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#Soldado do Inverno
xolilith · 3 months
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Esboço de Love Story - Johnny Seo
n/a: eu tava um pouco 🤏 bêbada ontem, então, saiu isso.
É quase inverno no lado sul, por isso que Johnny tenta aproveitar ao máximo os últimos dias de sol com você. Na verdade, ele aproveitaria qualquer tempo em que você estivesse presente ali no reino dos Jeong com ele.
Pertenciam a reinos distintos, rivais desde de pequenos. Você era a serva responsável pela proteção do príncipe Lee Taeyong, o próximo na linha de sucessão do reino Lee, situados ao oeste. E ele ocupava a mesma posição, mas ao sul, servindo e protegendo o príncipe Jeong.
Viam-se algumas vezes ao ano, quando ocorriam negociações entre os dois reinos, quando as relações pareciam tensas demais, prestes a arrebentarem.
Johnny não consegue dizer quando se apaixonou por você, mas pode lembrar da primeira vez que a olhou, tinha por volta dos nove e dez anos. Em um desses duelos onde testavam a habilidades dos futuros soldados.
As espadas de madeira, usadas para essas ocasiões, apesar de serem diferentes de uma real, possuíam o mesmo peso para que a diferença não fosse sentida. Cada um empunhava uma, em posição de ataque. O sinal é dado e o embate começava.
Os ruídos da madeira batendo, os arfares da respiração e os olhares afiados enchiam o silêncio dos espectadores.
Num movimento rápido a garota consegue desarmá-lo quando o derruba. A ponta da espada sendo apontada para seu pescoço, enquanto os olhos fixos permacem no rosto dele, sem qualquer expressão.
– Você deveria escolher cavalheiro melhor para o pequeno príncipe Jaehyun, senhor Seo.
É a última coisa que Johnny escuta quando você se afasta com seu treinador. E ele permanece ali, o peito arfante e, apesar da provocação, ele não sente nada ruim, mas uma pura curiosidade e encanto.
Com o tempo e idade as habilidades melhoram e as cenas de embates entre os dois era comum quando juntos. A curiosidade e encanto foi pouco a pouco sendo substituída por uma malícia sardônica. Johnny se enchia de um certo prazer em enfrentá-la daquela forma.
Por isso que todas as vezes que via as carruagens com o brasão dos Lee, o coração batia ansioso para que você estivesse ali, mais uma vez, só mais uma chance de vê-la, de cortejá-la.
Johnny arriscaria muita coisa para tê-la, até mesmo a lealdade aos seus senhores.
Naquela época, os ventos pareciam mudar, os sacerdotes afirmavam que o inverno seria o pior em muito tempo. Haveria muitas mortes e miséria e todo o reino estava receoso. Mas que coisa é o que antecede, o presente que logo seria passado, a felicidade que estava tão impregnada nos dois.
Os risos que cessam quando os braços se apertam mais ao seu redor. Seu corpo nas pontas do dedos de Johnny, o amado corpo quente e vivo, ali, na ponta dos dedos de Johnny. Ele resvala o nariz na lateral do seu pescoço, os lábios, quase num bufar doloroso contra sua pele.
Estremece.
– Por favor, não vá, você pode permanecer até o verão... Nós daríamos proteção a você, se escolhesse ficar.
– Você sabe que eu não posso ficar aqui – Você se desvencilha dos braços dele. Bufando arisca, quase que ultrajada. –, trair meu povo. – Suspira, cansada. – Você precisa me deixar ir, Johnny.
Então você se afasta em passos duros até os cavalos que os esperam, monta e nem olha para trás mais uma vez, nem mesmo para vislumbrar a expressão magoada do Seo.
Sua relação com Johnny era o primeiro sinal que algo estava desmoronando.
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ladylushton · 5 months
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LH! O inverno também é caloroso
@brargweek
Apenas alguns guardas e criadas, ocasionalmente, preenchiam o corredor bem-iluminado a ponto de não parecer ser tão cedo.
E, claro, o som dos passos curtos da dama de companhia também estavam lá, indo para as escadas que levavam-na aos aposentos da princesa. Elas combinaram de se encontrar antes mesmo que as criadas chegassem no quarto.
O guarda que ficava na porta, protegendo-a durante a noite, já conhecia Luciana apenas pelo som de seus passos no piso, e estava totalmente ciente da situação e de sua tarefa: Não deixar que ninguém entrasse até que Martina acordasse.
— Bom dia, Luzita — Cumprimentou informalmente, sorrindo apesar do cansaço.
— Bom dia, Pedro — Ela respondeu,sorrindo — Soube que ele estava no muro Oeste essa noite, caso queira encontrá-lo mais cedo.
Ao ouvir, o rosto do guarda se iluminou e logo abriu caminho para que Luciana entrasse sem bater na porta.
O “ele” citado era Manuel, um soldado que guardava os muros do castelo durante a noite e dormia com Pedro durante o dia, sempre escondidos. Foi justamente por saber dessa situação que a princesa pediu para que ele ficasse responsável pelo interior do castelo.
O quarto amplo ainda estava muito escuro, mas a dona dele praticamente brilhava em sua camisola de seda clara, penteando os cabelos com um olhar sonolento.
— Bom dia, Tina… Dormiu bem?
Martina mal teve tempo de responder antes de ser beijada com ternura, retribuindo o encontro com os lábios de Luciana.
— Dormi, sim, minha querida — A princesa afagou o rosto de sua dama, sentindo a pele dela gelada — Você está com frio?
— Muito. Eu gosto do inverno, mas realmente não sei como você aguenta.
Luciana nascera em um reino quente, e nunca se acostumou direito com os invernos escuros e envoltos por vento de sua nova morada. Martina não reprimiu uma risadinha antes de se levantar.
— Bom, nós ainda temos tempo. Quer se deitar?
A frase foi como uma ordem para que Luciana começasse a se despir das roupas pesadas, vagarosamente. Martina logo largou a escova de cabelo e sentou-se na cama, admirando a pele escura aparecendo com a queda dos tecidos, tules e luvas.
Martina deitou-se e deu tapinhas no colchão, chamando a outra para se deitar ao seu lado. Luciana aceitou, colando seu corpo ao dela e apoiando a cabeça no peito coberto pela camisola
— Agora, sim… — Suspirou, acariciando a cintura da princesa — Tu me esquenta mais que fogo, sabia?
Martina aconchegou-se ainda mais ao ouvir isso, olhando para Luciana com um brilho chamuscando seus olhos.
— Eu sei, querida — Respondeu, repousando uma mão entre os cachos dela — Eu já estava com saudade de me deitar contigo, assim, no escuro….
— O inverno tem suas vantagens — Luciana refletiu — Mas eu continuo com frio.
Martina, ao ouvir, desliza a mão pelo corpo de Luciana, quase num movimento inocente, chegando até a barra da roupa íntima da dama. Apesar da surpresa, Luciana logo se aproximou ainda mais, sabendo que seu corpo logo estaria devidamente aquecido.
…………………………
— Vai nevar, não é? — A criada perguntou, mesmo sabendo a resposta.
— Muito. Eu gostaria que vocês conhecessem o meu reino, lá, o inverno nunca nos castigou assim.
A criada logo olhou para Luciana com um olhar de esperança, pensando no tal reino que dava sementes e chuvas quando as temperaturas caiam.
Ambas as criadas arrumavam o quarto enquanto ela vestia Martina, mesmo que elas precisassem passar o dia todo no castelo por conta da neve intensa lá fora. A princesa olhava de relance para Luciana, sabendo que isso significava que elas teriam mais tempo juntas.
— Aqui, minha cara Idalina, o inverno não vai parar — A criada desvia seu olhar da colega e olha para Martina — E a Vossa Alteza, portanto, deverá estudar um pouco mais hoje, mas depois poderá ir até a torre do meio para buscar aquelas tintas e ervas que encomendou.
Martina não conseguiu disfarçar a felicidade genuína ao ouvir, olhando para Luciana, que disse que gostaria de pintar há muito tempo.
Desde criança, Luciana sabia que era uma peça para sua família de puxa-sacos utilizar. Eram ricos, sim, mas não tinham um nome forte o bastante, por isso mandaram-na para a corte do reino vizinho, cuja duquesa era conhecida de uma falecida tia. O reino comandado pelo pai de Martina tinha poder, sangue forte e boas reservas de prata, sendo cobiçado desde sua fundação.
Ela só foi enviada para lá fazem dois anos, após o envenenamento que quase causou a morte da Rainha e não teve seu autor capturado, fazendo com que o Rei substituísse todos os serviçais do castelo e reduzisse seu número, tornando Luciana a única dama lá dentro, e boa parte dos serviçais contratados vieram de lugares remotos.
A princesa passou todo o outono todo em um estado similar ao luto, sempre curvada e murmurando coisas pouco audíveis, mas Luciana a entendia, apenas seguindo-a de longe e mantendo sua saúde estável da forma que conseguia. Foi só depois do início do inverno que Martina começou a reerguer-se, voltando às suas atividades e conhecendo,verdadeiramente, Luciana.
Talvez seja por isso que elas se afeiçoaram ao inverno e sua escuridão privada.
As criadas não demoraram para organizar o quarto totalmente, e logo fizeram uma curta reverência para saírem, passando pela porta que Pedro já havia deixado e fechando-a.
Luciana logo deixou Martina solta, indo arrumar o próprio cabelo em um coque. Desde que estabeleceram seu “compromisso”, a princesa começou a fazer as coisas sozinha, mas apenas quando ninguém estava olhando. A dama também passou a estar sempre mais relaxada por saber que sua relação com Martina ia muito além da de uma nobre e sua aia.
Com uma pontada no fundo de seu peito, Luciana parou ao lado de Martina, que usava o grande espelho para se maquiar, e colocou as presilhas douradas em seu cabelo. Ela amava tanto aquela mulher que chegava a doer, o brilho em seus olhos cegava-a, e seu perfume suavemente doce inebriava-a.
— Luciana, a sua presilha está torta — Martina sorriu de lado ao dizer isso para a mulher que ocupava metade do espelho, mas não prestava atenção no próprio reflexo.
— E o seu batom está borrado, Tina — Retrucou.
A princesa logo verificou o tom rosa-avermelhado em seus lábios, e repreendeu a outra com o olhar ao notar que não havia nenhuma irregularidade na maquiagem. Luciana aproveitou a distração para beijar a mulher, borrando, de verdade, o batom.
Martina logo aceitou o beijo, satisfazendo-se com os lábios carnudos da dama perigosamente próxima ao seu corpo. Luciana esqueceu o mundo, fazendo-se de surda e cega, tornando aquele momento o seu único sentido.
— Minha filha… MINHA FILHA?!
A Rainha que chegou de surpresa, com o pescoço enfiado pela porta, ficou lívida ao ver as duas fazendo o que faziam no quarto.
…………………………………..
— Eu n-não posso… POR FAVOR!
A dama, que mais lembrava uma criatura selvagem, gritava e se debatia enquanto era mandada para a parte mais baixa do castelo, onde o frio úmido não tinha alívio algum, os guardas trocavam de turno sem uma única palavra e a água era escassa.
