Tumgik
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37. Scream
Alícia’s POV
Fui até a loja de tintas e chegando lá percebi o quanto meu hobbie era caro. Qual é, que tintas caras! Mas beleza, eu precisava me distrair um pouco, tirar a Jade, o Tarik e a Luna da cabeça. E pra falar a verdade, eu nem sabia porque a Luna estava na minha mente. Eu nem sabia se ela merecia estar lá. Enquanto eu mexia na minha mochila pra pegar o dinheiro das tintas e pagar o cara do caixa, que não parava me encarar, eu percebi que estava com o caderno de desenhos dentro dela. Eu acho que não parava pra desenhar desde que eu tinha uns 13 anos. Confesso que aprendi tudo o que eu sabia de desenho com o Tarik e o Matheus, irmão mais velho dele, não que eu sabia muita coisa, eles eram bem melhores que eu. Paguei as tintas e enquanto fazia o percurso de volta pra casa decidi desvia-lo e seguir para um parque que ficava a algumas quadras de lá. Por sorte, e quase um milagre, tinha um banco vazio logo depois de umas crianças jogando bola. Sentei nesse banco e tirei um lápis velho e meu antigo caderno de desenhos da mochila. Eu lembrava de quando a maioria dos meus problemas eram resolvidos passando horas e horas desenhando. É estranho pensar que depois de um tempo tuas visões mudam, agora eu não me via resolvendo porra nenhuma sem álcool ou um maço de cigarros. Que deprimente!
Assim que abri meu caderno, me deparei com um desenho interminado de uma guria, eu nem me lembrava se eu a conhecia de fato, mas ela parecia muito com uma personagem de um dos meus livros favoritos. Decidi terminá-la e logo toda minha concentração estava em decidir se eu a fazia sorrir ou não. Coloquei meus fones de ouvido e não demorou muito pra Two Fingers, do Jake Bugg, me fazer esquecer de tudo ao redor. Aquela música com certeza estaria na playlist que eu tocaria no meu funeral.
"So I kiss goodbye to every little ounce of pain Light a cigarette and wish the world away..."
Não demorou muito para eu perceber que alguém havia sentado do meu lado, levantei os olhos só pra me certificar de que não era um assaltante, e no momento em que eu reconheci aquele rosto eu preferi que fosse um assalto mesmo. –  Oi. –  Ela disse em um tom simpático. Qual é tua, Luna? –  Oi. –  Respondi em um tom não tão amigável assim e prendi meus olhos na folha em que eu estava desenhando como se o mundo fosse explodir caso eu os tirasse dali.
Ela tentou puxar assunto, ou pelo menos foi o que me pareceu. Elogiou o meu desenho e pareceu ser bem sincera ao dizer que tinha gostado. Mas eu era cabeça dura demais, apenas agradeci. Achei que a Luna fosse embora depois de eu não ter sido tão legal assim com as palavras escolhidas para respondê-la, mas não, ela continuou ali. Ela continuou ali por muito tempo. Sem dizer uma palavra. Quieta. Porra, garota, fala alguma coisa! Aquele silêncio constrangedor já estava me incomodando e decidi ir pra casa terminar a minha parede.
— A gente se fala. – Disse com um simples sorriso. — É.  Tchau. –  A voz dela me deu um peso na consciência de ter sido escrota.
Eu não sabia qual era a dela, eu não a conhecia bem e eu nem sabia até que ponto o Gabriel estava certo sobre ela. Mas eu queria saber porque ela conseguia me deixar tão desconfortável e ao mesmo tempo tão leve. Que porra ela tinha? Eu precisava descobrir.
Eu estava quase indo embora de fato quando me virei e resolvi dar uma chance, quem sabe ela fosse mesmo uma garota legal? Eu nunca ia chegar a uma conclusão se continuasse sendo escrota.
— Escuta… Eu comprei umas tintas pra pintar o meu quarto e… Você quer me ajudar? — Eu nem pensei ao certo que palavras usar ao dizer isso, quando eu vi, já tinha saído.
Ela pareceu relutante em aceitar o convite e eu a entendi completamente, ela devia estar achando que eu tinha algum problema. E talvez eu tivesse mesmo. Mas, depois dos cinco segundos mais longos da minha vida, ela aceitou. E sorriu enquanto se levantava e vinha na minha direção.
Não demoramos tanto pra chegar na minha casa, mas não conversamos muito durante o caminho. Estava um clima péssimo e eu sabia que boa parte dele eu tinha causado, mas ela também não era assim tão inocente.
Logo que chegamos em casa o Stitch veio nos recepcionar abanando o rabo pra Luna, acho que ele gostava dela. Eu te entendo, cara.
Ela ficou brincando com ele por alguns minutos até que eu o pegasse e o levasse para o quarto conosco. Era estranho ter a Luna de novo na minha casa, achei que aquilo nunca mais fosse acontecer depois daquela festa.
Entramos no meu quarto, que pra variar estava bem bagunçado. Eu a deixei por lá e desci pra pegar alguns jornais, afinal, eu não estava afim de foder o chão de tinta. Assim que eu entrei, ela parecia estar tentando arrastar meus móveis para o outro lado do quarto, fiquei a observando da porta por um tempo. Era uma cena bem engraçada, já que a Luna era toda magrinha e não me parecia ter força o suficiente pra isso, apesar de ter tomado a iniciativa de mudar as coisas de lugar.
— Acho melhor deixar tudo nesse canto enquanto a gente pinta aquelas paredes, depois volta com eles pro lugar. — Ela disse tentando explicar o motivo de estar mexendo nos meus móveis. — É, pode ser. – Disse. – Eu te ajudo. — E acho que pela primeira vez nos últimos dias eu tinha sido gentil com ela de novo.
Ela abriu um sorriso assim que percebeu isso e parecia ter ficado surpresa. Na real, até eu fiquei.
— Vai pintar seu quarto de preto? – Ela me perguntou enquanto eu arrumava as tintas no chão. — Só essas duas paredes. As outras vão ter que ser brancas, minha mãe ia encher o saco se eu pintasse todas. — Entendi. Mas vai ficar legal. — É, aí depois que eu pintar eu vou fazer alguns desenhos com algumas tintas spray que comprei. — Que maneiro! — É. — Você quer que pinte em qual direção?
Que direção? Hã? Eu nem sabia que tinha isso em paredes, eu estava acostumada a desenhar em papéis. E raramente meus desenhos eram pintados, eu tinha preguiça demais pra isso. — Sei lá. Tem isso? – Ela riu quando eu disse isso, apesar de eu realmente não saber. Não foi uma piada. — É claro! Se não fica aquela parede com as camadas de tinta em várias direções. — Ah, sei lá cara, nunca pintei uma casa. – Eu ri quando disse isso, parecia que eu tinha bem menos idade do que eu realmente tinha. Eu era inexperiente em um trilhão de coisas, meu Deus! Eu a encarei e na mesma hora meu sorriso sumiu, droga...Ela me deixava doida! – É… Pode ser de cima pra baixo. — Tá. Começamos a pintar a parede e em questão de pouco tempo eu já estava toda suja. Dei risada de mim mesma ao reparar nisso. Assim que virei meu rosto pra Luna, percebi que ela não estava muito diferente de mim. — Hahahah, você está toda suja, meu Deus, parece criança! — Eu disse, descontraindo.
Ela se virou pra mim na mesma hora e me olhou da cabeça aos pés, dando risada também.
— Olha quem fala, Alícia! Você está bem mais suja que eu — Ela disse com um sorriso no rosto — E... Agora está 1% a mais. — Continuou enquanto passava o dedo sujo de tinta no meu braço. — E quem te garante que eu não fiz isso de propósito? Estilo é apenas questão de ponto de vista. — Eu disse fazendo uma careta pra ela.
Não demorou tanto para terminarmos a primeira parede. Ajudei ela a arrastar os móveis para o outro lado, para que pudéssemos pintar a parede que faltava, e comecei a ouvir uns barulhos de papel e... Ahh, Stitch! Estava demorando pra aquele monstrinho aprontar. Quando olhamos pra ele, estava cheio de tinta.
Depois de uma tentativa falha de o limpar, decidi que seria melhor deixá-lo no quarto da minha mãe. Nunca se sabe o que mais ele poderia destruir. Notas pra vida: nunca subestime o poder de destruição de um filhote.
— Estragou muito? – Eu a perguntei. — Não, acho que se passar o pincel aqui já conserta. — Ainda bem, por que isso cansa.  Eu odeio aquele cachorro! — Tadinho! – Ela riu. – Ele é só um neném, Alícia. Ela continuou rindo e eu a acompanhei. Porra, a risada dela era muito gostosa. Eu sei, parece muito bobo quando eu falo essas coisas, mas eu juro. Eu a encarei enquanto parávamos de rir e por alguns segundos esqueci meu olhar no dela. E essa foi a parte constrangedora, apesar de ter sido muito bom e... espontâneo. Eu me sentia bem quando ficava perto dela, era louco. Pena pensar que aquilo nunca ia passar de amizade. A não ser quando ela estava bêbada.
Que merda. Minha mente tinha sempre que me lembrar dessa parte? Ela não gosta de você, Alícia. Engoli seco e senti que automaticamente fechei meu sorriso. Peguei novamente os pincéis que estávamos usando antes, o clima estava voltando a pesar. Que bosta! — Eu te mandei algumas mensagens esses dias. Você não respondeu. – Eu a ouvi dizer enquanto eu estava de costas, pegando as coisas.
É. Por que será que eu não te respondi? Odiava quando as pessoas se faziam de desentendidas. Respirei fundo antes de respondê-la.
— Imaginei que você estivesse bêbada. – Eu me virei assim que disse isso e a encarei com um sorriso fraco no rosto, tentando parecer que eu não me importava. Eu era péssima naquilo. — Como assim? – Ela riu. — Sei lá, cara. Sempre que a gente se fala tu está bêbada. – Suspirei. Fiquei pensando se eu deveria continuar a explicar, mas quando eu vi, já estava falando. – Tu só fica comigo quando está bêbada, Luna. Eu não quero forçar nada…
Ela fez uma expressão como se eu estivesse explicando a teoria da relatividade pra ela e como se tudo fizesse sentido agora. Eu nunca ia conseguir entender o que se passava na cabeça dela.
Iniciamos uma quase discussão sobre como eu me sentia com relação ela só me beijar quando estava bêbada. E qual é, não podíamos negar que eu estava certa, até que...
— Eu não estou bêbada agora. – Ela disse enquanto se aproximava. Ficamos próximas o suficiente pra eu conseguir contar o tempo entre nossas respirações. — Disso eu sei, não significa que você me queira. —  Eu sussurrei, como um pensamento alto. Eu nem sabia se ela tinha me ouvido.
Os segundos em que ficamos nos encarando com certeza foram os mais longos da minha vida. E aí, ela ia ficar parada e não ia me dizer nada? Grande coisa que ela não estava bêbada agora, isso não mudava porra nenhuma... Eu fiquei com vontade de me dar um soco por ter pensando todas aquelas coisas no mesmo segundo em que senti os lábios dela tocarem os meus. Minha ficha com certeza demorou pra cair. A Luna me beijou. Ela me beijou. Na verdade, ela ESTAVA me beijando. E ela estava sóbria!
Demorou um pouco pra cair a minha ficha, mas logo tratei de a puxar pela cintura, a segurando com firmeza, enquanto levava minha outra mão até sua nuca. Ela segurava meu rosto e eu só pensava em nunca mais deixar ela sair dali. Eu a puxava cada vez mais contra o meu corpo. Eu sentia o coração dela bater cada vez mais rápido e o meu com certeza batia no mesmo ritmo. Eu nunca ficava nervosa pra beijar uma garota. Mas não era uma garota qualquer. Era a Luna. O beijo dela com certeza era a melhor coisa que eu já havia provado. Era calmo, carinhoso, mas ao mesmo tempo me fazia perder o controle em questão de segundos. Quando me dei conta, eu já estava a beijando com cada vez mais vontade, até que dei um puxão no cabelo dela. Eu a apertava e parecia que essa era a única maneira de me fazer acreditar que era real. Ela segurou meu rosto e apesar de suas mãos serem delicadas, elas o segurou com firmeza. Não pensei duas vezes e a levei até a parede mais próxima. Nosso beijo estava cada vez mais intenso e caralho, eu não queria largar a boca dela nem fodendo! Dessa vez foi ela quem segurou meu cabelo com força e isso fez com que eu perdesse completamente qualquer medo que eu tivesse sobre ela não estar gostando, ela me deixava louca. E dessa vez, de uma forma muito boa. Coloquei minha mão por baixo da blusa dela enquanto apertava sua bunda. Porra, ela era muito gostosa! Eu sentia que nossa respiração estava ficando pesada e estávamos ofegantes, mas não queríamos parar. Aliás, eu nem sabia se eu ia conseguir parar. Troquei de posição com ela na parede, mas ao invés de me encostar, fomos andando pelo quarto, até que eu notei que estávamos perto da cama. Abri os olhos rapidamente pra me certificar de que não havia nada por ali e a empurrei. Coloquei meu corpo por cima do dela, tomando cuidado pra não machucá-la. Conforme eu passava minha mão pelo seu corpo, ela mordia meu lábio. Meu Deus, eu a deixaria fazer isso pelo resto da vida se ela quisesse. Quando ela voltou a por suas mãos na minha nuca e as prendeu entre meu cabelo, dando alguns puxões, eu definitivamente não respondi mais por mim. Eu só conseguia apertar nossos corpos e me perguntar por que ainda estávamos de roupa. Eu parei o beijo e recuperei parte do meu fôlego, se é que era possível fazer isso. Desviei meus lábios pro pescoço dela enquanto ela fechava os olhos. Eu simplesmente tinha a melhor visão do mundo, a Luna de olhos fechados e com o pescoço livre pra que eu pudesse beija-lo por inteiro. Eu não aguentava mais permanecer de roupa, então passei minhas mãos pela barriga dela. Conforme eu ia subindo, trazia junto sua blusa. Nada contra sua roupa, Luna, mas você fica bem melhor sem. Eu mal conseguia raciocinar quando finalmente tirei sua blusa. Enquanto minhas mãos massageavam e apertavam seus peitos eu mordia seu pescoço, não demorou muito para que eu descesse os beijos e mordidas pra onde estavam minhas mãos.
Eu não conseguia descrever o que eu estava sentindo. Eu só não queria parar. Eu não conseguia tirar nossos corpos um do outro. Eu não estava nem ao menos controlando minha respiração. A boca dela era tão gostosa. Tão gostosa quanto ela. Caralho, eu queria aquela mulher o dia inteiro. Ela arranhou minhas costas e eu senti minha pele arder, mas na real, aquilo me deixou com mais tesão ainda. Junto com as unhas dela, minha blusa subia também. Eu deixei que ela a tirasse e logo voltei a beijá-la. As pernas dela me prendiam pelo quadril como se ela quisesse garantir que eu não sairia dali. Com certeza eu não sairia dali. Por nada no mundo. Enquanto as pernas dela forçavam nossos corpos um contra o outro, ela beijava meu pescoço e eu sentia cada centímetro do meu corpo arrepiar inteiro. Afastei um pouco meu quadril ao ponto que eu conseguisse passar minhas mãos por baixo dele, chegando justamente no botão do short da Luna. Não fiz nenhuma cerimônia pra abri-lo, afinal, eu queria logo era que toda a roupa dela fosse pra puta que pariu pra gente terminar o que começamos. Enquanto eu puxava seu short pra baixo e sentia seus beijos no meu pescoço, ouvimos um barulho vindo do andar de baixo. Confesso que eu não estava nem aí, até que... — ALÍCIA! – Era impossível não reconhecer aquela voz. Caralho, minha mãe!
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36. Bad things
Luna’s POV
Na segunda-feira, como eu estava atoa como sempre e meus pais estavam trabalhando, resolvi sair um pouco. O dia não estava tão nublado como o anterior, mas estava fresco. Troquei de roupa, colocando uma melhorzinha da que eu estava usando, e saí de casa. Coloquei os fones no último volume e enquanto caminhava acabei me distraindo enquanto observava os carros e as pessoas na rua. Mas quando dei por mim, já estava pensando de novo na minha confusão de sentimentos. Já era hora de colocá-los em ordem, mas, por mais que eu quisesse, era difícil de acreditar em algumas coisas. O que eu estava sentindo pela Alícia, por exemplo. Eu me sentia tão bem com ela — mesmo que só estivéssemos ficado juntas poucas vezes —, mas tinha medo de estar mesmo me apaixonando, afinal, ela era uma garota. Depois de mais ou menos trinta minutos andando acabei entrando num parque que havia na cidade. Era bom ficar lá, o lugar era bem tranquilo e muita gente ia pra lá correr, caminhar ou até mesmo pra ficar atoa. Enquanto andava por ali fui à procura de um banco na sombra pra me sentar e continuar pensando em tudo. Tinha certeza que ali, na paz que era aquele lugar, eu conseguiria me decidir, pelo menos um pouquinho. Fiquei olhando um grupo de amigos num banco ali próximo rindo uns com os outros, um casal de namorados fazendo um piquenique no gramado, três crianças jogando bola um pouco mais afastado dali, a Alícia sentada num banco embaixo de uma árvore, duas mulhe... Espera aí... Alícia? Olhei novamente e sim, era ela. Estava sentada num banco na sombra de uma árvore e tinha nas mãos um caderno no qual ela desenhava alguma coisa. Fiquei sem saber se deveria ir até lá, afinal, ela havia me ignorado no dia seguinte, além de ter me tratado de uma forma bem estranha na festa. Ok, eu iria. Me sentei ao seu lado sem falar nada e ela me olhou, mas logo voltou a abaixar a cabeça, sem dizer nada. — Oi. – Falei. — Oi. – Ela disse sem tirar os olhos do caderno. Olhei para o mesmo e ela estava desenhando uma garota. Parecia ser só um rabisco, não alguém que ela conhecia, mas o desenho estava ficando ótimo, ela tinha mesmo talento. — Você desenha muito bem. – Sorri. — Valeu. – Ela me olhou rápido e deu um sorriso fraco. — É alguém que você conhece? — Não, só estou inventando. — Entendi. – Assenti. – Mas muito bonito, de verdade. — Obrigada, Luna. – Disse dando o mesmo sorriso de antes. Ok. Resolvi ficar calada, não ia forçar um assunto quando via que ela não estava afim, e só não saí dali pela dúvida de não saber se ela precisaria desabafar alguma coisa ou sei lá. Só fiquei lá, parada olhando pros lados e às vezes dando uma olhada em seu desenho, que ficava cada vez mais bonito. Um tempo depois, quando seu desenho estava quase pronto, ela fechou o caderno, respirou fundo e se levantou. — A gente se fala. – Disse com um simples sorriso. — É. – Assenti. – Tchau.
Ela se virou e deu dois passos, mas então hesitou e parou, virando pra mim novamente. — Escuta... Eu comprei umas tintas pra pintar o meu quarto e... Você quer me ajudar? Jura? Depois daquele climão todo ela estava me chamando pra ir pintar o quarto dela? Maluca! — Ah... – Falei hesitante, mas decidi aceitar. – Tá, pode ser. – Me levantei. Ela deu um sorriso de lado e começamos a andar. Durante o caminho trocamos pouquíssimas palavras, e eu pensei diversas vezes em desistir e ir pra casa, mas resolvi ir pro caso de ela resolver desembuchar o que estava acontecendo. Cerca de quinze minutos depois chegamos à sua casa e ela abriu a porta para que eu entrasse, assim que passei pela mesma, uma bolinha de pelos veio pulando nos meus pés. — Oi lindo! – Sorri enquanto me abaixava e o pegava no colo. – Como você cresceu! Está lindo. – Falei dando alguns beijinhos nele. Olhei para Alícia e ela nos olhava sorrindo. — Qual o nome dele? – Perguntei. — É Stitch. – Ela disse acariciando a cabecinha dele. — Oi Stitch. – Falei com uma vozinha chata, igual aquelas que a gente faz quando fala com um neném, e o segurei no ar, na altura do meu rosto. – Você é muito lindo, menino. – Stitch começou a se contorcer no ar e eu o coloquei no chão. Alícia o pegou no colo e foi subindo, fui atrás dela e nós entramos em seu quarto, que estava bem bagunçado, mas nada que fosse me espantar, já que o meu e o de todo mundo que eu conhecia era bem daquele jeito. — Foi mal pela bagunça, eu não estava esperando que alguém fosse vir aqui. – Disse colocando o Stitch na cama. — Relaxa, o meu não é diferente. – Ri. — Eu vou pegar alguns jornais pra forrar o chão e já volto, ok? — Tá bom, vai lá. Alícia saiu do quarto e eu me sentei na sua cama pra fazer carinho no Stitch, que mordia uma blusa que estava ali. — Ei, você vai estragar a blusa dela e ela vai ficar brava com você. – Falei tentando tirar a blusa dele, que a puxava como se aquilo fosse uma brincadeira. – Stitch! – Ri. – Solta, garoto, você vai estragar a blusa dela. Consegui fazê-lo soltar e abri a mesma para ver se ele tinha furado, mas, felizmente pra ele, a blusa estava inteira. Dobrei ela e coloquei na cama novamente, depois comecei a dobrar algumas outras que estavam jogadas ali. Tirei tudo o que estava no chão e coloquei em cima da cama, e enquanto eu empurrava a penteadeira para o canto, Alícia entrou no quarto. — Acho melhor deixar tudo nesse canto enquanto a gente pinta aquelas paredes, depois volta com eles pro lugar. — É, pode ser. – Disse. – Eu te ajudo. Ela veio até mim e segurou do outro lado do móvel, me ajudando a arrasta-lo. Quando terminamos de colocar todas as coisas num canto e arrastar um pouco o guarda-roupa, dando espaço para ficarmos atrás dele, a Alícia forrou o chão com as folhas de jornal e abriu as latas de tinta.
