Tumgik
sekbless · 1 year
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Como estava bloqueada no que dizia respeito a treinamento e práticas de batalha em geral, Zaya acabou aceitando as orientações sobre acompanhar um campista recém-chegado, filho de algum deus menor que ela não se lembrava agora. E que, sem sombra de dúvidas, estava a enlouquecendo: gritando, querendo sumir da vista dela e desproporcionalmente corajoso a ponto de querer retrucar Sazaya quando tinha sua atenção chamada. A sorte dele é que a filha de Sekhmet estava acompanhada de @joswph ou as coisas poderiam ser bem piores, a exemplo da sugestão que ela deu ao filho de Hela, em tom baixo, enquanto continuavam acompanhando a bendita criaturinha. "Que tal levarmos essa criatura pra praia e fazer parecer que ele foi acidentalmente levado pelas ondas?"
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sekbless · 1 year
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sbangliato​:
Sebastian revirou os olhos teatralmente, a cabeça jogada para trás só para mirá-la por entre as pálpebras estreitadas. “Como se você pudesse me matar. Eu, Sebastian Barristan Amortentia Nichols, o cara que sobreviveu ao insobrevivível.” Foi inconsciente aquela reação do braço mecânica, o de girar e capturar o tornozelo como se fosse um monstro e estivesse sob ataque. Mas, por incrível que pareça, aquilo o fez sorrir de satisfação. Girou no colchão, subindo-o pelos joelhos e empurrou o cobertor para cima. As pernas da semideusa estavam livres de obstáculos e cabia a ela a próxima tarefa: despi-la. “Sabe, um dia… Um dia eu vou ficar triste com esse tratamento violento comigo e nunca mais aparecerei.” Tirou os acessórios e penduricalhos dos dedos e tornozelo, os próprios já amassando e massageando o pé cansada da amiga. “E eu tenho certeza de que Toth ficaria do meu lado.” Ergueu uma sobrancelha, sorrisinho de canto cheio de falsa modéstia. Os olhos, no entanto, mantinham-se escondidos pelas sobrancelhas franzidas em preocupação, cada pressionar mais forte dos polegares gerando um aguçar dos ouvidos (a busca de que estava fazendo certo). “Posso pegar os cobertores das outras camas, sua besta, mas eu trouxe o melhor que existe no acampamento.” Passou para o outro pé, repetindo o mesmo processo e escorregando para as panturrilhas. Sebastian desatador de nós! “Eu. Calorento e quente como o diabo da mitologia mortal católica. Vou merecer o cantinho depois dos serviços prestados.” Se posicionou, ajoelhado, entre as pernas de Sazaya; as duas mãos pegando acima do joelho de ambas as pernas. “Diz que você, pelo menos, tirou a roupa.”
A bem da verdade, Zaya não tinha muitas intenções quando o cutucou com um dos pés. Poderia se divertir com a forma como o perturbava costumeiramente no dia a dia do acampamento, mas naquele instante? Estava sofrendo com a embriaguez tardia e estava pronta para fechar os olhos e dormir de maquiagem, quando percebeu o que ele fazia em suas pernas. A pressão sendo tão agradável, estimulando-a e acalmando-a nos lugares certos, que chegou a revirar levemente os olhos enquanto suspirava baixo. Sensível como os deuses sabiam o quê, não era difícil agradá-la fazendo uma massagem como aquela, ainda mais quando vinha de forma inesperada. “Péssima hora pra você ser um cobertor, porque eu odeio dormir agarrada.” Resmungou mas sem a entonação usual: estava concentrada demais em seus músculos relaxando diante do toque alheio. Até ser revirada e remexida como uma boneca de trapos, o que lhe arrancou algumas risadas. “Eu nem tinha lembrado que não tinha tirado.” Ponderou. Os dedos correndo pelo shorts que usara por debaixo da saia, o top que também estava impregnado de perfume e do óleo que ela usara para preparar seu corpo para a Noite dos Espíritos. Precisava mesmo de um banho se quisesse dormir de maneira minimamente decente. “Mas não vou levantar daqui nem por decreto, Sebs. Só vou voltar a viver daqui a dois dias e contando, deita aí e sossega.”
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sekbless · 1 year
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billyblu3​:
William que geralmente tinha um perfil reservado e fechado, que causava medo e até arrepio em alguns campistas, ao mesmo tempo que incitava uma curiosidade por sua personalidade misteriosa, não passava de um homem sensível. Ele sentia, se importava, colocava os outros em primeiro plano, demonstrava carinho quando achava que deveria e cobrava quando achava que não recebia uma porção justa. Este homem, que quando Zaya virou-se de frente para ele, teve que segurar a expressão triste e manter-se firme, suspendendo qualquer sinal de que poderia chorar junto com ela. E não por alguma questão machista, de não querer se mostrar vulnerável, pois mais uma vez, ele não tinha problema com isso. Mas porque ele entendia que naquele momento, um deles precisava estar firme e forte, para apoiar o outro. E ele seria o pilar de Sazaya, se assim ela quisesse. 
Um suspiro rompeu seus lábios ao ouvir as primeiras palavras, e por dentro ele se sentiu mais pesado. As orbes negras fixas nas verdes dela, não buscavam por respostas, apenas tentavam passar compreensão. Um dos braços continuava envolto em sua cintura, não se rompeu com o momento que ela fez ao virar. E a mão livre subia em direção a face, o rosto pequeno se perdia em sua palma. Dedos no alcance da nuca, polegar em sua bochecha, tentando secar as lágrimas remanescentes. Mas assim como ela, Billy percebeu que era um movimento em vão. Não tirou a mão, não parou o polegar quieto, escolheu continuar o movimento como uma caricia. “Não quis ser cruel, quis respeitar você e sua escolha, pois você tem o direito de romper nossa relação quando quiser.”. O tom suave, doce até, tão distinto do que comumente usava com ela nos seus momentos de conversas amenas, onde era sempre divertido, provocativo algumas vezes. 
Fechava o círculo do braço envolta da cintura alheia, mantendo-a perto, demonstrando que estava ali e que não sairia. Suas palavras podiam conter maturidade, sinceridade e compreensão. Mas a verdade é que William não entenderia caso Zaya quisesse se afastar. Respeitaria sempre, mas entender? Seria impossível. Impulsivamente, inclinou o rosto a frente, encostando a testa na da menor. Os olhos fecharam instintivamente, para que pudesse pensar, para que pudesse focar e principalmente sentir. Sentia a diferença no ar, a tensão que se instalava pelas palavras e possibilidades não ditas, sentia a respiração descompassada de Sazaya, assim como o calor que emanava dela. Sentia sempre o cheiro das flores e amêndoas. Despertou quando ela tornou a falar, afastando-se novamente para que pudesse fitá-la, mas seus olhos corriam dos de Blue. 
“Então não faça.”. Buscou novamente o contato visual, inclinando o rosto para onde julgava que os olhos haviam se fixado, mas sem sucesso. Decidiu então ser breve e se silenciar para não atrapalhar os argumentos da mais nova. E por mais que ele entendesse, por mais que não quisesse diminuir a forma como ela estava se sentindo, pois quem era ele para invalidar o sentimento de alguém? Ele ainda assim não concordava. “Você acha, mas você não chegou a me perguntar, nem considerou algo diferente. Realmente eu não tenho a obrigação de treinar você, eu nunca tive.”. Ok, o senhor M. pediu especificamente que ele fizesse um esforço, mas depois da primeira aula, e de reconhecer o potencial nela, nada mais era um esforço, era prazer. Gostava de dividir o coliseu com Zaya. “Eu fiz porque eu me identifiquei com você. O Coliseu é o meu lugar, assim como é o seu. Lutar é onde eu sou bom, é onde você é boa.”. E realmente era, não media palavras para dizer o quando Zaya era sua favorita no ringue. Falava para quem perguntasse, sem preocupações. “Já disse que não quero isso. Quero você.”. Repetiu parte das palavras, sem se preocupar com o que ela entenderia a partir dali, pois ele sabia bem o que queria dizer. Não desistiria do que eles tinham, não tão fácil assim. 
A última sentença foi como o golpe final, o banho de água fria. Todo o esforço que fizera para não demonstrar que estava internamente abalado, para servir de apoio e rocha para ela, caiu por terra. O olhar abaixou e os lábios se curvaram igualmente para baixo. Expirou demorado e pesado, os ombros fazendo a movimentação de descer. Mas o braço e a mão continuavam onde estavam. Dedilhou a nuca da mais nova, como uma massagem, no instante em que repousou o rosto na curva do seu pescoço. Sentia a região ficar úmida pelas lágrimas, a respiração abafada e quente contra sua pele, provocando arrepios involuntários nos pelos da nuca e braços. “Talvez sejamos eles.”. Disse com pesar. Pois reconhecia as similaridades entre os deuses das oferendas de sangue, assim como reconhecia as similaridades entre Sazaya e ele. “E mesmo assim, ainda somos melhores do que eles.”. o riso saiu soprado, como se nem ele acreditasse naquilo, mas acreditava. “Pois você conseguiu se abrir comigo, não só hoje. E eu vou conseguir te pedir o que eu tanto quero, o que realmente me trouxe aqui.”. Suspirou, tomando a liberdade de desaninhá-la, puxando o rosto de volta para a sua frente, pouco depois do pedido de desculpas. Seus olhos buscando pelos dela, tão verdes ainda, tão perto. “Me deixe ficar.”. completou, sempre colocando o poder nas mãos de Zaya, por mais que ela não quisesse tê-lo. 
A parte de Sekhmet que habitava o cerne de Sazaya alertava-a para recuar, engolir aquelas lágrimas todas e colocá-lo para fora o mais rápido possível. A parte de sua mãe que havia em si a avisava para não confiar nele, em um homem, em um filho também da guerra e do sangue; contudo, o lado da Haernzah que ela havia herdado de seu pai, parecia assegurar que depois dali, tudo ficaria bem. Era como se Abjaad soprasse em seu ouvido instruções para confiar em William, não temer mais o que poderia fazer com ele desde a fatídica noite anterior em seu chalé; algo como uma brisa muito, muito suave, correndo pela altura de seus tornozelos, indo de encontro à volta que o braço dele dava em sua cintura, em um sinal que ela logo compreendeu, no instante seguinte, na verdade se tratar como sendo a respiração do mais velho, trazendo-a de volta à consciência, à realidade, após aquela breve desassociação, num movimento que quase poeticamente, perto do literal, fazia soprar-lhe alguma vida em meio ao caos que a consumia agora.
Então, seus olhos acabaram voltando para os dele. A massagem em sua nuca tendo sido bem recebida, a respiração voltando a se acertar aos poucos, as bochechas beirando a normalidade em seu tom... Até as palavras seguintes. No exato momento em que ela havia respirado fundo, e por pouco não havia se engasgado: era esquisito para Sazaya estar ouvindo aquilo de William quando ele deixara claro com tantas letras que... Nada demais. Nada que merecesse ser lembrado agora, não enquanto havia a parte dela que dizia que as palavras alheias remetiam ao fato do filho de Taranis não querer uma tarefa mais fácil, ou seja, alguém menos problemático, para treinar. Ele a queria, a queria por perto e, como demonstrou, a queria em sua vida. E isso bastava para a Haernzah, considerando como nunca estivera habituada a ouvir das pessoas a seu redor que a queriam como companhia para além do tempo estipulado pelas imposições ou convenções sociais.
