Tumgik
world-for-texts-blog · 12 years
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A colheita por Joshua Knight
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Acordei no meio do vagão do comboio no distrito 11. O tempo estava escuro como se algo fosse correr mal naquele dia, como se o céu estivesse prestes a colidir sobre as nossas cabeças graças a um acontecimento monstruoso. Oh espera, isso vai acontecer! Hoje é o dia da colheita! - Perfeito, totalmente perfeito! - Resmunguei. Peguei numa folha de uma árvore e fui até á poça de agua que existia mesmo ao lado do velho vagão. Bebi o que precisei, era agua boa. As minúsculas pedras na terra fizeram uma espécie de filtro para a agua. Todos sabiam que eu morava neste velho vagão então não me admirei ao encontrar o traje normal para o dia da colheita. - Se me dessem isto todos os dias é que era. Olhei em volta e despi-me lavando a cara na poça. Limpei os braços e as pernas com umas folhas molhadas. O ar estava gélido e arrepiei-me todo. Tudo estava frio e mau hoje. Toda a gente sentia o peso nas costas. Vesti a camisola tentando a alargar um pouco nas mangas, estava curta demais, para variar um pouco. Quando fui vestir as calças reparei num rasgão no joelho. - Merda! - Agarrei num trapo velho que tinha, usava o para limpar os pincéis. E atei á volta do joelho. Não ia apanhar mais frio! Logo a seguir vesti aquela fatiota, fui andando para a praça. Não tinha ninguém para me despedir. Não tinha ninguém que se interessa se eu morra ou não. Se eu fosse aos jogos morria logo aposto. Ninguem se ia interessar pro um rapazinho magricela que a única coisa que sabe fazer é desenhar. Já estava lá quase toda a gente, vestidos quase da mesma forma, raparigas para um lado, rapazes para o outro. Tudo dividido pelas idades, as caras pálidas e os corpos magricelas. Quando olhei para as meninas mais novas vi uma que não devia ter mais de um metro e 10 cm. Devia ter onze anos. Na cara notava-se que não comia muito. Ninguem neste maldito distrito come. Fui obrigado a mexer-me mas a imagem da menina não me saia da cabeça... Era uma criança pequena. Como é que alguém pode obriga-la a passar por isto? Como é que alguém pode obrigar nós todos a passar por isto?! Olhei agora para o palco, montado no centro da praça com ecrãs e colunas e microfones. Mas algo chamou a minha atenção... No meio estavam duas maquinetas, redondas com compartimentos. Nem eu sei bem o que era aquilo, tentei me chegar mais para a frente mas um Pacificador colocou-me de volta no meu lugar. - Mas que raios é aquilo? - Perguntei para o rapaz á minha frente mas ele nem me ligou. Eu revirei os olhos e registei-me, logo a seguir esperei. Num dos ecrãs mostrava aquilo, tinha vários compartimentos e em cada compartimento tinha um papel. E eu li: Joshua Knight. Engoli seco, ver o meu nome ali só tornava isto ainda mais real. E acho que muitas pessoas desejam que eu seja escolhido. Afinal de contas eu só trago problemas. A mulher começou a falar e disse que iríamos começar pelas raparigas. Começamos sempre pelas raparigas. Não me lembro de nenhuma do meu distrito. Eu estou sempre a pensar noutras coisas e alem do mais... Ninguem quer ser visto com o vagabundo do distrito. Mas a minha mente voltou-se para a imagem daquela menina. E eu rezei mentalmente para ela não ser escolhida. Não se ouvia nada. Somente o silencio. Olhei para cima e vi o céu escurecer ainda mais. Até lá em cima tudo estava nostálgico. Tudo escuro, com uma brisa fria a fazer todas as crianças arrepiarem se ainda mais. Como se não bastasse já estarem preocupadas por poderem ter uma morte feia e violenta daqui a pouco tempo. Voltei a olhar para o palco e a roleta com o nome das raparigas rolou. "Boa sorte...." Pensei enquanto aquilo rolava e rolava.
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world-for-texts-blog · 12 years
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A colheita por Lucy Heartfilia
Era dia de colheita, eu tinha acabado de acordar! Meu cabelo estava esparso, Unhas quebradas de tanto carregar coisas para lá e para cá, levantei e fui direto para o balde, jogando água em meu rosto, Eu sentia, cada gota, por mínima que fosse, descer através das minhas costas até se esvair nos meus pés! Fui até meu quarto, e lá estava ele, em pé, com minhas roupas já arrumadas, ele me explicara que a colheita não era algo assim tão má, Pôs-me sentada na cama, olhou em meus olhos, como se soubesse que eu não iria voltar, mais mesmo assim eu queria abraçá-lo. Ficamos um tempo nos olhando, não trocamos palavra alguma, até que ouvimos a sirene tocar, foi ai que nos levantamos e profundamente em questão de segundos, senti seus braços fortes me apertando, seus cabelos nem grandes nem curtos, mais ainda sentia-os em meu rosto, era tão alto que teve que se abaixar quase ajoelhando aos meus pés! - Vá rápido eu te amo, e volte logo - Disse-me com a maior tranquilidade do mundo, até que eu saísse pela porta, ele ficou me olhando, me virei e vi a luz do sol em meu rosto, quente como Apolo, Pisei no primeiro degrau e cai, alguém que eu não fazia idéia de quem fosse me ajudou e fomos juntos.
Corri Rapidamente até achar alguém que eu conhecia, Mas nada! Nem se quer vi se meus amigos estavam lá. Pensei… – Será que eu iria ser a escolhida? Será que dessa vez meu distrito irá ter um orgulho? Será que poderei honrar o meu distrito? E se eu não conseguisse? E se eu morresse na arena? E se não gostassem de mim? –
Depois de certo tempo esperando (Tempo que parecia muito longo) Vi o apresentador mandando os pacificadores acalmarem a briga que estava ocorrendo, não sabia quem estava brigando, mas dava pra perceber os vultos rápidos dos dois, percebi que não era apenas o menino de cabelos longos brigando, mas também havia uma menina, a pele dela era meio amarronzada com um laranja bem escurecido do solo na qual secou no braço dela. 
