Tumgik
soulturva · 6 months
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Nesse mundo acelerado, simultâneo, afobado, instantâneo e ao contrário, eu senti a sutileza na voz, na gentileza de quem parece estar fora desse cenário.
Uma brisa, uma luz... eu, aquecida com o desejo de consumir esse encanto, contudo, a minha sensatez retorna, pois estamos no mesmo mar, apesar de todo o oceano e estudamos sobre como a vela deve ser alçada para chegarmos á costa. Um livro, um questionamento, um caminho ao autoconhecimento, uma mesma busca, relatos lentos, cartas extensas para expressar nosso pensamento. Cartas... há quanto tempo não as recebo. Visito meu arcenal antigo, recordo caligrafias, layouts que cada pessoa prefere utilizar, tantas trocas, alegrias e lamentos. Gostaria de conhecer sua letra, quisera fosse com seu sentimento.
Os tempos já não são os mesmos, meu caro. Folhas são obsoletas, escrever então, quanta azaração! (ainda se usa essa palavra?) Questionemos: sem a dispersão tecnológica, teriamos nos encontrado antes ou mais tarde? As conexões são outras, outra velocidade, mas parece que você está no tempo, com todo o conhecimento que me dá sede de beber, com hormônios que me dá gana de consumir, me lembrando de tudo o que os filósofos há anos vem esclarecendo sobre o ser humano e eu, que acho que estou sendo consciente do que fazer, estou deixando a necessidade da espécie humana me dirigir.
Nesse desabafo, apasiguo um pouco do meu desejo de, além de voz, anceios e pensamentos, provar teu cheiro, tua textura, conduta, receios.
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soulturva · 7 months
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“Traga-me tragos amargos de vida ou de cigarros: traga, que eu trago o câncer que for me corroer mais rápido. Rápido!”
— Jaquesouline
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soulturva · 7 months
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A Niilista
"Engraçado", a garota pensou. Como narradora dessa história, eu diria lamentável, talvez até trágica a linha de pensamento que ela constumava debater. Nenhum sentido da vida, se salvando erroneamente no hedonismo e admitindo saber que o caminho não era o mais eficiente, mas continuava seguindo, bebendo, rindo alto e, apesar de ainda ter alguns amigos, cantava alto que "não sou amigo e não pretendo ser, não quero que perca seu tempo me fazendo promessas que eu não quero saber". Se fazia chacotas até de si mesmo, quem dirá do ambiente raro onde se sentia confortável. Eu lembro que uma vez ela me disse que só sentiria-se em casa se bebesse o suficiente para deitar no chão e ser carregada, sem nem mesmo saber como voltaria para a casa. Lastimável ver uma bela garota sem nenhuma visão de futuro. Bom, talvez eu esteja sendo rude ao dizer isso pois, ela visava o futuro: um futuro onde seria ou teria o suficiente para poder sobreviver ao seu modo sem incomodar ou sulgar ninguém, e, para o mundo atual, pensar sobre isso já é um passo a frente de muitos. Contudo, ela não via motivos para desejar muito tempo de vida: "vida: para quê? Se me fosse dada a graça de poder escolher qualquer coisa: eu escolheria não viver mais." E isso ela deixava claro para quem suportasse ouvir essa verdade. Isso eu achava engraçado, ou até um pouco confuso pois, observando-a, eu diria que essa garota havia encontrado a fórmula da felicidade: sentava-se com ou sem companhia, escolhia o que beber, havia raciocínio lógico até demais e suas emoções transbordavam por cada vértebra ou órgão de seu corpo. Talvez fosse isso também o que a incomodava: numa sociedade onde termos "emocionada" era um julgamento perjorativo, a dor poderia se tornar constante enquanto uma emoção era exposta de forma incontrolada. Existe uma filosofia que diz que quanto mais se pensa, mais a chance de se deparar com a falta de sentido. Isso poderia motivar vários mas, ela desejava agora, com vasta evolução mental, ter pensado um pouco menos, ter sabido um pouco menos. Talvez com menos informações inundando seus neurônios a alegria dominasse-a com mais frequência. Por fim, talvez eu entenda o porquê de essa garota achar engraçado: desafiar a vida, confrontar limitações, instigar a morte e ser simplesmente ignorada enquanto tantos tentam por toda a forma se manter são, salvo e continuar vivo. Uma vez ela me fez refletir também sobre o livre arbítrio e agora eu pergunto a você: " Se sou livre para arbitrar sobre minha existência, qual o problema de me fazer morrer?"
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soulturva · 7 months
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Parque Municipal Euclides Dourado, Parque dos Eucaliptos - Cidade de Garanhuns Pernambuco, Década de 1940.
Photo IDEAL.
