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Um café a meia noite

Como um café que esfriou, esqueci na mesa de um restaurante qualquer, me pego perdido em pensamentos vazios. Esquecido, sem muito valor e apenas com a proposta de algo que um dia teve um grande potencial, mas que nunca chegou a alcançar exatamente o que se propôs. Como uma metáfora de um encanto que nunca funcionou e nem transformou absolutamente nenhum sapo em príncipe a meia noite com sapatos e torres de cristal, ou o que quer que as histórias atuais contem.

E vamos falar a verdade? Eu nunca fui grande coisa. Não consigo pensar em um modo de descrever tudo que se passa na minha cabeça nem ouso mais fingir que consigo ajudar alguém que passa por problemas reais. Pra quem já está se afogando, às vezes, uma boia é apenas um obstáculo na árdua tarefa de puxar o ar.

Misturado com açúcar para disfarçar o sabor amargo, talvez mais palatável para pessoas que tivessem um menor grau de exigência. Porém, ainda assim, exausto. Sem vida. Com um total desapego pelo que realmente faz sentido e sem a menor condição moral de discutir sobre o sim ou não da vida.

Vendo ainda todos que passaram pela minha vida com o olhar amargo de quem queria estar vivendo tudo aquilo. Até entendo que não é assim que a vida funciona e que eu deveria ser mais grato, mas gratidão nunca foi algo que me descer bem sem que fosse misturada a uma boa dose de gim com tônica.

Tudo na minha vida, atualmente, parece seco. E eu nem consigo mais me satisfazer como antes. Os olhares me entristecem, os perfumes me enjoam e até mesmo o cuidado me fere – como se cada palavra proferida viesse sempre carregada por espinhos e acusações de quem já pôde descobrir o grande teatro que permeia minha vida.

Cansado do personagem. De dançar em um palco onde todos esperam que eu seja perfeito. Ou que talvez ninguém espere nada. E eu não sei qual das duas opções é mais dolorosa.

A vida vai tomando seu rumo, assim como sei que ninguém vai sentir realmente minha falta quando eu for embora. Sequem as lágrimas, limpem seus batons em guardanapos, lavem seus rostos nos banheiros das festas. É hora de se colocar no lugar. Equilíbrio. Paciência. O mundo é tão cruel com quem não sabe ser cruel com o mundo.

Um gole do café gelado e me arrependo imediatamente. Sim, como um sentimento de autoconhecimento bem limitante. À meia noite, as coisas parecem tomar novas formas e se parecem mais com o que um dia foram os sonhos. Não se deve ter medo do escuro e do que se esconde nele. Talvez devêssemos ter mais medo do que está explícito, iluminado sobre mil luzes neon, mas mesmo assim achamos que é melhor ignorar.

Seria como esquentar esse café no micro-ondas. Numa madrugada quente em que a blusa gruda no meu corpo e o ventilador não consegue me trazer o mínimo de clemência. Não traria o menor sabor, não renovaria sequer minhas energias. E, ainda por cima, pioraria o calor que insiste em desarranjar o meu sossego.

A meia noite, o café frio amarga na boca. E é nessas horas em que vejo a importância de pedir um sorvete.

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Suficiente para você.

Eu acredito que você não saiba que está me fazendo mal. Quero muito pensar que sim. Não adianta me prender nos pensamentos bobos de que nós somos dois homens maduros que vivem suas vidas de forma correta e sem nenhuma preocupação com o futuro. Nosso futuro está acontecendo todos os dias e eu já nem consigo mais me fazer parte dele.

Os últimos dias tem sido complicados. Não sei se você tem notado que eu não estou bem, porque geralmente você não se importa muito desde que exista um nós em que você pode se apoiar. Você se preocupou desde o início em viver o nosso relacionamento, porque pra você é a única coisa que importa, mas mascarou toda suas inseguranças em uma vontade de ser fazer presente. Sua preocupação sempre foi você. Porque me agradando e fazendo tudo por mim, você ainda me teria.

E aos poucos senti minhas asas sendo cortadas. Senti meus pés fixos ao chão e o um peso maior do que o que eu posso carregar em meus ombros. Você foi me entrelaçando a você, me tornando frágil e medroso. Quando dei por mim, estava dependente de você, porque tinha medo de te machucar. Tinha medo de te ferir. Tinha medo de que meu amor não fosse suficiente.

E eu acho que eu realmente não sou suficiente. E nunca vou ser.