— Vai pintar seu quarto de preto? – Ri. — Só essas duas paredes. – Ela disse. – As outras vão ter que ser brancas, minha mãe ia encher o saco se eu pintasse todas. — Entendi. – Sorri. – Mas vai ficar legal. — É, aí depois que eu pintar eu vou fazer alguns desenhos com algumas tintas spray que comprei. — Que maneiro! — É. – Ela assentiu e se abaixou para virar a tinta num desses recipientes próprios pra isso. — Você quer que pinte em qual direção? — Sei lá. – Ela disse e eu ri. – Tem isso? — É claro! – Dei risada. – Se não fica aquela parede com as camadas de tinta em várias direções. — Ah, sei lá cara, nunca pintei uma casa. – Ela riu também, mas assim que olhou nos meus olhos, ficou séria de novo. – É... Pode ser de cima pra baixo. — Tá. – Assenti. Molhei o rolo na tinta e comecei a passar na parede, tomando cuidado para não sujar o teto. Alícia era um desastre e se sujava toda o tempo todo, mas eu não era muito diferente, já que também não era nenhuma expert em pintar quartos. Nós ríamos o tempo todo da merda que estávamos fazendo e o clima entre nós, felizmente, já estava bem melhor. Terminamos de pintar a primeira parede de preto e depois de arrastarmos a cama e a penteadeira para o outro lado do quarto, começamos a pintar a segunda. Stitch rolava nos jornais, fazendo um barulho gigante de papel sendo rasgado. Pelo visto ele também estava se divertindo bastante. Enquanto pintávamos a outra parede acabamos nos distraindo e quando olhamos Stitch estava se esfregando na parede molhada de tinta e se sujando inteiro. — STITCH! – Alícia gritou. – Saí daí, caralho, tu tá fodendo o bagulho todo! Ela pegou o cachorro nas mãos e o levou para o banheiro, fui atrás e ela estava limpando a tinta de seu corpo com um papel higiênico. — Depois eu dou um banho nele. – Ela disse quando me viu na porta. – Vou deixar ele no quarto da minha mãe antes que ele atrapalhe mais alguma coisa. — Tá bom. – Eu ri. Ela o levou para o outro quarto e eu voltei para o seu, me abaixei olhando o estrago que ele tinha feito e, por sorte, não tinha sido muito. Uma mão de tinta cobriria aquilo. — Estragou muito? – Alícia entrou no quarto e veio até mim, se abaixando ao meu lado. — Não, acho que se passar o pincel aqui já conserta. — Ainda bem, por que isso cansa. – Ela disse rindo. – Eu odeio aquele cachorro! — Tadinho! – Eu ri. – Ele é só um neném, Alícia. Olhei para ela ainda rindo e ela também me olhou. Porra! Meu olhar se perdeu no dela e eu fiquei completamente sem reação. Nos encaramos por longos segundos até que ela desfez o sorriso e engoliu em seco, se levantando e indo pegar um pincel. Respirei fundo e resolvi perguntar o que estava acontecendo. — Eu te mandei algumas mensagens esses dias. Você não respondeu. – Fui direta. Alícia ficou parada de costas pra mim e percebi que ela respirou fundo antes de responder.
— Imaginei que você estivesse bêbada. – Disse se virando e me encarando. Como? Bêbada? Do que ela estava falando, meu Deus do céu? Alícia, VOCÊ está bêbada? — Como assim? – Ri. — Sei lá, cara. Sempre que a gente se fala tu está bêbada. – Disse e suspirou. Fiquei calada a olhando e ela demorou uns sessenta segundos pra responder. – Tu só fica comigo quando está bêbada, Luna. Eu não quero forçar nada... Então era aquilo? Ela estava estranha comigo por que achava que o fato de eu querer ficar com ela só se dava pelo motivo de eu estar bêbada? ENTÃO EXPLICA POR QUE EU ESTOU QUERENDO TE BEIJAR AGORA, SUA IDIOTA! Era só o que me faltava mesmo, Alícia estava insegura em relação ao que eu sentia por ela. — Alícia, eu... — Não precisava falar nada, Luna. Eu sei o que tu vai dizer. – Ela me interrompeu. — O que eu vou dizer então? – A fitei. — Que tu só gosta de mim como amiga, que a gente ter ficado foi um erro e que você gosta de garotos. – Ela disse com um olhar triste. – Relaxa, não é a primeira vez que me dizem isso. — Eu não ia dizer isso. – Ri com um pouco de nervosismo. Quem dera se fosse isso, Alícia! — Vai negar, Luna? Não vai. Não tem nem como. – Ela disse nervosa. – Tu fica comigo só quando está bêbada sim! Ok, era hora de dar um basta naquilo. Me aproximei dela, ficando bem próxima de forma com que nossas respirações quase se misturassem, e a olhei nos olhos. — Eu não estou bêbada agora. – Falei séria. Alícia engoliu em seco e ficou parada me olhando enquanto murmurava algumas coisas que eu não entendi. Depois de alguns segundos assim, as duas paradas uma olhando pra cara da outra, eu resolvi tomar a iniciativa e a beijei. No começo ela ficou parada, mas quando eu segurei sua cintura e a puxei pra junto de mim, ela correspondeu, segurando minha nuca com firmeza e levando a outra mão pra minha cintura. Segurei seu rosto acariciando o mesmo devagar e ela intensificou um pouco mais o beijo, me puxando pra mais junto de si. Meu coração estava a mil e eu tremia de nervosismo. Ela me beijava com carinho e eu correspondia da mesma forma. Eu só conseguia pensar no quanto o beijo dela era bom e no quanto os lábios dela eram macios. Nossas bocas se encaixavam tão bem que eu me derretia toda em seus braços ao mesmo tempo em que sentia o meu corpo se arrepiar por dentro. Eu não me sentia daquele jeito nem quando estava com o Gabriel. Intensificamos ainda mais o beijo e Alícia segurou meu cabelo com força, dando um leve puxão que me fez arrepiar, desta vez, por fora. Sua outra mão apertava minha cintura e me puxava ainda mais, colando nossos corpos. Segurei seu rosto também com mais firmeza e ela me encostou na parede, apertando seu corpo contra o meu.
Levei minha mão até sua nuca e segurei seu cabelo também com força, e isso parece que a acendeu, pois ela enfiou a mão dentro da minha blusa e começou a apertar minhas costas com força, enquanto levava a outra mão até minha bunda e a apertava também. Eu já estava ofegante, mas não parava de beijá-la. Eu não queria parar de beijá-la. Começamos a andar na direção oposta do quarto e ela me virou e me deixou cair na cama, enquanto vinha por cima de mim. Arrastamos nossos corpos um pouco mais para cima e ela voltou a me beijar, enquanto se encaixava entre as minhas pernas. Sua mão ainda estava na minha bunda e ela a apertava com força, enquanto levava a outra pra parte da frente do meu corpo e acariciava minha barriga. Mordi seu lábio, aproveitando para respirar, e levei as duas mãos até sua nuca, as enfiando no meio de seu cabelo e dando leves puxões no mesmo. Alícia ficava cada vez mais louca com aquilo e me apertava ainda mais contra si. Ela parou de me beijar e deu um longo suspiro antes de grudar os lábios no meu pescoço e começar a enchê-lo de beijos. Continuei de olhos fechados e tombei a cabeça, deixando a área bem exposta pra que ela pudesse beijar. Sua mão deslizou da minha bunda até minha barriga, ela começou a alisá-la com as duas mãos e logo foi as subindo em direção aos meus peitos. Eu não estava em condição nenhuma de impedi-la — e nem queria — então deixei. Ela os massageou devagar, me arrancando suspiros, e deu uma mordiscada no meu pescoço antes de se afastar e, de uma maneira desajeitada, puxar minha blusa pra cima. Ajudei-a a tirá-la e ela a jogou longe, empurrando também as coisas que estavam na cama, em seguida se deitou por cima de mim novamente e começou a distribuir beijos do meu pescoço até a parte de cima dos meus peitos, onde o sutiã não cobria. Eu estava fervendo por dentro, cada centímetro da minha pele estava arrepiado e meu corpo pedia por mais. Eu nunca cheguei a transar com o Gabriel, nós só íamos até mais ou menos o ponto em que Alícia e eu estávamos, mas eu nunca senti com ele o que estava sentindo com ela. Era diferente. Não só por sermos duas garotas, mas por tudo. A boca dela, o cheiro, a pele, a forma como o meu corpo se encaixava no dela... Tudo era diferente e bom, muito bom. Arranhei as costas dela com um pouco de força e em seguida puxei sua blusa pra cima, ela se afastou para que eu pudesse tirar e depois se deitou em cima de mim novamente, voltando a me beijar de forma intensa. Prendi as pernas em seu quadril e ela levou as mãos até minha bunda e ficou as deslizando dali até as minhas coxas. Encerrei o beijo com uma mordida no lábio e desta vez fui eu quem levei minha boca até seu pescoço e comecei a beija-lo, ora ou outra dando mordidinhas de leve. — ALÍCIA! – Ouvimos uma voz lá embaixo e em seguida a porta bater.
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35. One call away
Alicia’s POV
Depois de passar boa parte da festa ouvindo o Gabriel reclamar da Luna, da música que estava tocando e de um cara qualquer ter esbarrado nele, eu finalmente consegui “me soltar” dele. Eu precisava pra caralho ir ao banheiro e não tinha ninguém da fila, que milagre! Assim que fui tentar abrir a porta, alguém que estava do lado de dentro também a abriu, fazendo com que nos esbarrássemos, e eu acabei derrubando uma parte da minha bebida nela. Assim que levantei a cabeça para pedir desculpas, ouvi a garota reclamando. Pra minha surpresa — ou para a nossa surpresa, já que ela também fez uma cara inesperada — era a Luna. Eu não consegui disfarçar a minha cara de quem não queria ver ela... Porra, o Gabriel tinha razão, ela me beijou duas vezes e nem ao menos me deu oi. Fiquei pensando nisso enquanto ela lavava as mãos e eu me desculpava por ter derrubado bebida nela. Ok, ela merecia é que eu jogasse o copo na cara dela. Nem um oi, é sério isso? — Tchau. – Ela disse saindo do banheiro. Ah, oi ela não falava, mas “tchau”, sim. Ok. Foda-se. — Tchau. – Respondi enquanto fechava a porta do banheiro. Pra minha surpresa, novamente, antes que eu pudesse fechar a porta por inteiro, a ouvi me chamar. Mas a única coisa que eu queria saber era... — Pra quê? – Eu fui bem grossa. Talvez com o tom de voz mais escroto que eu consegui. Eu estava com raiva dela, ciúmes, eu não sei. Só não quis trata-la bem. — Eu queria conversar com você, mas... Deixa pra lá! – Ela disse enquanto se virava e se despedia novamente. Me bateu um remorso de alguns segundos por ter falado com ela daquele jeito escroto assim que a vi me olhar com uma cara de quem não esperava minha grosseria. Logo a convenci de me dar o celular dela e assim que o peguei, adicionei meu número nos contatos. “Alícia”, já que eu estava com raiva no momento para dar a liberdade de ter meu número salvo como “Lícia”. Depois disso, nos esbarramos poucas vezes pela festa, até que fui embora. O Gabriel já havia desencanado da Luna, pelo que me parecia, já que o vi agarrado com uma ruiva não identificada, na parede. Hahahah, ele superava rápido. “Você também devia superar, Alícia”. Falei comigo mesma na minha cabeça, mas eu não tinha o que superar. Qual é, eu não sentia nada pela Luna. Nada. Quando a festa finalmente acabou e eu decidi ir embora — por último, é claro — já estava praticamente amanhecendo. Minha mãe me mataria, com certeza. Assim que estava virando a esquina de casa e puxei meu celular do bolso, tive a plena certeza de que eu era uma garota morta ao ver dez chamadas perdidas e ver que eram exatamente 06:37 da manhã.
Acendi um cigarro enquanto caminhava pela longa calçada até chegar ao portão de casa e estranhei não ouvir barulhos ao abrir a porta. Me esqueci de apagar o cigarro antes de entrar então continuei o fumando. Minha mãe não se importava muito com o fato de eu fumar, já que ela fumava também e não tinha muita moral para falar daquilo. Fora o fato de ela nunca ter se importado muito com nada em relação a mim desde que nossa vida virou de cabeça pra baixo há uns cinco anos atrás... Mas beleza, eram quase sete horas da manhã e eu tinha acabado de voltar de uma festa, não estando 100% sóbria, aquilo não era hora de pensar em coisas tristes ou em bads tipo aquela. Talvez eu devesse me preocupar em não ouvir pra caralho da minha mãe por estar chegando em casa aquela hora. Pra minha surpresa, logo notei que ela não estava em casa assim que entrei na cozinha para pegar alguma coisa pra comer, já que cigarro não havia sido a única coisa que eu fumei a noite inteira e eu estava com muita fome por conta daquilo. — Oi, pequeno! Você viu a sua avó? – Falei com voz de criança assim que vi o Stitch indo em minha direção, ainda meio sonolento. Ele abanou o rabo e logo ganhou um carinho. Enquanto me estiquei para pegar ração no armário para dar pra ele, vi um bilhete preso próximo à geladeira. “Alícia, tive que sair... Tentei te ligar e não consegui. Assim que chegar da casa do Tarik, me telefone, por favor.” Não entendi quase nada. Casa do Tarik? Ham? Onde minha mãe foi e por que teve que sair de madrugada, praticamente? Não estava totalmente sóbria para ligar pra ela no exato momento em que li o bilhete, então resolvi apenas comer alguma coisa e ir deitar. Depois que eu acordasse, tomasse um banho e voltasse a ser um ser humano em estado aceitável para o convívio social, eu ligaria pra ela. E foi o que eu fiz... Parecia que havia dormido quinze minutos, mas já haviam se passado umas oito horas desde que eu havia ido dormir. Só sei que assim que peguei meu celular, haviam umas mensagens do Tarik. Aliás, eu estava com saudades dele. Será que ele tinha me desculpado ou... Será que as mensagens eram dizendo que sentia minha falta? Caralho! Não deu pra conter o meu sorriso. 15:35 “Alícia?” – Como eu estava dormindo, não o respondi, obviamente. 16:00 “Ok, você não está aí. Assim que chegar, me chama, por favor.” – Li isso com um sorriso maior ainda, será que ele finalmente iria voltar a falar comigo? 17:02 “Oi, Tata. Acordei agora, desculpa. Pode falar.” – Respondi, esperando ansiosa a resposta. Alguns minutos depois o celular vibrou com a resposta dele. 17:05 “Ah, oi, Alícia. Sua mãe estava te procurando, como provavelmente não sabia onde você estava, me ligou. Disse que você estava aqui. Liga pra ela.” – Desanimei enquanto li a mensagem, mas não desisti.
17:07 “Era só isso?” – Perguntei, na esperança com que ele respondesse que não, que também queria dizer que sentia falta da nossa amizade... 17:08 “Sim. Tchau.” – É, Alícia... Você é uma idiota, perdeu o Tarik. Decidi pegar o celular e ligar pra minha mãe, mas as tentativas foram inúteis, já que ela não atendeu nenhuma ligação. Aquelas rotinas loucas dela estavam cada vez mais estranhas. Mas ok, nada de se meter, Alícia. Aquela “conversa” com o Tarik — se é que podemos chamar aquilo de conversa — só me deu uma vontade ainda maior de dormir e mandar o mundo ir tomar no cu. Eu estava frustrada com a Luna, com não achar minha mãe e com o Tarik ter me “desprezado” daquele jeito. Ok, eu o desprezei antes... Mas, porra! Voltar a dormir era a melhor opção no momento e foi o que eu fiz depois de tomar um banho. Acho que recuperei todas as noites de sono perdidas nos meus quinze anos de existência, pois dormi demais. Acordei perto de 12:30 no domingo com o Stitch latindo pra alguma coisa e eu tinha a real esperança de que fosse minha mãe com comida, já que eu estava morrendo de fome mas... Não. O dia foi completamente tedioso, sendo marcado por segundos de felicidade vividos no momento em que eu encontrei lasanha congelada. Cara, se alguém quisesse me conquistar pelo estômago, era só me dar três coisas básicas: sorvete de flocos, comida japonesa e lasanha congelada. Não lasanha normal ou caseira. Congelada. Daquelas de caixinha que todos achavam totalmente artificiais... Eram a minha paixão, por mais estranho que isso pareça. A fiz e logo fiquei tão feliz quanto o Garfield. Cara, lasanha com certeza melhora o dia das pessoas! Enquanto comia, estava sentada na minha cama encarando a parede que eu havia começado, porém não havia terminado. As minhas tintas estavam em bom estado ainda, porém não haviam muitas, então decidi sair pra comprar mais. Minha mãe havia deixado uns cinquenta reais perto do bilhete e foi o que eu usei para comprar as tintas. Enquanto caminhava até a loja percebi que haviam algumas mensagens não visualizadas no meu celular, inclusive, sendo de um número não salvo. Assim que as abri, quis não ter feito, pra variar. 16:15 “Oi Alícia!” 16:15 “ É a Luna. Tudo bem?” – Pra que ela queria falar comigo? Pra dizer algo do tipo “Ei, fala de mim pro Gabriel...” ou “Desculpa ter te beijado, eu estava bêbada”. Porra... Obviamente, não a respondi no momento e provavelmente não responderia nunca.
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34. Aquela história
No dia seguinte aproveitei que o tempo estava bem nublado e fresco e resolvi sair pra correr um pouco. Vesti uma roupa própria pra exercícios, prendi o cabelo num rabo de cavalo e calcei um par de tênis. Desci pra cozinha e peguei uma banana e um copo de leite pra preparar uma vitamina antes de sair, coloquei no liquidificador com um pouco de açúcar e umas pedras de gelo e bati tudo. — Aonde você vai? – Minha mãe perguntou. — Correr um pouco. – Falei. — Que milagre é esse? – Riu. – Vai andando, é melhor. — Prefiro correr. – Falei colocando a vitamina no copo e dando um gole. Corri por mais ou menos duas horas e quando voltei pra casa tomei um banho não muito quente, mas que desse pra refrescar. Eu odiava água gelada, podia estar um calor de 43ºC, eu não conseguia entrar num chuveiro na opção “desligado”. Quando saí do banho fui para o quarto e me sentei na cama ainda de toalha pra mexer no celular, que estava vibrando sem parar. Li a conversa do grupo, mas não me pronunciei, e enquanto rolava a página de contatos acabei parando no da Alícia. Talvez fosse a hora de ter aquela conversa. Resolvi chamar. 16:15 “Oi Alícia!” 16:15 “É a Luna. Tudo bem?” Na janela de conversa dela estava escrito que ela havia visualizado há pouco tempo, então imaginei que ela fosse responder logo. Mas me enganei. Eram oito da noite e nada dela responder. Ela simplesmente viu e ignorou. Continuei sem entender o porquê daquilo, mas resolvi deixar pra lá. Talvez estivesse ocupada, em uma festa, ou só não estivesse afim de conversar com ninguém. Continuei descendo a página de contatos e desta vez parei no do Gabriel. Não sei por quê. Abri a conversa e lá estavam as últimas mensagens que ele havia me enviado, há uma semana atrás. “Ei, você sumiu, gatinha. Tá fugindo de mim? Espero que não! Precisamos conversar e resolver aquele nosso lance, ainda sinto sua falta. Te amo.” E depois desta ele teve a cara de pau de mandar mais uma: “Eu não sei o que está acontecendo pra você estar fazendo isso comigo. Será que a gente pode conversar? Quero saber o motivo disso. Luna, quando eu disse que te amava e queria uma segunda chance eu não menti, pode acreditar em mim.” Balancei a cabeça dando risada do tamanho da cara de pau que ele tinha e me perguntei por que eu ainda não havia apagado aquela conversa. E aí eu apaguei. Passei o resto da noite atoa, apenas rabiscando algumas coisas no Word. Eu gostava muito de escrever, porém tinha dificuldades em expressar meus sentimentos em palavras. Confuso? Um pouco. Eu gostava de criar histórias, usar e abusar da minha imaginação e às vezes até compartilhava elas com outras pessoas.