Por fim, suas mãos acabaram indo, de maneira praticamente involuntária, até a altura dos ombros do Blue. As unhas pontiagudas roçando levemente na lateral do pescoço dele conforme os dedos se agitavam brevemente ao que ela ria baixo e assentia; algumas lágrimas teimosas ainda descendo, molhando suas bochechas e fazendo seus olhos brilharem ainda mais sob a luz baixa daquela parte de seu quarto. A risada, inclusive, soando fraca por conta da rouquidão presa na garganta feminina devido ao nó de desespero que a consumira instantes atrás e que se desatava somente agora conforme seu corpo relaxava um pouco mais, por mais difícil que essa tarefa fosse (como lhe lembravam aquelas novas cicatrizes todas, que em breve voltariam a repuxar e incomodá-la).
“Não é como se você fosse simplesmente sumir da minha vida mesmo que eu te dissesse pra fazer isso, não é?” Houve a tentativa de um sorriso valsando nos lábios hidratados de Sazaya, enquanto mantinha os olhos voltados para ele. Não era uma mulher pequena, portanto acabava se distraindo com a forma como William era alguns centímetros maior e conseguiria se fazer imponente com ou sem eles, ainda que fosse tão sensível e frágil quanto ela própria se mostrava, ali, na intimidade de seu chalé. Capazes de se complementarem e combinarem até mesmo nisso, de uma forma particularmente assustadora, apesar de interessante, na perspectiva da filha de Sekhmet. “Então, tudo bem. Eu quero você aqui, e aí a gente vê o que faz.” Suspirou uma última vez, sentindo parte do peso dos últimos dias deixar seus ombros, ainda que ela soubesse que tinha muito a ser trabalhado para lidar com a outra parte da carga: conseguir lutar novamente sem toda a barreira que havia erguido. O que importava é que agora sua atenção estava voltada, principalmente, para o cheiro dele que havia ficado impregnado na ponta de seu nariz e no toque da pele dele sob seus dedos, aproveitando o contato com a nuca alheia, para subir com eles e enroscá-los gentilmente nos fios dele numa tentativa de retribuir as carícias que estivera ganhando até então.
Até acabar se adiantando, aproveitando a ausência de espaços muito maiores entre seus corpos, para poder envolvê-lo num abraço propriamente dito (mesmo que isso lhe custasse seu roupão se tornando mais folgado, abrindo minimamente em uma região que não a preocupava tanto assim, afinal). Sobretudo porque aquele abraço consistia em um gesto que, em pelo menos dois anos de treinamento, Zaya nunca havia feito até então: não daquela forma. Com tanto afeto, com tanta consideração, com tanto alívio, como demonstrava a força que aplicava nos braços ao redor do filho de Taranis. Num gesto de quem, pela primeira vez em muito tempo, não havia arruinado uma relação por si só, ainda que muito daquilo tivesse sido graças à postura do Blue, que ela ainda não sabia dizer se envolvia algo como genuína amizade e consideração, ou algo como possessividade também.
“Fico feliz que não tenha desistido de mim.” Disse em tom ainda mais baixo, aproveitando como o envolvia no abraço, apertando os olhos por alguns instantes. Sabia que sua cabeça doeria na manhã seguinte devido ao choro compulsivo, mas dentre seus problemas, aquele era o menor, de fato; e por mais que ainda levasse algum tempo até que fosse capaz de se reabituar a William em sua rotina (após quase um mês naquela coisa de fugir dele como o diabo fugia da cruz). “Por mais que isso quase tenha lhe custado o pescoço outra vez. Hoje não foi mesmo um bom dia.” Uma nova risada baixa antes de soltá-lo, mas não se afastar. A bem da verdade, gostava daquela proximidade e da forma como o corpo alheio pressionava o seu sem a adrenalina de um campo de batalha, de alguma disputa no coliseu; até porque tendo as armas que tinham, dificilmente seria conveniente deixar um chegar tão perto do outro daquela forma. E Zaya quase poderia jurar que se acostumaria facilmente àquele tipo de coisa, por mais que não fosse dizer isso em voz alta. “A última semana, em geral.” Dito isso, um suspiro pesado e involuntário deixou seus lábios. O coração acelerando em algumas batidas ao, automaticamente, se lembrar de alguns dos episódios traumáticos mais recentes, chegando a sentir espasmos em seu corpo com as lembranças; e um arrepio intenso percorrer sua espinha. “Mas eu acho que hoje valeu à pena: te tenho de volta na minha vida e, de brinde, ainda ouvi alguns dos seus pensamentos enquanto eu tomava banho.” Brincou, meneando levemente a cabeça, antes de voltar a rir em seu tom normal, algo fora do jeito sem graça e contido de instantes atrás, enquanto suas mãos agora repousavam na altura dos bíceps de William. A diversão depositada em saber que ele negaria ter feito aquilo, por mais previsível que o comportamento dele fosse. “Poderíamos aproveitar que nossos egos estão descansando agora e você poderia admitir em voz alta, não é?” O tom risonho permanecia ali, antes de sua destra subir até o topo dos cabelos de William, afagando a região com o intuito de bagunçá-la um pouquinho. Só um pouco mesmo, porque não era como se Zaya fosse capaz de olhá-lo nos olhos depois daquela provocação tão pontual; ela mesma não seria capaz de admitir o que se passara por sua cabeça nos últimos instantes e ficava feliz pelo filho de Taranis não ter a habilidade de leitura de mentes.
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sekbless · 1 year
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[DEIXADO NA FRENTE DO CHALÉ DO @athcn] [PARTE DA MANHÃ]
Uma pequena caixa, do tamanho de uma embalagem de joalheria, com um buquê de Lótus Egípcios amarrado com um pequeno fitilho alaranjado. Dentro da caixa existe um colar com pingente de tubarão e uma breve anotação com a caligrafia impecável da Zaya:
Feliz aniversário! Eu não tinha certeza da data, espero que não tenha errado. De qualquer forma, esse colar tem um rastreador de vida marinha: o seu acompanha um tubarão chamado Tooth, e você pode ver em que parte do oceano ele está agora consultando o link que tá no verso desse bilhete.
O Lótus é uma planta aquática (tão clichê quanto o tubarão, eu sei), mas na verdade, as pétalas me lembram o sol, que acabam me lembrando seus cachos também. Além do cheiro ser maravilhoso. Das plantas, digo. Mas do seu cabelo também, enfim.
Espero que aproveite seu dia. Sei que depois dos trinta fica meio cansativo, mas vai valer à pena. Te levo um bolo depois que eu sair da aula de hieróglifos.
Com amor,
Sazaya
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sekbless · 1 year
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billyblu3​:
“Nem sempre.”. ele contradisse em baixo tom, não esperava e não tinha intenção de que ela ouvisse. Mas seguia a discordar, pois como dito, William já havia a defendido, ela só desconhecia essa ocasião, e sua vontade era que ela continuasse a desconhecer. Billy jamais quis ser o herói de alguém, nunca lhe coube aquela fantasia de defensor dos injustiçados, combatente dos fracos, e tudo mais que tentavam colocar nele, que Taranis tentava vender como peixe. Chega a ser engraçado como ambos ali eram muito além do que os outros pensavam, e de como os julgamentos alheios doíam de formas e níveis diferentes. Pois sim, William era visto como algo bom, não deveria achar isso ruim, não deveria se incomodar. Mas incomodava, estava longe de ser o senhor perfeição. Não se julgou perfeito quando Aylin o fez entrar no chuveiro, e sua mente começou a traí-lo, seu corpo começou a traí-lo, pois ele desejava alguém que dizia odiar. Não se sentiu perfeito quando o mesmo tipo de pensamento sujo lhe acometeu no instante em que Suzanna estava em seus braços, e ele só conseguia pensar em ir além. E certamente não se sentia agora com Zaya.
 Revirou os olhos e expirou pesado com a continuação do que parecia fazer sentido para ela. “É, talvez eu esteja fazendo errado mesmo. Claramente tem muita coisa entre vocês duas, que eu desconheço completamente e vou continuar desconhecendo, pois nenhuma das duas tenta me esclarecer. É sempre sobre alguém ter tratado alguém mal, sem detalhes.”. Suspirou frustrado, copiando o movimento de cruzar os braços a frente do peito. Era em momentos como aquele que William se sentia completamente cansado. O que era isso? Algum drama adolescente, onde ele tinha se enfiado sem perceber? Pelos deuses, só poderia estar realmente perdendo o juízo, pois ele voltou ao acampamento com um proposito muito diferente daquele que não envolvia duas mulheres adultas se alfinetando e ele quase morrendo no meio disso. “E o que mesmo vocês conversaram essa noite, Zaya? Porque, ao que me parece, não foi nada bom para você estar me escanteando ainda mais.”. questionou, inclinando um pouco o corpo para a frente, na direção da mais nova. “Seria doentio, verdade, se eu tivesse vindo até aqui falar da Garcia. Mas eu vim falar de você e eu. Não coloque coisas na minha boca.”. o tom sério demonstrava o quanto aquilo era real. Queria saber o que realmente ela conversou com Suzanna? Sim! Mas também queria saber o que acontecia entre eles, pois aquele não era o habitual dos dois. 
Os olhos atentos e presos aos movimentos da menor, seguiram o seu levantar e os passos pelo cômodo, mapeando as expressões e a linguagem corporal, até que ela parasse de costas, deixando-o completamente alheio daquilo que ela não dizia. Estava refém do tom da voz, das pausas que fazia, até da pequena risada que soltava. “Não. Não é sobre sair por cima ou ter a última palavra. É sobre estar cansado de esperar você, de contar que vai estar lá, ou aqui, ou em qualquer outro lugar em que eu espere que esteja.”. tinha bem mais ali do que o que as palavras diziam. Sazaya era alguém com quem ele tinha se habituado, fazia parte de sua rotina. Sabia exatamente onde encontrá-la, o que estaria fazendo ao entardecer de uma quinta-feira, ou coisa assim. Perdê-la de vista, perder a intimidade e a relação que tinham, era o que o deixava descontente. William não queria esperar por alguém, como ele já fez outras pessoas esperarem por ele. Estava pronto para dizer mais algumas coisas, os lábios entreabertos, mas nada saiu, foi interrompido pela confissão de Zaya, que coincidentemente, se ele já não estivesse com os lábios abertos, teria ficado. Só que em surpresa e espanto, pois jamais pensou que ela fosse falar tudo aquilo.
O Blue se levantou, calmo, não queria despertar a atenção e interromper o que ela dizia. Os braços se desataram do peito, caindo ao lado do corpo. Ele se lembrava de tudo também, mas lembrava principalmente da sua parcela, assim como ela. Lembrava de sentir Zaya tentando puxar o ar, enquanto apertava seu pescoço. Os olhos fechando mais e mais diante dele. Lembrava do tom ríspido, do deboche, de praticamente tudo. Passou a língua entre os lábios, e mordeu o inferior para se silenciar. Não era hora de retrucar a menor. Alguns passos sutis a frente, tinha a cautela de não querer invadir o espaço dela, e ao mesmo tempo sentia a necessidade de fazê-lo. Ele entendia a sensação de não conseguir mais fazer algo que gostava, e lamentava por Zaya se sentir assim. Se importava com ela, tanto quanto ela parecia e dizia se importar com ele. Tomou sua aproximação, tão perto de Zaya que mais um passo, lhe varia encostar o corpo no dela. A destra subiu a frente, tocando-lhe o braço coberto pelo roupão, era firme, mas tinha carinho também. “Zay.” a voz saindo quase como num sussurro, antes que ele rompesse de vez a distância. 