Assim que percebeu o que estava acontecendo nos aposentos da princesa (e já acontecia há muito tempo), a Rainha logo chamou os homens para agarrarem Luciana e mandarem-na para baixo, deixando Martina sozinha com sua mãe pálida e os soluços chorosos que preenchiam o corredor.
Claro, elas sabiam o que a realeza e a nobreza pensariam de sua situação, mas não imaginavam que teriam seu segredo descoberto, ou, pior ainda, pego num flagra.
— Por favor… Me deixem subir… — Murmurava, sem fôlego ou força alguma para defender-se.
Os guardas permaneceram em silêncio até que Luciana desistisse, aceitando ir sozinha para a cela que tinha um monte de palha, três baldes e uma trouxa de tecido puído. Assim que ficou só, a dama se jogou no palheiro, chorando copiosamente contra as fibras que espetavam seu rosto.
Luciana não sabe quanto tempo passou desse jeito, chorando e encolhendo-se. Ela entrou em um estado quase entorpecido, sem estar dormindo, mas também sem estar totalmente acordada.
A porta da cela se abriu com som alto, despertando Luciana. Uma figura grande foi chutada diretamente para o chão de pedra, emitindo um gemido de dor e fazendo os carcereiros rirem. A pessoa chutada era Pedro, usando uma roupa antiga e amarrotada, já que provavelmente estava dormindo quando foi chamado.
— Luzita! — Pedro chamou, assustado — Você se machucou?! Que porra é essa?
Luciana demorou para perceber que realmente era Pedro, o guarda gentil e corpulento que a tratava como uma velha amiga.
— A Rainha… E-ela me viu… Vi-iu eu e a Tina… — Ela não conseguiu completar a frase em meio aos seus soluços desesperados.
Pedro logo compreendeu a situação, aproximando-se do palheiro de Luciana e deixando que ela segurasse seu ombro. A dama manteve-se apoiada nele até conseguir respirar fundo e se acalmar um pouco.
Luciana endireitou a coluna, olhando bem para o rosto amassado de seu amigo.
— O que fizeram com o Manuel?
— Ele escutou os homens em nossa busca e acordou. Nós dormimos num daqueles antigos chalés fora dos muros, ele se escondeu, mas eu fiquei ali fingindo estar dormindo. Sei que esse pequeno sorrateiro está bem, já que eu fui preso por “omitir informações em um atentado contra a honra da princesa”.
— Eu tenho medo do que vai acontecer com ela — Luciana murmurou — Você sabe o motivo para terem te jogado na mesma cela que eu, certo?
Pedro, com os olhos verdes subitamente sombrios, assentiu com a cabeça. Ali dentro, mofando entre as pedras, tudo que poderiam fazer era aceitar e tentar dormir e aceitar a crueldade comandada lá de cima.
.......
Vai ter continuação, só não temos data 🤙
Espero que tenham gostado <3
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makalovs · 1 year
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 I  am  not  as  fine  as  I  seem.  Pardon  me  for  yelling,  I'm  telling  you  green  gardens  are  not  what's  growing  in  my  psyche,  it's  a  different  me,  a  difficult  beast  feasting  on  burnt  down  trees.  Freeze  frame;  please  let  me  paint  a  mental  picture  portrait,  something  you  won't  forget,  it's  all  about  my  forehead  and  how  it  is  a  door  that  holds  back  contents  that  make  Pandora's  box  contents  look  non-violent.  Behind  my  eyelids  are  islands  of  violence,  my  mind  shipwrecked,  this  is  the  only  land  my  mind  could  find.  I  did  not  know  it  was  such  a  violent  island,  full  of  tidal  waves,  suicidal  crazed  lions.  They're  trying  to  eat  me,  blood  running  down  their  chin.  And  they  know  that  I  can  fight  or  I  can  let  the  lion  win.  I  begin  to  assemble  what  weapons  I  can  find,  'cause  sometimes  to  stay  alive  you  gotta  kill  your  mind.
 tw:  violência,  álcool,  drogas
 gostaria  de  poder  começar  isso  dizendo  que  a  violência  e  a  raiva  não  são  coisas  intrínsecas  ao  maksim  e  a  sua  criação,  mas  eu  estaria  mentindo.  o  rapaz  conheceu  ambas  as  coisas  ainda  muito  cedo,  tudo  graças  a  seu  próprio  pai.  dentro  de  casa,  com  sua  esposa  e  filhos,  nikolai  não  era  abusivamente  violento,  pelo  contrário.  se  maksim  o  conhecesse  apenas  dentro  dos  limites  familiares  ele  nunca  poderia  imaginar  como  era  o  czar  nikolai  iii.  no  entanto  o  que  estava  relacionado  ao  governo  toda  violência  e  abuso  de  poder  era  justificável  para  o  nobre,  e  ele  não  se  sentia  envergonhado  em  dizer  que  fazia  todo  o  possível  para  que  o  poder  russo  continuasse  em  suas  mãos.  
 maksim  tinha  por  volta  de  oito  anos  quando  as  primeiras  células  rebeldes  começaram  a  ser  estouradas  e  os  envolvidos  começaram  a  sofrer  as  consequências.  não  foi  nada  bonito  acompanhar  isso  tão  de  perto  e,  de  alguma  forma  que  talvez  nem  freud  explique,  maksim  se  pegou  extremamente  interessado  e  intrigado  por  aquilo,  aquela  violência  crua  e  explícita.    filmes  de  terror  passaram  a  ser  os  melhores  amigos  do  garoto,  quanto  mais  violento  e  gore,  mais  maksim  gostava  --  havia  alguma  coisa  naquela  adrenalina  pura  que  o  deixava  sempre  querendo  mais  e  mais.  ele  tinha  por  volta  de  onze  anos  quando  descobriu  que  poderia  sentir  aquele  mesmo  pico  de  adrenalina  usando  as  próprias  mãos  e  as  brigas  começaram  a  fazer  parte  da  sua  rotina.  
 ele  tinha  treze  anos  quando  houve  o  golpe  e  os  rebeldes  tomaram  o  poder  expulsando  a  família  de  moscow,  do  lugar  que  maksim  conhecera  como  lar  por  toda  sua  vida,  e  ele  entendeu  o  que  era  a  raiva  de  verdade.  ele  passou  um  bom  tempo  odiando  tudo.  odiava  a  inglaterra,  odiava  ter  que  falar  em  inglês,  odiava  a  casa  alugada  com  cheiro  de  mofo,  odiava  ver  sua  mãe  chorando  depois  que  colocava  os  meninos  na  cama  e,  acima  de  tudo,  odiava  seu  pai  por  ele  não  estar  fazendo  nada  para  tomar  o  poder  de  volta.  a  raiva  era  ao  mesmo  tempo  o  monstro  que  vivia  debaixo  de  sua  cama,  e  a  canção  de  ninar  que  o  colocava  para  dormir.
 o  temperamento  e  as  brigas  pioraram  na  inglaterra,  e  foi  sua  mãe  quem  impôs  a  obrigação  de  que  maksim  precisava  ir  à  terapia.  parecia  ser  completamente  inútil  para  maksim,  mas  ainda  não  existia  nada  que  ele  pudesse  negar  à  sua  mãe.  o  treinamento  de  boxe  começou  nesse  momento,  por  sugestão  de  seu  terapeuta,  como  uma  vazão  para  tudo  que  maksim  sentia.  sempre  que  sentia  que  iria  explodir  ou  percebia  a  raiva  vindo,  o  rapaz  ia  socar  seu  saco  de  areia.  aos  poucos  as  coisas  foram  melhorando  e  logo  o  garoto  ingressou  na  academia,  aliando  o  conhecimento  oferecido  em  sala  de  aula  com  a  terapia.
 inicialmente  não  gostou  muito  da  academia,  mas  com  o  tempo  foi  se  acostumando  com  os  estudos  e  conhecendo  as  pessoas.  descobriu-se  alguém  até  que  bem  extrovertido  e  que  ter  amigos  era  algo  que  vinha  fácil  para  si.  continuou  no  boxe,  treinando  firme  e  conquistando  torneios,  e  tudo  foi  bem  pelos  primeiros  anos.  mas  tudo  mudou  quando  maksim  retornou  para  seu  sétimo  ano  na  academia.  após  um  inverno  traumático  na  rússia,  onde  o  rapaz  foi  novamente  exposto  à  uma  violência  absurda  pelas  mãos  do  czar  e  de  seus  soldados,  a  raiva  retornou  para  a  vida  de  maksim  e  dessa  vez  não  houve  terapia  que  conseguisse  tirá-la.  as  brigas  se  tornaram  mais  uma  vez  presentes  na  vida  dele,  ficando  especialmente  piores  no  futebol.  chegou  a  ser  expulso  de  jogos  e  teve  que  ceder,  temporariamente,  sua  posição  de  capitão  do  time  para  outros  jogadores.  o  que  o  cegou  ainda  mais  para  onde  a  raiva  poderia  lhe  levar.
 e  chegamos  à  fatídica  luta  de  boxe  em  que  maksim  passou  de  todos  os  limites.  era  um  competidor  de  outra  delegação,  participavam  de  um  torneio  que  estava  acontecendo  na  academia,  mas  contava  com  a  presença  de  outros  times  de  fora.  já  havia  lutado  contra  aquele  cara  em  específico  e  nunca  fora  fácil,  ele  tendia  a  descobrir  o  ponto  fraco  de  maksim  e  explorá-lo  ao  máximo.  e  foi  o  que  fez  naquela  luta.  ninguém  pôde  ouvir  o  que  ele  sussurrava  no  ouvido  do  príncipe  russo,  mas  fora  o  suficiente  para  que  a  visão  de  maksim  se  tornasse  vermelha  como  o  sangue  que  tirou  do  outro  lutador  após  levá-lo  ao  chão  e  continuar  socando  seu  rosto  sem  necessidade.  a  adrenalina  deu  uma  força  sobre  humana  a  ele  e  foram  necessários  quatro  pessoas  para  tirá-lo  de  cima  do  oponente  que  já  estava  inconsciente.  
 a  ação  teve  consequências,  é  claro.  maksim  deixou  o  ringue  com  um  dos  diretores  gritando  que  ele  estava  expulso  da  academia  e  naquele  momento  ele  não  se  importava.  no  entanto,  alguém  intercedeu  por  ele  --  se  foi  seu  pai  ou  se  foi  a  ordem  ele  não  sabe,  nem  se  importa.  no  lugar  de  ser  expulso  da  academia  ele  estava  expulso  do  time  de  boxe,  não  podendo  sequer  entrar  no  salão  de  treinamento.  foi  como  perder  uma  parte  de  seu  corpo,  maksim  não  sabia  viver  sem  a  luta  como  uma  espécie  de  muleta  para  seus  sentimentos.  
 atualmente  maksim  ainda  se  encontra  instável,  a  terapia  não  foi  tão  eficaz  quanto  fora  em  sua  adolescência  e  o  uso  excessivo  de  álcool  e  drogas  pioram  ainda  mais  seu  temperamento.  ainda  está  expulso  do  time  de  boxe,  porém  agora  pode  ao  menos  ir  até  o  salão  de  treinamento  para  socar  o  saco  de  areia  quando  sente  que  precisa,  e  também  ajudar  alguns  amigos  no  treinamento  de  muay  thai.