Ser escritora era uma profissão que já havia passado na minha mente, mas eu duvidava muito que eu um dia teria criatividade o bastante pra escrever um bom livro, que chamasse atenção de muitas pessoas. Sem contar que eu era geminiana, estava sempre em constante mudança, e ficar presa à uma única coisa por muito tempo era uma coisa que eu odiava. Eu me sentia cansada, sufocada, sentia que precisava acabar com aquilo logo e inventar/fazer novas coisas. Mais tarde, depois de escrever um pouco e ficar mexendo no twitter e tumblr eu fui dormir.
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33. Eu gosto dela
Alícia’s POV
Cara, eu estava com muita raiva do João, apesar de ele estar bêbado e talvez não ter consciência do que estava fazendo. Fora que a culpa não era dele, qualquer um na face da Terra devia ser afim de beijar a Luna. Eu, pelo menos, era muito afim. Ela veio se despedir de mim enquanto eu puxava o João, tentando o manter bem longe da minha mina. Quero dizer... Da Luna. Ela se despediu com um “quase selinho”, que consiste em ser um beijo bem próximo da boca. Só isso e o nosso beijo foi o suficiente para me deixar pensando nela nos próximos dias que se passaram. Caralho, só não se apaixona, Alícia. Pelo amor de Deus! Voltei xingando o João mentalmente quase o caminho todo de volta para casa. — Ela ainda vai me beijar. – Ele resmungou enquanto andava cambaleando — João, cala a boca. – Eu disse totalmente impaciente com ele. — Eu hein, ficou toda ignorante. Eu só queria um beijo da sua amiga, qual é, Licinha. – Ele disse me abraçando pelo pescoço enquanto tentava andar em uma linha reta. — Eu não fiquei ignorante – Menti. Claro que fiquei. – E ela não é minha amiga. – Continuei. — Se não é sua amiga, por que ela não pode beijar o João Gostosão? – Cara. “João Gostosão”, eu estava mesmo ouvindo aquilo? — Porque não, caralho, para de encher e me larga! – Eu disse reclamando ao tirar o braço dele do meu pescoço. — Por quê????? – Ele disse gritando bem alto no meio da rua. Puta que pariu, eu ia matar o João. — PORQUE QUEM BEIJOU ELA FUI EU! AGORA CALA A BOCA E ANDA, QUE CHATO! – Eu perdi todo o restinho de paciência que existia em mim. O João ficou me olhando e não disse mais nada por longos dez minutos. Quando finalmente estávamos quase chegando na esquina da minha casa e eu achei que não fosse mais ouvir a voz daquele bêbado... — Caralho, Licinha, tu mandou bem hein! Hahahahaha. Posso chamar ela de cunhadinha? – Eu definitivamente não merecia o João, não mesmo. Mas tive que rir, “cunhadinha”. — Hahahaha, seu imbecil. Mas presta atenção, ninguém pode saber. Acho que ela não quer que as pessoas saibam, então cala a boca, entendeu? – Eu disse e ele deu risada, provavelmente não entendeu uma palavra do que eu estava falando. Graças a Deus e todas as forças do Universo, consegui chegar em casa sem agredir o João, isso foi um avanço bem grande, aliás. Ele foi pra casa dele logo depois que me deixou em casa, pelo menos foi isso que ele me disse que faria e que eu realmente esperava que ele tivesse feito, já que estava mais louco do que o Batman. Não demorei muito pra dormir desde que ele me deixou em casa e, felizmente, eu não bebi tanto ao ponto de ficar de ressaca. Assim que me deitei na cama, pude ver que a luz de notificação do meu celular não parava de piscar, estendi meu braço para alcança-lo e assim que peguei o mesmo, preferi não ter feito isso. Jade.
22:47 “Ei, você está aí?” – Sorte dela que eu não estava, provavelmente teria a mandado tomar no cu. 23:01 “Acho que não está... Não é?” – Porra, insistente. 23:17 “Eu preciso conversar com você, assim que chegar, pode me chamar?” – Essa foi a última mensagem da Jade, mas eu não sabia se deveria responder, aliás, não sabia nem se eu queria responder. Às 01:25 meu celular havia acabado de vibrar novamente, caralho, a Jade não parava! Mas, para a minha surpresa, não era ela. Era a Sabrina, uma amiga nossa em comum.
Eu via a Sabrina poucas vezes por ano, já que eu faltava muito na escola e ela não podia sair de casa. Ela sempre foi uma amiga “modelo”, daquelas que minha mãe sempre quis que eu me inspirasse. Eu a via beber pouquíssimas vezes, não fumava e qualquer tipo de droga era intolerável para ela. Livros eram suas paixões e era uma das pessoas mais sinceras que eu já havia conhecido. Porém, apesar de toda essa distância e diferenças, eu, a Jade e a Sabrina éramos melhores amigas. Nosso lema era “Sempre nós três”. Havia criado isso depois de ler um capítulo do meu livro favorito, “Por 
Que Os Garotos Só Pensam Naquilo?!”, onde os três personagens principais viviam dizendo “Sempre nós três”. Então, resolvi aplicar isso na minha vida. Seria sempre nós três. 01:25 “Alícia!” – A Sabrina quase nunca me chamava pelo nome, lá vinha bronca! 01:28 “Sasa...” – Tentei amenizar com um apelido. 01:29 “O que houve?” – Ela perguntou. 01:30 “O que houve do que?” – Ela provavelmente estava falando sobre a Jade, mas eu tentei me fazer de desentendida. 01:31 “Você sabe. A Jade. Ela veio falar comigo e...” – Nem ao menos dei tempo para que ela terminasse de digitar, já que quando comecei a escrever, ela desistiu do que iria dizer. Expliquei para a Sabrina a história desde o começo, ela ficou surpresa ao saber que eu e Jade havíamos nos beijado mais de uma vez — e transado — mas não surtou como eu achei que surtaria. Aliás, aquela era uma das virtudes da Sabrina, ela sabia reagir bem a algumas situações. Passaram-se cinco minutos desde que ela havia visualizado o que escrevi pela ultima vez e nada. 01:42 “Sasa?” – Insisti. 01:43 “Espera aí.” Esperei. Mais cinco minutos e uma nova notificação surgiu na tela do meu celular. “Sabrina Amorim adicionou você ao grupo ‘Fazer as pazes’”. 01:50 “Sabrina: Olha, eu sei que vocês duas estão meio brigadas, mas presta atenção. Desde o primeiro beijo que as duas disseram que foi por diversão e que estavam bêbadas, eu disse que essa história não seria legal. Mas eu não estava sabendo que isso era algo constante. Que porra vocês, hein! Vamos fazer assim, esqueçam isso... E simplesmente parem de se beijar. Todo mundo sabe que beijar amigos acaba estragando ou a amizade, ou o beijo. E vocês não querem estragar nada, certo?”
01:52 “Jade: É, certo.” – Ela respondeu de imediato. 01:54 “Tudo bem...” – Eu respondi em seguida. 01:55 “Sabrina: Sempre nós três.” 01:55 “Jade: Sempre nós três.” É. Sempre nós três, repeti essa frase na minha mente diversas vezes, tentando realmente dar mais uma chance pra Jade. A Sabrina tinha razão. Aliás, incrível como ela sempre tinha. Acabei adormecendo logo em seguida, deixando as meninas conversando sobre algo aleatório no grupo. Acordei no dia seguinte com uma bolinha de pelos chorando na porta, tentando abri-la. — Ei, pretinho, você já acordou?! – Eu disse com a mesma voz de “retardado” com que as pessoas normalmente falam com cachorros. Ganhei uma lambida como gratificação... Apesar de ser 09:03 da manhã e eu ter mentalmente planejado não acordar antes das 17h, não tinha como acordar de mau humor quando se tinha um cachorro como o Stitch. Passei o dia brincando com ele e por incrível que pareça, minha mãe passou a semana em casa, dando apenas algumas saídas durante a noite, mas nada que demorasse mais de três horas para voltar. Assistimos alguns filmes juntas e isso foi realmente bom. Me peguei sorrindo enquanto estava no mesmo sofá que ela, apoiando minha cabeça no seu colo, caralho! Eram em dias como aqueles que eu parava pra refletir. Sabe... Tem gente pra caralho querendo ganhar na mega-sena, trabalhando mais do que consegue, querendo joias ou algo do tipo e, mano, felicidade não é isso. Felicidade é tu passar o dia de bobeira com alguém que você goste. E nem que seja por algumas horas, senti que minha mãe estava ali comigo. Tipo, de verdade. Foi bom pra caralho. Vez ou outra passei horas na cama, apenas conversando com as meninas no nosso grupo, que agora se chamava obviamente, “Sempre nós três”. A Jade comentou sobre o Gabriel, mas isso nem me incomodou tanto assim, óbvio que fiquei com ciúmes, mas... Fazer o que. Agora seríamos amigas. 18:28 “Jade: É sério, ele pode até ser meio galinha, mas ele é muito gato. Como você consegue só ser amiga dele, Ali?” 18:30 “Sabrina: Ele não faz meu tipo, mas admito, ele é bonito. E para com isso, Jade, ele tem namorada.” 18:31 “Não tem, não.” – Eu respondi 18:33 “Jade: E aquela Luna?” Ler aquilo fez meu coração palpitar de um jeito bem estranho. Eu quase não tinha pensado na Luna a semana toda, ok, vez ou outra. Mas... Era só tocar no nome dela que um sorriso idiota aparecia e eu ficava com vergonha, como se ela estivesse na minha frente. Mas eu tentava controlar isso, pois, é claro que aquilo não ia ter futuro, nem ao menos nos falamos desde o último beijo. Expliquei para as meninas que o Gabriel e a Luna não estavam mais juntos e foi só tocar no nome dele que... 19:20 “Adivinha quem descolou uma festa? Te dou duas horas pra se arrumar se tu tiver afim de uma carona com o rei.” – Ele mandou.
Tive que rir com aquela mensagem dele. Ele era muito idiota... Mas, vamos lá, era sexta-feira à noite e eu não tinha nada pra fazer mesmo. O Gabriel salvava a pátria com aquelas festas dele! 19:30 “Beleza. Vou me arrumar, quando estiver saindo, me avisa aí por favor, “rei”.” Levantei da cama e fui logo tomar um banho, já que as “duas horas” que o Gabriel me dava, nunca eram duas horas, mas sim vinte minutos. Perdi em média uma hora até tomar banho e secar o cabelo — ok, vinte minutos foram apenas para organizar minha playlist. Não demorei muito para decidir a roupa, já que minha calça jeans preta rasgada combinava exatamente com uma cropped cinza que eu havia comprado há pouco tempo. Deixei meu cabelo solto e o ondulei apenas nas pontas. Enquanto eu finalizava minha maquiagem e ajeitava o tênis no meu pé, ouvi meu celular vibrar. Assim que o peguei... 22:37 “Estou virando a esquina, desce aí. O rei vos espera.” Aquela mensagem foi totalmente desnecessária já que eu consegui ouvir o carro dele tocando alguma música eletrônica em um volume totalmente exagerado. Me despedi da minha mãe e do meu “filho” e segui para festa. Cumprimentei o Gabriel enquanto me sentava no banco da frente e ele logo jogou um baseado no meu colo. Muito bem, rei adestrado. Enquanto eu acendia o baseado e vez ou outra passava pra ele, seguimos para a festa. Em cerca de vinte minutos chegamos lá, haviam carros estacionados na porta e por conta disso acabamos demorando um pouco mais até que o Gabriel decidiu que parar o carro em local proibido era uma ótima ideia. Queria ver como o rei ia se resolver depois de uma multa, mas por mim... Foda-se, eu só queria beber. Assim que cruzamos a porta pude ver a Luna de longe... Ela estava perto de uns garotos e pelo visto o Gabriel também reparou. Eu até ia cumprimenta-la, mas primeiro ia buscar algo para beber. — Porra. Que filha da puta! – O Gabriel resmungou enquanto andávamos e ele encarava ela mais um pouco, ao lado dos garotos. — Qual foi! Esquece isso, deixa ela. – Eu retruquei, o puxando em direção ao bar. — Só deve estar fazendo isso porque já deve ter bebido. – Ele continuou. Do que ele estava falando, cara? — O que? Claro que não, Gabriel. Esquece isso, tu vai encanar por causa dela? Ela nem te fez nada! – Eu disse, tendo que falar um pouco mais alto, já que a música estava mais alta do que a minha voz. Estendi a mão por cima do balcão, que provavelmente era o bar, e peguei uma garrafa de Skol Beats que estava por ali, entregando a outra pro Gabriel. — Você não conhece ela, Alícia. Com certeza deve estar bêbada e com aqueles caras pra me provocar. – Ele disse. Porra, o Gabriel estava usando droga? Ela nem estava agarrada neles ou algo do tipo. Estava apenas perto, podiam ser amigos ou sei lá. Resolvi ignorar ele e apenas curtir a música, até que ele voltou a se manifestar do meu lado, falando mal da Luna.
— É sério. Ela tem essas de ficar com os outros só porque está bêbada. Nem deve gostar dos caras. Ela gosta de mim, entendeu, Alícia? Ela beija outros porque bebeu. Mas no fundo, queria me beijar. – Ele continuou falando e aquilo ficou ecoando na minha mente, de modo com que esqueci completamente que estávamos em uma festa. Eu sabia que ele estava com raiva... Mas e se ele realmente tivesse razão e a Luna só se importasse com beber e suprir a falta do Gabriel? Era verdade, ela gostou dele pra caralho, pelo que eu pude perceber nas poucas vezes que conversamos. Caralho, eu não acreditava naquilo. E eu lá, toda boba simplesmente por ter visto ela em uma festa na qual ela estava linda pra caralho, por sinal. Ou por ouvir o nome dela. Mas porra, ela realmente só me beijava depois de beber. Odiava admitir aquilo, mas o Gabriel tinha razão. A não ser que ela viesse falar comigo ou me procurasse, aí quem sabe nosso beijo tivesse significado algo pra ela além de “uma aventura de bêbado”. Eu realmente esperei algum sinal da Luna, talvez se ela acenasse ou algo parecido... Mas nada. E pra ajudar o Gabriel, conforme ia bebendo, ia falando mais da Luna. Até eu mesma decidi beber pra esquecer ela... Porra, parecia que em toda festa tinha uma mina pra foder meu juízo, qual é, quando não era a Jade, era a Luna!
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32. Uma dose
Luna’s POV
Depois que convidei a Alícia e o João para se juntarem a nós, ele saiu andando na frente e deixou nós duas pra trás, trocamos algumas palavras enquanto andávamos na direção dos três e ela de cara já me fez rir quando ironizou sobre fazer tanto tempo que não nos víamos e dizer que estava com saudades. Era legal estar com ela, ela sempre conseguia me fazer rir, gostava de pessoas assim. Quando nos juntamos ao três, que já estavam virando melhores amigos, ficamos conversando, ou melhor, ouvindo o João contar umas histórias completamente malucas pelas quais ele passava. Malucas e hilárias. Minha barriga chegava a doer de tanto que eu estava rindo de tudo aquilo. Ok, a bebida estava ajudando, mas as histórias não deixavam de ser engraçadas. Em um determinado momento me peguei olhando para a Alícia e pensando no quanto o sorriso e a risada dela eram uma graça. Ai meu Deus, Luna! Depois disso parei de prestar atenção completamente no assunto, só conseguia pensar no quanto o fio da minha vida estava embolado e cheio de nós. Nós que eu precisava desatar pra poder decidir o que eu devia fazer. Acordei dos meus pensamentos quando senti um olhar em cima de mim, o João ainda falava sem parar e Gustavo e Carol prestavam atenção nele, rindo sem parar também. Olhei para o lado e Alícia era quem estava me olhando, um sorriso estampou meu rosto imediatamente e eu decidi que era hora de dar uma volta e pensar um pouco sozinha. — Acho que eu vou andar um pouco, gente. – Falei pegando impulso pra me levantar. – Fui. – Completei, já saindo dali. Ouvi Carol me chamar, mas não me importei, queria mesmo andar um pouco, pegar um vento e ficar sóbria. Continuei andando e logo ouvi Alícia me chamar, olhei para trás e ela estava vindo na minha direção, parei para espera-la e quando ela me alcançou perguntou se poderia ir comigo. — Claro que sim, somos amigas!!! – Falei entusiasmada, enquanto abria um sorriso. É, eu estava bem bêbada ainda. Ela começou a me acompanhar e durante alguns minutos nós não falamos nada, andávamos olhando pro chão e vez ou outra eu levantava o rosto para olhar pra frente ou para o mar, mas resolvi quebrar o silêncio falando do Gabriel. Eu sei, não era uma boa opção, eu deveria era esquecê-lo mesmo, mas queria saber se ele havia dito alguma coisa sobre mim pra ela, eles eram amigos, então existia essa possibilidade. — Seu amigo me ligou hoje. – Falei. Ela ficou calada por mais alguns segundos, suspirou e respondeu: — Eu imaginei que ele ligaria... Soltei um suspiro também e tornei a falar: — Fiquei triste por um tempo, sabe? Me senti meio mal. – Falei enquanto chutava algumas pedrinhas na areia.
E então ela começou a falar diversas coisas bonitinhas do tipo “ele é um idiota”, “ele não te merece” e “ele não merece nenhuma lágrima e nem pensamento seu”. Ok, ela já tinha dito aquilo outras vezes, mas cada vez que ela falava parecia que era a primeira vez, eu sentia sinceridade nas palavras dela, de maneira alguma pensei naquilo como um discurso decorado pra fazer alguém se sentir menos idiota. Ela era sincera em cada palavra dita. Mas foi quando ela disse “Se eu fosse ele, jamais deixaria uma garota como você escapar dos meus braços” que eu não consegui me segurar e a olhei no mesmo instante, deixando o sorriso mais verdadeiro do mundo escapar. Eu sabia que ela não queria ter dito aquilo, e por esse mesmo motivo gostei tanto. Mais uma vez ela estava sendo sincera, e deixar aquilo escapar mostrou que ela realmente sentia. E eu queria beijá-la, queria esquecer do mundo por algum tempo enquanto estivesse nos braços dela, por que ela conseguia me fazer esquecer do mundo quando me beijava. — Alícia? – Chamei. — Sim, Luna. – Ela respondeu, piscando algumas vezes. — Posso te pedir uma coisa? – Perguntei em meio a sorrisos. — Claro! — Me dá um beijo? – Perguntei, novamente, entre sorrisos. Ela ficou calada, me olhando estática, e eu soltei uma leve risada enquanto dava um passo na direção dela, agora estávamos bem próximas e não demorou muito até ela tomar a iniciativa de me beijar. Nossas bocas deslizavam devagar uma na outra e sua língua explorava toda a minha boca. Ainda estávamos um pouco distantes uma da outra, então tratei logo de segurar sua cintura e trazer seu corpo pra junto do meu. Nosso beijo foi bom, assim como o primeiro, e eu queria poder me lembrar dele depois, quando estivesse sóbria. Eu ainda estava muito confusa em relação a tudo aquilo, sabe?! Meus sentimentos por uma garota. Mas eu não podia esconder e negar que gostava de ficar com ela e que ela me atraía. E por que eu teria vergonha daquilo? Nosso beijo durou mais alguns minutos, ou horas, não sei... Eu simplesmente perdi a noção do tempo enquanto estava nos braços dela. Clichê né? Eu sei, mas ela fazia meu estômago se encher de borboletas, o tempo parar e todo o barulho do mundo se calar. Meu Deus, eu estava na merda! Era possível se apaixonar por alguém apenas com um — e agora dois — beijos? Não, claro que não. Era só coisa da minha cabeça, com certeza era. Ela beijava bem, isso era verdade, mas o resto se dava pelo fato de eu estar bêbada. Encerramos o beijo com alguns selinhos e quando abri meus olhos pude ver que Alícia sorria, ainda com seus olhos fechados. Sorri instantaneamente e lhe dei mais um selinho antes de sair de seus braços e soltar uma risada enquanto voltava a andar de forma cambaleante.