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Perder

Eu ainda consigo me lembrar da minha cabeça apoiada na sua barriga. Nós olhávamos para o teto do seu quarto como se representasse todo o céu lá fora. Conversávamos sobre a vida e você sempre tentava me ensinar algo novo. Suas frases clichês sempre dominavam a conversa, enquanto eu te ouvia falar e falar e falar. Ouvir sobre você era a minha forma mais próxima de te entender. Eu não sabia, naquele tempo, que era apenas uma versão.

Que era apenas a sua versão.

Você me contava sobre as viagens que planejava. Conhecer o mundo inteirinho. Levar seus sonhos em uma mochila e sentir os pés na areia em cada ponto do mundo. E eu ficava tão feliz em te ver falando sobre cada detalhe. Eu era mais realista. Sempre fui. Questionava sobre o dinheiro, sobre os perigos e sobre as pessoas que deixaria para trás. Você sempre me respondia:

“Se eu não tentar lutar pelo que eu quero, eu estarei apenas aceitando que não o tenho”.

Eu achava que era apenas mais uma frase sua. Você me explicava que desistir era um privilégio de quem já tinha muito, pois quem nada tinha, não tinha nada a perder. Insistia em me mostrar que nossa vida é curta e não podemos desperdiçar nem um dia vivendo algo que não nos é real.

Eu continuo a acreditar em você. Sabendo que você nunca fora diferente do que me dissera que seria. Sempre determinado a encontrar o prazer máximo da vida.

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Silêncio (minha verdade)

E as vezes o silêncio é minha companhia.

É quando eu mais quero pensar e é quando eu mais ouço os barulhos do dia a dia. O silêncio. Ensurdecedor, paralisante, vívido, livre, claustrofóbico. Apenas um momento em que eu possa ser eu, tendo a capacidade de ficar preso entre as linhas que dividem as minhas verdades e ao mesmo tempo correr livre entre os devaneios das minhas fantasias.

Eu gosto do silêncio. Daquele momento do dia em que o mundo é um só. Onde o sol, alaranjado e aconchegante, prepara-se para se deitar ao mesmo tempo em que a lua, prateada e tão completa, descobre seu caminho por entre as estrelas.

É esse o momento em que eu mais penso em mim. Descubro respostas sobre você - independente de quem seja esse você. É a hora de pedir a Deus que me ajude por qualquer problema banal, agradecendo ao tempo por ser capaz de tornar todos os obstáculos menores.

É o silêncio que se tornou morada. Quando todos se despediram e o último abraço secou minhas lágrimas, foi o silêncio que me fez companhia. E é nele que eu aprendi a ser eu.

Não importa mais agora.

Não importa se o universo está gritando ou se eu mesmo estou surdo de tentar ouvir minhas milhões de vozes.

Não importa.

Apenas o silêncio.

E é nele que eu aprendo mais. É nele que eu cresço. Que eu acordo. Que eu adormeço. Que eu faço parte e finalmente posso pertencer.

Tenho medo de que esse silêncio se torne eterno, mas que – caso seja da vontade do acaso – eu esteja preparado para ouvir cada sussurro ensurdecedor.

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Talvez você tenha pensado que eu seria só mais um desses seus amigos que batem palmas para sua fantasia egocêntrica. Outro que deixaria minhas crenças de lado para assistir o mundo girar em torno de suas ideias falhas e da sua falta de empatia. Meu caro colega, acho que erramos o nosso caminho. Já tem algum tempo que eu aprendi a aceitar apenas o que é real e o que é amor. E creio que você no seu pequeno castelo, não há espaço suficiente para pessoas que tenham uma opinião.

R&R

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A última xícara

Era estranho encaixotar as nossas coisas. Eu amassava os papeis e embrulhava cada pequena memória do que um dia tinha sido nossa vida quando estávamos juntos. O jornal manchava minha mão e o calor fazia que se acumulasse suor na minha testa.

Você tinha ido embora um dia antes, dizendo não ter capacidade de viver aquela situação. Os fins sempre foram mais difíceis para você, não é? Porém, mesmo assim, teve a coragem de sinalizar quando nós chegamos ao fim. Essa tinha sido a nossa parada e você precisava descer primeiro.

Não vou ser desonesto comigo e dizer que não doeu. Ou que eu estava preparado para tudo aquilo que vivíamos hoje – você me deu tantos sinais de que já estava cansado, seus beijos eram frios e há meses eu não ouvia você dizer que me amava, salvo as situações em que as juras de amor eram ditas no enrolar dos lençóis.

Me despedir de você foi doloroso. Muito mais do que eu pensei que seria.

