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portalmcr · 7 months
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Posfácio de Frank Iero no livro Negatives: A Photographic Archive of Emo, de Amy Fleisher Madden.
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Foto por Justin Borucki. Warped Tour, Randall's Island. New York, NY. 2005.
Frank lero
My Chemical Romance / L.S. Dunes
2006?
Não são muitas as lembranças que eu tenho de 2006. A maioria delas são como as da sua infância: complementadas por fotos que você viu ou por histórias que outras pessoas te contaram sobre sua vida. Na verdade, tentei pesquisar no Google “my chemical romance 2006” para me preparar e escrever sobre algumas coisas que aconteceram naquela época.
Meu navegador preencheu automaticamente a pesquisa para “calendário my chemical romance 2006” e pensei: “Ah, isso é realmente muito útil, vou poder ver onde estava naquele ano”, e fui pesquisar. Os resultados foram centenas de digitalizações de um calendário muito brilhante que a banda vendia como merch na época. E, estranhamente, meio que fez sentido.
Em 2006, eu lembro de ter pensado que, de fato, eu era louco. Por isso, fui consultar um médico, mas ele me medicou tanto que acabei perdendo dias e semanas inteiras para o éter. Antidepressivos, ansiolíticos, bares e apagões. Me lembro de sentir como se trabalhássemos para uma grande empresa, mas não me lembro se alguma vez cheguei a conhecer o chefe. Se a Wikipedia estiver correta, o My Chem lançou nosso documentário/álbum ao vivo, Life on the Murder Scene, em março, e nosso terceiro disco, The Black Parade, em outubro do mesmo ano. Cara, existe uma disparidade impressionante entre esses dois lançamentos... Caramba, existe uma diferença muito grande entre essas duas bandas. Foi praticamente a nossa curva de aprendizado.
Não sei se amadureci tanto quanto deveria, ou poderia, durante esses seis ou sete meses. Talvez eu não tenha amadurecido tanto quanto os outros, mas definitivamente não amadureci o suficiente para lidar com o que estava prestes a acontecer. Eu me sentia a maior parte do tempo... Eu me sentia estranho e desesperadamente deslocado. Quase não víamos nossos amigos, não víamos quase ninguém além do nosso público... e ninguém era visto fora das paredes de concreto de uma estrutura de estacionamento subterrâneo de uma arena. Estávamos todos nos aproximando rapidamente daquele momento da vida em que entes queridos mais velhos começam a falecer, e as pessoas que você deixou em casa há alguns anos estão ficando cansadas de sua ausência, e presumem que você merece ser rebaixado sempre que necessário. Talvez isso seja uma reação natural, ou um mecanismo de defesa, mas esse tipo de coisa faz com que você recue ainda mais, e tudo isso fica cada vez mais difícil quando você não sabe a que lugar pertence, se é que você pertence a algum lugar. Então, você abaixa a cabeça, toma um comprimido e faz um show.
Fico ansioso quando as pessoas perguntam sobre a época do Black Parade. Não sei se a minha realidade era igual à de todo mundo. Muitas vezes eu me sentia como se estivesse no centro de um tornado... não que eu estivesse realmente rodopiando, mas existia uma força desconcertante que me cercava e imediatamente estava mudando a topografia do mundo de uma forma muito visceral e violenta, e eu não tinha como controlar isso. Eu não me sentia parte de nada além da “Parade”, e mesmo assim, eu provavelmente era mais um coadjuvante do que um participante. Talvez todos nós fôssemos. Agora, vendo a situação de uma perspectiva diferente, de fora, as coisas estavam dando certo! Então, você descobre que ninguém quer ouvir, nem falar que está infeliz quando parece que tudo está dando certo. Mas a época era diferente e tudo estava mudando mais rápido do que nunca. 
No final das contas, eu não mudaria nada se tivesse uma varinha mágica, pois tudo aquilo que aconteceu me levou para onde estou hoje. E, pela primeira vez na minha vida, acho que posso dizer que estou feliz, e realmente digo isso com toda a sinceridade.
  Eu amo tudo o que eu e meus amigos fizemos juntos, tudo... mesmo que não consiga me lembrar de tudo. Um dia, talvez eu sente e converse com alguém que possa desenterrar as coisas que perdi, ou enterrei em meu subconsciente, e volto para contar para vocês, mas esse dia não é hoje.
Parte de mim acha que é melhor deixar esse tipo de coisa para quando tudo acabar... e estou escrevendo isso em meu aplicativo de notas, no modo avião, enquanto voo para o próximo show. Keep the faith - Tenha fé.
—xofrnk, 2023 em um avião, voando por algum oceano.
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Texto original no livro Negatives: A Photographic Archive of Emo, de Amy Fleisher Madden.
Tradução por 👽 Júlia Miti.
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portalmcr · 11 months
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Interação de Frank no Twitter: Reverb (29/06/2023)
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"ei amigos, perdão eu estava no ensaio com a Dunes ontem e quando eu cheguei em casa eu só capotei. mas caraiiii a loja da reverb foi rapidona!!! brigadão lauren e o pessoal da reverb por me receberem e por arrumarem uma loja ótima. cês são rad! obrigado também ao pessoal que conseguiu pegar alguma coisa!!! eu adoraria ver/ouvir o que foi pra quem e porque vocês escolheram determinadas peças; eu espero que vocês as amem tanto quanto eu as amei. se você é um desses birrentos da internet e ficaram com raiva porque as coisas esgotaram rápido, eu sinto muito. já passei por isso com outras lojas que acabaram ou quando artistas que eu curto fazem um lançamento limitado desses. pode ser bem frustrante, especialmente quando já tá no seu carrinho e acaba indo de comes, mas mais pra frente eu devo fazer outras coisas desse tipo porque cá entre nós… ainda tem uma porraaaaaada de coisa que eu guardando. e por último, se voce tá com raiva que a gente fez uma loja: hahahahahahahaahhHAHAhahahHAHAHAH💃 KTF 🖤xofrnk ah e mais uma coisa: Fuck Whoever Started This Shit, a música onde eu toquei guitarra pro álbum da Liquid Death está no ar, é simplesmente um banger, o vídeo tá bem incrível e o chá de palma sem braço* deles tá um sabooooooor"
*(adm: Armless Palm Tea é um sabor de chá da Liquid Death)
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Na descrição do produto: "Eu achei essa guitarra numa loja vintage em Hollywood antes de um show que eu ia fazer com a Patience no Troubadour. Eu nunca toquei uma Rickenbacker antes mas totalmente me apaixonei por essa cópia legalizada do Japão. Eu toquei ela um pouquinho na loja até que percebi que a gente ia se atrasar pra passagem de som e na minha pressa eu decidi deixar ela lá no último minuto. Eu imediatamente me arrependi da minha decisão porque pensei comigo mesmo, "Claro, é uma Rickenbacker, posso encontrar uma outra hora em outro lugar... Mas quando vou encontrar uma como essa novamente?". Então eu liguei pra loja e negociei por telefone e mandei uma amiga minha pra loja com um apanhado de dinheiro pra buscar a guitarra antes de subir no palco aquela noite. Usei ela no palco pelo resto da tour. (Obrigado, Anissa!)" - Frank
Pessoa: "Tô tão feliz que consegui pegar uma guitarra tão legal rápido o suficiente na loja de @/FrankIero na @/reverb. Será um lar amável pra ela aqui. 🖤" Frank: "🖤 essa é muito incrível. nunca vi uma como essa antes ou desde então. divirta-se com ela 🖤"
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Pessoa: "Eu ainda NÃO CONSIGO acreditar que consegui pegar uma guitarra!! Estou tão grato e ainda um pouco em choque mas prometo que ela está em boas mãos, estou tão empolgado pra criar e tocar música que amo nessa coisinha :D" Frank: "Isso! Ok, então, essa foi um dos primeiros protótipos da Phanto que tem a cabeça dividida e a parte elétrica aprovada (adm: papo técnico de guitarrista). Ainda me lembro de receber ela no correio na casa em LA que eu e Bob alugamos enquanto fazíamos o Conventional. Um sentimento louco finalmente segurá-la.🖤"
Pessoa: "Meu Deus, cara, por que você tem tantas guitarras? 😭" Frank: "Jamia?"