Alícia logo me alcançou e depois que chegamos em uma determinada parte da praia resolvemos voltar. Quando chegamos onde os três estavam João veio na nossa direção e puxou Alícia para um canto, sentei-me ao lado da Carol, que estava bebendo catuaba, e ela me olhou. — Onde vocês foram? — Só andamos um pouco. – Menti. – Eu queria pensar numas coisas, aí ela me fez companhia. — Entendi. — Ae, Luninha, chega mais! – João veio na minha direção e segurou meu braço, me puxando. — Que foi? – Perguntei enquanto ele me puxava. — Tô afim de te dar um beijo. – Ele disse, já vindo com a boca na minha direção. — Tá louco? – Eu ri. — João, velho... – Ouvi Alícia dizer e a olhei. O João passou o braço na minha cintura, me prendendo ali, e voltou a tentar me beijar, enquanto eu tentava desviar, virando o rosto e tentando me afastar. — Ah, qual é!!! – Disse com a voz arrastada. – É só um beijo, vai... – Completou tentando me beijar de novo. — Não João! – Eu ri, ainda tentando me soltar. — João, ela não quer, cara. – Alícia disse novamente, tentando puxá-lo. — A Lícia disse que tu não tá namorando mais, então me dá um beijo, vai... Só um. – Insistiu. — Não, João. Sério. – Ri. – Tu tá bêbado! — Não tô.... – Ele disse arrastado novamente. — Bêbado e chapado. – Falei finalmente me soltando dele, mas ele veio tentar me agarrar de novo. — Eu só quero um beijo. Só um.  – Disse segurando minhas mãos para que eu me virasse pra ele. – Eu não sou feio, sou? — Não João, mas... — Então porra, me dá um beijo! – Ele me interrompeu e me puxou novamente. Desta vez quase nos beijamos, eu não estava esperando pelo puxão, mas consegui reagir de forma rápida e virar meu rosto, recebendo um beijo no canto da boca. — João, caralho! – Alícia disse nervosa, se colocando entre a gente e o empurrando. – É melhor a gente ir embora, tu tá perdendo a noção já. — Relaxa, Alícia. – Falei. — É velho, ouve a mina e relaxa. Eu só tô querendo um beijo, não é não, Luninha? – Ele me olhou e piscou, me fazendo rir. — Tá velho, mas ela já disse que não quer, então respeita. — Ela quer sim, tá só fazendo graça. Tu sabe que essas minas são assim. – Ele riu. – Vem cá vai, Luna. Vamos dar uma volta, ir lá pra casa... – Completou, dizendo a última frase com um sorriso travesso. Eu gargalhei, mas Alícia fechou ainda mais a cara e o xingou novamente. Se eu não estivesse bêbada ainda eu também acharia ruim, mas eu só estava vendo graça naquilo, aliás, não só eu, como Carol e Gustavo também, que estavam sentados acompanhando tudo e rindo. A única que não estava gostando de tudo aquilo era a Alícia, que decidiu levar o João pra casa logo.
— Foi mal pelo João. – Ela disse sem graça depois que ele se despediu e tentou me agarrar novamente. – Se cuida, Luna. E vê se não volta pra casa bêbada, viu. – Disse agora dando um sorrisinho. — Hahahaha, eu não estou bêbada. – Falei. — É, eu tô vendo. – Sorriu novamente. – Tchau. Ela se virou para alcançar o João, que já estava um pouco afastado, mas eu segurei seu braço e quando ela se virou pra mim novamente eu depositei um beijo rápido no canto da sua boca. — Obrigada por me defender. – Falei sorrindo, ainda com a boca próxima da dela, em seguida me afastei e voltei para perto da Carol. — Vamos embora também? – Ela perguntou se levantando. — Vamos. – Falei. – Mas antes preciso ficar sóbria. Fomos para o mercado comprar alguns bombons e ficamos sentados na calçada comendo, depois que nós três ficamos sóbrios fomos para casa.
No dia seguinte, felizmente, não acordei de ressaca, apenas com muita sede. Eu me lembrava de tudo da noite passada, inclusive do beijo da Alícia, e me peguei sorrindo lembrando daquilo.
O dia inteiro eu fiquei atoa, apenas ouvindo minha mãe planejar as coisas para o Natal, já que a família iria toda para a minha casa naquele ano. Faltava uma semana para a data e ela já estava a mil, preparando a lista de compras, organizando o amigo oculto e tirando a árvore de natal e os pisca-piscas das caixas. — Monta a árvore pra mim, Luna? – Ela pediu. — Tá, deixa aí, depois arrumo. — Monta agora enquanto eu vou na rua comprar um pisca-pisca, esse aqui está queimado. — Tá, mãe. Fui montar a árvore e quando já estava terminando ela chegou, terminei de arrumar e a ajudei a colocar as luzinhas na árvore e na varanda, depois ficamos resolvendo com o pessoal sobre o amigo oculto e sobre a ceia, que cada um levaria algum prato. No dia seguinte não fiz nada, fiquei em casa assistindo filmes e vez ou outra pensava na Alícia, eu queria ter o número dela, chama-la pra conversar, falar com ela enquanto estivesse sóbria, ter uma conversa normal, saber sobre ela... E enfim, tentar entender o que eu estava sentindo. No domingo combinei com as meninas de irmos pra casa do Lucas só pra ficarmos atoa lá, e depois do almoço eu vesti uma roupinha simples e fui, quando cheguei a mãe dele foi quem abriu o portão pra mim. — Ei! – Ela sorriu pra mim. — Oi tia. – Sorri e a abracei. – Tudo bem? — Tudo ótimo. Sumiu hein, entra aí. — Sumi, mas já estou aqui. – Falei enquanto entrava. O Lucas estava na sala jogando vídeo game com a Marina. — E aí. – Falei pra eles. — E aí piriguete. – Marina disse. — O que temos pra hoje? – Perguntei enquanto dava um abraço no Luc. — Vídeo game ou filme. Vocês decidem, mas Marina tá querendo jogar. — A gente podia ver um filme antes, e depois jogar. – Sugeri. — Pode ser, vamos esperar as meninas chegarem, aí a gente escolhe um filme.
Sentei lá com ele e quando Carol e Rafaela chegaram nós escolhemos um filme e enquanto o mesmo carregava fizemos pipoca e nuggets, depois cada um pegou seu copo de refrigerante e nós voltamos para a sala para assistirmos o filme e quando o mesmo acabou a mãe do Luc disse que havia feito um bolo de chocolate. — A gente podia fazer uma calda pra jogar em cima, hein? – Maria falou. — Carol que sabe fazer. – Falei. – Aquela que ela fez na casa dela uma vez ficou muito boa. — Façam lá, deve ter tudo aqui. – A Tia Cida falou. Fui pra cozinha com o Lucas e com a Carol enquanto as meninas jogavam vídeo game e começamos a fazer a calda. — Menina, fiquei com uma ressaca ontem... – Carol disse. — Eu não fiquei. – Falei. – Nunca fico. — E a Alícia e aquele amigo dela? Ele é a melhor pessoa, cara. – Disse rindo. — Ele é legal mesmo, hahaha. Mas quando fica bêbado demais passa dos limites. — Por que ele estava tentando te agarrar né? – Ela riu novamente. – Isso é chato mesmo, mas a Alícia fez ele parar. Alícia... Foi ela falar esse nome que meu estômago se revirou todo. Mas não de uma forma ruim. Parecia que tinham mil borboletas lá dentro. Sorri com a lembrança dela me defendendo e olhei pro Lucas, que nos olhava sem entender. — Vocês estão saindo pra tudo o que é lugar agora e me chamar que é bom nada, né? – Ele disse. — Ôh amigo... – Eu ri e o abracei. – Foi de última hora. Eu estava meio chateada e falei com ela que precisava beber, aí ela chamou aquele Gustavo e a gente foi pra praia. — Não... Deixa... Eu tô anotando essas coisas. – Ele disse fazendo uma cara de bravo e nós rimos. – E quem é esse João? — Um amigo da Alícia que estava com ela. — Até hoje não sei quem é essa menina, mas ok. — Um dia eu te mostro quem é. – Falei. Deixamos a Carol fazendo a cobertura do bolo e ficamos conversando, depois o Luc, com seus dotes culinários, cortou ele no meio e a Carol jogou a cobertura ali e por cima dele. — O bolo está pronto! – Lucas gritou. Colocamos as coisas na mesa e quando as meninas foram pra cozinha nós nos sentamos e começamos a comer. O bolo havia ficado uma maravilha! Tinha também alguns biscoitos recheados, pão doce e sorvete. Saí de lá com 10kg a mais. Depois disso ficamos na sala jogando vídeo game. Primeiro jogamos Injustice, que pra mim era o jogo mais foda de todos os tempos, depois jogamos Just Dance, jogo no qual todos éramos péssimos, e depois jogamos uns jogos olímpicos no Kinect. No fim do dia, depois que todo mundo foi embora e só eu e Marina que ainda estávamos lá, nós ficamos jogando GTA e conversando sobre coisas bobas, sobre o Natal e o que faríamos no ano novo, o que faríamos no ano seguinte e coisas do tipo. Por volta das 20h eu fui pra casa.
Era sexta-feira e eu estava me arrumando para mais uma festa. Eu iria falir os meus pais se continuasse daquele jeito, mas ok, eu merecia me distrair em meio a tanta merda — lê-se Gabriel — na minha vida. — Amiga, qual blusa você vai usar? Eu não sei o que vestir, cara. – Carol perguntou, como sempre indecisa e atrasada. — Vou usar a preta, vai ficar melhor. – Falei. – Usa esta, olha... – Peguei pra ela uma blusa minha bem soltinha e com uma estampa meio étnica. Vai ficar uma gracinha com essa sandália e o short. Vesti minha blusa e ela também se vestiu. Ok, um passo já havíamos dado. Ou melhor, ela já havia dado, por que ôh menina que demorava pra se arrumar. Fiz uma maquiagem bem leve em mim, puxando apenas o delineado de gatinho nosso de todo dia e abusando no rímel. Coloquei alguns anéis, um par de brincos e um colar e passei um perfume. Depois disso, estava pronta e só fiquei esperando a Carol terminar de se arrumar, enquanto isso mandei uma mensagem pro Lucas e pro Luan, o irmão dele, pois eles iriam nos levar, lá encontraríamos a Rafaela e a Marina. — Acho que estou pronta. – Carol disse uns quinze minutos depois. — Acha ou tem certeza? – Perguntei enquanto me levantava da cama e chega na frente do espelho para me olhar. – Os meninos já devem estar chegando. — Só preciso passar um perfume. — Então passa. – Falei e no instante seguinte ouvimos a campainha. – Chegaram, vamos logo, já são 22:35. — Calma!!!! – Ela disse impaciente. Peguei meu celular na cama e o coloquei no bolso, dei uma ajeitada no cabelo e depois que ela passou o perfume nós saímos do quarto. Nos despedimos dos meus pais e descemos, quando chegamos no portão os dois estavam dentro do carro. — Olá! – Falei enquanto entrava no banco traseiro. — Que demora, cara. Puta merda! – Luan reclamou. — Eu estou pronta a muito tempo, Caroline que demora, como sempre. — Ih, não me testem. – Ela disse. Luan deu a partida e começou a dirigir na direção da festa, que seria na casa de uma conhecida nossa. Chegamos em pouco tempo e após o Luan estacionar o carro na rua ao lado nós descemos do carro. A música dava pra ser ouvida dali. — As meninas já chegaram? – Perguntei enquanto ajeitava minha roupa. — Acho que sim. – Lucas disse. – João apressa elas. — É, mas é ele contra as duas mais a namorada dele, que deve ter vindo também. – Falei. — Mas já devem ter chegado sim. Quando chegamos na frente da casa notamos que já estava lotado de gente e a cada minuto chegava mais um. Entramos e a Camila, dona da festa, veio nos receber, depois disso fomos para a cozinha e deixamos as bebidas lá. Aproveitei também pra já pegar um copo com vodka e refrigerante e fui pra sala atrás deles. — Nossa, mas já tá bebendo? – Lucas riu quando viu o copo na minha mão. – Tu não tá perdendo tempo mesmo hein. O que é isso? — Vodka com coca. – Falei enquanto ria.
Ele deu um gole e me devolveu o copo, bebi também e nós arrumamos um lugar pra ficar ali no meio daquela gente toda. A música que tocava era “Hotline Bling” e eu comecei a me movimentar no ritmo da mesma, fazendo os meninos rirem. Continuei bebendo minha bebida e logo encontramos Rafaela e Marina, que haviam acabado de chegar. — Vocês chegaram tem muito tempo? – Rafaela perguntou. — Não, uns dez minutos. – Carol disse. — E aí, como está o movimento? Alguém interessante? — Não vi ninguém até agora. – Falei. – Apesar de que... Eu estou bem de boa, viu. — Não vai pegar ninguém? – Carol me olhou. — Provavelmente não. Não tô muito afim ultimamente. – Menti. Até por que eu tinha dado uns beijinhos poucos dias antes. Na Alícia. Por falar nela, será que ela iria estar ali? Não era um lugar muito indicado, mas eu queria conversar com ela sobre tudo o que já havia rolado entre a gente. — Vamos pegar alguma coisa pra beber, gente. – Carol disse e me puxou. Fui com ela e as meninas para a cozinha e fiquei esperando elas pegarem as bebidas delas. — Douglas está aqui, alguém me socorre! – Rafaela disse. Douglas era um garoto que ela já havia ficado algumas vezes, coincidentemente, ou não, todas sendo no carnaval. — Onde? Não vi. — Vi ele perto da escada. Ai gente, será que a gente fica hoje? — Só se você fizer por onde, por que se ficar parada só olhando pra cara dele esperando que ele adivinhe o que você quer, não vai rolar. – Marina disse sincera. — Ata, você quer que eu chegue lá e diga que quero beijar ele? Claro, com certeza farei isso! – Disse irônica. — Uai, não precisa ser assim. Chega lá e conversa com ele. Aí ela começou a dar um mini ataque dizendo que nunca na vida dela ela faria aquilo por que ela morria de vergonha dele e não sabia nem sobre o que conversar com o garoto. Ok, em partes eu entendia ela, até por que eu era bem tímida também, mas ela ficar falando do garoto o tempo todo sem parar e surtando a cada vez que ele olhava pra ela também era um saco. Enquanto elas estavam ali conversando sobre o menino eu acabei me distraindo quando vi Alícia passar pela porta e, logo atrás dela, o Gabriel. Droga! Ele tinha mesmo que ir àquela festa? Ele não podia simplesmente evaporar da face da terra ou morrer? Virei de costas rapidamente quando os dois olharam para a cozinha e dei uma desculpa para sair dali, indo até onde os meninos estavam. — Que cara de quem viu uma assombração. – Lucas disse assim que parei perto dele. — Antes fosse. – Suspirei. – Foi só o Gabriel mesmo. — Ah, para! Sério? Onde? — Chegou agora, deve ter ido pra cozinha. — Nem dá moral, sério. Curte a festa e, se for preciso, bebe pra caralho. — É o que eu vou fazer. – Falei.
Assim que terminei de beber o que tinha no meu copo voltei à cozinha e desta vez peguei uma garrafa de Skol Beats no balde de gelo, as meninas ainda estavam ali na cozinha e voltaram pra sala comigo. Enquanto todo mundo conversava eu só conseguia pensar na Alícia, já que ela já havia passado por mim umas três vezes e, em nenhuma delas, havia me cumprimentado. Aquilo estava me deixando extremamente incomodada. Eu até iria falar com ela, mas com o Gabriel o tempo todo atrás era impossível, até por que eu não queria nem chegar perto dele, quando ele, pelo contrário, passava por mim toda hora achando que eu iria cumprimenta-lo. Coitado! Em um determinado momento da festa, depois da minha segunda garrafa de Skol e terceiro copo de vodka, eu estava completamente irritada, frustrada e incomodada com o fato de a Alícia ainda não ter ido falar comigo. Qual é, ela não podia nem me dar um oi? Será que eu tinha feito alguma coisa? Não devia ser, pois nem conversar a gente conversava pra isso acontecer. Será que o motivo era esse? Nós não conversarmos? Eu queria mudar aquilo, queria mesmo, mas pra isso eu precisava que ela fosse falar comigo, droga! Mais uma garrafa de Skol e eu já estava totalmente foda-se pra aquilo. Ela não queria olhar na minha cara? Ok, tudo bem, eu é que não ia ficar sofrendo por alguém que eu mal conhecia e só havia beijado duas vezes. E detalhe: estando bêbada nas duas. Então eu larguei o foda-se e comecei a ignorar a presença daqueles dois. Já estávamos em uma parte da festa em que só tocava funk, e no momento estava tocando “Na Ponta ela Fica”, e como eu sabia a coreografia — hahahaha — não pude deixar de dançar. Na hora de quicar eu ia até o chão bem rápido e quando subia parava por um segundo antes de rebolar, travar, abrir e fechar as pernas e “ficar na ponta”. Eu amava dançar aquela música! Quando essa música acabou começou a tocar “Quando o DJ Mandar” e como eu estava perto do Luan, sempre que tocava a parte “e quando o DJ mandar, menina você desce”, eu descia até o chão, com uma das pernas dele entre as minhas. Nós dois ríamos sem parar com aquilo. Com certeza não havia malícia alguma, até por que éramos muito amigos e ele já havia namorado a Marina. Quando a música acabou eu já estava morrendo de calor, então bebi mais. E não demorou até eu sentir vontade de ir ao banheiro. — Aí, eu vou ao banheiro, alguém quer ir? — Não, vai lá. A gente te espera aqui. – Marina disse. — Quer que eu vá com você? – Carol perguntou. — Não precisa. – Falei. – Já volto! Me afastei deles e subi as escadas, imaginando que houvesse algum banheiro no andar de cima.
Por sorte a fila não estava muito cheia, haviam só quatro garotas na minha frente, e todas elas foram rápidas. Quando chegou minha vez eu fiz minhas necessidades e dei uma checada na maquiagem, na roupa e no cabelo, aproveitei até pra tirar algumas fotos, já que quando entrei não havia ninguém esperando. Abri a porta para sair e quando dei um passo para fora do banheiro trombei com alguém, fazendo um líquido transparente cair na minha roupa. Eu com certeza atraia os copos de bebidas! — Droga! – Reclamei dando alguns passos pra trás e sacudindo a mão, que estava molhada. — Foi mal, eu não te vi. – Ouvi a garota dizer. Alícia. Levantei o rosto na mesma hora e ela me olhou com a mesma cara de surpresa. Estava estampado nos nossos rostos que nenhuma de nós duas queria estar ali. Eu, por ter ficado esperando ela falar comigo praticamente a festa inteira e por ter ligado o foda-se depois, e ela por... Sei lá qual o motivo ela tinha pra não querer falar comigo. Ficamos nos encarando por alguns segundos até eu piscar e me mover, voltando para o banheiro para lavar as mãos e limpar a roupa. — Desculpa, eu não te vi. – Ela disse parada ali na porta. — Tá tudo bem, eu não te vi também. – Falei.
Sequei as mãos e enquanto eu saía do banheiro, ela entrava.
— Tchau. – Falei. — Tchau. – Ouvi ela dizer. Dei alguns passos na direção da escada, mas parei. Ok, aquele clima estava uma merda. — Alícia... – Falei enquanto dava meia volta. Quando cheguei na porta do banheiro novamente, ela me olhou. – Você pode... Pode me passar seu número? — Pra quê? – Ela perguntou totalmente grossa e eu tive vontade de dar um soco na cara dela. Qual é, sua idiota! O que eu te fiz? — Eu queria conversar com você, mas... Deixa pra lá. – Falei pronta pra sair dali. Não ia ficar aguentando grosseria de ninguém. – A gente se vê. – Completei me virando pra sair. — Me dá teu celular. – Ela disse. — Não, deixa pra lá. – Falei. — Sério, me dá aí, eu te passo. — Deixa pra lá, Alícia. Já vi que tu não quer. — Me dá, Luna. – Disse impaciente. Revirei os olhos e entreguei o celular pra ela, ela anotou o número e me entregou o mesmo rapidamente. — Valeu. – Falei. Saí dali me arrependendo amargamente de ter trocado aquelas palavras com ela. Garota idiota, não fiz nada pra ela me tratar daquele jeito, então qual era a dela? Desci as escadas apressada e fui direto pra cozinha pegar algo pra beber, depois fui pra perto do pessoal. O restante da noite eu não vi ela e nem Gabriel, graças a Deus. Não queria olhar pra cara de nenhum dos dois mesmo.
No dia seguinte acordei com uma dor de cabeça, mas felizmente não estava muito forte e não podia nem ser considerada uma ressaca. Tomei um remédio quando cheguei na cozinha e comi um pedaço de bolo que minha mãe havia feito. Carol ainda estava dormindo, e eu nem fui mexer com ela, já que ela provavelmente estava de ressaca. Abri a rede na varanda e pendurei a mesma para me deitar, fiquei ali por um tempo e logo a Carol apareceu com a maior cara de ressaca do mundo. Falei! — Bom dia flor do dia. – Ironizei. — Eu nunca mais vou beber. – Ela disse coçando os olhos. — Tomou o remédio que está em cima da pia? — Não. – Disse.