Porém, o mais incrível de fins anunciados é que eles param de doer rapidamente. Talvez porque meu coração já estivesse sentindo essa dor há bastante tempo. Talvez porque, no fundo, eu sentia que nada entre nós dois iria pra frente de qualquer forma.

Você sempre tinha sido meu sonho selvagem. O garoto da banda nos filmes americanos. O homem que eu não poderia apresentar aos meus pais. Mesmo que me tratasse como um príncipe de histórias bregas e infantis, ainda tinha uma rebeldia que transpassava todo o seu ser e contagiava todo mundo que estava perto de você.

Estar com você era estar vivo, mas eu precisava agora aprender a viver sem você.

Enrolando a última xícara no jornal para guardar em uma das infinitas caixas de papelão, lembrei que aquela tinha sido a primeira louça que compramos juntos. Você sempre tão indeciso. Eu completamente impaciente. E nos odiamos aquela xícara. E brigávamos sempre que precisávamos usa-la.

E isso representava tanto sobre a gente.

Nós tínhamos essa mania de encontrar cada um dos nossos problemas em pequenas coisas. Descobrir nossas diferenças de forma figurada. E redescobrir cada memória que nos fazia mal sempre que dávamos conta de que não éramos perfeitos.

Deixei a xícara de lado.

Talvez fosse melhor assim. Uma lembrança dolorosa a menos.

Já seria difícil demais esquecer de você.

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Você esquecerá meu nome.

Nós caímos juntos quando ninguém mais nos ouviu em meio ao barulho que assustou todos que nos cercavam E quando você gritou por mim, ninguém se importou mesmo que dançássemos juntos. Em meio a chuva que secou nossas lágrimas, nós gargalhamos de nós mesmos. E eu menti para ti dizendo que me lembraria disso para sempre porque sei que tu vais esquecer meu nome.

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A segunda escova de dentes

Quando eu notei, ela já estava ali. Uma segunda escova posta dentro do meu copinho de festa que estava sendo utilizado como porta escovas. Você já tinha reclamado tanto que não tinha espaço ali – e utilizado todo meu enxaguante bucal. Ameaçado tanto que compraria uma nova escova. Eu devia ter me preparado.

Você chegou na minha vida de susto e a gente sabe disso. Já conversamos sobre isso e eu já sei o quanto você acredita que nosso “nós” era destinado por um laço do acaso. Porém, eu não tinha essa certeza. E demorou tanto.

Você precisou correr para que eu caminhasse ao seu lado, indo e voltando repetidas vezes, porque sabia que eu não seria capaz de alcançar o seu passo. Teve a paciência e a determinação de me fazer parte da sua caminhada – que por tanto tempo me assustava por parecer tão sua.

Eu tive medo de você até não ter mais. Medo de você ser o único. Medo de ser o último. Medo de não saber se eu queria estar perto de você na mesma intensidade que você está comigo.

E mesmo assim, você esteve aqui. Segurando minha mão a cada momento em que eu precisei fechar os olhos.

Você apareceu para diminuir meu tempo no celular, para ouvir minhas histórias repetidas e para ver vídeos aleatórios sobre celebridades do passado. Você acabou encontrando sua forma de abrir espaço na minha vida quando nem eu sabia mais se teria esse espaço para oferecer.

Hoje, eu acho que te amo. Um pouco. E esse pouco está crescendo tão bem. No nosso tempo. Na nossa verdade.

Hoje, a sua escova de dentes ocupa um lugar na minha casa, porque você está sim presente aqui.

#leonardo

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Por uma noite inteira

As luzes da cidade brilham de forma tão fria. O mundo lá fora para, tentando nos observar. A gente é tão novo, a gente é tão vivo. E no meio de tanto caos e tanta loucura, a gente é tão nós.

Eu sinto que cada dia que passa eu consigo ser mais você. E você é um pouco mais eu. Nossa noite dura minutos e nossa vida dura horas. Tudo que envolve nós dois é finito, é fluido, é permeável. Tudo que forma nosso “nós” é verdade, mesmo que na intensidade e na imensidão de uma grande mentira.

Eu quero pensar em tanto. Quero desistir de você.

Porém, sei que nada disso é necessário. Porque amanhã, quando o sol se colocar no ponto mais alto do céu, você vai ter partido. Você vai ter ido pra longe, mesmo estando tão perto. Porque nosso amor, como tudo que é efêmero, dura por um suspiro.