Mas fui perceber logo depois, que isso estava muito estranho, o cenário dos jogos estava diferente dessa vez, mas não era em si o palco e sim o cenário do meu próprio distrito, -Eles molharam o chão?- Pensei… Talvez estava paranóica sabendo que poderia ser eu a ser escolhida…
Parei em meu posto, esperando a roleta girar, e parecia que iria ser logo, eu estava tão cansada que não percebi que dormir em pé, até que chamaram a minha atenção, a menina que estava ao meu lado cutucou meu braço! Abri os olhos e já estava La ele falando! E que gire a roleta …
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world-for-texts-blog · 12 years
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world-for-texts-blog · 12 years
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world-for-texts-blog · 12 years
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Muito diwo fizeram no RPG *-*
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world-for-texts-blog · 12 years
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E isso em breve postarei as entrevistas *-* já fiz a minha e ficou bem legal espero que gostem e torçam pelos seus favoritos ok /Luiza
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world-for-texts-blog · 12 years
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A colheita por Josoeph Rookwood
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Os meus olhos seguem a manada de ovelhas que pasta cuidadosamente numa das montanhas que rodeiam o Distrito 10. É feriado, mas de qualquer maneira não quero estar lá. O receio; o medo; a estranha sensação que o estômago vai sair-nos pela boca; tudo isso juntou-se hoje ao meu lado, e de quem é a culpa? Capital. Abano a cabeça suavemente, de olhos fechados, para o lado esquerdo e depois para o lado direito. Espero que estes sentimentos acabem por passar. A minha visão está fraca demais para conseguir ver as ovelhas que já se afastaram o suficiente para deixar de ouvir o cão a ladrar. O sono que não destruí na noite passada começa-me agora a penetrar no cérebro. Preciso de descanso, mas mal fecho os olhos os pesadelos de uma arena em chamas devoram-me. Retiro de uma bolsa simples de coro o que mais parece um apito de madeira. Possuí dois furos estreitos na lateral, para deixar sair o ar, e uma "cova" no topo. Este instrumento foi construído por mim, na noite passada. Depois de estudar, consegui perceber o que chama realmente a atenção às ovelhas: um desagradável ruído agudo, que pode-se confundir com o barulho de um aeronave da Capital. Inspiro com força, enchendo os meus pulmões de ar. Assim que sopro para o interior do tubo, o ruído estende-se pelo ar. Assim que o eco se propaganda-se no interior das árvores, o som é substituído por diversos passos e chocalhos de metal. Aos poucos, o latido de um cão e finalmente uma mancha branca aparece no meio de ervas daninhas. Abro novamente o saco de couro e arrumo delicadamente o apito no seu interior. O saco não têm mais do que alguns bolsos para guardar coisas que encontro caídas no chão, para mais construções. O Sol começa a queimar-me a pele. Esse é o sinal que aquele lugar não se tornou mais seguro. Em breve, os pacificadores vão aparecer na minha casa e esperam-me encontrar-me lá como um bom menino, a almoçar.
Desapareço com o rebanho no meio de uma cerca de madeira. Com passos breves, entro em casa. Uma moradia larga mas baixa, com três quartos. A cozinha está ligada a uma luxuosa sala de estar e à farmácia do Distrito - ao qual os meus pais dedicam o seu tempo e vida. Quando entra-se na cozinha, pelas traseiras, encontra-se um alçapão velho e as escadas para o andar de cima. A energia é algo que apenas se pode ter de vez em quando, porém, as velas são abundantes em cima dos moveis e dos locais onde a superfície é plana. - Mãe? Mãe cheguei a casa. - Grito com a voz rouca. Estou imundo, e é certamente certo que a minha mãe vá reparar nisso. As mãos de uma mulher baixa, gorda e com o cabelo delicado e grisalho tocam-me no ombro. Recebo diversos avisos para estar a horas em casa e os perigos de passear o rebanho sem proteção, mas nenhum outro é tão doloroso como o puxão de orelhas que levo por ter sujado a entrada com lama. Sou depositado no meu quarto - uma área quadrada, com uma janela que dá para as ruas, onde o Sol bate logo pela manhã. As paredes tomam o tom de um castanho muito claro, e a mobília velha é a mais básica que pode existir no mercado. A cama raramente está feita; os lençóis são mudados uma vez por semana, e só aí é que encontro o meu quarto arrumado. À direita da porta, encontra-se uma secretária de madeira, cheia de utêncilios de metal e armas ou brinquedos feitos em madeira. Atrás do roupeiro, um "alvo" pintado por mim é escondido, e serve-me de treino para quando atiro as facas que crio. Gosto de testa-las. 
Tomo um banho rápido. A água potável só é disponível no andar de baixo, por tanto, tenho que me enfiar numa banheira de chumbo com água fria. Lavo a cara diversas vezes, sentindo-me ainda com vontade de vomitar o meu estômago. Nunca fecho os olhos. Não quero. Mas preciso. Preciso de descansar e eu sei disso, mas não quero. Não quero ver a minha morte face a um Profissional. Lembro-me do vencedor do Ano Passado. Ele matou metade dos tributos na arena. Metade... Como é que alguém consegue viver com esse número na cabeça? Afundo-me debaixo de água e volto à tona para respirar. A banheira não é funda; por tanto os meus pés ficam de fora quando mergulho. Assim que termino o banho, encontro a minha cama feita e uma camisa branca sobre a cama. A acompanhar o conjunto, umas calças normais cinza e uns sapatos que devem ser, obviamente, do meu pai. A minha mãe não aparece pelo quarto a dentro para me pentear, como fazia nas anteriores colheitas. Em vez disso, sou eu a pentear-me sozinho. Em frente a um espelho de tamanho reduzido, com o símbolo de Panem cravada numa rocha pregada à parede, consigo colocar o meu cabelo um pouco mais formal. A seguir, ajeito as mangas da camisa para as colocar até aos cotovelos. Está na hora... Do assassinato de dois adolescentes. 
