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doctorcassidy-blog · 9 years
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Benjamin sabe, por sua experiência no sanatório, que fantasmas podem se comportar como pessoas vivas. Sabe que eles podem fazer uma série de coisas típicas dos não-amaldiçoados, tais como derramar lágrimas, sentir dor e até mesmo sexo. Ele sabe, ainda, que as emoções são totalmente preservadas quando uma pessoa morre em Waverly Hills. Ela continua capaz de amar e odiar, dentre outras coisas. Ele sabe tudo isso de forma teórica, claro, porque na realidade o médico nunca foi muito bom em distinguir sentimentos durante sua prática clínica no sanatório, seja de vivos ou de mortos. Não é raro que alguma das enfermeiras ou dos residentes venham lhe relatar comportamentos emocionais dos pacientes para os quais ele não havia atentado, uma vez que sua inteligência emocional não é lá das melhores. Distraído, Cassidy pode deixar passar os mais variados comportamentos, desde sutis até alguns óbvios.
Ali de frente para a Stryder, porém, por algum motivo Benjamin soube instantaneamente que ela estava irada e, pelos olhos marejados, triste também, de modo que a constatação atingiu o médico como um soco no estômago. Tinha magoado sua Lilith, tinha feito a mulher desejar chorar e também despertara nela sentimentos negativos que ele tanto prezava, na verdade, por afastar dela. Ben conhece o quadro de Lilith bem o suficiente para saber que ela progredira bastante nos últimos tempos, estava menos agressiva, quase irreconhecível para algumas pessoas, apesar de não ser capaz de assumir responsabilidade pela evolução da moça, ingênuo demais para pensar que ela nutria sentimentos puros em relação a ele a ponto de ser capaz de apresentar uma melhora em seu quadro de personalidade antissocial. Mas ali estavam os sinais, todos de volta. As mãos rígidas, o ódio no olhar, os dentes trincados. A fala agressiva. O jeito da antiga Lilith. E tudo por causa dele. Benjamin não era esperto o suficiente para dizer que sua companhia ajudou na melhora de Lilith, mas rigoroso consigo mesmo o bastante para se responsabilizar por todas as coisas ruins que aconteciam com ela. Nao foi assim que toda a briga começou?
Quando a morena começou a falar com um tom de voz quase tão frio quanto o ar que tocava a pele do médico no corredor, ele simplesmente torceu o rosto em uma careta de sofrimento. Sentia quase que uma dor física por causa das palavras de Lilith. Sabia que era verdade, que tinha sido um tolo. Estúpido. E sabia que seus atos davam mesmo a entender que era um cretino aproveitador de pacientes. Pode-se dizer que Lil estava certa em pensar o pior dele, apesar de estar enganada.
-- Eu quis dizer tudo que disse. -- começou ele sem demorar, depois de ouvir a pergunta. -- Eu não me importo com aquela mulher e não faço isso com minhas pacientes. Eu... Este não sou eu. Não sei o que há de errado comigo. Ben levou uma mão até a cabeça e coçou a região acima da testa em um gesto de nervosismo. -- Eu não consigo ser eu mesmo desde que... A sorte -- ou o azar, dependendo do referencial -- de Benjamin é que o álcool de tornou um aliado no momento, ajudando a colocar para fora coisas que ele jamais conseguiria dizer sóbrio. -- Desde que você morreu.
Cassidy ergueu os olhos claros para Lilith e mordeu o lábio inferior de forma um pouco desesperada. A expressão da morena penetrava seu corpo, fazia doer partes que o médico pensou não existirem dentro dele. -- Por favor, não me olhe desse jeito. Não me olhe como se eu fosse um qualquer. Pediu com a mão no estômago, sentindo um gosto amargo na boca: desgosto, dor, insatisfação.
And the walls kept tumbling down... Blame it on the alcohol.
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doctorcassidy-blog · 9 years
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doctorcassidy-blog · 9 years
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Sim, ele estava mesmo fisicamente tentado a ficar com Lucy. Talvez, se dormisse com alguém naquela noite, poderia arrancar de sua mente perturbada a imagem de Lilith, a voz de Lilith, aquilo que pensava ter sido uma rejeição por parte de Lilith e, especialmente, o fato de estar diante de tão grande vulnerabilidade por causa de uma simples paciente. 