O peito encostando nas costas da menor, a mão achou caminho entre o braço e a cintura dela e deslizou dando-lhe a volta, abraçando-a. “Eu não quero qualquer outra pessoa, eu quero que continue sendo você.”. manteve o tom, e a frase tinha tantos sentidos que nem William conseguiria entendê-la. Era sobre o treino? Sobre a amizade? Sobre ela? Difícil, seguia sendo difícil. Os olhos fechados e o rosto que encostava na lateral da cabeça dela, repousando-se ali enquanto respirava fundo, e a única coisa que conseguia sentir era o cheio de amêndoas. Expirou pesado, tornando a abrir os olhos. “Não é libertador, é desolador pensar que de todas as pessoas, eu estaria justamente tendo que me despedir de você. Nunca planejei sair da sua vida, Sazaya. Mas se é o que você quer, e o que vai te deixar bem. Eu faço.”. 
Uma das piores partes de ser quem era e, portanto, estar em sua própria mente vinte e quatro horas por dia, era o fato de que Zaya vivia constantemente esperando pelo pior: esperando por novos ataques, esperando por novos episódios cheios de horror e que cada vez mais permeavam os legados e, principalmente, esperando por novas rupturas em seus relacionamentos. Alguns eram realmente estáveis, vinham de longa data, mas sempre havia a sensação de que chegariam ao final mais rápido do que ela era capaz de prever e era por isso que tendia a sabotar tanto aquele tipo de coisa; a exemplo do que vivia com William agora, o que a colocava em tantas situações que ela sequer tinha forças para pensar muito em como sair daquilo tudo sem expor e arruinar seu orgulho e, ainda por cima, sem a garantia de que tudo teria se resolvido.
Felizmente, William tomou a frente como a parte mais velha entre eles e também a parte responsável por instruir, demonstrando como estava habituado a gerenciar mais crises do que o previsto, ainda que certamente não tivesse de se enrolar com uma coisa tão específica quanto uma jovem movida por tanta raiva e mágoa que acabava se tornando quase tão letal e agressiva quanto um dos monstros que haviam invadido o Acampamento recentemente. De qualquer forma, por mais que seu plano fosse evitá-lo em termos gerais, uma parte de Zaya agradecia a proximidade, o contato, a forma como a mão dele tocava-lhe o ombro por cima do roupão; até porque, por mais que não aparentasse, a Haernzah era uma pessoa que realmente apreciava contatos daquele tipo, sobretudo os que vinham com uma intenção de afeto. Até porque raramente recebia qualquer coisa do tipo, bem como compreensão; então isso ajudava a apaziguá-la minimamente, se não fosse o caso de irromper em uma de suas crises de raiva tradicionais como a que quase os havia levado à morte.
Então, agora que havia se virado e estava de frente para ele, até pôde guardar silêncio e não dizer mais nada pelos próximos segundos, mas seus olhos não conseguiam mentir. Tão explícitos, num verde que se tornava ainda mais evidente conforme as lágrimas vinham à tona, na pior das formas: silenciosamente, descendo copiosamente por suas bochechas arredondadas e naturalmente coradas agora que ela estava sendo consumida por um misto de sensações. Alívio por ter conseguido colocar parte de seus sentimentos para fora, uma sensação agradável por ouvir o apelido em sua forma encurtada após tanto tempo, culpa por estar se expondo tanto e provavelmente não chegar a lugar algum com aquilo, e também um calor que lhe era consideravelmente familiar, incitado pela forma como estavam próximos, mas que Sazaya preferia ignorar no momento. Optando, no máximo, por tentar secar as lágrimas com as pontas dos dedos, mas desistindo no meio do trajeto quando notou que elas apenas estavam vindo com mais intensidade conforme voltava a falar.
“Pedir a alguém como eu para dar a palavra final e mandar alguém embora é a coisa mais cruel que você pode fazer, William.” Disse. O tom levemente rouco, embargado, com um quê de desespero no timbre. Quanto àquilo, era realmente verdade: Zaya era incapaz de fazer aquilo. Nem mesmo relacionamentos péssimos, caóticos como um todo, ela fora capaz de pôr um fim. No máximo, levá-lo ao caos severo, porque a ideia de dizer adeus e se arrepender disso posteriormente era uma das coisas que mais a tirava de tento. Deste modo, nunca, nunca mesmo, seria a primeira a pedir que alguém se afastasse; e dificilmente deixaria que a pessoa o fizesse.
E esse era, provavelmente, o traço mais tóxico dela, julgando por cima: incapaz de deixar coisas e pessoas irem, o que não significava que isso impedia que elas simplesmente fossem, sobretudo porque havia pouquíssima gente no círculo social da Haernzah, com o mesmo ideal de lealdade e fidelidade que ela.
“Porque eu não faria isso nem que eu quisesse.” Novamente, os olhos se desviaram, ao que ela olhava para o lado; as lágrimas ainda vindo, a raiva de si mesma por ser tão emotiva. Ainda que parte daquelas emoções todas adviessem de uma exaustão tanto física quanto mental dos últimos dias, onde estivera completamente sozinha na resolução de questões que a perturbavam até então. E ainda havia a situação toda com William, que também a assombrara e a deixara impossibilitada, como já havia relatado. Estava, de fato, vivendo seu inferno pessoal. “Eu realmente só acho que você aguentou até onde deu e não tem mais a obrigação de me treinar depois do que eu fiz com você. Realmente acho que qualquer outra pessoa no meu lugar seria melhor e mais seguro pra você agora.” Concluiu. O que a doía imensamente, considerando como mesmo com a única pessoa que havia aceitado bem seu estilo de luta e que não a tratava como a maioria do acampamento, em uma situação totalmente desmedida acionada por um gatilho que lhe competia somente e que não necessariamente deveria reverberar em William, a fizera se sentir completamente desesperada ao tê-lo desacordado em seu colo mesmo depois de tê-lo socorrido com um dos elixires de Sekhmet. “Não consigo mais ficar perto de você sem enxergar o reflexo da minha mãe. E eu nunca quis ser como ela.” Foram suas palavras finais, atropeladas, com um esganiçado ao final, indicando como a revelação a desesperava. Era uma ótima guerreira, gostava da sensação de ter o sangue correndo mais rápido enquanto atacava e defendia quem avançava sobre ela, e sentia-se poderosa com as pragas e as curas que era capaz de promover, mas tudo isso só porque passara tempo demais se culpando por ter nascido daquele jeito. Por ser quem era mesmo que não tivesse poder nenhum sobre isso, restando-lhe apenas conviver dentro da própria pele e sem esperar mais a consideração de quem estivesse ao redor para tentar compreender os motivos pelos quais ela aparentemente preferia causar confusão e chamar a atenção negativamente do que permitir que alguém minimamente se aproximasse com o intuito de saber mais sobre ela e o que a levara a ser daquela forma. Simplesmente porque não aguentava mais o fardo de ser a filha da Grande Leoa Escarlate e Senhora do Deserto.
Por fim, depois de dizer aquilo, seu rosto acabou indo parar na curva do pescoço alheio, decidindo escondê-lo enfim. Respirando o mais fundo que podia para controlar a vontade de chorar de soluçar, acreditando já ter sido o suficiente por ora que William a estivesse vendo daquela forma. O tom de voz embargado, o rosto quente, os ombros encolhidos e um suor leve escorrendo pela pele limpa de seu rosto por conta da tensão e dos esforços que ela concentrava em não se deixar levar ainda mais. Focada apenas na pele do pescoço alheio contra seu rosto, as lágrimas agora molhando a região, por mais que não fosse sua intenção. E suas palavras contradizendo sua racionalidade, o seu senso e seu orgulho de não se arrepender por tê-lo atacado principalmente após ter sido atacada de volta.
“Me desculpe.” Foi a traição que saiu de seus lábios ainda contra a tez alheia.
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sekbless · 1 year
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@KianaLede: Hey Siri, play Level Up by Ciara...
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sekbless · 1 year
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wictor​:
˚。━━  ㅤ ㅤ      ㅤ ㅤ Sua primeira reação foi crispar os lábios, porque tinha se segurado para não rolar os olhos, por achar aquilo um grande exagero. Estavam em um lugar onde até crianças andavam com espadas, um pouco de sangue não iria assustar quem quer que fosse, Victor menos ainda. Mesmo que fosse seu próprio sangue. Um comentário ele podia ignorar, conter suas reações a respeito. Dois, já o deixava impaciente. Por isso, soltou o pedaço de pão que estivera prestes a levar a boca, que agora estava tomada por um gosto amargo, e ergueu os olhos para a mais nova. ━━ Quer me dar comida na boca, então? ━━ Resmungou em resposta. Sua falta de paciência não era estranha a ninguém com quem convivia, por iso já nem se sentia mal por conta de suas reações. Ainda assim, rendeu-se com um suspiro e esticou o braço ferido para que fosse analisado. ━━ Seria extremamente estúpido da minha parte continuar perto de você, se tivesse feito esse rombo em mim, não acha? Ninguém vai achar que foi você. Porque eu não sou estúpido. ━━ Deu de ombros e correu os dedos pelos longos fios negros enquanto pensava no que devia fazer. ━━ Tudo bem, faz o que você quiser com isso.
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Zaya arqueou uma das sobrancelhas ao que Victor falou daquela forma, chegando a rir baixo com as palavras alheias. “Não por isso. Posso tanto dar na sua boca, quanto te enfiar esse pão goela abaixo por falar assim comigo.” Assegurou com um leve menear de cabeça. Definitivamente não era do tipo que se importava em tratar os outros como era tratada, e mesmo que tivesse alguma consideração pelo outro, isso também se aplicaria a ele. “Sei lá. Você tem cara de quem gosta dessas coisas, então vai que ficaria por perto de quem arrombou sua pele. Temos de tudo nesse Acampamento.” Deu de ombros, ajeitando-se onde estava, colocando mais uma porção de palitos de cenoura na boca com pasta de humus, antes da permissão e do braço lhe ser estendido. A vontade de acometê-lo com um corte ainda maior, com uma ardência que o faria achar que seu braço estava caindo, algo como apodrecer o membro, dentre tantas outras pragas mais... Zaya apenas suspirou. Ele bem que merecia. Mas o máximo que fez foi resgatar um fio de cabelo dele que havia na camisa alheia, deixando-o em sua destra e agora usando a esquerda para cobrir a região. A cura acontecendo bem diante de seus olhos e o sangue parando de pontilhar a pele pálida que tanto contrastava com a sua agora que estavam lado a lado. No máximo, o processo havia gerado algum formigamento e leve desconforto, mas era eficaz, de fato, o que demonstrava como a Haernzah era tão poderosa em se tratando de curar, quanto de amaldiçoar. “Prontinho. Novinho em folha para alegrar o mundo com seu humor maravilhoso pelos próximos anos, intacto.”
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sekbless · 1 year
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Zaya respirou fundo diante dos questionamentos subsequentes dele. Os olhos esquadrinhando as feições alheias, sendo impossível não ler alguns dos pensamentos dele em meio àquele mundaréu de sentimentos e a tensão palpável entre eles. O sangue dela tornando a correr mais rápido por suas veias, demonstrando como estava pronta para se armar em um novo estado de combate, ainda que suas adagas não estivessem junto a seu corpo agora; seus sentidos a alertando para continuar evitando o assunto, continuar agindo como estava, mas sem obter tanto sucesso assim quando deixou de tentar hidratar a parte de seu colo e ombros, para se ajeitar na cama, sentada sobre uma das pernas, voltando a fitá-lo.