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soulturva · 7 months
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A cidade inteira acesa se acomodava em sua rotina apagada. Enquanto ela subia calmamente, os degraus da porta do trem. Ela sentou no acento da janela mais próxima, enquanto notava uma dezena de vagalumes através do vidro embaçado. Era este o seu sinal. Depois dessa noite, sua vida nunca mais foi a mesma.
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soulturva · 7 months
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Belprazer
Aquilo foi intenso! Maria entrou naquela brincadeira sem acreditar que poderia ser tão bom! Sentia suas pernas escorrerem suor, tirou o notebook e a almofada que estavam apoiados na sua coxa, despregou as canelas da cadeira e a bunda do sofá, tomou uns bons e barulhentos goles de água e se permitiu degustar um chocolate, pois havia conseguido finalizar o trabalho de hoje. Ao abrir a geladeira, seu impulso por chocolate se apegou a uma bolachinha recheada, além do chocolate em barras que já havia pegado e disse mentalmente a si mesma: "eu mereço! E outra, se eu não comer, a bolacha vai murchar nesse pacote aberto." e o outro lado de seu pensamento retrucou: "a banana que está há uma semana na sua geladeira também vai!" Mas Maria não queria apenas comer, ela queria saciar sua dependência por acúçar e, ignorando a sensatez fechou a geladeira, sentou sua anca gorda e suada no sofá novamente, apoiou as batatas da perna na cadeira, colocara a almofada e o notebook sobre as coxas e, enquanto você lê até aqui, as bolachas e os pedaços de chocolates estralam deliciosamente nos dedos, lábios e dentes, derretem nas digitais, línguas e glândulas e saciam vícios, víceras e vontades de um ser em algum lugar, neste momento. Talvez as razões ou a dependência sejam outras... Enfim, após comer á bocadas catando as faíscas que caíam, esfregou seus dedos no pano ao lado, sentiu o suor escorrer, ajeitou a tela e iniciou mais um desafio e pensou que talvez aquilo se tornasse um vício e o outro lado do pensamento a questionou: "um substituto ou mais um para a família?" e Maria se calou, quase se pôs a pensar, estralou o pescoço como que quebrasse a fala mental: ouve silêncio, calma, respiração, o som da televisão do vizinho com o locutor fervoroso ao narrar uma partida de futebol no segundo tempo e, no momento que ele deu uma breve desanimada com o chute para fora, ela grudou novamente seus dedos amanteigados no teclado e, talvez o vizinho também conseguisse ouvir o tique taquear das teclas que apanhavam nos dedos da escritora.
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soulturva · 7 months
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A Experimentação
O sangue circulava pesando em sua cabeça enquanto os pés quase formigavam sem circulação, a mente que antes pesava naquilo que se era designada se anestesiou enquanto a fumaça do cigarro subia e lentamente matava seus pulmões.
Desde que aquele trabalho lhe fora dado, ela se imergira em um infinito de sensações e se lembrara também de muita coisa que tivera tentado deixar para trás. Mas como sempre, vestia o uniforme e mesmo que ás vezes questionando a própria força, seguia o percurso. Pegou seus equipamentos, conferiu as lâmpadas e deu um carinho na nova folha de zamioculca que estava a brotar, também lembrou que não havia dado água á ela e que também se esquecera de beber. "- Bom,eu bebi. so não foi água." E ria de suas intempéries.
Agora já estava em missão e mesmo que a incerteza a apavorasse, ela engolia o medo e seguia a estrada, tentava respirar com calma, notando o cheiro das plantações: primeiro uma terra molhada, pois havia chovido durante a tarde, seguido de uma vasta plantação de eucaliptos. Se lembrava que, quando criança, sentia-se alucinada ao se concentrar na ilusão ótica que o caule das árvores causavam! Atualmente, bem, acho que você entende quando digo que com o passar do tempo, o histórico da drogaria mostra que aumentamos o consumo e passamos a ter cartões fidelidade.
Mas aquele não era o momento de pensar em ansiolítico! O foco se voltou para o caminho e então avistou o objetivo, surgindo na sua frente. O coração disparou, o peito inflou numa inspiração lenta seguida de sustentação e então soltou leve o ar, como se quisesse impedir que seus movimentos pudessem ser descobertos. Diminuiu o ritmo e se aproximou devagar: via o alvo ali, cada vez mais nitido em sua frente e ela só precisava se lembrar do treino, daquilo que ela havia se dedicado há tanto tempo. Há momentos que até quem não tem crença, se entrega para uma fé, um acreditar em algo tão genuíno que duvido que não se questione sobre o poder de fazer as coisas acontecerem através da energia que emana. E foi esse o momento em que a mente dela quase explodiu num instinto de autoconfiaça e coragem e sem exitar, pegou-o em suas mãos! Ela sentia a agonia do desconhecido da cabeça até os dedos dos pés, que já não se suportavam ao se encostar. Como sempre, muita coisa começou a pensar e sua atenção parecia não querer se concentrar naquilo que estava acontecendo: ele estava em suas mãos, ela sentia-o como se vibrasse e se comunicasse pelos seus nervos, veias até o córtex cerebral e nesse momento se lembrou do machucado em sua mão que pressionava com voracidade e sem sentir nada, enquanto sua experimentação, teimava em tomar forma através daqueles dedos escuros, em teclas escuras, numa página escura dentro de uma teia que envolve todo o mundo e ela, que poderia se resguardar em sua sala escura, num desses livros de página escura que gosta de ler, deixaria público aquele devaneio. Pensou que aquilo tudo estava acabado, ficou um bom tempo coçando a orelha direita, até senti-la arder, com os olhos fixos na tela mas notando apenas o contraste, sem foco, sentiu que seu conto chegava ao fim e parecia que já sentia saudade. Mas lembrou-se também que a escassez lhe rondava, pigarreou e salivou a boca que estava seca perante toda aquela concentração e, satisfeita lapidou e emoldurou-o no layout temporário que acabara de experimentar.
