sadicaprio

[sadicaprio]

ontem à noite a gente conversou por horas na sacada e eu só pensei em como eu queria que o tempo parasse e o sol não nascesse e a noite fosse toda nossa. eu escuto suas histórias e tento entender tudo o que você diz mas ao mesmo tempo minha mente fica hipnotizada quando nossos olhares se encontram e eu sinto que poderia morrer naquele momento de tão eletrizante que foi. teu toque me conforta e eu sinto vontade de chorar só de pensar que um dia isso vai acabar. eu sei. eu tô sofrendo por antecipação. eu quero aproveitar cada segundo do teu lado antes que a magia acabe. antes que a rotina ou algum imprevisto da vida afaste a gente. a carga emocional de ficar perto de ti é tão desproporcional a tudo que já senti na vida e meu corpo desmorona de tanto sentimento e afeto guardado no meu peito quando tu deita do meu lado. eu não sei o que fazer. eu sinto que a gente vai se destruir mas eu não quero que essa colisão aconteça eu só quero que tu segure minha mão pra sempre e nunca pare de tocar as canções do meu ladinho.

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17h51 de uma terça feira qualquer de setembro. me sentia nervosa e paralisada após terminar a sessão com minha terapeuta. ok, chegou o dia. eu estava prestes a ir andar de skate com alguém que conheci na internet. mentalizei que você já tava lá. droga. vou me atrasar. a carona tava demorando muito. 18h34. cheguei no local combinado. procurei você mas não confio na minha miopia, sabe? sensação de pânico, não conseguia encontrar seu rosto dentre as pessoas que estavam lá. droga. será que ela me deu um bolo? pensei, não, talvez só esteja meio atrasada. 19h e alguns trocados eu vejo você vindo em direção a mim. de novo uma taquicardia. meu deus, o que eu faço? o que eu digo? jesus cristo, por que sou assim? ok. você chegou às pressas e deu um leve soquinho na minha mão, senti um cheiro de nicotina e um perfume bom, talvez meio cítrico, vindo de você. logo depois de um tempo conversamos, você se desculpa pelo atraso e tenta me incentivar a dar um ollie. foi engraçado porque eu sentia que minhas pernas eram feitas de gelatina e eu não fazia ideia de como ia pular em cima de um skate e você me olhava com esses olhos únicos. ok, chegou a hora do adendo. o seu olhar. puta que pariu. eu nunca vi nada assim na minha vida, todo seu olho resplandece quando você fala ou ri, é como se eles emitissem luz própria (fenômeno impossível na óptica). mas naquela altura do campeonato eu já tinha perdido toda minha fé no método científico e tava começando a acreditar em energia, porque você tava me passando uma vibe tão tranquila, tão calma. é como se nada pudesse me abalar naquele momento, sabe? todas as minhas preocupações. família, vestibular, amizade, traumas. nada disso importava enquanto você me olhava e sorria com um jeito doce que eu nunca vi em ninguém na minha vida. teve uma hora que eu peguei no seu joelho (parece estranho mas teve um contexto) e eu só conseguia pensar que ia morrer caso a gente nunca se tocasse. era como uma necessidade. me sinto adicta da tua companhia e só nos vimos uma vez. não faço ideia do que aconteceu naquela terça feira de setembro mas me senti eletrizada. viva. fazia tempo que eu não me sentia assim.

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eu só não queria jogar minha merda emocional em ninguém, sabe? a gente já tá na porra de uma pandemia, com uma política decadente. eu meio que me sinto insignificante até no quesito de estar triste. meu corpo luta contra mim. me sinto desanimada com tudo que fazia sentido pra mim. e parece que meu coração decide fazer as escolhas erradas no meio desse caos todo. eu sei. eu sou patética. eu gosto de alguém que mora a milhares de quilômetro de mim ( e esse nem é o maior problema ). cansada de sentir que tô perdendo algo que eu nunca nem vivi. de me sentir em outra idade. de nunca ter vivido um amor desses de cinema. eu tô lutando pra sentir algo. alguma merda real. sinto tua falta.

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te dediquei meu poema favorito de drummond e você nem leu. quis te levar pr'aquele show da minha banda local favorita mas você nem se interessou. não quero mais aceitar migalhas. tua playlist foi apagada e no futuro tu serás apenas uma lembrança, uma má lembrança.

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não me considero romântica apesar de sempre chorar vendo questão de tempo e la la land. talvez meu destino seja se emocionar com a ficção e ser indiferente à realidade. eu não faço ideia do porquê ser assim. me pergunto se todo dia eu coloco uma máscara para as pessoas que me circundam e faço um teatro de fingimento ou se, no fundo, todo mundo é assim. eu queria conseguir me emocionar com grandes gestos ou me derreter por poemas. mas eu não consigo. talvez ser apática seja uma consequência dos traumas que carrego e das amarras que ainda não consegui me livrar. até que ponto minha liberdade me ajuda?