Me levantei e fui até a cozinha, dei ela o remédio e fiquei na mesa com ela enquanto ela comia um pouco.
— Está melhor? – Perguntei depois de alguns minutos. — Quase nada. — Daqui a pouco passa, relaxa. – Ri. – Quer vomitar? — Até que não. Estou um pouco enjoada, mas não. — Se quiser o banheiro é aqui do lado. – Ri. – Tu vai embora depois do almoço, né? — Acho que sim, por quê? — Menos mal, até lá você já vai estar melhor, sua mãe nem vai notar. — Duvido um pouco, mas tudo bem. – Riu. Nós subimos para a sala e ficamos ouvindo música na tv e mexendo no celular. O número da Alícia estava salvo no meu WhatsApp, mas ela com certeza devia estar mil vezes pior que a Carol, e nem acordada devia estar, então deixei pra chama-la depois. Carol foi embora por volta das 16h, e por sorte já estava cem por cento sóbria, hahaha. Durante o resto do dia eu fiquei atoa, assisti um filme na internet e depois fiquei conversando no WhatsApp. O pessoal da sala voltou a falar sobre o Luau que eles estavam querendo fazer, e como todo mundo topou e todo mundo estaria livre no dia proposto, nós decidimos que iríamos fazer mesmo. Só precisávamos arrumar um lugar, ou iríamos fazer no sítio do Henrique ou no sítio do Matheus, e se não desse pra ser em nenhum dos dois, seria na casa do Luiz.
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31. Te encontrar
Alícia’s POV
A Jade permaneceu em silêncio enquanto eu a encarava, esperando uma resposta que explicasse realmente a bicicleta do Guilherme lá em baixo, aqueles olhares trocados entre nós três e mais do que isso: o fato dele pensar que éramos um casal. Não que eu me incomodasse muito com aquilo, já que eu realmente queria que nós fossemos um casal, mas porra, eu sabia que ela não queria aquilo, então por quê mentiu pra ele? — Jade, caralho. Me responde! – Eu disse, já perdendo a minha paciência que nem existia. — Relaxa, Licinha, quanto estresse! Eu só falei pra ele que éramos um casal. – Ela respondeu, me olhando com a cara mais natural do universo. Como se tudo aquilo fosse muito normal mesmo. — VOCÊ O QUE?! Pirou? – Eu realmente tomei um susto, cara, como assim ela disse que éramos um casal? Aquela garota tinha problema. Ela se aproximou de mim, chegou bem perto mesmo, quase colando nossos lábios, mas logo em seguida deu uma risada e se afastou. Caralho... — Digamos que o Guilherme tem tara por casais lésbicos... – Ela começou a se explicar. Eu não estava acreditando naquilo. Eu precisava que alguém me dissesse que aquilo era mentira, pelo amor de Deus! — Mas você não é lésbica, Jade. – Eu afirmei. — Ele não sabe disso. – Ela retrucou com um sorriso malicioso no rosto. Que filha da puta! Eu fiquei imóvel, sem reação nenhuma. Acho que aquilo foi o mais baixo que ela jogou pra conseguir alguém. Devo ter ficado uns cinco minutos encarando o além, tentando digerir tudo o que havia ouvido naqueles minutos de conversa com a Jade. — Qual é, Alícia, não foi nada demais. Você sabe que eu quero ele e esse era o único jeito de ele me notar, pelo menos uma vez. – Ela disse enquanto mexia no seu cabelo, para se certificar que ele continuava ajeitado. Sim, continuava. Ela era linda de qualquer jeito, como eu já disse. Mas bem filha da puta. Aliás, muito filha da puta. Achei que ignorá-la e fingir que ela não estava ali era a melhor solução, quem sabe uma hora ela calasse a boca. – Alícia, não me diz que você está pensando em estragar tudo. – Pois é, pelo visto ela não ia calar a boca. — Estragar tipo o que, Jade? Dizer que você é hétero e só fica comigo por que não tem nada melhor pra fazer no dia? Que a otária da história sou eu por realmente ser completamente apaixonada por você? Não. Não se preocupa, eu não vou estragar nada. – Eu disse a encarando, mas logo depois desisti de olhar pra cara dela e decidi focar no meu tênis. — Obrigada, você é a melhor! – Ela sorriu e tentou me abraçar como se estivesse tudo indo às mil maravilhas, mas recuei. — Mas não conte comigo pra isso. – Respondi, sem a olhar. — Como assim, Alícia? — Eu não vou continuar mentindo. Fingindo que temos algo, quando na verdade tu só quer ele. Inventa outra coisa, outra garota para namorar. Nós “terminamos”. – Respondi, dessa vez a olhando nos olhos.
— Você é tão egoísta às vezes, meu Deus! – Ela disse com voz de garota mimada, uma voz bem irritante, por sinal. Egoísta? Eu? Aquilo fez o meu sangue ferver. O que ela podia dizer sobre ser egoísta? Que vontade de esganar ela. — Jade... – Respondi com a maior calma do universo. — O que? — VAI TOMAR NO CU! – Gritei ao olhar no seus olhos, enquanto me levantava. Não ouvi uma palavra dela enquanto batia a porta atrás de mim e descia as escadas. Eu nunca tinha me apaixonado na vida e a única vez que isso aconteceu tinha que ser justo por ela? Que merda! O destino era realmente um lixo. Ou pelo menos o meu destino era. Nem preciso dizer que essa discussão com a Jade me custou mais alguns cigarros e menos tempo de vida útil aos meus pulmões. Decidi voltar para a minha casa, de onde eu nunca deveria ter saído aquele dia. Maldito último dia de aula. Voltei para a minha casa e fiquei lá um bom tempo, jogada na minha cama, apenas desejando que o mundo inteiro fosse pra casa do caralho. Que acontecesse um apocalipse zumbi e a raça humana fosse exterminada. Ok, Alícia, menos. Não é pra tanto. Eu queria poder ser como o João ás vezes. Acho que nunca o vi triste, nem preocupado. Ele estava sempre feliz, nunca pensava em nada, simplesmente fazia. Acho que era por isso que ele não se arrependia de nada, por simplesmente não tirar tempo para pensar nas merdas da vida dele. O bom humor dele contagiava qualquer um. Por falar nisso, era daquilo que eu estava precisando, de um João na minha vida. Estiquei o braço e peguei meu celular, que havia caído no chão. Assim que o peguei, disquei o número do João, já que eu sabia que ele nunca via as mensagens que recebia, simplesmente por não se importar com elas. “Se for caso de vida ou morte, não enviariam mensagem, me ligariam. Por isso, foda-se meu WhatsApp”. É o que ele dizia e, na moral, era a verdade. Essas coisas digitais só tiraram o contato pessoal do universo. — Qual é a emergência? – Ele atendeu, rindo disso. Só aquela brincadeira boba já me fez abrir um sorriso. Aquele cara era demais! Todos vocês deviam ter um João na vida. — Tu pode sair hoje? – Perguntei, ainda rindo do que ele falou. — VOCÊ JÁ ME VIU NÃO PODER SAIR EM ALGUM DIA, MINHA FILHA? CHEGO AÍ EM QUINZE MINUTOS! – Ele disse animado, como se eu tivesse convidado ele para ir até Las Vegas ganhar alguns milhões de reais. Ele nem me deu tempo de responder e já desligou, provavelmente correndo pra minha casa. Levantei para dar um jeito no meu cabelo e deixa-lo um pouco mais apresentável, quando meu celular tocou. — Alô, João? — SÓ UMA PERGUNTA, TU QUER QUANTO? – Por que ele estava gritando? — Não precisa de dinheiro, João, vamos só dar um volta. – Respondi. — Que dinheiro o que, caralho. TÔ FALANDO DE MACONHA! — HAHAHAHAAHAH!!! – Não consegui não rir. – O mesmo de sempre. Ele concordou e desligou rindo também. Meu Deus, eu amava o João, o melhor sem noção do universo.
Arrumei meu cabelo, como estava indo fazer antes, retoquei a maquiagem e fiquei de bobeira, o esperando chegar. Já estava escurecendo e minha mãe estava se arrumando também. Ultimamente ela estava saindo todas as noites, estranho. Mas tudo bem, não ia questionar, ela tinha a liberdade dela, e eu, a minha. — VAMO AÍ, CARALHO! – Ouvi alguém gritar lá de baixo. João. Desci as escadas e saí, sem ao menos me despedir da minha mãe, mas tudo bem. Tinha certeza que ela não se importaria com aquilo. Comigo, aliás. Enfim... — Hahahahaha, e aí, brother! – O cumprimentei com um toque de mão. — Se liga só! – Ele tirou dois saquinhos do bolso, os dois com maconha dentro, bem verdinha. Era tudo o que eu mais precisava. — Valeu cara. A gente pode ir na praia? – Perguntei — A gente pode ir até pro inferno, desde que tu bole isso aqui pra nós. – Tive que rir novamente, adorava a espontaneidade dele. Fomos descendo a rua em direção a praia e não demorou muito para que chegássemos lá, já que eu morava relativamente perto. Durante o caminho ele foi me contando alguma história sobre ele ter comido uma garota no quarto da avó dele, com a avó dele presente! — Mas cara, você não pode fazer isso, é contra a lei da família! – Eu disse enquanto ria. — CLARO QUE NÃO!! Minha avó é quase cega, tu sabe disso... Nem viu nada, não. Só uns vultos com movimentos estranhos. Eu disse pra ela que era o gato, tá ligado? – Ele gargalhou depois que disse isso. — Hahahaha, e ela não ouviu nada não? – Eu disse, realmente gargalhando junto com ele. — Ouviu. Aí eu disse “é vó, esse gato tá realmente bem louco, né?” – Caralho. Eu precisava de ar. Não aguentava mais dar risada.
Enquanto estávamos lá conversando, nem percebi que já tínhamos chegado na praia. Fomos andando por ali, enquanto eu bolava o beck, como ele havia pedido. Eu não tinha bolado muitas vezes na vida, já que eu sempre andava com o Gabriel, que já me trazia bolado. 
— Garçom! Traz uma coca pra acompanhar esse pastel que a Alícia bolou! – Ele disse ao pegar o baseado na mão, dizendo que ele estava mal bolado. Hahaha, imbecil. — Hahahaha, você é um babaca. Sabe que eu só nasci pra fumar. – Retruquei, me justificando por aquele “pastel”. Mesmo assim ele o acendeu e deu o primeiro trago enquanto caminhávamos, e logo passou a bola pra mim. O primeiro trago que eu dei foi bem fundo e prendi a fumaça o máximo que pude em meus pulmões. Quando a soltei, não estava chapada, mas o mundo estava mil vezes mais leve e menos estressante, com certeza. Não pensava mais em problemas, mas sim em como a vida era bonita e como todos devíamos amar o mundo e unicórnios. Hahahaha. Ok, eu devia estar começando a ficar chapada. Tive plena certeza quando olhei pro lado e pensei ter visto a Luna bem ali.
— Oi! – Ela me disse, abrindo um sorriso. QUE PORRA ERA AQUELA? Minha brisa devia estar muito louca mesmo. Depois de uns sete tragos ou mais, hora de parar, Alícia. – Não sou um fantasma, calma. Sou a Luna, lembra de mim? – Ela voltou a falar, me fazendo perceber que aquilo não era uma brisa. Ela realmente estava do meu lado. A encarei por mais um tempo, tentando organizar meus pensamentos. Levem em consideração, maconheiro pensa devagar! — Oi... Luna. – A cumprimentei, ela me parecia estar meio... Alegre. Aliás, o que ela estava fazendo por ali ? – Você está legal? Tá fazendo o que aqui? — Bebendo!!!! – Abriu um sorriso pra mim, como se fossemos melhores amigas. Típico de bêbado. — Opa, bebida, onde? – O João disse animado, enquanto soltava a fumaça do baseado quase na cara dela. Hahaha, João não podia ouvir “bebida, beck ou buceta”. Ele dizia que tinha problemas com a letra B. Hahaha. — Estou ali com meus amigos, vamos pra lá!!! – Ela nos convidou. Fiquei meio receosa de ir, mas o João foi mais rápido do que eu pra responder. — Bora! Meu nome é João. – Ele se apresentou pra ela. — Luna. – Ela sorriu. Ele me olhou com uma cara de “arrumei bebida, um beck e uma buceta”. Aquilo realmente me incomodou, mas tentei não demonstrar, afinal, ter beijado a Luna uma vez não significava que o João não poderia tentar nada. Aliás, ele nem sabia daquilo. E nem ia saber, eu esperava. A Luna apontou um pouco mais pra longe, onde vimos uma garota e um cara sentados, deviam ser seus amigos. O João logo saiu andando, na felicidade, levando meu beck embora com ele. Droga, ele ia fumar tudo sozinho. Ele foi indo na direção dos amigos da Luna e nos deixou para trás. — Legal te ver!!! – Ela disse mais animada do que o normal. É, ela estava bêbada. — Legal te ver também, Luna... Não te vejo desde ontem, realmente, estava com saudades. – Brinquei com ela e eu mesma ri daquilo. E ela também. Eu adorava bêbados, sempre riam de tudo. Fomos caminhando até os amigos dela e ela nos apresentou. Nos apresentamos também e a guria me olhou com uma cara de nojo. Sei lá, talvez ela soubesse da minha “reputação”, mas tudo bem. Eu ia ser gente boa com ela. — VAMOS VER QUEM CONSEGUE BEBER ESSA GARRAFA EM MENOS DE UM MINUTO? – O João gritou, provavelmente completamente chapado já. — VAMOS!!! – A Luna respondeu. — LUNA, NÃO! – A Carol, amiga dela, respondeu, imediatamente. — JOÃO, NÃO! – Eu disse, logo em seguida. Eu e a Carol rimos na mesma hora, parecíamos pais deles... Meu Deus. Nos sentamos ao lado de todos, formando uma rodinha, e ficamos um bom tempo conversando. Aliás, ouvindo as histórias do João. E sim, ele contou a história da avó dele, do “gato” e muitas outras. Obviamente, todos riram bastante com ele. O João tinha uma vibe tão boa que eu não sabia como não o tinha conhecido antes, perdi muitos anos da minha vida sem ele.
O tempo foi passando, todos nós rimos bastante, bebi mais um pouco e claro, o João acendeu outro beck, mas só nós dois fumamos. Parece que os amigos dela eram meio caretas. A achava tão bonitinha por andar com gente “certa”. Por falar nela, tinha parado de interagir fazia uns cinco minutos, devia estar refletindo a teoria de conspiração do universo. Quando olhei pra ela, ela sorriu. — Acho que eu vou andar um pouco, gente. Fui. – Ela disse isso e apenas se levantou. — LUNA! – Gritou a Carol, que estava um tanto quanto alegre também, depois de algumas doses. — Pode deixar, Carol, eu vou atrás dela. – Respondi enquanto me levantava. Dei uma corridinha para alcançá-la, mas consegui. – Ei, Luna. Espera aí. – Disse, conforme ia me aproximando. Ela parou onde estava e me esperou. – Posso ir com você? – Perguntei sorrindo. — Claro que sim, somos amigas! – Ela sorriu ainda mais. Achei engraçado e bonitinho. Ela era bonitinha até quando bebia, nossa! Andamos perto da água, mas sem molhar os tênis e ficamos em silêncio por um tempo. Eu estava morrendo de vergonha, mas ao mesmo tempo adorando estar ali com ela, mesmo sem falar nada. Não queria forçar as coisas, como sempre. Apesar de ela ter dito que éramos amigas — por estar bêbada, claro — eu não sabia se tinha liberdade para dizer algo, ou se ela realmente queria só andar. O silêncio durou uns três minutos até que ela o quebrou. — Seu amigo me ligou hoje. – Ela disse, se referindo ao Gabriel, provavelmente. — Eu imaginei que ele ligaria... – Respondi, enquanto chutava algumas pedrinhas conforme andávamos. — Fiquei triste por um tempo, sabe? Me senti meio mal. – Ela disse, enquanto fazia o mesmo que eu. — Você não tem que ficar triste, Luna. Ele é um idiota, você sabe disso. – Desviei o meu olhar pra ela ao dizer isso. Ela apenas ficou em silêncio, ainda com a cabeça abaixada e senti que aquilo era um sinal para que eu continuasse a falar, então continuei. – Ele foi um otário por ter perdido você, acredite em mim. Ele não merece uma lágrima sua, um pensamento seu, nada mesmo. Ele não merece nada de ninguém. Eu sei que ele é meu amigo, mas não quero que você pense que eu concordo com isso. Eu vou falar pra ele ficar longe, te esquecer, eu prometo. Mal nos conhecemos, mas eu não quero que você pense nele e se sinta mal. Pode parecer mentira, mas eu me importo com isso. E sabe, Luna, se eu fosse ele, jamais deixaria uma garota como você escapar dos meus braços. – Acabei falando mais do que eu deveria, com certeza. Acho que por eu ter fumado, nem ao menos pensei, as palavras só saíram. Mas garanto, todas elas valeram a pena assim que ela levantou o rosto, me olhando de volta e... Abriu um sorriso.
Puta que pariu, que sorriso era aquele? Olha, todo mundo devia ganhar um sorriso daqueles antes de morrer, com certeza. O mundo seria muito melhor caso aquilo acontecesse. Ela carregava a paz do universo naqueles dentes, não era possível. Me perdi ali. — Alícia? – Ela me chamou, quando percebeu que eu a encarava. — Sim, Luna. – Respondi, saindo do meu estado hipnótico. — Posso te pedir uma coisa? – Ela falou meio arrastado, entre um sorriso e outro. E claro, depois de uns copos, todo mundo fala arrastado. — Claro. – Respondi. — Me dá um beijo? – Eu juro que eu quase desmaiei ao ouvir aquilo. Puta que pariu. Eu ouvi certo ou foi a maconha? A Luna me pedindo um beijo, sério? Ali? Naquele momento? O QUE?
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30. 365 days
Luna’s POV
Na quinta-feira resolvi dar uma volta pra esfriar a cabeça. O ano de 2015 nem havia começado ainda e tudo indicava que ele começaria conturbado. Pra começar, acordei pensando na Alícia, o que me deixou completamente “assustada”, por que direto eu me pegava pensando nela, sem mais nem menos. Nunca fui preconceituosa de ter uma reação do tipo “Deus me livre, eu sou hétero!”, mas não podia deixar de achar aquilo completamente estranho e confuso.
Depois disso: mensagens e ligações do Gabriel, as quais eu ignorei até ele desistir. Aliás, desistir era o que ele devia fazer. Desistir de mim e de tentar me fazer de otária novamente. — Não vai colar, Gabriel. Cai fora! – Eu disse pra mim mesma enquanto o celular tocava. E como se já não bastasse: recebi também algumas mensagens do José, dizendo que estava com saudades e queria me ver. “Vai por mim, não é uma boa hora.” eu pensei quando li suas mensagens. Então eu saí. Caminhei pelos quarteirões sem um rumo certo, mas como sempre, cheguei à praia e fiquei sentada na areia até o entardecer. Tive a sorte de contemplar o pôr do sol e fui embora pouco depois, antes que escurecesse e eu fosse assaltada e, no mínimo, esfaqueada, já que eu não havia levado nada comigo. Enquanto caminhava pela orla da praia vi alguns casais sentados na areia se abraçando e beijando e aquilo me deu uma pontada no coração. Senti falta do Gabriel e até consegui enxergar nós dois ali, abraçados, rindo um com o outro, nas vezes em que íamos até lá. — Chega disso, Luna. – Falei sozinha novamente enquanto desviava meu olhar para os meus próprios pés. Parei ali, sentindo a brisa que vinha do mar e olhei para as águas por alguns instantes. O vento bagunçava meu cabelo e fazia minha pele arrepiar, então decidi ir embora de uma vez, sem olhar pros lados e pensar em coisas que eu não devia pensar. Assim que cheguei em casa tratei logo de pegar o celular e mandar uma mensagem pra Carol. 17:40 “Preciso beber, o que você acha?” 17:43 “Acho que a gente devia sair.” Marquei de encontrar com ela e com um amigo dela — que ela tinha mania de chamar de irmão — ali perto de casa, em trinta minutos, então tomei um banho rápido, vesti uma roupa qualquer que encontrei no armário — uma camisa larga e um short jeans —, calcei meu vans vermelho e deixei os cabelos soltos. Peguei um dinheiro que meu pai tinha me dado no dia da festa e falei com eles que estava indo encontrar a Carol, em seguida saí. Andei um pouquinho e vi ela vindo na minha direção com ele, os dois sorriram e ela me deu um abraço. — O que é que tá pegando? – Perguntou. — Só preciso esquecer algumas coisas. – Falei simplesmente. — Então vamos, por que beber realmente é o melhor remédio pra isso. – Gustavo falou. Eu ri e nós voltamos a andar. Passamos num mercado perto da praia e compramos algumas bebidas, dali fomos pra praia e ficamos sentados em um banco, sem falar nada, apenas bebendo.