Gosto de pensar que nós vivemos uma história. Gosto de pensar que seu gosto ainda está na minha boca. Seu beijo foi, sem sombra de dúvidas, uma das melhores coisas que já pude experimentar. E acho que por ter sido só isso. E acho que por ter sido tanto.

Hoje, sei que você já nem faz tanta falta. Porque você nunca teve um lugar pra chamar de seu. Eu gostei de te desejar e nunca pensei que nós realmente iríamos ficar juntos.

Foi como realizar um sonho de um jovem apaixonado. O coração em brasa tentando queimar meu peito de dentro para fora. E você apenas estando ali, me alimentando com mentiras toscas que eu fingia acreditar. Eu já estava tão bem que era difícil acreditar em você. Eu já sabia disso, mas era bom te ver tentando.

Nossa noite foi a noite dos que sonham. A noite dos apaixonados. A noite dos que gostam de cada aventura e se deliciam com histórias memoráveis.

Não sei se vou fazer parte da sua vida, mas tenha certeza que você marcou um pouquinho de mim. E vai ser sempre uma das melhores partes...

Porque você me ensinou que eu sei amar por uma noite inteira. E só.

#thiago V

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Não tenha medo de me perder, meu bem. Tu não precisas nunca ter esse medo. Afinal, eu nunca fui seu

R&R

#alx

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E a vida não terá mais o mesmo sabor.

Por vezes a gente encontra uma escolha no meio do caminho. E essa escolha acaba por se tornar parte de quem nós somos. Cremos de verdade que o caminho é o certo, porque ele é projetado da forma com que sonhamos. As ruas são ladrilhadas. Não há nenhuma curva. E nem sei o que dizer da paisagem.

E você foi um desses meus caminhos.

Estar com você foi leveza, foi calmaria e foi um sonho. Até que se tornou real.

E eu precisei ser eu.

Acho que a vida não terá mais o mesmo sabor depois de você. Porque nem consigo escrever sobre o que eu sinto, sabendo que eu fui todo e totalmente o culpado.

Eu só não gostei de você o tanto que você mereceu.

Tanta coisa que você me ensinou sem saber. Tanta coisa que eu vou aprender agora que avaliarei tudo que a gente viveu de longe. Nós fomos jovens por um tempo. E, sendo jovens, permitimos viver algo que foi tão próximo ao amor.

Não sei como vai ser daqui pra frente. Eu nunca sei, não é? Mas espero que eu esteja pronto para ser eu sem você. Assim como espero que você esteja pronto para ser você sem mim.

Fique bem. Eu prometo que irei ficar.

#leonardo #fim #término #amor

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Amor de uma noite

Eu ainda não sei por que eu preciso escrever hoje. Se pra falar com você, pra você ou sobre você. Minha cabeça ainda está completamente confusa e você sabe disso. Tenho certeza que sabe.

Não sei se por uma maré de baixa autoestima ou por um sentimento de negação muito forte, você disse que não acreditava no meu gostar. Minha mente confusa acaba por criar teorias de que não é sobre isso, mas sobre você não ter reciprocidade para mim. E, fingindo não sabe, você se exime da responsabilidade de estar. Você não precisa se justificar pra mim se nada do que você sente é real. Se você não tem ideia do que eu sinto. Do que eu sempre senti.

Nos beijamos ontem, você lembra? Dentro da rua deserta, com chão de terra. Meus joelhos machucados e seus dedos em meus cabelos. Como dois rebeldes ou amantes vivendo o ápice do amor. Nós apenas acreditamos que era a hora certa. E éramos as pessoas certas para viver aquele momento. Você queria e eu também, nós podíamos ser apenas nós.

Nosso primeiro beijo foi se tornando pequeno perto das outras vezes que ficamos juntos. Três. O meu número. O número especial que me fazia pensar em todas as minhas memórias e minhas virtudes.

Com você, eu estava sempre bêbado. Eu estava sempre tropegando. Eu estava sempre eufórico. Como se meu coração acelerasse e quisesse sair pela boca. Você fazia com que eu sentisse que a escolha mais segura não era a escolha certa.

Eu queria te ter mais um pouco. Um beijo nunca era suficiente. Nossos corpos colados numa cama qualquer, enquanto nossos amigos dançavam ao nosso redor. Nossos corpos entrelaçados, seu cheiro no meu pescoço e seu desejo se fazia real em minhas mãos. Eu só queria ter você, que você me tivesse como seu. E não tínhamos, por alguns segundos, medo do que qualquer um poderia falar.