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pioterismos · 1 year
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Guerra e Paz - Liev Tolstói
O texto a seguir contém fatos do livro.
Guerra e Paz é muito mais do que somente um romance  - não é, também, somente uma narração com acurácia histórica ou, ainda, uma prosa poética rebuscada de referências e frases em francês. Tolstói une a ficção e a realidade em uma extensa crítica de como a história é escrita e descrita - e até mesmo inventada - por historiadores e generais que estiveram nos dois lados das trincheiras inimigas, seja ao lado do grande império de Alexandre I, ou nas forças do pós revolucionário francês, Napoleão Bonaparte. Não obstante a tal paralelo histórico, a enfadonha aristocracia russa flerta com uma guerra que não está lutando, mas observando sob as costas dos cossacos, mujiques, hussardos e outros soldados, todos de origem humilde. A guerra levará a dois processos distintos de transformação dos personagens: a priori, o grupo predominantemente masculino será impactado pelos horrores vivenciados no campo de batalha (mas não lutando; passeando curiosamente, como Pierre, nos locais de combate ou, ainda, liderando, como Kutuzóv) e, onde tantas vidas perdidas irão transformar um segundo grupo - o das mulheres - a partir do sentimento de luto (como sentido por Mária e Natasha com a morte do príncipe Andrei). Também as chamas de Moscou, vivamente enlutadas no imagético da parte final, revela o assombro de uma nação que foge e ao mesmo tempo se deslumbra pelo fogo à distância em meio a um inverno tão brando nas palavras - uma motivação tolstoiana para jogar aos olhos do leitor que o principal inimigo do imperador francês não era o frio e sim o povo russo -, dando o clímax de toda a trama, que leva mais de 11 anos, e onde três famílias principais são extirpadas e, de certa forma, unidas - no fim pelo casamento - , Bezukhov, Bolkonsky e Rostov.
Por entre todo esse enredo, haverá realmente vencedores? A história diz que sim e, no entanto, mesmo derrotado, Napoleão ainda foi venerado e exilado pra ilha de Santa Helena, onde escreveu suas memórias. Diante de todo esse massacre, o mundo que conhecemos hoje estava sendo moldado. Lembremos que em 1808, mesmo antes da invasão da Rússia pelas forças Napoleônicas, D. João fugiu para o Brasil, iniciando uma nova era que mudaria o destino de nosso país.
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memories-invented · 1 year
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Entre outras.
Toda vez que eu acordo, sonho perdido. já tive mil vidas, e em mil guerras lutei. Já perdi tantas promessas que não ouso acreditar que o sol sempre nascerá. Já resisti outras tantas vezes aos golpes duros da vida no meu peito. Sonho acordado, outra vez. Eu escrevi minhas memórias em folhas sujas. Estou quase consciente do mundo que chega a doer a pele exitante. Conforme um manifesto exige novas convicções, me liberto de mim, durante um período breve. Foi esperando folhas sujas que eu me perdi de mim, no final do último inverno no meu ser. Foi desistindo que eu me atirei no abismo, foi me perdendo que eu errei gravemente, contudo, devidamente absolvido da culpa pelos cristais que carrego comigo. Socialmente danificado, rejeito as memórias que eu inventei para mim. Entre outras guerras, os soldados no meu peito se enfrentam. Entre outras guerras, esquecido. Em direção contrária estabeleço um manifesto. Desejo que o mundo queime, por mim. Eu estou escrevendo porque chove forte no meu peito, extensões sem fim de vazios esperando novos aviões. Do meu peito chove nestas folhas, do meu ser um sentimento bárbaro enfrenta sem exitar, as regras do convívio. Por detrás de um conflito ilusório existe um conflito real. O que eu vejo tende o improvável. Ficou claro que o que observei pelo mundo, se distanciou profundidade das ideias iniciais de uma ação desinteressada, o lucro imediato é a solidão de ser refém de si mesmo. Um manifesto se faz claramente necessário. O que deve ser feito, eu não alcanço, o certo seria fugir com palavras bonitas. Tive que esconder certas dores que mau cabiam no meu peito, e eu tive que esconder. Um homem na minha posição só pode esperar o pior. Eu aposto tudo que tenho, contra essas memórias que finjo serem inventadas. Construo um novo rosto, dentre tantos outros que tive que transformar para caber no mundo. Estou sozinho dirigindo na chuva, são quase quatro da manhã. Uma guerra odiosa está sendo travada no meu peito, extensões sem fim de conflitos. Calmamente dirigindo na chuva. Isso se dá, dentre outros fatores implícitos a legitimidade de se deixar enlouquecer. Estou sustentando essas palavras, e adotando normas subversivas de se encarar a falta de um capital específico no campo dominante que almejo. No fim, apenas traduzo esse sentimento bárbaro que digo ser de fato memórias inventadas. Sublime, foi como eu me senti quando me dei conta de ti, anotando o meu peito. Todos os agentes estão lutando por essas palavras confusas. Você pode me avaliar, estou juntando as peças. Você pode me avaliar, se você for juntando os fragmentos, ira perceber, pode analisar minhas feridas, você saberá o que não me deixa dormir e sustenta o motor batendo forte no meu peito. O que era certo eu não fiz, o que se espera que eu faça eu tropeço. Você pode me avaliar, você saberá que foi brando o momento de loucura. A situação de fato exige a calmaria. Me concentro na estrada, chove forte no meu peito, por um estante breve, chove forte.
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amor-barato · 2 years
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Era, pois uma mulher. Que digo, uma rapariga. Tendo tido até então (e a partir de então, sejam dadas graças a Deus) pouca familiaridade com os seres daquele sexo, não sei dizer que idade podia ter. Sei que era jovem, quase adolescente, talvez tivesse dezesseis ou dezoito primaveras, ou talvez vinte, e fui atingido pela impressão de humana realidade que emanava daquela figura. Não era uma visão, e pareceu-me em todo o caso valde bona. Talvez porque tremia como um passarinho no Inverno, e chorava, e tinha medo de mim. Assim, pensando que o dever de todo o bom cristão é socorrer o seu próximo, aproximei-me dela com grande doçura e em bom latim disse-lhe que não devia ter medo, porque era um amigo, em todo o caso não um inimigo, certamente não o inimigo como ela, talvez, receava. Talvez devido à suavidade que emanava do meu olhar, a criatura acalmou-se e aproximou-se de mim. Apercebi-me que não compreendia o meu latim e, por instinto, dirigi-me a ela na minha língua vulgar alemã, e isto assustou-a muitíssimo, não sei se por causa dos sons ásperos, insólitos para a gente daquela plaga, ou porque estes sons lhe recordavam alguma outra experiência com soldados da minha terra. Então sorri, considerando que a linguagem dos gestos e do rosto é mais universal que a das palavras, e ela aquietou-se. Sorriu-me também e disse-me algumas palavras. Conhecia pouquíssimo a sua língua vulgar, e em todo o caso era diferente da que em parte tinha aprendido em Pisa, mas apercebi-me pelo tom que ela me dizia palavras doces, e pareceu-me que dizia qualquer coisa como: «Tu és jovem, tu és belo…» Raramente acontece a um noviço, que tenha passado toda a sua infância num mosteiro, ouvir afirmações acerca da sua própria beleza, e, pelo contrário, é costume avisarem-nos que a beleza corporal é fugaz e é de ter em bastante vil conta: mas as tramas do inimigo são infinitas, e confesso que aquela alusão à minha venustidade, por mais enganadora que fosse, desceu docemente aos meus ouvidos e deu-me uma irreprimível emoção. Tanto mais que a rapariga, ao dizer isto, tinha estendido a mão e com as pontas dos dedos tinha aflorado a minha face, então completamente imberbe. Senti como uma impressão de desfalecimento, mas naquele momento não conseguia divisar sombra de pecado no meu coração. Tanto pode o demônio quando quer pôr-nos à prova e apagar do nosso espírito as marcas da graça. Que senti? Que vi? Eu recordo apenas que as emoções do primeiro instante foram privadas de toda a expressão, porque a minha língua e a minha mente não tinham sido educadas para nomearem sensações daquele tipo. Enquanto não me lembraram outras palavras interiores, ouvidas noutro tempo e noutros lugares, certamente ditas com outros fins, mas que me pareceram harmonizar-se admiravelmente com o meu gáudio daquele momento, como se tivessem nascido consubstancialmente para o exprimir. Palavras que se tinham recalcado nas cavernas da minha memória subiram à superfície (muda) dos meus lábios, e esqueci que elas tinham servido nas escrituras ou nas páginas dos santos para exprimir bem mais fúlgidas realidades. Mas havia pois verdadeira diferença entre as delícias de que tinham falado os santos e as que o meu espírito exagitado experimentava naquele instante? Naquele instante anulou-se em mim o sentido vigilante da diferença. Que é precisamente, parece-me, o sinal do arrebatamento nos abismos da identidade. De repente, a rapariga surgiu-me como a virgem negra mas bela de que fala o Cântico.
Umberto Eco (O nome da rosa)
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elishouse · 2 years
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˗ˏˋ    🔮 INFOS:
nome atual: wongyun shin
idade: 23 (398)
ocupação: dono do uisun hotel group
local: coreia do sul
raça: vampiro
afiliação: caçadores
faceclaim: im jaebum
˗ˏˋ    🔮 PROMPTS:
Não pensei em nada tão profundo pra ele por ser um char complexo, mas também não iria querer, em específico, o plot vamp x humano por já ser algo muito padronizado (e que, inclusive, já tenho outros plots disso kkkkkk). Como ele é um caçador de vampiros, mesmo sendo um vampiro, eu imagino que ele contra um outro vampiro com quem tenha criado afeto já seja beeeeeeeemmmm gostosinho de desenvolver!!!
˗ˏˋ    🔮 RESUMO:
Um vampiro que já vive há quase 400 anos e, desde o momento em que fora transformado, desejou acabar com sua própria raça por ter sido forçado a ser um vampiro. O Wongyun se aliou a caçadores de vampiros quando foi resgatado por um e livrado do destino fatídico, embora fosse de seu desejo partir. Dessa forma, passou anos e anos lutando contra a ânsia de sangue, treinando não apenas suas novas habilidades como seus desejos, e agora, 400 anos depois, ele se instalou em um lugar fixo pela primeira vez, fundou um hotel que pretende expandir para outras redes, e precisa lidar com o fato de que está entre humanos e eles não conhecem o sobrenatural, sendo, portanto, impossível para ele dar as caras por tanto tempo em um mesmo lugar. Acontece que Wongyun sente que seu fim está próximo, mas pretende criar um legado para si, e seus pensamentos fundados baseiam-se na premissa de erguer os negócios para caçadores de vampiros, sejam eles de que raça forem, e o hotel é a fachada perfeita para tal.
A bio completa dele, e longa, tá abaixo do readmore!
˗ˏˋ    🔮 HEADCANONS:
Ele é cego (quando foi transformado, antes disso foi cegado no processo), mas com as habilidades de vampiro consegue enxergar através do batimento cardíaco dos seres vivos, cheirando seu sangue e assim podendo ver cada movimento ao redor devido o odor proeminente que lhe dá capacidade perceptiva. Ele só enxerga através do sangue, podendo ter noção completa de uma silhueta através do ferro que corre por todo o corpo; porém, não consegue captar presença de outros vampiros devido sua falta de batimentos.
