Tumgik
martinsshrine · 15 days
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febre de aniversario
mais um desses ciclos que termina, mas começa. escavadeira de melancolia que preenche de saudosa terra e afoga os poucos, como um bebado se afoga em sí. outro ciclo: cada vez mais fulminante e atordoa e atordoa e atordoa. essa noite vazia de aconchego me faz me enrolar nessa corda.
vi hoje um filme onde um médico velho, arrogante e frio toma uma viagem diferente da planejada, se vê em sua antiga casa de verão, onde come alguns morangos silvestres e a sensação do passado o leva para começa a ser assombrado por devaneios variados. o velho ao longo de seus pesadelos consegue encontrar seus erros e enfrentar seus fantasmas, encontrando assim alguma paz interior e rejuvenesce
quase trinta e o que é o meu futuro? clicar para malditos gananciosos que querem guardar todos os frutos para si? rabiscar para um ou dois possíveis fantasmas? essa semana não sei e não faço tanta questão de saber
o calor está tomando conta, não sei o que é, mas tem algo aqui dentro. nem se é tão bom ou um pouco ruim.
mas essa semana quero e vou ser saudade. quero ser celebrado. ser chama acesa e fogos. e todas as vozes gritem meu nome enquanto eu me derreto em cera. quero toda a coragem pra mim e todos os mais fortes abraços. crescer em cada um deles. raiz de nós.
quantos morangos ainda serão possíveis de colher?
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martinsshrine · 17 days
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queria voltar ao turbilhao me fazer novo enquanto poderia me fazer força em paralelo não ter precisado ser fraco
desaceleraria me derramar em sangue tonteante sujar as mãos de barro e nadar nas gotas recorrentes da chuva
impureza rejuvenescente tranquilidade passageira no olhar
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martinsshrine · 3 years
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É curioso como ao mesmo tempo que somos tão parecidos, tantas coisas são quase que opostas em nós. Tenho me sentido pequeno, mas não encontro palavras.
Na verdade, essa falta de palavras me tem sido um problema recorrente. Não é como se eu pensasse em todas as coisas e fosse lento demais ao tentar verbalizar. Na verdade é so uma sensação de bloqueio.
Isso não vem de hoje, mas não consigo pensar em quando pode ter começado. Sempre fui de muitas palavras. De diariamente inventar novas histórias para meus bonecos, e todas com diálogos, as vezes, até demais. De sempre contar aos próximos, muito entusiasmadamente, sobre minhas novas descobertas na internet, seja alguma curiosidade não tão relevante sobre o mundo, ou alguma opinião nova sobre algum álbum musical. As vezes sinto que me faltam palavras. Como se já tivesse gastado todas que poderiam me habitar.
E isso sempre me leva ao ponto onde eu odeio o que escrevo.
E as vezes falo. E me crítico até não me sentir profundo.
E entao, sendo raso, sinto que minhas palavras não são mais sequer suficientes. Só queria poder ter mais palavras em mim.
Deve ser por isso que não escrevo, pra manter dentro de mim, as poucas que restam.
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martinsshrine · 3 years
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Amor I
Esses dias decidi escrever sobre você. Acabou se transformando num texto cujo terrível início, era autodestrutivo e sabotador, mas à proporção que foi voltando a ser um texto sobre você, se tornou leve, como nós. Falei sobre o quão extasiante é sua presença, sobre como cada olhar seu me conquista ainda mais, por mais que eu ja seja seu. Passei pela lembrança de ver seu sorriso pela primeira vez, logo assim que consegui te convencer a tomar uma cerveja comigo e prolongar o que seriam alguns minutos de conversa, depois de uma tentativa fracassada de ver Os Implacáveis, do McQueen. Em seguida, passei pela memória do momento onde assisti toda sua doçura ao gravar um cover Runaway Runaway. Sua voz sempre foi tão incrível. Você é musical, e isso me motiva a querer aprender todos os acordes. Inclusive, esse foi o ultimo dos assuntos que citei no texto. Me motivar, sem dúvidas, é uma das coisas que você mais faz. Em todos os aspectos. Cê me faz querer crescer e aprender, e enfim, venho me sentindo satisfeito comigo mesmo. Dentre aquelas opções, "amor da sua vida" ou "amor pra sua vida", não tenho a menor dúvida de que você é os dois. Amo não só o que vejo em ti, mas tudo que tá por ai. Amo quem você me faz ser. Amo te amar a cada dia mais. E amo poder te dar todo esse amor.
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martinsshrine · 3 years
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Violências I
Não sei o que sinto essa noite.
Se iniciou de forma melancólica ao relembrar da morte de um humorista que nem acompanhei tanto ao longo de minha infância. Suicídio.
Ao longo do resto da noite, o youtube me bombardeou com recomendações de vídeos sobre histórias de famosos Serial Killers. Como bom exemplo do funcionamento dos algoritmos, me entreguei. Consumi isso já totalmente fragilizado pelo conteúdo anterior, também me recomendado pela mesma plataforma.
Todas as formas de violência me foram refrescadas nessa noite, de forma incessante. Assisti variados vídeos sobre tais crimes. Crianças e adultos desprovidos de humanidade, assassinando sem peso na consciência ou relutância.
Mortes por audiência. Mortes por prazer.
Sinto medo. Medo de toda essa violência, de encontrar por aí essas pessoas para as quais a vida não vale nada.
E enfim, fui encerrar minha noite, mas claro que não dava pra encerrar de forma leve, logo me deparei com números do Covid-19 e mais números tenebrosos. Apenas números, não há indivíduos — os números tão altos, por opção de alguns, diga-se de passagem. Apenas estatísticas, caixões lacrados e nenhuma humanidade.