"Já parou pra pensar que eu detesto que falem de mim porque sempre sou eu me defendendo? Raramente tive alguém por mim, nunca precisei de advogados. Por que de repente todo o resto do mundo precisa?" O cenho se franziu, crispando os lábios igualmente hidratados, diante da reflexão. William queria tanto que ela entendesse o lado dele e não parecia compreender o dela de jeito, maneira. "Sem contar que você 'tá advogando por uma pessoa que foi extremamente desnecessária comigo quando eu não dei motivo a ela. Simplesmente decidiu agir como todos os outros e 'tá obtendo o tratamento que todos os outros têm de mim nesses casos. Não faço distinção." Deu de ombros. Queria evitar o nome alheio porque não achava que valia mais à pena; ela era só mais um julgamento repetitivo em meio a tantos outros naquele Acampamento. "E de repente você vem até o meu chalé para querer me falar de uma pessoa que nem me interessa mais, que eu não vejo desde a Noite dos Espíritos. Mais um ponto pro aspecto doentio da coisa." Seus olhos se estreitaram mais, enquanto se mantinham fixos na figura de William. Acreditava que aquele era o cúmulo do desrespeito e que em tempos normais, teria gritado, feito uma cena e tanto por aquilo. Mas não agora. Não com tantas outras coisas na cabeça, com tantas novas cicatrizes e dores pelo corpo.
Por fim, o questionamento em relação a sua ausência nos treinamentos fez com que ela engolisse em seco. Detestava falar sobre os próprios sentimentos, detestava demonstrar alguma fraqueza emocional, e até por isso era tão desequilibrada: gritar, ameaçar, atacar, eram movimentos que distraíam as outras pessoas. Quando ela chorava, pelo contrário, toda a atenção ia pra ela e para sua vulnerabilidade, o que a colocava numa situação complicada. Sobretudo porque raramente era acolhida da forma que gostaria, quando aquele tipo de coisa acontecia. De qualquer forma, cruzou os braços rente ao busto e se colocou em pé, os passos a esmo pelo cômodo enquanto ela só não queria mesmo olhar para William. Ele provavelmente não a entenderia como não estava entendendo até agora, mas Zaya não sabia mesmo continuar guardando as coisas por muito tempo para si mesma.
"Viu, só?" Uma risada baixa, a cabeça balançando em negação, incrédula com a situação como um todo. "Quando eu estava te evitando e não te queria por perto, não te interessou se manter longe. Mas agora você quer, porque a última palavra seria a sua e é o que importa, não é? Ser a parte que dá as costas. Sair por cima." Um sorriso de lado, sem humor algum, enquanto finalmente parava onde estava, ainda de costas para William. As bochechas corando por um misto de sentimentos enquanto ela apertava mais os braços contra o próprio corpo.
Era realmente um martírio para a Haernzah estar processando aquelas informações todas, tendo de lidar com um instinto que a dizia para se opôr aquilo, se opôr a forma como seus sentimentos estavam sendo forçados a virem à tona. Contudo, havia também uma parte de si que apreciava sua relação com William como um todo, tanto como aluna, quanto como instrutor e, mais do que aquilo, um amigo até então. Ou o que quer que fosse.
"Não fui mais aos treinos porque 'tô travada." Explicou enfim, sem se mexer de onde estava. Os olhos se fechando enquanto ela se concentrava em não ter um colapso por admitir aquele tipo de coisa. Sentindo-se fraca, patética, por ter chegado àquele nível. Não gostava de soar como alguém arrependido, ainda mais quando William não mostrara isso também e sequer pedira desculpas; por que deveria ser ela a fazer isso, então? Se fora a parte mais ofendida de tudo, principalmente. "As cenas da minha adaga em você, a vontade com que eu quis te atacar... Eu não me importaria se fosse com qualquer outra pessoa." Continuou. O tom de voz baixo, demonstrando como o assunto era espinhoso para a filha de Sekhmet. "Mas aquilo me assustou porque eu me importo pra caralho com você e eu não 'tô mais conseguindo nem treinar direito, nem minhas mãos, nem minhas pernas me obedecem mais. 'Tá tudo uma merda." O que a deixava ansiosa para saber o que sua mãe acharia daquilo. Nada de bom, certamente, mas até aí, não era nada que Zaya pudesse controlar, infelizmente. "Quantas outras pessoas no mundo podem dizer que baixaram as armas de Sazaya Haernzah?"
E até por isso estava tão abatida daquela forma. Com todas aquelas cicatrizes físicas e emocionais: poderia ser inteligente e bonita, mas seu maior ponto era a força, a gana e a habilidade em batalhar. Sua motriz era a forma como poderia atacar qualquer oponente e fazê-lo sucumbir a sua vontade, demonstrando suas habilidades de conquista em guerrear. Agora que isso estava prejudicado, o que seria dela?
"O que é ótimo pra você, afinal." Um tom levemente risonho, ainda que sem graça alguma, antes de finalmente se virar nos calcanhares para fitá-lo. As bochechas cada vez mais coradas, mas agora porque ela estava tentando controlar a vontade de chorar; era sempre assim, tão intensa que acabava transbordando, literalmente, pelos olhos. A exemplo das lágrimas teimosas que começavam a descer e do tom de voz cada vez mais embargado. "Porque aí você não me tem mais como aluna, pode colocar qualquer outra pessoa menos difícil no meu lugar e de brinde ganha a chance de só me ver de longe no Acampamento." Um novo sorriso vacilou nos lábios avantajados da Haernzah, achando engraçado como aquele provavelmente era o sonho de muitas pessoas que haviam topado com ela em sua vida. Pessoas que chegaram a ver o furacão que ela era capaz de ser, mas que não haviam ficado por tempo o suficiente para reconhecer o quão doce, leal e amorosa ela poderia ser também. E não podia culpar ninguém por isso. "Posso até apostar que isso soa como A Casa dos Sonhos da Barbie. Deve ser libertador."
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Algumas pessoas poderiam acabar cedendo quando pressionadas, mas não Zaya. Na verdade, ela se tornava cada vez mais agitada, necessitando escapar de todas as formas e por isso acabava atacando pessoas sem real intenção, como fora o caso do que ela vivera com William há alguns dias atrás. Sentir-se minada, encurralada, a tornava, de fato, uma gata selvagem, arisca, inclinada a usar suas garras e sua selvageria para sair de uma situação onde não se sentisse confortável. E o assunto sobre abandono era realmente a parte mais sensível dela: pessoas iam e vinham de sua vida com tanta frequência que aquele tipo de coisa havia a traumatizado na mesma proporção que se traumatizara com eventuais comparações que a colocavam em um padrão de feminilidade associado com submissão ou uma natureza calma que realmente não a competia. Não sendo a filha de quem era, sobretudo.
E só não havia retrucado as palavras alheias porque ele mesmo havia dado uma resposta às perguntas que fazia. Se ela não comprava briga com outros alunos, havia um elemento chave e William já sabia qual era, então não sabia o motivo pelo qual ele ainda queria conversar sobre aquele maldito assunto. De qualquer forma, continuou focada na forma como a água estava esquentando e a forma como ela não se importou muito com a temperatura elevada da mesma ao adentrar. A sensação queimava, incomodava, mas era o que Zaya precisava no momento; uma tortura que a distraía do fel que corria por suas veias. Respirando fundo e se concentrando na súplica de seu corpo, só até a pira apagar aos poucos e finalmente parar de aquecer. Todos os nervos da Haernzah clamando, as novas cicatrizes se agitando também, até que a água retornasse à temperatura normal. Por onde ela permaneceu por um bom tempo.
Quarenta minutos. Uma hora. Uma hora e meia. Quase duas. Zaya só saindo de lá porque a água já havia esfriado e ela havia percebido que o filho de Taranis realmente não arredaria o pé dali. Ela havia, inclusive, começado a cantar melodias em árabe, quase recuperando seu humor, só até que os pensamentos de William cruzassem os seus momentaneamente e a lembrassem de que ele continuava plantado em seu quarto. Coisa que a fez pensar seriamente em sair de seu chalé, mas para onde iria encharcada daquela forma, enrolada num roupão? Principalmente porque ele estava no sentido da porta e a menos que ela sumisse pela janela, não conseguiria fugir de fininho. Merda.
No final das contas, deixou o banho, novamente enrolada em seu roupão. Enrolando propositalmente nos cuidados faciais, demorando-se cada vez mais naqueles últimos detalhes como nos dentes sendo escovados, as limpezas de seus piercings, o pentear de suas sobrancelhas. Até finalmente retornar para seu quarto, tornando a revirar sua mala, agora começando a desfazê-la de uma vez por todas. Ainda sem olhar para William, desejando veementemente que ele não estivesse ali.
“Isso é quase doentio, sabia? Ficar plantado aí mesmo quando eu disse que não queria você aqui.” Disse simplesmente, a voz rouca pela falta de uso nos últimos trinta minutos. Finalmente separando o seu monte de roupas para dormir e tirando mais alguns outros produtos que ela levara naquela viagem, com alguns novos em uma embalagem da Sephora. Ela estivera em problemas sérios, mas isso não significava que não gastaria dinheiro, certo? Era uma das 20 milionárias mais jovens do mundo, afinal. “Poderia pelo menos ser útil e ter esfregado minhas costas.” Alfinetou. Coisa que não aconteceria, a bem da verdade: ela não confiaria em William daquela forma, tão perto de si, quando estava tão vulnerável, outra vez, tão cedo. “E eu já te disse que não tenho nada pra conversar com você. Então vai ficar fincado aí até nossos pais sabem quando.” Deu de ombros, com um novo suspiro cansado. Sentando-se sobre sua cama, separando um pote do creme de geleia corporal frutado que ela costumeiramente usava antes de dormir. Dobrando uma das pernas sobre sua cama, passando a hidratar a região, num gesto automático, como se, de fato, fingisse que ele não estava ali.
Passando daquela perna para a outra, fazendo com que suas tatuagens reluzissem um pouco mais, tornando-se mais vividas no processo de revitalização; a borda curta do roupão subindo a cada novo movimento, o que também não a incomodava. Nudez não era um problema e se aquela era a única coisa que minimamente fizera com que William pensasse melhor se deveria ter entrado em seu chalé daquela forma, então, que fosse. Ela continuaria hidratando o próprio corpo, agora continuando com o processo na altura dos ombros, por dentro do que conseguia alcançar, do roupão. Arranhando-se levemente com aquilo porque, por haver um tecido no meio, ela não conseguia distribuir o produto da forma correta e isso a deixava um pouco desconfortável, já que o momento do banho era uma das coisas sagradas para Zaya e não poder finalizá-lo em paz a tirava um pouco de tento.
“E pensar que você nem viu a outra tatuagem que fiz pra cobrir a merda da cicatriz que você deixou em mim.” Riu baixo, sem humor. Os olhos baixos para o que fazia agora na altura de seu colo, com o creme. No final das contas, não conseguia ficar sem falar com William, em geral. Não quando haviam se passado bons minutos e horas desde que ele havia chegado, ao contrário do treinamento deles, que no máximo se excedia por duas aulas de cinquenta minutos. “Decidiu me diminuir e me desafiar antes que eu sequer pudesse mostrar.”
O tempo de espera fora o suficiente para que William consegui reparar nos pequenos detalhes do chalé de Sekhmet, e se indaga o porquê de não ter coisas assim no dele. Claro que eram deuses e culturas completamente diferentes, mas ainda assim, ele queria ter uma cama com detalhes de ouro em sua estrutura, lençóis de só os deuses sabem quantos fios, uma piscina bem no meio da sala principal. Tantas oferendas para Taranis, e seu chalé era tão básico quanto o alojamento de um soldado. Alguém teria uma séria conversa com o pai e com o senhor M. depois. Um longo e pesado suspiro lhe correu dos lábios, a cabeça apoiada no encosto da cadeira, fitava o teto enquanto mergulhava William em seus pensamentos mais profundos. Se questionando constantemente se deveria mesmo ter ido atrás de Zaya aquela noite, se deveria estar ali mesmo depois de tantas horas, se não era mais fácil para os dois que simplesmente se afastassem. 