Sou posto fora de casa pela minha mãe e arrastado até à Praça Central. A Casa da Justiça está bastante bonita hoje, porém continua com aquele ar cinzento que têm todos os anos. Os rostos das pessoas estende-se por todo o distrito. Não consigo distrair-me de uma garota que chorava agarrada à irmã. Ela, não deve ter menos de doze anos e a pequena deve ter pelo menos uns cinco. Como é que alguém fica feliz com isto...? Aguardo na longa fila, mantendo o meu olhar vidrado na minha mãe e no meu pai. Sinto o nervosismo deles... Tal como o meu. Sou filho único, e só os tenho a eles. Uma gota de sangue vivo aparece-me no dedo, e é destruída no registo, numa folha normal de papel com o meu nome. "Isto... É apenas um programa de televisão.", penso tentando abafar os gritos da garota que ecoavam na minha cabeça. Sou levado para uma das filas de rapazes de trás, vendo apenas o palco. À frente, sentado, o único vencedor do Distrito 10, Levenn; Matou um profissional final usando a água como refugio. Porém não deixa de ser um assassino. Por fim todos se calam. Os nervos aumentam e as garotas apertam as mãos. - Boa sorte Dianna... - Murmuro com a cabeça baixa. Dianna, a garota que eu sempre tivera uma paixão secreta e que talvez nunca fosse dizer-lhe. Gritos. Choros. Mães destroçadas. Não conseguia olha-la; ela subiu ao palco naturalmente, mas soube que não era Dianna. Que o meu apelo tinha sido ouvido. O meu coração para assim que ouço a voz rouca do apresentador do Distrito 10 a gritar: "E agora os meninos..."
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world-for-texts-blog · 12 years
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A colheita por Crystal White
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Nauela manhã eu me acordava cedo, Tomava um banho, comia algo e me dirigia para o centro do distrito junto com todos os jovens com idade entre 12 à 18 anos- A capital sente prazer em ver 22 adolescentes morrendo para recompensar o que nossos antepassados mortos fizeram- Eu pensava . Hoje teria a Colheita e eu pretendia não ir para os jogos mas eu ja estava pronta para caso eu fosse escolhida, aquele era meu 4º ano colocando meu nome na roda dos Jogos, eu estava assustada mas não demontrava eu dava meu nome e ia para junto de todos percebendo que meu irmão e meu melhor amigo estavam lá murmurei para os dois -Boa sorte!- em seguida eu voltava a olhar para a mulher colorida que estava no palco, a ouvia dizer sobre o mesmo video de sempre e em seguida passava o video, apos o termino do mesmo ela falava algo e depois falava algo me me intereçava Primeiro as damas então fechei meus olhos respirei fundo e quando os abri a roleta ja estava rodando, aquele seria o inicio de um novo mundo então ela tirou o nome da dama
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world-for-texts-blog · 12 years
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A colheita por Serena Myler
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Seria minha primeira vez na Colheita, não que seria realmente a primeira vez, mas é a primeira vez que eu sentia que podia ser escolhida. Eu não era tão autoconfiante, desde que... Bem, desde que ele se foi. Eu sentia sua falta o tempo todo, menos quando eu, bem o tempo todo não tem um mais ou menos. Mas se eu fosse para os jogos eu iria vingar sua morte ou morreria, o que me deixava mais nervosa. Não, nervosa não seria o sentimento correto, eu ficava ansiosa, com certeza esse seria o maior dos meus problemas lá dentro. 
Eu não queria entrar, mas como evitar? Alimentar cada vez mais a audiência da nossa querida Capital, que só pensava no nosso bem estar e divertimento do povo. Como eles eram amáveis, não? Fomos levados até onde a Colheita aconteceria, eu estava desanimada e não queria ver a cara daquela gente. Eu não via ninguém do meu distrito lá além de mim. Senti minhas mãos suarem frio, tudo bem eu não tinha alguém que esperasse por mim quando eu saísse, mas tinha alguém por quem valia a pena lutar, eu. Se tinha alguém que merecia a minha vida era eu mesma, ninguém mais iria dar valor a ela enquanto as suas estivessem em risco, ninguém se sacrificaria para salvar a minha vida e eu sabia que tinha isso ao meu favor. 
Como eu já havia notado não tinha ninguém do meu distrito por lá, porém já estavam muitos tributos, que eu sequer conhecia. Somos direcionados a algo que tinha o aspecto de uma arma gigante, olhei para os lados e via os rostos ansiosos para saber quem serão os próximos tributos, porém não ouvia devido ao extremo estado de tensão. Eu olhava para os lados, procurava alguém que sorrisse para mim como se dissesse “tudo bem, vai dar tudo certo”, mas não tinha. Eu ia andando lentamente até onde éramos conduzidos, deixando que as outras garotas fossem na frente. Comecei a subir uma escada para alcançar um lugar que parecia a roleta da arma, éramos encaixados como se fossemos as balas, mas éramos nós, aquilo devia ser divertido para quem olhava. Eu parei na ponta da escada antes de entrar, engoli seco então senti alguém me empurrando e entendi que era pra eu continuar, me posicionei lá dentro. Enquanto aguardava olhava fixamente para o horizonte com os olhos vazios, o coração acelerava a cada segundo que passava, o tempo parecia eterno e nem as lágrimas tinham coragem de brotar dos meus olhos.
