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#delírio dos perpétuos
celestialmega · 2 years
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psicosmonauta · 11 months
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Apolíneo & Dionisíaco
Deus sol, famigerada luz fumegante que serpenteia os céus, tu és o símbolo distinto da inspiração profética dos filósofos, de alma tão nobre e conceituadamente artística, sempre obstinado e inalcançável em sua divina distância, és belo como o a razão que ilumina a mente com a luz da verdade. Fizeste-me consciente de todo o meu pecado sórdido encarnado nessa vida que outrora se mostrava tão branda e hedonista em seu viver.
O destino agiu imprevisivelmente ao nos coagir encontrarmo-nos neste átrio, diante à estimada aparição vossa tal qual foi morte súbita ao ego que ainda resistia. Me despertou cura, trouxe beleza divinal, harmonia e perfeição em mutual equilíbrio natural.
Resultei em purificar-me diante de considerável esplendor quando avistei-te em lancinante vislumbre, das muitas musas que te circundavam como ninfas em síncrono iguais a ornamentos dançantes, assim te fizeste reparar em incomparável prelúdio quando adentrou o ágora.
Eu que sempre encerrei ciclos vitais procurando interagir em festas e deleitando-me em prazerosos banquetes, buscando a insânia como uma personagem num teatro hiperbólico, acabei fundindo minhas deidades em mirabolantes delírios de glória. Portanto cravarei meu legado caótico, pavimentando um caminho perigoso e inesperado para trilharmos.
Serás tu que salvará tudo aquilo que foge à razão humana? Uma vez mais quando Cibele em certo tempo o fez, onde eu vagava por terra sob o véu da loucura embebido em vinho, desacreditado por muitos e aprisionado por todos, um pobre deus humano que pisou no chão até findar em uma tragédia bacante.
Áspero e astuto constantemente sagaz e célebre, iniciador de muitos jovens em um mundo de adultos, seu arco dourado e sua aljava de flechas reluzem com altivez adornando o seu dorso com delicada volúpia, sua pele lascívia de ouro. De certo, uma exterioridade alva carrara tão honrosa esculpida como opus magna, seu aspecto é sublime.
Ao som da lira que fora acariciada como fios de cabelo no tempo da chegada, pairam seus súditos como efígies, perpétuos em contemplar o benemérito afamado. É o sol que surge em todas as manhãs, exclamou um deles. De fato, era ofuscante sua presença que todos permaneceram pétreos, imutáveis.
O mármore ilumina a seus pés, diurno e opressivo é o seu caminhar em contradição a mim, andarilho da noite que flutua no breu soturno somente por viver entre o brilho das estrelas que sonhei junto de Ícaro em seu leito fúnebre. Em meu prisma te afasto e renego. O pensar jamais prosperará ao sentir.
Órficos, ménades, tíades, bassárides, comparecei a mim todos os bacantes efêmeros e adernados, pois atenderei seus clamores e me erguerei acima das parreiras até tocar a lua afim de alucinar como um eclipse, despertando fascínio até desvairar-se.
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irmafeia · 2 years
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[PT]
Tiago Duarte Office Work
Na exposição Office Work, o Tiago faz um exercício de síntese sobre uma prática que tem vindo a desenvolver a partir da utilização de instrumentos, dispositivos e equipamentos habitualmente desvinculados do ambiente de atelier de pintura.
Os trabalhos aqui apresentados, apelidados pelo artista de Word Paintings, resultam de uma experimentação gráfica e pictórica extensiva através de um programa de processamento de texto e de uma impressora a jato de tinta de pequeno formato — recursos facilmente encontrados em qualquer escritório. A referência à pintura, em detrimento da impressão, surge na formulação desta nomenclatura devido à motivação que informa este campo de experimentação e pensamento, sobretudo ligado às problemáticas e história da pintura.
Gesto após gesto, camada após camada, a manipulação destes instrumentos é levada a cabo de forma criteriosa e minuciosa até que o Tiago ceda perante a inevitabilidade da sua circunstância enquanto pintor; até que ceda perante este negócio perpétuo, cuja moeda de troca é a cor, a forma, o tempo, o espaço, o juízo e o delírio, a impotência e a convicção. É então que a pintura acaba.
Irmã Feia, 2022
[EN]
Tiago Duarte Office Work
In the exhibition Office Work, Tiago synthesises a practice that he developed through the use of instruments, devices and equipment often disengaged from the painting studio environment.
The works presented here as Word Paintings, are the result of extensive graphic and pictorial experimentation with a word processing program and a small format inkjet printer. Resources that are easily found in any office work environment. The reference to painting in detriment of printing alludes to the motivation that informs this field of experimentation and thought, which are deeply rooted in the problematics and history of painting.
Gesture after gesture, layer after layer, the manipulation of these instruments is carried out in a thoughtful and meticulous manner, to the point where Tiago gives in to the inevitability of his own circumstance as a painter; until the work gives in to a perpetual business in which the currency is color, shape, time, space, judgment and delirium, impotence and conviction. That's when the painting ends.