A verdade nua e crua era que Cassidy tinha passado os últimos tempos pensando somente nela. Sua rotina se limitava em separar um tempo para ve-la, mesmo que de longe, e depois da morte trágica da Stryder pelo próprio irmão, Benjamin adotou outros comportamentos dentro do sanatório, coisas que nunca ou raramente fazia antes, como investigar a maldição, observar Ethan e até mesmo conversar mais com Mary para entender melhor a condição em que vivem os fantasmas. De todo modo, Lilith havia se tornado o foco total de Benjamin Cassidy e a briga estranha da noite atual só tinha vindo para comprovar o que ele teimava enxergar, isto é, o fato que Lilith consegue afetar o médico como ninguém antes já conseguiu. Ele precisava urgentemente tirar a mulher da cabeça, pelo menos por alguns minutos.
Mas não era boa ideia fazer aquilo ali, em sua sala e com uma paciente. Definitivamente não era. Alguns considerariam o ato excitante simplesmente pelo seu caráter de proibição, mas Benjamin nunca foi um homem de quebrar regras, nunca precisou afirmar nada para si mesmo desafiando o sistema ou coisa parecida. Ele não estava pensando claramente quando cedeu, portanto, à menor investida de Lucy, nem quando ela se sentou em seu colo com a camisola transparente e a risada feminina, mexendo com tudo de mais masculino e animalesco que ele tinha em sua mente e corpo. Quando suas mãos tocaram a cintura da moça e seus lábios se devoravam em um beijo forte e firme, calando as risadas dela, o médico não pensou na porta destrancada, muito menos na possibilidade de ser flagrado por alguém, caso a pessoa girasse a maçaneta ou, no caso de um fantasma, atravessasse a porta. Não pensou que este alguém poderia ser Lilith, justamente o foco de toda a sua confusão, o que poderia transformar seu dia já ruim em um verdadeiro pesadelo.
Mas foi exatamente a morena que abriu a porta, sendo notada por Benjamin com um certo atraso, visto que ele estava envolvido no que fazia. Foi quando ouviu o baque da porta se chocando contra a parede que separou seu rosto do de Lucy, seu olhar encontrando então a face de Lilith Stryder um tanto... Chocada. As mãos da morena cobriam seus lábios finos em uma típica expressão de surpresa e tudo que Benjamin conseguiu fazer por breves segundos foi encara-la de volta. Sua mente inicialmente atentou-se para o fato banal de que Lilith girara a maçaneta ao invés de simplesmente invadir o cômodo atravessando parede ou porta, mas logo o senso chegou até seus pensamentos e uma ruga de preocupação se formou em seu rosto. O que diabos Lilith estava fazendo ali? Tinha descido para fazer as pazes ou para brigar mais? Bem, agora meio que não importava mais.
Ouviu as simples palavras da boca de Lilith enquanto Lucy se levantava do seu colo, já se erguendo do sofá com a mão esticada na direção da fantasma, sentindo sua cabeça confusa girar não somente pela bebida, mas também em dúvidas e uma grande dose de arrependimento. -- Lilith... Falou. Mas não adiantava. Lilith tinha se virado com as mãos em punho, se retirando dali. Ben dirigiu um olhar para Lucy. Ela tinha uma alça da camisola caída em um dos ombros e seus lábios estavam avermelhados pelo beijo. Com voz um pouco embolada, o médico ordenou de modo autoritário, com dois dedos apontados para ela: -- Vá para seu quarto.
Sem esperar por resposta, adiantou-se rápido na direção em que Stryder tinha ido. Benjamin não precisou correr, seus passos são longos por causa das pernas igualmente longas, de modo que segundos depois conseguiu avistar as costas de Lilith. -- Lilith! Por favor... Benjamin diminuiu a velocidade com a qual caminhava, esperando pela reação da mulher. Estavam parados em um corredor a caminho do refeitório. O sanatório estava deserto e pouco iluminado, melhor assim. Ainda que Ben ainda não tivesse a menor ideia do que ia dizer, era arriscado conversar no meio do corredor, especialmente ele estando em estado de embriaguez.
And the walls kept tumbling down... Blame it on the alcohol.