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world-for-texts-blog · 12 years
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A colheita por Mason Greene
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Nunca perdi ninguém para os Jogos Vorazes, mas somente pois não houveram oportunidades. Certamente você deve estar pensando, "-Cara, você é muito sortudo". Eu não penso assim. Pelo contrário, isso é uma catástrofe quando se tem quatro irmãos mais novos. Só de cogitar a possibilidade de algum deles ser selecionado e eu já estar velho demais para poder me voluntariar, bate-me o desespero.
E agora que o meu irmão do meio também adentra na contagem, eu tinha a obrigação de acalma-lo. Eu até queria dizer para ele que não será selecionado e que ficará tudo bem, mas não posso mentir para ele, tenho de ser realista e lhe contar tudo que sabia sobre os jogos. E esta foi a minha noite senhores, não dormi, ao invés disse contei tudo que aprendi assistindo tantos anos de jogos.
Só pude descansar duas horas antes da colheita. Não era muito, mas considerando que quase nunca durmo esta quantidade de tempo, dou-me por feliz. Quando desperto, todos estão prontos e assim tenho tempo para me arrumar. O banho gelado de sempre, as roupas brancas que foram compradas ano passado e a mesma marcha fúnebre de todos os anos. Sim, é difícil senhores, mas é algo que tenho de suportar por mais dois anos. 
Durante a caminhada, percebo as pessoas que nos encaram com grande tristeza. Na minha mente, elas pensam que o próximo que dobrar a esquina para alcançar o edifício da justiçã será o escolhido. Eu, entretanto, retribui a tristeza com rancor. Não queria que condenassem nem a mim e nem aos meus irmão, e aparentemente, eles deviam entender, pois permitiam que todos passásemos. 
Quando alcançamos a praça, abraço minha mãe e minhas duas irmãs mais novas e apertando as mãos dos meus irmãos. Passamos pelo procedimento padrão de coleta de sangue e registro de tésseras, este ano peço apenas 5 tésseras. Logo, sou encaminhado para uma lacuna. Aparentemente, cada candidato a tributo era levado para uma dessas lacunas e lá jogariamos algo como roleta-russa. Ou seja, se você foi disparado ou escolhido, será encaminhado para a morte lenta e dolorosa na arena.
Endireito-me da melhor maneira que posso e aceno para o meu irmão quando ele se move até a lacuna que se encontra ao meu lado. - Boa sorte... - Ele faz um aceno de concordância, retribuindo meu comprimento. Então, a roleta começa a girar e posso somente ouvir o representante da Capital dizer "Como sempre, moças primeiro."
No fundo, rezo para que seja qualquer um , o escolhido. Se eu e minha família não formos, estarei bem. 
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world-for-texts-blog · 12 years
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A colheita por Bridget Wyatt Helmholtz
Acordei me sentindo estranhamente bem. O sol inundava o quarto, de modo que era praticamente impossível eu dormir mais. De qualquer forma, eu estava muito ligada para conseguir voltar a dormir mesmo. Levantei-me, e engoli alguns poucos grãos no café da manhã e meio copo de leite. Não era nem de longe o melhor café da manhã, mas era somente aquilo que nosso dinheiro permitia, e ainda era muito comparada às outras famílias. À mesa estavam meus pais, silenciosos, os pensamentos a mil. Eu mesma não tirava da cabeça o que estava por vir, e as preocupações que aquilo me implicava. Claro, esta era a minha quinta colheita, e eu já pusera meu nome lá umas quinze vezes no mínimo. [i]E se eu fosse sorteada este ano?[/ir] era o que se repetia constantemente em minha mente. Obviamente, não exteriorizei o pensamento para não deixar minha mãe ainda mais nervosa do que ela já aparentava estar. Ela odiava os Jogos mais do que qualquer outra coisa, perdeu seu irmão assim. Até hoje se ressente da Capital.
Mas o fato é que eu queria ir. Por mais horrível que seja, seria ótimo se eu ganhasse. Minha família finalmente teria descanso, comida a vontade, e uma casa muito melhor do que a que nos foi designada agora. Fama, dinheiro. Não posso negar que tenho certa ambição. Até andei praticando bastante após as aulas no meu quarto, minha habilidade com as facas, tentando acertar na mira. Meus alvos atualmente eram umas bonecas de quando eu era pequena, ou até mesmo pequenos lagartos. Não estava ótima, mas conseguia fazer o melhor que se consegue com uma faca de cozinha e acertei pelo menos perto do ponto que gostaria de atingir. Se eu estivesse treinando na Capital, certamente estaria afiadíssima. 
Meus pais nem sonham que isso acontece, provavelmente ficariam decepcionados. Não lhes parece correto eu almejar certas coisas, não quando o perigo é alto demais, e um pequeno erro poderia significar minha morte prematura. Eles já sofreram demais. 
Alterno o tempo antes da Colheita jogando cartas com um vizinho, sem nenhum interesse real na partida. Quando o relógio bateu às onze, voltei para casa para desfrutar de um almoço que mesmo depois de sair da mesa, ainda estava com fome. Pouco, bem pouco. Sem muitas palavras, tomei um banho demorado na banheira, pensando que talvez esta fosse a ultima vez que estaria tomando um banho em casa. Na verdade, todos os anos eu pensava assim. Acho que todos pensam, não é?
Quando sai enrolada na toalha, minha mãe me aguardava sentava na cama, olhando alguns desenhos que eu fizera de nós duas quando tinha dez anos. Ela guardava todos numa gaveta. Sua expressão era voraz, mas controlada. Quando me vê ela se apressa em me abraçar, e não posso deixar de retribuir. - Que tal esse? - perguntou-me, afastando-se e pegando um vestido branco de linho antigo, mas em perfeito estado. Ele era bem simples na realidade, um pouco acima do joelho e de mangas bem curtas. Colado até a cintura, rodado na barra. - Perfeito. - disse-lhe, não demorando a me vestir. 