Irmã Feia, 2022
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svndmann · 2 years
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Sabe, eu não deveria estar falando com estranhos, mas sinto que já te conheço! Foi você o sonho bonito que eu sonhei, certo? Você costumava ser conhecido como SANDMAN, do conto A ORIGEM DOS GUARDIÕES antes da maldição atingir o seu mundo MUNDO e o seu reino SEM REINO. Agora, em Storybrooke, você é conhecido como SAMWELL “SAM” MURPHY, um ILUSIONISTA de 23 anos de idade. Você me lembra um pouco ARCHIE RENAUX, mas deve ser só a névoa da maldição me confundindo…
O PERSONAGEM ESTÁ ACORDADO? Sandman está acordado em Storybrooke, como os demais Guardiões, à exceção de Jack Frost e Toothiana. Isso não quer dizer que tenha acesso ilimitado a seus poderes como entidade junto das lembranças, uma vez que no mundo real Sandman é praticamente indestrutível, já que não é feito de carne e osso, mas sim de ideias solidificadas.
HEADCANONS:
A busca por Frost e Tooth fez com que desembocassem num bolsão de magia dentro do próprio mundo real. Para os Guardiões, que antes eram os únicos a dominarem a magia na realidade mundana, aquilo era novo — e indesejado — visto que estavam igualmente encarcerados no feitiço dos maiores vilões da Floresta Encantada e impossibilitados de exercerem suas funções essenciais.
Como um exímio modelador de realidades, Sandman soube de imediato, tão logo colocou os pés em Storybrooke, que suas memórias eram falsas. De acordo com a maldição, ele tinha seis irmãos impertinentes em algum lugar no mundo, embora nunca falasse a respeito dos pais. Fora por isso que Sam Murphy havia se mudado para Storybrooke, depois de passar por diversas cidadezinhas americanas, sobrevivendo dos golpes que aplicava em desavisados e das esmolas que recebia como mágico de rua — uma história deveras simples, como se alguém estivesse rindo às custas dele, por saber que não seria engendrado pela nova “realidade”, como se seus poderes fossem uma piada.
Por saber que estaria negligenciando suas responsabilidades como Guardião dos sonhos enquanto preso em Storybrooke, Sandman não poderia se manter inerte frente à maldição, sendo este o motivo para que tenha começado a fazer movimentos que o levaram a se expôr. No processo, sua empatia natural pelas pessoas facilitou suas relações interpessoais — nada que se comparasse ao que ocorria enquanto no desempenho de suas funções, contudo — abrindo portas que não poderia abrir na situação em que estava: sem um tostão.
É por isso que hoje Samwell é o inquilino de uma cobertura no maior hotel de Storybrooke, transitando nos sonhos de seus hóspedes, alastrando seu poder nas dependências do edifício. Porém, para isso, é preciso que seus alvos estejam dormindo, e somente enquanto houver noite. Não é incomum que os que passam pelo local relatem, no dia seguinte, que tiveram sonhos muito vívidos com criaturas míticas, castelos, maçãs envenenadas, caldeirões… Sandman reconstrói, na mente de cada um, memórias que se assemelham à vida passada dos desacordados.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS DA BACKSTORY:
Sandman (também conhecido como Morpheus, Sonho, Devaneio, Oneiros, Lorde Moldador, Kai’Ckul e vários outros em línguas já esquecidas) é o Guardião dos Sonhos. Ele é um Perpétuo, ou seja, uma das manifestações antropomórficas de aspectos comuns a todos os seres vivos: Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio, todos entidades além, responsáveis pelo ordenamento da realidade conhecida. Só sua existência mantém coeso o universo físico e todos os seres vivos.
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akuma6387 · 3 years
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A história é vista do ponto de vista de Sonho, um dentre os sete perpétuos, a representação antropomórfica do sonho, inicialmente preso por um grupo de humanos que almejava prender sua irmã mais velha Morte para que se tornassem imortais, mas falham e capturam sonho.
Sonho (que também é conhecido como Morpheus, Sandman, Oneiros, (Lorde) Moldador, Kai’Ckul, senhor do sonho e vários outros em línguas já esquecidas) é o governante do Sonhar. Ele é um Pérpetuo - os Perpétuos (the Endless) são manifestações antropomórficas de aspectos comuns a todos os seres vivos: Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio. Os 7 perpétuos não são deuses, mas sim entidades além, responsáveis pelo ordenamento da realidade conhecida. Só sua existência mantém coeso o universo físico e todos os seres vivos.
Os Perpétuos ou Sem Fim (Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio) são um grupo de seres que personificam vários aspectos do universo na série de história em quadrinhos Sandman, de Neil Gaiman. Eles existem desde a aurora dos tempos e acredita-se que estão entre as criaturas mais poderosas (ou pelo menos influentes) do universo Sandman, inferiores talvez apenas a alguns Anjos (Lúcifer e Miguel em particular) e ao Criador¹,e desempenham papeis centrais ao longo da história da qual Sonho é o protagonista.
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tita-ferreira · 4 years
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Bem vindo ao estado suicidário....
Vladmir Safatle
"Você é parte de um experimento. Talvez sem perceber, mas você é parte de um experimento. O destino do seu corpo, sua morte são partes de um experimento de tecnologia social, de nova forma de gestão. Nada do que está acontecendo nesse país que se confunde com nossa história é fruto de improviso ou de voluntarismo dos agentes de comando. Até porque, ninguém nunca entendeu processos históricos procurando esclarecer a intencionalidade dos agentes. Saber o que os agentes acham que estão a fazer é realmente o que menos importa. Como já se disse mais de uma vez, normalmente eles o fazem sem saber.