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doctorcassidy-blog · 9 years
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And the walls kept tumbling down... Blame it on the alcohol.
Quando acordou pela manhã, Benjamin Cassidy não fazia a menor ideia de que aquele dia terminaria tão mal quanto terminou. Resgatar o caderno de Lilith acabou se transformando em um grande erro... Não, o erro foi ter ido até o quarto dela. Ou será que o erro do médico foi ter olhado daquela forma estranha e reagido tão mal por causa da culpa ao contemplar os desenhos da bela Stryder? Fosse como fosse, Ben só fez piorar a situação quando decidiu descer para seu consultório e, pegando a garrafa de uísque que esconde em um local muito secreto, bebeu para esquecer pelo menos por um momento a tragédia que foi a visita que fez a Lilith.
Bebeu. E bebeu mais. Bebeu como há muito tempo não bebia. Sua percepção foi ficando cada vez mais alterada. Primeiro os objetos em volta ficaram lentos, passando devagar conforme Cassidy andava de um lado para o outro pelo cômodo, de cenhos franzidos e olhar preocupado, pensando em formas diferentes de se amaldiçoar a cada minuto pela merda que tinha feito. Ele também pensou naquele sentimento estranho que vivenciou no quarto dela, quando sentiu que Lilith estava arrependida por ter lhe mostrado os desenhos... Em como se descontrolou emocionalmente diante do menor sinal do que pensou ser rejeição por parte de Lilith, e foi neste momento que ela chegou.
Não era Lilith, infelizmente. Outra mulher. Lucy. Uma bela paciente que deu entrada no sanatório há duas semanas e que visita Benjamin praticamente todos os dias, sem exceção. Lucy geralmente passa pelo consultório de Cassidy bem cedo pela manhã, aproveitando-se do pouco movimento e da calma existente nessa hora do dia, mas desta vez ela escolheu um horário peculiar. O motivo Benjamin jamais saberá.
-- Lucy, o que está...? Ele começou a perguntar, descendo os olhos pela roupa que a paciente vestia, isto é, uma camisola semitransparente que fez o médico erguer a sobrancelha esquerda e esquecer o que ia falar. Lucy mirou a garrafa na mão de Ben e sorriu largo, entrando de uma vez no cômodo particular de Cassidy, fechando a porta atrás de si.
Ele não sabe por que não a freou. Talvez fosse a bebida. Talvez por que estava mesmo fisicamente carente e pronto. Talvez um misto dos dois. A questão é que Benjamin deixou a mulher empurrá-lo no sofá, deixou ela se sentar em seu colo e deixou seus lábios se encontrarem em um beijo forte e caloroso. As mãos grandes de Ben tocaram a cintura dela depois que Lucy tirou a garrafa das mãos dele e a colocou no chão. O médico não pensava com clareza, não tinha raciocínio dominando nada ali, somente desejos físicos... e pouca inibição.
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doctorcassidy-blog · 10 years
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-- Eu vejo culpa? Ben ergueu as sobrancelhas e deu uma risada, provavelmente nunca antes na vida tinha esboçado uma expressão tão irônica quanto aquela. Ele via culpa nos desenhos? Sim, via, obviamente. Mas simplesmente não admitiria aquilo para Lilith, não no meio de uma discussão, depois de ela dizer que não deveria ter mostrado os desenhos para ele, ofendendo-o. O controlado e calmo Dr. Cassidy estava irritado. Muito irritado. E a irritação despertou um lado dele orgulhoso e bastante teimoso. -- Agora você sabe o que eu sinto? Decidiu ser sensível a mim? Muito obrigada, Lilith. Falou ainda irônico, piscando um pouquinho mais do que o normal em reação nervosa.
Benjamin pigarreou e se aproximou de Lilith. Ele não ia tocar nela nem pedir desculpas, só fez aquilo para poder largar o lápis desapontado sobre a cama. -- Também acho melhor não conversarmos mais... por agora. Disse, concordando que era melhor eles não se falarem no momento, largando o pequeno objeto sobre o lençol onde minutos atrás estivera sentado.