Em pouco tempo, saí para a rua, em direção à praça onde aconteceria a colheita. Um sistema estranho e curioso estava estabelecido, com duas armas gigantes que giravam para apontar para os próximos tributos do 8. Na área das garotas da minha idade, onde eu estava, todas murmuravam palavras de encorajamento entre si, de modo que permaneci calada. Minhas mãos suavam frio, eu mal me aguentava em ansiedade. 
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world-for-texts-blog · 12 years
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A colheita por Leonard Shopenravner
No momento de vigília, há aquela sensação de mescla entre os mundos real e onírico. O que é verdadeiro? Aquela silhueta feminina formada pelo contraste de seu corpo com a esfera lunar que ocupava todo o horizonte realmente estava ali? Deveria estar. Seu cheiro que se estendia por toda a rua inóspita e soturna, chegava de encontro ao rosto de Leo como um golpe ardente e seco. Atiçava sua fome. Seus instintos mais primitivos. Sua sexualidade. Ele não conhecia a mulher, ou ao menos assumiu isso. Aquele cheiro... Sim, estaria marcado em sua memória, se a conhecesse. Mas a rua, ele conhecia aquela rua. Era a rua em que morava, porém, estava desenvolvida. O chão de terra batida já não estava mais lá e, em seu lugar, um tapete de asfalto deslizava de seus pés ao infinito. As casas ao seu redor estavam limpas, pintadas, cuidadas. As plantas já não mais mendigavam a terra, estavam verdes e com traços vitais. Era como uma visão ideal de o lugar aonde morava. 
O céu escureceu repentinamente. Leo não conseguia se mover, mas com certeza sentiu quando algo estalou em seus braços. A rua foi sendo pontilhada por água que escorria da abóbada celeste escura. As gotículas pareciam estar sendo jogadas para ele pelas estrelas. Seu corpo absorvia aquilo com um prazer indescritível. Era como um banho de vida. Nisso, quase havia se esquecido da mulher.
Ela, então, moveu-se vagarosamente, desferindo um passo felino e tímido. Nesse momento, a grande massa de luz prateada atrás dela ganhava um tom ígneo. Se incinerava. Aquela luz esbranquiçada e quente só não era mais penetrante que o olhar da moça, que se revelou apenas para a mente de Leo, assim que o fogo se expandiu por toda a rua, engolindo-no. 
Os olhos do jovem garoto logo se abriram assustados. Mas apenas isso. Seu corpo se manteve tão estático quanto estivera em seu sonho. A luz estampada em sua face caucasiana era como um choque de realidade. Em um momento, estava no lugar mais feliz do mundo, frente à mulher mais bonita do mundo e sentindo-se a pessoa mais importante do mundo. No outro, estava de volta à sua cama desconfortável e improvisada. Abrigado por um cômodo feito de madeira úmida e partilhando o quarto com qualquer inseto que quisesse viver ali. Ou seja, estava de volta à vida miserável e real. 
A coisa que mais odiava, era acordar com o sol em seu rosto. Já mencionando o fato de que era extremamente desconfortável, ainda o deixava suado e com sede. E visto suas condições de vida, não era previsível o próximo banho que tomaria ou a próxima vez que tomaria um bom copo de água. Nesses momentos, Leo desejava poder sonhar para sempre. Viver naquela rua, com água que caía do céu e sentindo o cheiro daquela mulher. Ah... 
Infelizmente, sonhos não enchiam sua barriga, nem tiravam sua sede. Seu esforço fazia isso. Sua luta, sua motivação e sua vontade de viver. É até irônico pensar que um garoto de dezessete anos, abandonado no mundo e sem muitas chances para o futuro poderia ter tanta vontade de viver. Mas sua vida era guiada por um único ojetivo: Melhorar a vida daqueles que, assim como ele, tiveram aquela realidade imposta em sua vida. Sim, além de ter sido abandonado quando muito novo, ainda tivera que aprender a sobreviver totalmente sozinho. Talvez fosse egoísmo dos outros moradores do distrito, mas talvez eles apenas pensassem que um garoto fraco e ingênuo não poderia ser de grande ajuda. Não faria muita diferença. E isso Leo aceitou até muito tarde. Mas agora, já mentalmente adulto, queria provar o contrário. Provar que não existe determinismo. E que qualquer um pode fazer qualquer coisa. Mas ainda não sabia como fazer alguma coisa. Era frustante demais querer nadar contra a maré. Mas possível. E essa única palavra o motivava.
Após empurrar uma tábua de madeira que servia como porta de sua casa, saiu pelas ruas, com seus olhos ainda um pouco ofuscados pela luz solar. Às vezes apenas queria que o sol se apagasse. Ele conhecia toda a história das plantas, que produziam energia através do sol e depois liberavam oxigÊnio para os animais e bla bla bla, mas ainda assim, sentia-se vulnerável de dia. Era uma pessoa muito sozinha e o dia era como uma infestação de pessoas que pouco se importam com o que acontece ao seus redores andando para lá e para cá. Era confuso e caótico demais. A noite era perfeita. Apenas o silêncio e os seus pensamentos dialogavam. Além de não ter aquele maldito e ardente sol. 
Seu distrito não tinha nada demais. Tudo era muito rudimentar e precário. As ruas sujas que contrastavam com seus sonhos. Assim como casas de tijolo exposto e até algumas outras de madeira, enfiadas em qualquer canto inabitado. Tudo isso, exceto é claro pela influência da capital. Uma enorme tela de televisão ficava presa a uma grande torre, de modo que o distrito todo pudesse vê-la e ouvi-la. Mas era muito raro ela se acender. Só era ligada quando havia uma mensagem importante da capital. Quando iam ocorrer os sangrentos jogos da fome ou quando alguém ia ser punido por eles. 