Pensamentos que constantemente eram atravessados por lembranças. Lembrava-se de noites atrás, quando se levaram ao momento mais intenso entre os dois. A cabeça de William no colo de Zaya, e mesmo que ela tivesse causado sua agonia, ela ainda seguia sendo uma das pessoas em quem ele mais confiava. Lembrava da sensação do veneno correndo em suas veias, e do cuidado que recebeu da menor. Um nível de intimidade surgiu ali, junto com tantas outras sensações que Billy mal tivera tempo de processar. E para além dos pensamentos atrelados a Sazaya, ainda tinham aqueles que se relacionavam a Suzanna, o evento, tudo que conversaram e que aconteceu entre eles. Por que ele estava ali? Essa era a pergunta constante. Suspirava, pois era só o que restava, suspiros e esperas. Tornava a olhar o relógio na parede, agradecendo dessa vez por sua posição não mostrar o reflexo de Zaya na banheira. 
O pé começava a batucar no chão, as mãos nos apoios da cadeira. Claramente entediado, não impaciente, pois paciência era uma virtude sim, e William a tinha. Taranis fez questão de lhe ensinar a ser paciente, e esperar o momento apropriado para o ataque. Assim como o momento de recuar, pois todas as coisas tinham seu tempo. Os músculos começavam a ficar tensos e o assento, por mais chique que fosse, agora estava incomodo. William se remexia na cadeira, procurando uma posição que não lhe doesse as nádegas e quando não a encontrou, decidiu ficar um pouco de pé, caminhando de um lado para o outro do cômodo. Voltou a sentar depois de uns vinte ou trinta minutos. Felizmente foi um pouco antes do retorno de Zaya. “Devo começar a repensar minha postura, pois você não foi a primeira a me chamar de doentio esses dias.”. deu de ombros, Aylin era a última que queria passeando em sua mente, então não ia focar nisso. Seguiu observando a postura e comportamento da mais nova, e fora involuntário não engasgar quando ela falou sobre sua serventia. “Não acho que seria prudente, e nem do meu interesse.”. manteria essa postura, a de quem não estava em conflito sobre se sentir atraído ou não pela egípcia. 
“Eu acho que temos, Zaya. Talvez falar sobre a última vez em que estive aqui, e que nós dois quase fomos descobrir de perto como é o submundo?” Sim, pois William sabia bem que ele não iria para o lugar reservado aos heróis. Taranis amava o filho, mas ele não era nenhum exemplo. “Ou sobre seus sumiços dos nossos treinos? Ou quem sabe até, sobre o que foi aquilo no evento?” listava a série de coisas que considerava problemas na relação entre os dois. Do dia em que William acolheu Zaya, até a noite em que eles quase se mataram, os dois viviam em perfeita harmonia, um instrutor e sua aluna. Tinha orgulho, consideração e respeito por ela. Mas agora as coisas pareciam bagunçadas, borradas e espalhadas, como o creme que ela passava no corpo. Não sabia se por provocação, ou não, mas o ato roubara alguns minutos da atenção do Blue. Estava quente, ou ele que estava suando demais? Sacudiu a cabeça suavemente para os lados, focando na cortina perto da janela, os detalhes na costura, qualquer outra coisa. 
“Eu não decidi nada, Zaya.” bufou, ainda focado na estrutura e não nela. “Me espanta que você odeie que falem qualquer coisa de você, mas que ache que tem o direito de falar qualquer coisa de outra pessoa.”. Sim, ele seria baixo a esse nível, esperando que ela visse e entendesse seus motivos. William defenderia qualquer pessoa com quem se importasse. Fez isso por Suzanna, e pretendia continuar fazendo, mesmo com ela pedindo o contrário. E fez por Zaya, por mais que ela não soubesse. Todas as vezes em que ouvia cochichos sobre ela, como no dia que ele foi atrás da mais nova na floresta, foi o mesmo dia em que comprou uma briga por ela. Suspirou outra vez, voltando o olhar para a mais nova. “Por que tem me evitado? É só isso que eu quero saber, e prometo que saiu por aquela porta e não precisa mais se preocupar em esbarrar comigo. Respeitarei sua vontade.”. 
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sekbless · 1 year
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Algumas pessoas poderiam acabar cedendo quando pressionadas, mas não Zaya. Na verdade, ela se tornava cada vez mais agitada, necessitando escapar de todas as formas e por isso acabava atacando pessoas sem real intenção, como fora o caso do que ela vivera com William há alguns dias atrás. Sentir-se minada, encurralada, a tornava, de fato, uma gata selvagem, arisca, inclinada a usar suas garras e sua selvageria para sair de uma situação onde não se sentisse confortável. E o assunto sobre abandono era realmente a parte mais sensível dela: pessoas iam e vinham de sua vida com tanta frequência que aquele tipo de coisa havia a traumatizado na mesma proporção que se traumatizara com eventuais comparações que a colocavam em um padrão de feminilidade associado com submissão ou uma natureza calma que realmente não a competia. Não sendo a filha de quem era, sobretudo.
E só não havia retrucado as palavras alheias porque ele mesmo havia dado uma resposta às perguntas que fazia. Se ela não comprava briga com outros alunos, havia um elemento chave e William já sabia qual era, então não sabia o motivo pelo qual ele ainda queria conversar sobre aquele maldito assunto. De qualquer forma, continuou focada na forma como a água estava esquentando e a forma como ela não se importou muito com a temperatura elevada da mesma ao adentrar. A sensação queimava, incomodava, mas era o que Zaya precisava no momento; uma tortura que a distraía do fel que corria por suas veias. Respirando fundo e se concentrando na súplica de seu corpo, só até a pira apagar aos poucos e finalmente parar de aquecer. Todos os nervos da Haernzah clamando, as novas cicatrizes se agitando também, até que a água retornasse à temperatura normal. Por onde ela permaneceu por um bom tempo.
Quarenta minutos. Uma hora. Uma hora e meia. Quase duas. Zaya só saindo de lá porque a água já havia esfriado e ela havia percebido que o filho de Taranis realmente não arredaria o pé dali. Ela havia, inclusive, começado a cantar melodias em árabe, quase recuperando seu humor, só até que os pensamentos de William cruzassem os seus momentaneamente e a lembrassem de que ele continuava plantado em seu quarto. Coisa que a fez pensar seriamente em sair de seu chalé, mas para onde iria encharcada daquela forma, enrolada num roupão? Principalmente porque ele estava no sentido da porta e a menos que ela sumisse pela janela, não conseguiria fugir de fininho. Merda.
No final das contas, deixou o banho, novamente enrolada em seu roupão. Enrolando propositalmente nos cuidados faciais, demorando-se cada vez mais naqueles últimos detalhes como nos dentes sendo escovados, as limpezas de seus piercings, o pentear de suas sobrancelhas. Até finalmente retornar para seu quarto, tornando a revirar sua mala, agora começando a desfazê-la de uma vez por todas. Ainda sem olhar para William, desejando veementemente que ele não estivesse ali.
"Isso é quase doentio, sabia? Ficar plantado aí mesmo quando eu disse que não queria você aqui." Disse simplesmente, a voz rouca pela falta de uso nos últimos trinta minutos. Finalmente separando o seu monte de roupas para dormir e tirando mais alguns outros produtos que ela levara naquela viagem, com alguns novos em uma embalagem da Sephora. Ela estivera em problemas sérios, mas isso não significava que não gastaria dinheiro, certo? Era uma das 20 milionárias mais jovens do mundo, afinal. "Poderia pelo menos ser útil e ter esfregado minhas costas." Alfinetou. Coisa que não aconteceria, a bem da verdade: ela não confiaria em William daquela forma, tão perto de si, quando estava tão vulnerável, outra vez, tão cedo. "E eu já te disse que não tenho nada pra conversar com você. Então vai ficar fincado aí até nossos pais sabem quando." Deu de ombros, com um novo suspiro cansado. Sentando-se sobre sua cama, separando um pote do creme de geleia corporal frutado que ela costumeiramente usava antes de dormir. Dobrando uma das pernas sobre sua cama, passando a hidratar a região, num gesto automático, como se, de fato, fingisse que ele não estava ali.
Passando daquela perna para a outra, fazendo com que suas tatuagens reluzissem um pouco mais, tornando-se mais vividas no processo de revitalização; a borda curta do roupão subindo a cada novo movimento, o que também não a incomodava. Nudez não era um problema e se aquela era a única coisa que minimamente fizera com que William pensasse melhor se deveria ter entrado em seu chalé daquela forma, então, que fosse. Ela continuaria hidratando o próprio corpo, agora continuando com o processo na altura dos ombros, por dentro do que conseguia alcançar, do roupão. Arranhando-se levemente com aquilo porque, por haver um tecido no meio, ela não conseguia distribuir o produto da forma correta e isso a deixava um pouco desconfortável, já que o momento do banho era uma das coisas sagradas para Zaya e não poder finalizá-lo em paz a tirava um pouco de tento.
"E pensar que você nem viu a outra tatuagem que fiz pra cobrir a merda da cicatriz que você deixou em mim." Riu baixo, sem humor. Os olhos baixos para o que fazia agora na altura de seu colo, com o creme. No final das contas, não conseguia ficar sem falar com William, em geral. Não quando haviam se passado bons minutos e horas desde que ele havia chegado, ao contrário do treinamento deles, que no máximo se excedia por duas aulas de cinquenta minutos. "Decidiu me diminuir e me desafiar antes que eu sequer pudesse mostrar."
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Zaya estava exausta demais para minimamente pensar em expulsá-lo dali do modo tradicional: incitando-lhe alguma úlcera no estômago, alguma enxaqueca tão cheia de pressão que poderia desmaiá-lo em breve ou qualquer coisa do tipo. Sem contar que, a bem da verdade, desde o último encontro deles, andava com tanto receio de sequer desejar amaldiçoar alguém, que evitava pensar naquilo também. Havia conversado com Sekhmet, feito algumas oferendas e clamado por alguma resposta em relação ao que fazer naqueles casos de descontrole em relação a pessoas próximas de si; já havia acontecido antes, mas com seres que Sazaya detestava e por quem nutria asco, nunca tendo chegado àquele nível com alguém por quem tinha tanta consideração. Um acidente aqui e ali, era claro, mas nada além disso; e agora as memórias de sua situação com William iam e viam, atormentando-a de uma forma que nem mesmo diante de alguns de seus dias mais traumáticos, costumava acontecer.