Esse experimento do qual você faz parte, do qual te colocaram à força tem nome. Trata-se da implementação de um “Estado suicidário” como disse uma vez Paul Virilio. Ou seja, o Brasil mostrou definitivamente como é o palco da tentativa de implementação de um Estado suicidário. Um novo estágio nos modelos de gestão imanentes ao neoliberalismo. Agora, é sua face a mais cruel, sua fase terminal.
Engana-se quem acredita que isto é apenas a já tradicional figura do necroestado nacional. Caminhamos para além da temática necropolítica do Estado como gestor da morte e do desaparecimento. Um Estado como o nosso não é apenas o gestor da morte. Ele é o ator contínuo de sua própria catástrofe, ele é o cultivador de sua própria explosão. Para ser mais preciso, ele é a mistura da administração da morte de setores de sua própria população e do flerte contínuo e arriscado com sua própria destruição. O fim da Nova República terminará em um macabro ritual de emergência de uma nova forma de violência estatal e de rituais periódicos de destruição de corpos.
Um Estado dessa natureza só apareceu uma vez na história recente. Ele se materializou de forma exemplar em um telegrama. Um telegrama que tinha número: Telegrama 71. Foi com ele que, em 1945, Adolf Hitler proclamou o destino de uma guerra então perdida. Ele dizia: “Se a guerra está perdida, que a nação pereça”. Com ele, Hitler exigia que o próprio exército alemão destruísse o que restava de infraestrutura na combalida nação que via a guerra perdida. Como se esse fosse o verdadeiro objetivo final: que a nação perecesse pelas suas próprias mãos, pelas mãos do que ela mesma desencadeou. Esta era a maneira nazista de dar resposta a uma raiva secular contra o próprio Estado e contra tudo o que ele até então havia representado. Celebrando sua destruição e a nossa. Há várias formas de destruir o Estado e uma delas, a forma contrarrevolucionária, é acelerando em direção a sua própria catástrofe, mesmo que ela custe nossas vidas. Hannah Arendt falava do fato espantoso de que aqueles que aderiam ao fascismo não vacilavam mesmo quando eles próprios se tornavam vítimas, mesmo quando o monstro começava a devorar seus próprios filhos.
O espanto, no entanto, não deveria estar lá. Como dizia Freud: “mesmo a auto-destruição da pessoa não pode ser feita sem satisfação libidinal”. Na verdade, esse é o verdadeiro experimento, um experimento de economia libidinal. O Estado suicidário consegue fazer da revolta contra o Estado injusto, contra as autoridades que nos excluíram, o ritual de liquidação de si em nome da crença na vontade soberana e na preservação de uma liderança que deve encenar seu ritual de onipotência mesmo quando já está claro como o sol sua impotência miserável. Se o fascismo sempre foi uma contrarrevolução preventiva, não esqueçamos que sempre soube transformar a festa da revolução em um ritual inexorável de auto-imolação sacrificial. Fazer O desejo de transformação e diferença conjugar a gramática do sacrifício da auto-destruição: essa sempre foi a equação libidinal que funda o Estado suicidário.
O fascismo brasileiro e seu nome próprio, Bolsonaro, encontraram enfim uma catástrofe para chamar de sua. Ela veio sob a forma de urna pandemia que exigiria da vontade soberana e sua paranoia social compulsivamente repetida que ela fosse submetida à ação coletiva e à solidariedade genérica tendo em vista a emergência de um corpo social que não deixasse ninguém na estrada em direção ao Hades. Diante da submissão a uma exigência de autopreservação que retira da paranoia seu teatro, seus inimigos, suas perseguições e seus delírios de grandeza a escolha foi, no entanto, pelo flerte contínuo com a morte generalizada. Se ainda precisássemos de uma prova de que estamos a lidar com uma lógica fascista de governo, esta seria a prova definitiva. Não se trata de um Estado autoritário clássico que usa da violência para destruir inimigos. Trata se de um Estado suicidário de tipo fascista que só encontra sua força quando testa sua vontade diante do fim.
É claro que tal Estado se funda nessa mistura tão nossa de capitalismo e escravidão, de publicidade de coworking, de rosto jovem de desenvolvimento sustentável e indiferença assassina com a morte reduzida a efeito colateral do bom funcionamento necessário da economia. Alguns acham que estão a ouvir empresários, donos de restaurantes e publicitários quando porcos travestidos de arautos da racionalidade econômica vêm falar que pior que o medo da pandemia deve ser o medo do desemprego.
Na verdade, eles estão diante de senhores de escravos que aprenderam a falar business english. A lógica é a mesma, só que agora aplicada à toda a população. O engenho não pode parar. Se para tanto alguns escravos morrerem, bem, ninguém vai realmente criar um drama por causa disso, não é mesmo? E o que afinal significa 5.000, 10.000 mortes se estamos falando em “garantir empregos”, ou seja, em garantir que todos continuarão sendo massacrados e espoliados em ações sem sentido e sem fim enquanto trabalham nas condições as mais miseráveis e precárias possíveis?
A história do Brasil é o uso contínuo desta lógica. A novidade é que agora ela é aplicada a toda a população. Até bem pouco tempo, o país dividia seus sujeitos entre “pessoas” e “coisas”, ou seja, entre aqueles que seriam tratados como pessoas, cuja morte provocaria luto, narrativa, comoção e aqueles que seriam tratados como coisas, cuja morte é apenas um número, uma fatalidade da qual não há razão alguma para chorar. Agora, chegamos à consagração final desta lógica. A população é apenas o suprimento descartável para que o processo de acumulação e concentração não pare sob hipótese alguma.