Os passos de Leo eram tão preguiçosos, lentos e espaçados quanto os de um animal pastando. Ele imergia tanto em seus pensamentos, que esquecia do mundo ao redor. Se desligava dele. E foi justamente por isso, que não notou imediatamente o mutirão de pessoas altas e trajando vestes brancas. E considerando que naquele distrito, uma roupa limpa era quase tão rara quanto a própria água, dava-se para estipular o nível de distração em que o garoto se encontrava. Continuou caminhando até esbarrar numa mulher que havia parado em sua frente, tentando ouvir o que uma mulher dizia no grande monitor de plasma. Leo se desculpou com um gesto breve de sua mão e se virou. O que viu foi uma mensagem cortada. Só identificou as palavras "Colheita terá início.... Testes.....Jovens entre doze e dezessete anos" . Leo não acreditou de cara. Continou fitando a tela mesmo desligada. Como podia não ter se lembrado do único dia do ano em que alguma coisa que fugia daquela mesmice acontecia? Aquele seria o último ano em que aquele ritual estaria presente na vida do jovem. 
Por um lado, isso era extremamente aliviador. Não se submeteria mais às mãos da capital. Ao menos não diretamente. As garras deles já haviam dilacerado qualquer ínfima expectativa de um futuro melhor para os moradores dos distritos. Mas será que isso era absoluto? Um pensamento tímido então surgiu de modo tão efêmero quanto se esvaiu na mente de Leo: "Será que a colheita poderia ser uma última bala no tambor da esperança.
mas não pode desenvolver suas expectativas e criar sonhos com a iminência do que ocorreria a seguir. Seu braço fora brutalmente puxado por um homem trajando vestes claras e impecavelmente limpas - o que evidenciou o fato de não ser um morador do distrito - que o arrastou sem nem ao menos troca de olhares até um grande trem. Leo fora jogado como um objeto no vagão, aonde encontrou muitos mais jovens que, assim como ele, estavam nas mãos da capital à partir daquele momento. 
O fato de todos cheirarem mal e estarem extremamente sujos e machucados passou despercebido aos olhos do garoto, que só conseguia se focar nos olhares daquelas pessoas desalmadas. Mas não desalmadas por serem maldosas. Mas sim por terem tido toda a sua esperança e personalidade tragadas como um cigarro ruim pela capital. Leo sentiu uma onda de cólera naquele momento, acompanhada por determinação. Era como se começasse a sentir-se responsável por aqueles que o cercavam. Embora nem ao menos os conhecesse. Mas ele conhecia a si mesmo, à sua dor e isso bastava para fazê-lo querer que ninguém mais sentisse aquilo. Sentisse-se imponente e inútil.
Finalmente o trem parou junto às divagações do jovem. Uma fila improvisada foi formada com facilidade, considerando que nenhum dos jovens ali estava em condições para resistir. Dessa forma, em poucos instantes, todos estavam tendo seus sangues recolhidos por um aparelho eletrônico que com certeza seria objeto de extrema curiosidade, caso fosse encontrado no distrito. Leo apenas cerrou os olhos de dor quando seu sangue escorreu para um identificador, aonde seu nome apareceu em seguida. 
aquilo era mágica ou ciência da capital? De qualquer forma, aquilo não importava. Aquele era o momento. Ouviu distraidamente à voz de um homem que emanava por entre todos ali presentes. Sua mente fervilhava de nervosismo e seu coração quase parou quando entrou no que parecia uma cúpula gigante. Quando notou, estava girando. E girando. E girando. O que aconteceria à seguir?
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world-for-texts-blog · 12 years
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A colheita por Henrik Syrkiov
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Eu não estava feliz em participar da colheita, também quem concordaria em ir de bom grado para uma arena e virar brinquedinho nas mãos da capital e ter a possibilidade de não voltar mais? Pois é ninguém, a não ser os mais gananciosos talvez. Eu estava preparado mentalmente pra ser escolhido e ter minha vida arriscada naquela Arena, eu estava preparado pra nunca mais ver aqueles que eu sempre conheci, alguns podiam chamar isso de pessimismo,mas não era, ser otimista como alguns eram simplesmente não dava, não queria me iludir coma possibilidade de não voltar, como todos eu queria voltar, ficar famoso em toda Panem, como Michael Deisler ficou, mas eu era mais realista do que otimista, além de que eu não sabia se seria escolhido ou não pra ir pra Arena. 
"Meu filho, eles não vão te escolher, você vai ver" - Minha mãe forçava um sorrisinho, ela não queria perder outro filho nos jogos, eu tinha 16 anos e já tinha perdido um irmão e dois primos pros jogos, mas dessa vez ia ser diferente caso eu fosse. - Tudo bem mãe, eu vou voltar, você vai ver. - Sussurrei baixinho, só pra ela, beijando o alto de sua cabeça e depois envolvendo-a em um abraço apertado. 
Meus passos tomaram rumo que eu já tinha em mente, não prestei muita atenção ao meu redor, eu queria que aquilo acabasse logo,se fosse pra ir pra casa eu iria, se fosse pra ir pra Arena eu iria e mataria todos pra poder voltar,eu só queria viver em paz, mas até a queda da Capital isso seria no mínimo impossível. Quando por fim alcancei meu destino meus passos pararam, eu já tinha me juntado aos outros garotos de 16 anos, eu me mantinha sério, como a maioria deles ali se mantinha. - Ora que rostos tão lindos, quem será que irá representar o distrito 5 na Arena? - Aquela voz irritante adentrou os meus ouvidos como um miado estridente de um gato sendo amassado por alguma coisa. Respirei fundo correndo o olho nos outros jovens ali, longe pude ver alguns conhecidos e até amigos, ouvi o barulho de tiro, olhei a mulher a nossa frente. - A hora chegou de selecionar um jovem e uma jovem corajosos que irão representar o distrito 5 da 101ª edição anual dos Jogos Vorazes, comecemos pelas damas ... - Eu não me importava quem seria a garota, eu não era apaixonado por ninguém no meu distrito, nem nada do tipo, meus amigos eram todos garotos, mal falava com as meninas. - Muito bem agora um rapazinho... - Internamente eu pedia pra que não fosse eu, mas se fosse ... Eu iria lutar como nunca lutei.