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me lembro como se fosse ontem daquela noite de sexta feira. você e eu se encontrando, meio sem jeitos, meio sem saber o que fazer depois de tanto tempo. eu pedia a deus que você não fugisse de mim depois de tudo aquilo. você não fugiu. surpreendentemente pegou meu braço e me levou pro seu apartamento. meus sentimentos todos se confundiam e mil teorias se passaram na minha cabeça. considerei até que você ia me matar de vingança. mas não. nós atravessamos a porta e eu senti o cheiro do seu perfume e das dezenas de livros antigos da sua estante, a maioria comprada nos sebos das pequenas cidades em que viajamos há anos atrás. você se aproximou de mim e eu senti tua respiração. cada átomo do meu corpo estava vibrando e se colidindo e eu estava confusa e meu batimento cardíaco acelerava. você me beijou lentamente e eu perdi a noção de tempo e espaço. naquela noite a gente se amou ferozmente e por algumas horas esquecemos de todos os problemas. da crise política e problemas familiares e de todo nosso passado traumático e sujo cheio de discussões e quebra de espelhos. depois daquele dia nunca mais te encontrei pelas ruas. talvez tenha sido melhor assim, sabe? o meu coração se acostumou a ser morada passageira de outros e eu nunca mais senti um frio na barriga desde que você se foi

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talvez uma das melhores (ou piores) situações seja a de aceitar ser insuficiente. é, parece mais negativo do que realmente é. talvez eu só tenha aceitado que não consigo agradar quem eu amo. talvez o meu cérebro busque isso como uma forma de defesa e vitimização. quer dizer, é. naquela segunda feira eu pensei que minha cabeça ia explodir em pensamentos, sabe? a insuficiência, insegurança, tudo, voltou como um furacão no meu subconsciente. eu me sinto decepcionada comigo mesma por não ter a maturidade necessária pra lidar com isso. eu nem sei se vou conseguir. por fim, eu espero que eu consiga superar. que a gente possa ver uma luz no fim do túnel. tá tudo bem se não der certo, sabe? eu só não queria imaginar isso. é difícil admitir certas coisas. às vezes na vida tu só tem a perder e, quem sabe, no futuro ganhar algo de aprendizado

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meu bem, não chores

hoje tem filme do carlitos

direto do meu poema favorito

te peço

meu bem

não chores

apenas hoje

a vida é mais bonita com você

o céu se tornou mais saturado

como se tivessem colocado pra lavar

e voltasse mais brilhante

você me faz ver estrelas em noites completamente escuras

me faz ver

ouvir

sentir

tocar

coisas novas

sempre transformo minhas poesias em algo destinado a ti

não posso evitar

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12 de julho de 2017

hoje

hoje tem sido difícil continuar

hoje -especialmente- tem sido difícil olhar para um futuro 

sem visões turvas e distorcidas

afinal

isso vai passar? 

tenho esperanças que amanhã

tudo vai melhorar

mas meu bem

eu tenho tido esses pensamentos

a cada santa noite da semana

e repetido

que tudo vai melhorar amanhã

-

não melhora.

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27 de maio de 2019

das vezes eu não te contei o que acontecia.

às vezes a gente tem que aceitar que algo se passou. não acabou, passou. se tivesse acabado, doeria menos. não foi um estalo, foi um lento processo de desintegração dos sentimentos e frieza no toque. estar do outro lado não foi fácil, nunca é. aliás, eu preferia não saber o que estava por vir. só sei que, mentir sobre o que sinto nunca me trouxe a lugar nenhum. continuo com esse hábito, eu sei, é um vício meu. me lembro das vezes que conversamos sobre isso e eu disse que iria melhorar mas nunca tive a real intenção. às vezes, poder guardar isso pra mim é uma forma de me manter viva. de saber que ainda tenho uma voz que me escuta (mesmo que eu não possa fazer nada quanto a isso). a luz dos postes à noite me trazem um ar de melancolia e ausência de tudo. ausência de você e de tudo que pensei ter. saudades de momentos que não voltam e pessoas que não são mais as mesmas. pra dizer com honestidade, creio que eu seja a maior mudança, não faz sentido procurar culpa em alguém. é simplesmente o que aconteceu. 

[sadicaprio]

6 de julho de 2019.

você acreditaria em mim se eu te dissesse que quando nossos olhos se encontram algo em mim aqui dentro brilha?

você acreditaria se dissesse que te ouvir falar por horas e horas sobre aquelas teorias científicas que tu ama é uma das minhas atividades favoritas?

teu abraço foi meu aconchego por alguns míseros segundos. deus. como é difícil amar uma pessoa que não sabe disso. qualquer migalha me serve de esperança e vontade de te encontrar de novo.

eu sei, meu desespero é patético

[sadicaprio]

escrevi esse texto em maio de 2019. foi pro L. acho que não ficou muito ruim.

eu me sinto naquela cena de Corra onde o protagonista cai num buraco sem fim e as únicas emoções são expressas por lágrimas que correm pelo rosto da mesma forma que a correnteza passa pelos rios e eu não sei o que sentir nem como agir quando o assunto é voce. eu não sei como dizer tudo que eu sinto na verdade não faço ideia do que sinto eu peço a opinião de todos mas eu não consigo me identificar nem com eles nem comigo. eu só quero flutuar novamente como naquele 31 de julho em que andamos pela praça e eu senti a leveza do amor tocar minha pele e a luz do sol batendo na minha retina. eu só não consigo saber em que momento isso tudo se esvaeceu e saiu das minhas mãos como míseros grãos de areia que aos poucos voltaram pra praia depois de um longo tempo nas minhas mãos. eu não sei como dizer pra você lidar com o desastre que eu sou e as vontades erradas que eu tenho e me sinto culpada mas não sei diminuir meus próprios reflexos. talvez eu tenha sido destinada e sempre enjoar dos momentos e piadas e sorrisos e aromas e hábitos.

[sadicaprio]

bom. olá a quem quer que esteja lendo isso. provavelmente ninguém. essa conta tem objetivo de externalizar minhas emoções de forma anônima (a não ser que eu acabe indo dessa pra melhor repentinamente. alguém da minha vida deve compartilhar os textos, por mais toscos que sejam). fiz isso numa tentativa de, talvez, ser eternizada na memória de alguém. não sei. talvez alguém louco o bastante se identifique com o meu caos interno.