Nosso amor não era real. Nem chegava a ser paixão. Estávamos sendo apenas guiados pelo desejo, pelo carnal e pelo instinto. Eu sabia que você me machucaria como nunca ninguém havia me machucado, caso eu me entregasse pra você. E por isso eu não me entregava. Você sabia que eu seria apenas mais um na sua cama, até que encontrasse alguém que te tirasse daquele vazio. E por isso não se entregava.

Nós éramos amantes.

Por uma noite.

E essas noites foram se repetindo até que tivesse fim. Uma semana. Uma semana de euforia. De achar que estávamos juntos. De achar que poderíamos ter algo. De acreditar que eu poderia jogar todas as minhas escolhas para o alto para me depositar somente pra você.

E você nunca foi uma escolha. Porque nunca me escolheria de volta.

Nosso amor durou uma noite. Por três noites. Por uma vida.

E eu já sabia que eu nunca estaria com você.

#thivens

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Após a tempestade

Você chegou ao final da tempestade.

O vento ainda bagunçava meus cabelos, o céu acinzentado e o frio que eriçava todos os pelos e machucava a minha pele. Eu ainda estava encharcado de outro alguém. E meu corpo estava trêmulo, buscando proteção. Depois de tudo que eu havia passado, afinal, proteção era o mínimo que eu esperava encontrar.

Você chegou caloroso, radiante, como se o sol inteiro fosse parte de você. Como se você pudesse carregar toda a luz do mundo em um sorriso.

E eu tive medo.

Se eu tivesse forças, teria corrido para longe de você. Porém, eu queria tanto auxílio, uma mão que me levantasse ou um apoio após tudo que eu havia vivido, que acabei aceitando que seu olhar se direcionasse a mim.

Seu olhar era bondoso, cheio de manha e cheio de graça. Eu já conseguia ouvir, dentro da minha cabeça, uma voz que dizia que você era completamente diferente de todos que já passaram pela minha vida. Por que isso não era o suficiente? Por que isso não era apenas o necessário para que eu me depositasse, me arremessasse, me permitisse ser todo e integralmente seu?

Eu não me sentia suficiente.

Eu não conhecia o amor.

Depois de tantos desencontros, de tantos momentos de confusão e de tantas feridas, minha vida já começara a perder um pouco a cor. E acreditar que existia alguém que estaria ali, despertando ao meu lado, parecia algo cada vez mais impossível.

Pior que eu já nem sei mais se eu estou pronto. Não sei se a sua presença e sua luz vieram apenas para me iluminar após a tempestade. Não sei se é algo que vai perdurar, se você é capaz de me aquecer pelos próximos dias, porque talvez já tenha passado da hora de eu aprender a me secar sozinho.

Sei que já não sinto frio.

Mas não sei se é o seu calor que eu estou buscando.

#leo

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Estar com você é como pular de um avião sem saber se o paraquedas vai abrir. Eu posso até sentir medo de olhar para o final, mas sei que compensa por estar voando entre as nuvens.

ReR

#Leo

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5 anos para o destino cumprir seu papel.

Eu não lembro mais a primeira vez que eu te vi. Você era um dos caras mais bonitos que eu conhecia. Tudo em você parecia ser feito no estilo certo para mim. O jeito de andar, de se vestir, as músicas que você escutava. Tudo feito na medida. E eu só conseguia olhar para você – independente do ambiente em que estivesse.

O problema era que seu olhar não voltava para mim.

E assim o tempo foi passando. Eu me interessava por você e você não correspondia. Eu tentava te seguir nas redes sociais, você não me seguia de volta. Eu pedia a Deus, no silêncio da minha fé que é parceria, que ele permitisse que eu ficasse com você. Só porque era você.

Nesse meio tempo você namorou. Um ano? Talvez mais! E foi deixando que a vida te levasse para o caminho que você queria seguir. Você ficou com alguns, dormiu com outros também e beijou vários outros (incluindo meu amigo). E eu fui seguindo meu caminho.

Fiquei sério com um, me apaixonei por outro, beijei alguns vários.

E nesse meio tempo, nem lembrei se meu gostar era de você. Acho que em algum momento isso tudo deixou de ser uma grande prioridade no meu coração e passou a ser apenas uma memória boa – você sempre seria o cara mais bonito dessa cidade. E eu só precisava dessas lembranças pra saber que você nunca estaria aqui.

Até o dia de hoje.

Você estava com aquela blusa branca, dançando entre seus amigos. Eu nem sabia que você estaria ali. Você foi simpático. Sempre era. E olhei de volta.