TW: assassinato, tortura, gore.
Era inverno em Hanseong, a capital do reino de Joseon, e estava em meio uma guerra, quando Won Gyun abriu os olhos, novamente, após morrer. Para alguns, um milagre; aos outros: uma maldição. Para ele, no entanto, era o suficiente; só de estar vivo já era uma dádiva. Contudo, nada foi pior do que relembrar toda a dor ante morte. Era como se um flashback contínuo passasse por sua mente e o assolasse por inteiro, sem contar na visão defeituosa e os sentidos todos aguçados. Para chegar até esse ponto, passou por uma infância até que boa, ainda que estivesse com dias contados para uma guerra iminente, que acabaria com parte de sua descendência e dignidade.
Há quinze anos nascia o jovem filho do militar Wun com a princesa Yi Uisun. Mesmo que fosse de berço de ouro, ele foi designado pela corte para atuar como soldado, ignorando qualquer chance de tornar-se herdeiro, por hora; por mais que não fosse descartado da linhagem, Gyun ainda tinha de competir com os primos e por isso, para não ser apenas mais um, ocupou-se com a guarda e em aprender o que precisava com seu pai. Aos dez anos, com o apoio de seu avô – induzido pela princesa, sua mãe – tornou-se um soldado, mas não atuou em batalhas por ter de conservar-se e ser muito pequeno. Invés disso saía para caçar com uma escolta e foi assim que aprendeu a manejar arcos e lanças, sendo um bom atirador mesmo com a pouca idade. Aquilo seria de total utilidade para ele, futuramente; porém, mais à frente morava o perigo. O reino Joseon estava marcado há muito tempo por japoneses e sua invasão recente, antes mesmo de ele nascer, por isso, cinco anos depois, aconteceu. A ingenuidade foi achar que agir com normalidade, mesmo depois de ainda estarem se reerguendo, era o correto a se fazer; que nada mais aconteceria àquele espaço. Essa mesma ingenuidade colocou a capital em ataque, principalmente por estarem em minoria e não terem conseguido segurar a linha de frente por muito tempo. Won Gyun que já tinha seus quinze anos, um adolescente aplicado e futuro general, encontrava-se na frente do palácio para proteger seus familiares junto de seu pai.
A invasão fora tão bem executada, que a única opção que tiveram fora a de renderem-se. Os líderes do ato tomaram a mãe de Gyun, assim como as outras princesas e mulheres do palácio, para usarem-nas à bel prazer. Ele não viu, ninguém viu, mas sabiam que era só questão de tempo para que a população de Hanseong que ainda vivia, padecesse sob a fatalidade que era instaurada. A começar pelas mulheres; logo após, a desenfreada sentença de morte aos inocentes dos vilarejos, e em seguida a captura dos príncipes – Won Gyun incluído. Fora levado às masmorras, antes mesmo de o sol nascer, junto dos primos e amarrado em estacas que eram usadas para torturar os infratores do reino. Naquele momento, Gyun estava incapacitado de fazer algo, por isso a falta de palavras lhe manteve em um patamar isolado dos parentes ao lado, que gritavam e suplicavam para que vivessem. Todas crianças; mal sabiam sobre o que esperar do dia de amanhã. Só esperavam por presentes, brinquedos, e a rotina diária que um jovem príncipe teria. Contudo, lá estavam eles, sendo torturados. Por quê? O filho do general não sabia responder; estava mais confuso do que tudo, ainda mais naquele momento. Eram questionados um por um e se demorassem ou se recusassem a dizer, eram espancados. Da fileira, o primeiro a morrer pela dor foi o segundo mais velho, e aquilo só desesperou mais ainda os jovens. Mal conseguia entender mais pelo quê se tratava tudo aquilo e também não soube contar quanto tempo ficou dentro daquela masmorra, mas toda vez que desmaiava, agradecia por não sentir nada.
Won Gyun viu seus primos morrerem diante de seus olhos, por puro divertimento alheio, e talvez fosse apenas um tipo de lição para que o rei entendesse a gravidade da situação. Então se era para ensinar, a única opção que ele tinha era a de morrer mesmo. Estava pálido, cansado, dolorido, com fome e sede; diversas vezes foi posto à prova de afogamento, diversas vezes lhe marcaram na pele com ferro quente ou lhe presenteavam com marcas que, futuramente, deixariam cicatrizes. E ele ainda estava aguentando, talvez por isso tivesse se tornado o brinquedo dos torturadores. Perguntava-se onde estava a família, onde estava seu pai para protegê-lo, e por que eles não haviam chegado ainda. Mas o mais bizarro de tudo era que Gyun enfraquecia pelo sangue que lhe era tirado. Só viu uma vez, quando estava acordando novamente, já muito exausto, três deles lambuzados com sangue, só não sabia dizer se era dos corpos dos primos – se pelo menos ainda restava algo deles – ou se era o seu próprio. Aquilo o deixou mais apavorado do que tudo, mas foi justamente a sua palpitação frenética que atiçou os outros. Won Gyun não se lembra do que aconteceu antes, durante e depois, só lembra de ter sido cegado enquanto se aproveitavam dele; e então o frio. Tinha sido jogado do outro lado para servir de comida aos corvos, mas o erro deles foi o de marca-lo vinte quatro horas antes de ele retornar, sufocado pela sede. Agora Gyun era uma aberração. Para longe de Hanseong ele foi, sem saber exatamente o que estava fazendo ou para onde estava indo, mas o desespero e ansiedade o atacaram mais do que os torturadores, causando confusão mental. Era uma ânsia crescente dentro de si que o enlouquecia, e pouco depois de fugir daquele espaço que um dia fora sua casa, o jovem príncipe-soldado encontrava-se extasiado pelo quê tinha se tornado.
Não obstante, ainda tinha a visão enegrecida. As únicas coisas que ele conseguia enxergar eram batimentos cardíacos em cada animal que encontrava pela floresta, e todo barulho o ensurdecia por ser tão alto e límpido. Alimentou-se de sangue de cervo por dias... Semanas, se duvidar. Também tinha a questão de não saber diferir o dia da noite, tampouco quando podia sair dos buracos para evitar de queimar-se. Todavia, pensava que aquilo era só o início e talvez fosse uma maldição por ser da família real. Pouco a pouco foi tomando consciência e tinha para si que precisava encontrar o caminho de volta de novo; mas estava perdido. Para alguém que não teve oportunidade de atravessar as fronteiras da capital, estar naquele espaço desconhecido era assustador, ainda mais por ser uma criança. Ainda era ingênuo o bastante para pensar que teria alguém com quem jogar-se aos prantos caso voltasse para Hanseong, mas havia aquela coisa dentro de si que o impedia de reagir sobre isso. Essa mesma coisa fez Won Gyun desistir e seguir seus instintos atuais; havia muita coisa a qual ele era alheio, mas decerto sabia que voltar dos mortos não era algo tão simples assim para que ele o fizesse novamente. 
Durante um período de quase dez anos, contados a partir do momento em que recebeu a devida ajuda em uma cidade distante de onde nascera, aprendeu a andar sob o auxílio de estacas longas de madeira que ele precisava colocar à frente do corpo para saber onde estava pisando e o que tinha no caminho. Era interessante escutar daqueles humanos, aparentemente inocentes, tudo o que sabiam. Enquanto passava o tempo com eles, perceberam o total controle de Won Gyun sobre sua sede e talvez por isso que o mantiveram vivo por tanto tempo, ensinando-o. Não importava o quanto doía a barriga ou o quanto a garganta arranhava toda vez que sentia o cheiro de sangue humano, o garoto era tão fixo na ideia de que se cedesse aos próprios desejos faria algum mal, que tal fator ajudou ainda mais em seu auto controle. Era questão de tempo até que o príncipe-soldado virasse, de fato, uma máquina. Essa mesma família de humanos que o ajudou, foi quem clareou suas ideias. Eles caçavam aquele tipo de gente – gente como ele –, por isso sabiam tanto. Era bom porque Gyun só precisava de uma boa dose de ensinamentos para que pudesse realizar sua vingança; era tudo que tinha em mente desde que saiu de Hanseong. Com o passar dos anos, a visão também foi se adaptando e ele agora enxergava com os outros sentidos apurados, além de sua própria imagem ocular vampírica auxiliar o processo de compreendimento. Passou por muitos bocados até chegar naquele nível e já não se sentia tão insatisfeito quanto antes; na verdade, serviria para uma causa maior do que apenas matar gente inocente por não conseguir se controlar. Justamente a partir daí, quando teve experiência o suficiente para atuar na caça daquelas aberrações da natureza, que esqueceu-se de por quem lutava. Gyun havia esquecido até mesmo de onde viera, mas em um curto espaço de tempo teve a oportunidade de lembrar-se, quando, pela primeira vez em anos, voltou para Hanseong. O reino agora era pacífico, não haviam mais tantos problemas quanto da primeira vez em que estivera ali e tampouco da última vez, por isso sentiu o coração de gelo aquecido mais uma vez – ainda que por breves momentos –. No entanto, não via sinal de seus pais, além de que a guarda havia mudado toda. O luto pelos príncipes mortos mantiveram-se, todavia. E foi na passagem que viu um cemitério; neste, sua própria lápide. Ali, como em alguns outros túmulos, jaziam flores que ainda estavam novas, o que significava que alguém ainda estimava-o, mesmo depois de sua “morte”. Mas não podia ficar mais tempo por ali para descobrir quem; Hanseong era um banquete para Won Gyun e ele precisava viajar com sua nova família para cumprir as tarefas. 
Já não lembrava mais como era outra vida de mordomias, pois tinha se acostumado tanto com a rotina de ir e vir, estacar a vida de outras criaturas por conta própria como se ele mesmo não fosse uma aberração, que chegava a ser difícil imaginar algo além; algo suave. Os anos iam passando rápido demais para que ele se desse conta, mas guardava tudo na cabeça. Durante esse tempo, enterrou amigos e cuidou dos filhos deles; iam e viam, por isso aprendeu que conviver com a dor da perda era melhor do que expô-la. Não tinha motivos mesmo, já como ele era imortal; fadado a ver todos que um dia prezou, morrerem. Nem parecia que Gyun tinha essa tendência sanguinária dentro de si, já que havia controlado há décadas, mas isso não queria dizer que ele também não dava um jeito de suprir seus desejos quando sentisse necessário. Era uma arma letal no grupo de caçadores. Embora fosse cego da vista, tinha todos seus outros sentidos muito bem apurados, por isso muito era subestimado. Ao decorrer das centenas de anos, encontrou-se em um novo mundo, muito mais à frente do que o que estava acostumado; Contudo, o esforço dele para algo que queria era notável, tanto é que quando a era tecnológica tomou seu auge, Gyun passou a aderir também. 