É claro que séculos de necropolítica deram ao Estado brasileiro certas habilidades. Ele sabe que um dos segredos do jogo é fazer desaparecer os corpos. Você retira números de circulação, questiona dados, joga mortos por corona vírus em outra rubrica, abre covas em lugares invisíveis. Bolsonaro e seus amigos vindos dos porões da ditadura militar sabem como operar com essa lógica. Ou seja, a velha arte de gerir o desaparecimento que o Estado brasileiro sabe fazer tão bem. De toda forma, there is no alternative. Esse era o preço a pagar para que a economia não parasse, para que os empregos fossem garantidos. Alguém tinha que pagar pelo sacrifício. A única coisa engraçada é que sempre são os mesmos quem pagam. A verdadeira questão é outra, a saber: Quem nunca paga pelo sacrifício enquanto prega o evangelho espúrio do açoite?
Pois vejam que coisa interessante. Na República Suicidária Brasileira não há chance alguma de fazer o sistema financeiro verter seus lucros obscenos em um fundo comum para o pagamento de salários da população confinada, nem de enfim implementar o imposto constitucional sobre grandes fortunas para ter a disposição parte do dinheiro que a elite vampirizou do trabalho compulsivo dos mais pobres. Não, essas possibilidades não existem. There is no alternative: será necessário repetir mais uma vez?
Essa violência é a matriz do capitalismo brasileiro. Quem pagou a ditadura para criar aparatos de crimes contra a humanidade na qual se torturava, estuprava, assassinava fazia desaparecer cadáveres? Não estavam lá dinheiro de Itaú, Bradesco, Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Fiesp, ou seja, todo o sistema financeiro e empresarial que hoje tem lucros garantidas pelos mesmos que veem nossas mortes como um problema menor?
Na época do fascismo histórico, o Estado suicidário mobilizava-se através de uma guerra que não podia parar. Ou seja, a guerra fascista não era uma guerra de conquista. Ela era um fim em si mesmo. Como se fosse um “movimento perpétuo, sem objeto nem alvo” cujos impasses só levam a uma aceleração cada vez maior. A ideia nazista de dominação não está ligada ao fortalecimento do Estado, mas a um movimento em movimento constante. Hannah Arendt falará da: “essência dos movimentos totalitários que só podem permanecer no poder enquanto estiverem em movimento e transmitirem movimento a tudo o que os rodeia”. Uma guerra ilimitada que significa a mobilização total de todo efetivo social, a militarização absoluta em direção a uma guerra que se torna permanente. Guerra, no entanto, cuja direção não pode ser outra que a destruição pura e simples.
Só que o Estado brasileiro nunca precisou de uma guerra porque ele sempre foi a gestão de uma guerra civil não declarada. Seu exército não serviu a outra coisa que se voltar periodicamente contra sua própria população. Esta é a terra da contrarrevolução preventiva, como dizia Florestan Fernandes. A pátria da guerra civil sem fim, dos genocídios sem nome, dos massacres sem documentos, dos processos de acumulação de capital feitos através de bala e medo contra quem se mover. Tudo isso aplaudido por um terço da população, por seus avós, seus pais, por aqueles cujos circuitos de afetos estão presos nesse desejo inconfesso do sacrifício dos outros e de si há gerações. Pobres dos que ainda acreditam que é possível dialogar com quem estaria nesse momento a aplaudir agentes da SS.
Pois alternativas existem, mas se elas forem implementadas serão outros afetos que circularão, fortalecendo aqueles que recusam tal lógica fascista, permitindo enfim que eles imaginem outro corpo social e político. Tais alternativas passam pela consolidação da solidariedade genérica que nos faz nos sentir em um sistema de mútua dependência e apoio, no qual minha vida depende da vida daqueles que sequer fazem parte do “meu grupo”, que estão no “meu lugar”, que tem as “minhas propriedades”. Esta solidariedade que se constrói nos momentos mais dramáticos lembra aos sujeitos que eles participam de um destino comum e devem se sustentar coletivamente. Algo muito diferente do: “se eu me infectar, é problema meu”. Mentira atroz, pois será, na verdade, problema do sistema coletivo de saúde, que não poderá atender outros porque precisa cuidar da irresponsabilidade de um dos membros da sociedade. Mas se a solidariedade aparece como afeto central, é a farsa neoliberal que cai, esta mesma farsa que deve repetir, como dizia Thatcher: “não há essa coisa de sociedade, há apenas indivíduos e famílias”. Só que o contágio, Margareth, o contágio é o fenômeno mais democrático e igualitário que conhecemos. Ele nos lembra, ao contrário, que não há essa coisa de indivíduo e família, há a sociedade que luta coletivamente contra a morte de todos e sente coletivamente quando um dos seus se julga viver por conta própria.