Deu as costas para a morena e começou a caminhar para a porta. Depois de girar a maçaneta, ainda irritado e nervoso, resmungou de um jeito que Lilith ouviria com certa dificuldade. -- Não é como se um de nós fosse sair desse lugar. Então, sem mais, Benjamin deixou o quarto da paciente. Andando pelo corredor, ignorou um paciente que cantava uma música um tanto quanto indecente e desceu as escadas, rumo à sua sala. Lá encontraria algo forte para beber e tentaria esfriar a cabeça.
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doctorcassidy-blog · 10 years
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Benjamin viu quando Lilith desceu o lápis pelo papel, marcando o desenho, antes harmonioso, uma obra de arte, com um traço forte bem no meio de tudo, bagunçando o que era pra ter sido um retrato do médico. Ele franziu mais o cenho quando notou o modo como ela segurava o lápis e estava prestes a pedir calma para a paciente quando ela se inclinou, pegando os desenhos no colo dele.
-- Ah, é? Não deveria? Ben ergueu as sobrancelhas em reação instantânea. Piscou os olhos algumas vezes antes de prosseguir, filtrando suas palavras como sempre costuma fazer, apesar de, por incrível que pareça, desta vez não se sair bem na tarefa. -- Por quê? Quase que infantilmente, o médico não gostou do que Lilith dissera, isto é, que previamente cogitou não mostrar os desenhos para ele. O acesso àqueles desenhos é o que Benjamin considera a maior prova de afeto de Lilith... Para ele, se a fantasma cogitou não mostrar, é porque cogitou não deixá-lo entrar no mundo particular dela.
Ele coçou a região atrás da orelha e tentou se controlar de novo. Por que estava tão difícil disfarçar suas emoções? Normalmente Cassidy não é assim. -- Por que não deveria ter me mostrado? A mente matemática do médico sistematizou em poucos segundos uma série de explicações para Lilith se resguardar, se recolher. Também usando poucos segundos, ele ficou com a que lhe pareceu mais lógica e, especialmente, a que tinha a ver com a culpa que carregava. -- Você está certa. Benjamin se levantou da cama -- Não deveria ter me mostrado. Assim como não mereço ser retratado por você nesses desenhos, não mereço ter acesso ao seu mundo pessoal.
O homem começou a se afastar da cama. No primeiro passo que deu, pisou em algo sólido e, ao levantar o pé para ver o que era, viu um lápis de desenho. A ponta estava quebrada, Benjamin percebeu depois que se abaixou e pegou o objeto. Sem esforço algum, o médico teve um flash mnêmico com Ambrose, sua ex namorada. Todo o material de desenho e pintura da mulher costumava ficar espalhado pelo chão do apartamento dela, o lugar era uma bagunça... assim como a própria Ambrose. -- Merda... Murmurou Benjamin quase sem querer, sem perceber o que estava saindo de seus lábios.
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doctorcassidy-blog · 10 years
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doctorcassidy-blog · 10 years
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Ele ainda não tinha reparado no conteúdo dos desenhos. Se tivesse, talvez, nem teria entrado no quarto de Lilith. Não teria caminhado até a janela, nem iniciado qualquer assunto. Para Benjamin, não é fácil lidar com o fato de não ter conseguido proteger a morena da morte, de Ethan, e olhar para aqueles desenhos só faria esse sentimento se destacar, certamente. 
Benny. O apelido carinhoso que mais ninguém usa, juntamente com a proposta de olhar os desenhos, fez com que a atenção do médico se voltasse totalmente para Lilith Stryder. Ele se esqueceu do trinco solto e do porquê de ter se voltado para a janela. Virou-se para a fantasma e deu dois passos na direção do pé da cama de Lil, onde estavam os papeis. Pegou-os e aceitou o honroso convite de novamente entrar no mundo particular e misterioso da jovem.
Em silêncio, começou pelos primeiros. Rabiscos escuros, simplesmente. Expressões da mente complicada de Lilith. A mente que, Benjamin se lembrava muito bem, tinha medo. Como eram terríveis. Sem perceber, Ben se sentou ao lado da mulher na cama e, assim como da primeira vez em que colocou seus olhos em coisas desenhadas por Lilith, se desligou do mundo em volta. Cenas assustadoras se formavam por meio dos traços da morena, coisa que Ben não gostava de ver, definitivamente, e que, como dito anteriormente, destacariam a impotência do médico frente a realidade. Lá estava ele: Ethan. O grande protagonista dos pesadelos de Lilith. E lá estava ela: a culpa. Ben sentiu o amargo pesar por não impedir a morte da mulher, sentiu-se incapaz de protegê-la do seu maior medo.