Chegou na então Busan quando o Dragão ainda nem tinha dado as caras, mas quando o fez causou certa descrença da parte dele para com suas intenções. Todavia, depois de tantos anos, estava acostumado a conviver com diferenças e seu único propósito ali era eliminar qualquer um que afligisse a raça humana. Por mais que não concorde cem por cento com as opiniões do dito cujo superior, Gyun sabe se colocar em seu canto e assim o fez por mais uma centena de anos. Durante esse tempo, também, decidiu que precisava de algum ponto fixo para si, já como não pretendia sair dali por um tempo – pela primeira vez em anos estava contente com o que tinha –, portanto usou de seu espaço para abrigar a quem precisasse. Isso, no entanto, gerou uma procura tão exagerada que ele começou a construir um hotel. Batizou com o nome de sua mãe, de recordação, e espalhou várias filiais pelas proximidades de Busan, até chegar um ponto em que já estava saindo daquele campo. Formou, então, um grupo: Uisun Hotel Group, onde ele era o dono, e foi a partir desse dia que oficializou seu nome para Shin Wongyun – aderindo ao Shin em respeito à geração da família que o ajudou desde os primórdios de sua nova vida –. Durante todo o tempo, todavia, Wongyun não deixou de atuar em sua área e seu maior prazer: que era livrar-se de quem interferisse na pacificidade da cidade.
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claudiosuenaga · 2 years
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Tatunca Nara e a Crônica de Akakor 
Parte 3 - Expedição Amazônia-Jari: A matriz histórica da lenda da invasão da Amazônia pela Alemanha Nazista
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
A ocupação da Amazônia por soldados alemães em plena Segunda Guerra, é sem dúvida a “teoria conspiratória” que mais chama a atenção em de toda a crônica e é invariavelmente apontada como o motivo principal para o assassinato de Karl Brugger em 1984 em uma operação de “queima de arquivo”, como veremos adiante.
Assim como superdimensionou os mitos e lendas que há séculos circulavam na região acerca do Eldorado e das cidades perdidas, Tatunca fez o mesmo em relação aos inúmeros boatos que desde os anos 30 circulavam acerca da presença alemã na Amazônia.
Tais boatos, porém, tinham um fundo de verdade. Havia de fato planos por parte de Hitler e da cúpula do Terceiro Reich para a invasão do Brasil e efetivaram-se expedições que se mostraram nitidamente interessadas em muito mais do que a mera coleta de dados científicos gerais. Graças aos trabalhos de resgate histórico que foram feitos, tudo isso hoje está bem documentado, mas à época, devido ao segredo que cercavam tais expedições, muito pouco se sabia a respeito.
A Expedição Amazônia-Jari (1935-1937) provavelmente foi a matriz da maioria desses boatos. Em outubro de 1935, desembarcam em Belém do Pará três jovens aviadores alemães, Gerd Kahle, Gerhard Krause e o líder da expedição, o também geógrafo, explorador, roteirista e produtor cinematográfico Otto Schulz-Kampfhenkel (1910-1989).
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Otto Schulz-Kampfhenkel, à esquerda.
Na bagagem, traziam 11 toneladas de equipamentos, um impressionante arsenal que incluía até artefatos de luxo. Não se tratava de uma invasão clandestina, uma vez que Schulz-Kampfhenkel, recém-filiado ao Partido Nazista, contava com o aval deste e o patrocínio do ex-comandante da esquadrilha Barão Vermelho, chefe das SA e chefe do Estado-Maior da Força Aérea Alemã Hermann Göring (1893-1946), a devida autorização do governo brasileiro sob a presidência de Getúlio Vargas (há dois anos de implantar o fascistoide Estado Novo) e o apoio do Instituto Emilio Goeldi, de Belém, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, e o mais importante, das Forças Armadas.
O objetivo declarado era o levantamento topográfico e o mapeamento aéreo da bacia do Jari (rio que banha os Estados do Pará e do Amapá e deságua no rio Amazonas) até suas cabeceiras, o que até então jamais havia sido feito e portanto era do maior interesse do próprio governo brasileiro.
Trinta caboclos-mateiros, familiarizados com a selva, foram contratados. Mas ao contrário dos soldados alemães ciceroneados pelos Ugha Mongulalas, os membros da Expedição Amazônia-Jari enfrentaram uma série de tormentos e dificuldades inerentes às condições da selva.
Um hidroavião, o “Águia Marítima”, tentou pousar na superfície pedregosa, repleta de cachoeiras, e acabou se espatifando contra toras de árvores submersas, entre Gurupá e Arumanduba. Kahle e Krause quase foram arrastados pela maré e acabaram salvos por remadores caboclos.
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Ao explorar um rio em meio a uma chuva torrencial típica de inverno, Schulz-Kampfhenkel perdeu seu barco com todo o equipamento – câmeras, material de cartografia, armas, provisões e roupas – e ficou vagando sozinho pela selva durante uma semana até ser resgatado.
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Em janeiro de 1936, a expedição alcançou a grande aldeia dos índios Aparaí (povo que habita a fronteira entre o Brasil, Suriname e Guiana Francesa), no médio Jari. Dali levaram como butim centenas de peles, crânios, ossos, dentes, plumagens e órgãos de animais abatidos conservados em álcool, destinados aos museus de ciências naturais da Alemanha.
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Com a longa convivência, os Aparaí, tal como os fictícios Ugha Mongulalas, desenvolveram pelos alemães uma afeição que sobrepassou a amizade. Macarrani, filha do cacique Aocapotu, enamorou-se de um deles e acabou ficando grávida. Sua filha, batizada de Cessé e apelidada de “Alemoa”, por ter a tez clara e os olhos azuis de seu pai “ariano”, nasceu entre 1937 e 1938. O que teria acontecido com esta menina mestiça ninguém sabe.
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Com a tecnologia da época, os alemães gravaram a língua dos Aparaís.
De qualquer forma, a história neste ponto é muito parecida com a que foi contada por Tatunca Nara, que no início reivindicava ser um mestiço de índia mongulala com soldado alemão, para depois mudar a versão para a de filho nobre de príncipe mongulala com freira alemã.
Schulz-Kampfhenkel relatou os fatos vividos na expedição em seu livro Rätsel der Urwaldhölle (Mistérios do Inferno da Selva), publicado em 1938,[1] e produziu um documentário homônimo, estreado e distribuído pela Universum Film AG (UfA) no mesmo ano.
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Nota:
[1] Schulz-Kampfhenkel, Otto. Rätsel der Urwaldhölle, Berlin, Deutscher Verlag, 1938.
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Leia todas as partes desta saga:
Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5 | Parte 6 | Parte 7 | Parte 8 | Parte 9
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estudantedeletras · 2 months
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Sobre o poder de tornar cinzas em flores
É por conta desses dias que eu preciso da escrita.
Estes dias cinzas, uma Londres no inverno, mesmo que eu esteja no dia mais ensolarado do final do verão no Brasil. Dias em que a sensação de solidão prevalece em meio a multidão. Momentos em que só consigo sentir as lágrimas, mas não consigo entendê-las. Tudo ao seu arredor parece demais, inclusive o vazio. E a aflição silenciosamente grita. Diante de tais gritos, me calo. Torno-me muda.
É aí que ela chega, a mágica escrita - a arte de me apoderar do que tantas vezes me assombra, as palavras.
Não é uma relação amiga, meramente prazerosa, mas uma revolução. Em termos marxistas, é aqui que pego meus opressores, os pensamentos, e os uso a meu favor. Os oprimo conforme minha vontade. É aqui que tudo o que me sufoca vira fôlego. É aqui que as sombras viram radiantes raios de sol.
Por muito tempo me gabei deste talento. Achava a habilidade de transformar cinzas em flores fantástica, como de fato é, mas jamais poderia me gabar de algo que não é meu.
É Ele. Sempre foi e sempre será Ele.
Em sua grandiosa bondade, Ele me empresta sua habilidade de maneira tão caridosa e ainda me deixa ficar com o mérito. E é por isso que hoje venho aqui dar os créditos.
Tão somente Ele é capaz de tornar um vale de ossos secos em uma legião de soldados. Só Ele é capaz de fazer do mar um caminho. Só Ele é capaz de tornar o luto em festa, a vergonha em glória. Tal como Ele é o único capaz de me salvar nestes dias de amargura.
Tão somente Ele é capaz de transformar toda feiura que há mim na mais bela poesia.
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sentimentosdemim · 3 months
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LEVANTA O POVO CHARRUA!
Charruas levados como “bichos de circo” para a França
Era uma fria manhã de 1834 na bela Lyon. Enquanto a cidade amanhecia, com seus odores de pão fresco e gentes malcheirosas, um homem jovem andava ligeiro pela rua ainda vazia.
Carregava nos braços um bebê.
Vestia-se pobremente e volta e meia olhava para trás, esperando ver soldados.
Os poucos transeuntes não sabiam, mas ali ia um valente cacique charrua, chamado Tacuabé.
Carregava a filha da também charrua Guyunusa que, como ele, fora aprisionada na região da Banda Oriental (hoje Uruguai), e remetida a Paris, como um bicho raro.
Eram quatro os índios levados para a França: Tacuabé, de 23 anos, Vaimaca, um velho cacique, Senaqué, um conhecido pajé charrua e Guyunusa.
Obrigados a se apresentarem em circos pelos arredores de Paris, sofrendo maus tratos e saudosos de sua terra, os charrua foram morrendo um a um.
O primeiro foi Senaqué, que definhou de tristeza, depois o velho Vaimaca.
Guyunusa, com pouco mais de 20 anos, tomada pela tuberculose, morreu em Lyon, deixando um bebê que se acredita fosse filha de Vaimaca.
Obteve de Tacuabé a promessa de que a garota haveria de ser livre.
E assim, tão logo ela fecha para sempre os olhos, o jovem charrua decida escapulir do circo, levando com ele a menina.
Os historiadores nunca acharam o rastro do cacique e da menina charrua, mas, se sobreviveram é possível que hoje o sangue charrua também corra em alguma família aparentemente francesa.
Porque se ser charrua é ser valente, não há dúvidas de que Tacuabé conseguiu garantir a vida, dele e da menina, naqueles longínquos e tristes dias.
Quem eram os Charruas?
Corria o ano de 1513 quando Juan de Solis chegou ao Rio da Prata e isso marcaria para sempre a vida dos povos que ali viviam desde há séculos.
O povo charrua era uma gente aguerrida que habitava as pradarias do que hoje é o Uruguai, a pampa argentina e parte do Rio Grande do Sul. Chamado de vale do rio Uruguai essa era uma região de coxilhas e muitas pradarias, espaço de ventos intensos tanto no verão como no inverno.
Além da gente charrua e do povo minuano, dividiam o espaço as capivaras, ratos do banhado, pecaris, veados, jaguatiricas e o mítico ñandu (a ema).
Já em 1526, o espanhol Diego Mogger relata em suas cartas sobre esses indígenas que eram vistos de longe, observando e sendo observados bem na entrada do Rio da Prata. Os espanhóis descreviam os charrua como uma gente moreno-oliva, de estatura média, pomo de adão saliente, dentes bons, rosto largo, boca grande e lábios grossos.
Os homens usavam cabelo bem comprido, muito lisos, e tinham por costume amputar um dedo da mão.
Já os minuano eram um pouco mais baixos, de fala baixa, melancólicos e igualmente acobreados.
Durante todo o processo de ocupação do território do que hoje é o sul da América Latina eles se mantiveram à distância, porque seu espaço era o interior e tantos os espanhóis quanto os portugueses preferiam se radicar nas margens do mar ou dos grandes rios.
