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renataescreve · 1 year
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MINHA JORNADA NA ESCRITA (JÁ FAZ 5 ANOS!) ✨
Era março de 2017, levantei da cama em uma noite qualquer e decidi que iria escrever um livro. Fazia quase dois anos desde o falecimento da minha mãe, e eu lidava com os primeiros sinais de depressão e estava buscando uma forma de "lutar" contra eles, de não enlouquecer. Inspirada pela protagonista de um dos livros que li na adolescência, quis tentar fazer algo artístico para lidar com os sentimentos. Primeiro, tentei aprender a pintar, mas não tinha recursos para comprar material, como gostava muito de ler e assistir séries de advogados, resolvi escrever uma história de romance com um casal de advogados e postar no Wattpad.
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Escolhi os nomes dos personagens em homenagem a outros personagens, atrizes e atores que eu amava! Dorian (Como Dorian Havilliard, de Trono de Vidro), Rebecca (Como a Rebecca Mader) e outros. Logicamente, o protagonismo era de pessoas brancas e tinha um único personagem negro (como quase tudo que eu consumia na época), era ambientado em Nova York, séries como How To Get Away with Murder, Drop Dead Diva e Suits eram o combustível da minha imaginação e de onde saíram todas as minhas referências de ambientação, “conhecimento” (vamos chamar assim) em leis, tribunal e toda a parte jurídica. As minhas referências literárias eram os livros de romance contemporâneo independentes da Amazon, como as histórias da Juliana Dantas, que eu amava acompanhar, assim como os livros da Colleen Hoover e Brittany Cherry.
Não preciso nem dizer que NÃO FAZIA A MENOR IDEIA DO QUE ESTAVA FAZENDO! Não sabia desenvolver personagens, nem que precisava fazer pesquisas, ou definir o tempo verbal, ou fazer mais pesquisas, não sabia organizar os acontecimentos, ou sequer alinhar para que  as coisas fizessem sentido, isso sem falar que eu achava que o livro precisava sair perfeito de primeira, pois não conhecia os processos de pós-escrita como edição, preparação e revisão. Sentia como se estivesse falhando toda vez que relia e encontrava erros gramaticais ou furos na história. 
“C4” (como o meu primeiro livro foi carinhosamente apelidado) não funcionava. Eu não sabia escrever personagens adultos, nem uma história que se passasse em outro país, sempre encontrava vários defeitos no enredo, principalmente quando começava a comparar com os romances que estavam na Amazon. Foi aí que, em dezembro de 2017, retirei ele do Wattpad e comecei a reescrever no papel. Ah! Detalhe: eu não tinha computador, então escrevia no meu celular antigo e em bloquinhos de papel! Dei uma pausa na reescrita da história porque não estava fluindo, foi quando ao ouvir a música "Shape of you" do Ed Sheeran pela primeira vez, tive a ideia para um conto, que escrevi em quatro dias durante as férias. E em janeiro de 2018, publiquei um capítulo por dia no Wattpad. Eu mesma fiz capa, aesthetics de personagens e divulgava no meu Instagram literário e em perfis de possíveis leitores no Wattpad, também inscrevi a história em concursos na própria plataforma.
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Fui desencorajada por alguns colegas próximos, que gostavam de reafirmar como outras escritoras terminavam livros mais rápido do que eu, como tinham mais leitores e tinham conquistado as coisas mais rápido. Isso me frustrava bastante, porque por mais que eu tentasse escrever todos os dias, conciliar escrita com outras coisas como fazer a capa, divulgar, cuidar da casa, escola e ajudar o meu pai no trabalho, nunca alcançava o ritmo que desejava. Isso fazia com que, constantemente, eu retirasse e recolocasse a história na plataforma. 
