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Back to Black

Volto para o tumblr sempre que me lembro de quando achava bonito ser triste. Quando encaro as fotos em preto e branco; os textos de Caio Fernando de Abreu e tudo aquilo que remete ao inverno... Enfim, me surpreendo com o fato de que a romantização da tristeza passou.

Acho que todas as adultas que celebraram a adolescência no tumblr possui esse aspecto, digamos, funebre. E também acho que a grande maioria gasta muito dinheiro tentando reverter todos os danos agora.

Não quero problematizar aspectos de uma vida que romantizei por anos, não é isso.

É que as vezes penso que a vida poderia ter tomado um rumo completamente diferente se eu não insistisse tanto em ser triste aos 16.

O que aquela garota, que vivia amores impossíveis, pensaria sobre a adulta que vai à academia para se sentir feliz? Aquela garota, que passava semanas debruçada em um texto até fazer com que ele parecesse doloroso o suficiente.

Não sabia muito bem o que eu queria da minha vida, mas imaginava que viveria exatamente como a personagem que criei naquela época. Depois, me arrependi amargamente por ter me entregado tanto àquele sonho.

Quem, pelo amor de Deus, sonha em ser triste aos 16?

Esse sonho me guiou à depressão durante longos anos, enquanto na casa dos 20.

Não dói mais, sabe. Escrever sobre isso é quase como se estivesse escrevendo sobre... A protagonista do meu livro favorito. Como se fosse a história de alguém que acompanhei durante muito tempo, e de muito perto.

Voltar aqui é uma experiência bizarra de revival. Por isso, aparentemente, tenho deixado poucos escritos por aqui.

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Rainy and Artsy Dark Academia moodboard

(Photo credit - Pinterest)

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“Ninguém nunca me viu tão transparente como você, ninguém nunca soube do meu medo de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente.”

— Tati Bernardi.

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Bege

Esses dias eu chorei me lembrando do nosso primeiro “encontro”, às seis da manhã, em uma padaria decadente. Chorei porque me lembro exatamente da roupa que você vestia e de ter cuspido café em uma das muitas vezes que você me fez rir. Chorei porque eu passei meses acreditando que, em algum momento, você não mais brilharia os olhos para qualquer gesto, ideia ou teoria inusitada que viesse de mim. Chorei porque você mudou minha vida de norte à sul, de leste à oeste e, ainda assim, eu não tenho sequer uma frase que transcrevesse o quanto eu sou feliz só em caminhar ao seu lado.

Posso justificar minhas lágrimas com a TPM; o trânsito infernal da av. santo amaro ou com o fato de que gosto de viver a vida como uma protagonista dramática de uma novela mexicana. Posso justificar tudo, mas o fato de não ter escrito uma de nossas muitas histórias me parece injustificável e é por isso que eu estou aqui, às 22:21 de uma quarta-feira qualquer, tentando resumir três anos em algumas linhas.

Queria escrever (poeticamente) sobre quando caímos no golpe do passeio gratuito e visitamos todos os lugares ruins de Gramado durante uma tarde inteira; sobre ter te prometido a melhor vista do Rio e te entregado chuva e neblina; sobre nossa quase morte em um penhasco de Minas ou sobre como você se transformou em um peixe durante as festas de fim de ano depois de jurar que detestava piscinas. Queria escrever sobre como somos incríveis em desenvolver ideias e péssimos em executá-las.

Queria escrever até sobre os nossos piores dias. Sobre as brigas que não nos deixam dormir à noite e fazem com que, imediatamente, nos reconciliemos antes que chegue o amanhã.

Queria escrever sobre nós dois; apenas.

Me custa dizer, no entanto, que te amar tanto torna a tarefa de escrever sobre você quase impossível. Só sei escrever fluidamente sobre coisas que me deixam tristes e você, com todos os seus sonhos gigantes, têm sido o maior motivo da minha felicidade.

No fim, se couber espaço somente para uma frase, quero deixar registrada uma que sequer é minha:

“I feel like a part of my soul has loved you since the beginning of everything. Maybe we're from the same star.”

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@academia-lucifer

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p.

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Sempre fascinada com a premissa dos russos, passei as últimas horas presa em um romance que devorei e, depois, quis vomitar.

Eu tenho a sensação de que, quanto mais rápido eu leio uma obra, maior é a chance de que a absorção não seja tão boa quanto eu espero. O problema, claro, é que eu estou sempre ingerindo outras histórias mais rápido do que deveria.

Sempre coloco expectativa em algo sobre o qual ouvi falar de forma superficial e, quando me aprofundo, sinto instantaneamente um terrível afogamento.

Algumas coisas só podem ser inacreditavelmente belas quando olhamos de longe.