(esse Tweet ficou indisponível porque a pessoa privou a conta) Frank: "Foda! Ok, essa Harmony é incrível, definitivamente fui pra lá e pra cá pra conseguir ela. E a jaqueta que usei na Swarm Tour do MCR na Europa. Certeza que comprei em Praga, uma das minhas cidades favoritas de todos os tempos. Boa aquisição! 🖤"
Pessoa: "Você tem história pra cada luvas sem dedos que você vendeu?" Frank: "Ehhh não tenho certeza. Provavelmente umas mais que outras. Eu sempre usava somente uma, só na minha mão direita porque no início do MCR a ponte da Les Paul feria minha mão quando eu fazia palm muting (adm: uma técnica de guitarra onde a pessoa encosta a lateral da mão nas cordas, perto da ponte da guitarra) e eu cansei de colar de volta minha pele. Então a luva oferecia uma pequena proteção."
Pessoa: "Onde você guardava todas essas coisas?" Frank: "Minha casa, por isso precisei fazer uma loja na Reverb."
Pessoa: "Quão difícil foi abrir mão dessas guitarras?" Frank: "Não foi muito fácil. Definitivamente eu colocava coisas numa pilha e depois tirava e depois colocava de volta e depois... Mas enfim, guitarras e instrumentos precisam ser tocados. Eles merecem fazer música com alguém e eu simplesmente não tenho horas suficientes pra tocar todos eles."
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Pessoa: "Comprei isso! 🖤🖤" Frank: "haha Legal! Passei tantas horas em pé atrás dessa coisa! Conhecendo muitos de vocês e falando merda. Essa era a estrutura de vendas de merch por muitas tours nos tempos de Cellabration/Patience. 🖤👻🖤"
Pessoa: "O que te ocorreu pra vender uma bolsa pra roupa suja? Design legal, inclusive." Frank: "Então, em muitas das grandes tours os promotores de eventos ou patrocinadores fazem itens exclusivos de tour que eles dão somente pra banda ou pra equipe daquela tour em particular. Normalmente essas coisas são bordadas com o nome da banda e com as datas. Essa foi da Black Parade e eu achei que alguém gostaria de ter."
Pessoa: "Como você lida em saber que alguns imbecis e revendedores e o que seja podem ter posto as mãos nas guitarras, porque elas nem são minhas e eu estou estressado só em pensar que podem estar com alguém que estrague tudo." Frank: "Olha, tem muito idiota por aí. Já tive coisas roubadas de mim e vendidas no eBay e depois pedido pra assinar a coisa pela pessoa que comprou. É de partir o coração mas só tem algumas coisas que posso ter o controle. Pelo menos esses itens vocês sabem que são legítimos e posso provar pra vocês."
Pessoa: "Ainda triste que a camisa "Piss" do Milton Keynes não estava disponível." Frank: "hahah ainda tenho essa. 🤷‍♀️ quem sabe um dia"
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Pessoa: "Comprei essa hoje. Parece que foi bem amada, mal posso esperar pra pegá-la!" Frank: "haha Aww foi sim. O primeiro show que fiz usando ela foi a primeira vez que a Cellabration tocou no México. Senti como se fosse uma grande conquista e acho que foi, levar sua banda pra outro país é sempre um marco. Jamia disse que eu deveria ficar com essa... 🤷‍♀️ aproveite."
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Pessoa: "Vocé ainda tem essa camisa por aí? Ou se perdeu no tempo? 💔" Frank: "Acho que essa ainda tá na minha (acumulação) coleção pessoal."
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Pessoa: "Inclusive, tem alguma fita cassete da Death Spells por aí ainda?" Frank: "ooof nem, essas eram muuuito limitadas. Só fiz manualmente tipo umas 30 dessas. Certamente tenho minha cópia, inclusive."
Pessoa: "Me surpeende como você lembra do que você usou em qual show ou que guitarra você tocou onde etc, especialmente com tantos shows que você tocou em bandas diferentes etc" Frank: "Sabe, James Bowman disse a mesma coisa pra mim hahah é a única circunstância em que posso dizer que tenho uma boa memória. Esses totens carregam memórias pra mim de alguma forma. Posso olhar pra uma camisa, um par de sapatos ou uma guitarra e saber exatamente onde comprei e onde usei. Qualquer outra coisa é um borrão."
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Pessoa: "Eu consegui comprar uma guitarra de @/FrankIero. Eu sofri um acidente em 2019 que causou dano permanente nos nervos do meu braço e eu não pude tocar violão desde então por muitos motivos. Senhorita Elvira ainda é um violão que funciona e parece que ela tem histórias pra contar. Acho que é a hora. Elvira vai pra um bom lar e vai se juntar aos acúmulos que moram aqui." Frank: "🖤🤦‍♂️ Caaaara essa eu considerei pesaaaado. Aproveite, ela é belíssima."
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Pessoa: "Eu escolhi essa guitarra do clipe da Segunda Guerra Mundial, mas você já usou ela pra alguma outra coisa ou não era o som ou tom que você normalmente gira em torno? De qualquer forma, estou super empolgado em ter ela!" Frank: "🖤 ah merda, boa compra!! Na verdade eu só usei ela no clipe de The Ghost of You, é uma guitarra tão linda que acho que não queria estragar ela? Meio estranho agora que penso nisso, pra ser honesto. Mas ficou pendurada na minha parede como uma relíquia por um longo tempo e depois foi pra você!"
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Pessoa: "Comprei esses dois pra minha filha e minha esposa (e pra mim também). Tivemos que vender nosso antigo Microkorg anos atrás e estou feliz em ter um novamente. Grandes fãs do Reggie também." Frank: "É isso ai!! "Sempre uma boa ideia ter alguns microkorgs por aqui!!!" 🖤 boa compra"
Pessoa: "Estou curiose pra saber quantas guitarras você ainda tem depois de vender tantas 😳" Frank: "Não tenho que te dizer nada! 😬"
Pessoa: "Você ainda tem todas as coisas que os fãs te dão?" Frank: "Nossa, não TUDO. Seria insanidade. Eu fisicamente não conseguiria. Absolutamente não tem como"
Pessoa: "Acho que ainda restam pelo menos uma dúzia." Frank: "😂😂😂😂. 📈" (no gif: "esses são números de iniciante)
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Pessoa: "Comprei isso :') pra que você usou essas malas? Elas vão virar decoração na minha sala 👌🏽" Frank: "hahah Aí vamos nós, essa é uma relíquia da porra!!! Primeiras malas da vida, primeira tour, passando pela Pencey, MyChem, direto pra Death Spells. Me serviram bem. Preciso mostrar isso pra Sara, ela vai se cagar toda quando ver isso 🖤"
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Pessoa: "Você ainda tem esses? 💖" Frank: "Claro!!"