Ao experimentar tal sensação de desprazer, Cassidy franziu o cenho e abriu um pouco seus lábios, respirando duas vezes pela boca ao invés do nariz. Desgostoso, passou o desenho para trás, tentando mudar o foco para não sentir mais aquela culpa. Porém, o conteúdo dos desenhos seguintes não fez Ben se sentir melhor. Sim, porque entre os rabiscos indiferenciados vez ou outra um rosto familiar estava presente... o seu próprio rosto. Benjamin Cassidy. O que aquilo significava realmente? Lilith dependia dele? Gostava dele? Ben sentiu-se muito mal ali no quarto da moça. Não merecia o carinho da mulher, afinal de contas, revelou-se uma merda como protetor.
Desligado e concentrado nos desenhos e na culpa que sentia, Benjamin demorou a perceber que, enquanto ele tinha a cabeça baixa, Lilith estava desenhando no caderno. Foi com um nó na garganta que ele ergueu seu rosto e notou o que ela fazia. Demorou alguns segundos para falar. -- Você... está mesmo me desenhando? Lil... Ben colocou os desenhos no colo. -- Eu não mereço isso, sabe? Foi o que disse, por fim, tentando ao máximo disfarçar a expressão de descontentamento no rosto.
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doctorcassidy-blog · 10 years
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Por sorte, Lilith não pareceu ofendida com as palavras de Benjamin. E, pensando melhor, não é o estilo da mulher se ofender com esse tipo de coisa. Pelo que Ben sabe a respeito dela, de todos os laudos e relatórios que leu sobre a jovem Stryder, nada poderia dar mais prazer à ela do que o fato de não ser amada por todos. Lilith é aquele tipo de pessoa que nasceu para incomodar, seja com sua beleza irritantemente marcante ou com sua personalidade implicante. Algumas (muitas) recomendações já chegaram aos ouvidos do médico chefe a respeito do comportamento da morena desde que ela chegou, e nenhuma das vezes Lilith pareceu se importar ou se arrepender.
-- Estava reorganizando seus desenhos? Estes aí eu não conheço, aliás. Ele apontou para os papeis que ela agora recolhia sobre a cama. Observou Lilith agrupá-los e colocá-los dentro do caderno e colocou ambas as mãos nos bolsos da calça. -- Concordo. Você precisa cuidar das suas coisas... Especialmente das que são muito importantes.
Cassidy caminhou devagar até a janela do quarto de Lilith, ainda tinha as mãos nos bolsos enquanto dava seus passos curtos. Ao chegar lá, dobrou um pouco seus joelhos e se pôs a analisar a janela. Os olhos claros debaixo dos óculos de grau foram analisando as dobradiças e o trinco, decidindo se o invasor pode ter usado esta passagem para adentrar o ambiente.
O trinco e as dobradiças estavam um pouco enferrujados, Ben notou. Enquanto tirava as mãos dos bolsos para checar se a janela estava firme, ouviu o pedido de Lilith. Sem virar para olhar a mulher, deu uma risada abafada. Talvez mais por um ato de nervosismo ou retração do que por achar engraçado o que ela disse. -- Não acho que seja um bom modelo, Lil. Cassidy forçou uma das dobradiças com os dedos e notou que ela estava meio bamba. -- Tenho certeza que há homens mais bonitos aqui no sanatório. Ele deu outra risada abafada. -- Este trinco parece estar solto. Completou.
All that matters | Benith
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doctorcassidy-blog · 10 years
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Claro que não são, Lucy. Desculpe-me por confundir. Quer se sentar um pouco? Talvez me contar mais sobre o que eles têm te dito nos últimos dias... Aliás... Quantos remédios você está tomando, Lucy?
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Eles não são pessoas, seu doutor, não são, não. São meus santinhos e anjinhos que cuidam de mim e me protegem de doenças e do mal caminho. E eles também mandam mensagens pra proteger os outros.