Mesmo assim, desde a chegadas dos invasores muitas foram as escaramuças, principalmente com os charrua. Desde o ano de 1573 já é possível encontrar relatos de lutas com os espanhóis.
Eles viviam como grupos seminômades, em acampamentos estáveis, ora aqui, ora ali, seguindo o ritmo das estações.
Caçavam e plantavam coletivamente num território que, depois da invasão, ficou durante mais de dois séculos como fronteira não demarcada entre Espanha e Portugal.
Era visto pelos invasores como “terra de ninguém”.
Mas, ao contrário do que poderiam crer os que chegavam da Europa, aquele era um espaço já há centenas de anos ocupado não só pelos Charrua mas também pelos povos Minuano, Tapes, Chaná e até Guarani.
Ainda assim, apesar das lutas esporádicas, os originários eram ignorados.
“Sem alma”, diziam os padres.
Assim, para os europeus, Joãos e Marias ninguém.
Só que, na verdade, esses povos já tinham desenvolvido uma cultura.
Tinham uma organização comunitária e eram regidos por um conselho da aldeia.
As tarefas eram definidas, os homens caçavam e as mulheres cuidavam dos toldos que lhe serviam de abrigos.
Desenvolveram tecnologias eficazes para a caça como é o caso da boleadeiras, instrumento usado para derrubar os ñandus e bichos maiores.
Já cozinhavam a carne e produziam vasos de barro escuro, os quais serviam para uso doméstico.
Reverenciavam as forças da natureza e acreditavam na ressureição, uma vez que seus mortos eram enterrados com todos os seus objetos pessoais, para uso na outra vida. No verão andavam nus, no inverno se ungiam com gordura de peixe e usavam peles de animais.
As mulheres usavam uma espécie de fralda de algodão, hoje conhecida como xiripá, chamado por eles de cayapi.
Os homens usavam uma vincha (faixa de pano) na testa.
Toda a organização girava em torno do núcleo familiar.
Um homem quando queria se casar fazia o pedido ao pai da moça e já montava sua tenda.
A comunidade não tinha hierarquia, tampouco chefe, tudo era decidido no conselho.
Presos de guerra não eram escravizados, viravam família e se integravam na vida da comunidade.
Todo grupo tinha uma mulher velha que cuidava da saúde.
O grupo tinha por costume se reunir no cair da noite para planejar o dia seguinte, mas nada era imposto.
Era um povo livre e essa forme de viver iria, três séculos mais tarde, encantar o jovem Artigas, que seria um dos libertadores nas guerras de independência.
A ocupação espanhola
A vida dos charrua começaria a mudar radicalmente a partir de 1607 quando os espanhóis introduzem o gado bovino e equino na região e, como as pradarias não tinham fim, os animais se espalhavam chegando a gerar imensos rebanhos selvagens chamados de “cimarrón”.
Tão logo conheceram o cavalo, os charrua se encantaram com a beleza, a velocidade e a docilidade dos mesmos.
Trataram de aprender a lidar com eles e em pouco tempo era exímios cavaleiros, imbatíveis no lombo nu dos velozes cimarrón. Nas batalhas, eles se agarravam às crinas e permaneciam deitados de um lado, praticamente invisíveis aos inimigos.
Por algum motivo não sabido, charrua e cavalo passaram a ser quase como uma só criatura.
Por outro lado, foi justamente o crescimento exponencial do gado bovino o responsável pelo fim da mal arranjada paz no território charrua.
Como a carne e o couro eram artigos disputados pelo comércio da época, a região que antes era dominada pelos indígenas passa a receber levas de faeneiros (a mando dos espanhóis) e changueadores (aventureiros) que buscavam arrebanhar o gado selvagem para a venda aos ingleses. Essa mistura com a gente europeia e criolla vai enfraquecendo o já frágil domínio que os charrua tinham sobre o território da campanha.
Também é nessa época que ficam mais acirradas as relações com a gente branca que começava a adentrar para o interior, cercando terras e fazendo-as suas.
Em 1626 é a vez da chegada dos jesuítas que começam a criar missões para aldear os índios.
O objetivo era domesticar e converter.
Os guaranis foram mais suscetíveis ao discurso e a ação dos jesuítas, mas os charrua não quiseram nem saber.
Eram homens e mulheres livres, acostumados aos caminhos da pampa e não houve quem pudesse prendê-los, ainda que com discursos de salvação.
Diz a história que chegou a existir uma pequena redução charrua, em torno de 500 almas, mas não durou mais que quatro anos. Os charruas prezavam a liberdade e, acossados pela invasão branca, acabavam por realizar operações de saque nos povoados, em busca do fumo e da erva-mate. Por conta disso a relação com os colonizadores se acirrava cada vez mais. Naqueles dias começavam a surgir as estâncias, e o gado deixava de ser solto nas pradarias, sendo recolhido em grandes currais.
Assim, os animais livres escasseavam e os indígenas perdiam sua fonte de sobrevivência, passando a viver em estado de miséria. Sem terra, sem gado e sem comida, só restava o roubo.
Para os espanhóis e criollos que começaram a ocupar as terras da Banda Oriental, aquela “indiarada” começou a ser um problema e tanto.
Era preciso exterminá-los.
Foi nesse contexto que aconteceu a famosa “batalha de Yi” em 1702, quando os espanhóis decidiram encerrar a aliança que mantinham com os charrua e os minuano, e resolveram matar todo mundo.
Para isso, de forma perversa, contaram com a ajuda dos guarani, os quais já mantinham aldeados há anos.
E o resultado foi que mais de 200 charrua pereceram sob o exército de dois mil guarani. Outros quinhentos, levados como prisioneiros para as missões, foram assassinados pelos tapes, também orientados pelos jesuítas e chefes espanhóis.
Era o que os espanhóis chamavam de “limpeza dos campos”. Na metade do século muitos tinham sido passado pela faca e as mulheres e crianças mandadas a Buenos Aires e Montevidéu servindo como domésticas.
Ainda assim, vários grupos resistiram e seguiram vagueando pelos campos, vivendo de contrabando de gado e roubo.
Artigas, os charruas e a independência
São esses valentes que o jovem José Artigas vai encontrar nas cercanias das terras onde vivia com os pais, na imensidão da campanha gaúcha.
Desde bem guri ele fugia para as tolderias e aprendia com os charrua o valor da vida em liberdade.
Aprendeu suas táticas de guerra, sua cultura, sua forma comunitária de viver.
Quando então, finalmente, saiu de casa para não mais voltar, foi viver de aventuras como contrabandista de gado.
Abdicando de ser um “filho de fazendeiro” era com os irmãos charrua que ele vagueava pelos campos na única rebelião possível naqueles dias: pegar os espanhóis pelo bolso. Em 1897, quando decide entrar para o batalhão de Blandengles, Artigas já tem muito claro os seus objetivos. Inspirado por tantas lutas que assomaram contra o domínio espanhol, Artigas decide que, junto com os negros e índios – os mais explorados entre os explorados – vai comandar a luta pela independência da Banda Oriental.
E é assim que as coisas acontecem.
O soldado Artigas não é um soldado qualquer.
Ele pensa e propõe.
Tem do seu lado uma leva de homens livres que o seguem de livre vontade.
Não como um líder, mas como a um irmão. Acreditam nele e nos seus desejos de vida digna, de terra repartida, de vida comunitária. Esse legado, aprendido com os charrua, é o que vai comandar toda a proposta artiguista de libertação.
E é na valentia indígena que acontece a primeira grande batalha de Artigas, na comunidade de Las Piedras, em 1810. Armados apenas de facas, os comandados de Artigas colocam para correr os soldados bem armados da coroa.
Depois disso, são inúmeras as páginas da guerra, com Artigas e seu grupo de índios e negros, aos quais chamava de “povo de heróis”.
Com eles, praticava a política da soberania popular e da autodeterminação, gestando uma consciência de classe, de pertencimento, que se manteve firme até o massacre final. Nos acampamentos comandados por Artigas todas as coisas eram discutidas abertamente, cada soldado, cada mulher, cada ser, tinha direito a voz e voto.
Era essa gente que deliberava, Artigas apenas cumpria.
No primeiro grande êxodo, quando o povo seguiu com ele pelo lado norte do rio Uruguai, Artigas chegou a criar uma entidade sociológica, a qual dizia obedecer.
Era o “povo oriental em armas”.
Nunca traiu os seus companheiros e com eles levou a Banda Oriental à liberdade.
Mas, a história da libertação desta parte do sul do mundo tem também os seus traidores, que acabaram sendo os carrascos de Artigas e dos charrua.
Logo depois da independência, os interesses da elite criolla foram se consolidando e “aquela gente suja” que andava com Artigas acabou virando uma pedra no sapato. Ninguém queria que as ideias de reforma agrária, democracia e autodeterminação vingassem por ali.
A revolução artigista representava uma transformação radical nos métodos e práticas de governo.
A prioridade era a ação direta do povo.
As comunidades elegiam seus representantes de forma livre e era nas assembleias que se discutiam os temas relevantes da nação.
Este sistema foi cunhado como o “sistema dos povos livres”.
Pela primeira vez, depois da conquista europeia, o território voltava a ser das gentes. E a proposta defendida por Artigas era tão avançada que ele conseguia manter unidos os povos originários e os descendentes espanhóis sob o mesmo desejo: criar uma pátria nova, livre, soberana, onde cada um tivesse o mesmo poder.
Era coisa demais para as elites locais e para os que sonhavam em dominar a região, rica em carne e couro.
Foi aí que começou a se gestar o processo de destruição de Artigas e de seu povo.
Através de intrigas e difamações, o comandante é escorraçado do Uruguai, partindo para o exílio no Paraguai.
Com ele seguem dezenas de famílias charrua, decididas a compartilhar sua derrota.
Mas, outros tantos permanecem no território uruguaio e passam a ser vistos como um perigo em potencial.
Eram homens livres e não haveriam de aceitar a perda das terras e de todo o ideário construído com Artigas.
O presidente da nação recém-criada, Fructuoso Rivera decide então chamar os charrua para uma armadilha.
Corre o ano de 1831, num cálido abril, quando Fructuoso envia convites a todas as tolderias charrua para um encontro em Salsipuedes. Pede a ajuda dos indígenas para defender as fronteiras contra os portugueses.
Os charruas acorrem, solícitos, em defesa da pátria oriental, a qual aprenderam a amar como sua.
Eles chegam, armam seus toldos e esperam pelo presidente.
Ele nunca chegaria.
Durante a noite, enquanto os indígenas dormem, o exército ataca.
A ordem é matar todo mundo.
Nenhum charrua deve sair vivo.
O que se vê na manhã seguinte é um banho de sangue.
O povo charrua está exterminado.
Os poucos que restam vivos são vendidos como escravos.
A nova nação se vê livre do incômodo: o valente povo charrua que, na verdade, foi o protagonista da liberdade.
Entre os “escravos” levados para Montevidéu seguem Vaimaca, Senaqué, Tacuabé e Guyunusa, que dois anos mais tarde são levados como “bichos de circo” para a França. Subsumidos como criados e perdidos de sua liberdade o povo charrua originário do Uruguai vai se apagando, até deles não restar mais vestígios.