“Claro. Você quem deveria me evitar. Pobre William, Zaya má.” Disse simplesmente, com um suspiro cansado. Desde muito nova ouvia constantemente aquele tipo de coisa, a ponto de frequentemente acreditar que deveria ser uma das vilãs das histórias do Acampamento; só até entender que não era nada disso, e que ela tinha lá seu lado bom também. O que acontecia é que as pessoas presumiam o seu pior e isso acabava por tirá-la ainda mais dos eixos, decidindo dar alguma razão a quem a tivesse julgado mal. Era menos cansativo ser o que esperavam que ela fosse, afinal, já que, mesmo diante de uma postura mais amena e simpática, provavelmente continuariam tendo medo dela. “Toda essa perseguição é por causa da sua protegida? Qual é, cara, ela deu com a língua nos dentes e foi isso. Nem ‘tô mais olhando pra cara dela, se é o que queria. Resolvido.” Garantiu. Provavelmente a Garcia havia dito também que Zaya lhe tomara um dos brincos, e ninguém precisava ser um gênio para saber qual era a intenção por trás disso: Zaya apenas aguardava um novo momento de indisposição com a filha de Hefesto para causar-lhe praticamente a mesma coisa que causara a William, dessa vez sem temer o que poderia acontecer com sua relação com Mason. Simplesmente porque estava cansada de ser posta como a bruxa má quando, na verdade, no início de tudo, nunca havia dado motivo para o pivô da discussão dela e de William, tratá-la como tratou na outra noite, na floresta. Mas essa parte ela provavelmente não havia contado a Blue, certo? O pensamento fez Zaya rir baixo consigo mesma, balançando a cabeça por alguns instantes em negação. Patético. “E você ainda tem a cara de pau de dizer que faria o mesmo por mim, que me defenderia da mesma forma. Parecendo até um cão de guarda.” Concluiu instantes antes de vê-lo se sentar em uma das cadeiras dispostas por ali.
A cena a irritou profundamente, chegando a apartar a exaustão que ela sentia por noites e mais noites viradas. Estava a um passo de arruinar todo seu autocontrole, todo o jeito com que estava tentando não ser mais tão irritadiça e estourada nos últimos dias. Não queria mesmo ouvir mais sermões, ou mais broncas, porque estava realmente cansada de tudo aquilo. E por mais que sentisse falta dos treinos com William, dele por si só, havia uma parte dela que a alertava para se retirar do círculo dele e deixá-lo só com as amenidades de outras mulheres no Acampamento, considerando como a grande maioria ali certamente lhe seria uma aluna mais calma e fácil de lidar do que ela.
Acabou então por não dizer mais nada. Rumando em direção à casa de banho, que distinguia-se do cômodo básico do banheiro, onde havia uma banheira enorme em detalhes dourados, bem como o resto do cômodo. Abaixando-se para acender a pira que aqueceria a água que foi prontamente despejada lá dentro, iniciando então o processo de derramar seus óleos essenciais e seus sais de banho, a ponto do cheiro de rosas e amêndoas invadir o espaço, dando a certeza de que se impregnaria na pele de Sazaya assim que ela entrasse. O processo todo servindo como alguma distração para a mente da filha de Sekhmet, que ainda sentia seu sangue fervilhar e a vontade de retornar para William para, provavelmente, terminarem como haviam terminado da outra vez em seu chalé.
Arrastou mais a cadeira para perto da mesa, apoiando os pés confortavelmente sobre o móvel. As mãos apoiadas no colo, com seus dedos entrelaçados e um olhar pomposo na direção de Sazaya, essa era a postura de William enquanto ouvia as ironias da menor. “Zaya explosiva, não má. Não vista um personagem que não lhe cabe, pois eu nunca o coloquei em você.”. O tom ameno, quase como se nada estivesse ocorrendo entre os dois, como se a amizade ainda estivesse inabalável. Se é que um dia eles foram amigos, pois William se pegava muito pensando nisso. Em como a relação surgiu e no que se transformava. Ele acolheu Zaya, quando nenhum outro instrutor a quis. Entendeu seu estilo de treino, lhe entregou isso, e no coliseu os dois pareciam falar uma linguagem só deles. Além disto, também se importava com ela, tinha aquele instinto um tanto protetor que não sabia explicar muito bem. E também tinham as brigas, onde a tensão que pairava no ar poderia ser cortada com uma colher. Em todos esses cenários e situações, ele nunca colocou em Zaya o caos que ouvia da boca dos outros. Sempre a julgou por seus atos com ele, como agora, não mentia ao dizer que não deveria ter entrado ali de bom grado, pois ela quase o matou por… ciúmes? Era curioso pensar que ela sentia ciúmes dele, independente de qual forma fosse. 
“Ela deu? Não me recordo de ter falado nada sobre ela com você. Nem citei o nome dela, apenas disse que precisávamos conversar.”. E nem precisava se fazer de desentendido, pois William realmente não havia tocado no nome de Suzanna, mas gostava que Zaya imaginasse que tinha algo relacionado a filha de Hefesto, pois de alguma forma tinha. Ela pediu para que Billy não falasse com Zaya, que não comprasse suas brigas, e ele disse que iria tentar, e tentaria, claro. “Você me associa muito a Garcia, ainda mais depois do que aconteceu aqui.”. Desatou as mãos para girar o indicador a frente dele, remetendo-se ao espaço e ao embate que tiveram semanas atrás. “Realmente te irrita que eu tenha algum tipo de carinho por ela, não é? O que é isso Zaya, ciúmes do seu instrutor? Se for, vai comprar briga com o resto dos meus alunos?” as perguntas eram reais, tinha um tom sério e firme. Billy estava cansado de brincar de gato e rato com Sazaya, e pretendia acertar tudo aquela noite. Seguiriam como sempre foram, ou mudariam de vez. “Mas eu faria.”. os pés voltaram ao chão, e o corpo se inclinou para frente, na direção de Zaya, mesmo que não estivesse perto dela. “Eu prometi que não seria mais um na sua lista de abandonos, Sazaya. E eu cumpro com as minhas promessas, mas além disso, eu gosto e me importo com você, acredite ou não.”. E ele nem sabia o porquê, mas sabia que até Suzanna aparecer na sua vida, Sazaya e ele nunca tiveram problemas. Então algo ali tinha, era com ele, ou com a filha de Hefesto, mas tinha.
O silêncio voltou a imperar entre eles, e William entendeu que era necessário, ao menos naquele momento. Voltou a se recostar na cadeira, pés novamente sobre a mesa e os olhos seguiram os movimentos da filha de Sekhmet até perdê-la de vista. Ou era o que ele pensava. Suspirou, encarando o último ponto em que conseguira vê-la. Ele ouvia o barulho da água e o cheiro das rosas e amêndoas, era tão forte que conseguia passar de um cômodo ao outro. Esperava que ela não lhe desse um chá de cadeira, e para constatar isso, decidiu marcar o horário. Voltou os olhos ao relógio que tinha na parede, mas não se prendeu as horas, nem conseguiu vê-la na verdade. Pois abaixo dele havia um espelho, refletindo exatamente a pequena brecha da banheira no espaço ao lado. Podia ver as costas de Zaya, as marcas novas que ganhara e a ponta dos cabelos úmidos. Sentia o sangue correr um pouco mais rápido e uma onda de calor estranha passar pelo seu corpo. Pigarreou e sacudiu a cabeça, tentando parar de olhar seu reflexo, mas isso só se tornou possível quando o Blue se levantou e escolheu outro lugar para se sentar. A cadeira do outro lado, bem longe do maldito espelho. 
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sekbless · 1 year
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about me ✯ [3/?] female characters ↝ zulema zahir (vis a vis)
❝ But only those who are forgotten die; and I think I will be remembered. ❞
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sekbless · 1 year
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magnlightwood​:
Magnus correspondeu ao sorriso da amiga, mantendo o silêncio. Costumava pensar que os deuses estavam sempre de olho neles, como quem acompanhava uma série. Podia até imaginar Sekhmet, Osíris e Rá, sentados juntos num grande sofá, com um balde de pipoca para os três, rindo do comportamento dos filhos. Seus desesperos, dores, felicidades, tudo isso era divertido aos deuses. Então, talvez fosse mais prudente poupar as palavras sobre a deusa de temperamento tão forte quanto a cria ao seu lado. “Tudo bem, eu também não era um fã de magia no começo.”. Verdade fosse dita, ele odiava qualquer coisa que envolvesse o pai divino, mas ainda assim tinha algum dom para a coisa, e foi difícil correr por muito tempo. Cedeu ao obvio, mas o fez ao seu modo, como sempre. Torceu os lábios, prendendo um riso debochado com a fala seguinte da mais nova. “Eu não faria piada de você, jamais.”. o tom um pouco mais estridente revelava que nem ele acreditava nisso, quem dirá Zaya. Zoar seus amigos era algo que estava implícito no contrato da relação, não? Como ela poderia esperar algo diferente? A mão que permanecia no afago em sua orelha, apertou um pouco mais a cartilagem entre os dedos quando ela virou o rosto, como se com aquele toque pudesse puxá-la de volta, fazê-la olhar para ele novamente. “Não vou perguntar por que machucou alguém que diz ser importante, pois sabemos que ou teve motivos, ou perdeu um pouco a cabeça. E quem nunca fez isso, que atire a primeira pedra.”. disse, soltando um breve suspiro de compreensão ao final. Ele mesmo já havia machucado algumas pessoas que gostava, física e emocionalmente. “A questão aqui é, se essa pessoa se importa igualmente com você, e se vale a pena ficar distante de alguém que tem afeto. Não precisa engolir o orgulho, sabe? Seja cara de pau como eu, as vezes funciona, as vezes não. Mas pelo menos tentou.”. 
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Com o apertão em sua orelha, Zaya fez uma careta e voltou a olhá-lo. Partes de seu corpo que não eram frequentemente expostas aos ferimentos dos treinos e batalhas, tendiam a ser mais sensíveis do que o resto; sendo assim, o toque não precisou ser tão forte para que ela se sentisse minimamente incomodada, além de ter sido deixado em uma região onde havia piercings (furados pela própria Zaya, a propósito). "Não sabia que tinha virado coach, Magnus. Sempre soube que sua carreira como instrutor de magia não ia vingar." Brincou, rindo fraco ainda evitando olhá-lo porque agora estava começando a se perder em seus próprios pensamentos. E a conclusão que havia chegado, acabou por incomodá-la bastante e quase lhe gerar uma dor física, demonstrando como a hipótese a perturbava. "Bom, você tem um ponto. Não acho que a pessoa em questão se importe comigo." Dito isso, mordiscou o interno de sua bochecha. Aquele tipo de situação já havia acontecido antes, e com outras pessoas, e nunca ficava mais fácil. "Queria dizer que 'tô surpresa, que não ligo pra isso, mas depois de vinte e cinco anos... Fica cansativo terminar sempre do mesmo jeito as minhas relações." Apertou então as mãos contra os próprios bíceps, já que ainda estava com os braços cruzados. Por fim, os olhos verdes da Haernzah voltaram a buscar pelos de Magnus; sabia que ele não era exatamente a pessoa mais sensata ou responsável do mundo, e que alguns duvidavam de seu caráter em geral, mas era ele quem estava ali com ela agora, certo? E isso valia mais do que qualquer coisa para Zaya, ainda que soubesse que algumas pessoas só se aproveitavam de momentos de fraqueza para adquirir informações, não exatamente para ajudar. E ela só podia desejar que o caso do mais velho não fosse o primeiro. "A cada novo dia eu percebo que só posso contar com a gente, os egípcios. Parece que somos os únicos aqui com alguma consciência de unidade e lealdade." Um novo suspiro que demonstrava como estava exausta de pensar em tudo aquilo. Era muito mais fácil quando não tinha apreço por ninguém e era só ela no final das contas. "Ou talvez eu deva ceder ao censo comum e aceitar que o problema sou eu. Sempre. Todo mundo gosta de um bode expiatório, né?"