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soulturva · 8 months
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Na vastidão da solitude, vez ou outra bato um papo com a solidão - ou ela quem me bate?
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soulturva · 8 months
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Me peguei lembrando do teu beijo e, molhada, bebi uma cerveja gelada para apagar essa brasa.
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soulturva · 10 months
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soulturva · 10 months
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Ausentar-se do ser. Ao sentar, seder. Acender o sentir. Atenuar o sofrer. Assentir o querer. Aceitar-se e ser.
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soulturva · 10 months
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O calo cala a voz que, calada não fala para não pisar no calo de quem fala falas que causa o calo na voz de quem cala. @jaquesouline
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soulturva · 11 months
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Vida vinda do outono, uma caminhada para o inferno do inverno. Havia uma prima Vera mas era tão distante que nunca a verão. Outro outono, eu: caminhando no inverno, procurando a primavera que não verão. Eu, outono no inverno, na primavera, no verão. Outro... eu...deveras... mas... não.
@jaquesouline
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soulturva · 11 months
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soulturva · 11 months
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Amarra esse cão!
Eu ainda comentei com as paredes, disse que poderia dar certo, que eu perderia o medo... eu disse. Eu!
Eu pedi intuição, eu pedi... e foi tão bom libertar meu coração que me perdi. Meu perdi novamente nos meus medos, nos meus traumas, no meu gelo. Peguei toda a minha segurança falha e me despedi. Acordei com frio e lembrei: para o frio você voou.
Depois de você sair é que eu senti.
Voltei, remoí, me doí... me doí por mim, esse trapo remendado cheio de digitais, cheio de tudo o que faz. Mas vazio, vazio porque é incapaz de deixar o calor habitar livre. Você sentiu o frio na pele por mim, enquanto eu senti o ardor de ter esse frio queimando minhas entranhas por mim’ha culpa. Tu já quebrastes tantas barreiras que me senti semi nua de alma, teu toque me aqueceu, me amoleceu, e por incapacidade minha de amarrar o maldito cão na coleira, de colocá-lo no lugar, o barulho dos rosnados interiores afasta o pássaro mais uma vez e ele voa, e se vai a sutileza de sentir a brisa da asa no vento sonolento. Sentir ... ir ... lento ... por um momento ... ser sentimento. @jaquesouline
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soulturva · 1 year
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Quando num canto nes-me-tu trombardes, vê-te-me-se estente a mão ou não.
Estranhávida (jaquesouline)
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soulturva · 1 year
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Estranhávida
Quanto mais me acho, ou que acho que me encontro, te encontro como um pedaço de despacho que quis se despachar mas caminha no mesmo lugar. Da vida ávida sinto que me lástima a partida, com estranheza do sentido desse dito, mas que a minha mente ainda alisa. Se te petece, aparece, aceita o convite ou convida. Mas estranha é a questão que aparece na tela e coração, com um ano de exatidão, no dia em que pretendo áquele eu do passado arquivar, fazes em fases e tu me visita. Paranoia ou intuição, loucura ou perversão, estranho eu nessa sensação de não saber o que dizer,  ou querer dizer, ler, ouvir e saber daquilo que não merece tanta preocupação.  Dar-le atenção pode ser ainda opção? Meu ou seu esse direito de dizer sim ou não? Eu já deixei de lado, larguei de mão. Ando do meu jeito laico pelas ruas desse mundão. Jeito mais eu de ser ainda num vi não. Quando num canto nes-me-tu trombardes, vê-te-me-se estente a mão ou não. Nos dedos espero ter flores em chamas para queimar-te a solidão, caso desejes soltar palavras esfumaçadas pelo ar. Meu convite é sem validade, mas se fores áspero já passou, contudo se com destreza ignorar a estranheza e avidamente ser presente, o chá estará sobre a mesa, para a gente queimar, obviamente. -aquele dia eu desisti de escrever. (@jaquesouline)
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