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Conteúdo retirado do Twitter de Frank Iero
Tradução por Marin
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portalmcr · 11 months
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Mikey Way: “Eu estava aterrorizado na maior parte do tempo em que a My Chemical Romance estava na ativa. Estava aprendendo a tocar baixo na frente de vinte mil pessoas todas as noites!”
O ranger low-end dos reis emo reunidos revela por que trocou seu Fender Mustang por um novo e cintilante Jazz Bass, aprendendo a tocar baixo em arenas, e como ele superou a insegurança sobre suas habilidades.
Entrevista por Gregory Adams (baixista) publicada dia 8 de Junho de 2023
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(Créditos da imagem: Cortesia da Fender)
A reunião do My Chemical Romance viu o baixista Mikey Way passar pelo punk magnífico de The Black Parade e Three Cheers for Sweet Revenge com uma força rítmica familiar, mas os olhos atentos dos obcecados pela banda provavelmente perceberam que o músico não mais ostenta o modelo Squier Mustang de flocos prateados que a Fender construiu para ele em 2012. A boa notícia é que, como a Fender acaba de anunciar formalmente, Way tem um novo – mas igualmente glamuroso – Jazz Bass lançado agora. Há uma boa razão pela qual Way fez a troca: o Jazz Bass é seu primeiro amor.
Apesar de ter começado na guitarra, Way pegou o jeito do baixo em meados dos anos 90 enquanto tocava um Jazz Bass que lhes foi emprestado em seu projeto pré-My Chemical Romance, Ray Gun Jones. Ele deu um up com um Jazz Bass próprio e de acabamento prateado quando o MCR começou a fazer turnês no início dos anos 2000, mas um acidente de trailer fez com que o instrumento fosse esmagado numa rodovia. 
Way diz ao Guitar World que acabou ficando obcecado com a robustez de curta escala de um baixo Mustang na época que a My Chemical Romance estava escrevendo seu album de 2010, Danger Days: The True Lives of the Fabulous Killjoys, depois de dar uma brincada com um modelo que Duff McKagan havia deixado no Mates Rehearsal Studio de North Hollywood. Em 2012, Way teve seu modelo Squier já nas vitrines. Foi durante o período de inatividade após My Chemical Romance entrar em hiato em 2013, no entanto, que a teimosia de seu Mustang se tornou um pouco difícil de lidar.
"Fiquei um tempo sem tocar baixo, o que é natural – eu estava apenas relaxando", explica Way. "Então, em algum momento de 2014, peguei o baixo novamente para recuperar as habilidades, mas notei que o Mustang parecia estranho para mim." 
Depois de entrar em contato com o pessoal da Fender, Way conseguiu controlar sua forma de tocar estendendo-se nos Jazzes de braço mais longo que eles lhe enviaram. A versão de Way do Jazz Bass é equipada com captadores single-coil estilo anos 70 e um braço de maple em forma de “C” fino que o baixista diz ser super veloz.
O acabamento é prateado, é claro, mas Way também queria um pickguard preto esteticamente mais escuro. A cabeça, da mesma forma, se destaca com seu acabamento preto brilhante correspondente.
Falando com a Guitar World, Way fala sobre os deuses glam e grunge que inspiraram seu amor por uma boa cobertura brilhante, superando a ansiedade de desempenho, e por que um ataque constante vence a corrida do baixo todas as vezes.
Quais foram alguns dos requisitos quando se tratou de projetar esta última assinatura?
“Sou obcecado com o acabamento brilhante desde que me lembro. Crescendo nos anos 90, o floco de prata [acabamento] era grande na música alternativa. Chris Cornell tinha o Gretsch Silver Jet, [Daniel Johns] de Silverchair tinha um - [com] as imagens que o Smashing Pumpkins usava, eles gostavam de brilhos. 
“Ace Frehley, é claro, adorava acabamentos em flocos e, quando criança, você adora o mundo dos quadrinhos do Kiss, maior que a vida. [E há] David Bowie – o glam rock. Esse acabamento em flocos me faz pensar em tantas coisas diferentes, mas é por isso que eu amo tanto.
“Lembro-me de ser mais jovem e ir às lojas, ver um acabamento em flocos e pensar: 'Oh meu Deus, essa guitarra parece cara - não posso pagar por isso, muito menos tocá-la'. Foi quase intimidador.”
Uma diferença estética entre seu modelo Mustang e este Jazz é que você não colocou uma racing stripe (algo como uma faixa de corrida, as linhas pretas que Mikey tinha adesivadas no baixo da era Danger Days) neste.
“Pensei em trazê-la de volta e manter a continuidade. Talvez em algum momento coloquemos uma racing stripe. A coisa com [ver uma] faixa de corrida sempre foi como, 'Este jogador é foda!'”
Existe uma psicologia por trás da remoção da racing stripe, então?
“A psicologia por trás disso é que eu esqueci. Quando o My Chemical Romance estava falando sobre fazer shows de reunião [em 2019], entrei em contato com Michael Schulz da Fender e fiquei tipo, 'Tudo bem se eu fizer um novo baixo para esta [próxima] era do My Chemical Romance?' Eu queria pegar meu passado e trazê-lo para o futuro – pegar meu Mustang e fundi-lo com os Jazz Basses que eu tanto amava.
“Eu tentei ter duas coisas ao mesmo tempo. Eu queria o braço mais fino e o floco de prata, mas queria em um Jazz Bass. Eles fizeram muito bem imediatamente.
Voltando a como você costumava admirar aquelas guitarras prateadas nas lojas, na verdade você começou como guitarrista, certo?
“Então, a história é que meu irmão [Gerard Way, vocalista do My Chemical Romance] tinha uma guitarra Sears quando tinha 10 anos. Pegávamos um cadarço e fazíamos uma tira, e ficávamos no sofá fingindo que estávamos no Iron Maiden. E então ficou real por volta de 93-94, que se alinha com a ascensão da música alternativa. Você começava a ver pessoas que se pareciam exatamente com você e tocavam guitarra. Eles estavam tocando Fender Strats!
“Meu irmão comprou uma Stratocaster mexicana, Lake Placid Blue. Eu a encontrei não muito tempo atrás, e Michael da Fender fez uma modificação nela. Foi assim que eu comecei - aquela Stratocaster mexicana [foi] minha primeira incursão em realmente tentar aprender a tocar guitarra. Eu assistia a gravações de shows e observava as mãos e os dedos [dos guitarristas] – Thom Yorke, Billy Corgan, Noel Gallagher, Jonny Greenwood. Eu observaria o que eles estavam fazendo. Tudo começou a partir disso.
“O baixo veio por necessidade, duas vezes.  Eu e meu irmão tínhamos uma banda chamada Ray Gun Jones, acho que em 95-96. Era meio Weezer, ou nós fazendo uma coisa surf-punk [com] um pouco de pré-midwest emo. Na época, gostávamos muito de Weezer, Jawbreaker, Promise Ring, Smashing Pumpkins, Nirvana, Sunny Day Real Estate.
“[Ray Gun Jones] precisava de um baixista, então meu irmão disse 'Ei, você quer tocar baixo para minha banda?' Eu já era um grande fã – sempre acompanhava os ensaios. O ex-baixista me emprestou o baixo. Tínhamos de 4 a 5 músicas, e consegui o rudimentar disso. Naquela época, todo mundo dizia, 'Eu quero ser um herói da guitarra', mas percebi que tinha um talento natural para o baixo. Eu peguei imediatamente.