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world-for-texts-blog · 12 years
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A colheita por Loshi Wasee Hayes
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Olhando para o céu azulado, continuei minha caminhada em direção a pequena floresta do distrito 5. Durante o caminho meus pensamentos eram inconstantes. Faltava apenas um dia para a colheita. Suspiros e calafrios afloravam minha pele, demonstrando minha tensão. Pressentia que nada de mal aconteceria a mim ou a Erin, mas ao mesmo tempo uma escuridão encobria meus pensamentos. E então eu me imaginava, ali, no campo de batalha onde somente um tributo sai vitorioso. Mas como? Sim já era chegada à colheita. O tempo havia passado com uma rajada de vento que leva tudo com força e rapidez. Parecia ter sido ontem que o tributo vitorioso Michael, havia sido coroado por sua proeza dentro da arena Lua, mas não, os próximos jogos já se aproximavam.
Chegando a cerca, que separa o distrito da floresta, com cautela olhei para os lados a procura de alguém que poderia estar me observando. Não, não havia ninguém a espreita. Então com muito cuidado, para não me machucar, peguei uma parte do arrame farpado e puxei para cima. Assim, possuía o espaço necessário para passar por debaixo da cerca. Depois retornei a colocar o arrame para baixo, não deixando pistas de que havia passado por ali. Andando lentamente pude ouvir vozes, se aproximando bem devagar. Sim, era um pacificador que estava ali por perto, a procura de algum delinquente rebelde, como eu. Portanto, sai em disparada, em direção à mata fechada da floresta, subindo em uma árvore não muito alta, mas segura. Logo, o perigo passou e pude descer dali.
Estava completamente esbaforida, devido à corrida para salvar-me de uma repreensão. Por isso, peguei em minha mochila uma pequena garrafa de água, bebericando apenas alguns goles. Afinal de contas, eu não sabia até que hora seria minha caçada. Preparei algumas armadilhas, e subi finalmente em um galho, que estava no máximo um metro e meio do chão. A movimentação da floresta era quase nenhuma. Recostei então minha cabeça no tronco da árvore, em sinal de cansaço, e pus-me a cantar bem baixinho. “The world is ours if we want it. We can take it, if you just take my hand...There's no turning back now”. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Quem me conhecia, somente depois da morte de meu amado, pensava que eu não era capaz de sofrer, que eu era durona sempre. Mas não, eu ainda me lembrava da morte dura de Chasee.
Chorei até soluçar, foi então que percebi que o vento começava a bater mais forte de um lado da floresta, e isso com toda a certeza faria os animaizinhos se movimentarem, saírem de onde estavam. Enxuguei minhas lagrimas com as mãos, peguei meu arco e separei três flechas ao meu lado. Preparando uma, que estava sedenta por um animal. O barulho de uma ave tilintou em meus ouvidos, trazendo meu sorriso sarcástico de volta. 1, 2, 3... Agora o único barulho que podia se ouvir era o baque da ave caindo ao chão. Esperei mais alguns minutos, mas nada, e como o céu já estava deverás escuro, resolvi ir logo vender aquela ave suculenta, no mercado.
Sai da floresta e avistei outro pacificador. Guardei a ave na mochila e peguei um cigarro. Com tom insano e debochado, fui até o pacificador e fiz um pedido inusitado, deixando-o de boca aberta e quase me batendo. “Ei, Sr. Pacificador, por acaso você não poderia acender o meu cigarrinho. Sou filha legitima, porém, rejeitada da capital e mereço um pouco de diversão, ou não?”. Nem eu acreditava ter dito tal afronta. No entanto, a maior surpresa foi a minha. O pacificador estendeu suas mãos, e tirando um pequeno isqueiro do paletó, acendeu meu cigarro.
Agradeci-o e voltei a seguir meu caminho, curto, mas cansativo. Ou melhor, eu já me encontrava cansada, por isso parecia ser mais longo do que normalmente era. Encontrei minha mãe no caminho, dei-lhe um beijo na testa, e falei que levaria algo bom para comer em casa, à noite. Ela assentiu, e um pouco mais sorridente, continuou seu caminho para casa. Provavelmente Erin já estava em casa. Às vezes, me sentia uma segunda mãe, ou até o papai. Pois depois que o mesmo morreu, tomei conta de mamãe ajudando-a o máximo que podia assim como ele o fazia.
Finalmente cheguei ao mercadinho. As lojas começavam a fechar, por isso, tentei ser o mais rápida possível. Primeiramente fui ao açougue vender a ave robusta que havia capturado. Não ganhei muito, mas o suficiente para comprar alguns legumes e macarrão, para fazer uma sopa mais incrementada, e por sorte sobrou o suficiente para poder comprar um frasco de gel para o cabelo. Colocando tudo na sacola, terminei de tragar meu cigarro, e joguei-o no chão, esmagando-o com meu coturno marrom, já bem desgastado.