Como disse anteriormente, alternativas existem. Elas passam por suspender o pagamento da dívida pública, por taxar enfim os ricos e fornecer aos mais pobres a possibilidade de cuidar de si e dos seus, sem se preocupar em voltar vivo de um ambiente de trabalho que será foco de disseminação, que será a roleta russa da morte. Se alguém soubesse realmente fazer conta nas hostes do fascismo, ele lembraria o que acontece com um dos únicos países do mundo que recusa seguir as recomendações de combate à pandemia: ele será objeto de um cordão sanitário global, de um isolamento como foco não controlado de proliferação de uma doença da qual os outros países não querem nunca mais partilhar. Ser objeto de um cordão sanitário global deve ser realmente algo muito bom para a economia nacional.
Enquanto isto nós lutamos com todas as forças para encontrar algo que nos faça acreditar que a situação não é assim tão ruim, que tudo se trata de derrapadas e destemperos de um insano. Não, não há insanos nessa história. Esse governo é a realização necessária de nossa história de sangue, de silêncio, de esquecimento. História de corpos invisíveis e de capital sem limite. Não há insanos. Ao contrário, a lógica é muito clara e implacável. Isso só ocorre porque quando é necessário radicalizar sempre tem alguém nesse país a dizer que essa não é ainda a hora. Diante da implementação de um Estado suicidário só nos restaria uma greve geral por tempo indeterminado, uma recusa absoluta em trabalhar até que esse governo caia. Só nos restaria queimar os estabelecimentos dos “empresários” que cantam a indiferença de nossas mortes. Só nos restaria fazer a economia parar de vez utilizando todas as formas de contra-violência popular. Só nos restaria parar de sorrir, porque agora sorrir é consentir. Mas sequer um reles pedido de impeachment é assumido por quem diz fazer oposição. No que seria difícil não lembrar dessas palavras do evangelho: “Se o sal não salga, de que serve então?”. Deve servir só para nos fazer esquecer do gesto violento de recusa que deveria estar lá quando tentam nos empurrar nossa própria carne servida a frio.”
*
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Vladimir Safatle, professor livre-docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo, professor convidado das universidades de Paris VII, Paris VIII, Toulouse, Louvain e Stellenboch. É um dos coordenadores do Laboratório de Pesquisas em Teoria social, Filosofia e psicanálise (Latesfip/USP)
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comedoanoite · 4 years
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teste
Estou cansado e digo isso já vai fazer uns cem anos, eu sei que você estar saturado de tanto que me escuta, mas entenda, sinto sua falta e as noites estão ficando cada vez mais monótonas e demoradas. Acho que é por isso que a vida de vocês é perecível, chega uma hora que a exaustão bate e a vontade de viver é usurpada pela agonia e desesperança do acordar amanhã. Passo meus perpétuos dias estirado no chão deste barraco miserável, trajando somente uma cueca surrada, a única que tenho. Sentindo o vento forte que passa por debaixo da porta com a minha bochecha de homem morto sentindo o chão gelado do lar. Passo os meus dias sedado, injetando heroína em pequenas doses até que o sol se vá. Preciso me acalmar, mas o fumo que tinha no bolso de minha camisa antiga está cheio de areia e molhada, deixo ela secar ao meu lado, enquanto me distraio com as sombras dos passantes.
Fitando a pequena brecha de luz que passa pela fresta da porta, tentando imaginar como é viver o dia, o que as pessoas sentem e como seus corpos reagem a luz do sol e tudo me vem muito abstrato os efeitos que sinto do sol chega a mim quando encosto meus pés mazelados na fina parede de barro, a parede está, mesmo que brasa. Estou aqui prostrado desde as cinco da manhã, quando finalmente consegue chegar com ela, me despi dos trapos que vestia e me joguei no chão do barraco. Da li em diante era esperar...esperar que ele chegasse. Pego o fumo que havia deixado secar e sem paciência embalo ele num pedaço de papel de pão, ascendo sem quase me mover, encarando a porta, no anseio de ver a sombra chegar.
Eu fumo aquele tabaco ainda úmido que mal queima e mais um pouco de heroína, desce quente por minha feia que agora parece viva. Minha carne treme e por um segundo meu coração parece bater, eu lhe escuto e caio em paixão por tudo, as paredes mal acabadas, o vento que bate na janela que faz parecer uma sinfonia com participação do vento que tenta abrir a porta do quintal. Tudo se desfaz como em um respirar, todas as sinfonias seção, todas as bocas se calam, todas as pinturas são desfeitas e as paisagens se vão, a dor de saber que não vão retornar domina, o silencio toma conta, os passantes andam ligeiros, vai e vão, de um lado para o outro. Meus pés ligeiros procuram acalento na parede quente, mas tudo se foi e não posso voltar agora, tenho pouco suprimento até o dia se por.
Agora é esperar ele chegar. Fitando os panos que escondem o telhado de meu lar, tentando assim me enganar, procurando uma beleza dentre aqueles pedaços de panos velhos. Agora é só esperar ele chegar. Sempre me vi preso em várias paranoias e é engraçado como qualquer pensamento me leva ao precipício de todo dor me mostrando que a mente é perigosa e para mim, velho pensante, ela é uma estrada que segue até o infinito. Agora é só esperar ele até ele chegar. Minhas costas doem e minhas pernas estão dormentes, me levanto do chão tentando assim me recuperar, impressões de grãos de areia e dos sujos espelhados no chão do barraco ficaram no meu corpo, fazendo companhia as cicatrizes que trago comigo. As horas pararam e o efeito da droga vai se dissolvendo e o desespero de saber se ele vai vir ou não me toma o pensamento e só assim pra me sentir gente, uma privação logica e muito bem arquitetada por algum ser menos merda que eu. Sinto ódio de estar preso no meu lar, me faz parecer uma fera louca para sair e deslacrar o primeiro pedaço de carne viva que ver nesse fim de mundo, mas até lá só me resta esperar até que ele chegue.