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doctorcassidy-blog · 10 years
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Ah, já assaltou minhas caixas de chocolate? Muito bem, senhorita June. Agora sei que, além de esconder informação de mim e me chantagear, a senhorita também é capaz de invadir minha sala e mexer nos meus pertences. Definitivamente preciso reforçar a segurança deste lugar.
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Porque eu já assaltei suas caixas de chocolate uma vez e na cozinha eles não dão chocolate para a gente.. por favor..
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doctorcassidy-blog · 10 years
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-- Claro que consegui. Foi o que o médico disse, levando um leve sorriso naquele rosto que é sempre tão sério. Ben, um homem de personalidade fechada e retraída, é conhecido no sanatório por seu jeito seco e pela falta de humor. Não são poucas as vezes em que ele não compreende piadas e, quando compreende, não costuma demonstrar que se agrada delas. Portanto, fazer Benjamin Cassidy sorrir é uma missão nada fácil, definitivamente. Mas a mulher estava ali, visivelmente satisfeita, e isso agradava Ben Cassidy a ponto de transparecer em seu rosto.
Ele se adiantou para dentro do quarto de Lilith quando esta deu uma autorização silenciosa, isto é, forneceu passagem para o médico. Analítico, enquanto esperava Stryder fechar a porta, Cassidy esquadrinhou rapidamente o cômodo com seus olhos claros e reparou que havia muitas folhas espalhadas sobre a cama da paciente, dentre outros detalhes. Girou em torno de si mesmo e ficou de frente para a fantasma, estendendo o caderno de desenhos para ela logo em seguida.
-- Pronto, está nas mãos corretas agora. Ele sorriu um pouquinho mais, satisfeito por poder devolver o objeto à dona. -- O homem que estava com o caderno disse que não foi ele que entrou aqui e pegou, e eu acredito nele. Conheço o quadro dele e sei que não tem a capacidade para invadir um quarto assim. Na minha ausência, você fez mais alguma inimizade? Benjamin se arrependeu da expressão "mais alguma" praticamente no exato minuto em que deixou escapar as palavras de seus lábios. Ela dava a impressão de que Lilith tinha muitos inimigos dentro do sanatório, e a verdade é que, realmente, Lilith Stryder possui muitas inimizades ali, mas Ben ainda não sabe exatamente como ele está se sentindo quanto a isso depois de sua morte.
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doctorcassidy-blog · 10 years
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Título | Benith
Ele caminhava a passos lentos, ainda que largos, na direção do quarto de Lilith Stryder. Benjamin conhecia muito bem aquele caminho que tanto percorreu em seus últimos sonhos -- ou deveria chamá-los de pesadelos? -- a ponto de provavelmente conseguir chegar até lá de olhos vendados. Realmente sabia o caminho de cor.
Nas mãos masculinas e longas do doutor estava o caderno que, para ser recuperado, custou ao médico uma hora de conversa -- além de um tranquilizante potente -- uma vez que o paciente esquizofrênico de nome Timothy estava passando por um forte e grave surto psicótico. Durante a conversa sem sentido, repetiu várias e várias vezes que não invadiu o quarto de ninguém. O homem falava repetidamente que não teve culpa se os deuses do Olimpo quiseram entregar este presente -- o caderno -- para ele. Não tive culpa, não tive. Ben até tentou insistir, na esperança de conseguir a tal informação, isto é, descobrir quem realmente roubou o caderno de desenhos e entregou para Timothy, pois sabe que ela é importante para Lilith -- e também para ele, por mais que não admita -- mas foi inútil. O paciente só falava em deuses do Olimpo e nada mais.
Dando-se por vencido, pelo menos por enquanto, Benjamin recuperou o caderno e, conforme prometido, seguiu para o quarto da fantasma. Benjamin não faz o tipo de homem que fica nervoso, sua, treme, gagueja quando está de frente para alguém por quem se interessa... Mas, enquanto se aproximava mais e mais do local onde estava a mulher, notou que sua respiração estava levemente alterada. A noite já havia chegado em Waverly Hills e os corredores estavam vazios. A maior parte das pessoas estava jantando no refeitório. Melhor assim. Melhor para Cassidy é não ser visto dando tanta atenção para uma paciente específica.