“Então, com My Chemical Romance, foi a mesma coisa. Meu irmão disse, 'Precisamos de um baixista', e eu, 'Bem, isso é familiar' [risos]. 'Aqui está a demo; aprenda essas canções.' Elas não foram terrivelmente difíceis.
Aquele baixo que você pegou emprestado era um Fender Jazz?
“Sim, eu só toquei Fender. Já experimentei muitos outros baixos de outras empresas, mas sempre me parece estranho.”
Você mencionou estudar a interpretação de Thom Yorke ou Billy Corgan através de bootlegs. Houve algum baixista que você tratou de forma semelhante, para entender a mecânica do baixo?
“Matt Sharp do Weezer. Tentei imitá-lo no começo, mas meu ataque soa vagamente como uma gravação do Smashing Pumpkins. Eu aprenderia Siamese Dream e Melon Collie and the Infinite Sadness, e o Blue Album [a estreia autointitulada da banda em 1994] do Weezer. Esses foram os três álbuns que eu dediquei mais tempo para aprender. Isso está no meu DNA.”
Que tal de uma perspectiva hiper-local.  Se o My Chemical Romance começou tocando em porões de New Jersey e clubes pequenos, onde há algum baixista dessa cena que te inspirou, ou que você apreciou?
"Sim! Dividimos um espaço de ensaio com uma banda chamada Pencey Prep – que era a banda original do [guitarrista do MCR] Frank Iero. John McGuire era o baixista deles e me emprestava seu equipamento o tempo todo. Ele me ensinou os fundamentos e me deu dicas - ele me ensinou muita coisa.
“Sempre respeitei Tim Payne do Thursday, adorei seu ataque e presença de palco. E quando assisti Gabe Saporta do Midtown, pensei 'Esse cara é o cara mais legal da sala'. Ele tem essa [presença] calma, legal e controlada que você não pode fingir ou aprender. E então Eben D'amico do Saves the Day - brilhante!
“Eu tentaria aprender as linhas de baixo do Saves the Day. Eles eram bem complexos [comparados com] o que a maioria das bandas estavam fazendo naquela cena. A maioria das bandas da cena pós-hardcore tinha linhas de baixo simplistas, mas o Saves the Day não.
“Tem também Ray Toro, o guitarrista do My Chemical Romance. Ele não apenas é realmente talentoso na guitarra, mas também é realmente talentoso no baixo e na bateria - Ray pode fazer tudo. Ele foi instrumental, desde o início, mostrando-me as cordas. Ray me deu aulas quando eu era novato. Não posso agradecê-lo o suficiente por isso.”
Que tipo de dicas ele estava lhe dando?
“Ele me mostrou como posicionar os dedos próximos aos trastes propriamente ou [como manter] um ataque constante. Recebi um grande elogio do assistente, Jay Rigby. Ele me disse que sou um dos poucos baixistas que ele não precisa ajustar o volume. 'Você está firme, o tempo todo.'  Acho que é algo que Ray Toro incutiu em mim: a consistência do ataque.
“É engraçado pensar sobre isso, mas eu era tão novato entrando no My Chemical Romance que me colocava em um estado de ansiedade dominado por 'Oh meu Deus, temos um show hoje à noite;  Eu tenho que começar a praticar agora.' Eu praticava de quatro a cinco horas antes de tocarmos - eu tocava o set [na sala verde] e depois tocava de novo. Outras bandas diriam, 'O que você está fazendo?' Eu estava tão neurótico naquele ponto, porque havia tantas pessoas ao meu redor que eram superdotadas.
“Fui empurrado para o fundo do poço;  você não tem escolha a não ser perceber isso. Ray e Frank são tão talentosos que tive que acompanhar. Eu não queria nunca fazer um desserviço à música.
“Isso me traz de volta à simplicidade das primeiras linhas de baixo do My Chem. O primeiro álbum [I Brought You Bullets, You Brought Me Your Love] foi eu aprendendo o baixo, e de alguma forma [o produtor] John Naclerio me gravou e disse: 'Você fez um ótimo trabalho', o que eu não esperava.
“Eu pensei que iria entrar lá e eles teriam que fazer alguma mágica no estúdio, ou alguém viria e faria [minha] parte. Pensei no pior cenário, mas entrei e fiz. Eu toquei o baixo seriamente [o suficiente] naquele ponto.”
O que você geralmente procura em uma linha de baixo do My Chemical Romance?
“O que importa para mim é que, se eu fizer um preenchimento, farei apenas uma vez. Se você ouvir [o single de retorno da banda em 2022] The Foundations of Decay, qualquer preenchimento lá eu só faço uma vez. O que é interessante sobre The Foundations of Decay é que é muito solto e rápido.  Entramos e acertamos as coisas para cronometrar, o que todo mundo faz, mas a essência disso é a primeira ou a segunda tomada. O que me leva a outra pessoa que foi muito importante para o meu baixo: Doug McKean.
“Ele não está mais conosco, infelizmente, mas era nosso engenheiro de som do The Black Parade [até sua morte em 2022]. Ele sempre foi um grande líder de torcida para mim - ele incutiu confiança em mim.  Ele sempre foi bom em obter um desempenho matador de mim.
Quais são alguns dos maiores momentos do baixo do My Chemical Romance para você?
“Eu diria que Foundations. Ninguém viu isso chegando."
Há um vídeo no YouTube de alguém tocando suas linhas de baixo favoritas de Mikey Way, alguns usando seu Squier Mustang exclusivo, mas um destaque em particular é The Sharpest Lives do The Black Parade.
“O engraçado é que Sharpest Lives tem um solo de baixo, e eu estava apavorado com isso. Eu tive ansiedade de desempenho [nos] 12 anos antes de terminarmos - não tenho mais isso. De alguma forma, quando a banda voltou, um interruptor em meu cérebro [foi] acionado. [Mas] enquanto My Chem estava ativo, eu estava quase apavorado na maior parte do tempo.
“Estou tocando com pessoas muito acima do meu nível de habilidade, estou tocando [no Bills] com bandas onde seus baixistas são muito melhores do que eu, [e] nossos shows estavam ficando enormes. Estávamos tocando em arenas! Portanto, você não está apenas aprendendo o baixo, mas está aprendendo o baixo na frente de 20.000 pessoas todas as noites. Isso me fez mexer um pouco, mas acho que me moldou no que me tornei.
“Aquele solo me deu ansiedade. Foi quando estávamos tocando nos maiores locais de nossa carreira, e estava para começar o solo [Way começa a cantarolar sua linha de baixo]. Eu pratiquei incansavelmente, então [tornou-se] se tornou automático. Mais tarde, tornou-se minha parte favorita do show.
Você já está tocando a assinatura do Jazz em seu show ao vivo, certo?
“É o que eu uso para o show ao vivo. Basicamente, a Fender o construiu para a reunion, e então fizemos alguns ajustes para quando o lançarmos.”
Houve uma curva de aprendizado para transferir as músicas do My Chemical Romance que você escreveu em um Mustang para o Jazz?
“Havia Planetary (GO!), uma música de Danger Days. Eu acho que você diria que a coisa toda é uma batida de disco. É dançante - [Mikey começa a cantar uma linha de baixo de oitava], eu faço isso durante toda a música. Fiquei muito feliz por ter feito isso apenas em um Mustang, inicialmente [por causa da escala menor]. Mas voltando ao que eu disse, [depois] de fazer uma pequena pausa, [eu] voltei para um Jazz Bass.
“Senti falta do quarto, ou da maneira como minha mão subia e descia pelo pescoço (do baixo). Eu queria voltar a isso, então voltei e me senti em casa novamente.
Quantos Jazzes você está trazendo na estrada?
