Tumgik
#ooc. gente eu n revisei perdao nossa qu elixo ein
kitommy · 3 years
Text
< 𝗚𝗢𝗟𝗗𝗘𝗡 𝗗𝗔𝗡𝗗𝗘𝗟𝗜𝗢𝗡𝗦 / 𝟬𝟳𝟬𝟮 >
CONTENT WARNING: no texto a seguir, foi tratado o uso de cannabis como fuga. Há uma breve menção à sangue, reabilitação e ao final um (não tão breve, mas pouco detalhe) acidente de carro. Nenhum personagem, incluindo NPC, foi gravemente ferido ou coisa do tipo, apesar de a ver uma clara alusão ao desejo de entorpercer pensamentos e afins.
Se pudesse, aqueceria as pontas dos dedos direto no fogo, mas elas já se encontravam tão geladas que pareciam queimar sozinhas. Thomas sentir frio nas mãos do jeito que fazia naquele momento era incomum. A sensação era a de que não havia mais ninguém nas ruas, no mundo, além dele, e ainda sim, de alguma forma e ao mesmo tempo, sentia como se todos os olhos estivessem voltado para si, escaneando as dores em seus ossos e nos músculos que sofriam espasmos, vez ou outra, com o frio. Escaneando também seu coração e sua cabeça. Ele quase que podia as ouvirem dizer que sabiam o que ele havia feito; que sabiam o que ele iria fazer. 
Era irônico aquele sentimento de culpa quando este se colocava ao lado da crença de que aquilo não era algo errado. Era maconha, era só maconha. Não havia pago por nada mais que maconha – não poderia se permitir aceitar mesmo de graça qualquer outra coisa. Mesmo que a vozinha lá no fundo o tivesse lembrado, ainda naquela manhã, de tudo aquilo que seria muito mais eficiente no trabalho de calar sua mente. Mas aquilo não era nada mais que maconha, e Thomas fez questão de fazer disso um mantra enquanto apertava o casaco contra o próprio peito, sentindo o volume pequeno no bolso interno do agasalho. 
O problema estava mais no fato de que, sim, podia até ser só maconha ilegal, mas era a primeira vez que Thomas ia atrás da erva desde que havia se mudado. Era a primeira vez que Thomas pagava por ela desde que havia se mudado. Porque era a primeira vez que ele sentia como se precisasse nublar sua mente e seu peito ou iria enlouquecer desde que havia se mudado. 
E ele esperava, do fundo do coração, ajoelhado e implorando, que aquilo fosse o suficiente para pelo menos fazê-lo dormir depois. 
De Gangnam foi para Hongdae, para a área mais residencial. E uma vez em seu apartamento pequeno, uma vez que o aquecedor fez efeito e sentiu os pés nu tocarem o piso quente, todo o corpo pareceu querer encolher. Foi assim que terminou no chão, jogando o casaco para o lado e espalmando as mãos na quentura que não imaginava precisar tanto. Não fazia ideia que cravava por algo caloroso contra si até ter. Thomas não sabe quanto tempo ficou ali, joelhos tão pertos no peito, mas a claridade no celular, que iluminou o apartamento completamente escuro, mostrou os números da hora na tela e notificações, e trouxe de volta as dores no corpo. 
Foi no banheiro que ele acendeu. Portas fechadas, janela fechada e o exaustor comum em todo banheiro coreano ligado, logo acima da banheira pequena que entrou e se sentou. Que devagar, depois, deitou. E tentou se perder em universos longínquos e inexistentes, porque naquele momento não queria estar naquele. Tentou se concentrar na fumaça que fazia queimar a narina quando tragava e no som do exaustor, porque sabia que nem mesmo música o ajudaria. Não as suas – e não queria ouvir músicas felizes, também. Queria a mente vazia. 
Deve ter cochilado em algum momento, pois foi assustado que levantou, batendo a cabeça no registro do chuveiro. E enquanto a sensação era a de que havia dormido por horas, o relógio mostrou poucos minutos. Não que importasse, naquele momento o tempo não o importava. Ou o corte pequenininho que a franja escondeu e que ele não teve o pensamento de cuidar, porque naquele momento aquela era outra coisa que não parecia importar. Quer dizer, o banho, para que pudesse trocar a roupa, deveria ter sido o suficiente. Deixou o apartamento com a testa mal lavada, com o sangue seco, e nenhuma foda sobre isso e muita outra coisa. 
Mais calmo seria impossível. Mais tranquilo seria impossível. Mais leve… Só se não tivesse uma mente e um coração, mas estes por umas horas dariam para o gasto. Ele conseguia carregá-los; não pesavam, doíam ou o enlouqueciam mais. 
E nada mudou. Nem mesmo quando o barulho dos gritos e da batida dos dois carros em sua frente ecoram. Nem mesmo quando tocaram-lhe o ombro, o empurraram para que saísse da frente ou quando ouviu um choro e um grito esganiçado. Nem mesmo quando tudo aquilo diante os olhos dilatados trouxeram lembranças de um acidente que nunca presenciou, pois estava sendo um fodido em uma reabilitação química. Nada pesou, nada o fez agir também. Nada doeu, só soltou um caralho enquanto tentava processar todo aquele caos acontecido em segundos, admirado demais com a ciência de que as coisas podiam mudar de uma hora para outra como se fosse a primeira vez que realizava isso.
Mas não era. Ele mesmo já tinha experimentado o mundo virando de ponta a cabeça em questões de segundos. Ele sabia da importância de cada andada do ponteiro – e, oras, se não era por isso que se encontrava chapado: para que pudesse ter a sensação que o tempo parou ou, pelo menos, retardou. Porque então poderia se dar mais tempo antes de voltar a ter que lidar com ele mesmo.
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