(esse texto é uma fusão estranha de literatura, pessoas e muito sono)

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“As mulheres mais inteligentes que conheço estão todas dissociando” Li essa frase recentemente em algum loop infinito do Instagram e, diferente de 95% do conteúdo que eu costumo ler e deslizar para cima, não consegui parar de martelar essas palavras por semanas.

Claro, fiz um paralelo com minhas vivências.

Eu não diria que estou frequentemente dissociando.

Dissociação é forte demais. Doloroso demais. 

No entanto... Faz um tempo que me sinto desconexa entre o caminho de casa até o trabalho, a rotina de quase 9hrs e. depois, a volta. Faz meses que eu me sinto entorpecida durante longos 5 dias e desperta apenas aos finais de semana.

Esse texto não é uma revolta do proletariado (mas poderia, talvez).

Esse texto é uma reflexão de como eu poderia, facilmente, me levar a crer que tenho mais um problema com o qual lidar. Logo eu, que já tenho tantos.

Eu poderia dissociar simplesmente por me levar a crer que estou dissociando?

Eu diria que 60% das pessoas que conheço possuem TDAH e somente 20% já se consultaram com um psicólogo. Todo o meu circulo social já sofreu com episódios de ansiedade ou depressão em algum momento de suas vidas. 

Longe de desacreditar; eu tenho a forte impressão de que, quanto mais uma pessoa se identifica com um transtorno, mais sintomas deste ela irá desenvolver ao longo da sua vida.

Tudo bem; sou péssima em exatas e meus estudos relacionados ao tema se resume em uma matéria online de psicologia jurídica com carga de 88hrs. 

Em minha defesa, no entanto, essa não é uma dissertação ou uma descoberta cientifica. Trata-se de um pequeno e simples questionamento: Não estaríamos, todos nós, desvalorizando profissionais da saúde quando nos permitimos autodiagnósticos absurdos depois 2 vídeos seguidos no instagram? Não estaríamos nos expondo à uma perspectiva de vida obscura quando abraçamos sintomas quando poderíamos, de alguma forma, tentar um desvio?

Amanhã, quando pegar o transporte, quero observar melhor as paisagens. Tentar decifrar os rostos que passam por mim. Me entregar ao gosto amargo do café e me sentir feliz ao encarar um processo novinho com 600 folhas, pronto para ser descoberto.

Ou, talvez, quero me entorpecer em uma leitura fantasiosa sobre um universo que não existe; uma personagem com características que nunca terei e um romance que jamais vai ultrapassar as folhas amareladas de um livro qualquer. Vai ser mais uma terça-feira. Boa ou ruim. Lenta ou rápida. Cansativa ou inspiradora. Vai ser a vida. Vai ser tudo, menos dissociação.

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Honestly, me.

A parte mais interessante de escrever novamente é que facilmente consigo lembrar de momentos que preferia esquecer. E lembrar é doloroso. Dói tanto que me faz pensar que esse ato poderia ser a minha cura. Poderia voltar para o passado, entender todas as minhas brevidades, me perdoar por todas as vezes que falhei comigo mesma. 

É isso que estou tentando fazer agora, eu acho. Jorrando palavras que me dizem que está tudo bem. Não houve um tempo perdido. Nada foi em vão. Todas as vidas que eu vivi; todos os sonhos frustrados; todas as memórias apagadas; tudo é um pouco do que me fez chegar até aqui. E tudo fica bem quando termina bem, é o que os poetas dizem.

De qualquer forma, são tempos estranhos. Às vezes, dou três passos para trás e capturo alguma essência minha que parecia perdida e sem sentido mas, me enxergando no espelho, percebo que era algo que eu não gostaria de deixar escapar. Volto e abraço uma ou duas características.

Escrever (ou tentar escrever) é uma delas. 

Mas, desta vez, estou me desprendendo da garota de 16 anos que sonhava em ser descoberta como alguém que entende todos os sentimentos do mundo e os expressa em textos de tumblr. Esse sonho de quem cresceu lendo romances históricos e acompanhando Tati Bernardi nos anos 2000.  Desta vez, estou salvando apenas a parte que sentia o peso do mundo ser descarregado das costas todas as vezes que materializava sentimentos em palavras.

Desta vez, estou me ajustando para me encaixar em quem sempre fui destinada a ser: pobre escritora amadora de 28 anos, eternamente desconhecida e que ainda comete erros graves de português.

Se, surpreendentemente, existir alguém nesse mundo que acompanhou todas as minhas fases de escrita, não fique boquiaberto caso encontre frases desconexas sobre o filme da Barbie ou uma critica construtiva sobre a IA e seus impactos positivos no direito ambiental. No final, são fragmentos de um todo que levou anos para se mostrar.

Honestly, me. 

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Dedikodu zehirlidir!Gözlerinle görmediğin şeylere kulaktan dolma laflarla inanma!

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