“Trouxe dois baixos, [mas] parei até de trocar [durante o set]. Esta é uma prova da habilidade da Fender - essa coisa permanece afinada. Tem a ponte de quatro selas e fica afinado muito bem.  Sou um pouco neurótico, então vou afinar a cada música, mas se eu for de cinco a seis músicas, você provavelmente nem notaria.
O que significa para você ter agora um modelo de assinatura Fender totalmente formado – ao contrário do Squier – e com a forma do corpo com a qual você começou sua carreira?
“É realmente um sonho realizado. É engraçado, em 2002-3 começamos uma turnê pelo país. Eu tinha um Jazz Bass mexicano, mas [a banda] dizia, 'Você tem que usar algo com eletrônica melhor; madeira melhor. Intensifique!' Então, fui ao Guitar Center na Rota 46 em Nova Jersey, e na época a Fender havia lançado uma edição especial do Guitar Center que era um floco de prata.
“Sempre me incomodou que o pickguard (uma peça da parte da frente do baixo ou da guitarra, como uma placa) fosse branco – isso me incomodou, esteticamente, e eu pensei, 'Vou trocar esse pickguard um dia.'  Então, eu comprei e estava usando por um tempo.
“Estávamos com o [quarteto emo de Boston] Piebald – foi uma de nossas primeiras turnês através do país – e uma noite alguém esqueceu de fechar a porta do trailer. Estávamos dirigindo na estrada e metade do conteúdo escapou - infelizmente, meu baixo foi uma vítima disso.
“Mas Frank Iero, e seu coração de ouro, pulou na estrada no meio da noite e tentou recuperar [o baixo]. Ele disse, 'Talvez possamos consertar!'  Nunca vou me esquecer dele fazendo isso. Ele pegou um pedaço do baixo – está em uma de nossas unidades de armazenamento.”
• Para obter mais informações sobre a Edição Limitada do Mikey Way Jazz Bass, acesse Fender.com.
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Texto original
Tradução por 🍷 Jaq
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portalmcr · 1 year
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Entrevista com Gerard Way em Janeiro de 2004
Postado por Ben Cardew em 25 de Janeiro de 2023
(Eu fui, se não o primeiro, então um dos primeiros escritores no Reino Unido a entrevistar Gerard Way do My Chemical Romance. Aconteceu em 15 de janeiro de 2004, pouco antes da banda tocar no Barfly em Camden.
A entrevista foi para uma revista de curta duração chamada Bullit, que fechou logo depois e a entrevista só foi publicada no fanzine do meu amigo, não teve uma circulação muito grande. Acho que nunca esteve online, então aqui está.  Não me lembro muito disso, exceto que Way foi super educado, simpático e muito feliz por ser comparado a Morrissey. Ah, como os tempos mudam.)
Qualquer pessoa em dúvida sobre os poderes transformadores do rock faria bem em considerar o caso intrigante de Gerard Way, cantor e principal força por trás do rápido crescimento do punk emo de Nova Jérsei, My Chemical Romance.
Pois quem poderia imaginar que o jovem educado, embora bastante intenso, em jeans otimistas com fita adesiva, que se acomoda silenciosamente para tomar uma vodca e Red Bull e fumar milhares de cigarros no principal bar de música clássica de Londres, duas horas depois, estaria agitando o buraco negro infestado de suor que é o Barfly em Camden, como um híbrido de três cabeças enlouquecido de Bruce Dickinson do Iron Maiden, Freddie Mercury e Mick Jagger? Com esse tipo de transformação no ar, não é de admirar que estejam chamando Gerard de “Morrissey do punk rock” – um rótulo que ele acha bastante lisonjeiro.
“Adoro ser comparado ao Morrissey. Uma criança cresce adorando o Morrissey e então eles me chamam de Morrissey do punk rock na Inglaterra, isso é meio que um sonho.”
Não que o MCR pareça muito com os filhos favoritos de Manchester. Em vez disso, eles são uma fera temível do punk metal, com um talento especial para uma música pop que deve vê-los bem em piscinas em forma de guitarra e palhetas douradas em um futuro não tão distante. E se você já achou o punk rock americano um assunto monótono e excessivamente justo, não tenha medo de se envolver, pois a banda traz um certo ar de Queen para o absurdo do processo. Na verdade, eles são um pouco como cinco Darknesses enrolados em uma bola Neolítica suada, mas com a notável diferença de que My Chemical Romance significa isso apaixonadamente. Cara.
De fato, tal é a extravagância da performance de palco do MCR - microfones girando, cuspindo água, instruções para "agitar pra cacete" e o resto - que seria fácil descartar a banda como uma espécie de pastiche de rock, se não fosse pela intensidade devocional que eles exalam. É uma atitude que divide o público desde o primeiro dia, particularmente no mundo sagrado do punk americano, mas quando funciona, como enfaticamente acontece em seu show em Londres, é incrível de se observar. Não é de admirar, então, que eles inspiraram uma base de fãs com uma estranha tendência obsessiva, algo que Gerard acha bastante perturbador: “Tivemos alguns incidentes que nos fizeram nos afastar um pouco dos fãs. Alguns jovens foram longe demais e inventaram coisas. Eu não tolero. Não podemos chegar muito perto.”
E não são apenas as crianças que acham que ouvir a banda é uma experiência catártica - quando Gerard não está em turnê, ele precisa consultar um terapeuta.  “Não sou uma pessoa confiante, sou uma pessoa deprimida”, explica. "Quando subo no palco, me torno o Gerard que sempre quis ser. Quando chego em casa, começo a enlouquecer."
2004 foi agitado para Gerard e os meninos. Depois de uma turnê relâmpago pela Grã-Bretanha em janeiro, eles voltaram para os Estados Unidos para terminar seu novo álbum, habilmente intitulado (e o MCR é muito bom com títulos) 'Three Cheers for Sweet Revenge'. A Grã-Bretanha está um pouco atrasada com a banda, não será lançada aqui por um tempo, mas de acordo com Gerard é “mais pesado, com mais variedade, muito mais punk rock.  Estamos encarando como um todo, ao invés de aqui está uma boa música e aqui está outra”. Depois, há a Warped Tour a ser considerada no verão, uma viagem de volta ao Reino Unido nas cartas e a dominação mundial total marcada para algum tempo por volta de setembro. Ou, como Gerard coloca delicadamente: “Começamos a banda para passar uma mensagem, que era agitar o inferno para o máximo de pessoas possível, e iremos aonde quisermos”.
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Tradução por 🍷 Jaq
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Entrevista com Frank Iero de My Chemical Romance (2004)
Postada por Marc Conner em 22 de Abril de 2023
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Anos antes de abrir a Contender Boardshop* (*loja de skate), tive o prazer de dirigir o Programa de Música para Etnias e fui sortudo o suficiente para trabalhar com a My Chemical Romance durante alguns anos. O pessoal da My Chem eram uns doces, e essa entrevista foi feita no chão de sua van semanas antes do Three Cheers For Sweet Revenge ser lançado no verão de 2004. Aquele verão mudou a vida de todo mundo. Mas uma coisa que não mudou (desde o início da banda) é para quem a música é dirigida e as mensagens que eles querem transmitir. Eles sempre tiveram uma visão, um objetivo e fizeram sacrifícios para conquistá-los. Nunca desista dos seus sonhos.