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sekbless · 1 year
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itsmaddyy​:
“ ━━ Bom, parece estar funcionando bem. ━━ ”   Comentou, uma rápida passeada com os olhos pelo corpo dela, como quem analisava. O sorrisinho brincalhão se pintou em seus lábios logo depois, enquanto a observava guardar os livros, com uma expressão de satisfação. Cobriu o rosto enquanto ria da memória mencionada. Realmente, encontrar com Zaya no meio de todos aqueles semideuses, era um achado em sua vida, porque de todos os que conhecia - e ela era muito sociável - ninguém nunca topava as propostas delas, ou vinha com ideias igualmente malucas.   “ ━━ Espero que não tenha conhecido outra para colocar no meu lugar, então. Porque eu voltei pronta para isso. ━━ ”   Arregalou os olhos, virando na direção da mulher que já as encarava irritada. Com uma careta e um riso baixinho, a Dawson concordou.   “ ━━ E para onde vamos? Meu único pedido é voltar viva, porque agora eu tenho uma criança para cuidar. Te contei? ━━ ”
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O sorriso de Zaya aumentou ao ouvi-la comentar sobre ter arranjado alguém para colocar no lugar dela. Nem que quisesse, certamente, considerando como a Haernzah tinha ideias mirabolantes demais para as pessoas agitadas de menos naquele Acampamento. Havia sim, algumas que ela gostava de chamar para algumas festas em seu chalé, mas nada além disso; poucas ela realmente gostava de manter em sua vida, como era o caso de Maddy. Deste modo, ficava feliz por tê-la de volta. “Não vou alimentar seu ego, loira. Você já sabe o que vou dizer.” O tom risonho se manteve, até que guiassem seus passos para fora da biblioteca. “Pensei em irmos até o meu chalé. Matar um pouco do tempo antes do almoço. E não, não me falou nada sobre crianças.” Diante dessa última parte, Zaya arregalou um pouco os olhos. Criança, como um indivíduo, não era exatamente um problema, mas o fato da amiga ter uma agora, sim. “Que porra é essa, Maddy? Perdeu o juízo, foi? Com o tantão de chás e poções que eu já te ensinei pra resolver isso!”
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sekbless · 1 year
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billyblu3​:
Os olhos avistaram Sazaya, mas não da forma que William esperava encontrá-la. Talvez devesse ter considerado essa possibilidade quando adentrou ao chalé sem cerimonias. Mas estava tão habituado a fazê-lo no passado, que não a cogitou, e agora se via em um mix de sensações confusas. Sentia-se constrangido pela situação, tanto que chegou a virar o rosto na direção contrária. Mas também sentia que queria olhá-la, ver além do tecido que segurava contra o corpo. Agitou a cabeça, tentando retomar um pouco da noção e da compostura. Era Zaya que estava ali, e o carinho que tinha por ela viria sempre em primeiro. “Você é engraçada, sabia? Me faz morrer de rir.”. Disse, ainda de costas para ela, não sabia exatamente o momento seguro de virar, então preferiu dar mais alguns minutos, principalmente por ainda se sentir provocado pelo impulso de olhá-la. 
“Deduzi que esteve fora, sozinho é claro, não graças a algum aviso ou coisa assim. Segui esperando você para os nossos treinos, mas…” Interrompeu-se ao notar que estava justamente fazendo o que ela havia pedido para que não fizesse, estava prestes a lhe dar uma bronca. Suspirou pesado, levando uma das mãos ao rosto, roçando a barba. Um toque que ele tinha quando precisava se controlar. “Não vim dar bronca em você, só quero entender o que está acontecendo. Se alguém deveria evitar alguém aqui era eu, mas cá estou no seu chalé, apesar do que aconteceu da última vez. Desconsiderando todos os avisos e sinais. Então me diga, Zaya.”. virou-se finalmente, considerando que agora estava mais seguro, e constatou que sim quando a viu no roupão. “O que diabos está acontecendo?” indagou, olhos fixos aos dela, não conseguia se lembrar do quão verdes eram. 
“Aah não, sinto muito, mas não vou deixar que se esquive como fez na outra noite. Então, se precisa vá tomar seu banho relaxante. Leve horas se quiser, estarei exatamente aqui para conversarmos.”. retrucou, tomando a liberdade de dar alguns passos na direção da cadeira que tinha perto. Coincidentemente, a mesma cadeira que ele se sentou da outra vez, antes de Zaya ter seu acesso de raiva e gerar o conflito entre eles. 
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Zaya estava exausta demais para minimamente pensar em expulsá-lo dali do modo tradicional: incitando-lhe alguma úlcera no estômago, alguma enxaqueca tão cheia de pressão que poderia desmaiá-lo em breve ou qualquer coisa do tipo. Sem contar que, a bem da verdade, desde o último encontro deles, andava com tanto receio de sequer desejar amaldiçoar alguém, que evitava pensar naquilo também. Havia conversado com Sekhmet, feito algumas oferendas e clamado por alguma resposta em relação ao que fazer naqueles casos de descontrole em relação a pessoas próximas de si; já havia acontecido antes, mas com seres que Sazaya detestava e por quem nutria asco, nunca tendo chegado àquele nível com alguém por quem tinha tanta consideração. Um acidente aqui e ali, era claro, mas nada além disso; e agora as memórias de sua situação com William iam e viam, atormentando-a de uma forma que nem mesmo diante de alguns de seus dias mais traumáticos, costumava acontecer.
“Claro. Você quem deveria me evitar. Pobre William, Zaya má.” Disse simplesmente, com um suspiro cansado. Desde muito nova ouvia constantemente aquele tipo de coisa, a ponto de frequentemente acreditar que deveria ser uma das vilãs das histórias do Acampamento; só até entender que não era nada disso, e que ela tinha lá seu lado bom também. O que acontecia é que as pessoas presumiam o seu pior e isso acabava por tirá-la ainda mais dos eixos, decidindo dar alguma razão a quem a tivesse julgado mal. Era menos cansativo ser o que esperavam que ela fosse, afinal, já que, mesmo diante de uma postura mais amena e simpática, provavelmente continuariam tendo medo dela. “Toda essa perseguição é por causa da sua protegida? Qual é, cara, ela deu com a língua nos dentes e foi isso. Nem ‘tô mais olhando pra cara dela, se é o que queria. Resolvido.” Garantiu. Provavelmente a Garcia havia dito também que Zaya lhe tomara um dos brincos, e ninguém precisava ser um gênio para saber qual era a intenção por trás disso: Zaya apenas aguardava um novo momento de indisposição com a filha de Hefesto para causar-lhe praticamente a mesma coisa que causara a William, dessa vez sem temer o que poderia acontecer com sua relação com Mason. Simplesmente porque estava cansada de ser posta como a bruxa má quando, na verdade, no início de tudo, nunca havia dado motivo para o pivô da discussão dela e de William, tratá-la como tratou na outra noite, na floresta. Mas essa parte ela provavelmente não havia contado a Blue, certo? O pensamento fez Zaya rir baixo consigo mesma, balançando a cabeça por alguns instantes em negação. Patético. “E você ainda tem a cara de pau de dizer que faria o mesmo por mim, que me defenderia da mesma forma. Parecendo até um cão de guarda.” Concluiu instantes antes de vê-lo se sentar em uma das cadeiras dispostas por ali.
A cena a irritou profundamente, chegando a apartar a exaustão que ela sentia por noites e mais noites viradas. Estava a um passo de arruinar todo seu autocontrole, todo o jeito com que estava tentando não ser mais tão irritadiça e estourada nos últimos dias. Não queria mesmo ouvir mais sermões, ou mais broncas, porque estava realmente cansada de tudo aquilo. E por mais que sentisse falta dos treinos com William, dele por si só, havia uma parte dela que a alertava para se retirar do círculo dele e deixá-lo só com as amenidades de outras mulheres no Acampamento, considerando como a grande maioria ali certamente lhe seria uma aluna mais calma e fácil de lidar do que ela.
Acabou então por não dizer mais nada. Rumando em direção à casa de banho, que distinguia-se do cômodo básico do banheiro, onde havia uma banheira enorme em detalhes dourados, bem como o resto do cômodo. Abaixando-se para acender a pira que aqueceria a água que foi prontamente despejada lá dentro, iniciando então o processo de derramar seus óleos essenciais e seus sais de banho, a ponto do cheiro de rosas e amêndoas invadir o espaço, dando a certeza de que se impregnaria na pele de Sazaya assim que ela entrasse. O processo todo servindo como alguma distração para a mente da filha de Sekhmet, que ainda sentia seu sangue fervilhar e a vontade de retornar para William para, provavelmente, terminarem como haviam terminado da outra vez em seu chalé.
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sekbless · 1 year
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Mesmo com toda a dificuldade na leitura, Zaya gostava de se perder em algumas obras sobre História Antiga e sobre hieróglifos. Ler sobre as civilizações egípcias, a evolução e o desenvolvimento ao redor do Nilo, sobre os cultos à sua mãe e outros familiares... Absolutamente tudo lhe interessava. O que costumava chocar outras pessoas mais desavisadas que poderiam acreditar que Zaya era apenas uma lutadora e um rosto bonito, nada além disso: na verdade, havia um cérebro muito interessado em novos conteúdos, por debaixo daqueles cachos volumosos e escuros. "Sabe como é. Mente sã, corpo mais gostoso ainda." Sorriu-lhe de volta, antes de empurrar os livros que havia trazido consigo, de volta na prateleira. Na presença de Maddy, sua atenção para eles havia se perdido no mesmo fluxo das águas egípcias. "Eu não preciso mentir sobre isso. É claro que senti sua falta. Quem mais aceitaria escalar uma montanha no meio da noite comigo, completamente bêbada?" Riu ao tombar levemente a cabeça para trás antes de deixar um afago gentil nos fios alheios. "Só acho que precisamos meter o pé daqui antes que a bibliotecária nos mate com o olhar."
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𝖼𝗅𝗈𝗌𝖾𝖽 𝗌𝗍𝖺𝗋𝗍𝖾𝗋for @sekbless​ ♡
biblioteca do liceu 
Quem a conhecia bem, sabia que não era o tipo de lugar que ela frequentaria. Não sem um propósito, e geralmente algum que a colocasse em confusão. No entanto, naquele dia era diferente. A sobrinha tinha o costume de dormir ouvindo histórias, e Madelaine era péssima naquilo. Tinha de buscar livros que a agradassem, o que era uma missão difícil; Clarissa podia ser muito exigente, mesmo no auge de seus três aninhos. Quando seus olhos azuis, pouco concentrados nos livros, encontraram a figura de Sazaya, franziu o cenho e deixou escapar um risinho. As duas tinham uma amizade estilo ride or die, onde uma era péssima influência para a outra, e viviam se metendo em encrenca. Não era a primeira vez que se viam desde que a Dawson voltou lá de fora, mas ainda não tiveram tempo de fazer uma de suas travessuras por aí.   “ ━━ De todos os lugares proibidos, bizarros e assustadores que já fomos juntas, acho que esse é o mais estranho para te encontrar. ━━ ”   Brincou, aproximando-se por traz dela e parando de frente à Haernzah.   “ ━━ Como vai, Zay? Não tivemos muito tempo para conversar. Por favor, minta para mim, e me fale como foi horrível o seu último ano sem a minha presença aqui. ━━ ” 
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sekbless · 1 year
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Zaya se enfiava em mais problemas do que era capaz de admitir. Quando isso acontecia, sentia-se frustrada não por ter se colocado em situações estressantes, mas por se lembrar de todos que gostavam de dizer que ela era difícil; problemática, assustadora, dentre outras coisas. Odiava dar razão a eles e temia que continuassem certos por muito mais tempo. Ainda assim, aquilo não a impedia de de afastar do acampamento esporadicamente para resolver algumas outras pendências, a ponto de agora se encontrar retornando para seu chalé depois de ter chegado por um outro portal na calada da noite.