Encerro minha noite com um misto de melancolia e dormência. Sem saber o que sentir, além de medo desse mundo tão brutal.
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martinsshrine · 3 years
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Noite I
É a noite que estou ocioso mais cedo nos últimos tempos. ocioso é uma palavra que vem me acompanhando nos tempos de quarentena, oscilo entre a felicidade e o ânimo, empolgado pros meus projetos futuros, e o crítico que habita em mim. que tanto me impede. oscilo entre o trabalhar árduo cujos resultado não vem me agradando e a possibilidade de liberar algo de minha veia artística, quase sempre interrompido antes do início, seja por uma incredulidade nas minhas próprias habilidades ou até outras distrações. A verdade é que eu gostaria de me dizer artista. Mas não me sinto capaz de carregar esse fardo.
Hoje é dia 14 de Julho de 2020. É exatamente 1:10 da madrugada e me encontro sentado em minha janela. Acho que é um dos meus momentos que poderiam ser configurados como ócio. Ouço morcegos à distancia e uns poucos veículos passando quase que cronometradamente a cada minuto, sinto o vento gelado batendo em minhas costas e aprecio. Há somente uma janela com luz acesa. Não dá pra distinguir se é a cortina que torna a luz amarela, ou se apenas é uma luz amarela. Penso no que acontece dentro daquele cômodo. Existem todas as possibilidades do mundo dentro daquele espaço. 
Me pego pensando se a pessoa que lá está, também pensa sobre o que acontece do outro lado. Será que esse ser ao menos imagina que pode estar sendo fruto e razão de longos pensamentos e devaneios? Depois de alguns minutos, me dou conta que estive naquele lugar. É de um prédio que morei há pouco tempo e tive um amigo que morou nesse apartamento por algum tempo. Longe de ser um amigo inesquecível, muito pelo contrario, o tempo o levou. Mas me lembro de também já estar naquela janela, pensando em outras janelas. É uma dessas coincidências únicas da vida. Volto meu pensamento ao momento atual. 
Acho que no fundo, não me interessa tanto o que se acontece naquele espaço, só gosto de criar histórias. Quero imaginar que naquele momento, tem alguém sentado numa poltrona confortável, tomando um bom conhaque e ouvindo uma musica bem atmosférica. Olhando pela cortina, que agora reparo estar entreaberta, e filosofando sobre a noite e seus acontecimentos. Ou quem sabe apenas dormiram e esqueceram a luz acesa. Será que há dentro do meu campo de visão, também com a luz apagada, escrevendo nesse momento? Espero não descobrir, a graça é imaginar.
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martinsshrine · 3 years
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Tempo II
Meu maior medo é o tempo, não pela morte, que é inevitável, mas por seus caminhos. 
Pelo medo de não me tornar melhor do que sou, de não produzir o que me compete. Pela cobrança desumana que de mim para mim sobre o que devo ser. A pandemia para mim se tornou um campeonato de produtividade. De mim contra mim. Não é uma disputa justa, pois sempre sei como jogar sujo comigo mesmo. 
Nego ser um artista, nego ter competências que sei que tenho. Sou autocrítico como todos, é necessário pra existir, é só que que sei muito bem como me dar uma rasteira daquelas. É quase um jogo de futebol na prorrogação, onde os dois times dão seu máximo. O que meu adversário não conta com, é que ainda tenho fôlego pra jogar mais uma partida.
Nesses momentos acho que a minha maior obra de arte até agora, é essa luta interna.
Há algum tempo nego a alcunha de artista, por não acreditar que eu tenha competência suficiente pra assumir esse fardo.
Caminhar comigo mesmo é uma tarefa complicada. Sou meu maior crítico e acho que sou duro demais
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martinsshrine · 3 years
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Tempo I
Estamos na maior pandemia do século. Negam. A natureza queima em níveis recordes. Também é negado. Perdemos artistas, mas o medo da Secretaria da Cultura era se tornar um obituário. Agora é aceitável governar para a família, contanto que seja a própria. Movimentos e indivíduos batem no peito se orgulhando de destilar ódio contra minorias. A polícia mais uma vez mostra toda sua truculência e despreparo, contra um grande levante popular contra o racismo. Defendem. O futuro é preocupante. Bem vindos ao presente.
Meu maior medo é o tempo, não pela morte, que é inevitável, mas por seus caminhos. 
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martinsshrine · 3 years
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essa noite nunca mais vai existir, não foi uma noite boa, mas foi uma noite 
e o tempo se esvai
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martinsshrine · 4 years
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conformidades
seja 
seja
seja
e então, não somos mais o que somos 
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martinsshrine · 4 years
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contato
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martinsshrine · 4 years
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o que coube ser dito
Digo sem medo, sem pesar,
mesmo que contraindicado.
Ao proibirem a fala, grito,
ao tirarem minha caneta, escrevo com meu sangue.
  Não me curvei. Então tiraram meu corpo.
Era tarde. Ele era apenas condição.
Quando apagaram as luzes,
por mim, tudo ja havia sido dito.
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martinsshrine · 4 years
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directing
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martinsshrine · 4 years
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O Flaneur (2019)
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martinsshrine · 4 years
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quanto tu foi era noite e só me ficou o eco de minha cabeça
agora é dia a luz do sol entra pela janela, é uma luz azulada bem fraca, ao fundo há o canto vibrante de dezenas de pássaros os primeiros carros soam como fissuras no ar e asfalto 
o sono se foi e infelizmente ele não levou consigo meus pensamentos
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martinsshrine · 4 years
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Julio Martins, Campo de flores, 2018. Óleo sobre tela, 20 x 30 cm.
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martinsshrine · 4 years
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linhas e ferrugem 
2017
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