Alguns poucos homens que sobrevivem ao massacre de Salsipuedes, comandados pelo cacique Sepé atravessam o rio Uruguai pela cidade de Quaraí, e passam para o lado português, indo, mais tarde, se integrar às colunas do exército farrapo que iniciou a luta pela independência na região do Rio Grande do Sul.
Misturados aos minuanos e tapes, eles irão escrever páginas gloriosas no chão brasileiro, mas, igualmente derrotados, também desaparecem na poeira da história.
O Fim?
Até o final do século XX era dado como certo que o povo charrua era uma gente extinta. Dela restava só a memória daqueles anos longínquos da independência.
Mas, pouco a pouco, pessoas foram se deparando com suas raízes, descobrindo seus ancestrais.
Descendentes da gente charrua que passou para o Paraguai com Artigas, do grupo que cruzou o rio Uruguai e veio para o Brasil, dos que sobreviveram como escravos ou empregados domésticos.
A história charrua voltou a ser contada, palavras da língua original começaram a ser lembradas e a vida brotou.
O povo charrua foi assomando nos descendentes e hoje já são milhares os que se autodenominam assim.
Há uma organização do povo charrua no Uruguai e outra no Rio Grande do Sul.
Não há um território específico sendo reivindicado ainda, mas já se sabe que no início de 1900 havia um pequeno grupo fixado na região de Tacuarembó, no Uruguai, bem como atualmente há um grupo vivendo em comunidade próximo à Porto Alegre.
Para os descendentes o mais importante agora é recuperar a história.
O povo do Uruguai precisa saber que só é livre porque um dia o povo charrua se levantou em armas, junto com Artigas, e defendeu as fronteiras ajudando a criar a nação.
O povo do sul precisa saber que os charrua foram enganados, massacrados, mas ainda assim deixaram viva a sua marca.
Não é sem razão que na entrada de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a estátua que representa a cidade é uma figura que é um misto de paisano e charrua.
O famoso “laçador”, apesar de um semblante bem paisano, aparece com o xiripá, a vincha na testa e a boleadeira, elementos típicos da cultura charrua.
E, hoje, já no século vinte e um, os charruas se levantam e se mostram.
Tanto que no dia 9 de novembro de 2007, após uma luta que já durava 172 anos, a Câmara Municipal de Porto Alegre reconheceu a comunidade charrua como um povo indígena brasileiro.
Considerado extinta pela Fundação Nacional do Índio (Funai), essa foi uma vitória fundamental.
O evento foi organizado em conjunto pelas comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal, da Assembleia Legislativa e do Senado Federal.
Há informações de que existem mais de seis mil charruas nos países que compõem o Mercosul.
Só no Rio Grande do Sul, são mais de quatrocentos índios presentes nas localidades de: Santo Ângelo, São Miguel das Missões e Porto Alegre.
A terrível sentença de Fructuoso Rivera não se cumpriu.
O povo que dominava todo o território da Banda Oriental não foi exterminado.
Ele vive e avança!
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nanobots-ia · 5 months
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Na vastidão gelada onde o silêncio mora, busca o homem sábio, que ao frio não se cora. Na ciência, seu caldeirão, a fórmula secreta, para aquecer o sangue quando a neve aperta.
Com mãos de Midas, em laboratório frio, transforma em calor o arrepio. A gordura marrom, sua pedra filosofal, queimando como fogo, no frio glacial.
Não mais o inverno reterá seu ímpeto, com o elixir do calor, o soldado é templário. Resistência tecida em cápsulas de esperança, a conquistar o polo, sem mudar de lança.
O Pentágono clama, e a DARPA atende, em busca de um meio que o frio não ofende. E assim avança a ciência, audaz e destemida, na guerra contra o gelo, a vida é defendida.
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nossasenhoraaparecida · 6 months
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🙏✝️11 DE NOVEMBRO✝️🙏
🙏✝️São Martinho de Tours, o dono do manto que cobriu Jesus✝️🙏
✝️Origens✝️
Seu gesto: poucos personagens podem ter a sua história resumida em uma única ação tão poderosa a ponto de permanecer indelével e profunda em uma vida. São Martinho de Tours pertenceu a uma categoria especial de santos. Seu famoso manto é a antonomásia de um homem que nasceu em 316 ou 317, ao término do Tardo Império Romano, na Panônia, hoje Hungria.
✝️O Serviço Militar✝️
Filho de um tribuno militar, Martinho viveu em Pavia porque seu pai, um veterano do exército, havia recebido de presente um terreno naquela cidade. Seus pais eram pagãos, mas a criança era atraída pelo cristianismo. Com apenas 12 anos, queria ser asceta e retirar-se para o deserto. Mas um edito imperial colocou-lhe a farda e a espada antes de seu sonho de oração em solidão. Por isso Martinho teve que se alistar e acabou em um quartel na Gália.
✝️O Grandioso Gesto com o Manto✝️
Seu gesto do manto ocorreu em torno do ano 335. Como membro da guarda imperial, o jovem soldado era muito requisitado para as rondas noturnas. Em uma delas, durante o inverno, Martinho deparou-se, a cavalo, com um mendigo seminu. Movido de compaixão, tirou seu manto, cortou-o em duas partes e deu a metade ao pobre.
✝️São Martinho de Tours teve compaixão pelo próximo✝️
✝️O Sacramento do Batismo✝️
Na noite seguinte, Jesus apareceu-lhe em sonho, usando a metade do manto, dizendo aos anjos: “Este aqui é Martinho, o soldado romano não batizado: ele me cobriu com seu manto”. O sonho impressionou muito o jovem soldado que, na festa da Páscoa seguinte, foi batizado. Recebeu o Sacramento por volta dos 20 anos.
✝️Testemunho de sua Fé✝️
Por 20 anos, ele continuou a servir o exército de Roma, dando testemunho da sua fé em um ambiente tão distante dos seus sonhos de adolescente. Mas ele ainda tinha uma longa vida para ser vivida. Logo que pôde, ao ser dispensado do exército, foi ter com Dom Hilário, bispo de Poitiers, firme opositor da heresia ariana. Esta oposição do purpurado custou-lhe o exílio, pois o imperador Constâncio II era um seguidor da doutrina de Ário. No entanto, Martinho tinha ido visitar a sua família na Panônia. Ao saber da notícia, retirou-se para um mosteiro perto de Milão.
✝️Fundação do Mosteiro✝️
Quando o Bispo voltou do exílio, Martinho foi visitá-lo, obtendo dele a permissão para fundar um mosteiro perto de Tours, e por ele foi ordenado diácono e presbítero. Assim, vivendo uma vida austera em cabanas, o ex-soldado — que havia dado seu manto a Jesus —, tornou-se pobre como desejava. Rezava e pregava a fé católica em terras francesas, onde ficou conhecido por muitos.
As ações de São Martinho de Tours foi percebida pelo povo.
✝️Proclamado Bispo pelo povo✝️
Cerca de 10 anos mais tarde, os cristãos de Tours, tendo ficado sem Pastor, aclamaram-no seu Bispo em 371. Desde então, Martinho dedicou-se com zelo fervoroso à evangelização no campo e à formação do clero. Martinho aceitou, mas com seu estilo próprio de vida: não quis viver como príncipe da Igreja, para que as pessoas – pobres, presos e enfermos – continuassem a encontrar abrigo sob seu manto. São Martinho de Tours viveu nas adjacências dos muros da cidade, no mosteiro de Marmoutier, o mais antigo da França. Dezenas de monges o seguiram, muitos deles pertenciam à casta nobre.
✝️O fim e o legado de sua vida✝️
✝️Páscoa✝️
Em 397, em Condate, atual Candes de Saint Martin, o Bispo de 80 anos partiu com a missão de reconstituir um cisma surgido entre o clero local. Em virtude do seu carisma, pacificou os ânimos. Mas, antes de regressar para Tours, foi acometido por uma série de febres violentas. São Martinho de Tours faleceu, deitado na terra nua, conforme o seu desejo. Uma grande multidão participou do enterro de um homem tão querido, generoso e solidário como um verdadeiro cavaleiro de Cristo.
✝️Papa Emérito sobre São Martinho de Tours✝️
Sobre ele, disse o Papa Emérito no Angelus em 11 de novembro de 2007:
“Queridos irmãos e irmãs, o gesto caritativo de São Martinho inscreve-se na mesma lógica que levou Jesus a multiplicar os pães para as multidões famintas, mas sobretudo a deixar-se a si mesmo como alimento para a humanidade na Eucaristia, Sinal supremo do amor de Deus, Sacramentum caritatis. É a lógica da partilha, com a qual se expressa de modo autêntico o amor ao próximo. Ajude-nos, São Martinho, a compreender que só através de um compromisso comum de partilha é possível responder ao grande desafio do nosso tempo: isto é, de construir um mundo de paz e de justiça, no qual cada homem possa viver com dignidade. Isso pode acontecer se prevalecer um modelo mundial de autêntica solidariedade, capaz de garantir a todos os habitantes do planeta o alimento, as curas médicas necessárias, mas também o trabalho e os recursos energéticos, assim como os bens culturais, o saber científico e tecnológico.”
🙏✝️Minha oração✝️🙏
“São Martinho, que cobristes Jesus com teu manto no pobre abandonado, que também possamos imitar-te com nossa vida, cuidando dos menos favorecidos. Ensinai-nos a olhar os pobres e encontrar neles o rosto de Cristo, amar esses irmãos como Jesus nos ensinou. Amém.”
🙏✝️São Martinho de Tours, rogai por nós!✝️🙏
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demoura · 6 months
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DIA 20 DE OUTUBRO DE 2023 : NA ESTREIA DE “SCHWEIK NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL “ UM BRECHT “PERIFÉRICO” E MUSICAL NOVA PRODUÇÃO DA COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA: foi um dia marcado por uma estreia no
Teatro Joaquim Benite .Fazendo parte do Clube de Amigos com a Maria Zaza, era raro falharmos . A seguir a Shakespeare Bertolt Brecht é o autor mais produzido pela companhia. Brecht escreveu “Schweik na Segunda Guerra Mundial em 1943, quando estava exilado nos Estados Unidos. inspirado na obra satírica do checo Jaroslav Hasek, O bom soldado Schweik, cujo herói se tornou num símbolo do absurdo da guerra.,. A produção agora apresentada foi encenada por Nuno Carinhas e tem direcção musical de Jeff Cohen .Carinhas, dirigiu o Teatro Nacional São João entre 2009 e 2018 e encenou obras de Calderón de la Barca, Corneille, Tchekov, Beckett, Gil Vicente, Sófocles, Heiner Müller, Lorca, Brian Friel, Jean Cocteau, Henri Michaux, Pirandello, entre outros. Para a CTA dirigiu em 2020 Viagem de Inverno, de Elfriede Jelinek, e em 2022 O misantropo, de Molière/Martin Crimp .Aqui volta a encenar a história do picaro num trabalho de grande qualidade onde , na minha opinião, apenas faltou impacto na cena final entre Schweik e Hitler. Jeff Cohen, pianista e compositor, tem acompanhado Angela Gheorgiu, Cecilia Bartoli, Jane Birkin e Ute Lemper. Em 2008, com Teresa Gafeira e Luís Madureira, concebeu o o recital Canções de Brecht para a Companhia de Teatro de Almada. Nesta produção Cohen nos arranjos da música original voltou a revelar os seus dotes . Actuação empenhado de um elenco que precisa de afinar alguns pormenores e onde Teresa Gafeira revelou excelente voz . Como sempre o livrinho textos de Almada tem uma colecção de ensaios de grande interesse onde destaco o de Joao Barrento “ Uma peça popular” e a entrevista a Peter Stein que revela ser um anti-brechtiano. Antes do jantar no restaurante do teatro assistimos à inauguração da exposição. “Francis Graça , dança ,esplendor e sombras “na Galeria do Teatro . Assim me vou tentando distrair .