Entrevista - My Chemical Romance (Frank Iero - 2004) Frank, há algum tópico em particular que você queira discutir ou conversar nessa entrevista? Ah, meu Deus, sim! Eu estava dando umas voltas depois de um show no Texas quando esse garoto se aproximou e disse, “Eu tenho uma pergunta, mas eu me sinto desconfortável em perguntar”. Eu disse a ele para me perguntar mesmo assim. O garoto respondeu, “Como se sente sobre os fãs não gostando de vocês porque alguns membros da sua banda são gays?” Fiquei chocado, mas disse a ele que se você é racista, sexista ou homofóbico, então a My Chemical Romance não é pra você! O curioso é que nós iríamos colocar um aviso no nosso CD afirmando isso, mas é algo que já está na imprensa. Então, se você é racista, sexista ou homofóbico, por favor não compre nosso álbum, não use nossas camisetas ou sequer apoie a banda!
Você não está preocupado em perder fãs? Não. Tudo nessa banda é sobre aceitação e nós não vamos tolerar esses ideais.
Vamos mudar as coisas um pouco e falar sobre a cena onde vocês cresceram. Eu me lembro de crescer e ir em shows e era muito diferente do que é hoje. A galera costumava ir em shows pelo seu amor à música, por música que significava algo. Você ia à shows de punk rock porquê você não se encaixava em mais nenhum lugar. Era uma comunidade social de desajustados. Sua família não te entendia e o pessoal na escola te chamavam de aberração e tentavam te descer a porrada. Mas quando você estava num show, você pertencia àquele lugar. Lembro que quando caíam na pista, alguém ia lá e ajudava a levantar; quando estourava uma briga, a banda parava de tocar; e quando a galera cantava junto e apontava os dedos no alto, realmente significava algo.
Espero não soar sonhador dizendo isso, mas eu realmente acho que seria assim de novo. Tudo muito frequente esses tempos, as pessoas vão pros shows pra demonstrar o quão durões são e provar suas dominâncias “hardcore”. Agora, não me entenda mal, eu não cresci num paraíso livre de imbecis, nós tivemos nossos problemas com idiotas movidos a testosterona uma vez também. Entretanto, agora parece que tá desenfreado. Tá ficando cada vez mais difícil lembrar de ter tocado num show onde ao menos um cara não tenha sido expulso do lugar. Isso me enoja.
Nós, como comunidade, teremos que perceber que, se não cuidarmos e nutrirmos nossa cena de maneira positiva, não sobrará nada dela. É importante começar bandas, montar e apoiar shows e escrever zines. Isso inclui não estragar os locais e fechar os shows. Cada um tem que fazer a sua parte, e uma pessoa pode fazer a diferença
Eu sei o que você quer dizer. Antes, se alguém caísse em um show, você meio que parava e se certificava de que essa pessoa estava bem e a levantava. Agora é tudo sobre lutas de sexta à noite--meio triste.
Basicamente, eu só gosto de fazer shows em que uma criança não precisa ser carregada porque seu rosto foi ferido.
Malditos idiotas do Circle! Falando do Circle Jerks, qual é a história sobre uma participação especial em seu novo álbum?
Sim, caramba. Como posso dizer isso sem jorrar como um fã? Hmmm, acho que não consigo. De qualquer forma, quando tocamos no festival CMJ do ano passado, conheci um dos heróis da minha infância, Keith Morris. Em primeiro lugar, Black Flag é minha banda favorita de todos os tempos, e os Circle Jerks também são meus favoritos. Keith veio até mim e disse que gostava da minha banda, e eu quase me caguei.
De qualquer forma, eu o encontrei de novo em um posto de gasolina em Los Angeles enquanto estávamos gravando o novo disco, e o encurralei na porta e perguntei se ele se lembrava de mim.  Depois de parecer um pouco assustado, ele disse que sim e eu o pressionei a me passar seu contato para que ele pudesse passar no estúdio e fazer alguns trabalhos vocais.
Depois de uma ou duas semanas, liguei para ele e disse que adoraríamos que ele viesse e fizesse os vocais convidados. Keith aceitou e o que aconteceu depois disso é uma das minhas melhores lembranças de tocar música. Pude vê-lo gravar e depois comemos muita comida chinesa e conversamos por algumas horas. Nós ainda mantemos contato e ele me liga de vez em quando para me dar alguma inspiração enquanto estamos em turnê. Keith Morris é uma das minhas pessoas favoritas e foi uma honra trabalhar com ele.
Obrigado por reservar um tempo para fazer esta entrevista, mas antes de irmos, tenho uma última pergunta. Como você acha que o boato gay começou?
Eu acho que surgiu de eu beijando Gerard.
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Tradução por 🍷 Jaq
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portalmcr · 1 year
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A Vida Depois de My Chemical Romance: Entrevista Exclusiva com Ray Toro
Estar na banda foi uma grande parte da minha vida, mas então eu tinha alto novo introduzido nela," ele diz. "A separação foi quase uma benção disfarçada porque, sem a banda, eu fui capaz de estar em casa e fazer parte da vida do meu filho de uma forma que os outros rapazes não tiveram a oportunidade de fazer – eles estavam em turnê quando tiveram filhos. Sinto que o término veio na hora certa – tem sido bom. […] tem sido uma fase de transição na minha vida (…)
"Se tem uma coisa que eu sinto é saudade dos caras," ele diz. "Fora isso, eu sinto falta dos momentos divertidos que tivemos juntos fora da banda e fora da área musical."
Nesse caso, você diria, que há na verdade uma coisa que possa ser feita — voltar com a banda.
Ele ri e leva a pergunta como deveria — uma piadinha. Mas então ele diz uma última coisa.
"Veremos. Quem sabe o que vai acontecer no futuro? Seria incrível. Quem sabe…"
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Tradução por Ghostie
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portalmcr · 1 year
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Mikey Way fala sobre vício em drogas e como "o fim de My Chemical Romance foi tão sombrio"
"Viciados são mentirosos notáveis e naquela época eu era um mentiroso notável a respeito dos meus vícios, que eu não tinha problema algum." Way disse. "Eu estive em negação por anos."
Way explicou como seu colega de banda David Debiak eventualmente orquestrou uma intervenção sob o disfarce de um encontro com a banda. "Eu retornei pra casa [para Nova Jérsei em Fevereiro] mas não estava lá para gravar. [Dave] iria me levar à uma instalação. Eu achei que iríamos terminar o álbum. Eu acordei na casa de Dave, nós saímos paratomar café e eu disse 'Quando começamos?' e ele disse, "Você não está aqui para fazer gravações.'"
"Foi um alívio" Way continua. "Era algo que eu vinha deixando de lado por muito tempo"
Way explicou ainda como a separação da MCR influenciou no seu comportamento destrutivo: "A banda acabou e eu estava passando por um divórcio na mesma época. Eu tomo conta das coisas mais estressantes em grupos. O jeito que eu aprendi a lidar com isso ao longo da vida foi com a auto-medicação, então foi isso que eu fiz. O fim [da My Chemical Romance] foi muito obscuro para mim — eu estava num nevoeiro. A vida me pegou àquela altura e eu estava ficando pra trás. Eu estava num oceano mergulhado até a altura da boca. Estava tentando ficar de pé, porém estava falhando. Eu sempre me acalmei uss do narcóticos desde muito cedo"
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Tradução por Ghostie
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portalmcr · 1 year
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a quem possa interessar… - por Frank Iero
30.03.2013
saudações amigues e conhecides, curioses e fofoqueires, inimigos e indiferentes, crentes e falsos,
precisei tirar um tempo pra mim nessa última semana. senti que um momento de silêncio (ou vários) fez-se merecido e necessário. minha intenção foi deixar a poeira baixar, (not form), a respeito do anuncio recente da mychem. uma grande parte da minha vida (jeez, quase metade da minha vida) foi devotada à banda e tudo o que veio com ela, e eu senti que uma semana de reflexão era o mínimo que eu podia fazer para honrar a ela e tudo o que a engloba.