No golpe de misericórdia, finalmente ele chegou, bateu na porta do barroco e dispensou minha correspondência por de baixo da porta, um envelope pequeno de plástico transparente, para mostrar a higiene do corre. Tempos moderno e uma vez a cada noite me deparo perdido nos mesmos devaneios. Tento não ser uma pessoa antiquada e nem ser um empecilho para a evolução humana, procuro sempre estar a par das novidades, mesmo sendo miserável tenho que me ater das coisas que revendo aqui pelas áreas. Tenho sede e minhas costas doem. Minhas pernas magrelas estão mais feridas que nunca. A vítima da noite passada me causou muitos problemas. O desenrolar de toda o ocorrido se encontro na cozinha escura e mal acabada. O corpo de uma mulher morta suja ainda mais o chão do meu lar toma conta da cozinha. Tem os olhos fitado em mim, mesmo que morta parece me jugar. Me juga como os outros corpos me jugaram, assassino, ladrão, marginal, assim me chamam com suas vozes já mortas. Eu sei quem sou e sei muito bem que faço o que faço para sobreviver e se caso você estivesse no meu lugar faria o mesmo.
Tento me arrastar até onde se encontra meu alimento, mas é impossível. Vencido, eu me entrego a mais uma dose de heroína quem sabe assim eu me esqueço da sede e caio em marasmo mais uma vez, a chuva de pensamentos cria delicadamente outras paisagens que se desfazem da mesma forma que veio.  Delírios perecíveis, queria eu ter dinheiro para poder viver em uma perpetua fantasia, me enganar como me engano da miséria, qual seria meu tormento com dólares, euros e reais na caixa econômica, Como eu poderia abrir uma conta na caixa econômica? Não durmo e isso já vai fazer quadro dias, me recuso a pregar os olhos algo pode acontecer, tenho me poupado de traumas, carrego muitos comigo, traumas da vida real, traumas que não posso evitar e não vou dar ao galanteio de minha mente querer me dar lições de moral, sei que o que faço é pra sobreviver e mesmo demonstrando uma certa frieza me entenda, o sangue me transforma em um ser animal, uma besta fera que não pensa só sente fome.
 Nas poucas vezes que durmo o sonho que tenho sempre vem em replay, a uma rua grande emaranhada de gente passando, eu me vejo saindo de um beco escuro e indo em direção as pessoas que passam mesmo sabendo que elas não ligam para o meu corpo que vai saindo do beco escuro, alegre querendo tomar um banho de sol e é nesta hora que eu entro no meu corpo e sinto o calor, a brisa que não irei descrever por puro medo de estar sendo tolo ou ingênuo.
 Quando a noite cai e os vagabundos tomam conta da rua é hora de sair do covil, agora sim posso admirar os transeuntes que fogem de mim. Fogem pelo menor medo, o medo de serem roubados, mas o que eles não sabem é que só lhes enfrento por sede ou raiva. Quero que saibas que vivo nesta miserável cidade já vai fazer muito tempo e mesmo com essa aparência jovial apesar de maltratado, sou mais velho que qualquer cidadão.
 Para minha sorte e para o azar de vocês a cidade está ficando cada vez menos lotadas a noite, o medo toma conta de praticamente todo mundo e hoje quem anda pelas ruas em plena doze horas da noite são trabalhadores ou jovens inconsequentes. Foi assim que se sucedeu minha grande caça da noite anterior.
 Tinha saído andando do pirambu atrás de alguém que pudesse ser meu alimento naquela noite, vinha cruzando as ruas que conhecia muito bem aquele caminho e sabia muito bem onde procurar por um pouco de sangue, alguém vai cruzar meu caminho, vou em passos lerdos, descompassados, cambaleando não sei se de bêbado ou se de louco.
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gaguejosilabas · 6 years
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novelo
quase manso, tranço devagar num silente entrelaçar nossas histórias com fios e brios e cios perpétuos nunca fátuos delicadamente a me denunciar sorrateiros esses delírios zombeteiros com seus meneios recriando-se no corpo festeiro de insones anseios além dos nomes e endereços, convenções e adereços findos e recomeços longe das meras insinuações, e das quimeras nas multidões das quais me esquivo quando a boca não confessa o frêmito lascivo,   que a tez da noite atravessa.
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.perpétuo
e tudo aquilo do homem era sonho que durante o sono gritava em silencioso cantarolar
se deleite ou delírio, desconhecia ora era ser, ora era cor porém em constante desejar
destruía a ídolos e demônios sem linha nem destino num desesperado eterno
fazia do vazio tela e cavalete que à morte já condenara antes mesmo de perpétuo se tornar
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dk-artportfolio · 3 years
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DTrabalho de criação de figurinos para releitura dos perpétuos de Sandman : A4 - aquarela
Sonho/Morpheus
Morte
Destino
Desespero
Delírio
Destruição
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celestialmega · 2 years
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osborgs · 3 years
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Sandman: Netflix anuncia elenco de série baseada em sucesso do Neil Gaiman
A Netflix anunciou nesta quarta-feira (26) o elenco completo de Sandman, a nova série baseada nos quadrinhos de Neil Gaiman, autor de Coraline. Outros atores como Gwendoline Christie (Game Of Thrones), Charles Dance (Game Of Thrones) e Tom Sturridge (Na Estrada), já haviam sido divulgados anteriormente. 