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filmes-online-facil · 2 years
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Assistir Filme Juramento de Vingança Online fácil
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Juramento de Vingança - Filmes Online Fácil
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Durante o último inverno da Guerra Civil, o oficial de cavalaria Amos Dundee lidera uma contingente de soldados do exército, prisioneiros confederados e batedores numa expedição ao México para destruir um bando de Apaches que estão atacando fortes no Texas. 3 versões de montagem: 123 min = Lançamento 136 min = Restauração de 2005 152 min = Director's Cut não lançada
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fredborges98 · 8 months
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A IMPLOSÃO DA MENTIRA.
Affonso Romano de Sant'Anna.
Mentiram-me.
Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente.
Mentem de corpo e alma completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem sobretudo impunemente.
Não mentem tristes,
alegremente mentem.
Mentem tão nacionalmente
que acho que mentindo história a fora
vão enganar a morte eternamente.
Mentem, mentem e calam
mas nas frases falam e desfilam de tal modo nuas
que mesmo o cego pode ver a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil e para alguns é cara e escura,
mas não se chega à verdade pela mentira
nem à democracia pela ditadura.
Evidentemente crer que uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo permanentemente.
Mentem, mentem caricaturalmente,
mentem como a careca mente ao pente,
mentem como a dentadura mente ao dente
mentem como a carroça à besta em frente,
mentem como a doença ao doente,
mentem como o espelho transparente
mentem deslavadamente como nenhuma lavadeira mente ao ver a nódoa sobre o
rio
mentem com a cara limpa e na mão o sangue quente,
mentem ardentemente como doente nos seus instantes de febre,
mentem fabulosamente como o caçador que quer passar gato por lebre
e nessa pilha de mentiras a caça é que caça o caçador
e assim cada qual mente indubitavelmente.
Mentem partidariamente,
mentem incrivelmente,
mentem tropicalmente,
mentem hereditariamente,
mentem, mentem e de tanto mentir tão bravamente
constroem um país de mentiras diariamente.
Meus 08 anos de convivência com Al Capone e Al Silva- Um aprendizado para vida toda!
Por: Fred Borges
Na prisão de Alcatraz havia recebido a indicação de um político inescrupuloso o cargo de agente penitenciário.
Sento no primeiro degrau de uma escada de ferro, sentar desconfortável, o piso está sempre sujo apesar do pé raspado da ruas sujas de São Francisco- Califórnia, estou sentado a esmo, notoriamente atrapalhando pessoas na sua passagem, a escada oficial de madeira foi interditada e moradores usavam a escada de emergência, somos mesmo um estreitamento na passagem, de passagem neste mundo,uma gota no oceano, gotas de orvalho no início de um inverno, invernal e infernal é o drama, continuo sentado com os olhos mareados, talvez pelos ventos intensos naquele final da tarde , o drama é eminentemente humano.
Meus sentimentos e pensamentos me conduzem a Al Capone e Al Silva e meus ouvidos me conduzem a Marseillese ou Marselhesa,escrita em 1792 por Claude Joseph Rouget de Lisle, um soldado e violinista amador de 31 anos.
Minhas lembranças me conduzem a duas referências culturais:
Casablanca; em uma cena em específico que mostra uma multidão de franceses cantando o hino às lágrimas para tentar calar quem exaltava soldados nazistas não houve ali, nesta cena, um pingo de exagero em relação aos sentimentos que a música invoca.
E A Desobediência Civil, um livro escrito por Henry David
Thoreau em 1849.
Thoreau escreveu o livro após ter sido preso por não pagar seus impostos, que ele se negou a pagar porque financiavam a guerra contra o México, que na época teve grande parte de seu território anexado pelos EUA.
(Impostos são imposições, e quem deveriam pagar é a alta, média e pequena burguesia, a população já paga impostos nos produtos e serviços que consome!)
Novamente a escada é uma máquina do tempo da imaginação, onde qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência como o apagão ou blackout nacional ocorrido recentemente.
O Apagão de uma sociedade devassa, onde o escárnio fiscal e tributária de políticos e alta burguesia se uniram ao Estado Paralelo e forjaram a ferro e fogo a polícia e receita federal vendida a eles; controladores da republiqueta.
Devassa revelada nos livros : 120 dias de Sodoma e Juliette, ambos do Marquês de Sade, obras só liberadas ao público em 1959.Ambas desnudavam o Estado centralizador, absolutista, e a ditadorial.
Banida, queimada, suas obras, mostram a mentira que nós vivemos e a mantemos reelegendo mentirosos.
Mas quem é que não mente, não rouba, e não se corrompe ativa ou passivamente?
A exceção virou regra, a mensagem foi enviada pela mais alta côrte de um país!
Roubar e ser corrupto compensa!
O gatilho foi acionado por quem detém as armas no Estado de Direito Democrático e o Estado Paralelo, só a eles é permitido matar, roubar e corromper, a nós, população, assistir nossas famílias serem estupradas,
assassinadas, roubadas, furtadas,e vítimas de todos os tipos de violências.
Retornando, estava na prisão de Alcatraz como agente carcerário, cárcere dos mais famosos criminosos do mundo.
Nos oito anos que fiquei, convivi com criminosos de todas as espécies, os mais perigosos e onde a inteligência servia ao crime.
Dentre eles:Robert Franklin Stroud, Bumpy Johnson, Alvin Karpis e James Joseph “Whitey” Bulger, mas dois eu tive mais convivência: Al Capone e Al Silva.
Alphonse Gabriel Capone nasceu em 17 de janeiro de 1899, no bairro do Brooklyn, na cidade de Nova Iorque.
Alphonse era um dos oito filhos do casal Gabriele Capone (1865-1920) e Teresina Raiola (1867-1952), que eram imigrantes da Itália.
Seu pai era um barbeiro e sua mãe era uma costureira, ambos nascidos na pequena vila de Angri, província de Salerno.
Al Capone cresceu numa vizinhança muito pobre e pertenceu a pelo menos duas quadrilhas de delinquentes juvenis.
Aos quatorze anos foi expulso da escola em que cursava o ensino médio por agredir uma professora. Integrou o grupo dos Cinco Pontos (Five Points Gang) em Manhattan, e trabalhou para o gângster Frank Yale.
Em 1918, Capone conheceu Mae Joséphine Coughlin, de ascendência irlandesa.
Em 4 de dezembro de 1918, Mae deu à luz seu filho, Albert Francis "Sonny" Capone. Al Capone casou-se com ela no dia 30 de dezembro do mesmo ano.
No ano seguinte, 1919, foi enviado por Frank Yale para Chicago, transferindo-se para lá com sua família para uma casa localizada em South Prairie Avenue, 7244.
Tornou-se braço direito do mentor de Yale, John Torrio.
Quando Torrio foi alvejado por rivais de outras gangues, Capone passou a liderar os negócios e rapidamente demonstrou que era melhor para comandar a organização do que Torrio, expandindo o sindicato criminoso para outras cidades entre 1925 e 1930.
Aos 26 anos mostrava-se um homem sem escrúpulos, frio e violento.
Em 1929, foi nomeado o homem mais importante do ano, junto com personalidades da importância do físico Albert Einstein e do líder pacifista Mahatma Gandhi.
Ele junto com Al Silva eram " os caras"!
Capone controlava informantes, pontos de apostas, casas de jogo, bordéis, bancas de apostas em corridas de cavalos, clubes noturnos, destilarias e cervejarias.
Chegou a faturar 100 milhões de dólares norte-americanos por ano, durante a Lei Seca, tendo sido um dos que mais a desrespeitaram.
Acabou contraindo sífilis, o que o obrigava a tomar remédios fortes.
Em 1931, foi condenado pela justiça americana por sonegação de impostos, com onze anos de prisão sem condicional, sendo enviado para uma prisão em Atlanta e, em 1934, à Alcatraz.
Ele havia contraído sífilis, tuberculose e apresentava traços de distúrbios mentais.
Sua pena foi revisada em 1939, em decorrência de seu estado de saúde, sendo solto após oito anos na cadeia e foi morar na Flórida.
Capone morreu, por fim, em 1947 em sua residência em Palm Beach por conta de uma parada cardíaca, mas seu corpo foi sepultado em Chicago.
Da Silva era Mexicano de Tlaxcala, de infância pobre, sua família fugiu do agreste mexicano para cidade grande, lá ele exerceria várias funções, mas a maior foi a que o consagrou: político mentiroso.
Um notório pragmático, se orientava pelo lema: os fins justificam os meios, "rompia" com os radicais, se descolava estrategicamente.
Na aparência era paz e amor, por trás " tocava o terror"!
Se tivesse uma música que o representasse seria aquela com a seguinte estrofe:
"Só quero saber
Do que pode dar certo
Não tenho tempo a perder..."
Os dois Da Silva, o idealista e o pragmático, não se conciliavam evidentemente com o terceiro, que mente tão deslavadamente, "mente de maneira tão pungente / que acho que mente sinceramente", como nos versos acima de Affonso Romano de Sant'Anna.
Ambos me ensinaram que mentir é ter como ideal o poder pelo poder, mas se um se distingue do outro é o valor à sua família.
Capone colocava a família em primeiro lugar, não somente de forma " pragmática", mas antes de tudo emocional e sentimental.
Da Silva no mesmo ano da morte de sua segunda mulher, a primeira havia morrido de parto,logo engatou um relacionamento,
antes oficioso, agora oficial, com a sua mulher da época, não esperando nem o corpo esfriar da segunda, colocando meticulosamente todo ou parte do seu dinheiro no nome dela, sua falecida esposa.
Mortos não falam e portanto não fazem declarações, principalmente ao imposto de renda.
Mas ambos vinham do crime, da mentira, da corrupção passiva e ativa entre o Estado Paralelo e o Estado de Direito Democrático.
Continuo sentado na escada,não me desloco ou transporto mais no tempo,agora vendo fotos antigas da favela dos Alagados em El Salvador, local que acho que vivi em outras vidas,me lembrei, não sei por qual razão, de Da Silva!
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vitrinestoreblog · 10 months
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Coturno Feminino
Ele surgiu durante a 2ª Guerra Mundial como uma bota militar criada para proteger os soldados. Com o tempo, entrou para o guarda-roupa feminino e teve seu auge na moda dos 90, com a sua versatilidade e o seu estilo moderno – perfeitos para o inverno. É um calçado que nunca sai de moda. Ele é super estiloso e traz bastante personalidade a produção. Tem aparecido ainda mais em produções das…
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