Na metade da garrafa eu já estava sentindo a bebida começar a subir. No final, eu já estava um pouco tonta. Na metade da segunda eu estava bem tonta, e no final dela, eu já estava rindo. Realmente, beber sentada faz efeito muito mais rápido. — Olha só, já está feliz. – Carol riu de mim. — Ainda bem!!!! – Falei contente. – Isso é tão bom, eu não quero parar de beber nunca mais. Quero me sentir assim pra sempre!!!! — Aí tu morre com tanto álcool no sangue, maluca. – Ela riu de novo. — Não morro não!!!! Vou é ficar mais viva do que nunca!!! — Vou comprar catuaba, vocês querem? – Gustavo perguntou. — Sim!!!! – Falei animada. – Mas eu não gosto... — Compra lá, ela vai acabar bebendo. – Carol disse. – E tenta comprar uma barrinha de chocolate também, se não ela não chega em casa hoje. Gustavo saiu e em pouco tempo voltou com uma garrafa de catuaba e alguns copos plásticos nas mãos. Eu não gostava daquilo, mas bebi mesmo assim. Não sei quanto mais eu bebi, só sei que eu ora ou outra comia um pedaço da barra de chocolate e quando o álcool baixava eu voltava a beber. Em um dos momentos em que eu estava bêbada eu avistei a Alícia de longe, junto com um garoto. Caralho, o que eu ia fazer? Eu estava morrendo de vergonha de ir lá e olhar na cara dela depois de tudo o que rolou entre nós, mas ao mesmo tempo eu queria ir lá. Então a bebida falou mais alto e eu só me levantei dali e comecei a caminhar na direção dela, que estava de costas para onde eu estava, andando na calçada com o garoto. — Eu já volto. – Falei antes de sair de perto da Carol e pude ouvir um “onde você vai, maluca?”, mas não respondi e continuei andando. Apressei os passos até chegar perto da Alícia e quando me aproximei, me coloquei ao seu lado, acompanhando seus passos. — Oi! – Olhei para ela e abri um sorriso. Alícia e o garoto me olharam um pouco assustados por não terem notado minha presença e quando eu desviei os olhos dele pra ela, percebi que ela estava com os olhos arregalados. Eu ri e segurei seu braço. — Não sou um fantasma, calma. – Falei ainda rindo. – Sou a Luna, lembra de mim? – Sorri. Ela me encarou por mais alguns segundos, calada e com os olhos do mesmo jeito, até que murmurou alguma coisa. — Oi... Luna. – Disse por fim e me encarou por mais alguns segundos. – Você está legal? Tá fazendo o que aqui? — Bebendo!!!! – Abri um sorriso. — Opa, bebida, onde? – O garoto que estava com ela perguntou rindo. — Estou ali com meus amigos, vamos pra lá!!! — Bora! – Disse o garoto novamente. – Meu nome é João. – Completou se apresentando e estendeu a mão pra mim. — Luna. – Sorri e apertei sua mão. Ele lançou um olhar para a Alícia e eu ri daquilo, em seguida desviei os olhos para os cigarros que eles tinham nas mãos. Cigarros que certamente não eram comuns.
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29. Solução
Alícia’s POV
Logo depois que a Luna foi embora, passei o dia todo praticamente de bobeira. Troquei algumas mensagens com a Jade, brinquei com o Stitch e mensagem do...
“Acho que não te vejo faz pouco tempo, mas seria estranho dizer que tô com saudade do seu sorriso?” Uma foto bonita apareceu no celular identificando o criador da mensagem, o sorriso do Tarik era realmente lindo. A ponto de fazer qualquer garota se derreter inteira, ainda mais com aquela mensagem que acompanhava a foto. Qualquer garota, mas não eu. Quero dizer, eu o amava, ele era uma das pessoas mais lindas que eu conhecia, tanto por fora, quanto por dentro, mas simplesmente não rolava. Eu estava totalmente confusa emocionalmente. Tinha a Jade, que vez ou outra aparecia na minha vida e me bagunçava; e tinha a Luna que definitivamente mexeu com a minha cabeça inteira naquele feriado. Simplesmente não consegui responder a mensagem do Tarik, mas com certeza eu conversaria com ele no dia seguinte. Resolvi ficar deitada, ou semi morta, na cama o resto da “quase noite”. Minha playlist estava completamente romântica, que droga! Eu estava tentando não pensar nisso, mas ficava meio difícil esquecer a Luna enquanto tocava Into Your Arms, do The Maine, no meus fones. “Tem uma garota nova na cidade, ela tem tudo sob controle. Bem, vou dizer algo insano... É, ela tem o sorriso mais maravilhoso! Aposto que você não esperava que eu dissesse isso, mas ela me fez mudar (...)” Porra, a tradução daquela música definia ela todinha. Me peguei dando vários sorrisos bobos enquanto a música tocava. Eu queria poder falar com ela e ao mesmo tempo queria me esconder cada vez que ela olhava pra mim, eu era tão confusa! Sorte a minha não ter o número dela, assim não ia chamá-la e parecer forçar as coisas. Quero dizer, ela não saía da minha cabeça, mas ela não precisava saber daquilo. Ainda mais sendo hétero e provavelmente ainda amando o Gabriel. Fiquei um bom tempo viajando nos meus pensamentos, quando eles foram interrompidos com o toque do WhatsApp do meu celular. Gabriel, foi só pensar nele que a praga apareceu. “Alícia. Tá aí?” “Oi, Gabriel.” “Que grossa, calma. Te acordei?” É, talvez eu tenha sido um pouco grossa. Mas ainda estava com um pouco de raiva. Sabe, o Gabriel era meu amigo, sempre foi, sempre achei ele um cara bem foda, porém ele foi bem filho da puta com a Luna. E caralho, logo com ela! “Não, tudo bem, estava ouvindo música. Desculpa... Pode falar. Aconteceu alguma coisa?” – Respondi tentando amenizar a grosseria de antes. “Você colou na festa ontem?” – Ele respondeu quase no mesmo instante, parecia estar bem desesperado. Eu hein, o que ele queria? “Fui sim, legalzinha até. Casa maneira do teu amigo” “É, é, maneira. Mas me diz aí... Tu sabe se a Luna foi? Encontrou com ela?” – Aí sim entendi o que ele realmente queria. Filho da puta, pra ele queria saber dela?  “Não, achei que ela fosse com você” – Menti. Não sabia o que ele queria, mas apesar de ser meu amigo, não queria que ele fosse atrás dela pra magoa-la. 
“É, acho que ela não foi então. Valeu, Lícia!” – Ele me respondeu com essa mensagem e preferi não dar continuidade. Não conseguia não gostar do Gabriel, nunca me importei com ele iludir as garotas ou não. Até porque, achava que se eu fosse homem e bonito, faria o mesmo. Mas daquela vez foi diferente... Não demorou muito pra chegar outra mensagem dele. Porra, ele não calava a boca não? Vai ver pornô, Gabriel! ”Acho que o celular dela está desligado... Se você esbarrar com ela por aí, diz que eu tô com saudade do sorriso dela e quero ver ela. Quebra essa pra mim, Lícia?” Porra, eu não estava acreditando que ele teve a capacidade de falar aquilo. Caralho, Gabriel... Obviamente eu respondi que tudo bem, já que ele não sabia que eu tinha o visto e que a Luna também viu tudo. Mas claro, eu não falaria nada pra ela, pretendia não tocar no nome dele com ela novamente. Aliás, eu nem sabia se eu ia trombar com ela novamente sem sentir uma falta de ar e uma vergonha tremenda. Apenas respondi o Gabriel com um “tudo bem” e voltei para os meus pensamentos. Enquanto a Jade me mandava algumas fotos um pouco... Bem, caralho! Ela sabia que era gostosa e fazia pra me provocar, não era possível. Aliás, nós nem estávamos falando daquilo, estávamos conversando normalmente como amigas, pois apesar dos beijos constantes, éramos amigas. Mas foi só eu comentar sobre a Luna e como eu a achava legal que a Jade me enviou aquelas fotos com a desculpa de “ei, vê se essa calcinha que eu comprei não ficou muito pequena?”. Com certeza tinha ficado pequena. Mas aquela foi a última coisa com a qual eu me importei. Mas obviamente não deixei isso transparecer, não sabia qual era a dela mas: melhor não. Resolvi dormir depois que a conversa com Jade ficou baseada em ela querer que eu dissesse o quanto eu a achava bonita... Às vezes eu achava a Jade tão fútil, mas simplesmente não conseguia largar ela. Êh coração idiota! (...) Acordei no dia seguinte com meu despertador, o qual eu não me lembrava de ter colocado. Mas tudo bem, não reclamei de acordar cedo, afinal: finalmente era o último dia daquela porra de escola. Amém! Eu estava realmente precisando de férias. Me arrumei com uma calça jeans qualquer assim que saí do banho, fiz um coque com o meu cabelo por pura preguiça de ajeitar os cachos, coloquei minha camiseta branca com o logo do colégio — uma das pouquíssimas vezes que veriam Alícia Berard de uniforme, já que eu achava aquilo algo completamente desnecessário. Peguei meu celular e nele tinham algumas mensagens de grupos não importantes e mais umas três do Tarik.
“Morena, acordada?” – 03:18 da manhã. Óbvio que não. “Tô pensando em você” – 04:02. Ele não dormiu não? “Vai pra aula hoje ou...? Me responde. Tudo bem?” – 04:12. Depois daquela ele devia ter dormido. Não vi necessidade de responder aquelas, já que eu estava a caminho de encontrar com ele na aula. Assim que cruzei o portão da escola, a Jade me abraçou, mas de um jeito diferente. Como se fossemos um casal, ela me abraçou pegando minha cintura. Achei bem estranho e demorei pra abraçar de volta, mas o fiz. Assim que ela me soltou, pegou minha mão e pude ver que uns garotos nos olhavam, inclusive o cara da sala que ela estava afim. — Jade. – Interrompi aquele momento estranho soltando a mão dela. — Fala, amor. – Ela respondeu, me olhando com uma cara sexy. O que?! E... Amor?! — Ham? O Guilherme tá olhando pra cá. Que coisa estranha. – Eu disse tentando não focar na cara dela. — É, eu sei. – Ela abriu um sorriso satisfeito e em seguida, olhou em volta com a mesma expressão sexy que havia feito pra mim. O que me deu vontade de agarra-la ali mesmo. — Então para com isso. Ele vai achar que a gente se pega. – Respondi tentando me afastar, mas logo fui interrompida. O sorriso dela ficou ainda maior quando ela ouviu o “ele vai achar que a gente se pega”. Eu com certeza não estava entendendo nada. — Deixa ele achar. – Ela fez como quem não ligava muito, mas não sei... Não botei fé. Em seguida ela me deu um selinho. Em público. O que estava acontecendo com o universo naquela manhã? Retribui o selinho, obviamente, porém, péssima hora para ter feito aquilo, já que o Tarik cruzava o portão de entrada bem naquele exato momento e me olhou com uma cara não muito legal. Puta que pariu. Soltei a Jade quase no mesmo momento. — É, vamos pra sala, já vai bater o sinal. – Eu disse andando um pouco mais a frente, tentando alcançar o Tarik que andou em disparada até a sala de aula. A Jade pareceu sorrir pro tal Guilherme e logo depois me seguiu. As aulas correram normalmente e quer vocês acreditem ou não: eu passei direto! — Caralho, eu passei direto! – Comemorei em voz alta, assim que o sinal para o intervalo bateu. — Parabéns, Alícia. Está conseguindo o que queria. – O Tarik disse olhando pra mim, mas não com uma cara de bravo. E nem em um tom bravo. Mas eu sinceramente não sabia se ele se referia às minhas notas ou à Jade. O mundo estava quase entrando em colapso naquele dia, meu Deus! Ele se levantou e enquanto passava em direção à porta eu o segurei pelo braço, mas não de forma bruta, fui bem delicada, até mesmo no modo de falar. — Ei, Tata, podemos conversar? – Eu disse com a voz suave, enquanto olhava nos seus olhos. Ele pareceu respirar fundo antes de finalmente concordar e me seguir pelas escadas, até passarmos pelo pátio e chegarmos nos fundos da quadra, onde nos sentamos, um do lado do outro.
— Você não respondeu minhas mensagens... – Ele disse, mas sem olhar pra mim, apenas focado nos seus tênis. Sua voz não era de alguém bravo, mas também não estava feliz. Porra, não queria magoar o Tarik. Droga! — Tarik, eu não sabia o que responder... – Eu disse olhando pra ele, mas logo desviei o olhar pro chão ao ver que ele não me olhava de volta. Ele ficou alguns minutos em silêncio, os minutos mais agonizantes da minha vida. Fala alguma coisa, pelo amor de Deus! — Aposto que as mensagens da Jade você sempre sabe o que responder, não é? – Ele me quebrou com aquela frase, pois pareceu bem triste ao dize-la. Eu fiquei sem palavras, mais uma vez. Foi a minha vez de ficar em silêncio, por um bom tempo. — Hein, Alícia? Com a Jade você sempre sabe o que fazer. – Ele parecia um pouco mais triste e mais bravo dessa vez. – Vai, Alícia, você vai ficar calada aí? Me responde! Por quê? – Dessa vez ele falou bem mais bravo, talvez meu silêncio estivesse o tirando do sério. — PORQUE EU GOSTO DELA, PORRA! – Acabei gritando, como impulso ao ser pressionada por ele. Ficamos nos encarando por mais um tempo, até que eu visse o olhos dele se encherem de lágrimas, mas não, ele não chorou na minha frente. Nem disse mais uma palavra sequer, só voltou a abaixar a cabeça. – Tarik, eu... – Ele mal me deixou falar, apenas levantou e se virou, provavelmente antes que chorasse na minha frente. Corri para alcançá-lo e antes que ele pudesse cruzar a quadra, o segurei. – Tarik, cara, eu te amo pra caralho, eu juro. Mas é como amigo, como irmão. Me perdoa se eu não pude corresponder o que você sente. Você é a melhor pessoa que eu conheço. – Minha voz começava a ficar misturada com a vontade de chorar a cada palavra pronunciada. Ele só se soltou das minhas mãos e ficou parado, me encarando. Acho que eu devia continuar falando. – Tarik, por favor! – Meus olhos com certeza estavam prestes a deixar muitas lágrimas caírem, mas me segurei. Porém, foi impossível continuar segurando quando ele se virou e foi embora. Puta que pariu, eu era muito imbecil! Eu ia conversar com ele, mas numa boa... Não era pra ter gritado. Mas ele me pressionou. Caralho, Tarik. Eu tinha acabado de deixar uma das pessoas que mais me importava no mundo, ir embora. Que último dia de bosta! Enquanto via ele se misturar no meio do pessoal, fiquei ali, parada. Eu não conseguia ter nenhuma reação, nem gritar, implorar pra ele ficar. Aliás, ele não queria ficar. Seria muito egoísmo da minha parte o segurar depois de ter o magoado. Mas eu juro, a última pessoa no mundo que eu queria e esperava magoar, era o Tarik. Eu estava me sentindo a maior filha da puta de todo o universo. Assim que o sinal bateu, voltei pra sala, e enquanto subia as escadas, vi a Jade e o Guilherme conversando, encostados na parede. Os dois riam e conversavam como se fossem amigos há décadas...
Eu realmente não sabia qual era a dele. Ou pensando bem, não sabia qual era a dela. Não sabia qual era a de ninguém naquela porra daquela escola. O garoto com a Jade me olhou e pareceu dizer algo pra ela, que concordou, se despediu, e veio na minha direção, se pendurando no meu pescoço enquanto eu ia em direção a porta da sala. — Jade, agora não. – Respondi, tirando seus braços do meu pescoço. Mas ela se aproximou novamente quando o garoto chegou perto e me deu outro selinho. Dessa vez não retribuí, seja lá o que ela queria com aquilo, eu não estava com cabeça. Pra minha surpresa, quando entrei na sala, a carteira do Tarik estava vazia e a mochila dele não estava mais lá. — Ele foi embora. – Respondeu o Guto, um garoto amigo dele, um dos nerds da sala, assim que me viu toda confusa olhando para a carteira vazia. — Puta que pariu... – Eu pensei alto. — O quê? – Perguntou ele, sem entender. — Não, nada. Valeu, Guto. – Agradeci com um sorriso quase invisível e me sentei. As duas últimas aulas passaram se arrastando, mas enfim, quando ouvi o sinal, eu estava livre! Peguei minha mochila e estava descendo as escadas depressa quando... Jade outra vez! — Lícia. Espera aí! – Ela gritou atrás de mim. Parei no pátio ao terminar de descer e esperei ela chegar até mim. — Quer ir lá em casa hoje? Ver um filme, sei lá. Tô com saudade. – Ela disse com uma carinha muito fofa, enquanto segurava meu pescoço. Eu não ia ter coragem de ir atrás do Tarik e ficar em casa chorando não ia adiantar muita coisa, então eu topei. — Passo por lá de tarde. Mas agora preciso ir. – Me despedi e segui meu caminho de volta pra casa. Mas antes, outro selinho. Aquela garota estava muito estranha. Fui pra minha casa e quando cheguei minha mãe estava lá, tentei passar direto, mas foi inevitável. — Alícia. – Ela disse, do sofá da sala. — Sim? – Respondi com os pés na escada, pronta pra subir. — Quem era? – Ela perguntou. — Quem era onde, mãe? – Do que ela estava falando? — A garota que você trouxe pra casa. – Puts. Ela estava em casa quando levei a Luna, caralho, viu. — Ah, uma amiga, mãe. A Luna, ela é gente boa, mas não vai voltar, relaxa. – Respondi, agoniada. Torci pra ter disfarçado bem. Amém! Ela me olhou, desconfiada, mas deixou passar. Subi pro meu quarto e fui tomar outro banho, como estava calor, uma simples andada de vinte minutos até em casa já me fazia suar. Tomei um banho bem gelado, ao som de Justin Bieber, por incrível que pareça. Mas qual é, o garoto mandava bem com uns remixes novos dele. Fiquei um bom tempo lá e só lembrei de sair quando vi uma bolinha de pelos quase entrando no box. O Stitch era uma figura. Hahah, tão fofo! Fiz o favor de o retirar de lá, para que não se molhasse e saí também. Coloquei uma de minhas roupas para sair, já que as de ficar em casa estavam quase todas usadas, passei uma maquiagem leve — nada além de lápis, rímel e base para esconder algumas espinhas.
Minha blusa era algo parecido com cropped, porém, rasgadinha nas costas, eu a amava. Dei tchau pra minha mãe, que já estava caída no sono quando eu saí, amém... Sem mais perguntas constrangedoras sobre a Luna. Acendi uns três cigarros enquanto ia até a casa da Jade, incrível como minha vontade de fumar aumentava quando eu estava nervosa. Todos nós recorremos a vícios quando estamos nervosos ou ansiosos, sejam eles comidas, amores, ou, no meu caso, cigarros. Cada um pede socorro e procura sua paz naquilo que acredita lhe dar retorno e ultimamente, pessoas não estavam me retornando... Pelo menos cigarros não reclamavam. Quando cheguei lá, vi uma bicicleta encostada no portão do prédio, presa a um cadeado. Eu já havia visto ela antes, com certeza, só não me lembrava onde. Mesmo assim, toquei o interfone e não demorei muito a subir... Ao me aproximar da porta, ouvia algumas risadas, mas não só a da Jade, havia uma outra. Assim que a abri a porta, pude ver. — Guilherme?! – Perguntei um tanto surpresa ao vê-lo sentando no sofá. — Oi, amor! – Respondeu a Jade, enquanto ele me encarava. Ela mais uma vez se debruçou em mim, me abraçando como nunca fez antes. — Oi, Alícia... Tudo bem? – Ele sorriu, simpático, levantando também. — Tudo, o que tu faz aqui? – Não quis parecer grossa, mas eu estava bem curiosa. — Nada, passei pra conversar sobre o trabalho de Biologia que fizemos. Tiramos uma nota bem alta, vim agradecer a Jade, sem ela eu não teria passado de ano. – Ele continuou simpático, mas dessa vez, só olhando para ela. Um silêncio pairou pelo ar enquanto ele a encarava, sorrindo, e eu estava nos braços dela, sem entender porra nenhuma. Assim que ela percebeu esse silêncio, segurou meu rosto com as duas mãos e deu um sorriso, antes de morder meus lábios e me dar um selinho. — Bom, eu vou indo nessa, Jade... Valeu pelo trabalho, e vocês fazem um casal muito lindo. – Ele disse, enquanto ia em direção a porta, esperando que ela fosse fecha-la, e ela o fez. Se soltou de mim e foi se despedir dele. Eu realmente não entendi porra nenhuma, menos do que antes. Casal, o que? Assim que ele foi embora, ela voltou e se sentou um pouco mais longe de mim, totalmente diferente, enquanto procurava um filme na televisão. — Ele é muito gato, não é?! – Ela disse animada, mordendo os lábios, enfatizando o que acabara de dizer. — Não vejo nada demais. E que história é essa de “vocês fazem um casal muito lindo”, Jade? – Perguntei a encarando, totalmente confusa. Ela gargalhou na mesma hora, como se algo que eu não estivesse entendendo fosse totalmente engraçado. Que ódio eu ficava quando as pessoas faziam aquilo.
