Tumgik
rfdnl · 10 months
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Eu me apaixonei pelos teus suspiros poéticos e pelos teus erros gramaticais. Eu me vi nas tuas órbitas estelares e virei caos. Me perdi nos teus beijos satúrnicos, no teu toque sideral. Eu te senti como quem entra em erupção, mas não se perde. Eu virei rocha magmática e me sedimentei nas tuas insanidades. Eu te vi nas margens do rio São Francisco, tatuado na areia de Ipanema. Eu reconheci seus olhos no tom azul que sobra no céu todo fim de tarde quando o laranja sombreia o mundo, e mesmo nesse momento em que ele não era o infinito, foi nele que eu quis me exilar. Eu apreciei cada uma de suas células abraçando as minhas, ainda que soubesse o quanto isso me seria nocivo. Eu tombei como estrela cadente nos seus sinais de expressões, porque nem sequer sua testa crispada e suas olheiras, que explicitavam a balburdia que existe em você, me assustaram. Eu me reconheci nos seus tumultos. Você me expôs como poesia pichada num muro da avenida mais movimentada de São Paulo. Eu não tive recato, me exibi como pássaro que corteja a sua fêmea, e te dei o melhor que poderia escoar de mim. Eu encarei as suas curvas, mesmo sabendo o quão perigosas eram. Eu delineei teus traços nos descombros da minha alma. Eu te coloquei no meu peito mesmo sabendo o quão era presumível que um dia você se tornasse apenas uma porção de arquivos jogados no fundo de uma gaveta qualquer. Mesmo sabendo que isso teria um fim. Eu te amei não me importando com a efemeridade da tua presença ou com a dor da tua falta. Eu amei teus despropósitos e me encontrei nos teus desabrigos.
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