Estava exausta, parcialmente machucada, só queria tomar um banho rápido e dormir. Contudo, seus planos foram interrompidos pela voz de William, que não lhe era mais tão familiar assim agora que estava fugindo dele em geral; e não que sua seminudez a incomodasse, mas o gesto a surpreendera tanto que ela chegou a encolher a camisa que havia acabado de retirar, contra seu tronco, até perceber que se tratava do filho de Taranis. O coração errando algumas outras batidas além do susto, agora que ouvia aquelas palavras que lhe eram tão características, que também faziam com que a pele dela se arrepiasse por inteiro.
"A seção de atendimento ao William 'tá fechada tem um tempo." Disse simplesmente, deixando a camisa voltar a cair sobre sua cama, enquanto ela procurava desfazer uma das malas, atrás de um dos roupões que havia levado. Suas costas estavam cheias de ferimentos que já haviam sido piores, e era algo possível de se avistar à meia luz do ambiente em contraste com a pele bronzeada da filha de Sekhmet. "Sem contar que eu passei os últimos dias fora, então não aprontei nada e não tem motivo pra você querer me dar bronca, se for o caso." Suspirou pesadamente, sentindo as pálpebras pesarem um pouco. Finalmente encontrando o roupão, ela o colocou e o amarrou na cintura, finalmente se livrando da calça que usava. Camadas e mais camadas de roupa, considerando que estava voltando de um tempo bastante ameno na Espanha. "Então... Se me der licença..." Meneou levemente a cabeça, deixando implícito que não queria conversa alguma. Já lhe bastava o encontro na Noite dos Espíritos, do qual sequer se lembrava muito já que, felizmente, estava bastante alterada. "Eu só quero relaxar e isso não inclui você invadindo meu chalé."
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Os dias continuavam passando e nada do retorno de Zaya aos treinos. Mas como ele poderia esperar algo diferente? Trocaram duas palavras na noite dos espíritos e nada mais. Aquela birra estava passando dos limites, e William pretendia tirar isso a limpo. O que seria agora? Zaya quem desistiria de um instrutor, e não o contrário? Buscou-a pelo acampamento inteiro, e ninguém sabia dizer onde estava a filha de Sekhmet, lhe bastante apenas vigiar e esperar que ela aparecesse. Todas as noites passava a frente de seu chalé, esperando ver uma luz que fosse, mas nada. Foi assim por uma semana inteira e já estava começando a deixar aquilo de lado, quando na noite seguinte avistou a iluminação baixa pela janela. 
Caminhou em direção a porta, parando diante dela com a maçaneta em mão. Por um instante, voltou a mente a última vez que esteve ali dentro. O embate caloroso com Zaya, que quase os levou a morte. Sim, os dois. Pois mais alguns segundos e William teria sufocado ela, e morrido nesse processo. Suspirou, agitando a cabeça para os lados, para que se livrasse das memórias. Girou a maçaneta e adentrou ao recinto, sem qualquer cerimonia. “Sazaya? Precisamos conversar.”. proferiu, buscando pela figura feminina assim que colocou os pés dentro do chalé. 
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sekbless · 1 year
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A cena poderia soar estranha para quem visse de fora, mas não em se tratando de semideuses do mesmo panteão que Zaya: sabia lidar melhor com eles de modo que seu lado mais assertivo não se mostrasse com tanta frequência. Alguns podiam nem ligar para a existência dela, mas para a filha de Sekhmet, eram algo como sua família e ela os protegeria como se fossem de sangue, afinal. Até por isso estava aceitando tão tranquilamente os toques alheios, chegando a perder um pouco do foco no momento que os dedos de Magnus começaram a acariciar sua pele. Estava tão constantemente enfiada em treinamentos agressivos, intensos, enfiando-se em mais problemas do lado de fora, que aquele tipo de contato lhe caía muito bem, como demonstrava a forma que seus ombros relaxaram e ela sentiu todos seus músculos se livrarem da tensão habitual. "Me lembrarei de dizer isso a ela na próxima vez que nos virmos." Sorriu de canto, rindo baixo. Sekhmet era como a filha e certamente adoraria aqueles elogios todos; o que a fazia pensar com seus botões em como a parente divina reagiria quando subestimada ou desafiada como Zaya fora recentemente a ponto de se sentir minada. "Como você é dramático, cara. Eu gosto de estar com você, só não gosto dessa coisa toda de magia e..." Deteve-se na fala. Mais uma coisa em que não era boa. O que a fez cruzar os braços rente ao busto e respirar o mais fundo possível antes de suspirar. "Não é nada demais, é só a Zaya de dezesseis anos dando as caras de novo agora. Você não entenderia, não quero virar piada sua depois de falar sobre isso." Resmungou, baixando os olhos verdes para os próprios joelhos. Não era natural que estivesse tão encolhida e desconfortável como estava. Magnus realmente sabia que ela estava com algum problema. "Tudo que você precisa saber é que me descontrolei de novo e machuquei muito alguém importante pra mim." Engoliu em seco, virando o rosto na direção oposta da que recebia o carinho, antes de bufar e revirar os olhos frustrada consigo mesma. "Ao contrário do que a grande maioria desse lugar acha, eu não gosto de fazer isso. Acontece que tem gente que praticamente pede pra me ver puta da vida e a gente sabe que não interessa pra ninguém se um legado da guerra foi provocado ou não."
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sekbless​:
A pior parte de ser quem era, era que Zaya sabia que era extremamente explícita. Tão emotiva e intensa que qualquer um poderia cogitar o que se passava por sua cabeça ainda que não lesse mentes; e no caso de Magnus, como ela havia admitido, ele a conhecia de outros carnavais, sobretudo porque quase havia sido seu instrutor de magia, se não fosse pelo detalhe da Zaya de dezoito anos ter corrido dele como o diabo fugia da cruz porque simplesmente detestava magia. Era boa com as poções de cura e os ensinamentos de sua mãe, mas a parte mágica de sua linhagem? Terrível. Havia uma parte da magia que era tão pura e exigia tanta concentração que Zaya simplesmente travava e não conseguia mais avançar, restando-lhe apenas atacar com seus poderes principais qualquer coisa viva ao redor. O próprio Magnus tendo sido vítima disso uma vez ou outra devido ao descontrole de uma Sazaya bem mais nova, que até então ainda não havia aceitado sua sina como uma guerreira e não como alguém com tino para feitiçaria. “Ora. Eu não posso querer passar um tempo com meu velho amigo e parceiro de panteão? Tão velho e sábio, minha mãe me disse que posso aprender uma coisa ou outra na sua companhia.” Riu baixo, tentando desconversar. Não queria falar o verdadeiro motivo pelo qual estava abandonando o treinamento aos poucos, considerando como seu trauma ainda estava falando um pouco mais alto. Os braços então se cruzaram e ela se encolheu um pouco, aceitando a cadeira que lhe foi empurrada. “Uma gata pode querer um pouco de atenção às vezes sem necessariamente ter um problema, não pode? Todo mundo gosta de um pouco de carinho na barriga e atrás das orelhas, de vez em quando. Então… Por que teria algo errado, grandão?”
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Observava Zaya com a atenção de um analista, medindo seus passos, sua postura, até a forma como ela gesticulava e falava. Nada daquilo era costumeiro da mais nova, e isso o deixava um tanto receoso, em estado de alerta. “Oh, velho?” levou uma das mãos ao peito, como se a palavra o tivesse causado dor física. “Assim você acaba comigo, sabia? Sempre julguei que estou enxuto para a minha idade, e nem sou o mais velho daqui.”. retrucou, arqueando uma das sobrancelhas na direção da menor, numa expressão um tanto pomposa que se desfez instantes depois. “Deusa admirável, sua mãe. Muito sábia, e atraente. Isso se ela continuar com a fisionomia com a qual nos conhecemos. Mas considerando os poderes e a personalidade, acho que é difícil ela deixar de ser atraente.”. completou dando de ombros. Estava brincando, claro. Tinha o maior respeito pela deusa em questão, e não estava lá muito interessado em se envolver com qualquer divindade que fosse, apenas gostava de provocar a amiga ao seu lado. Mas o incomodo, este permanecia ali. Odiava a sensação de que estavam lhe escondendo algo, sempre odiou. Mas se bem conhecia Zaya, ela apenas falaria quando achasse que devia, e insistir apenas iria irritá-la. E ninguém gostava de vê-la irritava. “É mesmo? Então estou esse tempo inteiro fazendo a abordagem errada, deixe-me corrigir.”. Levantou-se, puxando sua cadeira para mais perto da dela e só depois tornou a sentar-se. O braço apoiado no encosto, ficava na altura perfeita para que sua mão abrisse caminho entre os belos cachos, sem desarrumá-los. Dedos alcançavam o lóbulo da orelha, iniciando um tipo de carinho, talvez até uma massagem. “Melhor assim?” indagou com um sorriso em sua direção. “Teria algo errado, pois até onde sei, Sazaya adora lutar e odeia magia. Cortamos esse laço de instrutor e aluna faz tempo. Mas aqui está você, quando sabemos que preferia estar em outro lugar.”
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sekbless · 1 year
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Ela era realmente resistente aos rastros e resquícios do álcool, mas havia exagerado tanto na Noite dos Espíritos, que agora seu corpo estava suplicando por um pouco de cuidado. Coisa que ela não poderia dar a ele considerando como estava enjoada, com a cabeça estourando e por mais que estivesse projetando alguns de seus poderes em si mesma, sabia que eles demorariam demais a curá-la enfim. Por isso havia requisitado a presença de Sebastian, ainda que uma parte dela quisesse manter toda e qualquer pessoa fora de seu chalé para evitar estresse e a piora de seu estado.
"Sorte a sua que 'tô acabada demais pra poder te ameaçar por usar esse apelido péssimo." Resmungou baixinho, afundada na cama espaçosa, fofa, extremamente bem projetada para comportar dois, três, quatro e até cinco corpos. "A emergência sou eu. 'Tô de ressaca e carente, então se você não quiser que eu diga aos nossos pais que você me abandonou pra morrer..." Deixou a frase no ar, com o sentido implícito ocupando o espaço da fala inacabada. Dizendo isso, esticou uma das pernas para poder tocar as costas alheias, num pedido silente para que recebesse atenção nele.
Estava tão cansada quando chegara, que os acessórios e penduricalhos de suas vestes ainda estavam em si, como aquelas tornozeleiras e anéis de dedo que ela só avistou quando fez aquele movimento para tocar o filho de Toth.
"Eu disse pra trazer mais cobertores. Quero ficar quente e esquecer que terei uma ressaca ainda pior amanhã de manhã."
i got somewhere else to be … starter para @sekbless​
Sebastian resmungava desde o início das mensagens até o bater na porta do chalé de Sekhmet e ele não podia culpar ninguém além de si mesmo. Sem colocar o não perturbe antes de se entocar no ninho mais perfeito de todos os tempos, os pés bem quentinhos numa dobra de cobertor apertada. Chef’s kiss para o conjunto da obra. Porém, o futuro reservava outros planos para o filho de Toth. Enfiou meias nos pés, calçou as pantufas mais resistentes, jogou um casaco de moletom sobre o peito nu e rezou para que ninguém estivesse espiando quando migrou para o chalé da amiga. A batida na porta, bem, foi só um aviso mesmo; porque já era esperado e não esperaria muito tempo do lado de fora. “Qual é a grande urgência, Sayajin?” Jogou a cabeça para trás quando sentou na ponta da cama dela, o ar saindo como um gemido. Sebastian só queria um lugar para encostar, só isso. “Espera.” Não cometeria o erro duas vezes! O celular desbloqueado ativou a função avião até as 6 da manhã seguinte. “Pronto, pode falar agora.”
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