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28. The one that got away
Luna’s POV
Caminhei cerca de trinta minutos até chegar em casa. Quando entrei meus pais haviam acabado de acordar e estranharam o fato de eu já estar lá.
— E você acordou cedo por quê? – Minha mãe perguntou depois que eu menti dizendo que havia ido embora pra eles não terem que ir me buscar. — Eu mal dormi, na verdade. – Menti novamente. – Cheguei bem tarde e aí a gente ficou conversando, estávamos sem sono. — Hum. Chegaram que horas? — Umas cinco, por aí. – Falei me afastando. — Nossa senhora hein! E como foi a festa? — Legal, mãe... – Respondi enquanto subia as escadas.
Entrei pro quarto e fui direto pra cama. Me joguei na mesma e ali fiquei por longos minutos. Não demorou pra Alícia invadir minha mente. A noite passada, o momento em que nós ficamos — ou melhor, o momento em que eu a beijei — ficou rodando na minha cabeça como um carrossel. Eu não podia negar que havia gostado do beijo dela, e muito menos que havia gostado da maneira como ela cuidou de mim. Qual é! Nem minhas amigas me levaram pra casa delas e aí vem uma completa "desconhecida" e faz isso? Ela era mesmo um amor. Não me lembro quando foi que eu peguei no sono, mas acordei com meu celular vibrando debaixo do travesseiro. Minha cabeça ainda doía, um sinal de que a ressaca naquele dia ia ser de matar. — Alô... – Atendi ainda com voz de sono e sem vontade nenhuma de falar. — Onde você está, Luna? – A voz estridente da Carol ecoou do outro lado da linha. — Em casa. — Você foi pra casa daquela garota? A... Como é mesmo o nome dela? — Alícia. E fui sim, por quê? — Dá onde você conhece ela? — Ela é amiga do Gabriel. — Ah, menos mal. E você foi embora como? — Andando. Vim mais cedo antes que meus pais fossem me buscar aí. — Falei pros meus que você foi embora cedinho por que não estava se sentindo muito bem. Fiz certo? — Fez. Obrigada. — Desculpa não ter te trago pra cá ontem, você sabe como minha mãe é. — Sei sim, relaxa. – Falei. – Vou desligar agora, tá? Minha cabeça tá explodindo. — Tá bom cachaceira. – Ela riu. – Depois a gente conversa, beijo! — Beijo, tchau. Desliguei a chamada e no visor marcavam 10:15. Bloqueei o celular novamente e cochilei um pouco mais, até 11:30, quando levantei e fui tomar um banho. A dor de cabeça havia passado um pouco, mas infelizmente ainda doía. Durante a tarde, quando meus pais saíram, tomei mais um comprimido e fiquei na sala vendo tv, eu não estava com ânimo pra nada, só queria que meu estômago e minha cabeça parassem de doer logo. O estômago principalmente, já que ele não estava me permitindo comer nada, e quando eu comia, ele jogava tudo fora de novo.
Na quarta-feira Marina e o resto do pessoal me convenceram a ir tomar açaí com eles, então vesti um short de tecido azul marinho com alguns detalhes num tom de azul mais claro e uma camiseta larguinha também azul. Calcei um par de havaianas pretas, fiz uma maquiagem leve, coloquei alguns acessórios — anéis, colar e brincos — e peguei uma bolsa com o resto das minhas coisas. Saí de casa e caminhei lentamente até uma praça que havia ali perto de casa, quando cheguei já estavam todos lá. — Aleluia! Tô louca pra tomar meu açaí e você fazendo hora. – Rafaela brincou. — Pode ir fofinha, não pedi pra você me esperar. – Brinquei e todos riram enquanto ela fingia estar ofendida. Abracei todo mundo e fomos para a sorveteria. Depois de pedirmos nos sentamos em uma mesa no segundo andar e ficamos conversando sobre coisas bobas. — E que festa foi essa que vocês duas foram? – Lucas perguntou se referindo a festa que Carol e eu fomos. — Na casa de um amigo meu. — Que amigo é esse que a gente não conhece? – Marina perguntou. — Não conhecem mesmo não. – Ela riu. – Ele é amigo de um ex meu, a gente sempre conversa, aí ele me chamou pra ir. Só não chamei vocês por que a Mari e a Lu já foram comigo. Eu não ia levar o bonde todo sendo que ele nem conhece vocês né? — Eu não me importaria de ir. – Marina disse. – Tendo bebida de graça eu tô indo. – E riu. — A Luna encheu a cara, vocês precisavam ver. – Carol riu. — Ai, nem me lembre. – Revirei os olhos. Eu não queria lembrar que bebi demais e muito menos do motivo que me fez beber demais. Só queria esquecer aquela cena e aquele idiota do Gabriel. — Quando tá com a gente ela quase não bebe né. Duas Skol Beats e já tá querendo parar. – Lucas disse. — Pois é! – Concordou Carol. – Ela juntou com uma menina lá e bebeu todas. Só vi ela no final da festa. — Que menina? – Luc perguntou de novo. — Eu não teria me juntado a ela se você não tivesse me largado pra ficar com aquele cara e se a Mariana não tivesse sumido de vista. – Falei. – E é uma conhecida minha, amiga do idiota. Alícia. — Nunca vi. – Ele disse. – Mora por aqui? — No canal um. — É uma que passou na frente da pousada no dia da nossa formatura? – Marina perguntou. — Sim, ela mesma! – Assenti. — Nunca vi essa menina também. – Disse. – Quantos anos ela tem? Onde ela estuda? — Gente... Eu não tenho a ficha da menina não. – Ri. – Se falei com ela quatro vezes foi muito. Mas acho que ela tem uns dezesseis anos, e não sei onde estuda. — Apresenta. – Lucas disse com malícia. Olha amigo, eu acho que ela não joga no teu time não... Tive vontade de rir, mas segurei e apenas balancei a cabeça deixando um sorriso escapar. — Apresento, uai. Vamos ver. – E deixei uma risada escapar. Ficamos ali mais um tempo, até terminarmos nosso açaí, e depois voltamos para a praça. Quando chegamos lá tinha um grupo de conhecidos nossos sentados em um dos bancos e fomos até lá cumprimenta-los.
— Aí, aproveitando que vocês tão aqui, vai ter resenha lá em casa sábado, vocês sabem onde eu moro, apareçam lá, só levar bebida. – Maria Clara, uma das garotas que estavam no grupo, disse. — Já estou lá, sou sua vizinha mesmo. – Rafaela disse. — Se der eu vou também. – Falei. — Vão mesmo, vai ser legal. – Ela sorriu. Ficamos ali por mais um tempo e depois fomos nos sentar num outro banco. No tempo que ficamos lá, um dos garotos, Luiz eu acho, não tirava os olhos de mim, e aquilo estava me incomodando. Ele já havia pedido pra ficar comigo no início do ano, quando nos vimos pela primeira vez, e eu não quis, e pelo visto ele ainda estava interessado. Não, meu amor! — Vocês animam ir pra casa de Maria sábado? – Carol perguntou. — Eu até que animo. – Falei. — Meu irmão deve ir, então eu provavelmente vou com ele. – Disse Marina. — Vamos todos então. – Lucas falou. E ficou combinado que nós iríamos. Voltamos para casa no fim da tarde e quando cheguei me deparei com uma mensagem do Gabriel. — Você está de brincadeira, né? Caralho! Mais cara de pau impossível! – Falei comigo mesma enquanto olhava pra mensagem que dizia: “Ei, você sumiu, gatinha. Tá fugindo de mim? Espero que não! Precisamos conversar e resolver aquele nosso lance, ainda sinto sua falta. Te amo.” — CARA DE PAU, IDIOTA, BABACA, IMBECIL, ESCROTO!!!! – Gritei para o celular na esperança de que, de alguma forma o Gabriel escutasse, lá da casa dele, ou onde quer que ele estivesse. Não, ele não me viu naquela festa, ele não fazia ideia de que eu tinha o visto com aquela garota e depois que eu desci com a Alícia, fui eu quem não o vi mais. Certamente tinha ido embora pra comer aquela piranha em algum canto mais reservado. Mas tudo bem, foi melhor, se eu os visse, no estado em que estava - ultra bêbada, eu com certeza faria alguma merda. Visualizei a mensagem e não respondi. Apaguei a conversa e bloqueei o celular. Em seguida fui para o banheiro e tomei um banho relaxante, depois daquela mensagem eu estava precisando relaxar. E como se já não bastasse, comecei a pensar na Alícia. Que caralhos estava acontecendo comigo? “Ela é uma garota, Luna!” eu repetia pra mim mesma o tempo todo. Mas era difícil não me lembrar do nosso beijo, da forma como ela cuidou de mim, dos braços dela, do cheiro... — Chega! – Falei alto e me arrependi assim que minha mãe, lá da cozinha, perguntou com quem eu estava falando. – Pensei alto, mãe. – Falei. E não menti. Depois daquilo decidi encerrar o banho e ir para o meu quarto me distrair com alguma coisa. Resolvi assistir um filme, e o deixei carregando enquanto fui a cozinha comer alguma coisa, depois voltei para o quarto e dei play. O filme era uma comédia das boas, e me ajudou a esquecer um pouco as coisas.
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27. Ela
Alícia’s POV
— Bom dia, Bela Adormecida. – Eu disse com um sorriso no rosto enquanto segurava meu suco de laranja, encostada na porta do quarto. — Ham, Alícia? – Ela me respondeu com uma voz não muito boa. Parecia estar de ressaca. Vish! — É, esse costuma ser meu nome. Você tá bem? – Perguntei enquanto me aproximava dela e terminava meu suco.
Só tive o tempo de largar o copo em cima da mesa e sair correndo com ela pro banheiro, caso contrário, todo aquele vômito estaria no chão do meu quarto. Fiz o que uma ótima amiga faria, segurei o cabelo dela enquanto ela vomitava, claro.  Beleza, claro que durante aqueles 30 minutos de vômitos, um seguido do outro, eu quase vomitei junto. Foi bem nojento, mas como eu ia dizendo… Eu havia a beijado, aquilo era quase uma obrigação que eu carregava comigo, hahaha!
— Vem cá, levanta. Se tu vomitar mais alguma coisa, provavelmente vai sair o teu fígado junto. Você precisa comer alguma coisa e tomar remédio, pra ver se isso para no seu estômago. Ela resmungou alguma coisa e finalmente se levantou. Lavei o rosto dela bem devagar com água gelada e ajudei a se secar. A fiz descer comigo bem devagar assim que ela me pareceu apta a andar sem que parecesse que fosse desmaiar. Enquanto eu procurava algum remédio pra enjoo no armário da cozinha, ela separava algumas frutas para comer e um mínimo copo de suco, quase vazio. Tudo bem, eu também odiava comer quando acordava daquele jeito. Assim que encontrei o remédio, a entreguei enquanto me sentava à sua frente na mesa. Ela apenas encarava as frutas enquanto dava uma mordida e outra.
— Você vai se sentir melhor daqui a pouco, eu juro. – Falei enquanto a encarava. Incrível como mesmo estando toda bagunçada, ela ficava uma graça com a minha camisa. — Olha, Alícia, me desculpa. Você não precisava ter me visto assim. – Ela disse toda envergonhada, focando raramente o seu olhar no meu. — Tu não é de beber muito, não é? Hahaha. Relaxa, com certeza você já me viu pior em alguma festa por aí. Não tem nada demais em beber um pouco mais às vezes. – Dei um sorriso, tentando amenizar as coisas. Ela sorriu de volta, pareceu estar um pouco mais confortável. — E sobre ontem… – Ela quebrou os segundos de silêncio que ficaram entre nós.
Puta que pariu, ela ia falar de nós. Quer dizer, do nosso beijo. Caralho, eu tinha que fingir que não tinha sido nada demais e que não mexeu comigo… E, caralho, caralho, caralho! Eu não ia saber responder. Quero dizer, óbvio que aquilo mexeu comigo, ela era linda! Ela era perfeita até mesmo após uma ressaca, eu adorei o beijo dela. E eu não conseguiria simplesmente fingir que “ah, beijo? Quem liga pra isso?”. Eu ligava pra isso!
— Você viu se minhas amigas foram embora ou ligaram pros meus pais? – Ela continuou, enquanto eu surtava internamente. — Olha, se for sobre o que aconteceu entre nós eu… Ah, suas amigas? – Eu mal prestei atenção e já saí disparando. Que mico, Alícia! — É, eu fui com elas. Você viu se elas ligaram pra eles? – Ela pareceu preocupada enquanto perguntava, porém, com uma leve vontade de rir devido ao meu desespero. — Ah, elas foram embora, mas acho que ninguém falou com teus pais não. Se você quiser, eu posso te levar em casa e falar com eles, sabe... — Não! Eles me matariam se soubessem disso. E matariam você por ser cúmplice. – Ela disse com os olhos meio arregalados, dando um último gole no seu suco.
Não pude deixar de rir, claro. Era tão bonitinho, eu nunca tinha conhecido uma pessoa certinha assim. Ainda mais que com a idade dela ninguém nunca se preocupa com bebidas e com o que os pais vão achar. Que gracinha, puta que pariu, minha vontade era de apertar ela.
— Não ri, isso é sério… Aliás, eu preciso ir antes que eles percebam que eu não dormi onde disse que dormiria. Onde estão minhas roupas? – Ela perguntou já se levantando da mesa. — Estão no meu quarto, pode se trocar no meu banheiro, te espero aqui. – Sorri enquanto recolhia a mesa do café e guardava tudo novamente. Depois de alguns minutos, o Stitch finalmente acordou, talvez com o barulho da Luna descendo as escadas toda apressada, enquanto passava a mão no cabelo, terminando de se arrumar. — MEU DEUS! – A ouvi gritar da escada e obviamente saí correndo achando que havia acontecido alguma coisa. – Você é tão bonitinho! – Ela disse enquanto pegava o Stitch no colo. Tomei um susto atoa, aquela guria ainda me mataria do coração. — Você também. – Eu deixei escapar, enquanto ela brincava com ele. — O que? – Ela me olhou, com cara de desentendida. — Ham? Nada não. Vai querer que eu te leve? – Mudei de assunto na hora. Não era pra ela ter escutado o elogio, droga. — Não, não precisa. Meus pais não te conhecem, seria estranho se eles te vissem comigo. – Ela disse colocando o Stitch no chão e dando mais alguns carinhos nele antes de vir na minha direção. Ela chegou bem perto de mim e juro que nessa hora o meu coração quase explodiu, eu não sabia o que fazer… Ela estava tão perto. O que estava acontecendo comigo, cara? Nunca tinha ficado daquele jeito depois de beijar uma garota… Mas a Luna me causava aquilo. Quando eu achei que fosse quase morrer de ansiedade por tê-la tão perto de mim, ela me deu um abraço, se despedindo com um beijo na bochecha, que foi mais pra um beijo no canto da boca do que sei lá o que. A apertei em mim e ela suspirou durante o abraço, como se realmente estivesse gostando. Ter a Luna nos meus braços foi os melhores segundos da minha vida, eu acho. Foi uma sensação completamente diferente da que eu sentia quando abraçava o Tarik ou a Jade, por exemplo. Ela era especial, eu só não sabia como, mas era. Nos despedimos e abri a porta pra ela, que foi embora andando apressada até o fim da rua, seguindo o caminho de sua casa.
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26. Crazier
Luna’s POV
Acordei com uma forte dor, parecia que minha cabeça ia explodir. Minha boca tinha um gosto amargo e ruim e meu estômago se revirava me dando a certeza de que a qualquer momento eu vomitaria. Sentei-me na cama com a mão na cabeça, esperando que aquilo fosse diminuir a dor, e fiquei encarando o quarto em que eu estava. Não era o quarto da Carol.
— Bom dia, Bela Adormecida. – Disse uma voz não muito estranha vinda da porta.
Quando olhei para o lado vi Alícia parada com um sorrisinho no rosto. Começava a me lembrar de algumas coisas da noite passada. Eu estava na casa dela. Bebi demais e ela acabou me levando pra lá, não lembrava muito bem o porquê, já que tinha ido com Carol e Mariana, mas era o que havia acontecido. Lembrei-me também do beijo. Do nosso beijo. Mais especificamente, do beijo que EU havia dado nela. Onde será que eu estava com a cabeça? Em lugar nenhum pelo visto, só estava magoada e acabei a beijando. E caramba! Eu havia gostado muito e, pra piorar, eu estava me sentindo estranha enquanto me lembrava daquelas coisas. Estranha de uma forma que nunca tinha me sentido antes. Tipo... Fala sério, quando é que eu imaginei que ficaria com uma garota e, além de tudo, que iria gostar? Pois é, nunca! Mas foi o que aconteceu. Eu beijei a Alícia e gostei muito. Ok, hora de voltar para a Terra, Luna. Alícia está te encarando e esperando uma reação sua. — Alícia? – Minha voz saiu fraca por conta da dor e eu a encarei ainda um pouco confusa. — É, esse costuma ser meu nome. – Ela deu uma risadinha. – Você está bem? Antes que eu pudesse responder uma súbita vontade de vomitar me invadiu e eu não tive tempo de fazer mais nada além de levar a mão na boca e correr para o banheiro. Ela veio atrás e quando me ajoelhei de frente para o vaso ela me ajudou segurando meu cabelo e apoiando a outra mão na minha testa. Eu não conseguia parar de vomitar e chegou num ponto em que meu estômago doía de tanto fazer força, além de não sair nada além de água. Alícia me ajudou a levantar depois que supomos que não fosse sair mais nada e antes de descermos ela lavou meu rosto rapidamente. Eu estava fraca, minha cabeça doía e agora meu estômago também. Sentei-me a mesa e ali em cima haviam alguns pães, frutas e suco. Peguei uma maçã na fruteira e coloquei um pouco do suco de laranja no copo, eu odiava comer de manhã, mas considerando o meu estado, eu devia comer. Ela procurava um remédio no armário e todo barulho que ela fazia, por menor que fosse, fazia com que minha cabeça latejasse ainda mais. Dei uma mordida na maçã e mastiguei devagar, pois até aquilo fazia minha cabeça doer. Meu Deus, eu nunca mais beberia daquele jeito! Alícia me entregou uma cartela de comprimidos e eu peguei um, o colocando na boca e bebendo o suco que estava no corpo.
— Você vai se sentir melhor daqui a pouco, eu juro. – Ela disse dando um sorriso fraco. Sorri também e a encarei por alguns segundos, mas logo pedi desculpa por ela estar me vendo naquele estado e, principalmente, por ter me visto vomitar. Ela não precisava fazer aquelas coisas, nós nem éramos amigas. Eu estava me sentindo péssima e envergonhada. — Sobre ontem... – Voltei a falar. – Você viu se minhas amigas foram embora ou ligaram pros meus pais? – Completei ao mesmo tempo em que ela começava a falar comigo. — Olha, se for sobre o que aconteceu entre nós eu… Ah, suas amigas? – Ela disse, mas quando me ouviu arregalou os olhos, se dando conta do que havia dito. Tive que segurar pra não rir. — É, eu fui com elas. Você viu se elas ligaram pra eles? – Perguntei um pouco preocupada. Se elas tivessem ligado pra eles eu com certeza estaria ferrada! — Ah, elas foram embora, mas acho que ninguém falou com teus pais não. Se você quiser, eu posso te levar em casa e falar com eles, sabe... — Não! Eles me matariam se soubessem disso. E matariam você por ser cúmplice. – Falei ainda mais nervosa. Terminei de beber o suco e, depois de dizer à Alícia que iria embora sozinha antes que meus pais soubessem que eu não estava na casa da Carol, eu subi para o quarto dela e me vesti rapidamente. Desci as escadas apressadamente e quando cheguei no penúltimo degrau vi uma bolinha preta e saltitante me olhando enquanto balançava o rabinho. — AI MEU DEUS! – Não consegui conter o grito, ele era incrivelmente fofo! Alícia imediatamente apareceu na porta da cozinha, me olhando assustada enquanto eu terminava de descer os degraus e me abaixava para pegar aquela coisinha linda. – Você é tão bonitinho! – Falei o colocando junto ao meu peito e lhe dando um cheirinho. Ouvi Alícia sussurrar alguma coisa e a olhei rapidamente, mas eu não havia entendido o que ela disse. — O que? – Perguntei confusa. — Ham? Nada não. – Ela disse um parecendo um pouco nervosa. – Vai querer que eu te leve? — Não, não precisa. – Falei enquanto colocava o cachorrinho no chão. – Meus pais não te conhecem, seria estranho se eles te vissem comigo. – Expliquei. Ela assentiu e eu me aproximei dela para me despedi. Percebi que ficou nervosa e achei aquilo uma graça. Ela era uma graça. Segurei mais uma vez a risada e lhe dei um abraço seguido de um beijo no rosto, que, acidentalmente, acabou sendo dado muito perto da boca dela. Ok, vocês já se beijaram mesmo, Luna... Alícia aproveitou o abraço e me apertou um pouco em seus braços. Acabei deixando um suspiro escapar assim que ela fez aquilo e automaticamente me lembrei da noite passada e do quanto eu havia me sentido confortável ali. Quando nos soltamos do abraço eu a encarei por mais alguns segundos antes de me virar e sair dali, caminhando até o fim da rua. Eu estava no Canal 1 — constatei quando vi os desenhos pixados em um muro — e não demoraria a chegar em casa, podia até ir andando, e foi o que fiz. Enquanto eu tentanva organizar meus sentimentos ou pensamentos. Ou os dois.
