Tumgik
babdope · 7 years
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Minha última carta pra você.
Você sabe quanto tempo demorou para eu me permitir confiar em outra pessoa? Não sabe, porque você nunca me perguntou. Porque nunca quis saber. Porque nos todos os momentos em que estávamos juntos, te dei pistas de que eu estava quebrada, mas você prestava atenção? E pra não dizer que você não teria como adivinhar, eu te pedi para ter cuidado com suas ações comigo, porque eu não sabia o que mais uma irresponsabilidade de alguém me faria, já que eu caminhava em uma linha tênue entre estar bem e no caos. Ainda assim, me permiti correr esse risco e te avisei que eu o estaria correndo. Você prometeu que não me machucaria, lembra disso?
Minha decepção maior, no final das contas, foi comigo mesma de acreditar em você. Eu acreditei mesmo. Acreditei em todas as suas frases bonitas, em todos apelidos que você inventou pra mim, acreditei em todas as suas respirações entrecortadas, em todos os encontros inesperados que você marcou e no seu medo de compromisso. Continua sendo difícil acreditar que tudo isso foi mentira. Mas como eu vou saber se foi ou não? 
Isso é o que acontece: se você mente uma vez, tudo que parecia tão sólido parece se esvair entre os meus dedos como água. Eu não tenho capacidade de segurar. Eu, por muito tempo, pensei que o problema estava comigo, assim como você me disse. Que eu "esfriei" as coisas com minhas lágrimas de vez em quando. Mas a verdade é que você que não sabe lidar com pessoas. 
Ainda vai levar um tempo pra eu confiar em alguém novamente, mas eu não vou deixar de ter um coração aberto e bem intencionado por sua causa. Ninguém vai quebrar minha essência de ser exatamente quem eu sou. 
O título de ter sido boba o suficiente para acreditar em você eu consigo carregar. Espero que o título de ser egoísta, mentiroso e irresponsável você consiga carregar também, pois ele é todo seu.
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babdope · 7 years
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babdope · 7 years
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coração duro
você diz que eu sou fechada e me chama de coração duro. é isso que você vê, não é? eu entendo. mas eu queria te falar hoje sobre meus medos. sobre como eu queria conseguir sair pela cidade de peito aberto e esquecer só por algumas horas que o medo existe. o medo do que pode me atingir ali. num passo e outro, sabe? no meio da rua coberta de tantos toques indelicados e imprecisos. eu queria me fazer palpável sem medo de ser engolida pelos olhares brutos que cercam as avenidas. mas eu tenho medo. medo de me expor demais. tenho mesmo. eu tenho medo de me transparecer. medo de me estender numa tentativa de buscar afeto e ele não conseguir me alcançar por repudio ao meu corpo falhado e cinzento. repudio ao cheiro de queimado que a vida me impregnou.
não tenho medo da entrega. assim como você pensa. eu tenho medo do que ela pode me causar. tenho medo daquele momento em que os pés estão prestes a pisar em território desconhecido. porque as cinzas que me permeiam parecem ser permanentes a minha pele. ao meu corpo. à minha alma. e eu sei que nem toda mão terá a capacidade de me tocar sem ânsia. eu sei que eu posso dar passos em falso e cair num campo que não irá se dispor a me levantar. por isso eu tenho medo de me expor demais. a culpa não é sua. eu tenho medo de ninguém entender que não há nada que limpe essas minhas marcas. porque elas são fixas. cada uma tem sua dor. tenho medo de abrir espaço pra me tocarem e esse toque não se fazer compreender e a consequência disso ser uma dor ainda mais forte. tenho medo da abstração vir no meio da entrega ao me ver sem filtro. tenho mesmo. 
queria que você entendesse que é tudo muito intenso por aqui. meus medos estão em sobreposição nesse momento e nada agora me parece ser brando a ponto de querer compreender meu isolamento e minha insegurança. eu preciso de espaço. e dessa vez não pra me entregar. pra conseguir me caber antes de caber em outro. quero que me entenda. quero que saiba que aqui dói também. eu me vejo sempre perdendo um pouco do que o mundo pode me oferecer. por insegurança e medo. medo da ardência que minha pele pode receber. e às vezes me sinto culpada por não dar ao universo o que ele espera fielmente que eu dê. porque ele não entende meus medos. e sinceramente, não espero que entenda. por isso eu preciso de espaço. porque eu quero conseguir desproteger meu peito e não ter receio da minha má-formação. eu quero ainda ser palpável ao toque macio e me entregar às coisas com mais afinco. eu quero poder esquecer que entre uma entrega e outra existe o medo da dor e da incompreensão. eu quero olhar meu corpo marcado pelas queimas da vida e minha pele cinza de falhas e aceitar que é uma composição única e minha. e que isso é a humanidade se fazendo visível em mim. eu quero me sentir confortável e segura ao existir. quero me expor às pessoas e ser palpável ao mundo e aos toques com o peito desprotegido e sem medo. juro que eu quero. mas antes eu preciso desse espaço. pra aprender a encaixar tudo que eu sinto em lugares que não me façam sentir dor por sentir tanto. 
eu te entendo quando diz que eu pareço tão fechada. mas quero que me entenda também quando digo que isso tudo dói. porque dói muito. quero que veja minha retração como algo necessário e bom. porque eu quero conseguir esquecer que ali, segundos antes de ser tocada, existe o medo da incompreensão se desmanchar em mim e da dor se solidificar. eu quero mesmo. juro. mas agora é tudo muito intenso por aqui e nada me parece querer se fazer entender. 
e nesse momento o espaço é a minha escolha. pra que eu consiga reestruturar meu corpo e colocá-lo ordem. pra que eu o deixe confortável pra sentir sem o medo e a insegurança se sobressair. pra que eu possa finalmente me doar sem sentir a minha pele arder antes mesmo de ser tocada. 
espero que me entenda.
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