Cheguei a postar na rede laranja muitos títulos que nunca foram sequer desenvolvidos ou que passassem de três capítulos escritos! Tais como:
“Não brinque com fogo”, 
“Vítreo - Prestes a despedaçar”, 
“Doses de amor e maços de cigarro”, 
“Eu, você e as questões sobre o Universo” (minha primeira história com protagonista negra), 
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“Treta!” (que planejei em colaboração com a Clara Caraciolo, que era uma das minhas escritoras favoritas)
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Nessa minha primeira fase no Wattpad, entre 2017 e 2018, tinha muito medo de que pessoas próximas descobrissem o que eu escrevia, então primeiro assinei como “R. Lima” e depois como “R.S. Carter” 
No segundo semestre de 2018, tinha desistido totalmente da ideia de ser escritora. Eu não achava que tinha talento, a Renata de quinze anos não entendia como as coisas funcionavam. Ela queria ser uma escritora profissional, queria ter muitos leitores, ver as pessoas acompanhando e comentando as histórias dela, fazer capas bonitas, ter livros físicos, mas não entendia todo o processo que era necessário para chegar a isso. Começou a sonhar com editoras como a Corvus, Se Liga, Seguinte e PS: Dois Pontos, mas parecia que ia ficar só no sonho mesmo.
Os meses sucederam-se, as ideias continuavam aparecendo, mas eu já não as escrevia. Apenas gostava de passar o meu tempo imaginando os personagens, as histórias, as capas e tudo o que poderia ter sido. Até que, em agosto de 2019, passei por uma situação de assédio no transporte público e o assediador era o crush de uma ex-amiga minha, mas ela não deu a mínima. Foi desse evento que surgiu “Não Conte Aos Garotos”,uma história que falava sobre assédio, relacionamento abusivo, amizade tóxica, estupro, e que foi o incidente incitante que me fez decidir trabalhar como escritora. Primeiro de tudo, Não Conte Aos Garotos atingiu 50 mil leituras no Wattpad antes mesmo de eu terminar de escrever, foi finalista do Prêmio Ecos da Literatura 2019, e graças a ele eu conheci pessoas incríveis como a Laura Machado e a Bruna Ceotto que se tornaram minhas grandes amigas! 
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Aos dezesseis anos, na mesma época em que estava escrevendo Não Conte Aos Garotos e publicando no Wattpad, resolvi tentar mais uma vez reescrever Como Conquistar o Coração de um Canalha. Eu estava trabalhando, era bolsista monitora de Língua Portuguesa e fiz os primeiros investimentos financeiros nos meus livros. Após C4 chegar a 10 mil leituras no Wattpad, travei mais uma vez no desenvolvimento da história e resolvi engavetar de vez. Mas escrever Não Conte Aos Garotos com o passar dos meses foi se tornando maçante, sem falar que era difícil demais por causa dos temas que abordava. Então, comecei a escrever a minha primeira fanfic "A Court of Light and Shadows" protagonizada por uma personagem minha no universo de Corte de Espinhos e Rosas, da Sarah J. Maas. 
O que eu mais amava em publicar no Wattpad (e ACOLAS também no Spirit) era ler os comentários, receber mensagens na DM, receber e-mails... Sentia que as minhas histórias importavam, divertiam, tinham potencial e que talvez eu pudesse ser uma contadora de histórias. Eu também era ambiciosa, pois desde o começo imaginei Não Conte Aos Garotos saindo do Wattpad, indo para Amazon, para uma editora grande e virando websérie. Queria alcançar muitas e muitas pessoas! 
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Sete meses após começar a escrever, coloquei a palavra "Fim" na história  já com um contrato de publicação tradicional fechado com a editora The Books, que entrou em contato comigo após o resultado do prêmio Ecos da Literatura, no meio da pandemia de COVID-19. 47 mil palavras escritas pelo celular, e com muito orgulho! Eu nem conseguia acreditar. 
Uma pena que nem tudo são flores. 
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A publicação nunca aconteceu, e em fevereiro de 2021 eu rescindi o meu contrato. Primeiro, assim que enviei o arquivo do livro para a editora, percebi que precisava me preparar emocionalmente para ser publicada. Agora, não precisava convencer as pessoas a lerem o meu trabalho, mas sim a comprarem ele. Segundo, sabia que ainda era muito jovem e estava começando, tinha muitas inseguranças e me pegava pensando em como poderia lidar com as críticas destrutivas. Fiz curso on-line de marketing digital no IFRS para aprender maneiras de vender o meu livro, coloquei "Colisão Estelar" e “Bebi? Liguei!” no Wattpad, enquanto ainda escrevia e postava a fanfic de Corte de Espinhos e Rosas. 