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25. Morena
Alícia's POV
Entrei em casa com ela sem fazer muito barulho e decidi que dar um banho seria a melhor opção.
— Luna, você consegue tomar banho? – Perguntei enquanto entrava no meu quarto com ela, tirando seus sapatos. — Eu gosto de banho, e você? – Porra! É, não conseguia.
Entrei no banheiro com ela e fui tirando sua roupa devagar, para que ela não se assustasse. Vai que ela pensasse que eu estava querendo algo. Na verdade até estava: que ela ficasse sóbria. Tentei ao máximo não focar no corpo dela, o que foi bem difícil, já que ela era muito gostosa. Mas juro que usei todo o meu lado angelical e não o perverso pra dar um banho nela. Ela não ficou totalmente sóbria, mas deu pra sair do chuveiro sem cair. Avanço! Como eu não estava tão sóbria a ponto de conseguir vesti-la e arruma-la, coloquei uma blusa antiga minha, do Never Shout Never!, que com certeza ficou bem confortável nela, a deitei na cama e logo me deitei ao seu lado, me virando pra dormir quando achei que ela já havia dormido também. — Eu sou gostosa, não é? Você me acha gostosa? – Ela disse, ainda com voz de bêbada. Ah Luna, de novo não! — Você é bonita sim, Luna. – Concordei, dor mesmo modo como se deve fazer com crianças. Apenas concorde e uma hora, vão parar. — Então por que o Gabriel me trocou? Você não me trocaria, não é? — Nunca. Agora dorme, é sério. – Depois de alguns minutos de silêncio ela finalmente dormiu. Amém! Acordei relativamente cedo no dia seguinte, minha cabeça por incrível que pareça não estava doendo porque eu não havia bebido tanto quanto tinha planejado. Quando abri os olhos e virei pro lado, pude ver que a Luna ainda estava dormindo e preferi não a acordar. Me levantei com todo o cuidado do mundo para não fazer barulho e fui lavar o rosto antes de descer pra comer algo, meu estômago estava me matando. Desci as escadas e pude ver que até o Stitch estava dormindo ainda. Meu Deus, quanta preguiça em um cachorro só! Coloquei ração pra ele em um pote e logo abri a geladeira para procurar a minha “ração”. Tinham algumas frutas e danones, arrumei tudo na mesa junto aos pães e sucos. Eu nunca arrumava nada, mas naquele dia eu tinha visita. Não que eu me importasse muito em como ela ia me ver ou ver a minha casa, quer dizer... Talvez eu me importasse um pouco. Ok, eu me importava. Ela parecia ser criada do melhor jeito possível, cheia de frescuras e depois de quase a obrigar a dormir na minha casa, eu pelo menos devia arrumar um café da manhã pra guria. Além do mais, seria meio escroto não dar comida pra garota que eu acidentalmente, ou não tão acidentalmente, beijei na noite passada. Aliás, ainda parecia um sonho pensar que eu, Alícia Berard, tinha beijado a Luna. Tipo, cara, há algumas semanas antes eu a conheci como “namorada” do Gabriel e agora eu tinha a beijado. Que louco! O mundo era bem louco mesmo.
Me sentei na mesa e decidi comer um pão com queijo enquanto a Luna não acordava, depois que eu comesse, eu a acordaria. Fiquei pensando um pouco na noite anterior e como o Gabriel se mostrou um verdadeiro babaca… E eu estava morrendo de vergonha da Luna. Sabe, ela estava mal e com certeza eu fui um “step” para se vingar ou esquecer o Gabriel, eu não sabia se ela estava arrependida ou… Não sabia nem se ela se lembraria da noite anterior, já que o nível de alcoolismo dela estava bem alto. Demorei bem mais do que deveria para comer um simples pão, por conta disso, quando subi novamente, ela já estava acordada. Estava sentada na minha cama, coçando os olhos, como se olhasse em volta e se perguntasse onde estava. Finalmente alguém sentiu a mesma sensação que eu sempre sentia após uma noite muito louca.
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24. Thinking out loud
Luna’s POV
Quando cheguei ao primeiro andar com Alícia segurei firme na mão dela e a puxei em direção à cozinha, eu queria beber. Chegando lá fui logo preparando algo pra mim enquanto ela pegava uma cerveja no balde de gelo.
— Quer? – Perguntei a oferecendo um gole da minha bebida. — Não, valeu. – Disse dando um sorriso fraco. — Bebe um pouco, está gostoso. — Não quero, Luna. — Bebe, Alícia. Não me faça essa desfeita. – Sorri.
Ela revirou os olhos dando uma risadinha e enfim bebeu um pouco, fazendo uma cara feia em seguida, eu ri.
— Isso está forte demais, não acha não? — Acho. E é disso que preciso. – Sorri.
Ela balançou a cabeça em reprovação e bebeu a cerveja dela. Ficamos ali por mais um tempo, era copo atrás de copo, não sei ao certo o quando eu bebi, mas foi o suficiente para ficar completamente bêbada, de um jeito que nunca havia ficado antes. E apesar de me sentir tontinha, aquilo era muito bom e eu estava bem feliz. Feliz o suficiente pra, após ver três amigos tirando foto juntos, me enfiar no meio deles e sair na foto também. Eu nem sabia quem eles eram!
— Apesar de termos uma intrusa até que ficou da hora. – Disse um deles, rindo. — Posta e me marca!!! – Falei. – E me sigam no insta!!! Qual o de vocês????
Após passar meu instagram e meu número para três caras completamente desconhecidos, voltei para junto da Alícia, que me olhava rindo. — Tu não acha que é melhor parar não? – Perguntou. — Não!!!!! Eu estou ótima, hahahaha!!!! Alícia também bebeu bastante, mas não tanto quanto eu. Só sei que já estávamos na sala dançando juntas e quando começou a tocar um mix de músicas do Travis eu simplesmente enlouqueci. A música que tocava era Vans On e eu dançava enlouquecidamente, eu nem sabia mais o que eu estava fazendo. — TRAVIS!!!!!!! – Gritei quando começou a tocar outra música dele. – Alícia! Sabia que eu amo ele? Eu sou tipo muito apaixonada por ele de verdade ele é lindo e eu sou louca por ele você sabia????? – Falei aquilo totalmente eufórica e sem pausas. Enquanto dançava com as mãos pro alto e os olhos fechados acabei escorregando e indo de encontro ao chão, por sorte meu copo ficou intacto. Alícia me levantou e ficou dizendo algumas coisas que não prestei muita atenção. Ela tentou me tirar dali, mas eu não queria ir embora, estava tão bom, eu estava me divertindo tanto... — Tu veio com quem? – Ela perguntou sem paciência enquanto me puxava pra longe das pessoas. Olhei em volta e então vi Carol e Mariana vindo na minha direção, abri um sorriso ao vê-las. — Com elas!!!!! – Gritei apontando para as duas. Carol não estava com uma cara legal, mas eu nem prestei atenção no que ela falou com a Alícia por que estava ocupada me lembrando do beijo que eu havia dado nela e rindo da cena.
Não sei o que elas conversaram, mas Carol e Mariana foram embora e me deixaram com a Alícia, será que nós íamos ficar mais? — Vem, vamos embora. – Alícia disse se aproximando. — Eu não quero ir. – Fiz uma cara triste. – Está tão legal aqui. — É, eu sei, mas tenho que te levar pra casa. Ela passou meu braço pelo seu pescoço e segurou minha cintura, me levando dali. Entramos num táxi e ela deu o endereço, não prestei atenção, mas ela devia ter falado pro motorista. Durante o percurso começou a tocar uma música muito animada da rádio, e eu comecei a cantar, eu gostava tanto dela. Alícia só ria e eu fui cantando uma música atrás da outra até o taxista parar o carro. Eu não sabia onde estávamos, mas entrei atrás da Alícia. Devia ser a casa dela.
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23. Quase de manhã
Alícia’s POV
Eu sempre achei a Luna muito bonita, desde a primeira vez que eu a vi. E cara, o beijo dela estava sendo simplesmente a melhor coisa do mundo. Beleza, nenhuma de nós estava totalmente e inteiramente sóbria, e talvez ela estivesse me beijando pra se vingar do Gabriel ou algo parecido com aquilo, mas eu realmente não estava me importando. Conforme os lábios dela se moviam sob os meus, eu esquecia completamente do universo. Quem sabe eu tenha até esquecido o meu nome na hora. Coloquei uma de minhas mãos na sua nuca e conforme íamos intensificando o beijo e nossas línguas se entrelaçavam, eu mexia no seu cabelo e o acariciava, vez ou outra intercalava com alguns puxões, o que a fez sorrir algumas vezes durante o beijo. Quando finalmente nos “separamos”, ela me olhou por alguns segundos, enquanto arrumava seu cabelo, que eu havia bagunçado um pouquinho. Ou talvez muito. Mas valeu a pena. Eu mal havia acabado de beija-la e já estava com saudade daquela boca, o que me fez encará-la por um tempinho até que eu pudesse finalmente disfarçar, dizendo que seu batom havia borrado um pouco.
— Eu não sei o que foi isso... – Ela me disse com uma cara de assustada, como se sua ficha tivesse caído. — Foi um beijo. Qual foi, tu era BV? – Brinquei para descontrair e funcionou, já que ela deu uma leve risada. — Me desculpa, Alícia. Eu... — Não se desculpe. – A interrompi.
Creio que ela quisesse se explicar pra mim ou quem sabe até pra ela mesma. Eu não a julgava, ela devia estar bem confusa mesmo. Mas aconteceu e não ia acontecer de novo, apesar de que eu queria muito. Depois de convencer a Luna a parar com a neura, decidimos voltar para a festa, como se nada tivesse acontecido. Pelo menos ela não estava mais chorando e eu também havia ganho a minha noite. Descemos juntas e eu esperava realmente que ninguém tivesse desconfiado de nada, aliás, estava todo mundo bem louco pra descontrair, e eu lá, sóbria. Nem precisei dizer que eu queria beber, já que a Luna já nos guiou pro bar. Nunca a vi beber, tipo, não de verdade, como eu ou meus amigos, mas pelo visto, ela estava inspirada naquele dia. Assim que chegamos ao “bar”, ela encostou na bancada e montou sua própria bebida, peguei uma Heineken em um dos barris de gelo e dei um gole na bebida dela, depois de ela muito insistir. Eu não fazia a mínima ideia do que tinha naquele copo, mas estava forte, e algo me dizia que a Luna não estava acostumada com bebidas fortes. Naquele momento comecei a achar que ia dar ruim. Ficamos no bar por tempo suficiente para a Luna fazer amizade com algumas pessoas novas e beber em média mais uns cinco copos daquele ou até mais fortes. Eu só sei que só me liguei no estado dela quando terminei minha segunda cerveja e me encontrava na pista de dança com ela. O iPod que estava tocando as músicas tinha um remix com algumas músicas do Travis Mills, o que a deixou louca. Pelo visto ela gostava muito dele.
— TRAVIS!!!!!!! Alícia! Sabia que eu... – Eu juro que não entendi mais nada depois daquilo, tudo o que ela falava saía enrolado e provavelmente em árabe. E, obviamente, eu não falava árabe. Nem língua de bêbado quando eu ainda estava “normal”. Ela dançava as músicas como se não houvesse amanhã e confesso que decidi que era hora de leva-la embora assim que a vi cair — com outro copo na mão. Mas ela não foi comigo. — Luna, olha pra mim. – Eu virava o rosto dela pra mim enquanto a segurava para que ela não fosse parar no chão. — Oi!!!!! – Ela me respondeu enquanto terminava de virar o que tinha em suas mãos. Seja lá o que fosse que tivesse dentro daquele copo, com certeza pioraria a situação. — Olha aqui, presta atenção. Tu veio com quem? – Eu perguntei enquanto a levava pra um lugar com menos gente, talvez aquilo a ajudasse a melhorar. — Com elas! – Ela apontou enquanto eu a encostava em uma das pilastras da casa e duas garotas vinham na nossa direção. — Luna! Cara, o que aconteceu com ela? O que tu deu pra ela? – As meninas fizeram um trilhão de perguntas ao mesmo tempo enquanto viam a Luna rir de tudo. — Eu? Não dei nada. Mas ela bebeu demais e disse que vai voltar com vocês, então... Acho melhor vocês irem. — Com a gente? Tá louca? Meus pais vão me matar se virem ela assim e com certeza os pais dela também. – A primeira garota falou. — É verdade. Eu também não posso levar ela pra minha casa, minha mãe ficaria muito brava. – A outra continuou. Caralho, viu! Minha mãe não se importaria e talvez nem perceberia se eu a levasse pra minha casa, mas cara, eu tinha acabado de “conhecer” a mina! Puta que pariu, que amigas deixam a amiga bêbada nas mãos de uma garota de quinze anos? Tudo bem, eu não aparentava essa idade e talvez elas nem soubessem. Assim que elas arrumaram alguma desculpa pra vazarem, percebi que eu teria que em virar com aquele b.o. Que ótimo dia para dar um PT hein, Luna? Eu não queria mexer nas coisas dela, mas acabei reparando numa nota de vinte reais apontando no bolso da frente da sua camisa, e eu não tinha como voltar pra casa com ela mal conseguindo andar. Beleza, eu pagaria um táxi e no dia seguinte devolveria o dinheiro pra ela. Ela foi cantando algo durante o percurso do carro e confesso que achei bem engraçado algumas partes, bêbado é tão feliz.
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22. Kiss me slowly
Luna’s POV:
A Alícia estava me tratando tão bem, dizendo coisas tão bonitas e fazendo de tudo pra que me sentisse melhor e por isso, a única coisa que eu conseguia pensar era no quanto ela era bonita. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo comigo, é claro que eu achava outras garotas bonitas, mas não do jeito que eu estava achando ela. Enquanto ela falava eu só conseguia olhar pra sua boca. Porra, o que estava acontecendo comigo? Eu nunca havia me sentindo dele jeito por uma menina! Deixei um sorriso fraco escapar enquanto a ouvia dizer que o Gabriel não merecia meu sorriso e nem minhas lágrimas, que eu conheceria pessoas melhores que ele e que eu ficava mais bonita com um sorriso no rosto. Mas espera... Nós não éramos amigas e, mesmo vendo sinceridade nas palavras dela, senti que ela só estava dizendo aquilo por obrigação, sabe? O amigo idiota dela me magoa e aí ela tenta consertar as coisas. — Alícia... Você não precisa falar essas coisas só pra... – Não consegui terminar de falar. Ela simplesmente me puxou pra um abraço forte e confortável, e eu simplesmente esqueci que ela estava fazendo aquilo por obrigação, eu precisava de um abraço, então eu iria aproveitar. Me aninhei em seus braços e a ouvi dizer que ela estava dizendo a verdade enquanto a sentia mexer em meu cabelo. Seu colo ela tão bom, tão aconchegante, tão... Acolhedor, que naquele momento eu só consegui pensar, de novo, no sentimento estranho que estava se aflorando dentro de mim. — Fica comigo... – Pedi, mas ela aparentemente entendeu errado. E então, sem medo de me arrepender, eu me soltei de seus braços e a encarei com nossos rosto próximos, tão próximos que nossas respirações se misturavam e eu já sentia o cheiro de seu hálito. Era um cheiro de álcool, mas era bom, e, sem pensar em mais nada, eu a beijei. E nossa, eu gostei! Gostei muito, aliás. Ela levou um certo tempo até retribuir o beijo, com certeza não estava esperando, mas quando ela retribuiu eu percebi que seu beijo era bom, muito bom. Seus lábios eram grossos, mas tão macios... Minhas mãos pousaram em sua nuca e arrastei uma delas até seu rosto, acariciando o mesmo devagar. Nossas bocas se encaixavam bem e nós tínhamos uma ótima sintonia. Ora ou outra, sua mão que estava no meio dos meus cabelos, puxava meus fios com um pouco de força, me fazendo arrepiar e alguns sorrisos involuntários escaparem. Quando nossas bocas se desgrudaram minha respiração estava pesada e eu estava um pouco sem ar. Nos encaramos por alguns segundos enquanto eu arrumava meu cabelo que estava um pouco bagunçado e percebi que ela ainda me olhava um pouco assustada, mas havia também um pouco de desejo em seu olhar. E sabe o que havia no meu? Tudo, menos um pingo de arrependimento. Mas de alguma forma senti que não devia ter feito aquilo, como disse, não por arrependimento, mas sim por medo de ela achar que eu a usei pra descontar minha raiva ou pra atingir o Gabriel.
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21. She is love
Alícia’s POV
Eu sempre soube que o Gabriel era um idiota, mas algo em mim dizia que daquela vez ele tinha mudado, encontrado a garota certa. Pois era isso que ela era, com certeza a Luna era a garota certa. Vê-la daquele jeito por causa dele fez com que eu sentisse raiva, mesmo que não a conhecesse tanto e nem ao menos fosse próxima dela. — Ele é um babaca, nossa! – Percebi que acabei pensando alto assim que ela levantou os olhos na minha direção, enquanto sentava um pouco mais perto. Eu queria consolá-la, mas eu não sabia o que dizer exatamente. Ela já tinha certeza de que ele não prestava e devia estar se sentindo péssima com aquilo. Eu só queria poder mudar aquilo, de verdade. Eu nem sei por que estava me sentindo daquele jeito em relação à tudo aquilo. Só achava que a Luna não merecia e eu tinha que ajudar. — Olha, tu sabe que ele é um otário. E tu não devia ficar assim por causa dele... Quer saber a real? Um cara desses não merece nem o teu sorriso, quem dirá as suas lágrimas. Pode parecer bem clichê e coisa de filme, mas um dia tu vai achar alguém e aí esse alguém vai te fazer entender porque não era pra ser o Gabriel. Ainda tem muita gente pra passar na tua vida. E te garanto que tu sorrindo fica umas cinco vezes mais bonita. – Falei como se fosse em disparada, não consegui parar. Ela apenas me olhava, esboçando um sorriso entre uma palavra e outra. Um esboço de sorriso já era algo né? Só faltava tirar um sorriso inteiro. Eu devia abraça-la naquela hora. Como amigos faziam. Apesar de que não éramos amigas, sentia que era disso que ela precisava. E sem caô, ver aquela guria linda sofrendo por um amigo idiota meu, me deixava com o coração partido.
— Alícia... Você não precisa falar essas coisas só pra... – Nem ao menos deixei que ela terminasse a frase.
Me aproximei um pouco mais e a puxei pros meus braços, dando um abraço forte e a segurando no meu corpo como se a quisesse proteger de algo. Ou no caso, de alguém. Eu não sabia o que ela tinha, mas aquele abraço foi muito bom. Eu não sabia como alguém conseguia machuca-la.
— Shhh. Eu não estou dizendo nada disso “só pra...”. Eu quis dizer e você sabe que é verdade. – Enquanto uma mão a segurava, a outra mexia das pontas de seu cabelo.
Eu queria mostrar que eu estava ali. Podia ser pouco, mas eu queria deixa-la melhor, não me importavam as circunstâncias.
— Fica comigo? – Ela disse baixinho, com a voz de uma criança que acabou de chorar e ainda está receosa. — Eu tô aqui. – Respondi passando minha mão pelo seu braço, conforme a envolvia.
Ela se soltou dos meus braços, mas não afastou nossos corpos. Nós estávamos tão próximas que eu conseguia sentir a respiração dela se misturar com a minha, praticamente. O que ela quis dizer com o “fica comigo”? Meu deus. Se meu coração acelerasse mais um pouco, eu ia morrer.
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