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Agora, como a plataforma divulgou nas redes sociais, se juntam a eles David Thewlis (Professor Lupin em Harry Potter), Jenna Coleman (Como eu era Antes de Você, Capitão América) e Stephen Fry (V de Vingança). Eles interpretarão, respectivamente, John Dee, Johanna Constantine e Gilbert. 
Mason Alexander Park será Desejo; Donna Preston como Desespero;  Razane Jammal como Lyta Hall; Patton Oswalt fará Matthew, o Corvo; Joely Richardson como Ethel Cripps; Niamh Walsh como a jovem Ethel Cripps; Kyo Ra como Rose Walker; Sandra James Young como Unity Kincaid. 
Meet the cast of @netflix’s The Sandman
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From the mind of @neilhimself. pic.twitter.com/Tow8ouf6UD
— DC (@DCComics) May 26, 2021
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A série Sandman vai ter onze episódios, sendo o piloto escrito por Neil Gaiman, autor da obra original, David Goyer e Allan Heinberg. Os restantes serão produzidos por Heinberg. 
Sandman é uma série em quadrinhos escrita por Geiman de 1989 a 1996 e conta a história de Sonho (também conhecido como Morpheus), um ser antigo e poderoso que é a personificação do sonho e da imaginação. Ele é um dos Perpétuos, um grupo de sete irmãos que inclui Delírio, Desejo, Destruição, Desespero, Destino e Morte.
A Netflix ainda não divulgou a data de estreia da produção. 
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fotogramas · 3 years
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Carta aos Diretores de Asilos de Loucos
Antonin Artaud
Senhores:
As leis, os costumes, concedem-lhes o direito de medir o espirito. Esta jurisdição soberana e terrível, vocês a exercem segundo seus próprios padrões de entendimento.
Não nos façam rir. A credualidade dos povos civilizados, dos especialistas, dos governantes, reveste a psiquiatria de inexplicáveis luzes sobrenaturais. A profissão que vocês exercem esta julgada de antemão. Não pensamos em discutir aqui o valor dessa ciência, nem a duvidosa existência das doenças mentais. Porém para cada cem pretendidas patogenias, onde se desencadeia a confusão da matéria e do espirito, para cada cem classificações, onde as mais vagas são também as únicas utilizáveis, quantas tentativas nobres se contam para conseguir melhor compreensão do mundo irreal onde vivem aqueles que vocês encarceraram?
Quantos de vocês, por exemplo, consideram que o sonho do demente precoce ou as imagens que o perseguem são algo mais que uma salada de palavras? Não nos surpreende ver até que ponto vocês estão empenhados em uma tarefa para a qual só existe muito poucos predestinados. Porém não nos rebelamos contra o direito concedido a certos homens - capazes ou não - de dar por terminadas suas investigações no campo do espirito com um veredicto de encarceramento perpétuo.
E que encerramento! Sabe-se - nunca se saberá o suficiente - que os asilos, longe de ser "asilos", são cárceres horríveis onde os reclusos fornecem mão-de-obra gratuita e cômoda, e onde a brutalidade è norma. E vocês toleram tudo isso. O hospício de alienados, sob o amparo da ciência e da justiça, è comparável aos quartéis, aos cárceres, as penitenciarias. Não nos referimos aqui as internações arbitrárias, para lhes evitar o incomodo de um fácil desmentido. Afirmamos que grande parte de seus internados - completamente loucos segundo a definição oficial - estão também reclusos arbitrariamente. E não podemos admitir que se impeça o livre desenvolvimento de um delírio, tão legitimo e lógico como qualquer outra serie de idéias e atos humanos. A repressão das reações anti-sociais, em principio, è tão quimérica como inaceitável. Todos os atos individuais são anti-sociais. Os loucos são as vitimas individuais por excelência da ditadura social. E em nome dessa individualidade, que è patrimônio do homem, reclamamos a liberdade desses forcados das galés da sensibilidade, já que não se está dentro das faculdades da lei condenar à prisão a todos que pensam e trabalham. Sem insistir no caráter verdadeiramente genial das manifestações de certos loucos, na medida de nossa capacidade para avalià-las, afirmamos a legitimidade absoluta de sua concepção da realidade e de todos os atos que dela derivam.
Esperamos que amanha de manha, na hora da visita medica, recordem isto, quando tratarem de conversar sem dicionário com esses homens sobre os quais - reconheçam - só tem a superioridade da forca.
