O Poeta
O poeta antes de tudo é uma forma de existir
É a aranha tecendo sua teia
O orvalho na ponta da folhagem
O nascer do sol sem nuvens
As cores do arco íris
O magnetismo da aurora
É a pele arrepiada no toque
E o perfume das flores ao cair da noite
É a dança do vento com uma árvore
Durante a tempestade
É o raio cortando o céu tal qual as veias dos pulsos e os rios cortando a densa selva
É o som das águas de uma cachoeira batendo na pedra
E a lua cheia hipnotizando um lobo
Em seu uivo eterno...
Breno Rafael Liguili
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Vênus
O amor é a overdose da existência
E eu tô aqui só pela ressaca
Rafael Liguili
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Você nunca será só minha
Assim como eu nunca serei só seu
E é por isso
Apenas por isso
Que nos pertencemos
Rafael Liguili
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Andróide sem par
Passeando outro dia
Meus Rayban escuros
Eu conheci um andróide
Sem par nem futuro
,Porque também não existe mais nenhum futuro
Não tem sonho nenhum
Ele nada espera
Por isso nem repara
A manha do poeta
Porque também não existe nenhuma saudade (não)
Não existe maldade
Na terra do andróide sem par
Uns viram Messias
E andam no mar
Uns andam armados
Pra te matar
Fazem amor por esporte
Vivem a vida
Não pensam na morte
Cazuza
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Hiato
Essa noite queria falar um pouco sobre você
Sim você
Que não veio,que nunca chegou
Que sorri de longe
Em juras póstumas
Que cambaleia entre o medo e o desejo
Que faz da estabilidade uma prisão
E bate na porta já fechada
Sabe que o prazer dorme agachado
As pernas da hipocrisia
E sintetiza as emoções
Por frases feitas em negação
Lágrimas não vão curar
Feridas que já não existem
E o silêncio é só isso mesmo
Perguntas,respostas
Contemplação.
Rafael Liguili
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Adeus meu bem
Eu desisti de ter uma revanche
Mesmo já consumada
De tomar da vingança
Mesmo já embriagado em seu cálice
Não espero que você entenda
Essas metáforas
Pouco compreenda o que passou
Hoje não sou mais imune
A tentativa e ao erro
E a sua sentença é o silêncio
Esse que enlouquece a tua líquidez
Que desnuda sua face teatral
E seu caráter autoproclamado
A noite fez a sua dama sem espinhos
E a lágrima que escorre dela orvalho
E da paixão mais um adeus
Rafael Liguili
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Distração
Talvez em outra vida
O som da minha voz
Não cortasse o teu semblante
E meu ser em distopia não causasse
Terror a sua ansiedade
Talvez em outra vida
O seu desprezo ao desconhecido
Seria cômico e o conhecimento uma chuva de paz
Talvez em outra vida
Toda causa teria efeito e todo vício mais uma desculpa
Entre a pele que fala e a pele que cala
As voltas de suas próprias distrações.
Rafael Liguili
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“Os teus olhos azuis são cor do céu E são por isso cor do paraíso. Vejo-os e passa no coração meu Como uma saudade o seu sorriso. Estrelas matutinas no acordar Do meu amor, azul do céu distante… E eu, se os olho, fico sempre a olhar, E a olhar esqueço minha dor constante… Olhos azuis cuja alegria é a flor Da minha dor tornada comoção… Flori de aurora a minha negra dor… Só com olhar-me abri-me o coração…”
— Fernando Pessoa
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Frida Kahlo e Nick Muray, Coyoacán, 1939
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“O tédio no beijo é uma experiência de morte consciente”
— Rafael Liguili (via soseforadois)
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Toda paixão falha só se é exorcizada quando eternizada na arte
Rafael Liguili
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Ansiedade
Eu estarei
Em cada gota que escorre
De prazer e de dor
Do corte em sangue
E na cicatriz eterna
Eu estarei ali
Na sua dúvida frente ao espelho
E no sorriso forçado
Na certeza e na loucura
Esperando que os ponteiros
Não rasguem o que restou
De nós
Rafael Liguili
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Chá verde
Lembro da primeira vez que te vi
Ao lado do seu espelho umbilical
Teus olhos inocentes prontos para incendiar,teu sorriso cadente teus sonhos potentes e toda história
E todo cotidiano
A Haddock lobo nunca mais seria a mesma
Seria você e seus traços
Teu cheiro
Teu abraço
Mas eu sabia
Que seria eterno
Assim sem explicações
Eu só sabia
E sentia
A tua solidão era a minha
O abandono era meu
A dor
A esperança
E a sede
Eram um reflexo de nós
Sempre serei grato
E se for pra lembrar
De alguém que marcou a minha vida
De uma grande amiga
Da minha melhor amiga
Será você
Pra sempre com todo meu amor...
Rafael Liguili
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