Toc, toc. O ruído soou na porta, rápido porém decidido. Conforme disse que faria, Ben bateu somente uma vez para avisar que estava ali.
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doctorcassidy-blog · 10 years
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E o que te faz pensar que eu sou o detentor do estoque de chocolate quente do hospital, June? Não deveria ir pedir na cozinha?
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Talvez você possa me dar chocolate quente e eu pensaria no seu caso…
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doctorcassidy-blog · 10 years
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Se eu me lembrasse de tudo não precisaria de uma agenda.
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Se não sabe de nada, o que faz aqui em minha sala? Precisa de alguma coisa especial?
Você tem amnésia? Devia se tratar senhor. Senão tiver, pode muito bem lembrar o que tinha escrito e escrever tudo novamente. Não sei de nada.
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doctorcassidy-blog · 10 years
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Certo, certo. E o que deixou você com raiva a ponto de entrar na minha sala sem autorização?
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E-eu… Eu fiquei com raiva. Me desculpe.. Por favor…
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doctorcassidy-blog · 10 years
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Benjamin “Ben” Cassidy tem 34 anos, se parece muito com Hugh Dancy e échefe da equipe médica de Waverly Hills. 
Determinação sempre foi a palavra-chave na vida de Benjamin. Nascido em uma família pobre e sem nenhuma perspectiva de futuro, Ben desde pequeno sabia que tinha que vencer na vida para sair daquele lugar. Os pais julgavam os estudos algo sem importância e pressionavam o filho para largar a escola e ir trabalhar com o pai que era dono de uma pequena oficina mecânica. Mas ele sempre manteve-se fiel aos seus objetivos. Passava os dias debruçados sobre livros na esperança de, futuramente, conseguir uma vaga em um boa faculdade e sair da vida miserável que ele levava. Com isso, o menino acabou afastando-se da família que desaprovava suas escolhas. Não passava sequer um dia sem que eles brigassem e a única coisa que Ben conseguia pensar era no quanto todo aquele falatório tirava a sua concentração. 
Por esse motivo, foi um alívio quando recebeu sua carta de aprovação. Não era a melhor faculdade do país, longe disso. Mas ele fora aceito, e o melhor, com uma bolsa integral. Não pensou duas vezes ao abandonar sua casa e mudar-se para a faculdade. O curso de medicina era difícil, mas ele sabia o que queria e, por esse motivo, acabou destacando-se. Era, de longe, o melhor aluno da sua turma o que garantia que ele mantivesse sua bolsa. Conseguiu se formar e logo recebeu propostas de trabalho em renomados hospitais devido a indicações de seus professores que sempre o viam como menino prodígio. 
Ele teve, contudo, que recusar todas elas. Seu pai morrera anos antes e sua mãe, agora doente, não tinha ninguém que cuidasse dela. Donna sofria de depressão e uma séria pneumonia. Precisando trabalhar e sem ter onde deixar a mãe, Ben aceitou um emprego em um hospital psiquiátrico. Internou a mãe ali sem pagar nada por ser funcionário e, aos poucos, foi conquistando posições dentro do hospital. Donna morrera anos depois, mas Benjamin continuou em Waverly Hills. Hoje é chefe de toda a equipe médica e só sai do hospital para dar aulas em uma faculdade. Apesar de todo o sucesso, o Dr. Cassidy é extremamente solitário. Não possui familiares e dificilmente faz amigos, mesmo que chegue a tentar. 
Isso aconteceu especialmente por causa de Ambrose Houston, a única paixão que Benjamin teve em sua vida. Ambrose foi sua namorada na faculdade e praticamente a única mulher que realmente o conquistou. Ela também era estudante de medicina, mas, acometida por um quadro crônico de depressão orgânica, envolveu-se com abuso de drogas e teve sua vida totalmente desestruturada por isso. Largou a faculdade e foi internada em uma clínica na Inglaterra, onde moram seus pais. Por isso, Ben teve de se separar de sua amada depois de três anos de namoro e, focado demais em seu trabalho, decidiu que não a visitaria, já que não teria muitas condições de manter aquilo à distância; ele enterraria não somente essa história de amor, mas também todos os outros relacionamentos.
Benjamin está ocupado
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