eu escrevi, apaguei e reescrevi essa carta tantas vezes que eu nem me importo mais em lembrar quantas foram. eu não sou de fazer discurso panegírico, então eu vou ser sucinto e direto ao ponto. eu não compactuo com isso de segurar seus sentimentos ou emoções até ser tarde demais. se você não curte algo ou alguém enquanto estão presentes, então você não tem o direito de expressar anedotas fofas quando eles não estiverem mais aqui para se alegrarem com elas. nos 12 anos em que eu estive no mcr acredito que disse tudo o que queria e precisava dizer sobre a banda quando preciso. se você me conhece ou ao menos já me ouviu falar sobre a mychem você sabe o quanto ela significa pra mim. eu vivi, respirei e sangrei a banda. eu acreditei e admirei nas coisas que criamos e nas pessoas envolvidas (membros e fãs à mesma maneira). pelo melhor ou pior eu não segurei nada do que eu senti que precisava ser expressado. eu amei minha banda com tudo o que eu tinha e eu não tenho arrependimentos agora que ela acabou. nós começamos, demos vida e acabamos com a mcr pelos motivos certos.
se você presenciou você sabe o quão especial aquela época foi… e se você não presenciou, bom então você provavelmente deseja ter presenciado. obrigado por todas as memórias, scrapbook está cheio e meu coração está excruciantemente cheio.
agora, vamos para a próxima…
xofrnk
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Tradução por Ghostie
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portalmcr · 1 year
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Uma Vigília, Sobre Pássaros e Vidro - por Gerard Way
25 de Março de 2013
Acordei esta manhã ainda sonhando, ou ainda não totalmente consciente de mim mesmo.  O sol entrou pelas janelas, tocando meu rosto, e então uma profunda tristeza tomou conta de mim, imediatamente, trazendo-me à vida e percebendo - My Chemical Romance havia terminado.
Desci as escadas para fazer a única coisa que consegui pensar para recuperar a compostura-
Eu fiz café.
Assim que começou a pingar, naquele silêncio que só acontece de manhã, e sendo o único acordado, saí de casa, deixando a porta aberta atrás de mim.  Olhei em volta e comecei a respirar.  As coisas pareciam estar na mesma - um lindo dia.
Quando me virei para entrar na casa, ouvi um som vindo de dentro, um piar e um farfalhar. E notei que um pequeno pássaro marrom voou para a biblioteca.  Naturalmente, entrei em pânico. Eu sabia que tinha que ver o pássaro em segurança e sabia que tinha que manter a ordem das coisas em nossa casa, e ele muito bem não poderia residir conosco. Eu o persegui (ainda assumindo que ele era ele) até meu escritório, onde tenho essas janelas muito grandes.
Só então, e felizmente, ouvi os passos de Lindsey descendo as escadas e, naturalmente sendo como ela é, ela pegou um cobertor e entrou no escritório.  Era impossível pegá-lo, comecei a abrir as janelas, seguindo a direção de Lindsey, apenas para descobrir que estavam protegidas. O pássaro começou a voar para dentro do vidro, repetidamente e em todas as direções.
Smack.
Smack.
Smack!
Ouvi outro conjunto de passos, de Bandit, descendo as escadas em antecipação ao novo dia.  Sua entrada na situação causou a quantidade certa de caos (ela estava muito animada para conhecer o pássaro) e nos vimos perseguindo o pássaro até a sala de estar.  Sabendo que aqui poderia ficar pegajoso, sendo os tetos altos e as vigas para se levantar, abri a porta da frente enquanto Lindsey fazia o possível para encorajar nosso novo amigo a sair pela porta. Depois de alguma persuasão, vôo, canto, uma volta errada para a biblioteca e um breve adeus a Bandit, ele simplesmente pulou pela porta da frente - decolando no quinto salto.
Nós comemoramos.
Eu não estava mais triste.
Eu não percebi, mas deixei de ficar triste no minuto em que aquele pássaro entrou na minha vida, porque havia algo que precisava ser feito, um pequeno recipiente para ajudar e uma ordem para manter. Eu fechei a porta. Resolvi escrever a carta que sempre soube que escreveria.
Muitas vezes, é da minha natureza ser abstrato, escondido à vista de todos, ou em lugar nenhum.  Sempre senti que a arte que fiz (sozinho ou com amigos) contém toda a minha intenção quando executada corretamente, e portanto, nenhuma explicação é necessária. Simplesmente não é da minha natureza desculpar, explicar ou justificar qualquer ação que tomei como resultado de pensar com a mente clara, e na minha verdade.
Sempre senti que essa situação envolvendo o fim dessa banda seria diferente, caso acontecesse. Eu seria enigmático em sua existência, e aberto em sua morte.
As ações mais claras vêm da verdade, não da obrigação. E a verdade é que amo cada um de vocês.
Então, se isso o encontra bem, e lança alguma luz sobre qualquer coisa, ou sobre meu relato e sentimentos pessoais sobre o assunto, então é por amor mútuo e compartilhado, não por dever.
Amor.
Essa sempre foi minha intenção.
My Chemical Romance: 2001-2013
Nós fomos espetaculares.
A cada show eu sabia disso, a cada show eu sentia isso com ou sem confirmação externa.
Tinha alguns carros velhos, às vezes nosso equipamento de segunda mão quebrou, às vezes eu não tinha voz - mas ainda éramos ótimos. É essa crença que nos tornou quem somos, mas também muitas outras coisas, todas elas vitais.
E todas as coisas que nos tornaram bons eram as mesmas coisas que acabariam com nós-
Ficção. Atrito. Criação. Destruição. Oposição. Agressão. Ambição. Coração. Ódio. Coragem. Despeito. Beleza. Desespero. AMOR. Temor. Glamour. Fraqueza. Esperança.
Fatalidade.
Esse último é muito importante.  My Chemical Romance tinha, construído dentro de seu núcleo, um sistema de segurança. Um dispositivo apocalíptico, caso certos eventos ocorram ou deixem de ocorrer, detonaria. Compartilhei o conhecimento dessa “falha” semanas após seu início.
Pessoalmente, eu o abracei porque, novamente, nos tornou perfeitos, uma máquina perfeita, bonita, mas autoconsciente de seu sistema. Sob diretiva para encerrar antes que seja comprometido. Para proteger a ideia - a todo custo. Isso provavelmente soa como algo arrancado das páginas de uma história em quadrinhos de quatro cores, e esse é o ponto.
Sem compromisso. Sem rendição. Sem porra nenhuma.
Para mim isso é rock & roll. E eu acredito no rock & roll.
Não fiquei envergonhado à pessoa pra quem eu disse isso, nem da imprensa, nem de um fã, nem de um parente. Está nas letras, está na brincadeira.  Muitas vezes observei os jornalistas rirem ao mencioná-lo, assumindo que eu estava sendo sensacionalista ou melodramático (em sua defesa, eu provavelmente estava vestido como um líder de banda marcial apocalíptico com uma bata de hospital rasgada e um rosto coberto de pintura expressionista, então é justo).
Ainda não tenho certeza se o mecanismo funcionou corretamente, porque não foi um estrondo, mas um processo muito mais lento. Mas ainda o mesmo resultado, e ainda pela mesma razão-
Quando chega a hora, paramos.