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d3lusionart · 3 years
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Ao longo do tempo e com a humanidade em expansão, os Perpétuos criaram seres vivos, estes com funções simples para lhes auxiliar com suas tarefas. E a partir da mente criativa e insana de Delírio, ele teve sua origem. A princípio, com seus artefatos mágicos, sua função era acompanhar o processo de delírio alheio desenhando as alucinações visuais que as pessoas tinham contato naquele período de estado insano. Porém por um descuido, ou acaso, certa vez a presença do artista foi reconhecido por uma jovem que havia usado uma dose altíssima de LSD, seu primeiro contato com um humano foi estranho, até diria desconfortável, porém o suficiente para desenvolver empatia por aqueles seres tão curiosos. A jovem não tinha mais que 14 anos em seu primeiro encontro e quando completou 16 anos de idade sua escola estava organizando uma viagem inesquecível ao Sul da África. A frágil garota não se sentia forte o suficiente para encarar a realidade escolhendo o uso de substâncias pesadas na tentativa de escapar de toda a sua dor, isso gerou o seu segundo encontro com o Artista. Em meio ao seu trabalho desenhando as mais criativas e insanas alucinações algo inesperado aconteceu: a quantidade de substâncias tóxicas que a garota havia utilizado fora o suficiente para levar ao seu óbito. A presença, força e poder de Morte naquele ambiente danificou o Artista a ponto de sequer reconhecer quem ele era e o que estava fazendo naquele momento. No local do triste fim de uma vida tão curta estava ele, tão confuso quanto nunca e milhares de perguntas que percorriam sua cabeça não poderiam ser respondidas devido à acusação daquele crime que não havia cometido, então ele teve de fugir.
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starabsurda · 4 years
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Tumblr media
O inexplicável horror
De saber que esta vida é verdadeira,
Que é uma coisa real, que é [como um] ser
Em todo o seu mistério
Realmente real.
Fatais um pelo aspecto o outro no nome.
Neles se vê a ávida ansiedade
De ter, em concepção que torturasse
De terror, isso que de vago e estranho,
Atravessando como um arrepio
Do pensamento a solidão, integra
Em luz parcial [...] a negra lucidez
Do mistério supremo. É conhecer,
O erguer desses ídolos de horror,
A existência daquilo que, pensando
A fundo, redemoinha o pensamento
Por loucos vãos [recantos], delírios da loucura,
Despenhadeiros [íngremes], confusos
To.rturamentos, e o que mais de angústia
E pavor não se exprime, sem que falhe
Na própria concepção o conceber.
Por que pois buscar
Sistemas vãos de vãs filosofias,
Religiões, seitas, [voz de pensadores],
Se o erro é condição da nossa vida,
A única certeza da existência?
Assim cheguei a isto: tudo é erro,
Da verdade há apenas uma idéia
A qual não corresponde realidade.
Crer é morrer; pensar é duvidar;
A crença é o sono e o sonho do intelecto
Cansado, exausto, que a sonhar obtém
Efeitos lúcidos do engano fácil
Que antepôs a si mesmo, mais sentido,
Mais [visto] que o usual do seu pensar.
A fé é isto: o pensamento
A querer enganar-se-eternamente
Fraco no engano, [e assim] no desengano;
Quer na ilusão, quer na desilusão.
Quanto mais fundamente penso, mais
Profundamente me descompreendo.
O saber é a inconsciência de ignorar...
Não é o vício
Nem a experiência que desflora a alma,
É só o pensamento. Há inocência
Em Nero mesmo e em Tibério louco
Porque há inconsciência. Só pensar
Desflora até ao íntimo do ser.
Este perpétuo analisar de tudo,
Este buscar de uma nudez suprema
Raciocinada coerentemente
É que tira a inocência verdadeira,
Pela suprema consciência funda
De si, do mundo [...]
Tudo o que toma forma ou ilusão
De forma, nas palavras, não consegue
Dar-me sequer, cerrado em mim o olhar
Do [pensamento], a ilusão de ser
Uma expressão disso que não se exprime,
Nem por dizer que não se exprime. Vida
Idéia, Essência, Transcendência, Ser,
Tudo quanto de vagor e [sombra]
Possa ocorrer ao sonho de pensar,
Inda que fundamente concebido,
Nem pelo horror desse impossível deixa
Transver sombra ou lembrança do que é.
Com que realidade o mundo é sonho!
Com ironia tudo amarga...
Esta inquieta pretensão a ser!
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gabriellimotta · 4 years
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hoje cedo a primeira coisa que fiz foi assistir um filme chamado “how are you, daniel johnston?”. indicação do henrique. fui pensando que veria qualquer outra coisa, menos o que foi.
daniel johnston me inspira. não existe um preciosismo estético e a gentileza dele parece mais a de um tiozão infantilizado que mora sozinho com os gatos do que seja-la-o-que possa se esperar de um artista. o que seria visto como negativo ou improdutivo, conflita num esbarrão frontal com o que suas músicas representam. é de liberdade e honestidade tão grande.
me identifico mais do que gostaria. e quando ouvi “i am a baby (in my head)” meu coração esmiuçou porque aquilo claramente é um pequeno teclado. e eu também tenho um pequeno teclado com guarda compartilhada. e ele é o meu instrumento favorito! pela praticidade, pelo controle sobre a situação, pelo fato de ser possível tocar com uma mão só e justificar que é o tamanho do teclado q impede que o faça de jeito diferente. acho que encontrei nesse filme, e também nesse disco, a liberdade de produção que eu precisava. o delírio. a honestidade infantil. que se justifica porque era o que precisava ser. porque é um alívio músicalizar uma frase que martela na nossa cabeça. lawry...... aaaa.
li um comentário q diz que ele parece de coração partido perpétuo. e tem dias que me sinto assim. condenada ao coração partido, com essa atmosfera lúdica em volta, mas quase sempre de coração partido. o que nem facilita, nem dificulta, só compõe a cena. eu sinto que hoje uma chave virou e me sinto empolgada em produzir. em estar jovem. e em amar também.
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