A noite foi bem melhor do que esperado, por ser véspera de colheita. Juntas, eu e Erin fizemos a janta. Uma sopa deliciosa de macarrão com vários legumes. Algo que há tempos não comíamos, e nos satisfizemos bastante. Nesta noite eu fiquei com a obrigação de dar a janta a meu irmãozinho e depois lavar a louça. Fiz tudo rapidamente, ao contrario de muitas crianças, meu irmão, aquele lindo pequenino de cabelo loiro e cacheado, sempre jantava sem pirraça. Deixei-o no quarto, onde mamãe iria ler uma historia para ele dormir, assim como fazia comigo e Erin, quando éramos crianças.
Chegando ao quarto Erin já estava dormindo, ou fingindo. Notava que ela estava inquieta havia uma semana, e isso tudo pode ser confirmado pelas suas olheiras de cansaço. Mas quem iria ligar para isso, visto que, a colheita estava tão próxima de acontecer. Deitei e logo adormeci, porém, acordei no meio da noite e não mais consegui dormir. Havia tido algum pesadelo que não consegui lembrar, de forma alguma. Virava insistentemente de um lado para o outro, e nada de o sono voltar. Logo, os raios de sol já entravam pelas frestas da janela, deixando-me mais nervosa.
Percebi que Erin havia retirado seu cobertor bruscamente, provavelmente, havia acordado. Por isso, virei para o lado e fechei os olhos, fingindo dormir o meu sono pesado e costumeiro. Pressenti que ela me olhava, pensando em algo mirabolante, ou então só tentando ver se eu estava mesmo dormindo. Fingi um ronco meio estranho, fazendo-a acreditar no meu sono.” Loshi, levanta.” É, meu plano deu certo, pensei. A vi saindo em disparada do quarto, como se estivesse extremamente aflita, ou então estressada. Mas eu é que não queria saber, portanto dei uma enrolada no quarto antes de descer.
Estava exausta, quase caindo da escada quando descia. Assentei na mesma e comecei a rir sem parar, num ataque de risos contagiante, que só eu podia ouvir. Fui até a cozinha, onde pude ver meu irmão comendo sua maça cortada, e minha irmã, olhando profundamente para mamãe. Uma tristeza repentina pareceu tomar conta da cozinha, deixando todos calados por alguns instantes. Na mesa não havia muita coisa, apenas queijo, algumas maçãs e pão de milho, afinal nossa situação não estava das melhores.
O ar estava muito estranho, minha irmã até o instante não pronunciará nada. E ela, que era tão falante, ao contrario de mim, que era uma pessoa muito fechada. Assentei-me na cadeira do lado de Erin, e pude perceber um sorriso de canto de boca, e por fim ela finalmente falou algo, enquanto me entregava uma vistosa maça. “E que a sorte esteja sempre a seu favor.” Mais uma vez não pude controlar minha risada, talvez estivesse mais nervosa do que nas outras colheitas. “Muito obrigada irmãzinha, mas dependendo da sorte, prefiro ela longe de mim”. Imitamos direitinho o sotaque da capital. Começamos a rir loucamente, como em algum dia qualquer durante o ano quando lembrávamos daqueles coloridos e esquisitos poderosos da capital.
“Fiz vestidos para vocês!”, ouvi minha mãe dizer enquanto se aproximava de nós por trás, dando-nos um abraço apertado e indo para o seu quarto. Voltou trazendo dois lindos vestidos. Eram simples, porém os mais bonitos que eu já havia visto. Apesar de não gostar muito de vestido, dei um abraço apertado em mamãe e fui para o quarto me trocar. Meu vestido era branco e o de Erin um lindo azul. Como sempre eu demorava mais para me arrumar, ocupando durante alguns minutos o banheiro. Adorava fazer penteados dos mais diferentes. Dessa vez, aproveitei o gel que havia comprado no dia anterior, e fiz um pequeno topete com uma trança levemente voltada para o lado.
Desci as escadas e vi Erin me esperando na porta, e mais ao lado minha mãe e Enzzo. Fui até os dois, dando um abraço apertado em Enzzo, e apertando-lhe também as bochechas, deixando-o levemente irritado, como sempre fazia. Porém, ele adorava me ver sorrindo e logo me abraçava de novo. Por fim, antes de sair de casa abracei minha mãe, e dei-lhe um beijo na testa. “Mãe fique firme, se alguma de nós não voltar hoje, saiba que será uma de nós a vencedora dos jogos”. 
Erin e eu éramos muito ligadas. De mãos dadas durante todo o percurso, fomos em direção ao Edifício da Justiça. Quando chegamos ao local, já de costume esperamos na enorme fila para tiragem de sangue e checagem de presença. Picadinha no dedo, sangue numa folha de papel, papel num recipiente enorme de vidro com os demais papeis. Logo atrás estava minha irmã, esperei-a ali por perto, enquanto observava os “novatos” na colheita. Senti um abraço apertado, era Erin, ela parecia tão frágil que quase me fez chorar na frente de todos, coisa que eu evitará durante muito tempo.
Hellou, aquela voz da capital sempre me irritava. Reclamei assim que mais uma esquisita da capital nos desejava um “Feliz Jogos Vorazes”. Feliz? Um dia ela vai ver meu feliz punho na cara dela. Aquele filminho sobre a rebelião me dava sono, ele não se davam conta de que eram hipócritas e nós sabíamos disso, só não tínhamos a força necessária para contra ataca-los. Um menino e uma menina seriam escolhidos, como sempre. Primeiro as damas... Como se isso fizesse alguma diferença, logo irão uma dama e um cavalheiro, a ordem não importa, meu santíssimo. Estava no ponto alto do meu estresse quando meus olhos se depararam com o enorme revolver, uma roleta gigante onde todas as meninas no distrito se encontravam. Segui a fila e adentrei naquele enorme buraco, me sentia como uma bala de fogo. Esperava não ser o"tiro" certeiro. Então tudo começou a girar, minha cabeça girava, ela girava e girava e parecia que não iria parar. Mas parou, assim como o revolver. E uma de nós era a escolhida.
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