É importante entender que para nós, a opinião sobre se é ou não de fato o tempo não é transmitida pela audiência. Novamente, isso é para proteger a ideia em benefício do público. Muitas bandas esperaram pela confirmação externa de que é hora de encerrar, por meio de vendas de ingressos, posicionamento nas paradas, vaias e garrafas de urina - que não tem influência para nós e muitas vezes é tarde demais quando chega.
Você deve saber disso em seu ser, se ouvir a verdade dentro de você. E a voz interior tornou-se mais alta que a música.
<Neste ponto, faço uma pausa para receber a visita de velhos amigos, todos os quais foram fundamentais de alguma forma para o início da banda. Falamos sobre os velhos tempos, falamos sobre música, falamos sobre coisas novas. Rimos e bebemos refrigerante diet. Nos despedimos, eu vou para a cama, para retomar minha carta pela manhã, que é->
Agora-
Há muitas razões pelas quais o My Chemical Romance terminou. O gatilho não é importante, como sempre foram os mensageiros - mas a mensagem, novamente, é o que importa. Mas para reiterar, este é o meu relato, minhas razões e meus sentimentos. E posso garantir que não houve divórcio, discussão, falha, acidente, vilão ou facada nas costas que causou isso, novamente, isso não foi culpa de ninguém e estava em andamento, quer soubéssemos ou não, muito antes de qualquer sensacionalismo, escândalo ou boato.
Não havia nem mesmo uma chama de glória em uma saraivada de balas…
Estou nos bastidores em Asbury Park, Nova Jersey. É sábado, 19 de maio de 2012, e estou andando atrás de uma enorme cortina preta que leva ao palco. Sinto a brisa do oceano me envolver e olho para os meus braços, que estão cobertos de gaze fresca devido a uma batalha perdida com uma brotoeja, que tinha sido um problema misterioso nos últimos meses. Eu normalmente não fico nervoso antes de um show, mas certamente fico com frio na barriga na maior parte do tempo. Isso é diferente - uma estranha ansiedade jorrando através de mim que só posso imaginar ser o sexto sentido que alguém sente antes de seus últimos momentos de vida. Minhas pupilas reduziram e eu parei de piscar. A temperatura do meu corpo está gelada.
Recebemos a deixa para subir ao palco.
O show é... Bom. Não é ótimo, não é ruim, apenas bom. A primeira coisa que noto e me surpreende não é a quantidade enorme de pessoas à nossa frente, mas à minha esquerda - a costa e a vastidão do oceano. Muito mais azul do que eu me lembrava quando menino. O céu é tão vibrante. Eu performo, semi-automaticamente, e algo está errado.
Eu estou atuando. Eu nunca atuo no palco, mesmo quando parece que estou, mesmo quando estou exagerando ou fazendo um solilóquio. De repente, tornei-me altamente autoconsciente, quase como se acordasse de um sonho. Comecei a me mover mais rápido, mais frenético, imprudente - tentando me livrar disso - mas tudo o que começou a criar foi o silêncio. Os amplificadores, os aplausos, tudo começou a desaparecer.
Tudo o que restava era a voz interior, e eu podia ouvi-la claramente. Não precisava gritar - sussurrou e me disse breve, clara e gentilmente - o que tinha a dizer.
O que ela disse fica entre eu e a voz.
Eu ignorei isso, e os meses seguintes foram cheios de sofrimento para mim - eu me esvaziei, parei de ouvir música, nunca peguei um lápis, comecei a cair em velhos hábitos. Toda a vibração que eu costumava ver tornou-se dessaturada. Perdido. Eu costumava ver arte ou magia em tudo, especialmente no mundano - a habilidade estava enterrada sob os destroços.
Lentamente, depois de ter causado dano suficiente a mim mesmo, comecei a escalar para fora do buraco. Limpar. Quando consegui sair, a única coisa que restava lá dentro era a voz e, pela segunda vez na minha vida, não a ignorei mais - porque era minha.
Há muitos papéis para todos nós desempenharmos neste final. Podemos ser benfeitores, mal-intencionados, simpatizantes, caluniadores, comediantes, nuvens de chuva, vítimas-
Esse último, novamente, é importante. Nunca me considerei uma vítima, nem meus camaradas, nem os fãs - especialmente os fãs. Para nós, adotar esse papel agora legitimaria tudo o que os tabloides tentaram nos nomear. Mais importante, perde completamente o objetivo da banda. E então o que aprendemos?
Com honra, integridade, compostura e nos termos de ninguém além dos nossos próprios- a porta se fecha.
E outra se abre-
Esta manhã acordei cedo. Rapidamente escovei os dentes, vesti uma calça jeans larga e entrei no carro. Acelerei suavemente pela 405 pela da névoa da manhã até um estacionamento aleatório em Palo Verde, onde encontraria um bom cavalheiro chamado Norm. Ele era mais velho e se auto proclamava um “hippie”, mas também tinha a energia de um garoto de dezesseis anos em uma banda de rock de garagem. O objetivo da reunião era a entrega de um amplificador em minha posse. Eu tinha comprado recentemente o amplificador dele e nós dois concordamos que o frete iria atrapalhar os tubos - então ele teve a gentileza de me encontrar no meio.
Um Fender Princeton Amp de 1965, sem reverb. Um belo dispositivinho.
Ele me mostrou os pontos mais delicados, o alto-falante, o plugue não aterrado, a etiqueta original e a marca de giz do homem ou mulher que o construiu-
“Este amplificador fala.” ele disse.
Eu sorri.
Tomamos café, conversamos sobre picapes douradas e a vida. Sentamos no carro e tocamos uma para o outro músicas que tínhamos escrito. Nós nos separamos, prometendo manter contato, e eu voltei para casa.
Quando quis dar início à My Chemical Romance, comecei sentando no porão dos meus pais, pegando um instrumento que eu há tempos tinha abandonado e trocado por um pincel - uma guitarra. Era a Fender Mexican Stratocaster dos anos noventa, azul como um lago sereno, mas que em minha juventude decidi que estava limpa e bonita demais então eu a descasquei, expondo a tinta vermelha por debaixo da azul - a cor que a guitarra deveria ter. Adicionei um pedaço de fita isolante no golpeador da guitarra, parecia aceitável. Eu a conectei num amplificador Baby Crate com uma distorção embutida e comecei os primeiros acordes de Skylines and Turnstiles.
Eu ainda tenho aquela guitarra, e ela está perto do Princeton.
Ele tem uma voz e eu gostaria de ouvir o que ele tem a dizer.
Nesse fechamento, eu gostaria de agradecer a cada fã. Eu aprendi com vocês, talvez mais do que vocês acham que aprenderam comigo. Meu único arrependimento é que eu sou terrível com nomes e péssimo com despedidas. Mas eu nunca esquecerei um rosto, ou um sentimento- e é isso o que me resta de todos vocês. Eu sinto Amor.
Eu sinto amor por vocês, pela equipe, pelo nosso time, por cada ser humano com quem eu compartilhei a banda e o palco-
Ray. Mikey. Frank. Matt. Bob. James. Todd. Cortez. Tucker. Pete. Michael. Jarrod.
Uma vez que sou péssimo com despedidas, me recuso a permitir que isso seja uma. Mas eu os deixarei com uma última coisa-
My Chemical Romance acabou. Mas nunca poderá morrer. 
Está viva em mim, nos rapazes, e está viva dentro de todos vocês.
Porque não é uma banda-
É uma ideia.
Com amor,
Gerard
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Texto original
Tradução por Ghostie e Jaq
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