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Semáforo

Hoje quando estava indo para o serviço no meu carro parei no mesmo semáforo que diminuí minha velocidade todas as vezes. Já estou acostumada a frear, pisar lentamente na embreagem como se apenas estivesse alongando-me e deslizar o câmbio para a extrema esquerda em um passo desajeitado de uma dança que só eu sei. Parei. Olhei para o lado, meu celular vibrou. Era ele. Tinha trinta segundo de mim mesma para vencer. Vinte nove. Eu imediatamente lembrei de seus olhos. Vinte oito. Mas porque não conseguia enxergar meu reflexo dentro do brilho deles? Vinte sete. Eu fiquei assustada, será que só eu não me vejo mais nele? Vite seis. Preciso me acalmar, estou dirigindo. Vinte cinco. Resolvi ler a mensagem. Vinte quatro. Vinte três. Vinte dois. O que será que ele quer me dizer essa hora da manhã? Vinte um. Vinte. Li a mensagem. Não sei quantos segundos se passaram. A mensagem era uma foto. Uma foto dele sorrindo. Não sei porque, mas sorri de volta. Resolvi que 10 segundos tinham se passado. Nove. Mas o que ele quer de mim? Oito. Por que não consegui me ver nele? Sete. Olhei para fora, para pensar melhor. Seis. Vi um filhote de pássaro aprendendo a voar. Cinco. Me perguntei algo. Quatro. Será que pássaros têm medo de voar. Três. Mesmo se tivessem, por que não fecham os olhos para pular do ninho? Dois. Talvez eu mesma devesse abrir meus olhos durante meu voo com ele. Um. Estou com medo, é alto, é realmente alto, mas estou tão cansada de perder toda a vista do caminho, cujo pássaros já entendem o quão bela é. O semáforo abriu. Deixei o carro morrer. Abri os olhos. Dei partida. Voltei novamente ao trânsito sem lugar para pensamentos, pássaros, voos, seus sorrisos, sem tempo para mim. Consegui vencer eu mesma.

Myro

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Uma constelação de 7 estrelas

A culpa é minha!

A culpa é minha?

A culpa não é minha.

A minha culpa não é…

Quando penso no quão chato seria se conseguíssemos ver somente 7 estrelas todas as noites, se quando eu fosse dormir eu pensasse somente em sete coisas malucas que provavelmente nunca irão acontecer, se nosso relacionamento durasse mais que sete dias.

Pensei bastante sobre e como seria esse texto sobre você e decidi que ele seria tudo menos algo para você. Esse aglomerado de palavras que podem não mais fazer sentido amanhã, é um visão de mim para mim. Um pedaço de uma alma cujo espelho nada mais reflete e necessita de que outras pessoas descrevam o que veem. Um aglomerado de opiniões de adjetivos, substantivos e verbos, um universo em que sou sol e cuja vida depende que eu consiga brilhar e para isso algumas coisas precisam ser queimadas. Sei que também é seu próprio universo, mas não posso mudar minha trajetória para me encontrar na sua, se alguns planetas desapareceriam de dentro de mim. Sei também que você não se lembraria deles, está tudo bem, essa não é sua função, no entanto, lágrimas quentes desceriam pelo meu rosto contraído com meus sorrisos sem que eu conseguisse secá-las. Me diga uma última coisa, meus beijos carregados de culpa são tão doces quanto achou que seria?

- Myro Hatti