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Depois de um mês, a editora me mandou o arquivo do livro de volta. Ele havia sido revisado gramaticalmente, corrigindo pontuação, crase e concordância, mas as críticas à estrutura e desenvolvimento da história não vieram e isso me preocupava. Decidi entrar em contato com a pessoa responsável pela publicação e compartilhar com ela algumas inseguranças, como o fato de que a história se passava no Brasil, mas as personagens principais tinham nomes ingleses, se não seria possível fazer uma leitura sensível dos temas abordados e das minorias que apareciam e estavam fora da minha vivência, e a pessoa responsável (que sequer tinha lido meu livro), me disse que não precisava mudar os nomes das personagens e que seguiríamos da maneira que estava. Me sentia muito anti profissional enquanto, sentada na cama, com o arquivo do livro aberto no celular, aceitava as sugestões de revisão. Depois daquele mês, quanto mais eu relia, mais coisas que precisavam de alteração, eu encontrava. Decidi que iria reescrever, e avisei isso ao pessoal da editora.
O problema é que não sabia como reescrever. Porque não sabia como melhorar o que precisava de melhoria, eu precisava de TEMPO, e a editora estava sempre questionando o porquê da demora, me dizendo que o livro estava perfeito, mas eu não conseguia sentir orgulho dele. Tudo isso me fez entrar numa crise! Será que, na verdade, só estava me sabotando? Para o pessoal acreditar que eu estava movimentando as coisas, enquanto nem sequer sabia o que fazer com o texto, entrei em contato com a Larissa Chagas, que é simplesmente uma das minhas capistas favoritas do mundo todo e pedi que ela fizesse a capa da versão física de NCAG. 
Depois de três meses enrolando, conversei com a Laura Machado sobre achar que o meu livro precisava de uma leitura crítica. Eu amava as resenhas dela e achava que ela poderia me iluminar sobre como transformar a história. Estávamos fechadas! Ela iria editar o livro, mas o tempo estava apertado e vi que o melhor que poderia fazer era abandonar o contrato e seguir por conta própria. No mesmo mês, retirei todos os meus livros do Wattpad e quis parar para pensar, reformular, aprender e aperfeiçoar. Mas era muito mais difícil do que eu pensava! Investir na publicação do livro também demandava muito mais dinheiro do que eu ganhava. Passei meses completamente perdida, querendo desistir de tudo, começando histórias novas que nunca passavam de dois ou três capítulos, abandonando brainstormings pela metade, entrei numa pira onde sentia que precisava agradar absolutamente todos os leitores e os livros nunca pareciam ficar perfeitos ao ponto de fazer isso. Para piorar, me torturava vendo que o que eu escrevia não era exatamente o que as editoras e agência dos meus sonhos estavam publicando. 
Estava na hora de admitir que nunca realizaria o sonho de ser uma contadora de histórias, os meus livros não seriam lidos, não despertariam interesse em editoras e nem seriam adaptados. Se por um lado eu pensava assim, por outro tinham pessoas acreditando em mim, como a Bruna Ceotto, que sempre faz tudo o que está ao alcance dela para que eu não desista das minhas histórias. Ou como a Júlia Braga, que gosta de reafirmar que eu ainda vou conquistar o coração de muitos leitores. Como a Bettina Winkler e a Bibiana Pivato, que aguentam mensagens e áudios intermináveis sobre as minhas ideias.
Em 2022, tive a certeza de que não quero fazer nenhuma outra coisa senão escrever. Nunca vou desistir de contar histórias através de livros. Mesmo que hoje eu encare apenas como um hobbie, e não como uma possível profissão.
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renataescreve · 1 year
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LEITURA SENSÍVEL PARA PERSONAGENS NEGROS
QUAL SERVIÇO?
Leitura sensível e revisão com o propósito de analisar a linguagem e a representação de pessoas negras em contos, crônicas, novelas e romances.
PARA QUEM?
A leitura visa, principalmente, autores independentes e pequenas editoras, outro público ou tipo de material como roteiros também pode ser acordado.
COMO PEDIR UM ORÇAMENTO?
Você pode entrar em contato por e-mail: [email protected] e enviar uma mensagem com o assunto “Orçamento para leitura sensível”, contendo: Número de páginas, sinopse, preocupações específicas e previsão de lançamento (Caso haja).
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