Nessa confusão de olhares, você me puxou pra conversar. Falamos um pouco. Você saiu. E eu mais uma vez sentia que não era o momento certo, seria apenas mais um momento de gratidão por não ter passado mais vergonha. E passar essa vergonha seria tão ruim assim? Por que eu não podia simplesmente criar coragem?

E foi uma frase: A gente pode conversar?

E eu te disse duas coisas: Eu sou afim de você há 5 anos. E eu vou embora amanhã.

Nos beijamos. E foi o beijo mais sensacional que eu já tive na vida. Porque quando se há realmente interesse, não é um beijo qualquer. É um beijo com você de que nunca termine. É um beijo que implora por mais.

Você ria da minha ousadia (e do fato de que eu ia embora apenas por uma semana). E continuamos juntos pelo resto da noite. Foi só essa noite. Eu já sabia disso e tinha certeza que você também. Porém, valeu cada momento.

#thvnces

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Gostar, amar e se apaixonar.

Uma amiga me perguntou esses dias: Pedro, qual a diferença entre gostar, amar e se apaixonar para você?

E foi uma pergunta inesperada. Talvez por eu não pensar sobre isso no meu dia a dia, talvez por serem sentimentos tão semelhantes e ao mesmo tempo tão diferentes ou até mesmo talvez por eu já ter uma resposta.

Gostar é algo simples. Eu gosto das coisas da vida. Tenho apego, tenho desejo, tenho vontade. Eu gosto dos meus colegas de faculdade, dos meus colegas de estágio, dos meus colegas da vida e até mesmo daqueles meus amigos que hoje só compartilham momentos bons do meu passado. Gostar, eu gosto da minha comida favorita, da minha série do momento e de ler um bom livro enquanto deito na minha varanda e vejo o sol se por. Eu gosto de gostar, porque gostar me faz bem.

Amar é algo tão diferente. O amar é particular ao gostar, mas é intenso. Eu amo aquilo que hoje já é parte essencial de quem eu sou. Eu amo quando sei que, por ser parte de mim, eu já não sei mais ser se não houver. Eu amo quando noto que não é mais uma questão de querer ou de desejo, mas uma necessidade em pertencer. E as coisas que eu amo, são as coisas mais importantes da minha vida. Creio que não há sentimento mais lindo, atualmente, porque o amor é verdade, é bem querer e é proximidade.

Já se apaixonar é ideal. É um sentimento trabalhado na esfera do pensar. Eu me apaixono por aquilo que eu crio, por aquilo que eu busco, por aquilo que não faz parte de mim, mas eu necessito. Paixão tem dor, paixão tem medo, paixão tem ciúmes e tem uma intensidade tão diferente do amor. Eu me apaixono por partes que eu queria ter em mim e eu projeto no outro. A paixão é realmente cega e, acima de tudo, momentânea, efêmera, finita.

[reflexoeretrato]

Eu nunca vou te fazer me amar.

E isso é algo que a cada dia que passa fica mais claro na minha cabeça.

Eu tentei. Nossa, como eu tentei. Tentei quando éramos desconhecidos, tentei quando nos tornamos colegas e tentei mais ainda após sermos amigos. Eu tentei que você olhasse para mim. E me dói demais acreditar que você até pode ter olhado algum dia, mas você nunca esteve preparado para isso.

E eu também não.

Gostar de você é doloroso, é incoerente e confuso. Gostar de você me faz questionar sobre meus valores, acreditar que possa entregar mais do que eu me permitiria em qualquer outro relacionamento saudável. Gostar de você é sabe que eu diria sim para uma tatuagem, que eu aceitaria um relacionamento aberto e que eu viveria só para você – mesmo sabendo que você nunca faria nem metade de um gostar por mim.

Eu não quero mais isso. Eu já nem falo mais para meus amigos sobre você, porque sei que falar sobre você é alimentar quem você é dentro de mim. Eu não quero mais ouvir que falem o seu nome, que me perguntem sobre nós e que saibam que eu ainda seguro o choro sempre que penso em você com outro alguém.

Mesmo você fazendo questão de me dizer quando está com outro alguém.

Não aguento mais suas mensagens confusas, ser seu conselheiro e ser seu confidente. Porque tudo isso gira na esfera do segredo. E eu não quero ser mais o segredo de ninguém.

Com o tempo, estou aprendendo a me amar mais. E creio que essa vai ser minha maior arma contra você. Entender que eu nunca vou te fazer me amar. Porém, a partir do momento em que eu gostar de mim, eu estarei livre do seu desamor.