a pena. --- porque se importa tanto?
--- porque eu amo você. --- snow foi rápida, e embora a filha não sentisse que a mãe queria dizer aquelas palavras verdadeiramente, ela sentia que devia ser o suficiente, porque ela queria que fosse verdade. --- apple, querida, você nunca será tão bonita ou magra, ou feliz como é agora. eu só quero que você aproveite o máximo enquanto pode.
o medo de não ser tão bonita era maior do que de não ser amada mas a pressão para ser perfeita estava ali, escondida em uma palavra ou outra. apple, que se gabava de entender os pais mais do que os outros irmãos, sorriu mesmo engolindo em seco. --- acho que dá tempo de me trocar. --- apertou os lábios em um sorriso desconfortável e observou a mãe se afastar vitoriosa, para longe do espelho.
--- e passa um creme nesse cabelo. as pontas estão secas!
a garota olhou para os cabelos, tocando-os como se eles tivessem acabados de envergonhá-la. o vestido em sua cama era branco, assim como as penas que compunham o visual, que deveriam ser presas em seus cabelos e ultilizadas em sua maquiagem. a pomba branca em sinal da paz não podia ser mais clichê, mas ela realmente parecia linda, casta e angelical na peça.
ela saiu da tenda, juntamente com os irmãos e toda arthurian estava em festa, ela sorria e realmente amava aquela atenção, a devoção e a entrega das pessoas em algo que ela fazia parte. como a boa filha, ela seguiu os pais até o conhecido castelo de arthur  e guinevere. mas algo realmente parecia diferente. talvez fosse o espartilho apertado que mantinha suas costelas próximas demais a ponto de seu pulmão quase colapsar, mas todos pareciam, diferentes, tensos. até mesmo seu pai, que costumava amar tanto atenção quanto ela, estava com o maxilar rígido enquanto esperava sua deixa para assumir sua posição na bancada.
não era exatamente novidade estar ali. tinha ocupado aquele lugar desde que era um bebê de colo e não parava quieta enquanto o seu pai discursava. agora seu papel era atrás, apoiando tudo o que seu pai dizia.... o que normalmente não era difícil, os dois compartilhavam da mesma visão de mundo e de valores, por isso ela se viu assentindo quando seu pai fazia pontos extremamente válidos a respeito de malévola, scar, peter pan... e então, ele se voltou contra eric triton e até para apple, aquilo foi bastante surpreendente. normalmente, as indiscrições do conselho eram resolvidas internamente, fofocadas para todos e nunca expostas, mas estava ali, imagens do próprio triton contabandeando magia para o castigo, e foi difícil o maxilar da charming não despencar em mais puro choque.
quando o pai retornou para seu lugar na bancada, apple ofereceu um aperto no braço do pai, afinal, ele tinha feito certo em expor o traidor, mesmo que a forma tivesse sido tudo menos convencional. o clima era pesado, tão tenso que uma faca podia cortar o ar e dividí-lo em cubos. era palpável o choque, o desconforto e ela nem ouviu o que o rei tinha a dizer, porque a movimentação lá embaixo chamou sua atenção.
algo impediu seus pés de se moverem, mas não adiantou. porque mesmo longe, mesmo atrás dos pais, ela pode ver o sangue vermelho, ela pode ver a vida de wendy darling escapar, ela tinha visto, encarado a morte e ela não desmaiou como era de se esperar de uma boa princesinha de conto de fadas ou uma donzela indefesa. não.... ela se viu hipnotizada pelo liquido que se espalhava pelo chão, as gargalhadas maníacas de irabeth, e os defensores tentando alcançar o wolf, como uma atenção quase obsessiva. os olhos azuis sequer piscavam. e embora ela estivesse completamente assustada. com adrenalina pulsando em suas veias tão forte que ela podia ouvir as batidas de seu coração nas têmporas e seu ouvido zumbir. ela se deu conta do que era realmente morrer. era fascinante de uma maneira que ela nunca tinha imaginado ou vislumbrado. e ela não teve medo. ela estava encantada enquanto se debruçava no parapeito, tentando ver mais. quando alguém lhe puxou para longe, ela empurrou os braços. --- espera! --- ordenou, mas ninguém a obedeceu. ela não sabia o porquê, mas queria saber o que aconteceria no instante seguinte. e depois. e depois. e só quando já estava longe, longe demais de tudo o que aconteceu ela percebeu o quão errada tinha sido sua reação. ela teria muito tempo para culpar o choque, o medo, o trauma, mas no fundo, ela sempre saberia que no fundo, ela tinha sentido o gostinho do que era ser cruel de verdade. por breves segundos, ela pensou mesmo que wendy darling era uma idiota que merecia uma morte horrenda e pública. era como se ela tivesse sido tocada pelo o mal e nunca mais seria a mesma novamente. apenas que ela sempre fora má, apenas tinha vislumbrado o mal em sua forma mais pura e ela não conseguiu não se sentir atraída por ele de uma forma inexplicável, mas bastante real.
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